FOLHA DE SP - 09/01
Smartphone é mais saudável que heroína, mas heroína é mais poética que smartphone
Alguns leitores me pediram para contar mais sobre a vigília de poesia (num sentido que inclui música, dança e performance) dos dias 1º e 2 de janeiro na igreja de Saint Mark, no East Village de Nova York.
Na origem, há as leituras públicas nos cafés do bairro nos anos 1950 e no começo dos 1960. Em 1966, o Poetry Project (projeto poesia) se formalizou, e as leituras se mudaram para a igreja anglicana de Saint Mark, cujo reitor era um protetor das artes. Em 1974, foi a primeira maratona de poesia no Ano-Novo; leram seus poemas William S. Burroughs, John Cage, Gregory Corso, Allen Ginsberg, Peter Orlovsky e Patti Smith --isso, para lembrar os mais famosos.
Na semana passada, era o quadragésimo aniversário da maratona. Cento e quarenta poetas leram seus poemas. Muitos homenagearam o amigo Lou Reed, que acabara de morrer. Fiquei seis horas; escutei, por exemplo, Philip Glass tocar piano e Patti Smith ler algo do novo livro que está escrevendo (duas páginas sobre o fim de "Blade Runner - O Caçador de Androides", de Ridley Scott).
Anne Waldman é uma poeta ligada aos beats desde o começo. Sua performance me lembrou as leituras de Allen Ginsberg que presenciei nos anos 1960 em Nova York e em Milão --não tanto pelos temas quanto pela entonação profética. Pensei que não deve ser fácil fazer poesia na sombra de "Howl", o grande poema de Ginsberg ("Uivo", mas eu preferiria gemido ou berro).
"Vi os melhores espíritos de minha geração destruídos pela loucura, famélicos histéricos nus, se arrastando na primeira luz do dia pelas ruas dos bairros negros à procura de uma seringa raivosa"¦". Aquele começo, ainda hoje, força qualquer leitor a contar, do seu jeito, o desperdício de sua geração. Mas o drama do sacrifício dos melhores, neste começo de milênio, parece fazer falta.
Cadê a heroína injetável dos anos 1950 e 1960? Cadê a Guerra do Vietnã, que devorava as vidas nos anos 1970? As guerras de hoje são menos imediatamente absurdas; no mínimo, elas invocam uma necessidade de defesa. A geração dos anos 1980 esbarrou em outro desperdício: todos, naquela década, vimos os melhores morrendo invadidos pela Aids, como se um demônio invejoso se vingasse dos prazeres que eles tinham ousado se permitir.
E agora, nos últimos 15 anos, o que sobrou para alimentar a ideia do destino trágico dos melhores (e, eventualmente, da gente)?
Hoje, é mais fácil esquecer a tragédia e escolher o sarcasmo: os melhores espíritos de nossa geração, em vez de se arrastar pelas ruas dos bairros negros, passam a noite na fila para ser os primeiros a comprar um novo smartphone.
Talvez seja melhor assim: smartphone é mais saudável que heroína (não é?). Mas, convenhamos, a heroína é muito mais poética do que o smartphone: ainda vale entre nós o modelo romântico do artista atormentado pelo trágico de sua condição.
Justamente, no dia 4, fui assistir à nova versão do musical "Pippin", de Stephen Schwartz e Bob Fosse (que foi coreógrafo da montagem original, mas também contribuiu ao texto). "Pippin" foi montado no Brasil (de maneira memorável, segundo me dizem) por Flávio Rangel, em 1974, com Marco Nanini e Marília Pêra.
O jovem Pippin quer ter uma vida justificada por empreendimentos extraordinários; ele tem a certeza atormentada de ser destinado a coisas maiores do que a simples repetição da vida dos pais.
No fim, todos esperam que Pippin queime como um Ícaro que quis voar alto demais; com isso, ele será lembrado por sua bela morte. Na versão original, Pippin renuncia a seus sonhos e se deixa enredar na banalidade cotidiana. Na nova versão, ele também desiste, mas o enteado dele toma seu lugar e começa a sonhar com as mesmas glórias confusas.
