sexta-feira, fevereiro 04, 2011

AUGUSTO NUNES

O cinismo dos governistas não é mais indecoroso que a covardia da oposição
AUGUSTO NUNES
VEJA ONLINE

Em meados de 2009, como lembra o post reproduzido na seção Vale Reprise, a descoberta de mais de mil atos secretos nas catacumbas do Senado só não devolveu José Sarney à capitania hereditária do Maranhão porque Lula socorreu a tempo o Homem Incomum. Os focos de resistência foram sufocados pela ofensiva brutal empreendida por milicianos do PT, veteranos mercenários e cangaceiros arrendados. A quadrilha do faroeste subjugou o vilarejo.

Passados menos de dois anos, os mocinhos sumiram. Nas imagens da animadíssima festa de abertura do ano legislativo, os rebeldes de 2009 ─ um punhado de petistas constrangidos, dissidentes do PMDB e tucanos ou demos não domesticados ─ apareceram misturados à multidão de vilões para reverenciar o chefe do bando. Desde quarta-feira, Sarney está no comando da instituição em adiantado estado de decomposição moral não porque Dilma Rousseff exigiu. O morubixaba octogenário manteve o bastão de mando porque assim decidiram 70 dos 81 integrantes da tribo.

Diante de um plenário lotado, o orador enfadonho transformou o portentoso prontuário num monumento à ética, à transparência e aos bons costumes. Ninguém discordou. Faltou plateia para o curto discurso em que o senador Randolfe Rodrigues, do PSOL do Amapá, acendeu um fósforo na escuridão ao justificar a decisão de concorrer sem chances: “Minha candidatura é uma forma de dizer não à prática de jogar os graves problemas éticos do Senado para debaixo do tapete. Defendo a revisão de todos os contratos e profunda auditoria nas contas da casa. E, principalmente, total transparência nas contas da casa”. Teve oito votos. Um senador anulou o voto e dois votaram em branco.

Não cabe ao governador fazer oposição, recitam de meia em meia hora os governadores eleitos por partidos de oposição. Nem aos senadores, berrou a rendição sem luta à turma das cavernas. O cinismo dos governistas não é mais indecoroso que a covardia dos oposicionistas. A transformação de uma instituição indissociável do Estado Democrático de Direito numa Casa do Espanto a serviço do Planalto é uma obra coletiva. Deve ser debitada na conta da vigarice suprapartidária.

No mundo inteiro, são os partidos que procuram eleitores. Só aqui milhões de eleitores, inconformados com os estragos produzidos pela Era da Mediocridade, procuram há muito tempo um partido que saiba representá-los. Nesta semana, não encontraram sequer um senador com suficiente altivez para avisar que cada voto dado a Sarney por um oposicionista seria um tapa na cara do Brasil decente. Foram muitos. Nenhum será esquecido.

MÍRIAM LEITÃO

Fundo adormecido
Miriam Leitão
O GLOBO - 04/02/11

A operação do PanAmericano é mesmo incrível. Banqueiros abriram mão de juros e devolveram garantias ao devedor; dinheiro coletivo foi usado como se fosse dos bancos interessados; a Caixa pagou por um banco e quando descobriu que tinha comprado gato por lebre não pediu o dinheiro de volta. O antigo dono não perdeu nada, exceto um banco quebrado e embolsou o dinheiro da Caixa.

Conversei ontem com o presidente do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), Gabriel Jorge Ferreira, para tirar minhas dúvidas. Permaneço com elas. Conto aqui a conversa. Perguntei a ele por que o Fundo Garantidor de Crédito abriu mão das garantias dadas pelo empresário Silvio Santos. Ele: "porque trocou de devedor, que agora é o BTG Pactual, que cobriu a dívida." Perguntei por que o fundo aceitou R$450 milhões para pagar uma dívida de R$3,8 bilhões. Ele disse que é porque o capital será remunerado a 13% ao ano e, ao final de 17 anos, R$450 milhões equivalerão a R$3,8 bilhões.

Para que a mágica aconteça, o dinheiro que o FGC pôs no PanAmericano terá que ficar congelado em valor nominal por 17 anos à espera de que os R$450 milhões engordem à ponto de virarem R$3,8 bi. Um dinheiro ficará parado como belo adormecido à espera do encontro com o outro por 17 anos.

Os responsáveis pela decisão têm dito que o FGC é uma entidade privada capitalizada pelos bancos. Não é bem assim. O Fundo não é estatal, mas é público. Foi criado pelo governo, em 1995, para proteger correntistas de bancos que eventualmente quebrassem. É capitalizado com um percentual dos depósitos bancários. O dinheiro é recolhido pelos bancos, mas o custo é repassado aos clientes, aplicadores e devedores dos bancos. Ou seja, a todos nós. O dinheiro não é tirado da conta diretamente. É indiretamente. É mais um custo pago pelo cliente no spread bancário, nas taxas de administração, nos custos dos bancos que são embutidos em todas as taxas. Eu perguntei ao presidente do FGC se eles repassam isso para o cliente e ele respondeu:

- Ora Miriam, eu não preciso explicar a você como a economia funciona.

A participação da Caixa é também difícil de entender. Ela pagou R$740 milhões por 49% das ações do banco. Qualquer compra nesse valor é feito com um contrato em que há uma cláusula estabelecendo que se o ativo não for o que parece ser o negócio é desfeito. No mercado, um banqueiro com quem eu conversei ontem me disse que das duas uma: ou não havia a cláusula, ou a Caixa não quis exercê-la. O empresário Silvio Santos não apenas se livrou de um banco quebrado, antes disso ele embolsou R$740 milhões da Caixa Econômica Federal, banco estatal. As ações do PanAmericano subiram 55% em dois dias. Mesmo assim, segundo cálculos feitos para nós pela consultoria Lopes Filho & Associados, as ações ainda estavam 28,2% abaixo do valor pago pela Caixa, que está com uma perda de R$212,5 milhões. Na verdade, é pior, porque as ações do banco caíram 9,8% no pregão de ontem. Ela pode até zerar esse prejuízo com a recuperação da ação, mas imagina o que a Caixa teria ganhado se tivesse aplicado em primeiro de dezembro de 2009, quando desembolsou o dinheiro, em um ativo bom?

Agora que o BTG assumiu, a Caixa vai colocar R$8 bilhões à disposição da instituição da qual é sócia. Beleza. Quer que o banco se recupere. O problema todo é que ontem o GLOBO trouxe a informação de que a Caixa pode vir a ser novamente capitalizada. De novo, sobrará para o Tesouro, que é formado com o seu, o meu, o nosso dinheiro.

Três dos membros do conselho de administração do Fundo Garantidor que participaram da decisão de emprestar R$2,5 bilhões e depois mais R$1,3 bilhão sem juros para o PanAmericano tinham comprado carteiras de crédito do banco: o Itaú, o Bradesco e o Banco do Brasil. Outro integrante do Conselho é a Caixa, que comprou ações do banco. Se o banco falisse, os quatro teriam prejuízos. Perguntei a Gabriel Ferreira se não havia conflito de interesse em que esses quatro bancos - dos oito representados no Conselho - decidissem esse empréstimo que salvaria seus próprios ativos. Ele respondeu:

- Isso de fato causou um desconforto.

