segunda-feira, novembro 30, 2009

PAINEL DA FOLHA

Pecado capital

RENATA LO PRETE

FOLHA DE SÃO PAULO - 30/11/09

Enquanto aliados veem a situação de José Roberto Arruda (DEM) degringolar, o trio PT-PDT-PSB aposta que a profusão de indícios de corrupção chegará também ao ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz (PSC). Até o estouro do Arrudagate, pesquisas apontavam que os dois polarizariam a disputa em 2010. No novo cenário, o PT acredita que a candidatura de Agnelo Queiroz ganhe corpo. O mesmo pensa Cristovam Buarque (PDT). "A pressão para concorrer é grande", diz o senador.
Os três partidos sentarão hoje à mesa para debater a crise. Deverão tirar uma decisão conjunta defendendo o afastamento de Arruda.




Antecedentes. Em setembro, o líder do PSB na Câmara dos Deputados, Rodrigo Rollemberg, avisou o presidente da sigla, o governador Eduardo Campos (PE), que o deputado distrital Rogério Ulysses, um dos envolvidos no escândalo, deveria ser afastado. "Ele está no bolso do Arruda", advertiu Rollemberg.

Linha do tempo. De Arruda, há quatro meses, em entrevista, sobre qual seria o seu limite para o fisiologismo na máquina pública: "É o limite ético. É não dar mesada, não permitir corrupção endêmica, institucionalizada. Sei que existe corrupção no meu governo, mas sempre que eu descubro há punição".

Meteorologia. Ao se filiar ao PSC no final do setembro, o ex-governador Joaquim Roriz foi questionado se Arruda seria seu principal rival no ano que vem. Respondeu sem titubear: "Hoje pode ser. Amanhã não saberei".

No coração 1. O Arrudagate atinge o DEM como um todo, seja por se tratar do único governador do partido, seja por demolir o indignado discurso contra os escândalos de corrupção da era petista. Mas atinge de maneira especial o presidente dos "demos", deputado Rodrigo Maia.

No coração 2. Aecista de carteirinha, o governador do DF era uma peça de apoio na ofensiva de Maia contra a ala do DEM comandada por Gilberto Kassab e engajada na candidatura presidencial do tucano José Serra.

DNA. A estrutura do DEM no Distrito Federal é composta por duas alas: empresários ricos da elite de Brasília, como o deputado Osório Adriano e o senador Adelmir Santana, e o grupo que Arruda carregou do PSDB para o seu governo.

Cartola. A Linknet, que, segundo a PF, participaria de esquema de distribuição de mesada a deputados distritais, também injeta dinheiro no futebol: é patrocinadora do Atlético-GO, promovido à primeira divisão. O presidente do clube é o neotucano Valdivino José de Oliveira, secretário de Fazenda de Arruda.

Time. Chamou a atenção dos advogados que analisaram o despacho do ministro Fernando Gonçalves, do STJ, o tamanho da força-tarefa destacada pelo Ministério Público: 24 procuradores.

Cachê. Vavá, irmão de Lula, foi cercado por repórteres pedindo sua opinião sobre a cinebiografia do presidente, anteontem, em São Bernardo. Hesitou, mas respondeu: "Pagando bem, que mal tem?".

Mudo. A primeira meia hora do filme transcorreu quase inaudível, por se tratar de um cinema improvisado. No final, o diretor Fábio Barreto foi se desculpar com Lula.

Repaginado. José Eduardo Dutra vai se mudar do Rio para Brasília quando assumir o comando do PT. Também decidiu superar a pouca intimidade com as novas ferramentas de comunicação política e aderir ao Twitter.

Velhos tempos. Dutra foi colega de Senado e mantém um bom relacionamento com José Serra, provável adversário de Dilma Rousseff.

com SÍLVIO NAVARRO e ANDREZA MATAIS

Tiroteio

É um deboche. Com essa conversa de panetone, o Arruda dificilmente sobreviverá até o Natal.

De CHICO VIGILANTE, presidente do PT-DF, sobre a justificativa do governo Arruda, segundo quem o dinheiro que aparece nos videos da Polícia Federal era para bancar a distribuição de panetones.

Contraponto

Visitante ilustre

Um encontro anual de cooperativas reuniu em Curitiba, na semana passada, três nomes que pretendem disputar a sucessão no Paraná: o prefeito da capital, Beto Richa (PSDB), que dentro de seu partido enfrenta a concorrência do senador Alvaro Dias, o senador Osmar Dias (PDT), e o vice-governador Orlando Pessutti (PMDB).
o mestre de cerimônias foi ao microfone:
-Gostaria de chamar ao palco o prefeito Beto Richa, que visita a nossa cidade...
Não se sabe se foi brincadeira ou ato falho, mas, como Richa é famoso por acumular milhagem similar à de Sérgio Cabral (PMDB-RJ), a plateia caiu na gargalhada.

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