O musical é assim uma meditação (divertida e séria) sobre as inevitáveis aspirações abstratas da juventude, que nos afastam da vida --pois, diante delas, tudo perde relevância.
Os furores da juventude e o ideal romântico do artista (que, de preferência, aliás, deve morrer jovem) nascem na mesma época, no fim do século 18, quando a liberdade e seus sonhos (de um futuro sempre extraordinário) tornam-se, de fato, possibilidades concretas e inquietantes.
Pergunta aos pós-românticos: como se apaixonar pela vida esperando dela apenas o ordinário?
Nota: para conhecer o Poetry Project, http://poetryproject.org/history/insane-podium.
quinta-feira, janeiro 09, 2014
Lembranças antigas, discussões novas - CORA RÓNAI
O GLOBO - 09/01
Qualquer documento oficial no país é infinitamente mais complicado do que deveria ser
Em 1999, três rapazes americanos lançaram um serviço que foi, pelos três anos seguintes, uma das experiências mais lindas da internet. O Napster juntava, num só lugar, todos os usuários que gostavam de música. Ele servia como ponto de encontro universal; os arquivos, em MP3, continuavam nas máquinas dos usuários, que davam, uns aos outros, acesso às suas respectivas coleções. Graças a isso, descobri música do mundo inteiro, gêneros que não conhecia, cantores de que nunca tinha ouvido falar. A minha playlist se transformou numa Torre de Babel cantante, com faixas em urdu, telugu, malayalam, pashto, grego, khmer, yorubá, kechua e servo-croata. Havia até alguma coisa em inglês e francês. Em troca, ofereci muita música brasileira para os meus parceiros ao redor do mundo, muito Francisco Alves, muito Nelson Cavaquinho, muito Quinteto Armorial, e mesmo os que já tinham ouvido falar em MPB ficavam admirados, porque, na sua imaginação, os brasileiros passavam os dias na praia jogando futebol e ouvindo Bossa Nova, de preferência na voz do Sinatra.
Essa confraternização espetacular acabou três anos depois. Esse foi o tempo que a RIAA, a nefasta Recording Industry Association of America, levou para abater o Napster, num show de maldade, incompreensão e autodestruição poucas vezes igualado. Os processos movidos contra o Napster e usuários aleatoriamente pescados no sistema reuniram alguns dos melhores advogados dos Estados Unidos, e foram acompanhados, como se fossem novelas, por todos os jornalistas e observadores da área. Eu imprimia calhamaços de 200 páginas de argumentação legal que lia avidamente, roendo as unhas, angustiada com a má-fé de alguns argumentos, encantada com o bom senso de outros, maravilhada com a sabedoria de um ou outro (raro) juiz. Detalhe: apesar de inglês não ser a minha primeira língua, eu entendia absolutamente tudo o que estava em discussão, e o que eu não entendia — algumas expressões jurídicas, algumas referências à jurisprudência — encontrava imediatamente na rede.
A batalha do Napster me deu vontade de fazer Direito. A defesa brilhante de pontos de vista opostos me encantou num grau que eu jamais experimentara, porque todos os advogados eram muito bons — especialmente o time que se juntou em torno do Napster, e que entendia exatamente o que significava a falta de fronteiras nacionais oferecida pela internet e a sua importância para a cultura e a liberdade da Humanidade como um todo.
Em suma, era tudo muito bem pensado e, óbvio, muito bem escrito.
Era tudo muito, muito CLARO.
______
Me lembrei disso ao longo desta semana, quando me vi no meio de um debate sobre educação provocado pela coluna da última quinta-feira, em que dei voz a uma professora de inglês do estado. Gisele Abreu me escreveu desabafando a frustração que sentira quando, na última semana letiva de 2013, fora apresentada a uma portaria da secretaria de Educação que tornava a sua matéria virtualmente irrelevante, ao tirar-lhe a capacidade de reprovar alunos com mau desempenho.
