quinta-feira, janeiro 07, 2010

BRASÍLIA -DF

Agora é no pau

Luiz Carlos Azedo

CORREIO BRAZILIENSE - 07/01/10


A turma da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), candidata petista à Presidência da República, quer tirar da toca o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), que se mantém como favorito na corrida sucessória de 2010, mas não assume a candidatura. Desde a virada do ano, diariamente desce a lenha no tucano por meio de um newsletter eletrônico intitulado Brasília Confidencial (www.brasiliaconfidencial.inf.br). É editado pelo experiente jornalista gaúcho Robson Cardozo Barenho, que já comandou as equipes de política de alguns dos principais jornais do país.

Ontem, por exemplo, Serra foi ao pelourinho por causa das chuvas. O governador paulista é acusado de ameaçar os prefeitos da região metropolitana de São Paulo, muitos dos quais petistas, por causa da ocupação e impermeabilização da várzea do Rio Tietê. Também é responsabilizado pelas enchentes no rio que corta a cidade de São Paulo, atribuídas às obras da Nova Marginal, complexo viário que o governo paulista está construindo. A desconstrução da imagem de bom gestor do tucano é prioridade na estratégia de Dilma.

Papo definitivo
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso convenceu o ex-governador Jarbas Vasconcelos (foto), do PMDB, a ser candidato ao governo de Pernambuco, apesar do favoritismo do governador Eduardo Campos (PSB). A conversa entre ambos foi definitiva. Agora, falta convencer o presidente do PSDB, senador Sérgio Guerra(PE), a concorrer à reeleição. Ele está pensando em disputar uma vaga na Câmara.

Faturamento
A propósito da política de pacificação, a ocupação pela Polícia Militar fluminense dos morros Dona Marta, Pavão-Pavãozinho, Chapéu Mangueira, Babilônia, Cantagalo, Ladeira dos Tabajaras e Morro dos Cabritos desarticulou a venda a varejo de maconha, haxixe, cocaína, crack e ecstasy na Zona Sul do Rio. Estima-se que os traficantes deixaram de faturar por mês cerca de R$ 1,85 milhão

Corporações
A publicação eletrônica também faz campanha perante o funcionalismo paulista, base social do PT em São Paulo, cujos sindicatos costumam infernizar a vida de governantes tucanos. Acusa Serra de agir autoritariamente ao acabar com as promoções por tempo de serviço e ao adotar gerenciamento inspirado nas empresas privadas, com concursos públicos para promoção por mérito.

Cabral
Em contrapartida, a turma da Dilma é generosa com o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, alvo de críticas pelo fato de não ter visitado os locais de desabamento em Angra dos Reis no mesmo dia em que ocorreram. A publicação enche a bola do governador fluminense pelo sucesso da política de pacificação das favelas do Rio de Janeiro.

Kassab
Outro que entra no sarrafo é o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, do DEM, aliado incondicional de Serra, responsabilizado pelas inundações no Vale do Anhangabaú (Centro) e outras áreas da capital. A publicação acusa o alcaide paulistano de ter realizado cortes draconianos nas despesas com varrição de ruas e limpeza de galerias, o que contribuiu para os alagamentos na cidade.

Estação/ O deputado Emanuel Fernandes (SP) e o prefeito de São José dos Campos, Eduardo Cury (PSDB), reúnem-se hoje com o secretário executivo da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), Hélio Mauro França, para discutir a inclusão da cidade na relação de paradas previstas no edital de licitação do Trem de Alta Velocidade (TAV), também conhecido como trem-bala.
A rota prevê a ligação Rio-São Paulo-Campinas.

Desafetos/ O relator da Comissão Mista de Orçamento, Geraldo Magela (PT-DF), e o líder do DEM na Câmara, Ronaldo Caiado (GO), continuam se digladiando por causa do corte nas verbas da Copa de 2014. Um responsabiliza o outro.

Reserva/ Presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária, a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) comemora liminar do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, que suspendeu os efeitos da homologação da reserva indígena Arroio-Korá, em Mato Grosso do Sul. Proprietários da Fazenda Iporã (MS), localizada na reserva, impetraram mandado de segurança.

Azebundsman/ O leitor Marcelo Gonzaga Peres critica a coluna de ontem por tratar a boa morte como “uma espécie de eutanásia”. A diferença não é semântica: na suposta boa morte, a terapia e/ou medicamentos são retirados e a doença segue seu curso; na eutanásia, a morte é provocada ou acelerada por algum procedimento e/ou medicamento administrados. “É um assunto muito sério para ser tratado dessa maneira”, reclama.

Fantasmas
O novo presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, desembargador Viana Santos, tem um abacaxi nas mãos: 4.800 serventuários de Justiça estão recebendo sem trabalhar graças a licenças médicas fajutas.

MICROSOFT


HOMENAGEM A NATAL-RN


Sem muitas novidades, discurso de Steve Ballmer, da Microsoft, abre a CES 2010

Empresa apresentou tablets da HP com tela sensível que rodam Windows.
Sensor de movimentos para o X360, o Project Natal, chega no final do ano.

Durante o evento, a Microsoft anunciou que o Project Natal, sua revolucionária aposta interativa para o console Xbox 360, tecnologia que dispensa o uso de joysticks para controlar os jogos, chegará ao mercado no final do ano.

O anúncio foi feito pelo presidente da divisão de entretenimento da companhia, Robbie Bach, que afirmou que 2010 será o "maior ano da história do Xbox", devido à revolução que o Project Natal fará no modo de jogar videogame. Com o acessório, composto de câmeras especiais e microfone, o usuário utilizará seu próprio corpo para controlar os jogos, o que Bach considerou a "última fronteira" no terreno da interação, um desafio para o qual a Microsoft "esteve trabalhando durante os últimos 20 anos".

O Project Natal foi apresentado pela primeira vez na feira E3. O projeto, liderado pelo americano Kudo Tsunoda, tem um brasileiro na equipe: Alex Kipman, que há oito anos trabalha para a Microsoft nos Estados Unidos. O curitibano deu o nome de Natal ao projeto em homenagem à capital do Rio Grande do Norte.

ALBERTO TAMER

Começo ruim para o comércio exterior


O Estado de S. Paulo - 07/01/2010

Saíram os números da balança comercial em 2009. São preocupantes. Ela sendo sustentada pelas exportações de commodities para um país, a China, que praticamente não importa produtos industrializados do Brasil. O superávit caiu aos níveis mais baixos da história, apenas US$ 24,6 bilhões, e pode transformar-se em déficit este ano. O Brasil encolheu para 1% do mercado mundial. Era um pouco mais que isso. Há muitas justificativas e desculpas infundadas. Não convencem. A mais frequente é que o comércio mundial também encolheu com a crise e nos fomos atrás. Não fomos. "Ficamos" atrás. As exportações mundiais recuaram 12,3%. As nossas, 22,2%. Outra, para atenuar o desconforto de um superávit declinante, foi a valorização do real, que estimulou as importações! Não foi. Elas também recuaram 25,3%. Mais que as exportações.

NÃO FOI SÓ O REAL FORTE

Vejam bem, "seria" - no condicional - porque crescemos mais e, portanto, importamos mais. Vá lá, coloque-se aí, um pouco do real valorizado. Mas o crescimento da demanda interna teve outro efeito negativo sobre o comércio exterior. Não foi apenas o câmbio. As empresas brasileiras voltaram-se a um mercado interno em expansão, deixando de disputar espaço no exterior. Espaço que existia, sim, mesmo porque o comércio mundial voltou a crescer. Houve acomodação a uma nova realidade. Por que brigar lá fora se há mercado aqui? Um raciocínio comercial de visão curta. A consequência é que perdemos espaço no exterior. Quando quisermos voltar, a China e outros países já ocuparam o nosso lugar.