Segundo o banqueiro, tudo foi feito em nome do interesse público porque desta forma se evitou uma crise sistêmica. Pediu que eu lembrasse das manchetes de 15 anos atrás quando quebraram bancos no Brasil. Me lembro bem. Naquela época, do Proer, os controladores e os administradores responderam com seus bens, que ficaram indisponíveis. Ele ponderou que o Banco Central não ganhou nada até agora. Bom, a Justiça é lenta. Mas os donos e administradores dos bancos responsáveis por fraudes contábeis e administração temerária respondem processos na Justiça e ficaram com seus bens indisponíveis.

Há mais mistérios no ar do que sonha a nossa vã filosofia. Como foi mesmo que apareceu esse rombo? O Banco Central foi somar todas as carteiras que todos os bancos diziam que tinham e concluiu que a soma das partes era maior do que o todo. Assim ele descobriu que o PanAmericano vendeu carteiras, mas as mantinha como seu ativo. Deve haver outras manobras ainda não explicadas. Quando o Fundo Garantidor fez o primeiro empréstimo, o Banco Central garantiu que não havia mais rombo e o banco estava saneado. Assim disse também a Caixa Econômica. E depois foi encontrado outro rombo de R$1,3 bilhão. A divulgação do balanço do PanAmericano poderá explicar melhor. Já foi adiada várias vezes e agora ficou para o próximo dia 15.

Gabriel Ferreira disse que o BC fez inquérito administrativo e que o Ministério Público vai investigar tudo. Depende agora do MP um final que dê algum sentido a essa história sem pé nem cabeça.

NELSON MOTTA

Enfim, sós
Nelson Motta 
O Estado de S.Paulo - 04/02/11

Como é bom ter uma presidente que não vive esbravejando nos palanques e dividindo o País entre ricos e pobres, entre as elites e o povo e culpando os adversários políticos por todos os males do Brasil.

Que delícia não ter que ouvir todo dia a presidente dizer que o Brasil começou no dia em que ela tomou o poder e que os que a antecederam só lhe deixaram uma herança maldita.

Que alívio ter uma presidente que não se diz uma metamorfose ambulante nem tem opinião formada sobre tudo, até sobre o que totalmente ignora.

Como é edificante ter uma presidente que não se orgulhe de sua grossura e ignorância nem deboche dos que estudaram mais. Que sensacional é ter uma presidente que lê jornais. E livros!

Como é civilizado ter uma presidente que defende os direitos humanos, tanto em Guantánamo como em Cuba e no Irã. E que declara que o Brasil não deve dar opinião sobre tudo que acontece em outros países.

Como é gostoso não ouvir a presidente acusar todos que não a apoiam de ter preconceito contra pobre, nordestino e operário. Ou contra mulheres de origem búlgara de classe média.

Como é moderno ter uma presidente que não chama todo mundo de companheiro, como na antiga Cuba.

Que prazer é não ter que ouvir uma presidente dizer que o nosso sistema de saúde está próximo da perfeição.

Como é confortador ter uma presidente que não diz que o mensalão é uma farsa da imprensa golpista. E que não faz nomeações partidárias para o Supremo Tribunal Federal.

Como é animador ter uma presidente que não proclama que o Brasil está milionário e estabelece como lema de governo "fazer mais com menos".

Que vai tirar Furnas e a Funasa dos quadrilheiros do PMDB e contratar um alto executivo para a Secretaria de Aeroportos.

Que deleite é não ver todo dia as páginas dos jornais e as telas de televisão ocupadas pela presidente e suas ações, opiniões e omissões.

Como é bom para a democracia ter uma presidente que não joga para a imprensa e obriga os jornalistas a correr atrás de notícias.

Que maravilha será ter uma presidente que assuma as suas responsabilidades e faça o que tem que ser feito.

FERNANDO GABEIRA

O verão da política
Fernando Gabeira 
O Estado de S.Paulo - 04/02/11

Um desertor americano que deixou o Vietnã e se refugiou na Suécia costumava dizer, nas tardes geladas de inverno: "Não está acontecendo nada". Para sua experiência guerreira cheia de emboscadas, bombardeios e drogas, a Suécia era um deserto branco onde as pessoas falavam baixo e a noite caia às 2 da tarde.

Posso estar sendo vítima do mesmo erro de perspectiva ao afirmar que na política brasileira, nestas férias, não aconteceu nada. É que passei alguns anos no jornalismo com a missão de preparar a pauta. Todas as manhãs, bem cedo, alinhava as notícias que deveriam ser cobertas e também as que precisavam de mais explicações, novos ângulos, um desdobramento adequado à sua importância.

Aconteceram, como não poderia deixar de ser, muitas coisas neste verão. Mas não consigo localizar a resposta das forças políticas brasileiras a tantos fatos novos. Parece que o governo decidiu trabalhar muito discretamente, como se isso fosse realmente possível; a oposição, por seu lado, utilizou as férias para se dilacerar em lutas internas pelo controle de siglas, distantes do anseio das ruas.

Por economia, menciono apenas alguns casos. A tragédia na serra fluminense, com 855 mortos e 500 desaparecidos, passou em branco no universo político. Houve apenas uma reunião no Congresso, onde foi tema foi tratado com rapidez. No Estado do Rio foi criada uma comissão só de deputados da serra, para evitar esforço de deslocamento. Nenhum relatório, nenhuma ideia nova. Restou apenas o consolo nas palavras do ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante: em 2014 o sistema de defesa civil estará implantado.

Sempre se pode argumentar que foram férias atípicas. Muitos deputados estavam para deixar o cargo e, portanto, sem força para influenciar; muitos outros acabam de chegar e ainda não tinham o mandato nas mãos. Isso é verdade, mas suprime um dado importante: mais da metade dos congressistas não está chegando nem saiu, apenas continua.

Também passou em branco na província da política a licença ambiental dada à Usina de Belo Monte, no Xingu. Ela provocou a queda de dirigentes do Ibama e suscitou ação do Ministério Público. Não houve repercussão na política, nem no que diz respeito à dimensão ambiental, tampouco se debateu o financiamento pelo BNDES. E ficaram na estrada algumas insinuações, do ano passado, sobre tráfico de influência nos negócios de Belo Monte.

Alguém pode argumentar: são exemplos que não valem para Furnas, que subiu ao topo do noticiário exatamente por inquietação na área política. Acontece que as maquinações que alçaram Furnas às manchetes pertencem a uma esfera infrapolítica, luta por cargos nas estatais e consequente uso da empresa para financiar campanhas. Digamos que os mais experientes na oposição aleguem que é sábio deixar que partidos do governo troquem pesadas acusações em público: o desgaste ficará apenas com eles. Mas as acusações, em muitos casos, são confirmadas por funcionários de carreira e envolvem desvio de dinheiro público, via compras inexplicáveis. A grande limitação de um debate somente entre partidos do governo é o objetivo de apenas conquistar espaço. Uma vez vitoriosa, a corrente que denunciou esquecerá rapidamente os milhões desviados porque não eram eles que a moviam, mas sim a ocupação de mais um feudo.

Se transitamos para o campo da economia, a sensação é de que nada aconteceu. No limiar da exploração do pré-sal, o incêndio numa plataforma da Petrobrás, a Cherne, passou em branco, assim como caem no vazio as constantes denúncias dos petroleiros sobre queda nas condições de trabalho e segurança.

Vamos supor que petróleo seja secundário e buscar algo mais nobre na economia: a contradição entre o FMI e o governo brasileiro sobre as metas do superávit primário. Um relatório do FMI diz que as contas brasileiras estão se deteriorando; o governo diz que foi um conservador que escreveu o texto, as contas vão muito bem. Era de esperar que houvesse um debate nacional.