Pouco depois, recebi um telefonema do secretário de estado de Educação, Wilson Risolia. Batemos um longo papo, em que ele tentou me explicar a situação do ensino, em geral, e a dessa malfadada portaria, em particular. O secretário me impressionou bem. O simples fato de me procurar para expor o ponto de vista da secretaria já depõe a seu favor; além disso, ele não é político, o que para mim é um ponto mais do que positivo, e me transmitiu a sensação de ser um homem sério, bem intencionado e comprometido com a causa da educação.
Ele me garantiu que a portaria que tanto ofendeu Gisele (e mais uma quantidade de professores que lhe fizeram coro e que me escreveram, igualmente indignados e frustrados) não muda nada em relação à situação anterior, e que uma língua estrangeira até pode, sim, reprovar um aluno, desde que essa reprovação seja decidida pelo Conselho de Classe. A mesma informação me foi transmitida por escrito pela assessoria de comunicação da secretaria:
“A nova Portaria 419 não muda nenhuma regra estabelecida em portarias anteriores, ela apenas ratifica a posição do Conselho de Classe em relação à aprovação ou reprovação do aluno.”
Também recebi da coordenadora Mônica Marzano cópia de uma circular enviada às escolas, esclarecendo as dúvidas geradas pela portaria.
Vocês devem estar se perguntando: “Tá, e o que tem tudo isso a ver com o processo do Napster?”
Explico. É que, no meio da discussão, me dei conta de como O Sistema se comunica mal no Brasil. Isso não é exclusividade do estado do Rio de Janeiro; isso é geral. Qualquer documento oficial no país, da mais alta à mais insignificante das autoridades, é infinitamente mais complicado do que deveria ser. Quando se chega à Justiça, então, o distanciamento da linguagem usada e compreendida pelo povo é absoluto.
Voltando à Seeduc, não é possível que uma simples portaria, destinada a ratificar uma situação já existente, não consiga ser compreendida pelo público a que se destina (os professores) ou por pessoas razoavelmente alfabetizadas (como eu me acredito ser); não faz sentido que essa comunicação em tese corriqueira cause tanto mal-estar que precise ser trocada em miúdos, dias depois, por uma circular que, cá entre nós, também não é um primor de clareza.
Vou voltar a esse assunto e, principalmente, vou voltar à questão da educação pública no nosso estado. Já tenho um encontro marcado com o secretário e com membros da sua equipe — que, como ele, também me impressionaram bem. Dizem que é conversando que a gente se entende, e eu quero entender o que está acontecendo nas escolas. Essa tarefa seria muito facilitada, contudo, se a comunicação oficial brasileira, a partir do próprio Ministério da Educação, fosse escrita de forma clara, sem o uso de fórmulas burocráticas arcaicas que induzem mais ao sono do que à circulação de ideias.
Qualquer documento oficial no país é infinitamente mais complicado do que deveria ser
Em 1999, três rapazes americanos lançaram um serviço que foi, pelos três anos seguintes, uma das experiências mais lindas da internet. O Napster juntava, num só lugar, todos os usuários que gostavam de música. Ele servia como ponto de encontro universal; os arquivos, em MP3, continuavam nas máquinas dos usuários, que davam, uns aos outros, acesso às suas respectivas coleções. Graças a isso, descobri música do mundo inteiro, gêneros que não conhecia, cantores de que nunca tinha ouvido falar. A minha playlist se transformou numa Torre de Babel cantante, com faixas em urdu, telugu, malayalam, pashto, grego, khmer, yorubá, kechua e servo-croata. Havia até alguma coisa em inglês e francês. Em troca, ofereci muita música brasileira para os meus parceiros ao redor do mundo, muito Francisco Alves, muito Nelson Cavaquinho, muito Quinteto Armorial, e mesmo os que já tinham ouvido falar em MPB ficavam admirados, porque, na sua imaginação, os brasileiros passavam os dias na praia jogando futebol e ouvindo Bossa Nova, de preferência na voz do Sinatra.
