FOLHA DE SP - 21/01
Só assistindo às chibatadas constantes de '12 Anos de Escravidão' entendi como estava errado
Começou a temporada dos prêmios de cinema e eu cometi a imprudência de sair de casa. Para ver as obras do momento.
"Imprudência" é palavra demasiado forte, admito: uma desilusão e um reencontro feliz não são propriamente um prejuízo. Mas de Steve McQueen, o diretor de "12 Anos de Escravidão", esperava tudo. Exceto "12 Anos de Escravidão".
Até por razões curriculares: "Fome" (2008) e "Shame" (2011) são retratos de desumanização que, em sua radicalidade formal e narrativa, o cinema contemporâneo não se atreve a oferecer com regularidade.
No primeiro caso, a desumanização de Bobby Sands, o ativista do grupo terrorista irlandês IRA que cumpriu greve de fome até as últimas consequências em inícios da década de 1980. McQueen, artista plástico, filmou essa autoflagelação com o "realismo sujo" de um Caravaggio. E Michael Fassbender, o ator, nasceu nesse filme como o maior talento da sua geração. Ainda é.
"Shame" vai ainda mais longe, ao filmar Brandon (uma vez mais, Fassbender), um viciado em sexo e pornografia que é incapaz de estabelecer uma ligação emocional relevante com a humanidade em volta.
Esse, precisamente, é o tema central do filme: a devastadora solidão de um homem condenado à superficialidade da carne.
"12 Anos de Escravidão" tinha premissa igualmente poderosa e até verídica: Solomon, um negro livre de Nova York, é capturado e vendido como escravo para as plantações do Sul.
Mas Steve McQueen acredita que a melhor forma de apresentar o sistema repulsivo da escravatura passa por uma sucessão ilógica e gratuita de quadros de violência física. Imagino que o propósito seja mostrar ao mundo que a escravatura era coisa ruim.
Curioso: sempre julguei que fosse coisa boa. Só assistindo às chibatadas constantes de "12 Anos de Escravidão" entendi finalmente como estava errado.
Escusado será dizer que, no redundante panfleto de McQueen, os personagens são reduzidos a caricaturas dignas de um filme de James Bond: os maus são muito maus; e os bons são muito bons, com destaque para Brad Pitt, um abolicionista "avant la lettre", com barba de Abraham Lincoln e retórica de Angelina Jolie.
Aliás, por falar em Angelina, é incompreensível que a própria não tenha feito uma aparição no filme como Embaixadora da Boa Vontade para o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. Seria um final perfeito: Angelina, aterrissando na fazenda de helicóptero, salvando todos os escravos e até adotando um deles. Talvez numa próxima.
E o reencontro feliz? Ah, o reencontro: Martin Scorsese. Momento de nostalgia: Scorsese foi o cineasta da minha formação. Por causa dele, passei uma adolescência em Nova York, cometendo crimes com Johnny Boy (em "Caminhos Perigosos", 1973), viajando no táxi de Travis Bickle (em "Taxi Driver", 1976) ou assistindo aos combates entre Jake La Motta e Sugar Ray Robinson (em "Touro Indomável", 1980).
Mas nos últimos anos --desde, digamos, "Cassino" (1995)-- havia a terrível sensação de que Scorsese brochara para o cinema. Cada filme dele (o inacreditável "Kundun"; o medíocre "Gangues de Nova York"; mesmo o estimável "Os Infiltrados") era um insulto à minha memória cinéfila e uma confissão de cansaço ou impotência.
Com "O Lobo de Wall Street", uma extravagância visual alimentada a cocaína do princípio ao fim, Scorsese constrói a sua comédia mais negra, delirante e hilariante sem abandonar, claro, as obsessões morais da sua arte.
Uma fortíssima educação católica não se apaga da noite para o dia: narrando a história de Jordan Belfort, um corretor de Wall Street na sua demencial escalada para a riqueza, Scorsese vai desfiando, com um frenesi literalmente infernal, todos os pecados que Dante escreveu na primeira parte da sua obra: luxúria, ganância, cólera, fraude e, obviamente, traição.
O resultado só pode ser mesmo uma divina comédia, dessa vez reforçada por um Leonardo DiCaprio que, aos 40 anos, chegou ao fim da adolescência e entrou definitivamente na idade adulta.
Obrigado, Mestre: depois do táxi de Travis Bickle e do ringue de Jake La Motta, também não esquecerei este "Grande Gatsby" decadente filmado com o tesão dos velhos tempos.
terça-feira, janeiro 21, 2014
Uma cidade de vendedores de rua - MARCUS FAUSTINI
O GLOBO - 21/01
Impossível pensar a formação dos sentidos de um carioca sem nenhuma história de camelô
Minha formação é marcada pela admiração aos vendedores de rua, ambulantes. Ainda moleque, acompanhava meu avô vendendo garapa de maracujá pelas ruas do Complexo do Jacarezinho. Gostava de passar a mão no suor gelado do bujão, de ver a organização de moedas e notas separadas nos bolsos do jaleco branco, que nunca estava sujo. Os clientes que queriam aliviar a quentura e adoçar a saliva convocavam Seu Sivirino pelo nome. Suas lembranças da Paraíba pontuavam a conversa entre goles dos compradores.
Um de meus tios, morador da Cidade de Deus, vendia amendoim torrado num carrinho na Praça Saens Peña, na Tijuca. Levado por minha mãe ou por uma de minhas tias, presenciava essas visitas que eram o correio dos assuntos internos da numerosa família espalhada pelos conjuntos habitacionais e favelas da metrópole. Enquanto a conversa desenrolava, as densas bolhas do cozimento do amendoim atiçavam a curiosidade do meu dedo indicador.
— Tira o dedo que vai queimar, moleque da peste!
Saber que os estudos de Eletrotécnica de meus primos, filhos desse tio, eram bancados com o dinheiro da venda dos saquinhos de amendoim e de coquinho queimado conferia uma importância na lista de profissões que eu já fazia naquela época.
Na minha juventude, esse bunker de imaginário afetivo com os vendedores de rua foi bombardeado pelo entendimento da condição social e sobretudo pela permanente criminalização dos arranjos populares de sobrevivência nas ruas. Intriga-me até hoje também a falta de constrangimento da publicidade de bebidas, que usa vendedores de rua como personagens em seus comerciais e só cria apoios para empresários do ramo.
O leitor mais chegado certamente reconhece esse universo do meu “Guia afetivo da periferia”, essas questões que insisto em pôr aqui na coluna de hoje de forma mais argumentativa e menos literária que no livro. Entretanto, dia desses fui tomado novamente por esse meu depósito sensível.
Igor tem perto de 29 anos, mora na Ilha do Governador, vende pequenos objetos chineses pelo eixo Glória-Botafogo. Puxei assunto com ele depois de sua abordagem oferecendo um curioso cinzeiro portátil colorido e individual. Era tarde de sábado e eu embalava uma conversa na Praça São Salvador com o parceiro Miguel Lago — um dos criadores do Meu Rio —, que acabava de voltar de Paris e me explicava como era ruim para os direitos dos imigrantes a possibilidade concreta de a direita ganhar as próximas eleições municipais de lá. O sorriso aberto de Igor, em pílulas após cada frase, demonstrando uma engenhosa estratégia afetiva de venda, foi suficiente para o papo seguir a três. Igor contou que estava estudando para um concurso e os horários da rua permitiam algum trocado e alguma disponibilidade para a meta. Sua mãe o criou e aos irmãos “na máquina de costura”. Igor estava bem arrumado e nos ofereceu alguns conselhos sobre a vida no final da conversa. Um negro magro, alto, brilhante, que deve ter saído de algum desses cartazes dos Panteras Negras que voltaram a circular pelas redes sociais. Um presente para a tarde de verão que anunciava vento, trovão, raio e chuva.
Tenho certeza de que esse tipo de encontro não marca apenas a minha trajetória. Esta é uma cidade de vendedores de rua. Impossível pensar a formação dos sentidos de um carioca sem nenhuma história de camelô, vendedor de rua ou de corrida na porta de casa ao ouvir o pregão do vendedor de cocadas, já flagrado por Machado de Assis bem antes de nós. É claro que sabemos que são estratégias autônomas de autoemprego, fruto de uma precarização das relações do mundo do trabalho assalariado, marca de gerações de famílias populares sem direito ao acesso à formação que ainda persistem neste país. Não possuem a importância legitimada da pólis que um artesão — fruto do imaginário eurocêntrico — possui. Entretanto, a contribuição dada por esses vendedores à vida econômica da cidade e à vida cultural das ruas é mais generosa. Infelizmente, não é difícil perceber um comportamento médio que na hora da “necessidade” saúda a presença de um vendedor de rua, mas faz coro por sua exclusão dos ambientes urbanos, associando a mesma celebrada presença a algum tipo de crime.
Para retornar a contribuição dada por esses sujeitos, além de garantir direitos, é preciso dar visibilidade a essas trajetórias. Mostrar suas singularidades, suas errâncias. Temos uma tradição de histórias de vida, estratégias de sobrevivência e arranjos produtivos a aprender com eles. Nenhum direito se constitui de fato com a invisibilidade — Luiz Eduardo Soares já se dedicou ao tema! Os vendedores de rua não podem estar apenas hegemonicamente representados como tipos e alavancas da trama na narrativa ficcional. E, quando for à Lapa, não se esqueça de apreciar, cada vez mais inventivas, as arrumações dos tabuleiros dos vendedores de bala.
Em homenagem ao “Véio Sivirino”. Tua garapa foi lisérgica pra este neto.
Impossível pensar a formação dos sentidos de um carioca sem nenhuma história de camelô
Minha formação é marcada pela admiração aos vendedores de rua, ambulantes. Ainda moleque, acompanhava meu avô vendendo garapa de maracujá pelas ruas do Complexo do Jacarezinho. Gostava de passar a mão no suor gelado do bujão, de ver a organização de moedas e notas separadas nos bolsos do jaleco branco, que nunca estava sujo. Os clientes que queriam aliviar a quentura e adoçar a saliva convocavam Seu Sivirino pelo nome. Suas lembranças da Paraíba pontuavam a conversa entre goles dos compradores.
Um de meus tios, morador da Cidade de Deus, vendia amendoim torrado num carrinho na Praça Saens Peña, na Tijuca. Levado por minha mãe ou por uma de minhas tias, presenciava essas visitas que eram o correio dos assuntos internos da numerosa família espalhada pelos conjuntos habitacionais e favelas da metrópole. Enquanto a conversa desenrolava, as densas bolhas do cozimento do amendoim atiçavam a curiosidade do meu dedo indicador.
— Tira o dedo que vai queimar, moleque da peste!
Saber que os estudos de Eletrotécnica de meus primos, filhos desse tio, eram bancados com o dinheiro da venda dos saquinhos de amendoim e de coquinho queimado conferia uma importância na lista de profissões que eu já fazia naquela época.
Na minha juventude, esse bunker de imaginário afetivo com os vendedores de rua foi bombardeado pelo entendimento da condição social e sobretudo pela permanente criminalização dos arranjos populares de sobrevivência nas ruas. Intriga-me até hoje também a falta de constrangimento da publicidade de bebidas, que usa vendedores de rua como personagens em seus comerciais e só cria apoios para empresários do ramo.
O leitor mais chegado certamente reconhece esse universo do meu “Guia afetivo da periferia”, essas questões que insisto em pôr aqui na coluna de hoje de forma mais argumentativa e menos literária que no livro. Entretanto, dia desses fui tomado novamente por esse meu depósito sensível.
Igor tem perto de 29 anos, mora na Ilha do Governador, vende pequenos objetos chineses pelo eixo Glória-Botafogo. Puxei assunto com ele depois de sua abordagem oferecendo um curioso cinzeiro portátil colorido e individual. Era tarde de sábado e eu embalava uma conversa na Praça São Salvador com o parceiro Miguel Lago — um dos criadores do Meu Rio —, que acabava de voltar de Paris e me explicava como era ruim para os direitos dos imigrantes a possibilidade concreta de a direita ganhar as próximas eleições municipais de lá. O sorriso aberto de Igor, em pílulas após cada frase, demonstrando uma engenhosa estratégia afetiva de venda, foi suficiente para o papo seguir a três. Igor contou que estava estudando para um concurso e os horários da rua permitiam algum trocado e alguma disponibilidade para a meta. Sua mãe o criou e aos irmãos “na máquina de costura”. Igor estava bem arrumado e nos ofereceu alguns conselhos sobre a vida no final da conversa. Um negro magro, alto, brilhante, que deve ter saído de algum desses cartazes dos Panteras Negras que voltaram a circular pelas redes sociais. Um presente para a tarde de verão que anunciava vento, trovão, raio e chuva.
Tenho certeza de que esse tipo de encontro não marca apenas a minha trajetória. Esta é uma cidade de vendedores de rua. Impossível pensar a formação dos sentidos de um carioca sem nenhuma história de camelô, vendedor de rua ou de corrida na porta de casa ao ouvir o pregão do vendedor de cocadas, já flagrado por Machado de Assis bem antes de nós. É claro que sabemos que são estratégias autônomas de autoemprego, fruto de uma precarização das relações do mundo do trabalho assalariado, marca de gerações de famílias populares sem direito ao acesso à formação que ainda persistem neste país. Não possuem a importância legitimada da pólis que um artesão — fruto do imaginário eurocêntrico — possui. Entretanto, a contribuição dada por esses vendedores à vida econômica da cidade e à vida cultural das ruas é mais generosa. Infelizmente, não é difícil perceber um comportamento médio que na hora da “necessidade” saúda a presença de um vendedor de rua, mas faz coro por sua exclusão dos ambientes urbanos, associando a mesma celebrada presença a algum tipo de crime.
Para retornar a contribuição dada por esses sujeitos, além de garantir direitos, é preciso dar visibilidade a essas trajetórias. Mostrar suas singularidades, suas errâncias. Temos uma tradição de histórias de vida, estratégias de sobrevivência e arranjos produtivos a aprender com eles. Nenhum direito se constitui de fato com a invisibilidade — Luiz Eduardo Soares já se dedicou ao tema! Os vendedores de rua não podem estar apenas hegemonicamente representados como tipos e alavancas da trama na narrativa ficcional. E, quando for à Lapa, não se esqueça de apreciar, cada vez mais inventivas, as arrumações dos tabuleiros dos vendedores de bala.
Em homenagem ao “Véio Sivirino”. Tua garapa foi lisérgica pra este neto.
Rolezinho é 'Little Walk Around'! - JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 21/01
Sabe por que o Fluminense perdeu? Porque o gramado não era um TAPETE! O Tapetense perdeu do tapete!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! E os rolezinhos? Eu sei como resolver os rolezinhos. É só botar uma placa na porta do shopping: "Entrada proibida para menores de 18 salários mínimos".
E o tuiteiro monteirobsb diz que o problema do rolezinho é o nome. Devia ser "Little Walk Around", ficaria no estilo Flash Mob!
E olha isso: Ingresso Guns N' Roses, R$ 500, Ingressos Doctor House Arena Iguatemi Brasília, R$ 480. Vou dar um rolezinho! Rarará!
E o problema dos rolezinhos são os rolezeiros que, em vez de ficar fora, resolveram ficar dentro! Um problema baseado em duas palavras: fora e dentro!
O fora não pode entrar e o dentro tem medo de sair! Pronto!
E sabe por que o Fluminense perdeu? Porque o gramado não era um TAPETE! O Tapetense perdeu do tapete!
E o meu São Paulo começou mal: perdendo pro Bragantino. O Time da Linguiça! Os Bambis perderam pros Linguiças.
E essa: "Ceni erra o cálculo". O Rogério Ceni tem que jogar usando óculos pendurados no pescoço, aqueles óculos pendurados numa correntinha!
E esse predestinado: o goleiro do Bragantino, Rogério DEFENDI! E o melhor goleiro do mundo ainda é a cueca: segura duas bolas e um atacante! Rarará!
E um leitor me disse que o São Paulo vai fazer três novas contratações: Félix, Eron e Niko! Rarará! Agora vai!
E essa notícia escandalosa: "CBF oferece R$ 4 milhões para a Lusa ficar calada na Série B".
A Lusa não precisa de R$ 4 milhões. A Lusa precisa de 4 milhões de torcedores. Rarará! CBF oferece 4 mihões de torcedores para a Lusa! Rarará!
E diz que o Bahia contratou o Pinto pra jogar enfiado! Rarará!
É mole? É mole, mas sobe!
E saudades do Corinthians e do Posto Ipiranga: "Amigo, você sabe onde fica a torcida do Corinthians?". "Assaltando o Posto Ipiranga". Rarará!
Humor de futebol não tem jeito, é baseado em rótulos e preconceitos: corintiano e flamenguista são todos marginais, são-paulino é bambi, palmeirense é porco.
E santista é tudo aposentado! E o Fluminense perdeu porque o STJD estava em recesso. Rarará!
Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
Sabe por que o Fluminense perdeu? Porque o gramado não era um TAPETE! O Tapetense perdeu do tapete!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! E os rolezinhos? Eu sei como resolver os rolezinhos. É só botar uma placa na porta do shopping: "Entrada proibida para menores de 18 salários mínimos".
E o tuiteiro monteirobsb diz que o problema do rolezinho é o nome. Devia ser "Little Walk Around", ficaria no estilo Flash Mob!
E olha isso: Ingresso Guns N' Roses, R$ 500, Ingressos Doctor House Arena Iguatemi Brasília, R$ 480. Vou dar um rolezinho! Rarará!
E o problema dos rolezinhos são os rolezeiros que, em vez de ficar fora, resolveram ficar dentro! Um problema baseado em duas palavras: fora e dentro!
O fora não pode entrar e o dentro tem medo de sair! Pronto!
E sabe por que o Fluminense perdeu? Porque o gramado não era um TAPETE! O Tapetense perdeu do tapete!
E o meu São Paulo começou mal: perdendo pro Bragantino. O Time da Linguiça! Os Bambis perderam pros Linguiças.
E essa: "Ceni erra o cálculo". O Rogério Ceni tem que jogar usando óculos pendurados no pescoço, aqueles óculos pendurados numa correntinha!
E esse predestinado: o goleiro do Bragantino, Rogério DEFENDI! E o melhor goleiro do mundo ainda é a cueca: segura duas bolas e um atacante! Rarará!
E um leitor me disse que o São Paulo vai fazer três novas contratações: Félix, Eron e Niko! Rarará! Agora vai!
E essa notícia escandalosa: "CBF oferece R$ 4 milhões para a Lusa ficar calada na Série B".
A Lusa não precisa de R$ 4 milhões. A Lusa precisa de 4 milhões de torcedores. Rarará! CBF oferece 4 mihões de torcedores para a Lusa! Rarará!
E diz que o Bahia contratou o Pinto pra jogar enfiado! Rarará!
É mole? É mole, mas sobe!
E saudades do Corinthians e do Posto Ipiranga: "Amigo, você sabe onde fica a torcida do Corinthians?". "Assaltando o Posto Ipiranga". Rarará!
Humor de futebol não tem jeito, é baseado em rótulos e preconceitos: corintiano e flamenguista são todos marginais, são-paulino é bambi, palmeirense é porco.
E santista é tudo aposentado! E o Fluminense perdeu porque o STJD estava em recesso. Rarará!
Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
Obama e as drogas - CARLOS ALEXANDRE
CORREIO BRAZILIENSE - 21/01
As declarações do presidente Obama sobre o consumo de maconha chamam a atenção pela franqueza como o mandatário da nação mais poderosa do mundo - e maior mercado consumidor de drogas - trata de um assunto delicado. Consumidor frequente no período em que morou no Havaí, Obama disse à revista New Yorker que não considera a maconha mais perigosa do que o álcool ou o tabaco. O maior problema, na avaliação de Obama, é o tratamento social diferenciado a quem fuma a droga. "Jovens de classe média não são presos por fumar maconha, mas os pobres, sim." Nem mesmo os Estados Unidos, onde prosperam iniciativas pela liberalização da cannabis, conseguiram um ponto ideal para o fenômeno das drogas. O ponto de vista de Obama constitui um avanço, pois demonstra opinião mais bem resolvida em tema marcado como tabu. Basta lembrar a notória frase de Bill Clinton, que "fumou, mas não tragou".
Bill Clinton se junta a outro ex-presidente, Fernando Henrique Cardoso, no movimento que atesta o fracasso da política de repressão contra as drogas. Governos gastam fortunas para combater o tráfico, mas não há sinal de que o consumo seja refreado. No Brasil, o tráfico é o segundo crime que mais leva brasileiros ao inferno das prisões - só perde para roubo. A legislação modernizou-se em 2010, ao estabelecer a distinção entre usuário e traficante, com prisão somente para este último. Note-se que a mudança ocorre apenas no âmbito penal. Não há em evidência de debate ou mobilização que projete como seria a sociedade brasileira com o consumo legalizado de drogas.
Sobre o ponto de vista abordado por Obama, vale atentar para cigarro e álcool. Sabe-se que o consumo de bebida alcoólica tem efeito trágico no trânsito - a ponto que se tornou necessário criar uma rigorosa lei seca para tentar diminuir a carnificina motorizada. É de se perguntar qual seria o impacto nessa realidade ao permitir o acesso a mais uma droga de efeito "recreativo". O cigarro, por sua vez, não altera a consciência, como a maconha. Mas permanece uma indústria poderosa, apesar dos malefícios inquestionáveis à saúde. Qual é pior: a cannabis ou a nicotina?
Sou de opinião que o Brasil ainda não está pronto para tomar um passo rumo à legalização da maconha. Os contrastes sociais, a ineficácia do poder público e profundas divergências dificultam a implantação de uma política efetiva. O que apenas reforça a necessidade de se ampliar o debate sobre o tema.
Bill Clinton se junta a outro ex-presidente, Fernando Henrique Cardoso, no movimento que atesta o fracasso da política de repressão contra as drogas. Governos gastam fortunas para combater o tráfico, mas não há sinal de que o consumo seja refreado. No Brasil, o tráfico é o segundo crime que mais leva brasileiros ao inferno das prisões - só perde para roubo. A legislação modernizou-se em 2010, ao estabelecer a distinção entre usuário e traficante, com prisão somente para este último. Note-se que a mudança ocorre apenas no âmbito penal. Não há em evidência de debate ou mobilização que projete como seria a sociedade brasileira com o consumo legalizado de drogas.
Sobre o ponto de vista abordado por Obama, vale atentar para cigarro e álcool. Sabe-se que o consumo de bebida alcoólica tem efeito trágico no trânsito - a ponto que se tornou necessário criar uma rigorosa lei seca para tentar diminuir a carnificina motorizada. É de se perguntar qual seria o impacto nessa realidade ao permitir o acesso a mais uma droga de efeito "recreativo". O cigarro, por sua vez, não altera a consciência, como a maconha. Mas permanece uma indústria poderosa, apesar dos malefícios inquestionáveis à saúde. Qual é pior: a cannabis ou a nicotina?
Sou de opinião que o Brasil ainda não está pronto para tomar um passo rumo à legalização da maconha. Os contrastes sociais, a ineficácia do poder público e profundas divergências dificultam a implantação de uma política efetiva. O que apenas reforça a necessidade de se ampliar o debate sobre o tema.
‘Sobras de campanha’ e gerência pública - ODEMIRO FONSECA
O GLOBO - 21/01
Pagamentos são em cargos públicos, não só para os que vencem as eleições, mas também para os que perdem
Não são sobras em dinheiro o “caixa dois” das eleições. Esta deformação do sistema eleitoral brasileiro, tão aceita (todo mundo faz, declarou um ex-presidente), degenerou-se em sofisticado sistema de compra de votos no Congresso. A mais apavorante deformação política da nossa democracia, feita dentro dela. Políticos que simbolizam corrupção, como Quércia e Maluf, são trombadinhas perto dos quadrilheiros do PT.
Referimo-nos a algo mais insidioso, custoso e pernicioso, mas não criminoso — as sobras de recursos humanos das campanhas. São pagamentos em cargos públicos, não só para os que vencem as eleições, mas também para os que perdem. Com três níveis de governo, centenas de estatais com suas diretorias e conselhos, milhares de cargos de confiança, dezenas de partidos e acordos, as possibilidades são infinitas. Mais uma feiura dentro da democracia. Impossível de calcular o custo de tal prática.
Este processo de seleção adversa, associada ao concurso público, que deve proteger o funcionário mas enfraquece a avaliação e a linha de comando gerencial, acabou criando uma máquina pública cara e disfuncional. O governo só opera pelo esforço de uns poucos, que se esfalfam.
Mesmo que o governo recrutasse excelentes executivos, eles não conseguiriam ser eficientes como no setor privado. Há duas principais razões. A primeira: organizações públicas ou privadas não são democracias. Para funcionarem, precisam de uma cadeia de comando, onde reside o poder. Nas organizações públicas, o poder está nos políticos, cujo objetivo é ganhar eleições, e executivos são pacientes na luta política, da qual precisam se proteger.
A segunda razão é intratável. Decisões são tomadas em ambiente de incerteza. O erro é inevitável e pode ser de três naturezas: por incompetência, má-fé e julgamento. O erro de julgamento não existe na decisão pública. O executivo público tem medo de decidir, pois, se erra, só pode ser incompetente ou ladrão.
Existem louváveis esforços privados de ensinar o governo a ser mais eficiente. Mas pelas razões acima, o ambiente político é o pior possível para ser eficiente. O que o governo aprende mesmo é arrecadar mais. A alternativa, que existe pelo mundo, é aumentar a esfera de atuação dos que podem contratar talento, decidir sob incerteza, errar e mínimas preocupações com lutas políticas.
São várias as formas de desestatização: venda de estatais, concessões, regulação mais racional, desburocratização. Retirar o governo de ambientes competitivos em que existam capital, empreendedores e inovadores. Com regras do jogo iguais e estáveis para todos. Nada de protegidos e escolhidos. Sem seguro-desemprego para empresários.
O Brasil está indo nesta única possível direção, mas sem convicção, resmungando e empurrado pela realidade. Por que tanto tempo, sofrimento e papo furado para conceder um aeroporto ou uma rodovia? Ou autorizar grandes investimentos privados em infraestrutura? Por que não um esforço concentrado para desburocratizar, como está sendo feito para a Copa acontecer? Sobre a experiência mundial, pouco pode-se inventar. Alemanha Ocidental privatizou a Alemanha Oriental em menos de dois anos, 20 anos atrás. Mexendo muito nas regras do jogo, conseguimos piorar no ranking de países mais difíceis de começar um negócio.
E o Brasil patinando. Os brasileiros são empreendedores, nossa mão de obra tem cultura de trabalho; temos muitas empresas e empresários fantásticos. Capital nunca foi tão abundante. É só os governos saírem da frente.
Pagamentos são em cargos públicos, não só para os que vencem as eleições, mas também para os que perdem
Não são sobras em dinheiro o “caixa dois” das eleições. Esta deformação do sistema eleitoral brasileiro, tão aceita (todo mundo faz, declarou um ex-presidente), degenerou-se em sofisticado sistema de compra de votos no Congresso. A mais apavorante deformação política da nossa democracia, feita dentro dela. Políticos que simbolizam corrupção, como Quércia e Maluf, são trombadinhas perto dos quadrilheiros do PT.
Referimo-nos a algo mais insidioso, custoso e pernicioso, mas não criminoso — as sobras de recursos humanos das campanhas. São pagamentos em cargos públicos, não só para os que vencem as eleições, mas também para os que perdem. Com três níveis de governo, centenas de estatais com suas diretorias e conselhos, milhares de cargos de confiança, dezenas de partidos e acordos, as possibilidades são infinitas. Mais uma feiura dentro da democracia. Impossível de calcular o custo de tal prática.
Este processo de seleção adversa, associada ao concurso público, que deve proteger o funcionário mas enfraquece a avaliação e a linha de comando gerencial, acabou criando uma máquina pública cara e disfuncional. O governo só opera pelo esforço de uns poucos, que se esfalfam.
Mesmo que o governo recrutasse excelentes executivos, eles não conseguiriam ser eficientes como no setor privado. Há duas principais razões. A primeira: organizações públicas ou privadas não são democracias. Para funcionarem, precisam de uma cadeia de comando, onde reside o poder. Nas organizações públicas, o poder está nos políticos, cujo objetivo é ganhar eleições, e executivos são pacientes na luta política, da qual precisam se proteger.
A segunda razão é intratável. Decisões são tomadas em ambiente de incerteza. O erro é inevitável e pode ser de três naturezas: por incompetência, má-fé e julgamento. O erro de julgamento não existe na decisão pública. O executivo público tem medo de decidir, pois, se erra, só pode ser incompetente ou ladrão.
Existem louváveis esforços privados de ensinar o governo a ser mais eficiente. Mas pelas razões acima, o ambiente político é o pior possível para ser eficiente. O que o governo aprende mesmo é arrecadar mais. A alternativa, que existe pelo mundo, é aumentar a esfera de atuação dos que podem contratar talento, decidir sob incerteza, errar e mínimas preocupações com lutas políticas.
São várias as formas de desestatização: venda de estatais, concessões, regulação mais racional, desburocratização. Retirar o governo de ambientes competitivos em que existam capital, empreendedores e inovadores. Com regras do jogo iguais e estáveis para todos. Nada de protegidos e escolhidos. Sem seguro-desemprego para empresários.
O Brasil está indo nesta única possível direção, mas sem convicção, resmungando e empurrado pela realidade. Por que tanto tempo, sofrimento e papo furado para conceder um aeroporto ou uma rodovia? Ou autorizar grandes investimentos privados em infraestrutura? Por que não um esforço concentrado para desburocratizar, como está sendo feito para a Copa acontecer? Sobre a experiência mundial, pouco pode-se inventar. Alemanha Ocidental privatizou a Alemanha Oriental em menos de dois anos, 20 anos atrás. Mexendo muito nas regras do jogo, conseguimos piorar no ranking de países mais difíceis de começar um negócio.
E o Brasil patinando. Os brasileiros são empreendedores, nossa mão de obra tem cultura de trabalho; temos muitas empresas e empresários fantásticos. Capital nunca foi tão abundante. É só os governos saírem da frente.
Agricultura turbinada - ANTONIO M. BUAINAIN E PEDRO LOYOLA
O Estado de S.Paulo - 21/01
Teve início mais uma grande safra de grãos no Brasil, que pode superar a marca de 200 milhões de toneladas. Mérito, principalmente, do agricultor brasileiro, empreendedor destemido que enfrenta, quase desamparado, os riscos climáticos e de mercado, os déficits de infraestrutura e até mesmo a incompreensão de parte da sociedade, que ainda não se desligou da representação dos velhos coronéis que em nada corresponde ao produtor rural de hoje.
É preciso reconhecer a contribuição do governo federal, que compreendeu que sem algum apoio o setor não aproveitaria a bonança do mercado internacional e nos últimos anos vem turbinando a agricultura com crédito mais acessível e adequado para atender às demandas e especificidades setoriais. De fato, entre 2008/2009 e 2013/2014, a oferta total de recursos oficiais para a agricultura saltou de R$ 78 bilhões para R$ 158 bilhões, e apenas nos últimos dois anos deve ter um impressionante crescimento real acumulado de 40%. Além da linha de custeio, destinada a cobrir os gastos correntes de produção, sementes, combustível, folha de pagamento, manutenção de máquinas, etc., a expansão dos programas especiais voltados para o financiamento de investimentos em máquinas, construção e ampliação de armazéns e implantação da chamada agricultura de baixo carbono (ABC) também foi fundamental tanto para ampliar a capacidade de produção do setor como para aumentar a eficiência produtiva e melhorar a sustentabilidade ambiental. Em todos esses quesitos a agricultura é líder e o resultado mais visível da injeção de recursos é o crescimento da produção muito mais rápido do que o da dotação de infraestrutura, emperrada pelo viés ideológico que atrasou as concessões para o setor privado e prejudicou o desenvolvimento do País. Vamos aguardar o balé de caminhões dançando no barro e a medição das filas nos portos para saber se neste ano bateremos o recorde anterior: 30 km na entrada de Santos. E torçamos para que seja o último espetáculo!
O elogio à política de crédito não se estende à gestão do seguro rural, principal mecanismo de mitigação de riscos na agricultura. Estima-se que mais de 80% das lavouras estejam nas mãos de São Pedro, à mercê do tempo e sem nenhum tipo de mecanismo para proteger o produtor e a sociedade. Brincamos com a galinha de ovos de ouro e deixamos a agricultura correr um risco desnecessário, com potencial para destruir o que vem sendo duramente construído desde o final dos anos 90, após a renegociação das dívidas dos agricultores, vítimas dos desacertos da política econômica e da inflação.
O governo tem prometido recursos para o programa de subvenção, mas não os libera em tempo, o que dificulta a atuação eficaz das seguradoras, seja para indenizar os produtores sinistrados, seja para atrair capital internacional do resseguro, indispensável para bancar o risco do negócio. Em julho de 2014 deve entrar em vigor uma resolução que torna obrigatória a contratação do seguro para a concessão do crédito oficial, até o limite de R$ 300 mil. Com o seguro privado em compasso de espera por causa das hesitações do governo, pergunta-se: quem vai oferecer o seguro aos agricultores?
Há muitos desafios a vencer, pois, da mesma maneira que os efeitos positivos da expansão do crédito ao consumidor e das isenções transitórias e seletivas de impostos se esgotaram, a concessão turbinada de crédito rural tende a perder fôlego e capacidade para estimular o crescimento setorial.