Era de esperar também que o relatório da Fiesp anunciando perda R$ 17 bilhões e 46 mil empregos na indústria desencadeasse um debate com potencial de envolver também a política externa. Nenhuma repercussão entre os políticos.

Argumento de peso: a imprensa noticiou amplamente esses fatos e outros que não foram mencionados aqui. A crise no Oriente Médio é um deles, mas para que mencioná-lo, se o mundo é sentido tão distante? Acontece que a imprensa tem lógica própria, não é sua missão conduzir o País. As equipes de reportagem vão levantando os acampamentos na serra, os hospitais são desmontados: a população em breve estará só, diante de imensas dificuldades. Na cobertura cotidiana os fatos cintilam e desaparecem, num interminável caleidoscópio.

Os políticos simplesmente abdicaram de dar um sentido a essa trama, embora seja preciso reconhecer com humildade que, mesmo trazendo-a ao debate nacional, nem sempre se acha a melhor saída. Mas é preciso sempre tentar.

A política brasileira ofereceu suas entranhas, quando precisávamos de coração e mente. Aliados do governo disputam cargos na estatais com investimentos milionários. Guerra de dossiês, ameaça de contar o que os adversários fizeram no verão passado, troca de mensagens na rede social marcaram sua presença.

Na oposição, os dois principais partidos discutem quem será o novo presidente, quem tentou dar um golpe eleitoral, quem falsificou regimentos internos.

Um efeito colateral desse imenso vazio foram as denúncias sobre aposentadoria de ex-governadores. É um tema antigo, que sempre figurou na listas dos debates impossíveis. Ele estava embutido no problema jamais resolvido do teto salarial de funcionários públicos. Mais uma vez, surgiu pela iniciativa da imprensa e, mais uma vez, morreu no universo da política.

Tudo isso é paz, tudo isso traz uma calma de verão. E o barquinho vai. Para onde?

JORNALISTA

RUY CASTRO

Braços dados
RUY CASTRO 
FOLHA DE SÃO PAULO - 04/02/11

RIO DE JANEIRO - Alguém já disse que a Grécia produziu mais história do que foi capaz de digerir. Pois imagine o Egito, por ser ainda mais antigo e carregar nas costas, pelos séculos, grande parte dessa história -pelo menos a que não foi desviada para Paris, Londres, Berlim e outras cidades que se sentiram no direito de pilhá-lo.
Uma importante amostra do que sobrou está no Museu Egípcio do Cairo, um repositório do engenho humano, exibindo artefatos com até 6.000 anos de existência -por cuja integridade o rei Tutancâmon, ele próprio quase dessa idade, vela com seus olhos arregalados e carapaça de ouro.
Por uma dessas fatalidades, o museu fica no pior endereço do mundo esta semana: a praça Tahrir, no centro do Cairo, palco do protesto de milhões contra o ditador Mubarak e, desde quarta-feira, cenário da violência provocada pelos esbirros deste homem que está há décadas no poder. Se a brutalidade recrudescer e alguém usar armamento pesado, a história é que levará o primeiro tiro.
A ameaça ao Museu do Cairo, na verdade, começou ainda antes, no fim de semana, quando, aproveitando-se da aglomeração -e pisoteando o passado, o histórico e o sagrado-, saqueadores internacionais tentaram furtar o tesouro. O Exército os reprimiu, mas disso resultaram múmias destruídas, estátuas danificadas, vitrines quebradas, peças de joalheria roubadas.
Dias depois, foi emocionante ver dezenas de jovens de braços dados, formando uma corrente humana para cercar o museu, tentando protegê-lo de pessoas que, em nome da política, poderiam voltar à carga. Em nome da política, só isso -porque, não raro, esta apenas acoberta interesses outros, ainda menos nobres. O ser humano não falha, e um canalha de mão leve pode provocar maior prejuízo do que centenas de idealistas, de qualquer naipe, armados de coquetéis molotov.

CELSO MING

Folha mais leve
Celso Ming
O Estado de S. Paulo - 04/02/11

Desonerar a folha de pagamentos das empresas é agora o próximo passo. Desde a campanha eleitoral, a presidente Dilma Rousseff vinha anunciando a novidade. E essa é uma boa notícia porque, pela primeira vez, a baixa competitividade da empresa brasileira deve ser compensada pelo caminho adequado. O problema é saber como vai ser administrado o preço da novidade.

O governo está determinado a cortar os custos das empresas a partir deste ano. E deverá começar com a redução dos encargos sobre a folha de pagamentos. A ideia é reduzir progressivamente a contribuição empresarial para a Previdência Social, hoje de 20%, possivelmente em dois pontos porcentuais por ano, até 14%, e extinguir outros penduricalhos, como o salário-educação (de 2,5% do salário) e o adicional para o Incra (de 0,2%). Projeto de lei nesse sentido deverá ser encaminhado ao Congresso ainda este mês.

Se tudo der certo, ganha a empresa, porque terá custos mais baixos e, nos casos de inobservância da atual legislação, ficará menos sujeita a multas e a brigas na Justiça do Trabalho. O trabalhador, por sua vez, ganha principalmente porque se reduzem as pressões para a manutenção do trabalho informal, que hoje alcança mais da metade do mercado de trabalho. Os empresários têm, dessa maneira, mais estímulos para contratar pessoal com carteira assinada por arcar com custos trabalhistas mais baixos.

A iniciativa é boa na medida em que começa por remover o alto custo Brasil, que é o maior fator de baixa de competitividade da empresa nacional tanto no mercado interno como no externo. Nenhuma empresa chinesa, por exemplo, tem os encargos trabalhistas cobrados por aqui.

Até agora, sempre que o produto brasileiro perdia preço em dólares, o governo adotava a solução mais fácil, que é a de provocar desvalorização do real (queda do dólar no câmbio interno). Como esse recurso já não está disponível porque a tendência estrutural vai em direção contrária - vai para a valorização do real -, o governo finalmente se move na direção mais difícil, mas mais correta.

O problema é outro rombo. Na medida em que a contribuição das empresas ficar mais baixa, abre-se um buraco nas receitas da Previdência Social, que sofrem de um déficit crônico e crescente.

Em parte, o déficit poderá ser preenchido com o aumento da formalização já mencionada dos contratos de trabalho. Mas, em princípio, será pouco e é preciso desde já prover mais cobertura para a Previdência.

O risco é de que o governo tape o rombo com material de outro rombo. No momento, o projeto é aumentar impostos, seja pela criação de um novo tributo, seja pelo aumento de alíquota de um dos já existentes. E, nessas horas, sempre volta a proposta do retorno da deformidade conhecida pela sigla CPMF, não mais como instrumento de captação de recursos para a saúde, mas para dar cobertura à Previdência Social.

Não dá para esquecer que a excessiva carga tributária também é um dos principais fatores do alto custo Brasil. É parte do grande esquema que derruba a competitividade do produto nacional. Não é apenas a empresa brasileira que precisa de custos mais enxutos; é também o governo que precisa enxugar sua máquina.

Se tudo se resumir à mudança de sigla da conta de cobrança, então pouco progresso terá sido obtido.

CONFIRA

Como reverter?