Essa confraternização espetacular acabou três anos depois. Esse foi o tempo que a RIAA, a nefasta Recording Industry Association of America, levou para abater o Napster, num show de maldade, incompreensão e autodestruição poucas vezes igualado. Os processos movidos contra o Napster e usuários aleatoriamente pescados no sistema reuniram alguns dos melhores advogados dos Estados Unidos, e foram acompanhados, como se fossem novelas, por todos os jornalistas e observadores da área. Eu imprimia calhamaços de 200 páginas de argumentação legal que lia avidamente, roendo as unhas, angustiada com a má-fé de alguns argumentos, encantada com o bom senso de outros, maravilhada com a sabedoria de um ou outro (raro) juiz. Detalhe: apesar de inglês não ser a minha primeira língua, eu entendia absolutamente tudo o que estava em discussão, e o que eu não entendia — algumas expressões jurídicas, algumas referências à jurisprudência — encontrava imediatamente na rede.
A batalha do Napster me deu vontade de fazer Direito. A defesa brilhante de pontos de vista opostos me encantou num grau que eu jamais experimentara, porque todos os advogados eram muito bons — especialmente o time que se juntou em torno do Napster, e que entendia exatamente o que significava a falta de fronteiras nacionais oferecida pela internet e a sua importância para a cultura e a liberdade da Humanidade como um todo.
Em suma, era tudo muito bem pensado e, óbvio, muito bem escrito.
Era tudo muito, muito CLARO.
______
Me lembrei disso ao longo desta semana, quando me vi no meio de um debate sobre educação provocado pela coluna da última quinta-feira, em que dei voz a uma professora de inglês do estado. Gisele Abreu me escreveu desabafando a frustração que sentira quando, na última semana letiva de 2013, fora apresentada a uma portaria da secretaria de Educação que tornava a sua matéria virtualmente irrelevante, ao tirar-lhe a capacidade de reprovar alunos com mau desempenho.
Pouco depois, recebi um telefonema do secretário de estado de Educação, Wilson Risolia. Batemos um longo papo, em que ele tentou me explicar a situação do ensino, em geral, e a dessa malfadada portaria, em particular. O secretário me impressionou bem. O simples fato de me procurar para expor o ponto de vista da secretaria já depõe a seu favor; além disso, ele não é político, o que para mim é um ponto mais do que positivo, e me transmitiu a sensação de ser um homem sério, bem intencionado e comprometido com a causa da educação.
Ele me garantiu que a portaria que tanto ofendeu Gisele (e mais uma quantidade de professores que lhe fizeram coro e que me escreveram, igualmente indignados e frustrados) não muda nada em relação à situação anterior, e que uma língua estrangeira até pode, sim, reprovar um aluno, desde que essa reprovação seja decidida pelo Conselho de Classe. A mesma informação me foi transmitida por escrito pela assessoria de comunicação da secretaria:
“A nova Portaria 419 não muda nenhuma regra estabelecida em portarias anteriores, ela apenas ratifica a posição do Conselho de Classe em relação à aprovação ou reprovação do aluno.”
Também recebi da coordenadora Mônica Marzano cópia de uma circular enviada às escolas, esclarecendo as dúvidas geradas pela portaria.
Vocês devem estar se perguntando: “Tá, e o que tem tudo isso a ver com o processo do Napster?”
Explico. É que, no meio da discussão, me dei conta de como O Sistema se comunica mal no Brasil. Isso não é exclusividade do estado do Rio de Janeiro; isso é geral. Qualquer documento oficial no país, da mais alta à mais insignificante das autoridades, é infinitamente mais complicado do que deveria ser. Quando se chega à Justiça, então, o distanciamento da linguagem usada e compreendida pelo povo é absoluto.
Voltando à Seeduc, não é possível que uma simples portaria, destinada a ratificar uma situação já existente, não consiga ser compreendida pelo público a que se destina (os professores) ou por pessoas razoavelmente alfabetizadas (como eu me acredito ser); não faz sentido que essa comunicação em tese corriqueira cause tanto mal-estar que precise ser trocada em miúdos, dias depois, por uma circular que, cá entre nós, também não é um primor de clareza.
