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O governador do DEM é só mais um na bancada suprapartidária da bandidagem com imunidade
A volta ao noticiário político-policial de José Roberto Arruda era tão previsível quanto a mudança das estações, a ampliação das mentiras contadas por Dilma Rousseff, a nomeação de outro parente por José Sarney ou o assassinato do plural que aparecer no caminho de um improviso de Lula. Questão de tempo, sabia quem acompanha mesmo de longe a biografia que ficou com cara de prontuário no momento em que Arruda se matriculou no curso de bandidagem com imunidade do professor Joaquim Roriz.
O parlamentar tucano que, em 2001, renunciou ao mandato e à liderança da bancada do governo depois de enrascar-se na violação do painel eletrônico foi a continuação do melhor aluno do mestre Roriz. O governador corrupto que finge ver a distribuição de panetones onde se enxerga a distribuição de propinas é a continuação do senador que, uma semana depois de jurar inocência “pela vida dos filhos”, confessou-se culpado “por pensar nos filhos”.
O Arruda governador é a mesma entidade em nova embalagem, confeccionada por designers do DEM com o capricho que merece o único candidato emplacado pelo partido nas disputas estaduais de 2006. A diferença é que o canastrão desta vez entrou em cena como protagonista. Ele nasceu para coadjuvante.
Não vai falar nada do Arruda, nada sobre teu amigo do DEM?, cobraram em coléricas mensagens ao colunista, sitiado no interiorzão pelas carências da internet, devotos de Lula que convivem aos beijos e abraços com mensaleiros, sanguessugas, aloprados, punguistas de gravata, assaltantes vocacionais, sarneys, collors, renans e demais subespécies da grande tribo dos delinquentes federais. A gravidade do crime é condicionada pela filiação partidária do autor.
Também o comportamento da seita é previsível. Mas sempre útil: o brilho do olhar fanático ilumina pedagogicamente cabeças perturbadas. As patrulhas companheiras dividem o Brasil em dois. Um abriga os que estão com o governo e, portanto, com o povo, com a pátria e com a razão. Outro é o infestado por reacionários golpistas, exploradores dos pobres e inimigos da nação.
Rebanhos adestrados para seguir o sinuelo sem balidos de dúvida afundariam na orfandade caso admitissem a existência de milhões de brasileiros simplesmente democratas, providos de independência intelectual, prontos para raciocinar com autonomia de voo, dispostos a ver as coisas como as coisas são e exaustos da impunidade institucionalizada. Esses exigem cadeia para todos os corruptos, seja qual for o partido a que pertencem. E encaram com igual desprezo e a mesma indignação tanto a turma de José Roberto Arruda quanto o bando do mensalão. Ou o PCC.
Obediente ao que Lula ensinou, a seita acha que não houve crime, nem haverá criminosos a punir, se o camburão estaciona diante da casa de algum companheiro. Fiel a princípios morais e curvada aos códigos legais, o Brasil que presta acha que quem protege criminosos é cúmplice, que bandidos e comparsas merecem cadeia. Se Arruda e parceiros pagarem pelos pecados cometidos, essa porção do país aguardará com mais confiança na Justiça o desfecho do processo protagonizado pela quadrilha dos 40.