Ontem, o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, pareceu ter aderido à proposta do presidente da França, Nicolas Sarkozy, de que o Grupo dos 20 (G-20) tem de agir para reverter essa alta. A curto prazo, pouco pode ser feito. A longo prazo, a única providência cabível é estimular o aumento da produção. E é provável que aumentem as pressões sobre os Estados Unidos para que deixem de produzir etanol de milho.

WASHINGTON NOVAES

Vencerá o mais forte ou o mais solidário?
Washington Novaes 
O Estado de S.Paulo - 04/02/11

Noticia do diário britânico The Guardian, mencionada por este jornal (28/1), traz informações muito inquietantes: o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que nos últimos anos se empenhara em conseguir um acordo mundial na área de mudanças climáticas, "está encerrando seu envolvimento nas negociações internacionais" nessa direção; pretenderia redirecionar seu discurso para uma agenda que promova a energia limpa e o desenvolvimento sustentável. Decepcionado com os resultados das reuniões do clima em Copenhague (2009) e Cancún (2010), já reduziu sua equipe nessa área, de 12 para 5 pessoas, e aumentou para 12 pessoas a equipe voltada para desenvolvimento sustentável. Segundo Robert Orr, secretário-assistente da ONU para planejamento estratégico e conselheiro de Ban Ki-moon, "é bem evidente que não haverá acordo sobre o clima a curto prazo". Por isso mesmo, diz ele, o secretário-geral não se envolverá a fundo na próxima reunião a esse respeito, no fim do ano, na África do Sul.

Isso acontece no momento em que a ONU e o mundo centram as atenções e esperanças na Rio +20, a reunião que, em maio/junho do ano que vem, fará um balanço do que aconteceu na Rio 92 e tentará avançar. Naquele ano, conseguiram-se progressos que pareciam extraordinários: uma convenção sobre clima, que estabeleceu metas para a redução de emissões de gases poluentes dos países industrializados; outra sobre diversidade biológica; uma declaração sobre florestas (na época, desmatavam-nas perto de 15 milhões de hectares por ano); e uma Agenda 21 mundial, pela qual os países industrializados se comprometiam a aumentar de 0,36% para 0,70% de seu produto bruto anual a ajuda para os países mais pobres resolverem os problemas mais agudos de saneamento, saúde, fome, etc.

Passados quase 20 anos, as metas de redução de emissões ainda não foram cumpridas e elas continuam aumentando. Há poucos meses, em Nagoya, chegou-se a uma declaração que reconhece a necessidade de ampliar as áreas de proteção e a soberania de cada país sobre as espécies da biodiversidade em seu território, bem como a necessidade de compartilhar resultados em caso de exploração - mas ainda faltam regras práticas para esse compartilhamento. O desmatamento no mundo caiu para cerca de 7 milhões de hectares anuais, mas ainda é muito alto. Os países ricos não aumentaram sua contribuição e, diz a ONU, o mundo continua com 925 milhões de pessoas passando fome, porque têm renda diária inferior a US$ 1,25 (pouco mais de R$ 2). Poderão vir a ser mais pessoas, porque já nos aproximamos de 7 bilhões no planeta e chegaremos, em meados deste século, a pelo menos 8,5 bilhões.

Significaria a decisão de Ban Ki-moon uma descrença na possibilidade de se chegar um modelo de "governança global" na área do clima - e talvez em outras, como a do consumo de recursos naturais além da capacidade de reposição do planeta? Seja como for, é uma decisão que aponta com clareza para a crise do nosso "padrão civilizatório".

Mas como alcançar a governança global, se os conflitos continuam regidos por questões étnicas e religiosas (islamismo, budismo, judaísmo, catolicismo, protestantismo, etc.)? Se a África continua a ser um caldeirão de conflitos, com suas centenas de etnias divididas pelos interesses dos que as colonizaram e disputando em guerras os recursos naturais? Se no País Basco e na Irlanda, entre outros, não se superam conflitos secessionistas? Como reduzir emissões de poluentes, se a China quer urbanizar centenas de milhões de pessoas e o carvão (altamente poluidor) ainda é a principal fonte de energia para elas? Se a Índia ainda tem 400 milhões de pessoas sem energia e também precisa do carvão? Como avançar se, na hora das decisões, cada país, cada empresa, cada indivíduo pensa prioritariamente em sua competitividade, sua sobrevivência, seus recursos financeiros - e acaba sempre prevalecendo a lógica financeira? Não é esse, por exemplo, o caso da Usina de Belo Monte, que nos últimos dias povoou as páginas dos jornais, com uma decisão que se opõe à boa lógica e ao bom senso (ver editorial deste jornal, 31/1, A3)?

Há pouco, a revista New Scientist divulgou estudo da Universidade de Cambridge mostrando que o consumo mundial de energia pode ser reduzido em 70% "com medidas simples e tecnologias existentes", seja na área de veículos (que não deveriam pesar mais de 300 quilos), seja na construção de edifícios (iluminação natural, redução da calefação), seja na área de eletrodomésticos (lavadoras de roupas e louças; ou simplesmente tapando panelas). Mas já há uns 15 anos não estava disponível a tecnologia de automóveis híbridos, que as empresas montadoras se recusaram a adotar porque reduziria seu lucro de US$ 15 mil por unidade nas supercamionetas para US$ 1 mil nos carros econômicos?

Quem encontrará o caminho para superar as lógicas financeiras? Como se enfrentarão as brutais desigualdades de renda no mundo e em cada país (inclusive no nosso)? O presidente francês, Nicolas Sarkozy, está de volta com a proposta de criar uma taxa sobre todas as transações financeiras internacionais destinada a criar um fundo contra a miséria - tese do economista James Tobin, que correu o mundo na década de 1990, mas não conseguiu avançar.

No livro Da Pobreza ao Poder (Cortez Editora), Duncan Green diz que o século 21 será caracterizado por mudanças no equilíbrio de poder entre nações e pela lenta queda das potências pós-2.ª Guerra Mundial, além da "ascensão inexorável de novas potências como a China e a Índia" e "do papel ampliado de blocos regionais e sub-regionais". Mas também pelo "colapso de países pobres à margem dessas mudanças tectônicas". Pergunta ele se a ONU "atingirá a maioridade com algo parecido com uma forma de governo global". Mas acaba dizendo: "Darwin ou Gandhi, não sabemos ainda quem prevalecerá".

JORNALISTA

ILIMAR FRANCO

Barriga de aluguel
ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 04/02/11

A presidente Dilma Rousseff quer que o PMDB assuma como sua a indicação de Henrique Meirelles para a Autoridade Pública Olímpica. Meirelles filiou-se ao partido quando era presidente do Banco Central no governo Lula. Mas, agora, os peemedebistas não querem mais carregá-lo. Essa indicação também desagrada ao PCdoB, que tinha a promessa do presidente Lula de que o ministro Orlando Silva (Esporte) seria destacado para a tarefa.

A luta interna no PT
As tendências minoritárias do PT estão insatisfeitas com seu espaço no governo e, por isso, estão empenhadas em derrotar na Câmara a tendência majoritária do partido, a Construindo um Novo Brasil. Primeiro apoiaram o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), contra o líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-RJ). Agora, na Comissão de Constituição e Justiça, decidiram disputar a presidência lançando Ricardo Berzoini (PT-SP) contra o nome da maioria, João Paulo Cunha (PT-SP). O cordão dos descontentes é liderado por Berzoini, o líder Paulo Teixeira (PT-SP) e o expresidente da Casa Arlindo Chinaglia (PT-SP).

para os trabalhadores” — Jô Moraes, deputada federal (PCdoB-MG), defendendo salário mínimo de R$580. A proposta do governo é R$545 André Coelho/04.01.2011

Rafale
Apesar da decisão da presidente Dilma Rousseff de adiar a compra de caças pela FAB, o Rafale francês não teve sua preferência abalada. O Ministério da Defesa sustenta que ele é o único negócio que garante transferência de tecnologia.