Vou voltar a esse assunto e, principalmente, vou voltar à questão da educação pública no nosso estado. Já tenho um encontro marcado com o secretário e com membros da sua equipe — que, como ele, também me impressionaram bem. Dizem que é conversando que a gente se entende, e eu quero entender o que está acontecendo nas escolas. Essa tarefa seria muito facilitada, contudo, se a comunicação oficial brasileira, a partir do próprio Ministério da Educação, fosse escrita de forma clara, sem o uso de fórmulas burocráticas arcaicas que induzem mais ao sono do que à circulação de ideias.
Trotski, da vida à ficção - MARIO SERGIO CONTI
O GLOBO - 09/01
Durante toda a vida, ele combateu a superioridade que hoje se atribui ao indivíduo
Com sete bilhões de terráqueos, o planeta está cada vez mais populoso e menos coletivo. O individualismo é a ideia dominante no Ocidente. As famílias diminuem de tamanho, os laços com a comunidade se afrouxam, o bem-estar social perde importância diante do Eu. O interesse pelo subjetivo se apresenta no culto ao corpo, na psicologia de autoajuda e no endeusamento de celebridades — aqueles seres que rendem biografias. Quando a celebridade é um coletivista radical, alguém que não acredita no primado do indivíduo, se dá um curto-circuito. É o que está a ocorrer com Leon Trotski.
O revolucionário russo é o personagem capital de “O homem que amava os cachorros”, o romance de Leonardo Padura lançado há pouco. O escritor cubano nele entrelaça a vida de Trotski com a de Ramón Mercader, o espanhol que o alcançou no México e o matou com uma picareta de alpinismo. O assassino teve à disposição meios enormes — cerca de cinco milhões de dólares, uma fortuna no fim dos anos 1930 —para infiltrar-se no campo inimigo, cometer o crime a sangue frio, dizer-se um trotskista arrependido, ser condenado e cumprir a pena de 20 anos de prisão sem jamais dizer a verdade: que era um agente do aparelho policial da União Soviética e cumpria uma missão.
A vida aventurosa e a morte violenta de Trotski foram tema de dezenas de biografias, duas delas excelentes: a trilogia de Isaac Deutscher e as mil páginas de Pierre Broué. Na ficção, o seu destino foi bem agitado. Joseph Losey dirigiu “O assassinato de Trotski”, com Alain Delon no papel do assassino e Richard Burton no do revolucionário. O americano Richard Hoyt escreveu “Trotsky’s run”, thriller comercial no qual um revolucionário comunista ameaça virar presidente dos Estados Unidos. Já Jorge Semprún fez um thriller poético, “A segunda morte de Ramón Mercader”. Em toda a ficção, o que falta é o Trotski radical.
Durante toda a vida, Trotski combateu a superioridade que hoje se atribui ao indivíduo. Até a sua autobiografia, “Minha vida”, ele escreveu, foi um livro de combate político, e não a exposição da sua subjetividade. E a sua política (o trotskismo, termo que ele sempre repudiou) pode ser condensada em duas ideias, a da revolução permanente e a da revolução política. A revolução permanente ocorreu em 1917, quando os trabalhadores tomaram o poder num país atrasado, a Rússia. Mas ela parou no meio porque foi derrotada nos países europeus adiantados. Isolada, a União Soviética viu crescer uma casta burocrática, o stalinismo. Ela só poderia ser derrubada por meio de uma revolução política, na qual os trabalhadores retomassem o poder. Embora o stalinismo tenha se esboroado, a revolução política não ocorreu. Ao contrário, a partir de 1989 todo o leste europeu e a União Soviética abandonaram o socialismo. Na China, o próprio PC restaura o capitalismo.
Como a História foi para um lado e os prognósticos de Trotski para o outro, ele deixou de ser visto como um líder político. Mas, como propugnava ideias hoje fora de moda, a sua análise a sério perdeu sentido. A sua última biografia, a de Robert Service, por exemplo, é rebarbativa, tola no seu anticomunismo. Restou então a Trotski a ficção do indivíduo.