Os custos de produção cresceram 20% no último ano-safra (para uma inflação de 5,5% no mesmo período) e seria suficiente uma pequena queda nos preços para comprometer a rentabilidade e a competitividade de milhares de agricultores. É preciso, portanto, acelerar todos os PACs e destravar de vez os investimentos em infraestrutura no País. O certo é que não se resolve o desafio da agricultura somente com a marcha forçada do crédito rural. É preciso muito mais!
Teve início mais uma grande safra de grãos no Brasil, que pode superar a marca de 200 milhões de toneladas. Mérito, principalmente, do agricultor brasileiro, empreendedor destemido que enfrenta, quase desamparado, os riscos climáticos e de mercado, os déficits de infraestrutura e até mesmo a incompreensão de parte da sociedade, que ainda não se desligou da representação dos velhos coronéis que em nada corresponde ao produtor rural de hoje.
É preciso reconhecer a contribuição do governo federal, que compreendeu que sem algum apoio o setor não aproveitaria a bonança do mercado internacional e nos últimos anos vem turbinando a agricultura com crédito mais acessível e adequado para atender às demandas e especificidades setoriais. De fato, entre 2008/2009 e 2013/2014, a oferta total de recursos oficiais para a agricultura saltou de R$ 78 bilhões para R$ 158 bilhões, e apenas nos últimos dois anos deve ter um impressionante crescimento real acumulado de 40%. Além da linha de custeio, destinada a cobrir os gastos correntes de produção, sementes, combustível, folha de pagamento, manutenção de máquinas, etc., a expansão dos programas especiais voltados para o financiamento de investimentos em máquinas, construção e ampliação de armazéns e implantação da chamada agricultura de baixo carbono (ABC) também foi fundamental tanto para ampliar a capacidade de produção do setor como para aumentar a eficiência produtiva e melhorar a sustentabilidade ambiental. Em todos esses quesitos a agricultura é líder e o resultado mais visível da injeção de recursos é o crescimento da produção muito mais rápido do que o da dotação de infraestrutura, emperrada pelo viés ideológico que atrasou as concessões para o setor privado e prejudicou o desenvolvimento do País. Vamos aguardar o balé de caminhões dançando no barro e a medição das filas nos portos para saber se neste ano bateremos o recorde anterior: 30 km na entrada de Santos. E torçamos para que seja o último espetáculo!
O elogio à política de crédito não se estende à gestão do seguro rural, principal mecanismo de mitigação de riscos na agricultura. Estima-se que mais de 80% das lavouras estejam nas mãos de São Pedro, à mercê do tempo e sem nenhum tipo de mecanismo para proteger o produtor e a sociedade. Brincamos com a galinha de ovos de ouro e deixamos a agricultura correr um risco desnecessário, com potencial para destruir o que vem sendo duramente construído desde o final dos anos 90, após a renegociação das dívidas dos agricultores, vítimas dos desacertos da política econômica e da inflação.
O governo tem prometido recursos para o programa de subvenção, mas não os libera em tempo, o que dificulta a atuação eficaz das seguradoras, seja para indenizar os produtores sinistrados, seja para atrair capital internacional do resseguro, indispensável para bancar o risco do negócio. Em julho de 2014 deve entrar em vigor uma resolução que torna obrigatória a contratação do seguro para a concessão do crédito oficial, até o limite de R$ 300 mil. Com o seguro privado em compasso de espera por causa das hesitações do governo, pergunta-se: quem vai oferecer o seguro aos agricultores?
Há muitos desafios a vencer, pois, da mesma maneira que os efeitos positivos da expansão do crédito ao consumidor e das isenções transitórias e seletivas de impostos se esgotaram, a concessão turbinada de crédito rural tende a perder fôlego e capacidade para estimular o crescimento setorial.
Os custos de produção cresceram 20% no último ano-safra (para uma inflação de 5,5% no mesmo período) e seria suficiente uma pequena queda nos preços para comprometer a rentabilidade e a competitividade de milhares de agricultores. É preciso, portanto, acelerar todos os PACs e destravar de vez os investimentos em infraestrutura no País. O certo é que não se resolve o desafio da agricultura somente com a marcha forçada do crédito rural. É preciso muito mais!
Haja cimento e tijolo - ANCELMO GOIS
O GLOBO - 21/01
Ou seja...
Só agora, passados mais de 30 anos, o Rio passa a ter um nível de construção igual ao dos anos 1980. A crise começou com o fechamento do BNH (que levou à expansão das favelas) e o esvaziamento econômico da cidade.
Ipanema contra Putin
Antes mesmo de chegar ao Brasil para promover a Copa de 2018, o presidente Vladimir Putin será alvo de protestos contra as leis homofóbicas aprovadas na Rússia. É que a Anistia Internacional vai promover, dia 2, uma revoada de balões em Ipanema, denunciando o preconceito aos LGBTs na Rússia.
Planeta bola...
Aliás, veja por que o planeta estará de olho no Brasil a partir de 12 de junho, quando começa a Copa. Segundo o jornal “O sol”, dos vinte programas mais vistos, em 2013, na TV portuguesa, 19 eram sobre futebol. A única exceção da lista foi “Gabriela”, com Juliana Paes.
No mais
José Sarney escreveu um artigo sobre sua dor “com o massacre com a nossa terra, que está havendo na mídia nacional”. Num trecho, diz que a imprensa só mostra palafitas e miséria no Maranhão, esquecendo a Baixada Fluminense, a Favela da Maré, no Rio, e o Centro de São Paulo. Só que a Favela da Maré tem um IDH de 0,722 (dado do ano 2000). Na época, o IDH do Maranhão era pior, 0,636.
Ai, meu bolso
Ontem, no Chile, o economista brasileiro José Roberto Afonso, especialista em contas públicas, num seminário da Cepal, estimou que em 2013 a carga tributária global no Brasil saltou de 37,1 para, no mínimo, 37,5% do PIB.
Outra do Zé....
Considerando só países emergentes, o que Índia, Indonésia, Turquia e Brasil têm em comum em 2014? São países com dívidas e indicadores fiscais não muito favoráveis, além de eleições presidenciais neste ano.
Versão eletrônica
Alex Pasternark, baterista da banda americana Lemonade, gosta tanto do Brasil que adotou o codinome Malandro para lançar remixes de música brasileira. Em São Paulo para badalar a sua festa Bananas, ele remixou “Girassol”, de Alceu Valença.
Os cabelos da mulata
O selo Primeira Pessoa/Sextante, que já lançou as histórias de empresários como Eike Batista e o trio de donos da AB InBev, prepara agora um livro sobre o “Beleza Natural”. O grupo atende 100 mil clientes por mês, a grande maioria mulheres negras e mulatas, com cabelos cacheados. A autora será a coleguinha Liana Melo.
O Cristo amarelo
Este quadro representando a Ressurreição de Cristo, de Mário Mendonça, pintor carioca especializado em arte sacra e que este ano completa 80 anos, vai ser exposto em seis igrejas da cidade, começando pela Matriz da Ressurreição, em Copacabana, no dia 29. O destino final da pintura (2,03m x 1,45m) é o Santuário do Cristo Redentor do Corcovado, a partir do Domingo de Páscoa.
Dzi Croquetes na Sapucaí
Símbolo da vanguarda dos anos de 1970, os Dzi Croquetes serão revividos no desfile da Mocidade Independente de Padre Miguel. Ciro Barcelos, o caçula dos integrantes originais dos Dzi, estará à frente do grupo em uma alegoria. Como se sabe, o enredo homenageia o carnavalesco Fernando Pinto, que também fez parte da turma liderada por Lenny Dale.
Apagão telefônico
Uma semana depois do apagão de luz, provocado por incêndio em bueiro em Ipanema, telefones da Oi estão mudos em vários pontos do bairro. “Quem liga para Osteria Dell’Angolo não consegue completar a ligação”, reclama Luciano Pessina, sócio do lugar.
A partilha
Um escritório de advocacia em Brasília foi contratado para preparar o divórcio de um empresário mineiro que reside na capital federal. Avaliado em R$ 200 milhões, o patrimônio do casal está bloqueado a pedido de uma amante dele. Com a atual esposa ele não tem filhos. Já com a amante, tem quatro.
Ponto Final
O frustrado rolezinho no Shopping Leblon, domingo, contou com a presença do protético Eron Morais de Melo, 32 anos, vestido de Batman, o mesmo que deu um colorido às manifestações de junho. Aliás, Eron foi parar na semana passada no “Le Monde”. O jornalão francês diz que o Batman “foi um dos símbolos das mais importantes manifestações no Brasil desde 1992”. E conclui: “O povo foi para as ruas protestando contra o custo de vida, o subdesenvolvimento dos serviços públicos e a corrupção política.”
CORAÇÃO ALADO - MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 21/01
CORAÇÃO ALADO 2
O aumento do uso da aviação regular pode ser explicado por melhorias na comunicação entre a Central Nacional de Transplantes, do Ministério da Saúde, e as empresas conveniadas. "É feito um trabalho de coordenação para garantir a agilidade. O tempo é fundamental nesse caso", diz o comandante Ronaldo Jenkins, diretor da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas).
PRA CIMA
Um grupo de clientes do spa de Ana Hara vai definir em conjunto a estratégia a ser usada na Justiça contra a empresária. Os advogados Juliana Maggi e Marcelo Feller, que já foram procurados por dez frequentadores da clínica nos Jardins, falida em dezembro, veem a possibilidade de processar Ana por estelionato e danos materiais.
PRA CIMA 2
As primeiras ações serão apresentadas já nas próximas semanas. Há casos de clientes que receberam da própria Ana a oferta de pacotes estéticos promocionais para o fim do ano. Ela as teria contatado por e-mail e telefone. Dias depois, entrou com pedido de autofalência. "Ela não teve a intenção de causar problema a ninguém. Manteve a empresa aberta enquanto foi possível", afirma Eugenio Palazzi, advogado da empresária.
RENDEU
Os "famosinhos", que encontravam suas fãs nos shoppings e inspiraram os "rolezinhos", estão ganhando notoriedade também fora das redes sociais. Além de participarem de programas de TV como o "Fantástico", começaram a receber convites para fazer campanhas publicitárias. Juan Silvestre, 16, estuda propostas para estrelar anúncio de uma construtora e de um plano de saúde.
CHECK-IN
Sarah Jessica Parker retorna ao Brasil no fim de fevereiro. A atriz vai fotografar sua quarta campanha para a grife Maria Valentina, linha mais sofisticada do grupo Morena Rosa. A estrela de "Sex and the City" ainda não decidiu se a locação das fotos será no Rio ou em São Paulo.
MULHER DE FASES
Autora do polêmico livro "Vagina: Uma Biografia", Naomi Wolf virá ao Brasil pela primeira vez. Um dos principais nomes do feminismo contemporâneo, a americana vai participar de seminário na 2ª Bienal Brasil do Livro e da Leitura, entre os dias 12 e 21 de abril, em Brasília.
SUPERSTAR
Os ingressos para os quatro shows de Jorge Ben Jor com abertura da banda Los Sebosos Postizos no Sesc Pompeia acabaram em 20 minutos. Para comprar um dos 3.200 tíquetes colocados à venda, fãs encararam filas das 9h às 17h30.
PONTEIRO
Em "Os Golpes Dentro do Golpe - 1964-1969" (editora Record), o jornalista Carlos Chagas traz revelações como o atraso de 12 horas nos relógios da Assembleia Constituinte de 1966 para evitar a entrada em vigor da Constituição sem o capítulo dos Direitos e Garantias Individuais. O primeiro dos dois volumes de autoria do ex-secretário de imprensa de Costa e Silva chega às livrarias no fim deste mês.
BRINDE NAS ALTURAS
Os empresários Facundo Guerra e Houssein Jarouche foram os anfitriões na inauguração de um novo bar na cobertura do edifício Planalto, no centro. Responsáveis pela música e pela decoração, respectivamente, eles receberam o ator Theodoro Cochrane, a apresentadora Barbara Thomaz e a editora de moda Larissa Lucchese na abertura do Heineken Up on the Roof.
BANHEIRA DE ESPUMA
O presidente do hotel Tivoli, Alexandre Solleiro, recebeu convidados na primeira festa Summer Pool, realizada no sábado pela marca Moët & Chandon. O stylist Raphael Mendonça e a modelo Nina Bach foram ao evento, que ainda contou com desfile de biquínis assinados pela estilista Flavia Padovan.
CURTO-CIRCUITO
O Festival da Mantiqueira, que o governo de SP realiza em São Francisco Xavier, será de 4 a 6 de abril. Curadoria de Josélia Aguiar.
Os designers brasileiros Zanini de Zanine, Olavo Neto e Ana Vaz expõem na Galeria Ricardo Fernandes, em Paris, de 28 de janeiro a 8 de fevereiro.
A galeria Vermelho, em Higienópolis, abre hoje a exposição "1988", do artista Andreas Fogarasi.
O discurso e a realidade - ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 21/01
Os dissidentes do PMDB não têm votos para antecipar a convenção. Eles têm cerca de seis votos na Executiva. O vice Michel Temer teria 13 votos. A defesa da convenção em abril é só pressão. Além disso, os dissidentes que estão nos governos estaduais não querem esgarçar a relação com o Planalto e ficar à míngua. Os que ainda negociam com o PT também não querem esticar a corda ao ponto da ruptura.
A transição na Saúde
O novo ministro da Saúde, Arthur Chioro, vai se reunir com todo o comando do Ministério da Saúde hoje à tarde. Participam os “ex-futuros ministros” Mozart Salles (Secretaria Executiva) e Helvécio Magalhães (Secretaria de Atenção à Saúde). Antes disso, pela manhã, o afilhado do ex-presidente Lula terá reunião, no Planalto, com a presidente Dilma. Chioro, que dirigia a Saúde na prefeitura de São Bernardo do Campo (SP), vai assumir esnobando prestígio. Ele deve integrar a comitiva que irá na visita da presidente Dilma a Cuba, dia 25 de janeiro. Esse país é um exemplo de saúde pública para a esquerda, e seus médicos são a principal mão de obra do Mais Médicos.
“As reformas que o Brasil anseia (...), melhor ambiente trabalhista, maior sustentabilidade para a Previdência”
Instituto Teotõnio Vilela (PSDB) Texto enigmático (Reforma de nada) distribuído ontem pelos tucanos
A UPP fazendo água
A principal marca do governo Sérgio Cabral (PMDB) pode virar alvo negativo na campanha. No último final de semana, os moradores da vizinhança do morro do Pavão-Pavãozinho/ Cantagalo conviveram com intensos tiroteios.
Ele tem a força
Entre os novos ministros, o da Educação já é um dos mais fortes no governo. José Henrique Paim Fernandes já tinha linha direta com a presidente Dilma. Sempre que ela queria informações sobre a pasta, ligava para Paim, pois ele sabe de cabeça
todos os dados da pasta, tais como resultados, metas e problemas a serem superados.
Fan Fest do B
A Fifa autorizou, ontem, a prefeitura de São Paulo a organizar cinco exibições em telões dos jogos da Copa do Mundo na capital paulista. O evento será feito nos moldes da Fan Fest que a entidade vai promover no Vale do Anhangabaú.
Sururu
O secretário de Governo de Pernambuco, Milton Coelho, e o vice João Lyra se movem nos bastidores para evitar que o chefe da Casa Civil, Tadeu Alencar, seja o candidato do PSB ao governo. O candidato do PSB ao Planalto, Eduardo Campos, está consumindo parte de seu tempo para evitar que a confusão ganhe corpo.
Concorrer fora do cargo
A exemplo do que já fizeram Mario Covas (SP) e Luiz Henrique (SC), o governador Simão Jatene (PA-PSDB) pode concorrer a um novo mandato fora do governo. Na campanha, o cargo seria exercido pelo vice Helenilson Pontes (PSD).
A primeira vez?
Com o apoio do governador Raimundo Colombo (PSD), do senador Luiz Henrique (PMDB) e do presidente da Assembleia, Joares Poncinelli (PP), a presidente Dilma pode ser a primeira petista a vencer em Santa Catarina no primeiro turno.
DISCRETOS. Os ministros Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Paulo Bernado (Comunicações) passaram cinco dias de suas férias perambulando pelo Rio.
A transição na Saúde
O novo ministro da Saúde, Arthur Chioro, vai se reunir com todo o comando do Ministério da Saúde hoje à tarde. Participam os “ex-futuros ministros” Mozart Salles (Secretaria Executiva) e Helvécio Magalhães (Secretaria de Atenção à Saúde). Antes disso, pela manhã, o afilhado do ex-presidente Lula terá reunião, no Planalto, com a presidente Dilma. Chioro, que dirigia a Saúde na prefeitura de São Bernardo do Campo (SP), vai assumir esnobando prestígio. Ele deve integrar a comitiva que irá na visita da presidente Dilma a Cuba, dia 25 de janeiro. Esse país é um exemplo de saúde pública para a esquerda, e seus médicos são a principal mão de obra do Mais Médicos.