Financiamento eleitoral
O PSDB decidiu exercer o critério da proporcionalidade e indicará o presidente da Comissão de Infraestrutura do Senado. Os tucanos querem fiscalizar o PAC e convocar ministros para depor. Dos candidatos a presidir a comissão, Marisa Serrano (PSDB-MS) teve 26% de sua campanha financiada por empresas do setor. Elas também representam 23% das receitas de Lindberg Farias (PT-RJ) e 20% de Lúcia Vânia (PSDB-GO) e de Eduardo Braga (PMDB-AM).

Cobrança em casa
O ministro Paulo Bernardo (Comunicações) foi cobrado em casa pelo serviço de banda larga. Seu filho ficou indignado ao constatar que levaria 23 horas para baixar um filme. “Só faltou dizer que ninguém toma providência”, brincou ele. 

A NOMEAÇÃO de Flávio Decat para a presidência de Furnas foi uma decisão da presidente Dilma Rousseff. O PMDB,conformado, teve de engolir mais esta.

BELO MONTE. Indígenas, ribeirinhos, atingidos por barragens e ambientalistas fazem protesto em Brasília, terça-feira, contra Belo Monte. O movimento quer entregar à Presidência da República uma agenda de reivindicações e petições contra a hidrelétrica.

CUNHADINHA. Funcionárias da Câmara estão ansiosas pela primeira audiência pública com a ministra Ana de Hollanda. Só se referem a ela como “cunhadinha”.

Aqui e agora
O resgate do passado é importante para a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário. Mas sua prioridade é enfrentar as situações atuais de desrespeito aos direitos dos cidadãos, muitas delas praticados pelo poder público.

Ele sabe tudo
Em uma reunião sobre a Copa de 2014, o ministro Mário Negromonte (Cidades), que é baiano, disse que o metrô de Salvador é o único do mundo que passará pelo Centro da cidade. “E o de Nova York?”, rebateu a presidente Dilma Rousseff.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Programa do governo precisa ser divulgado, diz farmácia
MARIA CRISTINA FRIAS
O ESTADO DE SÃO PAULO - 04/02/11

Apesar de ser um dos programas mais bem avaliados do governo, o Farmácia Popular, que teve ampliação anunciada ontem pela presidente Dilma Rousseff, pode ter ainda algumas amarras, de acordo com o varejo.
O programa, que começou em 2004 e que oferecia medicamentos com até 90% de desconto, ainda carece de investimentos em divulgação, segundo a Abrafarma (Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias).
A presidente anunciou ontem que o programa crescerá e passará a oferecer gratuidade para medicamentos contra diabetes e hipertensão.
"É o mais bem avaliado do governo, mas se o consumidor não sabe dele, tem dificuldade em crescer. Muitas vezes é a rede que tem que divulgar", diz Sergio Mena Barreto, presidente da entidade.
As vendas do programa caíram de R$ 147,9 milhões em 2009 para R$ 139,2 milhões no ano passado, segundo a Abrafarma, que reúne redes como Drogasil, Pague Menos e Droga Raia. O levantamento da entidade não abrange todas as drogarias conveniadas no programa.
Em unidades vendidas, há queda de 14,1 milhões em 2009 para 12,8 milhões em 2010, segundo a Abrafarma.
O Ministério da Saúde diz que o governo auxilia os parceiros do programa fornecendo material publicitário para divulgação nas lojas.
Cerca de 85% dos entrevistados em pesquisa do IBGE em agosto dizem conhecê-lo e 86,4% o avaliam como positivo, segundo o ministério. Hoje são 15 mil estabelecimentos conveniados.

PAPEL FORTE
A KM Papel utilizará no segundo semestre deste ano máquinas alemãs que permitirão a produção de papel reciclado branco a partir de livros e revistas.
Com o novo maquinário, que custou R$ 35 milhões, a empresa usará fibras 70% mais baratas que as atuais.
"Adotaremos um novo processo de preparação da massa para fabricação do papel reciclado", diz o presidente da companhia, Daniel Klabin Wurzmann.
Em junho do ano passado, a empresa arrendou por seis meses uma fábrica em Pirassununga (SP) para fabricar blocos, cadernos e formulários contínuos.
Nesse período, foi realizado investimento de R$ 42 milhões na unidade de Volta Grande (MG), que passará a concentrar toda a produção a partir deste mês.
Até outubro, a KM Papel pretende produzir 3.000 toneladas de papel reciclado por mês, o dobro do que realiza hoje, diz Wurzmann.
"No Brasil, não há uma conscientização de comprar o que é reciclado, mas isso vai melhorar", diz o presidente. A empresa pode reutilizar cada fibra que forma o papel por até sete vezes.

Cidades de SP se especializam e atraem empresas
Algumas cidades do Estado de São Paulo têm se especializado em sediar companhias de determinado setor da economia.
Em Santos, há uma concentração de empresas voltadas para a exploração de petróleo e gás, além do aumento de companhias de tecnologia, como as estrangeiras Halliburton e Schlumberger.
"É um mercado que foi impulsionado nos últimos quatro anos, com a multiplicação da dimensão das bacias do pré-sal. Nossa vocação econômica mudou, o que é muito positivo", diz o prefeito João Paulo Papa (PMDB).
Na cidade de São Carlos, 80% das empresas que procuram se instalar no município pertencem aos setores de automação, aeronáutico e metalomecânico.
"Recebemos cada vez mais empresas. Há um movimento para o interior em busca de melhor condição de vida", afirma o prefeito de São Carlos, Oswaldo Barba (PT).
Localizada no centro do Estado, Bauru recebe grande número de transportadoras e distribuidoras, segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico, Paulo Ferrari.
Já São José dos Campos se beneficia por contratos firmados pela Embraer, com sede na cidade.
"O mercado da Embraer no exterior é grande e somos acionados a cada acordo, abrindo vagas para mais gente", afirma o secretário José Luis Nunes.

OSX avança com unidade flutuante da OSX

Chegaram ao Brasil as amarras que irão compor o sistema de ancoragem do FPSO (unidade flutuante de produção e armazenamento de óleo e gás), da OSX, do grupo EBX, de Eike Batista, com atuação nas áreas de construção naval, fretamento e serviços offshore.
As amarras, que foram fabricadas na Espanha e pesam 2.500 toneladas, são o início do processo do sistema de ancoragem, que é composto ainda por estacas, cabos de aço e boias.
Primeiro FPSO da empresa, o OSX-1 está em fase final de customização em Cingapura e a previsão é sair de lá rumo ao Brasil no final de maio. O valor investido na compra da embarcação foi US$ 610 milhões.
Com o sistema de ancoragem em processo avançado, haverá uma rápida conexão da unidade, abreviando o tempo necessário para o início de sua operação, de acordo com a companhia.
O OSX-1 será fretado para a OGX, que também pertence ao grupo EBX e atua no setor de exploração e produção de óleo e gás, para operação na bacia de Campos (RJ).
Conforme contrato firmado entre as empresas, o fretamento da embarcação terá duração de 20 anos.