A outros revolucionários restou o silêncio. Não há estátuas de Robespierre, e foi ele quem forjou a ideia de igualitarismo na França. Saint-Just, que disse que a felicidade era uma ideia nova na Europa, foi esquecido. De Lênin resta tão-somente o mausoléu na Praça Vermelha, apenas um lembrete de que se encontra morto de verdade e não ressuscitará. Eles não encontram lugar no presente porque os conceitos de revolução coletiva e igualdade entre os homens perderam lugar. O individualismo vem triunfando.
Em “O homem que amava os cachorros”, são as características pessoais de Trotski que importam, assim como as de Ramón Mercader. Há detalhes e mais detalhes da vidinha do assassinado e do assassino. O que não está presente são as aspirações que geraram a vítima e o seu algoz. Com isso, o romance é escrito com competência convencional, mantém o suspense, envolve o leitor, exibe as marcas do empenho honesto. Quanto à História que ultrapassa os indivíduos, porém, ele é um adeus à viva claridade de verões interrompidos.
Durante toda a vida, ele combateu a superioridade que hoje se atribui ao indivíduo
Com sete bilhões de terráqueos, o planeta está cada vez mais populoso e menos coletivo. O individualismo é a ideia dominante no Ocidente. As famílias diminuem de tamanho, os laços com a comunidade se afrouxam, o bem-estar social perde importância diante do Eu. O interesse pelo subjetivo se apresenta no culto ao corpo, na psicologia de autoajuda e no endeusamento de celebridades — aqueles seres que rendem biografias. Quando a celebridade é um coletivista radical, alguém que não acredita no primado do indivíduo, se dá um curto-circuito. É o que está a ocorrer com Leon Trotski.
O revolucionário russo é o personagem capital de “O homem que amava os cachorros”, o romance de Leonardo Padura lançado há pouco. O escritor cubano nele entrelaça a vida de Trotski com a de Ramón Mercader, o espanhol que o alcançou no México e o matou com uma picareta de alpinismo. O assassino teve à disposição meios enormes — cerca de cinco milhões de dólares, uma fortuna no fim dos anos 1930 —para infiltrar-se no campo inimigo, cometer o crime a sangue frio, dizer-se um trotskista arrependido, ser condenado e cumprir a pena de 20 anos de prisão sem jamais dizer a verdade: que era um agente do aparelho policial da União Soviética e cumpria uma missão.
A vida aventurosa e a morte violenta de Trotski foram tema de dezenas de biografias, duas delas excelentes: a trilogia de Isaac Deutscher e as mil páginas de Pierre Broué. Na ficção, o seu destino foi bem agitado. Joseph Losey dirigiu “O assassinato de Trotski”, com Alain Delon no papel do assassino e Richard Burton no do revolucionário. O americano Richard Hoyt escreveu “Trotsky’s run”, thriller comercial no qual um revolucionário comunista ameaça virar presidente dos Estados Unidos. Já Jorge Semprún fez um thriller poético, “A segunda morte de Ramón Mercader”. Em toda a ficção, o que falta é o Trotski radical.
Durante toda a vida, Trotski combateu a superioridade que hoje se atribui ao indivíduo. Até a sua autobiografia, “Minha vida”, ele escreveu, foi um livro de combate político, e não a exposição da sua subjetividade. E a sua política (o trotskismo, termo que ele sempre repudiou) pode ser condensada em duas ideias, a da revolução permanente e a da revolução política. A revolução permanente ocorreu em 1917, quando os trabalhadores tomaram o poder num país atrasado, a Rússia. Mas ela parou no meio porque foi derrotada nos países europeus adiantados. Isolada, a União Soviética viu crescer uma casta burocrática, o stalinismo. Ela só poderia ser derrubada por meio de uma revolução política, na qual os trabalhadores retomassem o poder. Embora o stalinismo tenha se esboroado, a revolução política não ocorreu. Ao contrário, a partir de 1989 todo o leste europeu e a União Soviética abandonaram o socialismo. Na China, o próprio PC restaura o capitalismo.