“As reformas que o Brasil anseia (...), melhor ambiente trabalhista, maior sustentabilidade para a Previdência”
Instituto Teotõnio Vilela (PSDB) Texto enigmático (Reforma de nada) distribuído ontem pelos tucanos
A UPP fazendo água
A principal marca do governo Sérgio Cabral (PMDB) pode virar alvo negativo na campanha. No último final de semana, os moradores da vizinhança do morro do Pavão-Pavãozinho/ Cantagalo conviveram com intensos tiroteios.
Ele tem a força
Entre os novos ministros, o da Educação já é um dos mais fortes no governo. José Henrique Paim Fernandes já tinha linha direta com a presidente Dilma. Sempre que ela queria informações sobre a pasta, ligava para Paim, pois ele sabe de cabeça
todos os dados da pasta, tais como resultados, metas e problemas a serem superados.
Fan Fest do B
A Fifa autorizou, ontem, a prefeitura de São Paulo a organizar cinco exibições em telões dos jogos da Copa do Mundo na capital paulista. O evento será feito nos moldes da Fan Fest que a entidade vai promover no Vale do Anhangabaú.
Sururu
O secretário de Governo de Pernambuco, Milton Coelho, e o vice João Lyra se movem nos bastidores para evitar que o chefe da Casa Civil, Tadeu Alencar, seja o candidato do PSB ao governo. O candidato do PSB ao Planalto, Eduardo Campos, está consumindo parte de seu tempo para evitar que a confusão ganhe corpo.
Concorrer fora do cargo
A exemplo do que já fizeram Mario Covas (SP) e Luiz Henrique (SC), o governador Simão Jatene (PA-PSDB) pode concorrer a um novo mandato fora do governo. Na campanha, o cargo seria exercido pelo vice Helenilson Pontes (PSD).
A primeira vez?
Com o apoio do governador Raimundo Colombo (PSD), do senador Luiz Henrique (PMDB) e do presidente da Assembleia, Joares Poncinelli (PP), a presidente Dilma pode ser a primeira petista a vencer em Santa Catarina no primeiro turno.
DISCRETOS. Os ministros Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Paulo Bernado (Comunicações) passaram cinco dias de suas férias perambulando pelo Rio.
Fechando o pacote - BERNARDO MELLO FRANCO - PAINEL
FOLHA DE SP - 21/01
Dilma decidiu encurtar a visita a Cuba para fechar a reforma ministerial até o fim do mês. Ela decolará de Havana no dia 28 para concluir as mudanças na equipe. Os pedidos do PMDB, que quer o sexto ministério, foram o principal tema da reunião de ontem com Lula. Segundo relatos, o ex-presidente defendeu que a sucessora atenda à sigla do vice Michel Temer. Dilma teria se mostrado mais disposta a acomodar PSD, PTB e Pros, que ampliarão seu tempo de TV na campanha.
Deputado, não Dilma já indicou ao PMDB que não quer nomear nenhum deputado do partido para o ministério. Assim, evita o compromisso de manter o novo auxiliar em 2015, caso se reeleja.
Os cordeiros A presidente só quer garantir a permanência de dois ministros que farão o "sacrifício" de não disputar eleições em outubro: Aloizio Mercadante (PT) e Aldo Rebelo (PC do B).
Minha vez Depois de anos como o número dois de Fernando Haddad e Mercadante, José Henrique Paim será ministro da Educação.
Contrapé O PT se surpreendeu com a decisão do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), de antecipar sua renúncia. O partido está irritado porque o vice Luiz Fernando Pezão ganhará mais 30 dias como titular.
Contra Pezão Os petistas se enervaram ainda mais porque Pezão, pré-candidato do PMDB, não descartou apoiar o tucano Aécio Neves. "Seria uma prova da ingratidão de Cabral com Dilma e Lula, depois de tudo o que fizeram pelo Rio", diz o deputado Alessandro Molon (PT-RJ).
Dupla dinâmica O presidenciável Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) encontrou um mote geográfico para a chapa com a ex-deputada Luciana Genro (PSOL-RS), que ele convidou ontem para sua vice: "Do Oiapoque ao Chuí".
Figuração O PSB de Eduardo Campos não fará muito esforço para encontrar candidatos competitivos aos governos de São Paulo e do Rio. A prioridade é reforçar o número do partido na TV.
Ex-verde No Rio, isso fortaleceria a ideia de lançar o deputado Alfredo Sirkis (PSB), que não quer se reeleger.
Voo solo A disputa por cargos no Ministério da Justiça tem novo alvo: a diretora-geral da Polícia Rodoviária Federal, Maria Alice Nascimento Souza. Dirigentes da Polícia Federal estão irritados com iniciativas de Maria Alice que estariam "atropelando" a corporação.
Papo-cabeça A UGT (União Geral dos Trabalhadores) não vai participar da festa do 1º de Maio com as outras centrais sindicais. Em vez de sortear prêmios e organizar shows, a entidade promete fazer seminários com palestrantes como o sociólogo espanhol Manuel Castells.
Lista VIP O deputado Paulinho da Força (SDD-SP) convidou a oposição em peso para seu aniversário, no dia 25, em São Paulo. Dirigentes do PSDB e do PSB serão maioria entre os políticos. No governo, uma das poucas exceções na lista é o ministro Aldo Rebelo (Esportes).
Na tela da TV O governador Geraldo Alckmin (PSDB) incluiu no programa de bônus a policiais, lançado ontem, um fator para incentivar a redução dos latrocínios. Para o tucano, os roubos seguidos de morte têm mais visibilidade na imprensa e turbinam a "sensação de insegurança" na população.
Deixa rolar A Secretaria de Segurança paulista diz que não vai tratar os "rolezinhos" como prioridade. No fim de semana, a polícia foi orientada novamente a não reprimir os movimentos.
TIROTEIO
"Os tucanos têm toda razão em reclamar. Realmente, é muito estranho uma mineira ir tanto a Minas. O Aécio que o diga!"
DO ATOR JOSÉ DE ABREU, filiado ao PT, sobre as queixas do PSDB contra a viagem de Dilma Rousseff a Minas Gerais, reduto do tucano Aécio Neves.
CONTRAPONTO
Ao vivo é diferente
Em 1998, o governador paulista Mario Covas (PSDB) se afastou do cargo para concorrer à reeleição. O vice Geraldo Alckmin (PSDB), até então desconhecido, assumiu o comando do Estado e passou a cumprir a agenda de compromissos oficiais do governo.
Em uma visita ao hospital Pérola Byington, na região central de São Paulo, Alckmin foi ciceroneado por funcionários que se referiam a ele como "governador". Sem reconhecê-lo, uma paciente comentou com uma amiga:
--Engraçado... Pessoalmente, o Mario Covas parece mais magro do que na TV!
Dilma decidiu encurtar a visita a Cuba para fechar a reforma ministerial até o fim do mês. Ela decolará de Havana no dia 28 para concluir as mudanças na equipe. Os pedidos do PMDB, que quer o sexto ministério, foram o principal tema da reunião de ontem com Lula. Segundo relatos, o ex-presidente defendeu que a sucessora atenda à sigla do vice Michel Temer. Dilma teria se mostrado mais disposta a acomodar PSD, PTB e Pros, que ampliarão seu tempo de TV na campanha.
Deputado, não Dilma já indicou ao PMDB que não quer nomear nenhum deputado do partido para o ministério. Assim, evita o compromisso de manter o novo auxiliar em 2015, caso se reeleja.
Os cordeiros A presidente só quer garantir a permanência de dois ministros que farão o "sacrifício" de não disputar eleições em outubro: Aloizio Mercadante (PT) e Aldo Rebelo (PC do B).
Minha vez Depois de anos como o número dois de Fernando Haddad e Mercadante, José Henrique Paim será ministro da Educação.
Contrapé O PT se surpreendeu com a decisão do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), de antecipar sua renúncia. O partido está irritado porque o vice Luiz Fernando Pezão ganhará mais 30 dias como titular.
Contra Pezão Os petistas se enervaram ainda mais porque Pezão, pré-candidato do PMDB, não descartou apoiar o tucano Aécio Neves. "Seria uma prova da ingratidão de Cabral com Dilma e Lula, depois de tudo o que fizeram pelo Rio", diz o deputado Alessandro Molon (PT-RJ).
Dupla dinâmica O presidenciável Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) encontrou um mote geográfico para a chapa com a ex-deputada Luciana Genro (PSOL-RS), que ele convidou ontem para sua vice: "Do Oiapoque ao Chuí".
Figuração O PSB de Eduardo Campos não fará muito esforço para encontrar candidatos competitivos aos governos de São Paulo e do Rio. A prioridade é reforçar o número do partido na TV.
Ex-verde No Rio, isso fortaleceria a ideia de lançar o deputado Alfredo Sirkis (PSB), que não quer se reeleger.
Voo solo A disputa por cargos no Ministério da Justiça tem novo alvo: a diretora-geral da Polícia Rodoviária Federal, Maria Alice Nascimento Souza. Dirigentes da Polícia Federal estão irritados com iniciativas de Maria Alice que estariam "atropelando" a corporação.
Papo-cabeça A UGT (União Geral dos Trabalhadores) não vai participar da festa do 1º de Maio com as outras centrais sindicais. Em vez de sortear prêmios e organizar shows, a entidade promete fazer seminários com palestrantes como o sociólogo espanhol Manuel Castells.
Lista VIP O deputado Paulinho da Força (SDD-SP) convidou a oposição em peso para seu aniversário, no dia 25, em São Paulo. Dirigentes do PSDB e do PSB serão maioria entre os políticos. No governo, uma das poucas exceções na lista é o ministro Aldo Rebelo (Esportes).
Na tela da TV O governador Geraldo Alckmin (PSDB) incluiu no programa de bônus a policiais, lançado ontem, um fator para incentivar a redução dos latrocínios. Para o tucano, os roubos seguidos de morte têm mais visibilidade na imprensa e turbinam a "sensação de insegurança" na população.
Deixa rolar A Secretaria de Segurança paulista diz que não vai tratar os "rolezinhos" como prioridade. No fim de semana, a polícia foi orientada novamente a não reprimir os movimentos.
TIROTEIO
"Os tucanos têm toda razão em reclamar. Realmente, é muito estranho uma mineira ir tanto a Minas. O Aécio que o diga!"
DO ATOR JOSÉ DE ABREU, filiado ao PT, sobre as queixas do PSDB contra a viagem de Dilma Rousseff a Minas Gerais, reduto do tucano Aécio Neves.
CONTRAPONTO
Ao vivo é diferente
Em 1998, o governador paulista Mario Covas (PSDB) se afastou do cargo para concorrer à reeleição. O vice Geraldo Alckmin (PSDB), até então desconhecido, assumiu o comando do Estado e passou a cumprir a agenda de compromissos oficiais do governo.
Em uma visita ao hospital Pérola Byington, na região central de São Paulo, Alckmin foi ciceroneado por funcionários que se referiam a ele como "governador". Sem reconhecê-lo, uma paciente comentou com uma amiga:
--Engraçado... Pessoalmente, o Mario Covas parece mais magro do que na TV!
MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO
FOLHA DE SP - 21/01
Com foco nas classes B e C, empresas constroem shopping em Juiz de Fora
O Grupo São Francisco --criado pela família mineira que vendeu em 2010 a rede de supermercados Bretas para o grupo chileno Cencosud por R$ 1,35 bilhão-- vai investir em um shopping em Juiz de Fora (MG).
Em parceria com a Traituba Empreendimentos e com a ABX Participações (de Antônio Arbex, executivo com passagem pela BRMalls e sócio da também empresa de shoppings Argo), a companhia aportará R$ 250 milhões no projeto, que inclui hotel e prédios comerciais.
No próximo mês, apenas o centro de compras, que receberá cerca de R$ 120 milhões em investimento, começará a ser construído.
"O hotel e os escritórios ficarão para uma segunda etapa, que será desenvolvida conforme a demanda pedir", diz Antônio Arbex.
"Do lado do shopping, está sendo erguido o Hospital Regional de Juiz de Fora. Com a inauguração dele [prevista para 2015], a região necessitará de um hotel."
De perfil econômico, o empreendimento deverá custar R$ 30 milhões e terá aproximadamente 120 quartos.
Todo o complexo será voltado para as classes B e C, segundo Arbex.
"Já existe um shopping na cidade que tem o público A/B como foco. A intenção é trabalhar na zona norte, que é uma área populosa de Juiz de Fora, mas carente de negócios organizados."
A conclusão das obras do shopping deverá ocorrer no segundo semestre de 2015. As empresas não definiram uma data para iniciar a construção do hotel e dos escritórios.
Cresce número de processos solucionados via arbitragem
O número de processos judiciais envolvendo arbitragem aumentou nos últimos anos, de acordo com escritórios de advocacia.
No Demarest Advogados, a quantidade duplicou nos últimos dois anos, segundo Marcelo Inglez de Souza, sócio da banca.
O motivo são as obras para a Copa e para a Olimpíada, ainda segundo Marcelo.
"Os contratos têm uma potencialidade de litígio muito grande, pois envolvem diversas partes", diz.
A visão é compartilhada, em escala maior, por Giovanni Nanni, sócio do TozziniFreire Advogados.
"O país inteiro virou um canteiro de obras", afirma.
No Machado Meyer, a estimativa é que os casos tenham triplicado desde 2011.
"Com a difusão da informação, as pessoas passaram a confiar mais na arbitragem para resolver as disputas", afirma a sócia da banca Eliane Carvalho.
"Aqui, a arbitragem é aplicada também em contratos comerciais e assuntos societários", acrescenta.
Os defensores citam como principal vantagem da arbitragem o tempo para resolução do caso, que, em média, leva um ano. Na Justiça comum, pode levar até sete.
HOSPEDAGEM CORPORATIVA
Representante no Brasil do grupo internacional Wyndham, a Vert vai lançar em Botucatu (SP) um novo hotel com a bandeira Ramada.
O projeto, em parceria com a construtora Resiplan, terá investimento de R$ 32 milhões, com previsão de entrega no início de 2016.
"Será um hotel com cem apartamentos num prédio enxuto, voltado principalmente para o público corporativo", diz Érica Drumond, diretora-presidente da rede.
"O município é uma das principais portas de entrada para o centro do Estado de São Paulo, por isso a gente acredita que há um grande potencial", afirma.
É a oitava cidade paulista a ter projetos anunciados --as anteriores foram Cruzeiro, Fernandópolis, Limeira, Osasco, São José Rio Preto, Tatuí e Ilhabela.
No início de janeiro, a empresa também assumiu a gestão de um hotel em Americana, cuja bandeira foi convertida para a Ramada.
Essa unidade receberá R$ 5 milhões em investimentos em estruturas de lazer e de convenções.
"O plano é inaugurar 12 novos hotéis até o fim de 2014", diz. Hoje, são cinco abertos em São Paulo, Minas Gerais, Rio e Espírito Santo.
SALDO POSITIVO
O número de trabalhadores formais no varejo da Grande São Paulo chegou a 1,023 milhão em novembro de 2013.
O volume é 1,6% maior que o registrado em novembro de 2012, quando o estoque de empregos havia superado pela primeira vez a marca de 1 milhão no setor.
Em novembro de 2013, foram contratados 50.742 profissionais e demitidos 41.409 --um saldo positivo de 9.333.
A rotatividade média da mão de obra no varejo ficou em 4,5%. Supermercados e lojas de vestuário apresentaram as maiores taxas.
Em relação a outubro de 2013, o saldo de postos de trabalho formais, que havia sido de 3.490, quase triplicou. O motivo foi a proximidade do Natal, segundo a FecomercioSP, que analisa os dados.
A abertura de vagas estava em desaceleração desde o fim de 2012, mas se recuperou no segundo semestre de 2013.
Risoto... A rede de restaurantes Risotto Mix planeja abrir 12 novas unidades neste ano. A empresa vai focar sua expansão em terminais de aeroportos, principalmente nos que receberão turistas para a Copa do Mundo.
Joia... A rede de lojas de chocolates Cacau Show fechou uma parceria com a Swarovski para o lançamento de uma linha conjunta de produtos voltados às mulheres.
Expansão digital A Vizury, que atua com serviços de marketing digital em comércio eletrônico, vai abrir um escritório no México. A unidade será responsável por coordenar ações no Chile, na Argentina e no Peru.
...no aeroporto A primeira loja desse modelo foi aberta em dezembro do ano passado em Guarulhos (SP). Hoje, a companhia tem 40 unidades e uma operação concentrada em praças de alimentação de shopping centers.
...doce Doces finos produzidos pela fabricante de chocolates serão comercializados em embalagens que terão peças feitas pela marca de joias, como pingentes.