VALIOSA FARIA LIMA
A avenida Faria Lima, que abriga, em sua maior parte, empresas ligadas ao setor financeiro e multinacionais, é o endereço mais caro para se instalar no município de São Paulo.
No quarto trimestre de 2010, o valor do metro quadrado de locação dos escritórios de alto padrão na avenida alcançou R$ 180, o que representa aumento de 42% em relação ao trimestre anterior, segundo levantamento da consultoria imobiliária Colliers International Brasil.
Apesar dos altos valores da região, os investidores não procuraram um novo endereço, pois a taxa de vacância (índice de imóveis vagos) ficou em 0,4%.
Esse cenário, de acordo com a Colliers, deve sofrer alteração em 2011. O mercado vai receber cerca de 230 mil metros quadrados, sendo que 40% desses novos imóveis serão na região da avenida Faria Lima.
A entrada dos imóveis deve elevar a taxa de vacância média da cidade, dos atuais 2,3% para cerca de 7%, segundo a consultoria.

Solo... 
O presidente da SNA (Sociedade Nacional de Agricultura), Antonio Alvarenga, entregou ao ministro Moreira Franco (Assuntos Estratégicos) um documento contendo propostas para o governo manter o incentivo à expansão do agronegócio.

...fértil 
"Temos uma agricultura eficiente e competitiva da porteira para dentro, mas que é fortemente prejudicada no escoamento da produção pelas mazelas inerentes a um sistema de transporte, deteriorado e ineficiente", afirmou o presidente da SNA.

Resultado 
A Bradesco Auto/RE Companhia de Seguros registrou faturamento de R$ 3,7 bilhões no ano passado, o que representa aumento de 17,6% em comparação a 2009. Em número de clientes, a empresa ficou com 3,3 milhões no Brasil, crescimento de 28,7%.

Oportunidades 
Profissionais de turismo de negócios, que movimenta R$ 8,5 bilhões por ano em São Paulo, discutirão na capital paulista, na próxima segunda-feira, o crescimento do setor com a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016.

Com JOANA CUNHA, ALESSANDRA KIANEK e VITOR SION

ROGÉRIO L. FURQUIM WERNECK

A conta e o faz de conta
Rogério L. F. Werneck
O ESTADO DE SÃO PAULO - 04/02/11

Chegou a conta da memorável farra fiscal do ano passado. As despesas não financeiras do governo central superaram em 22,4% as de 2009. Apesar do vigoroso crescimento da receita, na esteira da expansão da economia, o superávit primário do governo central, devidamente calculado, não chegou a 1,3% do PIB. Mas o governo ainda não deu sinais convincentes de que conterá gastos. As autoridades fazendárias nem mesmo reconhecem a existência do problema. Negam que tenha havido deterioração do quadro fiscal em 2010.

O que se vê é mais um preocupante desdobramento do descrédito em que caiu o registro das contas públicas, desde que o governo passou a adotar critérios contábeis indefensáveis para disfarçar o que vem ocorrendo com as finanças públicas. Tendo produzido estimativas completamente deturpadas dos indicadores fiscais que devem pautar a condução da política macroeconômica, o governo agora quer acreditar no faz de conta e concluir que, com base nesses indicadores, o quadro não parece requerer maiores ajustes na área fiscal.

Tal desdobramento era perfeitamente previsível. Poderia ter sido evitado se a deturpação das contas públicas tivesse ficado encapsulada no governo anterior. Mas essa oportunidade foi perdida quando a presidente Dilma Rousseff decidiu manter Guido Mantega e sua equipe no Ministério da Fazenda. Como era de esperar, o ministro agora atribui um custo proibitivo a reconhecer que os indicadores fiscais foram deturpados e deixaram de indicar o que deveriam. Para não ter de incorrer nesse custo, parece disposto a tudo.

A escalada de irracionalidade que isso pode desencadear não deve ser subestimada. Basta ver a lamentável reação de Mantega às observações sobre o quadro fiscal brasileiro, num relatório recente do FMI: "O diretor-gerente saiu de férias e algum velho ortodoxo deve ter escrito esse relatório com bobagens sobre o Brasil". Se há uma coisa que o FMI sabe fazer é manter registros cuidadosos da evolução das contas públicas de seus membros.

O relatório do qual se queixa Mantega oferece excelente exemplo desse cuidado, ao assinalar, meticulosamente, que nas estatísticas de resultado fiscal do Brasil "não estão incluídos empréstimos ao BNDES de mais de 3% do PIB tanto em 2009 como em 2010".

O FMI está coberto de razão ao constatar que o quadro fiscal no País piorou. Mas é apenas mais uma voz no imenso coro de analistas, aqui e no exterior, que defende mudanças na política fiscal, tendo em vista a deterioração das contas públicas e a necessidade de rebalancear a política macroeconômica, com alívio da sobrecarga que tem recaído sobre a monetária, num quadro de inequívoco sobreaquecimento da economia.

A reação destemperada do ministro não tem justificativa. Mas é apenas uma pequena amostra das dificuldades que ele deve enfrentar para tentar manter as aparências e continuar a pautar a condução da política fiscal por indicadores já sem credibilidade. A se julgar pela experiência argentina nessa área, a perspectiva não é animadora. Os Kirchners abriram a caixa de Pandora da falsificação de índices de preços no início de 2007. Até hoje, não conseguiram fechá-la.

Estará o governo disposto a abandonar a deturpação sistemática dos indicadores fiscais observada nos últimos dois anos? Há uma declaração do secretário do Tesouro a esse respeito, publicada no Estado em 1/2, que soa auspiciosa: "Vamos voltar ao mesmo sistema de superávit primário que usamos em 2007 e 2008. A meta é 3,3%. Vamos mirar na meta cheia. É possível abater, mas não vamos, [ESTE ANO]não tem isso". O problema é que tal declaração estava sendo apenas rememorada pelo jornal. Foi feita ao Estado há um ano, em janeiro de 2010. Mas o secretário não se emenda. Depois de toda a lambança contábil para disfarçar o descontrole de dispêndio do ano passado, quer agora que o País acredite que o quadro fiscal melhorou.

Com a Fazenda entregue ao faz de conta, será difícil conter gastos.

Economista, Doutor pela Universidade Harvard, é Professor Titular do Departamento de Economia da PUC-Rio

MÔNICA BERGAMO

DUQUESA BLOCH
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SÃO PAULO - 04/02/11

A atriz Debora Bloch está no Vale do Loire, na França, gravando cenas da próxima novela das seis da TV Globo, "Cordel Encantado'; na trama de Thelma Guedes e Duca Rachid, ela será uma das vilãs, a duquesa Úrsula, e contracenará com Luiz Fernando Guimarães

ESTEVES A PÉ

As chuvas e ventanias de verão deixaram André Esteves, do BTG Pactual, e Marcelo Odebrecht, do grupo Odebrecht, a pé -e em guerra com a fabricante dos jatos Falcon que os carregam pelo mundo. Estacionadas num hangar da empresa, as aeronaves sofreram avarias depois de um vendaval. Como não estavam bem fixadas ao solo, elas começaram a se mover e a bater uma nas outras. Os empresários aguardam o conserto e têm que se contentar com outros jatos disponibilizados pela companhia.