UMA VITÓRIA QUE É DERROTA

Mas a China transformou-se no nosso maior mercado exportador! Passou até os Estados Unidos! Acertamos em cheio. O mercado está lá! Não está, não. O fato de eles terem se transformado em nossos maiores importadores não é bom. Na verdade, é até ruim. Sabem por quê? Porque 80% do que exportamos para o mercado chinês é de produtos básicos, agrícolas, matéria-prima, que, no dizer dos meus amigos economistas, tem "pouco valor agregado". Traduzindo, geram pouco emprego. E é de mais emprego que o Brasil precisa. Perdemos 2 milhões na recessão.

CHINA TERCEIRIZA O MUNDO

As exportações de manufaturados para o mercado chinês, que já eram pequenas, apenas 17% em 2000, caíram para ridículos 6% no ano passado. Ou seja, estamos criando empregos lá, em troca do que poderíamos ter criado aqui. Melhor, eles estão importando matéria-prima e, em muitos casos processam lá e exportam o produto acabado para o mundo. Até mesmo para o Brasil... E muitas vezes são produtos de firmas "americanas" fabricados... na China. É comum isso. A China está "terceirizando" o mundo.

Pode? Não pode, mas é isso o que revelam os números da balança comercial de 2009.

José Augusto de Castro, vice-presidente da Associação do Comercio Exterior do Brasil, define bem a situação: "Os chineses elegeram o Brasil como seu fornecedor de matéria-prima e passaram a exportar manufaturados para os americanos". Manufaturados que antes nós exportávamos ao mercado americano e agora não exportamos mais... E não é só nos Estados Unidos. Na Europa também.

EUA FICAM PARA TRÁS

Enquanto isso, as exportações aos Estados Unidos não param de recuar, só US$ 15,7 bilhões no ano passado. Mas, argumentam em Brasília, foi porque eles entraram em recessão! Não. Mesmo assim, ele continuaram importando mais de US$ 1,5 trilhão por ano. Antes, eram quase US$ 2 trilhões.

Já ouço fantasmas no Itamaraty dizendo que isso é bom porque, afinal, "diversificamos" nossos mercados; somos, como eles dizem, "exportadores globais". Até pode ser, mas só de produtos primários, agrícolas, minerais, não de industrializados (aqueles do tal "valor agregado", que criam emprego). Quem importa esses produtos são os Estados Unidos. No ano passado, eles responderam por 60% das vendas brasileiras de manufaturados! Mas vem caindo. Em 2000, eram de 72%.

Ótimo, então exportamos para outros mercados. Não é bem assim. Insisto, dados oficiais confirmam que nos últimos anos exportamos mais commodities do que manufaturados.

BRASIL VOLTA AO PASSADO?

Esta é a dura realidade que a balança comercial de 2009 nos mostra, sem disfarce: em comércio exterior, o Brasil corre o risco de voltar ao passado, de se transformar em exportador de commodities. Antes, éramos grande exportadores de café. No ano passado, passamos a liderar as exportações de açúcar, nem sempre cristalizada.

As vendas de manufaturados vêm declinando; eram de 46,8% em 2008 e no ano passado, 43,7%. "Isso preocupa. O Brasil precisa recuperar rapidamente os mercados perdidos, principalmente de consumidores importantes, como os Estados Unidos e a América Latina", afirma Weber Barral, secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento.

E deveria preocupar ainda mais porque nosso principal parceiro comercial é a China, que compra 80% de matérias-primas. Belo parceiro esperto e aproveitador, que usando o protecionismo cambial atrelando-se ao dólar passa a dominar o nosso comércio exterior. É isso o que queremos?

"O Brasil se consolidou como exportador de commodities, afirma José Augusto de Castro. "Estamos ao sabor do vento. Se as cotações de agrícolas e matérias-primas caírem, o cenário de 2010 pode ser até de déficit."

Ele não diz, mas está subentendido que, ao contrário dos manufaturados, este é um mercado sensível às oscilações do crescimento mundial. Qualquer variação afeta a cotação do real. De acordo com os cálculos da associação, eles representam 70% de tudo o que o Brasil exporta. Sei que estou dramatizando, mas é essa a realidade que se projeta para os próximos anos. Estranho nisso tudo é que o governo já sabe o que fazer, mas não fez ainda. Um tema para as próximas colunas.

NAS ENTRELINHAS

Nosso febeapá particular

Alon Feuerwerker
Correio Braziliense - 07/01/2010

Qual é a maior dificuldade para implantar uma gestão supranacional da humanidade? Saber quem vai executá-la, quem vai tomar conta. O supranacionalismo é uma contradição em termos, pois precisaria ser imposto por alguém


Quando a crise mundial das finanças eclodiu, em setembro de 2008, alguns líderes políticos executaram a “fuga para a frente”. Viram uma bela oportunidade nas dificuldades econômicas trazidas pelo colapso do crédito. Ofereceram como soluções o aprofundamento do livre-comércio e uma regulação globalizada. Daí que Luiz Inácio Lula da Silva tenha sonhado com a reativação da Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio e também com o G20 na função de agência reguladora planetária do mercado financeiro.

Os movimentos do presidente trouxeram prestígio internacional a ele e ao Brasil, e despertaram esperanças. Mas, como era previsível, deram em nada. E houve um repeteco na Conferência do Clima, recém-concluída em Copenhague. Desejou-se uma governança mundial que impusesse a cada nação o comportamento mais adequado para conter a emissão dos gases responsáveis pelo efeito estufa. Esse supranacionalismo também não colou na reunião da Dinamarca, frustrando quem projetava, quase cem anos depois, um novo “assalto ao Palácio de Inverno”. Agora com o verde a substituir o vermelho de praxe.

Por que os desejos multilateralistas acabam dando em frustração neste quase fim de década do novo século? Toda frustração surge de uma expectativa. Um dos corolários do “fim da História”, tese produzida nas ruínas do socialismo na Europa do Leste, era a obsolescência da questão nacional. Duas décadas depois, o mundo assiste ao fenômeno inverso: nunca desde a Segunda Guerra Mundial a política global foi tão explicitamente determinada pela soma vetorial dos interesses da cada país.

Até por não haver mais “sistemas organizadores”. Não há um “campo socialista”, muito menos um “movimento dos países não alinhados”. A última tentativa de criar algo veio de George W. Bush, com sua política de “expansão da liberdade”, comandada pelos Estados Unidos. Morreu quando os americanos decidiram que a brincadeira estava ficando muito cara e cobrando um excessivo custo em vidas. E eles voltaram à “guerra contra o terrorismo”.

Qual é a maior dificuldade para implantar uma gestão supranacional da humanidade? Saber quem vai executá-la, quem vai tomar conta. Os chineses disseram em Copenhague que não aceitam imposição externa de metas de emissão de carbono, nem monitoramento internacional nos assuntos ambientais deles. Defenderam ali também os interesses de outros, inclusive o nosso. Houve quem não gostasse. E daí? Vão fazer o quê? Deixar de exportar para a China? Promover um boicote aos produtos chineses? Improvável. Simplesmente falta quem coloque o guizo no pescoço do gato. O supranacionalismo é uma contradição em termos, pois precisaria ser imposto por alguém.

Agora é o câmbio. Cresce a pressão para que os chineses desvalorizem a moeda e abram mais seu mercado à competição. Tampouco é provável que role. Numa sociedade com muitas centenas de milhões ainda fora do mercado, não haveria como manter a estabilidade política sem crescer e gerar empregos aceleradamente. E isso só se consegue com indústria, muita indústria. E ela não combina com livre-comércio, como sabemos nós desde a Colônia.

Pode estar na hora de o resto do mundo aceitar essa realidade, ajustando-se a ela. Por que nós também não cuidamos do que é nosso, da nossa indústria que patina 10% abaixo do nível de antes da crise, dos empregos necessários para absorver os jovens saídos da escola? O que nos falta para deixarmos de ser um país que festeja um PIB de 0% no ano, porque “poderia ter sido pior”? Aliás, se um marciano descesse hoje no Brasil e assistisse ao festival forçado de otimismo na publicidade, oficial e não, acreditaria que a China é aqui.