Sala de aula A Evolute, de cursos profissionalizantes, pretende inaugurar 56 unidades em 2014. Cidades do interior são o principal alvo. Hoje, 60% das 104 franquias que a empresa tem estão em municípios pequenos.
Com foco nas classes B e C, empresas constroem shopping em Juiz de Fora
O Grupo São Francisco --criado pela família mineira que vendeu em 2010 a rede de supermercados Bretas para o grupo chileno Cencosud por R$ 1,35 bilhão-- vai investir em um shopping em Juiz de Fora (MG).
Em parceria com a Traituba Empreendimentos e com a ABX Participações (de Antônio Arbex, executivo com passagem pela BRMalls e sócio da também empresa de shoppings Argo), a companhia aportará R$ 250 milhões no projeto, que inclui hotel e prédios comerciais.
No próximo mês, apenas o centro de compras, que receberá cerca de R$ 120 milhões em investimento, começará a ser construído.
"O hotel e os escritórios ficarão para uma segunda etapa, que será desenvolvida conforme a demanda pedir", diz Antônio Arbex.
"Do lado do shopping, está sendo erguido o Hospital Regional de Juiz de Fora. Com a inauguração dele [prevista para 2015], a região necessitará de um hotel."
De perfil econômico, o empreendimento deverá custar R$ 30 milhões e terá aproximadamente 120 quartos.
Todo o complexo será voltado para as classes B e C, segundo Arbex.
"Já existe um shopping na cidade que tem o público A/B como foco. A intenção é trabalhar na zona norte, que é uma área populosa de Juiz de Fora, mas carente de negócios organizados."
A conclusão das obras do shopping deverá ocorrer no segundo semestre de 2015. As empresas não definiram uma data para iniciar a construção do hotel e dos escritórios.
Cresce número de processos solucionados via arbitragem
O número de processos judiciais envolvendo arbitragem aumentou nos últimos anos, de acordo com escritórios de advocacia.
No Demarest Advogados, a quantidade duplicou nos últimos dois anos, segundo Marcelo Inglez de Souza, sócio da banca.
O motivo são as obras para a Copa e para a Olimpíada, ainda segundo Marcelo.
"Os contratos têm uma potencialidade de litígio muito grande, pois envolvem diversas partes", diz.
A visão é compartilhada, em escala maior, por Giovanni Nanni, sócio do TozziniFreire Advogados.
"O país inteiro virou um canteiro de obras", afirma.
No Machado Meyer, a estimativa é que os casos tenham triplicado desde 2011.
"Com a difusão da informação, as pessoas passaram a confiar mais na arbitragem para resolver as disputas", afirma a sócia da banca Eliane Carvalho.
"Aqui, a arbitragem é aplicada também em contratos comerciais e assuntos societários", acrescenta.
Os defensores citam como principal vantagem da arbitragem o tempo para resolução do caso, que, em média, leva um ano. Na Justiça comum, pode levar até sete.
HOSPEDAGEM CORPORATIVA
Representante no Brasil do grupo internacional Wyndham, a Vert vai lançar em Botucatu (SP) um novo hotel com a bandeira Ramada.
O projeto, em parceria com a construtora Resiplan, terá investimento de R$ 32 milhões, com previsão de entrega no início de 2016.
"Será um hotel com cem apartamentos num prédio enxuto, voltado principalmente para o público corporativo", diz Érica Drumond, diretora-presidente da rede.
"O município é uma das principais portas de entrada para o centro do Estado de São Paulo, por isso a gente acredita que há um grande potencial", afirma.
É a oitava cidade paulista a ter projetos anunciados --as anteriores foram Cruzeiro, Fernandópolis, Limeira, Osasco, São José Rio Preto, Tatuí e Ilhabela.
No início de janeiro, a empresa também assumiu a gestão de um hotel em Americana, cuja bandeira foi convertida para a Ramada.
Essa unidade receberá R$ 5 milhões em investimentos em estruturas de lazer e de convenções.
"O plano é inaugurar 12 novos hotéis até o fim de 2014", diz. Hoje, são cinco abertos em São Paulo, Minas Gerais, Rio e Espírito Santo.
SALDO POSITIVO
O número de trabalhadores formais no varejo da Grande São Paulo chegou a 1,023 milhão em novembro de 2013.
O volume é 1,6% maior que o registrado em novembro de 2012, quando o estoque de empregos havia superado pela primeira vez a marca de 1 milhão no setor.
Em novembro de 2013, foram contratados 50.742 profissionais e demitidos 41.409 --um saldo positivo de 9.333.
A rotatividade média da mão de obra no varejo ficou em 4,5%. Supermercados e lojas de vestuário apresentaram as maiores taxas.
Em relação a outubro de 2013, o saldo de postos de trabalho formais, que havia sido de 3.490, quase triplicou. O motivo foi a proximidade do Natal, segundo a FecomercioSP, que analisa os dados.
A abertura de vagas estava em desaceleração desde o fim de 2012, mas se recuperou no segundo semestre de 2013.
Risoto... A rede de restaurantes Risotto Mix planeja abrir 12 novas unidades neste ano. A empresa vai focar sua expansão em terminais de aeroportos, principalmente nos que receberão turistas para a Copa do Mundo.
Joia... A rede de lojas de chocolates Cacau Show fechou uma parceria com a Swarovski para o lançamento de uma linha conjunta de produtos voltados às mulheres.
Expansão digital A Vizury, que atua com serviços de marketing digital em comércio eletrônico, vai abrir um escritório no México. A unidade será responsável por coordenar ações no Chile, na Argentina e no Peru.
...no aeroporto A primeira loja desse modelo foi aberta em dezembro do ano passado em Guarulhos (SP). Hoje, a companhia tem 40 unidades e uma operação concentrada em praças de alimentação de shopping centers.
...doce Doces finos produzidos pela fabricante de chocolates serão comercializados em embalagens que terão peças feitas pela marca de joias, como pingentes.
Sala de aula A Evolute, de cursos profissionalizantes, pretende inaugurar 56 unidades em 2014. Cidades do interior são o principal alvo. Hoje, 60% das 104 franquias que a empresa tem estão em municípios pequenos.
Etanol - beco sem saída - XICO GRAZIANO
O Estado de S.Paulo - 21/01
Pasmem: o Brasil está importando etanol dos Estados Unidos! O país que inventou o Proálcool, pátria dos veículos flex, o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, anda de marcha à ré no combustível renovável. Primeiro incentivou, depois maltratou sua destilaria, dando prioridade à poluente gasolina. Um vexame internacional.
Navios carregados de álcool anidro norte-americano começaram a descarregar 100 milhões de litros no Porto de Itaqui (Maranhão). É somente o começo, destinado ao abastecimento do Nordeste. No total, as importações serão bem mais volumosas. Para facilitar, o governo Dilma desonerou de impostos (PIS e Cofins) as compras de etanol no exterior, dando um tapa na cara dos produtores nacionais. Surreal.
Há décadas, na agenda planetária os combustíveis renováveis começaram a se impor nos transportes, preliminarmente, por causa do encarecimento do petróleo. Recentemente, com a ameaça do aquecimento global, nações investiram na busca de energias alternativas, ambientalmente vantajosas diante das de origem fóssil. O sonho dos países desenvolvidos, liderados pela Europa, é esverdear sua matriz energética utilizando fontes solares, eólicas ou oriundas da biomassa. Todos avançaram nas energias chamadas limpas. Aqui andamos para trás.
Tudo caminhava bem. Eleito o PT, no seu primeiro mandato o presidente Lula recebeu George W. Bush usando o boné dos usineiros. Interessado em abastecer o crescente mercado dos Estados Unidos, o setor sucroalcooleiro nacional estava animado. O etanol brasileiro, mais competitivo, ganharia o mundo. Nesse contexto vitorioso, as montadoras lançaram, em 2003, os carros flex, dando mais segurança aos consumidores. Em cinco anos a quilometragem rodada por veículos movidos a etanol ultrapassou os a gasolina, trazendo grande vantagem ecológica. Segundo Décio Gazzoni (Embrapa), especialista em agroenergia, as emissões líquidas de CO2 equivalente causadas pela queima de um litro de etanol somam apenas 400 gramas, ante 2.220 gramas da gasolina. Além da redução do desmatamento na Amazônia, o País também contribuía para a agenda do clima reduzindo as emissões de CO2 na atmosfera em razão do efeito substituição da gasolina pelo etanol. Show de bola.
A partir de 2009, surpreendentemente, entramos na contramão da História. Uma trágica concepção da política pública levou o governo Lula a dar prioridade à a gasolina da Petrobrás, em detrimento do álcool combustível. Ninguém sabe explicar ao certo os motivos dessa reversão. Houve, isso é patente, uma contenção artificial dos preços da gasolina, impedindo, por tabela, o etanol de remunerar seus custos de produção. Pode ter segurado a inflação. Mas quebrou a Petrobrás e faliu o setor sucroenergético nacional. Ao invés de dominar o mercado exportador, o Brasil tornou-se importador de etanol. De milho.
Influenciados pelo movimento ambientalista, os norte-americanos, na Califórnia especialmente, decidiram apostar no combustível alternativo. Sua acertada escolha, porém, exigiu uma mudança técnica com relação ao Brasil: utilizar o grão de milho, e não o caldo da cana-de-açúcar, nas destilarias. Por que razão? Acontece que o cultivo da cana-de-açúcar é próprio das regiões tropicais, onde as lavouras permanecem no terreno por vários anos, sucessivamente colhidas. Nos países temperados, o frio intenso do inverno interrompe o cultivo contínuo dos campos.
Do Golfo do México para cima, geograficamente, as condições climáticas tornam-se restritivas para as espécies vegetais cultivadas de forma "semipermanente", como a cana. Somente sobrevivem ao período gelado as plantas que perdem as folhas sazonalmente, como as frutíferas, por exemplo. Ou certas árvores adaptadas, como os pinheiros. Basta olhar as recentes tempestades de neve nos EUA para verificar a interrupção do ciclo agrícola. Nenhum canavial resistiria àquelas baixas temperaturas.
Sobrou para os gringos triturarem o milho nas destilarias. Colhidas as lavouras e estocados os grãos, o armazenamento permite estender seu consumo meses afora. Montanhas de milho aguardam a hora de ser moídas e fermentadas nas dornas, produzindo o álcool que o mundo adotou como etanol.
Qualquer matéria-prima contendo açúcares ou carboidratos pode sofrer fermentação. Nesse processo químico-biológico, conduzido por bactérias em condições anaeróbicas, o rendimento final é variável. É aqui que o etanol brasileiro vence de goleada seu similar oriundo do milho. Na média, um hectare plantado com cana gera 7.200 litros de etanol; com milho, a mesma área produz 3.100 litros. Essa maior produtividade energética se reflete nos custos e na contabilidade ambiental. Em 2009 a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos divulgou parecer comprovando que o uso do etanol de cana como substituto da gasolina permitiria uma redução de 44% nas emissões de gases-estufa. Com o milho, cairia para apenas 16%. Tudo conspirou a favor do Brasil.
Mas saiu errado. Após um período de forte expansão, com grandes investimentos, chegou a pasmaceira, seguida da quebradeira. Em vez do sucesso, seguiu-se o desânimo. Os carros flex passaram a encher o tanque com gasolina. No interior do País, entre 385 unidades, 100 encontram-se endividadas, praticamente paralisadas ou fecharam as portas. Dezenas de projetos nem saíram do papel. Frustração total.
Lula, em nome do populismo, destruiu uma das maiores invenções brasileira. As importações de etanol de milho do Brasil configuram o maior fracasso mundial de uma política pública na área da energia renovável. Dilma Rousseff, pregressa ministra de Energia, adota discursos contemporizadores. Está, na verdade, num beco sem saída.
Pasmem: o Brasil está importando etanol dos Estados Unidos! O país que inventou o Proálcool, pátria dos veículos flex, o maior produtor mundial de cana-de-açúcar, anda de marcha à ré no combustível renovável. Primeiro incentivou, depois maltratou sua destilaria, dando prioridade à poluente gasolina. Um vexame internacional.
Navios carregados de álcool anidro norte-americano começaram a descarregar 100 milhões de litros no Porto de Itaqui (Maranhão). É somente o começo, destinado ao abastecimento do Nordeste. No total, as importações serão bem mais volumosas. Para facilitar, o governo Dilma desonerou de impostos (PIS e Cofins) as compras de etanol no exterior, dando um tapa na cara dos produtores nacionais. Surreal.
Há décadas, na agenda planetária os combustíveis renováveis começaram a se impor nos transportes, preliminarmente, por causa do encarecimento do petróleo. Recentemente, com a ameaça do aquecimento global, nações investiram na busca de energias alternativas, ambientalmente vantajosas diante das de origem fóssil. O sonho dos países desenvolvidos, liderados pela Europa, é esverdear sua matriz energética utilizando fontes solares, eólicas ou oriundas da biomassa. Todos avançaram nas energias chamadas limpas. Aqui andamos para trás.
Tudo caminhava bem. Eleito o PT, no seu primeiro mandato o presidente Lula recebeu George W. Bush usando o boné dos usineiros. Interessado em abastecer o crescente mercado dos Estados Unidos, o setor sucroalcooleiro nacional estava animado. O etanol brasileiro, mais competitivo, ganharia o mundo. Nesse contexto vitorioso, as montadoras lançaram, em 2003, os carros flex, dando mais segurança aos consumidores. Em cinco anos a quilometragem rodada por veículos movidos a etanol ultrapassou os a gasolina, trazendo grande vantagem ecológica. Segundo Décio Gazzoni (Embrapa), especialista em agroenergia, as emissões líquidas de CO2 equivalente causadas pela queima de um litro de etanol somam apenas 400 gramas, ante 2.220 gramas da gasolina. Além da redução do desmatamento na Amazônia, o País também contribuía para a agenda do clima reduzindo as emissões de CO2 na atmosfera em razão do efeito substituição da gasolina pelo etanol. Show de bola.
A partir de 2009, surpreendentemente, entramos na contramão da História. Uma trágica concepção da política pública levou o governo Lula a dar prioridade à a gasolina da Petrobrás, em detrimento do álcool combustível. Ninguém sabe explicar ao certo os motivos dessa reversão. Houve, isso é patente, uma contenção artificial dos preços da gasolina, impedindo, por tabela, o etanol de remunerar seus custos de produção. Pode ter segurado a inflação. Mas quebrou a Petrobrás e faliu o setor sucroenergético nacional. Ao invés de dominar o mercado exportador, o Brasil tornou-se importador de etanol. De milho.
Influenciados pelo movimento ambientalista, os norte-americanos, na Califórnia especialmente, decidiram apostar no combustível alternativo. Sua acertada escolha, porém, exigiu uma mudança técnica com relação ao Brasil: utilizar o grão de milho, e não o caldo da cana-de-açúcar, nas destilarias. Por que razão? Acontece que o cultivo da cana-de-açúcar é próprio das regiões tropicais, onde as lavouras permanecem no terreno por vários anos, sucessivamente colhidas. Nos países temperados, o frio intenso do inverno interrompe o cultivo contínuo dos campos.
Do Golfo do México para cima, geograficamente, as condições climáticas tornam-se restritivas para as espécies vegetais cultivadas de forma "semipermanente", como a cana. Somente sobrevivem ao período gelado as plantas que perdem as folhas sazonalmente, como as frutíferas, por exemplo. Ou certas árvores adaptadas, como os pinheiros. Basta olhar as recentes tempestades de neve nos EUA para verificar a interrupção do ciclo agrícola. Nenhum canavial resistiria àquelas baixas temperaturas.
Sobrou para os gringos triturarem o milho nas destilarias. Colhidas as lavouras e estocados os grãos, o armazenamento permite estender seu consumo meses afora. Montanhas de milho aguardam a hora de ser moídas e fermentadas nas dornas, produzindo o álcool que o mundo adotou como etanol.
Qualquer matéria-prima contendo açúcares ou carboidratos pode sofrer fermentação. Nesse processo químico-biológico, conduzido por bactérias em condições anaeróbicas, o rendimento final é variável. É aqui que o etanol brasileiro vence de goleada seu similar oriundo do milho. Na média, um hectare plantado com cana gera 7.200 litros de etanol; com milho, a mesma área produz 3.100 litros. Essa maior produtividade energética se reflete nos custos e na contabilidade ambiental. Em 2009 a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos divulgou parecer comprovando que o uso do etanol de cana como substituto da gasolina permitiria uma redução de 44% nas emissões de gases-estufa. Com o milho, cairia para apenas 16%. Tudo conspirou a favor do Brasil.
Mas saiu errado. Após um período de forte expansão, com grandes investimentos, chegou a pasmaceira, seguida da quebradeira. Em vez do sucesso, seguiu-se o desânimo. Os carros flex passaram a encher o tanque com gasolina. No interior do País, entre 385 unidades, 100 encontram-se endividadas, praticamente paralisadas ou fecharam as portas. Dezenas de projetos nem saíram do papel. Frustração total.