PAPO A DOIS

O ministro Fernando Pimentel, do Desenvolvimento, viajou ao Rio recentemente e jantou com Otávio Azevedo, da Andrade Gutierrez.

NA ANDRADE

Embora sejam amigos de longa data, o encontro serviu para turbinar as informações que circulam há tempos no mercado de que Azevedo poderia assumir o comando da Vale a partir de março. Nenhum convite, no entanto, foi feito a ele até agora. Executivo da estrita confiança de Sergio Andrade, Azevedo, por seu lado, nunca cogitou deixar o grupo, segundo seus interlocutores frequentes.

DIRCEU MINISTRO

O PT já desenha um rascunho para o futuro de José Dirceu (PT-SP) caso ele seja inocentado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) no julgamento do mensalão, no segundo semestre: o ex-ministro sairia em viagem pelo Brasil, muitas vezes ao lado do ex-presidente Lula. Em 2012, iria para o Ministério da Saúde, substituindo Alexandre Padilha, que viria para São Paulo disputar a prefeitura. Dirceu não gosta de comentar projetos. Prefere esperar o veredicto da Justiça.

DOR DE DENTE
O Ministério Público está pedindo na Justiça o bloqueio dos bens da Imbra, empresa de implantes odontológicos que interrompeu o atendimento e pediu autofalência em outubro. Quer garantir que clientes que pagaram por serviços não prestados sejam indenizados. O advogado Esper Chacur Filho, do escritório que defende a Imbra, diz que a ação é legítima e que "a diretoria que pediu a falência" colaborará com o MP.

É TUDO NO MEU NOME
O decreto que permite a travestis e transexuais usarem o nome social em serviços estaduais será debatido hoje na Secretaria de Justiça. Participam o escritor João Silvério Trevisan, o promotor Reynaldo Mapelli Júnior, o psicólogo Klecius Borges e Brunna Valin, coordenadora do Fórum Paulista de Travestis e Transexuais.

TIRIRICA MACUNAÍMA

O cineasta André Klotzel, que pretende levar a vida do palhaço e deputado federal Tiririca (PR-SP) para as telas de cinema, diz que releu "Macunaíma", de Mário de Andrade, para buscar inspiração. Viu que a palavra tiririca é citada "umas dez vezes" no texto. "Já havia visto semelhanças entre o nosso Tiririca e Macunaíma, mas não imaginava que esse termo fosse de uso há mais de 80 anos."

LONGE
O ex-ministro e ex-secretário de Educação Paulo Renato Souza (PSDB-SP) diz que quer focar seu trabalho como consultor a partir deste ano. "Oxalá, quero ficar muitos anos longe da política."

TEATRAL
De férias após o fim da novela "Passione", a atriz Gabriela Duarte pretende estrear uma peça neste ano. "Tenho participado de leituras. Já conversei bastante com o diretor Ulysses Cruz, mas nossas agendas nunca se encaixam", diz.

BYE BYE PASSARELA
No último dia da São Paulo Fashion Week, anteontem, a atriz Gabriela Duarte e Teresa Fittipaldi assistiram ao desfile de Gloria Coelho. A cantora Pitty conferiu a coleção da Cavalera. O artista Stephan Doitschinoff passou pela festa de encerramento da semana de moda, no clube D-Edge.

NO PALCO E NA PLATEIA

A peça "A Senhora de Dubuque", que tem no elenco Karin Rodrigues, a protagonista, Alessandra Negrini e Sérgio Guizé, entre outros, estreou no Sesc Pinheiros. A modelo Janna Palma assistiu ao espetáculo, dirigido por Leonardo Medeiros.

CURTO-CIRCUITO

Gui Mohallem abre a exposição "Welcome Home" na galeria Emma Thomas, na Barra Funda, amanhã, às 18h.

O bar Sonique promove hoje, a partir das 20h, a Sexta do Vinil, em que os DJs Ullisses Campbell, Manu Versolato e Gilberto Custóddio Jr. tocarão apenas discos. 18 anos.

Alexandre Accioly e André Calainho abrem hoje a nona edição do Sesc Noites Cariocas, no Píer Mauá, no Rio, com shows de Céu e Nando Reis. Classificação: 18 anos.

com ELIANE TRINDADE, DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY

JOSÉ SIMÃO

Timão! Tolima derruba Togordo! 
JOSÉ SIMÃO 
FOLHA DE SÃO PAULO - 04/02/11

E o calendário de 2011: o Carnaval caiu em março e o Corinthians caiu em fevereiro! Rarará!


BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!
Manchete do "Sensacionalista": "Ronaldinho Gaúcho se poupa na estreia para não prejudicar a noitada". Rarará! E o Ronaldo, em vez de estudar cabala, devia estudar cabola! Rarará!
OBA! Hoje é dia de zoar com o Timão! O Corinthians ser eliminado é como nota de cem, só dá alegria. Calendário 2011: o Carnaval caiu em março e o Corinthians caiu em fevereiro! Rarará! Corinthians x Tolima. TOLIMINADO! Tolima 2 x Togordo 0! Deram vexame na Colômbia. Eles podiam ser sequestrados pelas Farc. Pros gambás se reproduzirem em cativeiro! Rarará!
E o Ronalducho virou Mãe Dinah: previu que em dez dias o time do Corinthians estaria voando. Acertou na mosca. Voaram de Ibagué, na Colômbia, até o Brasil! Rarará!
E como disse um leitor: "No dia em que o Corinthians ganhar a Libertadores, a minha gata vai botar ovo, a minha galinha vai parir, os planetas se alinharão e a Angelina Jolie vai trocar o Brad Pitt por mim". Rarará!
E a pichação no muro do Parque São Jorge: "Ronaldo gordo sem vergonha. Tite técnico de merda". Olha, dizer que o Ronaldo é gordo é uma REDONDÂNCIA! E gordo não tem vergonha mesmo. Se tivesse vergonha, não ia acordar no meio da noite pra comer aquele pavê de padaria que tá na geladeira há dez dias! E o Tite é técnico de merda mesmo! Todo técnico é burro.
O Corinthians pegou empatite. Esta é a doença que aflige o Corinthians: empatite! E agora faça como o Corinthians: assista a Libertadores pela SporTV. Já sei, vou receber um monte de e-mail: "Bambi, vai chupar o pingolim do teu vizinho". Dois segmentos com que a gente não pode mexer: corintiano e evangélico. Que lá vem metralhadora de e-mails!
O Brasileiro é Cordial! Última placa do Gervásio na empresa em São Bernardo: "Se eu pegar alguém aqui fazendo exercício com os ferros na hora do almoço, vou fazer esse Van Damme raquítico levantar no dente uma kombi carregada até a boca ficar com calo. Conto com todos. Assinado: Gervásio". O Gervásio devia ser técnico do Corinthians. Gervásio direto pro CT. Rarará!
A situação tá ficando egípcia. Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

VINICIUS TORRES FREIRE

Política econômica do puxadinho
VINICIUS TORRES FREIRE

FOLHA DE SÃO PAULO - 04/02/11
Governo Dilma demora para anunciar grandes objetivos econômicos e por ora trata apenas de sugerir remendos