Qual é o drama (ou a tragédia) dos Estados Unidos? Depender de poupança alheia para manter seu padrão de vida e seu poderio. Nós nos ufanamos de finalmente termos deixado de ser imitadores dos americanos, mas talvez estejamos insistindo em imitá-los no que têm de pior. E com um discurso livre-cambista e globalizante para dar cobertura. E tudo embalado num belo papel de presente “anti-imperialista”. Um febeapá de arrancar lágrimas de emoção do velho Stanislaw, que Deus o tenha.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Atividade dos emergentes é a maior em 2 anos

FOLHA DE SÃO PAULO - 07/01/10


A atividade econômica dos países emergentes está em forte recuperação. A produção dos setores industrial e de serviços aumentou no último trimestre de 2009, de acordo com os dados do EMI (Índice de Mercados Emergentes, na sigla em inglês) do HSBC.
O índice subiu de 55,3 pontos no terceiro trimestre para 56,1 pontos no quarto trimestre -esse é o maior nível desde o final de 2007. O EMI mede o ritmo da atividade econômica dos setores industrial e de serviços em 14 países emergentes. Acima de 50 pontos indica que a economia está em expansão; abaixo, indica contração.
Entre os Brics (Brasil, Rússia, Índia e China), o melhor desempenho no quarto trimestre foi o da China, seguida por Índia e depois pelo Brasil.
Apesar de a China apresentar a maior expansão da atividade nos últimos três meses do ano passado, o ritmo de crescimento diminuiu em relação ao terceiro trimestre, diferentemente do que ocorreu com o Brasil.
O país apresentou uma aceleração maior no último trimestre do ano passado.
O nível de emprego na China, porém, atingiu recorde de alta, seguido de perto pelo Brasil, que se destacou pela velocidade de aumento no volume de novos pedidos das indústrias. Na Índia, a taxa de emprego cresceu modestamente equanto que na Rússia, caiu.
Os fatores de impulso na economia continuam, entretanto, a se deslocar para a Ásia.
O salto na produção no quarto trimestre do ano passado, impulsionado pelas exportações e pelo aumento da demanda, coloca as nações emergentes em posição de liderança na recuperação econômica global, segundo Stephen King, economista-chefe global do HSBC.
"Estamos observando as nações emergentes se tornando cada vez mais dependentes umas das outras", diz. Seus mercados deixam de depender tanto das economias de países desenvolvidos.
A contínua demanda da China tem sido importante para a recuperação global ao manter os preços em alta, o que reforça exportações de emergentes.

"Os dados mostram que as nações emergentes estão cada vez mais fortes e seus mercados estão propensos a liderar a recuperação global. Os fatores de impulso na economia continuam a se deslocar para a Ásia, e estamos observando as nações emergentes se tornando cada vez mais dependentes umas das outras"

A JATO
O Nexus One, o celular do Google que navega pela internet e concorre com o iPhone, da Apple, foi lançado há dois dias e, oficialmente, ainda não está à venda pelo site do Google no Brasil. Mas no Mercado Livre, site que abriga vendedores on-line, já existem cinco ofertas em leilão. O preço: R$ 2.000. Dependendo do vendedor, a entrega ocorre entre 9 e 21 dias após o pagamento.

DE OLHO NAS AÇÕES
Consumo e infraestrutura são apontados como destaques para a Bovespa neste ano. Pedro Gaudi, da SLW Corretora, aposta nas ações de empresas de alimentos, bebidas, commodities, construção, mineração e siderurgia. Para Ricardo Martins, da Planner, o foco também deve ser nos papéis de empresas ligadas a portos, rodovias e aviação comercial.

ARMÍNIO FRAGA
Ex-presidente do Banco Central, hoje sócio da Gávea Investimentos; o livro do jornalista da "New Yorker" Ken Auletta fala sobre o trabalho dos executivos-chefes do Google

SEGURO IMOBILIÁRIO

Um seguro contra problemas preexistentes nas matrículas de imóveis, que podem dar muita dor de cabeça a compradores. Este é um dos produtos que serão lançados no mercado brasileiro ainda no primeiro trimestre deste ano pela empresa norte-americana Fidelity National Financial. "No Brasil há muitos casos de imóveis com matrículas falsas ou outros tipos de pendências ou dívidas, o que representa riscos para quem compra", diz Renato Mandaliti, sócio do escritório Mandaliti Advogados, que auxiliou a Fidelity no desenvolvimento dos produtos no Brasil, em parceria com uma seguradora nacional, cujo nome o advogado ainda não divulga.
A companhia vai lançar outro produto que oferece garantia à carteira de empréstimos imobiliários, destinado a instituições financeiras. "Isso pode diminuir o custo do empréstimo no país, pois proporciona uma redução do risco envolvido", afirma. A Fidelity possui 45% de participação de mercado nos Estados Unidos.

com JOANA CUNHA, ALESSANDRA KIANEK e JULIO WIZIACK

ROLF KUNTZ

Uma recessão diferente

O Estado de S. Paulo - 07/01/2010


Há um ano o Brasil atravessava o ponto mais fundo da recessão, a mais intensa desde o começo dos anos 80 e, ao mesmo tempo, a menos custosa socialmente. Durou apenas seis meses, mas em cada trimestre o Produto Interno Bruto (PIB) encolheu em média 1,9%, bem mais que em qualquer das sete recessões anteriores, segundo o Comitê de Datação de Ciclos Econômicos da Fundação Getúlio Vargas. O produto industrial diminuiu 12,2% no período e houve desemprego, mas a reativação logo começou. O consumo se manteve razoável. Em cada mês o volume de vendas do varejo superou o de um ano antes, de acordo com o IBGE. O aperto de cinto foi suave e o empobrecimento foi limitado. Não foi a marolinha prevista pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva nem um tsunami devastador. Foi uma experiência nova para o País e é importante saber por que a crise de 2008-2009 foi diferente das anteriores.

A diferença mais notável foi a situação das contas externas. Pela primeira vez o Brasil entrou numa recessão com reservas maiores que a dívida total, isto é, como credor líquido. Sobrou munição para o Banco Central ajudar as empresas na fase de maior escassez de crédito externo. A relativa solidez do balanço de pagamentos limitou a especulação cambial. O dólar subiu no início da crise, mas o movimento logo se inverteu. O estoque de reservas, US$ 207,5 bilhões em setembro, caiu até US$ 199,4 bilhões em fevereiro de 2009, mas em junho chegou a US$ 208,8 bilhões.

A valorização do câmbio ajudou a conter os preços. Em recessões anteriores, a especulação com o dólar havia criado pressões inflacionárias e imposto restrições à política monetária. Desta vez a evolução cambial teve um efeito favorável aos consumidores.

As contas públicas, embora mais vulneráveis que no ano anterior, ainda permitiram ao governo a concessão de estímulos fiscais a alguns setores. Isso contribuiu para sustentar as vendas de automóveis e, depois, de eletrodomésticos e de material de construção. Houve desemprego no setor automobilístico, mas o efeito da crise teria sido presumivelmente mais severo sem os cortes de impostos. Em recessões anteriores, incluída a de 2003, a situação fiscal era mais apertada e as pressões inflacionárias derivadas do câmbio haviam forçado a alta de juros. Desta vez, a inflação moderada permitiu a preservação dos ganhos salariais acumulados até o início da crise.

Todas essas condições favoráveis foram produzidas por um longo trabalho de arrumação econômica. Já na crise de 1999, resultante de um forte desajuste cambial, as pressões inflacionárias foram contidas com rapidez. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) aumentou 8,94%, bem longe do resultado catastrófico previsto em janeiro por muitos economistas e empresários.