Lula, em nome do populismo, destruiu uma das maiores invenções brasileira. As importações de etanol de milho do Brasil configuram o maior fracasso mundial de uma política pública na área da energia renovável. Dilma Rousseff, pregressa ministra de Energia, adota discursos contemporizadores. Está, na verdade, num beco sem saída.
O ponto na China - MIRIAM LEITÃO
O GLOBO - 21/01
A China crescer menos um ponto depois da vírgula não tem importância nenhuma. Mesmo assim, as notícias chinesas preocupavam ontem. Não é o número do PIB do quarto trimestre o que prende a atenção, mas o do endividamento, que bateu em 200% do PIB e cresceu rapidamente com a estratégia de combater a crise de 2008.
O país divulgou ontem que o crescimento do quarto trimestre foi 0,1 ponto percentual menor do que no trimestre anterior. Na comparação com o mesmo período do ano passado, a China cresceu 7,7% em outubro, novembro e dezembro. Nos três meses anteriores havia sido 7,8%, também na comparação com 2012. Não é nada, principalmente se for levado em conta que no começo do ano passado o maior temor era que a segunda maior economia do mundo fosse ter um pouso forçado. Agora, prevê-se para o ano que vem 7,4%. Um decréscimo pequeno no ritmo de crescimento.
O problema da China não é o que se sabe, mas o que não se sabe. O sistema bancário chinês, todo estatal, tem uma parte de sua contabilidade nas sombras. Ninguém sabe exatamente qual o tamanho dos rombos dos bancos chineses, apesar dos salvamentos feitos nos últimos anos nas maiores instituições financeiras.
O total de dívida contabilizada das firmas, pessoas, entes estatais com os bancos e entre o próprio sistema bancário era de 130% antes da crise de 2008. Era alto, mas tinha ficado estável nesse percentual na década. Com os juros baixos e a alta taxa de poupança, isso não preocupava. O problema é que de lá para cá saltou para 200% do PIB. E tem um sistema regulatório muito frouxo, conforme avaliou ontem o “Financial Times”.
Em parte, o crescimento da dívida/PIB foi consequência do esforço do governo de estimular o consumo interno para depender menos do mundo, e, em parte, foi outro esforço do governo para manter a economia crescendo, aumentando o investimento em infraestrutura, mesmo que ela não seja necessária. São frequentes as notícias de cidades fantasmas, elefantes brancos, prédios vazios construídos nos últimos anos para manter a máquina de construir funcionando. Foi ótimo para o Brasil e as nossas exportações de commodities, mas a China terá que, em algum momento, fazer um ajuste.
Os novos dirigentes do país estão avisando que anunciarão reformas para enfrentar os riscos criados por esse crescimento mantido através de muito investimento e muito endividamento. Esse número, de 200% do PIB, é imenso e pode não ser tudo. Há uma parte da contabilidade do sistema bancário que permanece na sombra.
No que nos diz respeito, tudo o que acontece por lá é importante. A China é nosso maior comprador e com ela temos um enorme superávit. Nossas exportações estão muito concentradas em commodities e se houver redução de investimento em infra-estrutura pelo menos o minério de ferro deve sofrer. As commodities agrícolas continuarão sendo compradas pelos chineses.
O chefe da divisão do FMI que cuida de China, Steven Barnett, disse que o crédito para consumo, ou o crédito tomado para investir, acaba ficando ineficiente com o passar do tempo como estratégia para impulsionar o crescimento. A partir de um certo ponto, o que acontece é o crescimento do risco.
A China continuará crescendo a taxas que todo o mundo inveja, mas tem acumulado desequilíbrios muito grandes. E são esses que preocupam, e não uma redução de 0,1 ponto percentual na taxa anual de crescimento ou de 0,3 no ano que vem. Como a China vai consertar a turbina mantendo o avião em pleno voo?
Segundo o “FT”, uma das diretrizes que buscam no novo modelo de crescimento a ser anunciado no próximo congresso do Partido Comunista, em novembro, é a mudança para um modelo menos polui-dor, mais balanceado e mais sustentável. Um dos objetivos é fortalecer mais a economia de serviços.
Como a China é um regime fechado, fica sempre a suspeita de que não foi dita toda a verdade. E é por isso que o salto de endividamento de 130% do PIB para 200% em cinco anos assusta muito. É que ele pode ser ainda maior, se tudo o que está na sombra for contabilizado.
A China crescer menos um ponto depois da vírgula não tem importância nenhuma. Mesmo assim, as notícias chinesas preocupavam ontem. Não é o número do PIB do quarto trimestre o que prende a atenção, mas o do endividamento, que bateu em 200% do PIB e cresceu rapidamente com a estratégia de combater a crise de 2008.
O país divulgou ontem que o crescimento do quarto trimestre foi 0,1 ponto percentual menor do que no trimestre anterior. Na comparação com o mesmo período do ano passado, a China cresceu 7,7% em outubro, novembro e dezembro. Nos três meses anteriores havia sido 7,8%, também na comparação com 2012. Não é nada, principalmente se for levado em conta que no começo do ano passado o maior temor era que a segunda maior economia do mundo fosse ter um pouso forçado. Agora, prevê-se para o ano que vem 7,4%. Um decréscimo pequeno no ritmo de crescimento.
O problema da China não é o que se sabe, mas o que não se sabe. O sistema bancário chinês, todo estatal, tem uma parte de sua contabilidade nas sombras. Ninguém sabe exatamente qual o tamanho dos rombos dos bancos chineses, apesar dos salvamentos feitos nos últimos anos nas maiores instituições financeiras.
O total de dívida contabilizada das firmas, pessoas, entes estatais com os bancos e entre o próprio sistema bancário era de 130% antes da crise de 2008. Era alto, mas tinha ficado estável nesse percentual na década. Com os juros baixos e a alta taxa de poupança, isso não preocupava. O problema é que de lá para cá saltou para 200% do PIB. E tem um sistema regulatório muito frouxo, conforme avaliou ontem o “Financial Times”.
Em parte, o crescimento da dívida/PIB foi consequência do esforço do governo de estimular o consumo interno para depender menos do mundo, e, em parte, foi outro esforço do governo para manter a economia crescendo, aumentando o investimento em infraestrutura, mesmo que ela não seja necessária. São frequentes as notícias de cidades fantasmas, elefantes brancos, prédios vazios construídos nos últimos anos para manter a máquina de construir funcionando. Foi ótimo para o Brasil e as nossas exportações de commodities, mas a China terá que, em algum momento, fazer um ajuste.
Os novos dirigentes do país estão avisando que anunciarão reformas para enfrentar os riscos criados por esse crescimento mantido através de muito investimento e muito endividamento. Esse número, de 200% do PIB, é imenso e pode não ser tudo. Há uma parte da contabilidade do sistema bancário que permanece na sombra.
No que nos diz respeito, tudo o que acontece por lá é importante. A China é nosso maior comprador e com ela temos um enorme superávit. Nossas exportações estão muito concentradas em commodities e se houver redução de investimento em infra-estrutura pelo menos o minério de ferro deve sofrer. As commodities agrícolas continuarão sendo compradas pelos chineses.
O chefe da divisão do FMI que cuida de China, Steven Barnett, disse que o crédito para consumo, ou o crédito tomado para investir, acaba ficando ineficiente com o passar do tempo como estratégia para impulsionar o crescimento. A partir de um certo ponto, o que acontece é o crescimento do risco.
A China continuará crescendo a taxas que todo o mundo inveja, mas tem acumulado desequilíbrios muito grandes. E são esses que preocupam, e não uma redução de 0,1 ponto percentual na taxa anual de crescimento ou de 0,3 no ano que vem. Como a China vai consertar a turbina mantendo o avião em pleno voo?
Segundo o “FT”, uma das diretrizes que buscam no novo modelo de crescimento a ser anunciado no próximo congresso do Partido Comunista, em novembro, é a mudança para um modelo menos polui-dor, mais balanceado e mais sustentável. Um dos objetivos é fortalecer mais a economia de serviços.
Como a China é um regime fechado, fica sempre a suspeita de que não foi dita toda a verdade. E é por isso que o salto de endividamento de 130% do PIB para 200% em cinco anos assusta muito. É que ele pode ser ainda maior, se tudo o que está na sombra for contabilizado.
O convescote dos "inconfiáveis" - CLÓVIS ROSSI
FOLHA DE SP - 21/01
Davos começa com pesquisa que mostra desconfiança do público nos governos e na turma do "business"
DAVOS -- O grande convescote da elite global começa amanhã em Davos, com uma péssima notícia para esse público, em especial para os governantes: a maioria da sociedade (56%) não confia nos governos.
Mas, atenção, tampouco tem grande confiança nas corporações, justamente as que sustentam o Fórum Econômico Mundial. São dados do Barômetro Elderman de Confiança, pesquisa feita anualmente e que desta vez ouviu 33 mil pessoas em 27 países, Brasil inclusive.
Por falar em Brasil, o governo até que se sai bem: 57% confiam nele, dois pontos acima de 2013.
O dado mais chocante para o empresariado é o fato de que, embora o nível geral de confiança no "business" permaneça firme em 58%, a pesquisa mostrou que dos oito grupos de cidadãos monitorados, só funcionários governamentais são menos confiáveis que os CEOs (executivos-chefes), a palavra que mais se ouve em Davos.
Ganham as pessoas comuns, especialmente os acadêmicos, seguidos pelos peritos técnicos e por empregados normais.
Talvez ainda mais chocante seja o fato de que, em muitos países, em situação de crise, os pesquisados preferem a informação de um empregado em vez da de um CEO.
Na Espanha, por exemplo, o placar é de 41% a 13% em favor dos mortais comuns contra os "big bosses". Mesmo nos EUA, em que o sucesso se mede geralmente pela ascensão na carreira, há um virtual empate entre os que preferem informações dos executivos (31%) e o que recorreriam, na crise, a um empregado (29%).
Não são dados que me surpreendam. Frequentador de Davos há 22 anos, fui testemunha ocular do tratamento que os CEOs (e o próprio Fórum) davam a Nouriel Roubini, tido como o único mago capaz de ter previsto a grande crise de 2008/09.
Até a eclosão da crise, ele era o profeta do apocalipse, ano após ano, mas ninguém lhe dava bola. Ficava no mesmo hotel que um mero jornalista de país emergente (eu), um três estrelas familiar. No café da manhã, Roubini estava sempre só, lendo seu "Financial Times".
O que concluir dessas cenas? Que os executivos não tinham a mais leve noção de que Roubini poderia estar certo. Depois que caiu o raio em um céu que a elite via azul, Roubini mudou de hotel e sua agenda ficou sobrecarregada. Passou a ser tratado como adivinho, coisa que não é, mesmo porque em economia é impossível adivinhar.
Por falar nisso, em Davos como em outras plateias, os últimos anos foram marcados pela sensação de que a ascensão dos emergentes era imparável. Neste ano, o humor está mudando, como constata Ruchir Sharma, chefe de mercados emergentes e de macroeconomia global da Morgan Stanley: no meio da década passada, a taxa média de crescimento dos mercados emergentes bateu em 7% ao ano pela primeira vez na história e levou os que fazem previsões a bombar as implicações.
Acontece que, em 2013, o crescimento médio caiu de volta para 4%.
Só falta agora acreditar que essa queda é para sempre e que a moda dos emergentes acabou. Será ou apenas entrou no modo "pausa"? A ver.
Davos começa com pesquisa que mostra desconfiança do público nos governos e na turma do "business"
DAVOS -- O grande convescote da elite global começa amanhã em Davos, com uma péssima notícia para esse público, em especial para os governantes: a maioria da sociedade (56%) não confia nos governos.
Mas, atenção, tampouco tem grande confiança nas corporações, justamente as que sustentam o Fórum Econômico Mundial. São dados do Barômetro Elderman de Confiança, pesquisa feita anualmente e que desta vez ouviu 33 mil pessoas em 27 países, Brasil inclusive.
Por falar em Brasil, o governo até que se sai bem: 57% confiam nele, dois pontos acima de 2013.
O dado mais chocante para o empresariado é o fato de que, embora o nível geral de confiança no "business" permaneça firme em 58%, a pesquisa mostrou que dos oito grupos de cidadãos monitorados, só funcionários governamentais são menos confiáveis que os CEOs (executivos-chefes), a palavra que mais se ouve em Davos.
Ganham as pessoas comuns, especialmente os acadêmicos, seguidos pelos peritos técnicos e por empregados normais.
Talvez ainda mais chocante seja o fato de que, em muitos países, em situação de crise, os pesquisados preferem a informação de um empregado em vez da de um CEO.
Na Espanha, por exemplo, o placar é de 41% a 13% em favor dos mortais comuns contra os "big bosses". Mesmo nos EUA, em que o sucesso se mede geralmente pela ascensão na carreira, há um virtual empate entre os que preferem informações dos executivos (31%) e o que recorreriam, na crise, a um empregado (29%).
Não são dados que me surpreendam. Frequentador de Davos há 22 anos, fui testemunha ocular do tratamento que os CEOs (e o próprio Fórum) davam a Nouriel Roubini, tido como o único mago capaz de ter previsto a grande crise de 2008/09.
Até a eclosão da crise, ele era o profeta do apocalipse, ano após ano, mas ninguém lhe dava bola. Ficava no mesmo hotel que um mero jornalista de país emergente (eu), um três estrelas familiar. No café da manhã, Roubini estava sempre só, lendo seu "Financial Times".
O que concluir dessas cenas? Que os executivos não tinham a mais leve noção de que Roubini poderia estar certo. Depois que caiu o raio em um céu que a elite via azul, Roubini mudou de hotel e sua agenda ficou sobrecarregada. Passou a ser tratado como adivinho, coisa que não é, mesmo porque em economia é impossível adivinhar.
Por falar nisso, em Davos como em outras plateias, os últimos anos foram marcados pela sensação de que a ascensão dos emergentes era imparável. Neste ano, o humor está mudando, como constata Ruchir Sharma, chefe de mercados emergentes e de macroeconomia global da Morgan Stanley: no meio da década passada, a taxa média de crescimento dos mercados emergentes bateu em 7% ao ano pela primeira vez na história e levou os que fazem previsões a bombar as implicações.
Acontece que, em 2013, o crescimento médio caiu de volta para 4%.
Só falta agora acreditar que essa queda é para sempre e que a moda dos emergentes acabou. Será ou apenas entrou no modo "pausa"? A ver.
O naco do Leão - CELSO MING
O Estado de S.Paulo - 21/01
Ontem a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) publicou relatório no qual demonstra que, na América Latina, apenas a Argentina tem carga tributária maior do que o Brasil (veja o gráfico). O brasileiro trabalha 4 meses e 10 dias por ano só para sustentar seu governo. A OCDE confirma o que já se conhecia por aqui.
Outros indicadores também mostram o avanço da Receita sobre o bolso do contribuinte. Um cálculo do Dieese, em 2002, concluiu que o contribuinte brasileiro entrega um carro a cada cinco anos para o governo (dependendo do tipo de carro) em impostos que incidem sobre a compra e a manutenção. Nessa conta não entram as multas, transformadas em outra enorme fonte de arrecadação para os governos. Apenas em Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), de 4% do valor do veículo, o proprietário dá um carro ao governador equivalente ao seu a cada 25 anos.
Tudo o que se refere à carga tributária é questão politicamente relevante. Desde os tempos de Troia, guerras e revoltas têm, frequentemente, duas causas principais: mulher (veja o Confira) e imposto. No Brasil, a Inconfidência Mineira, o embrião da Independência, aconteceu pelos impostos excessivos em ouro (derrama) cobrados pela Coroa de Portugal.
No Brasil, a carga tributária não é apenas excessiva pelo volume da abocanhada, mas sobretudo por duas outras razões: baixo retorno e má qualidade do sistema tributário.
Há uma antiga e nunca encerrada discussão sobre o tamanho ideal do Estado. Mentalidades de orientação social-democrata querem um Estado com grande capacidade de intervenção e, especialmente, para dar cobertura a vastas instituições de seguro social. Por isso, precisam também de receitas correspondentes. E há as sociedades mais liberais que preferem menos intervenção estatal e que deixam para as famílias diversas despesas, como educação, saúde e reservas para os tempos de baixo emprego. Não dá para dizer que um sistema seja melhor do que o outro. É questão de escolha democrática.
Também não dá para justificar a carga tributária elevada no Brasil com o argumento de que a opção democrática foi por um Estado propulsionador do bem-estar social, porque não conta com a contrapartida de qualidade de serviços públicos. É o que tanto se repete: o Brasil tem carga tributária de país europeu e qualidade de serviços de país africano.
