domingo, janeiro 15, 2012

Entre quatro paredes - RENATA LO PRETE

FOLHA DE SP - 15/01/12


Dilma Rousseff iniciou o ano determinada a combater o vazamento de informações do governo. Aboliu até as reuniões diárias de "briefing", nas quais discutia com ministros palacianos os temas com reverberação na imprensa. Participavam Giles Azevedo (chefe de gabinete), Gleisi Hoffmann (Casa Civil), Gilberto Carvalho (Secretaria Geral), Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Helena Chagas (Comunicação Social).

Contrariada com a publicidade de assuntos tratados com reserva no Planalto, a presidente sinaliza que as decisões estratégicas ficarão circunscritas a um núcleo ainda menor de colaboradores.

Ai, se eu te pego... Para dar mais sigilo à reforma ministerial, Dilma não só tem conversado com pouquíssimos interlocutores, como tem dado a eles informações contraditórias. Ninguém hoje no governo sabe o que pensa a presidente. E como cada um só conhece parcialmente o mapa, fica fácil identificar eventuais vazadores.

Dominó A exceção é Lula, com quem Dilma conversou demoradamente na quinta-feira sobre o tema. Aliados incomodados com a centralização das conversas em torno do ex-presidente lembram: embora ele tenha faro político afiado, cinco dos sete ministros que caíram estavam na Esplanada por sua interferência direta.

Mundo real Mais do que a reforma ministerial, o assunto a ocupar a presidente no momento é o tamanho do corte no Orçamento, a ser anunciado em fevereiro. Em ano eleitoral, a dimensão do contingenciamento ganha contornos dramáticos para a bancada governista.

Intercontinental Diretor do Banco Mundial para o Brasil, o senegalês Makhtar Diop foi escolhido para a vice-presidência da instituição na África. Pesou na indicação o trânsito com o governo brasileiro. Ligado ao Instituto Lula, ele também é próximo de Eduardo Campos (PSB-PE) e Sérgio Cabral (PMDB-RJ).

Para depois Dilma frustrou o PT paulistano, que pretendia levar Fernando Haddad ao primeiro teste com pré-candidatos à prefeitura já na quarta-feira. Se deixasse o MEC amanhã, como previsto inicialmente, o petista iria a seminário sobre a qualidade de vida na capital.

Onipresente Quando se desincompatibilizar do governo, Haddad fará périplo por jornais de bairro de maior circulação na periferia. Também irá a entidades de classe -a primeira a ser visitada será a Associação Comercial, ligada a Gilberto Kassab.

A conferir Apesar da incredulidade dos grão-tucanos, aliados de Kassab falam com desenvoltura da aliança com o PT. "O PSDB nos jogou no colo de Haddad, desprezando o potencial da máquina municipal na eleição", diz um dirigente do PSD.

In pectore O maior entusiasta da candidatura de Gabriel Chalita (PMDB) no Bandeirantes é Orlando de Assis Baptista, o Orlandinho, conselheiro de Geraldo Alckmin.

Em tempo real Pela primeira vez será eletrônica a votação para a escolha do novo procurador-geral de Justiça de São Paulo, prevista para 24 de março. O resultado sairá em até cinco minutos após o término do pleito, que envolverá 1.500 promotores e 300 procuradores.

Quem é quem A sucessão de Fernando Grella será disputada por Márcio Elias Rosa, da situação, Felipe Locke e Mário Papaterra Limongi. Na eleição para o Órgão Especial da instituição, o grupo de Grella amealhou 18 das 20 cadeiras disponíveis.

com LETÍCIA SANDER e FLÁVIO FERREIRA

tiroteio
"O governo federal trata as tragédias climáticas com o mesmo ritmo com que combate a corrupção: velocidade zero. Elas são evitáveis, mas nada é feito."

DO DEPUTADO FEDERAL ONYX LORENZONI (DEM-RS), sobre a adoção, no decorrer da semana, de medidas emergenciais contra a seca e as enchentes pelo governo Dilma em meio à encrenca na Integração Nacional.

contraponto
Tradução simultânea
Pouco antes de assumir a Presidência, Dilma Rousseff concedeu longa entrevista ao "The Washington Post". Em determinado momento da conversa, a presidente ficou impaciente com a demora da tradutora em explicar o programa Minha Casa, Minha Vida, de moradias populares. Dilma, que fala inglês, interrompeu e exclamou diretamente à entrevistadora Lally Weymouth:

-É o 'My house, my life'!

Todos os presentes evitaram rir na hora, mas o diálogo até hoje inspira piadas no Planalto.

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