Naquele ano foi inaugurado o regime de metas de inflação, mas isso não teria funcionado se não se houvessem restabelecido as condições de execução da política monetária. A disciplina fiscal imposta aos Estados, a partir da renegociação de suas dívidas, foi parte essencial dessa transformação. Esses fatores possibilitaram em 2003 a rápida superação dos problemas surgidos durante a campanha eleitoral do ano anterior.

Em nenhuma recessão desde o começo dos anos 90 houve problemas sérios de alimentação. Muitas pessoas podem dar pouca importância a esse ponto, hoje, mas não quem se lembra da recessão de 1981 a 1983.

A fome foi a marca mais terrível daquele período, não só por causa do desemprego, mas também das condições precárias de abastecimento. As primeiras medidas para modernização da agropecuária brasileira haviam sido tomadas nos anos 70, mas os efeitos ainda não haviam aparecido.

Erros graves ainda seriam cometidos pelos governos, como o ridículo congelamento do preço da carne na entressafra de 1986, durante o Plano Cruzado. Mesmo besteiras desse calibre, no entanto, foram insuficientes para deter a transformação. Em 1981 a alimentação pesava 37,7% na formação do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe-USP. Em 1990 essa participação foi revista para 30,8%. Em 1998, para 22,7%. Essa mudança é explicável principalmente pelos enormes ganhos de produtividade da agropecuária brasileira. A comida no Brasil tornou-se uma das mais baratas. Desde o fim dos anos 80 esse fator tem atenuado o custo social das recessões. Isso teria sido impossível sem muita pesquisa, muito capital investido e muita preocupação com a competitividade.

*
Rolf Kuntz é jornalista

MICHAEL KEPP

Um refém binacional

FOLHA DE SÃO PAULO - 07/01/10


[...] O EPISÓDIO [SOBRE A DISPUTA DA GUARDA DE SEAN GOLDMAN] REFLETIU O NACIONALISMO BRASILEIRO EM SUA PIOR FORMA
O caso de Sean Goldman, garoto de nove anos que foi alvo de disputa judicial, já em 2004, após sua mãe brasileira tê-lo trazido para viver no Brasil sem autorização do pai americano, demonstra os valores diferentes que as duas culturas atribuem à lei.
Todos os americanos com quem conversei a respeito do fato o consideravam um caso de sequestro, flagrante violação da Convenção de Haia, da qual tanto o Brasil quanto os EUA são signatários. A mídia americana tomou a mesma posição.
Já muitos dos brasileiros com quem conversei sobre o mesmo assunto, assim como a mídia brasileira, o entendiam como uma disputa de guarda de filho, a ser decidida com base em critérios socioafetivos, ou seja, considerando aquilo que fosse melhor para Sean. Para eles, o fato de a mãe ter violado uma lei internacional ao trazê-lo para o Brasil era secundário, se não irrelevante.
Por que essa diferença? Muitos brasileiros acreditam que a lei deva ter flexibilidade para se adaptar às situações, o chamado "jeitinho". Muitos não a respeitam porque os poderosos do país são imunes a ela. Essa falta de respeito é demonstrada em ditados como "a lei, ora a lei" e "para meus amigos, tudo; para meus inimigos, a lei".
Os americanos respeitam mais a lei porque os poderosos dos EUA não estão imunes a ela. Também sentem que os precedentes estabelecidos pelas leis desencorajam a futura desobediência a elas. Quando o presidente do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, concedeu a guarda de Sean ao pai, os americanos que conheço sentiram que a decisão reduziria os sequestros de filhos de casais formados por um cônjuge brasileiro e um americano.
Muitos brasileiros sentem que, já que Sean estava adaptado à vida no Brasil, deveria ser permitido que ele ficasse no país, mesmo depois da morte da mãe, em 2008. Mas, se a Justiça brasileira não tivesse demorado tanto a solucionar o caso, a adaptação não teria adquirido importância.
O sistema judiciário continuou lento depois da morte da mãe do garoto. Duvido que, sem isso, a Justiça brasileira, que quase sempre favorece a mãe em casos de guarda, tivesse entregado ao pai a custódia.
Por fim, o episódio refletiu o nacionalismo brasileiro em sua pior forma. O ufanismo era demonstrado não só em faixas exibidas durante uma passeata no Rio que afirmavam que "Sean é brasileiro" como também na camisa da seleção brasileira de futebol que o menino usava quando seu padrasto o entregou às autoridades.
Se havia incerteza quanto a julgar o caso como uma questão de guarda ou de sequestro, ele decerto não era uma questão de nacionalidade. O episódio envolvia um refém binacional de um sistema de Justiça moroso que o fez sofrer por tempo demais a agonia de não saber que país seria seu lar. E, independentemente da leitura feita do caso, nossa solidariedade deveria estar com o garoto.

MICHAEL KEPP , jornalista norte-americano radicado há 27 anos no Brasil, é autor do livro de crônicas "Sonhando com Sotaque - Confissões e Desabafos de um Gringo Brasileiro" (ed. Record)
Tradução de PAULO MIGLIACCI

CLÓVIS ROSSI

O foguete Brasil caiu em Angra

FOLHA DE SÃO PAULO - 07/01/10



SÃO PAULO - O foguete Brasil de recente capa da "Economist" acabou caindo em Angra dos Reis, para citar apenas a cidade mais explorada pela televisão nas enchentes do verão que mal começou.
Ficou evidente, se ainda fosse preciso, que o Brasil é um país colossalmente subdesenvolvido, vítima do que Janio de Freitas, na terça-feira, chamou de "urbanismo criminoso, que tantos administradores públicos têm praticado por tão longo tempo, com a permissão para o crescimento de favelas (formas de degradação da vida urbana) e para a especulação imobiliária (como degradação também da natureza)".
Vai ser difícil encontrar outra descrição tão apta do subdesenvolvimento em tão poucas linhas. Certamente não será encontrada na "Economist", que está preocupada com a emergência do mercado brasileiro, não do país.
Subdesenvolvimento não é obra de apenas um governo ou de apenas alguns anos. E o "urbanismo criminoso" descrito por Janio de Freitas é só uma de suas características centrais. Permanece o descuido, também criminoso, com educação, saúde e segurança pública, para ficar em apenas três das chagas abertas na pele do país.
Como permanece intocada a obscena desigualdade social, ainda que alguns acadêmicos, o jornalismo chapa-branca ou descuidado e a propaganda governamental façam circular a lenda de sua queda.
Ah, por falar em desigualdade, alguém aí prestou atenção na cor das vítimas das inundações? A esmagadora maioria era formada por pretos, pardos, cafuzos, não-brancos, salvo no Rio Grande do Sul. Exceto alguns turistas que estavam no lugar errado na hora errada e, por isso mesmo, viraram notícia. Preto e pobre vítima da combinação do subdesenvolvimento com excessos da natureza é rotina. É aquele imenso pedaço do Brasil que nunca emerge, mas vira e mexe submerge.

MÍRIAM LEITÃO

Sinal de cautela

O GLOBO - 07/01/10


A produção industrial trouxe uma notícia ruim e algumas boas. Caiu a produção de novembro em relação a outubro em 0,2%, quando todo o mercado previa alta de 1%. Mas o que caiu foi o setor de bens de consumo e o que cresceu foi o setor de bens de capital, mostrando um consumo menos aquecido e um investimento maior em ampliação da capacidade.

É o país se preparando para crescer.

Ninguém esperava queda da produção industrial em novembro, principalmente porque mesmo num contexto de crise o indicador cresceu nos dez meses anteriores a novembro, nessa comparação com o mês anterior.

Mas todo mundo esperava que na comparação com o mesmo mês do ano anterior fosse haver alta. E houve mesmo, de 5,1%. Em novembro de 2008 a economia se desfazia atingida de frente pelo colapso do crédito que houve no mundo inteiro após a quebra do Lehman Brothers. Portanto, a alta é até natural porque está sendo comparada com um dado baixo. É mais fácil subir quando a comparação é com uma base fraca, mas é fato para comemorar que, depois de doze meses de queda nessa comparação anual, novembro tenha dado um número positivo.