O GOVERNO alardeia que não ficaria quieto diante da alta do real e da invasão de importados e "dumpings" asiáticos. E então anuncia uns panos quentes para o câmbio. Pelo menos, a medida ajudou a baixar a dívida bruta e a despesa com juros necessários para enxugar o dinheiro na praça, que os bancos usavam para fazer festinha, faturando com juros e câmbio. Mas o caso do câmbio mesmo é muito mais sério.
O governo alardeia que "desoneração tributária" (baixar impostos) é uma prioridade. Então nota que não tem muito dinheiro e passa a estudar um corte nos impostos sobre salários para apenas algumas indústrias mais avariadas. Trata-se daqueles setores que ainda nem voltaram à produção de 2008: material elétrico & de comunicações, máquinas & aparelhos elétricos, metalurgia básica, vestuário, têxtil, talvez brinquedos. Tal medida, porém, é um remendo provisório de baixo impacto e escopo restrito.
O governo alardeia "desoneração tributária" num ano em que a inflação ameaça passar de 6% e o Banco Central sobe juros. Mas ano de inflação alta é ano de contenção fiscal, de corte de despesas e, no mínimo, de manutenção do nível presente de impostos. O governo vai compensar a renúncia de arrecadação de impostos com cortes em alguma outra rubrica de gastos? Vai nada. Mesmo sem "desoneração" já tem de fazer mágicas e macumbas a fim de apresentar um balanço com esse superavit fajutado de 3%.
O governo nota que não tem dinheiro MESMO e sussurra que não vai mais comprar aviões e navios de guerra e talvez adie essa maluquice sem sentido econômico ou social do trem-bala. E então volta a falar de caças russos e de colocar os notórios Correios no negócio do trem-bala.
O governo bate o pé e nega aumento do salário mínimo para além de R$ 545, mas parte do governo diz que pode dar um jeitinho e, ainda por cima, diz que pode reajustar a tabela do Imposto de Renda (baixar o imposto), mesmo depois de a presidente dizer que não o faria.
O governo em pessoa, a presidente Dilma Rousseff, foi ao Congresso dizer que a reforma tributária é "essencial". Mas isso é apenas blá-blá-blá, pois reformas dessa espécie numa Federação como a brasileira exigem que o governo central banque o custo de perdas e danos. Mas o governo central não tem dinheiro nem para pagar as despesas de investimentos deste e do ano passado; mal vai conseguir poupar o bastante para fazer com que a dívida pública (sobre o PIB) continue a cair.
Tudo isso é remendo. Puxadinho. Está certo que o governo começou faz um mês (embora a equipe básica seja mais ou menos a mesma e a campanha tenha sido longa o bastante para pensar num programa). Mas ainda assim é remendo.
Se o governo não anunciar uma paulada fiscal (talho de gastos), e logo, veremos juros na órbita de Marte, despesas de juros do tamanho de Júpiter, mais incentivo à valorização do câmbio e mais irracionalidade na administração de gastos e investimentos (é nisso que dá administração fiscal bagunçada, com gasto demais num ano e demasia de cortes no outro). E estamos falando apenas dos básicos de política macroeconômica. O que será do BNDES? Cadê reformas micro para desburocratizar e incentivar inovações em empresas e mercados financeiros? Está devagar, a coisa.

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA

É isso e pronto
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 04/02/11

Em duas reuniões ontem, Dilma Rousseff e Antonio Palocci enquadraram o PMDB na acirrada disputa por cargos no setor elétrico. Na primeira, pela manhã, a presidente, contrariada com versões registradas na imprensa sobre encontro na véspera no qual se discutiu o tema, avisou a Michel Temer e a Edison Lobão que, àquela altura, Flávio Decat já estava convidado a presidir Furnas, a despeito de pressões em contrário.
Depois, o chefe da Casa Civil disse que, se Lobão insistisse, Dilma "até poderia" nomear José Antonio Muniz Lopes, da cota do PMDB-MA, para a Eletronorte -mas "seria bom" que não insistisse. Os peemedebistas ouviram ainda que o comando de estatais como Chesf e Eletrosul também deve ser trocado.

Bio 1 
José da Costa Carvalho Neto, ex-presidente interino da Cemig, era mencionado ontem no Planalto como o nome mais forte para assumir a Eletrobras. Ele foi citado no processo do mensalão mineiro, na investigação sobre supostos desvios para a campanha de Eduardo Azeredo ao governo de Minas, em 1998, via agência de Marcos Valério.

Bio 2 Depois que deixou a Cemig, Carvalho abriu a Arcadis Logos Energia, com atuação no setor elétrico.

Bio 3 
Também Decat passou pela Cemig, da qual foi diretor. O novo presidente de Furnas chegou à estatal mineira pelas mãos de Dimas Toledo, poderoso diretor de Operações derrubado pela metralhadora de Roberto Jefferson à época do mensalão.

Estreia Marta Suplicy (PT-SP) obteve ontem as assinaturas necessárias para desengavetar o projeto que pune a homofobia. A discussão será feita "sem pressa e com amplo espaço para o contraditório", diz a vice-presidente do Senado, para quem trata-se apenas de "proteger uma parcela da população que vive sob ameaça".

Guerra civil 1 
Aécio Neves tem dito a aliados que não recuará da ofensiva para assumir o controle do PSDB, bancando a candidatura de Sérgio Guerra ainda que José Serra resolva disputar a presidência do partido.

Guerra civil 2 
Os serristas consideram que, mesmo se não for eleito presidente, bastará ao ex-governador ocupar um posto na direção nacional tucana para eclipsar a posição de Guerra.

Estilo 1 
Recém-indicado para uma Corte com tradição de longas leituras de votos, o novo ministro do STF, Luiz Fux, sustenta em autobiografia publicada no site da Uerj, onde estudou, que nunca leu um voto em sessão.

Estilo 2 
Partidário da "simplificação do direito", Fux diz: "Não leio os meus votos. Explico qual é a ideia que tenho do caso e, eventualmente, só para fechar o raciocínio, leio a síntese do voto. Essa metodologia de ficar lendo, ninguém presta atenção, ninguém aguenta".

Imagem é tudo A nova direção dos Correios vai abrir licitação para contratar mais uma agência de publicidade. A empresa já tem contratos com a Link e a Artplan.

Padrinho 
Agora deputado distrital, Agaciel Maia (PTC-DF) tenta emplacar Sebastião Fernandes Neto na direção geral do Senado. Tião, como é conhecido, foi coordenador de execução orçamentária na gestão Agaciel, encerrada em escândalo. Haroldo Tajra, atual diretor, é ligado a Heráclito Fortes (DEM-PI), não reeleito.

Visita à Folha 
Geraldo Alckmin (PSDB), governador de São Paulo, visitou ontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Marcio Aith, subsecretário de Comunicação.
com LETÍCIA SANDER e FABIO ZAMBELI

Tiroteio

"Brasília anda inigualável também em sua arquitetura política, cheia de borrões, sinais trocados, mapas partidários embaralhados..."
DO DEPUTADO FEDERAL CHICO ALENCAR (PSOL-RJ), sobre imagens do Earth Observatory a partir das quais a Nasa concluiu que a capital brasileira é inconfundível quando vista do espaço.

Contraponto

Assim, assim

Geraldo Alckmin visitou anteontem escola considerada modelo em São Paulo, no bairro do Ipiranga. Depois de entregar kits a alunos da rede estadual, tomava café com funcionários. Na saída, comentou que Lula estudara lá, em 1959, e emendou:
-Eu vi o boletim dele...
Os jornalistas logo se interessaram em saber detalhes sobre as notas obtidas pelo ex-presidente da República. Sem dizer palavra, o governador fez um gesto de "mais ou menos" com as mãos.