Outra questão é a complexidade e irracionalidade do sistema tributário. O caos em que estão as leis e regulamentações torna caro e infernal o pagamento de impostos no Brasil. Há mais de 30 anos se multiplicam propostas de reforma tributária que não avançam porque ninguém quer arcar com os custos da adoção de um sistema mais simples. Além disso, a coisa não anda porque essa simplificação tiraria poder dos arrecadadores que, na confusão, conseguem impor seus critérios, em geral, arbitrários.
Ontem a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) publicou relatório no qual demonstra que, na América Latina, apenas a Argentina tem carga tributária maior do que o Brasil (veja o gráfico). O brasileiro trabalha 4 meses e 10 dias por ano só para sustentar seu governo. A OCDE confirma o que já se conhecia por aqui.
Outros indicadores também mostram o avanço da Receita sobre o bolso do contribuinte. Um cálculo do Dieese, em 2002, concluiu que o contribuinte brasileiro entrega um carro a cada cinco anos para o governo (dependendo do tipo de carro) em impostos que incidem sobre a compra e a manutenção. Nessa conta não entram as multas, transformadas em outra enorme fonte de arrecadação para os governos. Apenas em Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), de 4% do valor do veículo, o proprietário dá um carro ao governador equivalente ao seu a cada 25 anos.
Tudo o que se refere à carga tributária é questão politicamente relevante. Desde os tempos de Troia, guerras e revoltas têm, frequentemente, duas causas principais: mulher (veja o Confira) e imposto. No Brasil, a Inconfidência Mineira, o embrião da Independência, aconteceu pelos impostos excessivos em ouro (derrama) cobrados pela Coroa de Portugal.
No Brasil, a carga tributária não é apenas excessiva pelo volume da abocanhada, mas sobretudo por duas outras razões: baixo retorno e má qualidade do sistema tributário.
Há uma antiga e nunca encerrada discussão sobre o tamanho ideal do Estado. Mentalidades de orientação social-democrata querem um Estado com grande capacidade de intervenção e, especialmente, para dar cobertura a vastas instituições de seguro social. Por isso, precisam também de receitas correspondentes. E há as sociedades mais liberais que preferem menos intervenção estatal e que deixam para as famílias diversas despesas, como educação, saúde e reservas para os tempos de baixo emprego. Não dá para dizer que um sistema seja melhor do que o outro. É questão de escolha democrática.
Também não dá para justificar a carga tributária elevada no Brasil com o argumento de que a opção democrática foi por um Estado propulsionador do bem-estar social, porque não conta com a contrapartida de qualidade de serviços públicos. É o que tanto se repete: o Brasil tem carga tributária de país europeu e qualidade de serviços de país africano.
Outra questão é a complexidade e irracionalidade do sistema tributário. O caos em que estão as leis e regulamentações torna caro e infernal o pagamento de impostos no Brasil. Há mais de 30 anos se multiplicam propostas de reforma tributária que não avançam porque ninguém quer arcar com os custos da adoção de um sistema mais simples. Além disso, a coisa não anda porque essa simplificação tiraria poder dos arrecadadores que, na confusão, conseguem impor seus critérios, em geral, arbitrários.
Nem maior nem menor, apenas diferente - VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SP - 21/01
Nova pesquisa do IBGE não nega boa situação do emprego nem sustenta críticas ao governo
HOUVE ALGUM zum-zum a respeito das novas medidas de emprego e desemprego divulgadas na semana passada pelo IBGE. A nova pesquisa, a Pnad-Contínua, vai, entre outras coisas, divulgar uma taxa trimestral de desemprego, substituindo a PME (Pesquisa Mensal de Emprego) até o final do ano.
O que mais se leu a respeito foi: 1) a taxa de desemprego no Brasil "subiu" ou "era maior do que a estimada"; 2) o Brasil não vive situação de "pleno" emprego, pois a taxa de desemprego está mais para 7,5% (da nova pesquisa) do que para os 5% na medida da PME; 3) como muitos estão fora da força de trabalho, o desemprego é potencialmente enorme.
Primeiro, o desemprego nem subiu nem caiu. A nova pesquisa mede coisas diferentes de modos diferentes, o que torna sem sentido a comparação. Trata-se agora de muito mais domicílios, muito mais cidades, numa investigação muito mais bem distribuída pelo país, não de só seis metrópoles, como até agora.
Além do mais, há diferenças, algumas sutis, no acompanhamento dos domicílios ao longo do ano, na definição de população em idade de trabalhar e desocupada. Como desemprego é a proporção de desocupados na força de trabalho, qualquer redefinição de "ocupado", "desocupado", "força de trabalho" muda a conta.
Afirmar que o desemprego "subiu" equivale a dizer que a pesquisa antiga do IBGE "mentia" porque a taxa de desemprego aberto da Pesquisa de Emprego e Desemprego (Seade-Dieese) está na casa de 7,5%, e a do IBGE, em 5% (ou vice-versa). Mas são pesquisas diferentes, com definições, perguntas e respostas diferentes.
Segundo, pode haver "pleno emprego" com taxa de desemprego de 4%, 6%, 8% ou "x"%; a taxa varia de acordo com tempo e lugar. Trata-se de medida difícil, mas, para a maioria dos economistas (os "padrão"), o conceito leva em conta a variação de desemprego, salários e produtividade.
Trata-se de uma taxa de desemprego a partir da qual há aceleração da inflação (em tese, desemprego baixo "demais" propicia alta de salários, e daí alta de custos, "tudo mais constante").
Como a nova pesquisa ainda não divulga dados de salários, tão cedo não vamos saber da variação de salário e emprego; vamos saber ainda menos da produtividade, pois essa medida de "eficiência" da economia não é muito confiável em períodos curtos de tempo. Mesmo com os dados da atual pesquisa, há controvérsia (ora cada vez menor) sobre o que é "pleno emprego" (nos EUA, houve tal polêmica em torno do ano 2000, que se repete agora, no pós-crise)
O número do desemprego é maior na Pnad-Contínua do que na PME por motivos quase intuitivos. A nova pesquisa estuda agora regiões de economia muito mais precária, de baixa oferta de oportunidades ou onde as pessoas são por algum motivo incapazes de procurar trabalho em outro lugar.
Terceiro e enfim: há milhões fora da força de trabalho; se quiserem trabalho, o desemprego "explode", se disse.
Certo há milhões fora da força de trabalho em quase qualquer país. A proporção de gente na força de trabalho depende das características da economia, das famílias, da cultura (mulheres que trabalham em casa, por exemplo). Em geral, tal proporção não varia dramaticamente no curto e no médio prazos.
Nova pesquisa do IBGE não nega boa situação do emprego nem sustenta críticas ao governo
HOUVE ALGUM zum-zum a respeito das novas medidas de emprego e desemprego divulgadas na semana passada pelo IBGE. A nova pesquisa, a Pnad-Contínua, vai, entre outras coisas, divulgar uma taxa trimestral de desemprego, substituindo a PME (Pesquisa Mensal de Emprego) até o final do ano.
O que mais se leu a respeito foi: 1) a taxa de desemprego no Brasil "subiu" ou "era maior do que a estimada"; 2) o Brasil não vive situação de "pleno" emprego, pois a taxa de desemprego está mais para 7,5% (da nova pesquisa) do que para os 5% na medida da PME; 3) como muitos estão fora da força de trabalho, o desemprego é potencialmente enorme.
Primeiro, o desemprego nem subiu nem caiu. A nova pesquisa mede coisas diferentes de modos diferentes, o que torna sem sentido a comparação. Trata-se agora de muito mais domicílios, muito mais cidades, numa investigação muito mais bem distribuída pelo país, não de só seis metrópoles, como até agora.
Além do mais, há diferenças, algumas sutis, no acompanhamento dos domicílios ao longo do ano, na definição de população em idade de trabalhar e desocupada. Como desemprego é a proporção de desocupados na força de trabalho, qualquer redefinição de "ocupado", "desocupado", "força de trabalho" muda a conta.
Afirmar que o desemprego "subiu" equivale a dizer que a pesquisa antiga do IBGE "mentia" porque a taxa de desemprego aberto da Pesquisa de Emprego e Desemprego (Seade-Dieese) está na casa de 7,5%, e a do IBGE, em 5% (ou vice-versa). Mas são pesquisas diferentes, com definições, perguntas e respostas diferentes.
Segundo, pode haver "pleno emprego" com taxa de desemprego de 4%, 6%, 8% ou "x"%; a taxa varia de acordo com tempo e lugar. Trata-se de medida difícil, mas, para a maioria dos economistas (os "padrão"), o conceito leva em conta a variação de desemprego, salários e produtividade.
Trata-se de uma taxa de desemprego a partir da qual há aceleração da inflação (em tese, desemprego baixo "demais" propicia alta de salários, e daí alta de custos, "tudo mais constante").
Como a nova pesquisa ainda não divulga dados de salários, tão cedo não vamos saber da variação de salário e emprego; vamos saber ainda menos da produtividade, pois essa medida de "eficiência" da economia não é muito confiável em períodos curtos de tempo. Mesmo com os dados da atual pesquisa, há controvérsia (ora cada vez menor) sobre o que é "pleno emprego" (nos EUA, houve tal polêmica em torno do ano 2000, que se repete agora, no pós-crise)
O número do desemprego é maior na Pnad-Contínua do que na PME por motivos quase intuitivos. A nova pesquisa estuda agora regiões de economia muito mais precária, de baixa oferta de oportunidades ou onde as pessoas são por algum motivo incapazes de procurar trabalho em outro lugar.
Terceiro e enfim: há milhões fora da força de trabalho; se quiserem trabalho, o desemprego "explode", se disse.
Certo há milhões fora da força de trabalho em quase qualquer país. A proporção de gente na força de trabalho depende das características da economia, das famílias, da cultura (mulheres que trabalham em casa, por exemplo). Em geral, tal proporção não varia dramaticamente no curto e no médio prazos.
Onde estamos? - ANTÔNIO DELFIM NETO
VALOR ECONÔMICO -21/01
Para entender por que precisamos de uma política econômica e social que redirecione a sua ênfase distributiva para uma ampliação do investimento e da produtividade total dos fatores de produção, é importante voltar ao básico. Os problemas que vivemos são, em larga medida, consequências de uma bem-sucedida política de inclusão social, que deve ter um prosseguimento adequado, porque é parte do processo civilizatório que desejamos construir.
Cometemos alguns exageros usando instrumento pouco eficiente para superar a pobreza (principalmente a absoluta), como o salário mínimo, que tem efeitos colaterais dramáticos sobre as finanças públicas. Mas não é possível negar que tivemos um inegável sucesso na superação da Grande Recessão de 2008/09. Exorbitamos, em seguida, na ênfase ao consumo.
Mas isso não pode obscurecer o fato que, no septênio 2007-2013, o PIB cresceu à média anual de 3,5%; a taxa de inflação anual ficou desagradavelmente em torno de 5,8% (30% acima da meta); o balanço em conta corrente foi, na média, de 2% do PIB; a dívida bruta/PIB andou por volta de 60% e acumulamos US$ 290 bilhões de reservas externas, além de testemunhar uma extraordinária inclusão social, acompanhada por significativa redução das desigualdades. Nesse período festejamos a escalada de quatro ratings da Standard & Poor s (de BB+ a BBB).
Desde 2011, entretanto, uma conjunção de fatos internos e externos foi expondo a fadiga crescente da nossa economia. No triênio 2011-2013, o PIB cresceu menos de 2% ao ano; a inflação superou os 6% (com mais de 1% escondido) e o déficit em conta corrente pulou para 2,7% do PIB. Essa é a razão pela qual agora xingamos a Standard & Poor s, que ameaça nos rebaixar.
O que houve? Uma explicação plausível é que o desenvolvimento econômico consistente exige uma certa harmonia no uso do produzido (o PIB) entre o consumo de hoje e o investimento que aumenta a capacidade produtiva que vai satisfazer o consumo de amanhã. Ela pode ser acomodada mais facilmente durante algum tempo com a ajuda da conjuntura externa (como existiu entre 2003-2010), mas não durante todo o tempo.
O desenvolvimento econômico é apenas o codinome de produtividade do trabalho e essa produtividade é função da quantidade e tecnologia do capital alocados a cada trabalhador com seu nível de educação e saúde. Há, em geral, uma covariação entre o nível de tecnologia incorporado ao capital e o nível de educação do seu operador.
A produtividade do trabalho é uma função crescente da relação capital (K)/trabalho (L). Multiplicada pelo número de trabalhadores ela é o PIB. Para que haja desenvolvimento , é preciso que a quantidade de capital por trabalhador, ou seja, que a quantidade de capital do país (K) (infraestrutura, equipamentos, usinas de energia etc.) cresça mais depressa do que a população economicamente ativa (L).
No gráfico abaixo, a população total do país (N) é separada entre dois grandes conjuntos: os que estão trabalhando (L) e recebem salários e os (N-L) que não trabalham e por qualquer motivo (aposentadoria, Bolsa Família, auxílio-desemprego, Loas, RMV etc.) recebem benefícios do Orçamento.
Uma vez produzido, o PIB pode ser usado: 1) no consumo, (C) pelos trabalhadores (L) que recebem salários, e pelos (N-L), que recebem benefícios; 2) pelo governo, que através da tributação se apropria de parte do PIB (G) e o usa, basicamente, para a distribuição aos (N-L). O que sobra (Ig) vai para investimentos em infraestrutura, que se somam aos investimentos do setor privado. Como os recursos são finitos, a distribuição costuma brigar com os investimentos e esses têm, sistematicamente, levado a pior, o que significa menor K/L e, logo, menor produtividade; e 3) no investimento (I) (do governo e privado), que se divide em investimento físico (KF), que vai somar-se ao estoque de capital, e o investimento humano (KH), que vai elevar a educação, a saúde e as habilidades da população, que determinam o crescimento futuro.
O problema é que o nível de investimento privado não depende apenas da existência de demanda, mas do sentimento geral dos investidores, do seu espírito animal . Se eles acreditam (como acreditaram até há pouco), que o governo lhes é pouco amigável, não há incentivo que os mova. O governo fica, então, refém do capitalismo de compadres : os mais ousados e oportunistas que, com dinheiro público lutam por oligopólios protegidos, mas não têm a menor condição de induzir os outros a segui-los.
A única saída para continuar com a política civilizatória é harmonizar as relações entre distributivismo (com porta de saída) e a volta ao crescimento, que é a condição necessária para sustentá-lo, o que exige mais investimento. A fórmula é: maior liberdade de iniciativa e ênfase nos estímulos à competição.
Para entender por que precisamos de uma política econômica e social que redirecione a sua ênfase distributiva para uma ampliação do investimento e da produtividade total dos fatores de produção, é importante voltar ao básico. Os problemas que vivemos são, em larga medida, consequências de uma bem-sucedida política de inclusão social, que deve ter um prosseguimento adequado, porque é parte do processo civilizatório que desejamos construir.
Cometemos alguns exageros usando instrumento pouco eficiente para superar a pobreza (principalmente a absoluta), como o salário mínimo, que tem efeitos colaterais dramáticos sobre as finanças públicas. Mas não é possível negar que tivemos um inegável sucesso na superação da Grande Recessão de 2008/09. Exorbitamos, em seguida, na ênfase ao consumo.
Mas isso não pode obscurecer o fato que, no septênio 2007-2013, o PIB cresceu à média anual de 3,5%; a taxa de inflação anual ficou desagradavelmente em torno de 5,8% (30% acima da meta); o balanço em conta corrente foi, na média, de 2% do PIB; a dívida bruta/PIB andou por volta de 60% e acumulamos US$ 290 bilhões de reservas externas, além de testemunhar uma extraordinária inclusão social, acompanhada por significativa redução das desigualdades. Nesse período festejamos a escalada de quatro ratings da Standard & Poor s (de BB+ a BBB).
Desde 2011, entretanto, uma conjunção de fatos internos e externos foi expondo a fadiga crescente da nossa economia. No triênio 2011-2013, o PIB cresceu menos de 2% ao ano; a inflação superou os 6% (com mais de 1% escondido) e o déficit em conta corrente pulou para 2,7% do PIB. Essa é a razão pela qual agora xingamos a Standard & Poor s, que ameaça nos rebaixar.
O que houve? Uma explicação plausível é que o desenvolvimento econômico consistente exige uma certa harmonia no uso do produzido (o PIB) entre o consumo de hoje e o investimento que aumenta a capacidade produtiva que vai satisfazer o consumo de amanhã. Ela pode ser acomodada mais facilmente durante algum tempo com a ajuda da conjuntura externa (como existiu entre 2003-2010), mas não durante todo o tempo.
O desenvolvimento econômico é apenas o codinome de produtividade do trabalho e essa produtividade é função da quantidade e tecnologia do capital alocados a cada trabalhador com seu nível de educação e saúde. Há, em geral, uma covariação entre o nível de tecnologia incorporado ao capital e o nível de educação do seu operador.