A queda de novembro na comparação com outubro é considerada uma acomodação pelo economista da Coordenação de Indústria do IBGE, André Macedo.

Caiu puxado por bens de consumo duráveis, que haviam subido forte nos últimos meses, e que só em outubro tiveram alta de 6,3%. A produção de veículos automotores foi um dos fatores de queda. Caiu 2,2% em novembro, mas havia crescido 107,6% nos dez meses anteriores.

— Depois de tantas altas é normal que aconteça uma acomodação. O crescimento foi muito forte e em algum momento o empresário espera para ver o que vai acontecer — explicou.

Por outro lado, houve uma forte aceleração dos bens de capital nos últimos meses: 5,1% em setembro, 4,8% em outubro e 6,1% agora em novembro. Isso mostra investimento em aumento de capacidade, ainda que a produção de máquinas e equipamentos esteja 11,4% menor do que em setembro de 2008, um pouco antes de tudo despencar.

Ninguém olhou esse dado de novembro como sinal de que está havendo uma reversão na tendência de crescimento. Todos sabem que o PIB vai subir em 2010, que haverá maior atividade econômica, maior produção.

Um dos medos é o de essa retomada levar a um aumento da inflação. Por isso, a queda da produção na área de bens de consumo duráveis foi lida como um sinal de que a economia não está indo para um nível de aquecimento que pressione a inflação nos primeiros meses.

Como, além disso, o que está subindo é a produção de máquinas e equipamentos, a conclusão é que haverá mais capacidade instalada para atender ao aumento da demanda esperado para este ano. Os analistas concluíram, então, que estavam exageradas as previsões de que os juros poderiam subir no começo do ano para deter a inflação. E por isso os juros futuros caíram ontem.

Esses números assim meio negativos, meio positivos da produção industrial são um retrato de uma economia que sai de um período muito ruim para a recuperação.

A queda que está ficando para trás não foi um passeio, lembra o economista Regis Bonelli, pesquisador sênior do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Ele lembra que o PIB brasileiro crescia a 6% antes da crise e que os dados vão mostrar que 2009 terminou com crescimento zero. Isso significa que o Brasil deixou de adicionar algo como R$ 180 bilhões ao seu PIB. Esse é o tamanho da queda.

— É uma parte do custo da marolinha — diz Regis.

Com os indicadores do final do ano sendo divulgados já é possível fazer uma análise mais completa do que aconteceu com o país no período de crise. A indústria sem dúvida foi o setor mais atingido. Olhando para o mercado de trabalho, o que se vê foi uma mudança de tendência: — A expectativa que se tinha para 2009 era por uma continuação de melhora no mercado de trabalho, como houve em 2008. Mas isso não aconteceu. Embora não dê para dizer que foi um ano ruim, ele não melhorou em relação ao ano anterior. Parou de melhorar — explicou Cimar Azeredo, gerente da Pesquisa Mensal de Emprego, do IBGE.

Os números mostram isso.

De 2007 para 2008 a taxa de desocupação no país caiu 1,4 ponto percentual, de 9,3% para 7,9%. O IBGE só tem os dados de 2009 até novembro, mas se acontecer nesse ano o mesmo que aconteceu em dezembro de 2008, a taxa de desocupação fechará em 8,1%. Ou seja, em vez de melhorar, vai piorar 0,2 ponto percentual.

Em 2010, é natural que haja uma melhora no mercado de trabalho, ainda que no começo do ano sazonalmente o índice de desemprego piore. Há ainda o risco de que o otimismo eleve mais o desemprego. Como o que se mede é o percentual de pessoas procurando trabalho que não encontram, a esperança de retomada do crescimento pode levar mais pessoas de volta ao mercado. Isso já aconteceu em outros momentos de crescimento. Quem estava desanimado e nem procurava emprego estava fora da estatística. Aí, a pessoa se anima com as boas novas e volta a procurar emprego, e assim entra na estatística.

Bonelli acha que a economia brasileira vai crescer 5,6% este ano e que 2,2% será efeito estatístico da comparação com um ano muito fraco.

Mas ele acha que, apesar de crescer, o país continua com vários problemas. Ele define como “pouco justificados” os movimentos excessivamente otimistas da Bolsa de Valores. Por isso, vê o dado da produção industrial como um sinal de que se deve ter cautela. Em momento de transição, cautela é um bom conselho.

PAINEL DA FOLHA

Esforço concentrado

SÍLVIO NAVARRO(interino)

FOLHA DE SÃO PAULO - 07/01/10


Na reta final do ano, enquanto negociava a aprovação do Orçamento, o governo destinou R$ 245 mi em emendas individuais para deputados e senadores da dupla PT-PMDB. Esse montante representa quase 40% de tudo o que foi "empenhado" (compromisso de pagamento) no mês de dezembro para todos os partidos, segundo dados do Siafi (sistema de acompanhamento dos gastos da União).
A bancada do PMDB fechou o ano com 80% dos pleitos contemplados, e a do PT com 70%. Na oposição, "demos" e tucanos tiveram percentual de 55%. As emendas individuais, conhecidas como "carimbadas", são as preferidas dos parlamentares porque atendem pequenas obras em suas bases eleitorais.


Cofre. No ranking governista, o campeão foi Ciro Gomes (PSB-CE), com R$ 10 mi, único a obter o teto possível para emendas individuais.

Telhado. A Câmara vai gastar R$ 45,9 mi na reforma de 144 apartamentos funcionais. As obras deveriam ter começado no ano passado, mas houve problemas com as duas empresas vencedoras da licitação: uma quebrou e outra cancelou o contrato.

Esquadrilha. O governo se articula para tentar evitar desgaste com a convocação de ministros e do Comando da Aeronáutica em comissões no Congresso, na volta do recesso, para tratar da compra dos caças. Os petistas Ricardo Berzoini (SP) e José Genoino (SP) formam a linha de frente.

Na mesa. Em meio à polêmica aérea, o rei da Suécia, Carl Gustaf, será recebido por Lula no dia 24 de março, a convite do Itamaraty. Os suecos são fabricantes do Gripen NG, modelo favorito no relatório da Aeronáutica.

Merenda. Lula atrasou a partida da Bahia para Guarujá, ontem, para que desse tempo de embarcar uma caixa de acarajés enviada pelo governador Jaques Wagner.

Calendário. O presidente, aliás, desistiu da viagem a Guaribas (PI), cidade-piloto do Fome Zero, marcada para a próxima quinta-feira. O staff do Planalto argumentou dificuldade de acesso à região.

Laços 1. Desdobramentos das investigações da Polícia Federal sobre os contratos de empresas de informática no Arrudagate esbarraram no nome de Valério Neves, braço direito do ex-governador Joaquim Roriz (PSC) e por ele instalado na presidência do PSC do Distrito Federal.

Laços 2. Neves foi chefe de gabinete de Roriz e antecessor de Durval Barbosa, o homem-bomba do mensalão candango, na Secretaria de Relações Institucionais. Também é ligado ao deputado distrital Rubens César Brunelli (PSC), que aparece nos vídeos da "oração da propina".

Boquinha. Inaldo Leitão (PSB), que chefiava a representação da Paraíba em Brasília na gestão de Cássio Cunha Lima (PSDB), foi nomeado assessor do Ministério de Relações Institucionais, chefiado por Alexandre Padilha.

Abastecimento 1. O ministro Reinhold Stephanes (Agricultura) defendeu na reunião com Edison Lobão (Minas e Energia) e Nelson Machado (interino da Fazenda) que o atraso na colheita da cana em razão das chuvas, que força a alta no preço do álcool, acabará tendo efeito positivo na safra anual. "É um problema de 90 a 120 dias."

Abastecimento 2. A saída será reduzir o etanol na mistura com a gasolina e pressionar usineiros para antecipar a moagem da cana.

Caravana. O governador Roberto Requião (PMDB-PR) inicia no dia 16 um tour defendendo sua candidatura à Presidência. Vai a Tramandaí (RS) acompanhado do senador Pedro Simon e do prefeito de Porto Alegre, José Fogaça.
com LETÍCIA SANDER e MALU DELGADO

Tiroteio

Ganhar R$ 70 milhões na Mega-Sena é muita sorte. Já o mensalão do DEM é puro azar daqueles que apostaram no Arruda.
Do deputado RODRIGO ROLLEMBERG, líder do PSB, sobre a afirmação do governador José Roberto Arruda (sem partido) de que ele é "culpado até da Mega-Sena", ao reclamar ser vítima de campanha difamatória.

Contraponto

Cara feia


O governador José Serra (PSDB) participava da assinatura de um convênio para incentivar a ida dos alunos da rede estadual às atividades culturais do Sesc. Os organizadores exibiram um vídeo para uma plateia repleta de crianças, cujo tema eram personagens do folclore brasileiro. Na sequência, o tucano foi ao microfone. Começou citando o secretário Paulo Renato (Educação), até que notou a presença do titular da pasta de Administração Penitenciária, Lourival Gomes, de semblante fechado.
Serra não perdeu a piada:
-Só não entendi o que o Lourival veio fazer aqui. Acho que foi só para assustar as crianças...

ROBERTO MACEDO

O Estado hipopótamo

O ESTADO DE SÃO PAULO - 07/01/10


Falando no dia 21 de dezembro numa reunião com empresários, o presidente Lula voltou a argumentar em defesa da alta carga tributária brasileira, que ele e outros membros de seu governo entendem como necessária à manutenção de um Estado forte. Insistiu em deixar claro que não se deve imaginar o País com uma carga tributária fraca.

Referindo-se a essa manifestação, um editorial deste jornal, do dia 25 do mesmo mês, ponderou que nosso presidente confunde Estado forte com a condição de gordo e pesado. Lembrando um ditado popular, tamanho não é documento, e isso vale também para avaliar a natureza do Estado. Esta envolve, entre outros aspectos, os serviços que presta e o uso que faz dos recursos de que dispõe.

Quanto a isso, o Estado brasileiro sai-se mal, pois de um modo geral está longe de ser eficaz na prestação de serviços. Tampouco é eficiente no uso dos muitos recursos que mobiliza com sua enorme carga tributária. Essa ineficiência é mais forte na esfera federal, já que conta com mais recursos tributários e não está sujeita às mesmas restrições de endividamento nem a dispositivos da Lei de Responsabilidade Fiscal que limitam a margem para gastança nas unidades da Federação e nos municípios.

Nessa linha, particularmente nessa dimensão federal, o Estado brasileiro costuma ser comparado a um elefante, dadas as suas proporções paquidérmicas. Essa comparação, contudo, não é adequada. O elefante é um animal dos mais nobres, podendo ser domesticado para prestar serviços como o transporte de pessoas e de mercadorias. E é obediente ao seu dono ou guia, o que não acontece com o Estado brasileiro, que muitas vezes não se põe a serviço do povo, mas o vê a seu serviço. Assim, a comparação é uma ofensa ao elefante.

Mais adequado é comparar o nosso Estado a um hipopótamo, um animal que esbanja gordura por todos os lados, além de não domesticável. Tipicamente, passa a maior parte do dia na água ou num lamaçal, saindo para pastar à noite. Aliás, esse lamaçal em torno dos hipopótamos também lembra características do Estado brasileiro, tais como as que vieram à tona em 2009 em Brasília, no Senado e no governo do Distrito Federal.

E mais: com sua enorme boca, que escancara a ponto de tapar-lhe a visão, o hipopótamo está em sintonia com o apetite voraz que o Estado brasileiro tem por tributos, o que levou à enorme carga tributária brasileira, ímpar se comparada à de países em estágio de desenvolvimento equivalente e mesmo à de outros já desenvolvidos.

Acrescente-se que, como selvagem e não administrável, o hipopótamo não é marcado pela responsabilidade ao transformar seus recursos em energia, e tampouco ao dispor dos resíduos de seu processo alimentar. Segundo a Wikipédia, executa esta última atividade girando a cauda para espalhá-los na maior área possível, com o objetivo de marcar território.

A dificuldade de os donos - em tese, o povo, no caso do Estado - lidarem com hipopótamos ficou evidente num episódio do qual soube pela mesma fonte. No final dos anos 1980, Pablo Escobar, o mais famoso traficante de drogas colombiano, morto em 1993, resolveu colocar quatro hipopótamos numa fazenda sua após comprá-los nos EUA. Depois que Escobar se foi, esses animais foram deixados nessa propriedade, dada a dificuldade de agarrá-los e movê-los. Acabaram se multiplicando por quatro e passaram a se banhar num rio próximo. No ano passado, três deles escaparam, atacaram pessoas e mataram gado. Um foi morto por caçadores autorizados pelas autoridades locais e parece que o grupo desses animais permanece como um inconveniente problema a resolver.

Assim, como o Estado brasileiro, os hipopótamos são difíceis de lidar e, deixados por conta própria, causam problemas complicados. Em particular, nosso Estado já evidencia estar tomado por maus instintos, em particular os da sua burocracia e os dos políticos, que colocam seus interesses acima dos interesses do povo a que deveriam servir.

A burocracia tem o seu próprio poder. Combinada com a irresponsabilidade dos políticos, e novamente com destaque na área federal, conseguiu impor à sociedade condições privilegiadas de previdência social e de remuneração, neste último caso contando com a complacência da gestão federal atual. A ineficiência revela-se claramente em setores como saúde, segurança e educação, e na baixa taxa de poupança e de investimento, em que pese a enorme carga tributária. Mesmo após o governo Lula acordar, ainda que sonolento, para a necessidade de ampliar investimentos, seu Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), enfrenta enormes dificuldades para avançar e cumprir seus objetivos e metas.

Voltando à comparação com animais, em lugar de mirar-se cada vez mais no hipopótamo, o governo Lula deveria inspirar-se em características de outro bicho, realmente mais adequadas e usadas até mesmo em modelos de gestão. Trata-se do cheetah ou guepardo, que lembra uma mistura de gato com leopardo. Pertence ao grupo dos grandes felinos. Saradão, é conhecido pela sua agilidade e rapidez, sendo considerado o animal terrestre que alcança maior velocidade. Em arrancadas de curta duração pode alcançar 110 km/h e acelerar de zero a 100 km/h em 3,5 segundos. Por isso mesmo inspirou uma metodologia administrativa conhecida como Cheetah Learning, desenvolvida por um instituto dos EUA e que leva a uma certificação em gestão de projetos.

Faço essa sugestão, mas sem ignorar seu risco, o de levar a uma inspiração limitada apenas ao lado gato do guepardo, mantidas as gorduras do hipopótamo e o projeto estatal de grandeza, moldando assim uma gorda gataria.

Roberto Macedo, economista (UFMG, USP e Harvard), professor associado à Faap, é vice-presidente da Associação Comercial de São Paulo

ELIANE CANTANHÊDE

Ranking or not ranking?