A produtividade do trabalho é uma função crescente da relação capital (K)/trabalho (L). Multiplicada pelo número de trabalhadores ela é o PIB. Para que haja desenvolvimento , é preciso que a quantidade de capital por trabalhador, ou seja, que a quantidade de capital do país (K) (infraestrutura, equipamentos, usinas de energia etc.) cresça mais depressa do que a população economicamente ativa (L).
No gráfico abaixo, a população total do país (N) é separada entre dois grandes conjuntos: os que estão trabalhando (L) e recebem salários e os (N-L) que não trabalham e por qualquer motivo (aposentadoria, Bolsa Família, auxílio-desemprego, Loas, RMV etc.) recebem benefícios do Orçamento.
Uma vez produzido, o PIB pode ser usado: 1) no consumo, (C) pelos trabalhadores (L) que recebem salários, e pelos (N-L), que recebem benefícios; 2) pelo governo, que através da tributação se apropria de parte do PIB (G) e o usa, basicamente, para a distribuição aos (N-L). O que sobra (Ig) vai para investimentos em infraestrutura, que se somam aos investimentos do setor privado. Como os recursos são finitos, a distribuição costuma brigar com os investimentos e esses têm, sistematicamente, levado a pior, o que significa menor K/L e, logo, menor produtividade; e 3) no investimento (I) (do governo e privado), que se divide em investimento físico (KF), que vai somar-se ao estoque de capital, e o investimento humano (KH), que vai elevar a educação, a saúde e as habilidades da população, que determinam o crescimento futuro.
O problema é que o nível de investimento privado não depende apenas da existência de demanda, mas do sentimento geral dos investidores, do seu espírito animal . Se eles acreditam (como acreditaram até há pouco), que o governo lhes é pouco amigável, não há incentivo que os mova. O governo fica, então, refém do capitalismo de compadres : os mais ousados e oportunistas que, com dinheiro público lutam por oligopólios protegidos, mas não têm a menor condição de induzir os outros a segui-los.
A única saída para continuar com a política civilizatória é harmonizar as relações entre distributivismo (com porta de saída) e a volta ao crescimento, que é a condição necessária para sustentá-lo, o que exige mais investimento. A fórmula é: maior liberdade de iniciativa e ênfase nos estímulos à competição.
Desigualdade no emprego - JOSÉ PAULO KUPFER
O Estado de S.Paulo - 21/01
É possível que nem todos tenham percebido o alcance da nova pesquisa de emprego do IBGE, que veio à luz na semana passada. Mas não há dúvida de que a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), que substituirá, no fim deste ano, a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) e a própria PNAD anual, representa, antes de qualquer outra consideração, um importante avanço institucional.
Sabemos que o Brasil se encontra num estágio de desenvolvimento intermediário, mas mesmo apresentando progressos socioeconômicos, sobretudo nas duas últimas décadas, ainda está muito longe do padrão de vida e da qualidade institucional alcançados pelas sociedades mais maduras. São poucos, contudo, os países capazes de adotar uma ferramenta de aferição das condições do mercado de trabalho com a regularidade, o grau de profundidade e a amplitude da Pnad Contínua.
Em bases trimestrais, a Pnad Contínua abrange mais de 200 mil domicílios, em cerca de 3.500 municípios - dois terços do total -, distribuídos por todo o território nacional. Em relação à PME, que só envolve as seis principais regiões metropolitanas, a Pnad Contínua amplia, dramaticamente, a nitidez do retrato do emprego e do desemprego, incluindo áreas rurais mais longínquas.
Na comparação com as informações da PME, os resultados da Pnad Contínua divulgados na semana passada, referentes aos quatro trimestres de 2012 e aos dois primeiros de 2013, não trouxeram muitas surpresas ou discrepâncias estruturais, ainda que com números diferentes - a taxa de desemprego, na PME, no segundo trimestre do ano passado, andava pela casa dos 5,5% da força de trabalho, ao passo que, na Pnad Contínua chegava a 7,4%.
Na essência, as duas pesquisas confirmam a existência de um mercado de trabalho aquecido, com altas taxas de ocupação, ainda que o ritmo de absorção de mão de obra se apresente cada vez mais lento. Já se sabia também, pelas informações da PME, que as regiões metropolitanas de Salvador e Recife, no Nordeste, costumavam registrar os maiores índices de desemprego, em comparação com as do Sudeste e do Sul, o que foi reafirmado pela Pnad Contínua.
Com a abrangência nacional da Pnad Contínua e a desagregação em grandes regiões geográficas, gênero, nível de instrução e tipo de inserção, contudo, uma fotografia muito mais nítida das disparidades no mercado de trabalho passa a ser revelada. A taxa de desemprego, por exemplo, é puxada para cima pela Região Norte e, principalmente, pelo Nordeste. Para ter uma ideia da disparidade: no Nordeste, o índice vai a 10%, enquanto no Sul fica em 4,3%.
Os desequilíbrios se repetem quando se observa a taxa de desocupação pelos ângulos de gênero, faixa etária ou instrução. A taxa de desemprego entre mulheres vai a 9,3%, não passando de 6% entre os homens, é maior na faixa entre 18 e 24 anos, na qual chega a 15,4%, e atinge mais fortemente pessoas com ensino médio incompleto (12,7%) e menos os desocupados com superior completo (4%).
Na Pnad Contínua há aberturas mais claras de informações sobre aspectos mais específicos do mercado de trabalho. Um dos mais interessantes diz respeito ao tipo de inserção das pessoas no mercado de trabalho. Ao longo de 2012 e nos primeiros dois trimestres do ano passado, confirma-se o importante progresso conseguido, durante a última década, na formalização das relações de emprego.
Recentemente, o IBGE divulgou dados indicando que, de 2002 a 2012, considerando o conjunto da população ocupada, ocorreu uma redução de quase 10 pontos porcentuais, de 58,7% para 48,9%, no contingente de trabalhadores informais. Agora, com a Pnad Contínua, fica-se sabendo que, no segundo trimestre de 2013, três em cada quatro trabalhadores do setor privado têm carteira assinada.
É possível que nem todos tenham percebido o alcance da nova pesquisa de emprego do IBGE, que veio à luz na semana passada. Mas não há dúvida de que a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), que substituirá, no fim deste ano, a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) e a própria PNAD anual, representa, antes de qualquer outra consideração, um importante avanço institucional.
Sabemos que o Brasil se encontra num estágio de desenvolvimento intermediário, mas mesmo apresentando progressos socioeconômicos, sobretudo nas duas últimas décadas, ainda está muito longe do padrão de vida e da qualidade institucional alcançados pelas sociedades mais maduras. São poucos, contudo, os países capazes de adotar uma ferramenta de aferição das condições do mercado de trabalho com a regularidade, o grau de profundidade e a amplitude da Pnad Contínua.
Em bases trimestrais, a Pnad Contínua abrange mais de 200 mil domicílios, em cerca de 3.500 municípios - dois terços do total -, distribuídos por todo o território nacional. Em relação à PME, que só envolve as seis principais regiões metropolitanas, a Pnad Contínua amplia, dramaticamente, a nitidez do retrato do emprego e do desemprego, incluindo áreas rurais mais longínquas.
Na comparação com as informações da PME, os resultados da Pnad Contínua divulgados na semana passada, referentes aos quatro trimestres de 2012 e aos dois primeiros de 2013, não trouxeram muitas surpresas ou discrepâncias estruturais, ainda que com números diferentes - a taxa de desemprego, na PME, no segundo trimestre do ano passado, andava pela casa dos 5,5% da força de trabalho, ao passo que, na Pnad Contínua chegava a 7,4%.
Na essência, as duas pesquisas confirmam a existência de um mercado de trabalho aquecido, com altas taxas de ocupação, ainda que o ritmo de absorção de mão de obra se apresente cada vez mais lento. Já se sabia também, pelas informações da PME, que as regiões metropolitanas de Salvador e Recife, no Nordeste, costumavam registrar os maiores índices de desemprego, em comparação com as do Sudeste e do Sul, o que foi reafirmado pela Pnad Contínua.
Com a abrangência nacional da Pnad Contínua e a desagregação em grandes regiões geográficas, gênero, nível de instrução e tipo de inserção, contudo, uma fotografia muito mais nítida das disparidades no mercado de trabalho passa a ser revelada. A taxa de desemprego, por exemplo, é puxada para cima pela Região Norte e, principalmente, pelo Nordeste. Para ter uma ideia da disparidade: no Nordeste, o índice vai a 10%, enquanto no Sul fica em 4,3%.
Os desequilíbrios se repetem quando se observa a taxa de desocupação pelos ângulos de gênero, faixa etária ou instrução. A taxa de desemprego entre mulheres vai a 9,3%, não passando de 6% entre os homens, é maior na faixa entre 18 e 24 anos, na qual chega a 15,4%, e atinge mais fortemente pessoas com ensino médio incompleto (12,7%) e menos os desocupados com superior completo (4%).
Na Pnad Contínua há aberturas mais claras de informações sobre aspectos mais específicos do mercado de trabalho. Um dos mais interessantes diz respeito ao tipo de inserção das pessoas no mercado de trabalho. Ao longo de 2012 e nos primeiros dois trimestres do ano passado, confirma-se o importante progresso conseguido, durante a última década, na formalização das relações de emprego.
Recentemente, o IBGE divulgou dados indicando que, de 2002 a 2012, considerando o conjunto da população ocupada, ocorreu uma redução de quase 10 pontos porcentuais, de 58,7% para 48,9%, no contingente de trabalhadores informais. Agora, com a Pnad Contínua, fica-se sabendo que, no segundo trimestre de 2013, três em cada quatro trabalhadores do setor privado têm carteira assinada.
Volta por baixo - DORA KRAMER
O Estado de S.Paulo - 21/01
A gente lê a notícia de que a presidente Dilma Rousseff tinha encontro marcado ontem com o ex-presidente Lula para se aconselhar sobre o arranjo político-partidário mais conveniente para o êxito da campanha pela reeleição e fica a se perguntar se o antecessor é mesmo o melhor conselheiro para esses assuntos.
Afinal não foi ele mesmo quem indicou a quase dezena de ministros demitidos por Dilma no primeiro ano de governo em nome da "faxina ética"?
E não foi essa dita limpeza que rendeu boa fama à presidente, vista como intransigente com "malfeitos", uma governante preocupada com o desempenho do ministério como um todo, celebrada por este aspecto se diferenciar de Lula, razão de seus altos índices nas pesquisas até junho de 2013?
Pois agora ela faz o caminho inverso. Inclusive sem a cerimônia de algum tempo atrás quando reintegrou ao "esquema" alguns dos demitidos, reintegrando discretamente seus partidos à equipe e permitindo que eles indicassem os ocupantes dos cargos que fossem de seu (deles) agrado.
Levantamentos feitos pelo Estado mostram dois cenários. Em um deles registra-se a redução de 60% do apoio dos partidos aliados nas votações no Congresso.
Em outro, é apontada a quantidade de partidos abrigados nos ministérios: dez. Se a "reforma" sair como previsto, a divisão ficaria assim: 25 pastas para o PT, cinco para o PMDB, uma para o PR, uma para o PP, uma para o PROS, duas para o PSD, uma para o PTB, uma para o PDT, uma para o PC do B e uma para o PRB.
Feita a soma, chega-se a 39, o número exato de ministérios existentes. Significa que nenhum deles está fora do critério de coalizão de resultados eleitorais. Todas as pastas estão a serviço da tentativa de Dilma de se reeleger.
Seja para acumular mais tempo de televisão ou para impedir que esse benefício vá para os adversários, nesse caso sendo alvo de uma ofensiva de enfraquecimento (para não dizer morte) por inanição.
Na mesma pesquisa do Estado sobre o histórico de entrega de ministérios a partidos, revela-se que Dilma é campeã. José Sarney entregou dois, Fernando Collor, a seis, Fernando Henrique a cinco nos dois governos e Lula a nove em oito anos.
Seria a necessidade decorrente da insegurança de que a reeleição estaria garantida? É uma hipótese. Mas, que se de um lado reforma uma segurança, de outro desconstrói junto ao eleitorado a imagem que rendeu tanto sucesso.
Se não for muito grosseiro usar a expressão, as pessoas ficam autorizadas a trocar o conceito de faxina pela impressão de que estaria havendo uma operação sujeira. Com adoção de critérios apostos aos atos e discursos anteriores.
Razões de Cabral. O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, havia decidido deixar o governo em 31 de março. Resolveu antecipar para 28 de fevereiro quando o PT anunciou que sairia dos cargos na mesma data. E Cabral até admite adiar se o PT fizer o mesmo.
Por que o sincronismo? Porque Cabral quer atribuir o rompimento ao PT que, neste aspecto, teria sido ingrato pelo fato de o sucesso administrativo de Cabral se dever à parceria entre os governos federal e estadual.
Sendo do PT a "culpa" pelo rompimento, isso daria o discurso de vítima ao PMDB, uma vez que não há mesmo possibilidade de Lindbergh Farias desistir.
A antecipação da saída de Cabral em um mês não altera o quadro eleitoral, mas faz a diferença no humor político-partidário; a diferença, pois para todos os efeitos os petistas foram intolerantes a fim de retardar ao vice Luiz Fernando Pezão tempo necessário para firmar uma boa imagem.
Para o PT vale a mesma regra, o que libera o partido para fazer a campanha em clima de guerra.
A gente lê a notícia de que a presidente Dilma Rousseff tinha encontro marcado ontem com o ex-presidente Lula para se aconselhar sobre o arranjo político-partidário mais conveniente para o êxito da campanha pela reeleição e fica a se perguntar se o antecessor é mesmo o melhor conselheiro para esses assuntos.
Afinal não foi ele mesmo quem indicou a quase dezena de ministros demitidos por Dilma no primeiro ano de governo em nome da "faxina ética"?
E não foi essa dita limpeza que rendeu boa fama à presidente, vista como intransigente com "malfeitos", uma governante preocupada com o desempenho do ministério como um todo, celebrada por este aspecto se diferenciar de Lula, razão de seus altos índices nas pesquisas até junho de 2013?
Pois agora ela faz o caminho inverso. Inclusive sem a cerimônia de algum tempo atrás quando reintegrou ao "esquema" alguns dos demitidos, reintegrando discretamente seus partidos à equipe e permitindo que eles indicassem os ocupantes dos cargos que fossem de seu (deles) agrado.
Levantamentos feitos pelo Estado mostram dois cenários. Em um deles registra-se a redução de 60% do apoio dos partidos aliados nas votações no Congresso.
Em outro, é apontada a quantidade de partidos abrigados nos ministérios: dez. Se a "reforma" sair como previsto, a divisão ficaria assim: 25 pastas para o PT, cinco para o PMDB, uma para o PR, uma para o PP, uma para o PROS, duas para o PSD, uma para o PTB, uma para o PDT, uma para o PC do B e uma para o PRB.
Feita a soma, chega-se a 39, o número exato de ministérios existentes. Significa que nenhum deles está fora do critério de coalizão de resultados eleitorais. Todas as pastas estão a serviço da tentativa de Dilma de se reeleger.
Seja para acumular mais tempo de televisão ou para impedir que esse benefício vá para os adversários, nesse caso sendo alvo de uma ofensiva de enfraquecimento (para não dizer morte) por inanição.
Na mesma pesquisa do Estado sobre o histórico de entrega de ministérios a partidos, revela-se que Dilma é campeã. José Sarney entregou dois, Fernando Collor, a seis, Fernando Henrique a cinco nos dois governos e Lula a nove em oito anos.
Seria a necessidade decorrente da insegurança de que a reeleição estaria garantida? É uma hipótese. Mas, que se de um lado reforma uma segurança, de outro desconstrói junto ao eleitorado a imagem que rendeu tanto sucesso.
Se não for muito grosseiro usar a expressão, as pessoas ficam autorizadas a trocar o conceito de faxina pela impressão de que estaria havendo uma operação sujeira. Com adoção de critérios apostos aos atos e discursos anteriores.
Razões de Cabral. O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, havia decidido deixar o governo em 31 de março. Resolveu antecipar para 28 de fevereiro quando o PT anunciou que sairia dos cargos na mesma data. E Cabral até admite adiar se o PT fizer o mesmo.
Por que o sincronismo? Porque Cabral quer atribuir o rompimento ao PT que, neste aspecto, teria sido ingrato pelo fato de o sucesso administrativo de Cabral se dever à parceria entre os governos federal e estadual.
Sendo do PT a "culpa" pelo rompimento, isso daria o discurso de vítima ao PMDB, uma vez que não há mesmo possibilidade de Lindbergh Farias desistir.
A antecipação da saída de Cabral em um mês não altera o quadro eleitoral, mas faz a diferença no humor político-partidário; a diferença, pois para todos os efeitos os petistas foram intolerantes a fim de retardar ao vice Luiz Fernando Pezão tempo necessário para firmar uma boa imagem.
Para o PT vale a mesma regra, o que libera o partido para fazer a campanha em clima de guerra.