FOLHA DE SÃO PAULO - 07/01/10



BRASÍLIA - O ministro Nelson Jobim avisa que a Aeronáutica NÃO FARÁ um ranking dos três caças supersônicos finalistas para renovar a sua frota, apenas analisará critérios individualmente e jogará a maçaroca para Lula decidir.
O problema é que a Aeronáutica JÁ FEZ um ranking, com seus especialistas, ouvindo empresas interessadas (Embraer à frente), consumindo quase um ano e 30 mil páginas: o sueco Gripen NG ficou em primeiro; o F-18, dos EUA, em segundo; o francês Rafale, em último.
E agora, José?
Um representante dos EUA ou da França (não conto) usou uma provocação parecida com a do ministro francês Hervé Morin contra o Gripen NG: "O Brasil prefere um Mercedes ou um fusquinha?". A resposta parece óbvia, mas não é.
Um país rico, belicoso, que invade o Paquistão e o Afeganistão sem cerimônia, certamente prefere o Mercedes. Mas, no Brasil, bonachão e de Orçamento apertado, é um luxo caro e sem sentido.
Talvez o mais adequado, como a FAB diz, seja um fusquinha mesmo: um avião menor, mais leve, pela metade do preço, custo de manutenção mais baixo e capaz de cumprir bem a função de vigilância e eventual ataque. Além de trazer tecnologia mais diretamente, com ramificação para a indústria privada e boas chances de negócios.
Assim: os engenheiros e técnicos brasileiros participam do projeto já a partir do desenho e na implementação, aprendem tudo sobre componentes e integração de sistemas e se tornam aptos à fabricação nacional, podendo transformar o país em plataforma de vendas para África e América Latina.
E o fator preço não é irrelevante.
O governo Lula acaba em um ano, mas a dívida fica, assim como o custo de manutenção por 30 anos -vida útil de um brinquedinho assim.
Quem paga? A FAB. Que, por tudo isso, conclui que um fusca zero, de última geração, está de bom tamanho para um país como o Brasil.

MERVAL PEREIRA

Os sem-palanque

O GLOBO - 07/01/10


Uma reunião da cúpula do DEM com o ex-governador Garotinho, candidato ao governo do Rio pelo PR, agitou o empobrecido cenário político do estado, onde dois dos três principais candidatos à Presidência da República, nas eleições de outubro, não conseguem montar palanques competitivos e se anulam na tentativa de organizar suas bases políticas contra a força do governador Sérgio Cabral, favorito à reeleição e principal apoio da candidata oficial Dilma Rousseff

As críticas ao governador do Rio, por ter demorado a aparecer no local das enchentes em Angra dos Reis, estão sendo atribuídas mais à sua importância estratégica para a candidata oficial à Presidência do que a uma real indignação com o que seria uma atitude displicente do governador, embora seja até o momento inexplicável sua ausência.

De fato, sendo o Rio o terceiro colégio eleitoral do país, é importante para o governo que Dilma tenha aqui uma vitória expressiva, para compensar, pelo menos em parte, uma previsível derrotanos dois outros maiores colégios eleitorais, São Paulo e Minas Gerais.

A candidatura da senadora Marina Silva pelo PV à sucessão de Lula, tirou do tucano José Serra a melhor opção que teria para seu palanque no Rio, o deputado federal Fernando Gabeira.

Ao mesmo tempo, o PV não ganhou esse candidato forte, pois seu tempo de televisão na propaganda eleitoral é tão pequeno que inviabiliza de cara uma vitória, ainda mais contra o governador do PMDB, que tem, ao contrário, tempo de sobra.

É por essa razão que Gabeira tende a se candidatar a deputado federal, já que também para o Senado o tempo dele seria mínimo, o que dificultaria uma possibilidade de vitória em uma disputa que será difícil.

A reunião do DEM com Garotinho não teve consequências políticas maiores porque, por ser candidato ao governo do Rio pelo PR, o ex-governador está impedido liminarmente de apoiar outro candidato a presidente que não seja Dilma Rousseff.

Garotinho chegou a aventar a hipótese de dar a vice para o PSDB, o que aguçou o apetite da vereadora Lucinha, uma das possibilidades citadas.

As nuvens no momento indicam que tanto o PSDB quanto o PV do Rio darão palanques estaduais a seus candidatos a presidente com vereadores candidatos ao governo, que continuam com mandato caso percam a eleição.

Pelo PV, o mais cotado no momento é Alfredo Sirkis e pela coligação DEMPSDBPPS, o vereador Stepan Nercessian. Seria uma solução claramente capenga, que não garantiria palanques fortes para seus candidatos a presidente, permitindo que Dilma Rousseff tenha chance de a brir boa vantagem com uma coligação ampla no estado, capitaneada pelo PMDB.

Mais que para o PV, é crucial para o PSDB nacional tentar fortalecer o palanque do Rio, e, por isso, enquanto os tucanos continuam sonhando com a candidatura de Gabeira, o DEM insiste na candidatura do ex-prefeito Cesar Maia ao governo.

Depois de se reunir com Garotinho, o presidente do DEM, Rodrigo Maia, teve ontem um e ncontro com o presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra, onde a situação do Rio foi discutida. Foi reafirmada a coligação do DEM com o PSDB, mas a reação contrária da ala tucana do Rio a essa possibilidade é grande, tanto quanto a um eventual arranjo com o ex-governador Garotinho.

O PSDB do Rio foi oposição a Cesar Maia na prefeitura e não aceita apoiálo para governador agora.

No entanto, ele parece ser a alternativa mais consistente, atrás de Sérgio Cabral e Garotinho. O ex-prefeito aparece como o segundo mais votado para senador no Rio, atrás do bispo Crivela, e o seu partido alega que ele é o candidato da oposição que tem maior potencial de crescimento para o governo do estado caso Gabeira não se candidate mesmo ao cargo.

A alegação dos vereadores tucanos é que Cesar Maia como candidato ao governo prejudicaria mais do que ajudaria a candidatura de Serra. O mesmo alegase em relação ao ex-governador Garotinho.

Na eleição presidencial de 2006, o candidato tucano Geraldo Alckmin chegou ao segundo turno com uma votação acima das expectativas, e a primeira providência foi aparecer em fotos com o casal Garotinho.

Atribui-se à repercussão desse lance a péssima performance de Alckmin no segundo turno, quando ele teve dois milhões de votos a menos que no primeiro turno.

No Rio, o candidato tucano teve os mesmos níveis de voto do primeiro turno (2.406 milhões) enquanto Lula teve mais que o dobro (5.523 milhões).

Em 2002, Garotinho chegou a ganhar de Lula no primeiro turno no Rio (3.449 milhões a 3. 284 milhões), mas o petista, com seu apoio, praticamente dobrou sua votação no segundo turno, livrando quase cinco milhões de votos contra Serra no Rio.

Ainda existe a possibilidade, cada vez mais remota, mas ainda viva pela falta de alternativa, de Gabeira vir a ser candidato a governador com uma coligação regional forte que reuniria PSDB-DEM-PPS e PV e, a nível nacional, frequentar o palanque dos dois candidatos a presidente.

Se a coligação regional lhe daria espaço suficiente na propaganda do rádio e televisão para estabelecer uma disputa real com o governador Sérgio Cabral e o ex-governador Garotinho, a confusa situação de apoiar dois candidatos a presidente ao mesmo tempo não anima ninguém, especialmente ele.

Mas é a melhor solução para o candidato Serra no Rio, e por isso continuará a ser tentada.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

A verdade vai ao plenário

O ESTADO DE SÃO PAULO - 07/01/10


A oposição decidiu levar ao Congresso a polêmica sobre a Comissão da Verdade, que o pessoal ligado aos direitos humanos pretende criar. Vai convocar Nelson Jobim, Paulo Vanucchi e Tarso Genro.
Raul Jungmann está convidando os três para audiências públicas na Câmara. Além disso, planeja encaminhar pedidos de explicação a Dilma e a Lula.
No governo, já tem gente fazendo outra conta: como Lula estava envolvido com Copenhague e Dilma com a campanha, a briga vai sobrar para a secretária-executiva Erenice Guerra.,

Sacode a poeira

Ronaldo Marzagão está de volta à advocacia. Nove meses depois de deixar a Secretaria de Segurança, vai representar a Associação dos Familiares e Amigos das Vítimas da TAM.


Pra lá do Norte

Para quem acha que o pessoal do Suriname não gosta de brasileiros: um dos hits no rádio, em Paramaribo, é uma versão eletrônica de Tic, Tic, Tac (Bate Forte o Tambor), do Carrapicho. Sucesso por aqui nos anos 90.

Depois da chuva

O pessoal dos Transportes comemorava, ontem cedo, a rápida reabertura da ponte do km 43 da Osvaldo Cruz.
E o DER e a Polícia Rodoviária respondem às queixas de quem usou a rodovia no feriado: havia policiamento em todas as saídas.

Tudo passa

Agradável surpresa para Luiza Erundina: na lista dos políticos que a ajudaram a pagar a multa por propaganda ilegal, o ex-inimigo Campos Machado.

Tanque vazio

Nas contas de Maurilio Biagi Filho, da Única, é otimismo achar que no fim de março o litro de álcool estará custando R$ 2.
"Os postos forçarão mais do que isso", aposta, avisando que o preço não baixa antes de meados de abril.

De helicóptero

Seis dias depois da tragédia que deixou 52 mortos em Angra dos Reis, Benedita da Silva apareceu ontem de manhã na cidade.
A secretaria de Direitos Humanos do Rio desceu de helicóptero às 10h30, visitou o morro da Carioca, comprou CDs no shopping Piratas e voltou ao Rio às 14 horas.

No estaleiro

Mário Bortolotto, baleado no início de dezembro, não volta tão cedo à boemia.
Sob efeito de muitos remédios, diverte-se escrevendo seu blog. E promete: vai trocar o uísque pela cerveja.

Ilustre visita

Sua Beatitude Gregorios III Laham, o patriarca dos melkitas, desembarca em São Paulo dia 10 de agosto.
Nessa religião greco-bizantino, ele equivale ao papa.

Na frente

Adriana Esteves está para Dalva de Oliveira assim como a cantora está para Branca de Neve. É dela a voz da princesa do clássico de Walt Disney, de 1938.

Na falta de um twitter oficial de Chico Buarque, Rafael Payão e Cesar Paz criaram o Chicólotras, em que postam versos do compositor. O perfil tem 43.236 seguidores.

De mala, cuia e violão, Ana Carolina acaba de desembarcar para temporada de reflexão no Spa Sete Voltas.

Depois de passar por uma repaginada, o Sallvattore reabre hoje para o almoço.

E Geisy Arruda rompe fronteiras. É convidada do baile pré-carnavalesco do Siri na Lata, em Recife. E preside o júri, que escolhe a melhor fantasia.

Interinos: Doris Bicudo, Gabriel Manzano Filho, Marilia Neustein e Pedro Venceslau.

Tipo exportação

Domingo tem festa da GM brasileira... em Detroit.
No Renaissance Center, durante o badalado Salão Internacional do Carro, a Chevrolet mundial apresenta seus novos modelos - e uma das estrelas da noite será o Agile.
Desenvolvido inteiramente pela filial do Brasil.

Vem, não vem...

As especulações eram fortes, mas morreram na praia.
Para tristeza das fãs teens, Robert Pattison - o galã vampiro de Crepúsculo - não virá ao Brasil substituir Gisele Bündchen no desfile da Colcci, na SPFW.
O posto da top ficou para Alessandra Ambrósio.

...E Eu vou

Já Fernanda Lima disse sim e volta às passarelas.
A mãe de Francisco e João fechou com a Cantão. Em seguida ao desfile da marca, dia 9, no Fashion Rio, posa para a campanha.

JANIO DE FREITAS

A turbulência dos caças

FOLHA DE SÃO PAULO - 07/01/10


As negociações nunca passaram de negociações; a haver "decisão política", não haveria abertura de negociações, no sentido que o próprio Lula lhes deu

A CONTRADIÇÃO entre a preferência especializada da FAB pelo caça sueco Gripen e, de outra parte, a motivação "política" de Lula para compra do avião francês Rafale leva -entre jornalistas, políticos e no próprio governo- a uma quantidade grande de equívocos e precipitações. A começar da ideia, como assegurava anteontem um comentarista de TV, de que, "se o presidente quiser comprar o Rafale", a despeito do parecer da FAB, "tem todo o direito de fazer isso". Não, não tem essa liberdade.
Tal ideia, muito difundida, decorre da preliminar de que Lula haveria dito, depois de encontro com o presidente Sarkozy, querer ou ter decidido comprar o caça francês. E, a partir de então, ter reafirmado, com a constante repetição também do ministro Nelson Jobim, que "a decisão será política", e independente da avaliação técnica, orçamentária, de absorção tecnológica e tático-estratégica da FAB.
Lula não disse querer ou haver decidido comprar o Rafale. O que comunicou de público, a propósito da conversa com o presidente francês em Brasília, por ocasião do Sete de Setembro do ano passado, foi "a decisão de abrir negociações para compra de aviões Rafale".
As negociações nunca passaram de negociações. A FAB não quis que ficassem restritas ao caça francês, no que foi acompanhada por investidas imediatas dos fabricantes do F-18E (Boeing) e do Gripen (Saab).
E, apesar de todas as pressões, levadas ao ponto de Nelson Jobim, em desespero de causa, querer impedir a FAB de pareceres comparáveis dos aviões entre si, nada pôde passar de negociações. Nas quais as condições do Rafale foram melhoradas várias vezes por Sarkozy, premido pela necessidade de conseguir a primeira venda desse caça (derrotado em todas as concorrências de que participou) e de recuperar parte do auxílio governamental ao enfraquecido fabricante Dassault.
As conclusões da FAB sobre os três concorrentes nada têm a ver com o impasse, entre os comandantes militares e Lula, em torno do Plano Nacional de Direitos Humanos e sua pretendida Comissão da Verdade. A FAB apenas recusou-se a não fazer o seu papel, e o fez.
A haver "decisão política", não haveria negociações, no sentido que o próprio Lula lhes deu. Seriam dois os motivos para a propalada "decisão política". O primeiro é o propósito de adotar uma aliança estratégica com a Europa, selecionando a França, para substituir a compulsória aliança com os Estados Unidos, o que é fácil deduzir da Estratégia de Defesa Nacional elucubrada por Mangabeira & cia.
O outro motivo é permutar, com o novo par na aliança estratégica, os altos negócios do seu interesse pelo apoio que dê, com o cacife de membro permanente do Conselho de Segurança da ONU, à entrada do Brasil nesse círculo.
O primeiro motivo é de fundamentos mais do que duvidosos. Os estrategistas do Planalto parecem esquecer que a França tem com os Estados Unidos uma aliança militar -a Otan- muito dificilmente superável em favor do Brasil, supondo-se uma contraposição mais séria entre nós e os EUA (hipótese que também se pode deduzir do tal plano estratégico).
O segundo motivo não é menos inconvincente. Até hoje, os Estados Unidos recusaram-se a apoiar a entrada do Brasil no Conselho de Segurança. Têm nisso a companhia da Rússia. A última coisa a pensar-se, então, é que aceitariam a entrada de um país que, por força de uma "aliança estratégica", tenderia a ser sempre parceiro de outro integrante do círculo. Percepção em que os EUA têm outra vez a companhia da Rússia.
Além da aliança militar na Otan, a França é parte também de uma aliança política, a cujos objetivos integrou a sua estratégia nacional: é a União Europeia. Agora com sua Constituição, com presidência, com política externa própria e cada vez mais influente nas relações internacionais -enfim, uma aliança política que a França jamais transgredirá em favor de uma "aliança estratégica" com o Brasil.
A maior aproximação com a França pode ser muito conveniente. Mas não nas condições assombrosas, financeiras e outras, para a compra dos Rafale. Já basta o negócio feito com submarinos franceses e com a pretendida colaboração em projetos nucleares.
E não esqueçamos que Lula não pode fazer alianças internacionais, estratégicas ou não, por decisão pessoal. A Constituição exige que sejam submetidas ao Congresso. E as torna passíveis de exame pelo Judiciário, com a possibilidade de consequências graves para o presidente que viole as exigências constitucionais.