Como a História foi para um lado e os prognósticos de Trotski para o outro, ele deixou de ser visto como um líder político. Mas, como propugnava ideias hoje fora de moda, a sua análise a sério perdeu sentido. A sua última biografia, a de Robert Service, por exemplo, é rebarbativa, tola no seu anticomunismo. Restou então a Trotski a ficção do indivíduo.
A outros revolucionários restou o silêncio. Não há estátuas de Robespierre, e foi ele quem forjou a ideia de igualitarismo na França. Saint-Just, que disse que a felicidade era uma ideia nova na Europa, foi esquecido. De Lênin resta tão-somente o mausoléu na Praça Vermelha, apenas um lembrete de que se encontra morto de verdade e não ressuscitará. Eles não encontram lugar no presente porque os conceitos de revolução coletiva e igualdade entre os homens perderam lugar. O individualismo vem triunfando.
Em “O homem que amava os cachorros”, são as características pessoais de Trotski que importam, assim como as de Ramón Mercader. Há detalhes e mais detalhes da vidinha do assassinado e do assassino. O que não está presente são as aspirações que geraram a vítima e o seu algoz. Com isso, o romance é escrito com competência convencional, mantém o suspense, envolve o leitor, exibe as marcas do empenho honesto. Quanto à História que ultrapassa os indivíduos, porém, ele é um adeus à viva claridade de verões interrompidos.
Socuerro! Chegou meu IPVÁgua! - JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 09/01
Por que tributo se chama tributo? Porque vem de três em três. Três de manhã, três à tarde e três à noite
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! E essa: "Governo federal oferece vagas em presídio para presidiários do Maranhão". Exceto para os membros da família Sarney! Rarará!
E a Roseana Sarney é uma fofa: comprou 80 kg de lagosta pra botar em quentinha de presídio!
E o calor continua! A Frente Frita! Sensação térmica: quero ficar pelado, quero ir pra praia JÁ! Vou passar o verão dentro do tanque.
Diz que a Dilma vai lançar o Bolsa Calor: todo brasileiro terá direito a uma piscininha de plástico! Eu quero! Rarará!
Diálogo quente de um casal na cama, ela sussurra: "Amor, fala alguma coisa quente pra mim!". "Belo Horizonte!" Rarará!
E atenção! Ontem eu ouvi um grito lancinante no prédio: AAAAAIIII! Crime, assalto, arrastão? Não, era meu vizinho recebendo o IPTU. Impossível Pagar TUdo isso!
E com as chuvas do verão: Imposto Para Tetos Úmidos! E o IPVA, Imposto Para Veículos Anfíbios.
E o chargista Jorge Braga mostra um homem numa canoa, deve ser em Minas ou Espírito Santo, gritando: "Esqueci de pagar o meu IPVÁGUA!". IPVA de barco!
E lamento informar que depois do espetáculo pirotécnico, vem o espetáculo fiscotécnico: IPTU, IPVA, IR, IH...ME Ferrei!
O Brasil devia ter um imposto único chamado IMF, IH Me Ferrei! E eu vou pagar o IPN. Imposto sobre Porra Nenhuma!
E sabe por que tributo se chama tributo? Porque vem de três em três. Três de manhã, três à tarde e três à noite. De três em três horas! Rarará. De tanto tributo, já estou ficando triputo. Triputo da Vida!
Por isso que a árvore símbolo do Brasil é o ipê; ipêVA, ipêTU, ipêrtensão. Tô com ipêrtensão de tanto ipê pra pagar. IPERTENSO! Rarará.
É mole? É mole, mas sobe!
Os Predestinados! Mais dois para a minha série Os Predestinados!
Sabe como se chama um dos seguranças do Cristo Redentor? JESUS!
E a mãe na maternidade: "Meu filho, você vai se chamar Jesus e vai tomar conta da estátua do teu irmão". Rarará.
E a agente comercial do banco Itaú em São João de Meriti se chama: Bianca Limite dos Anjos! Eu quero! Eu quero um limite dos anjos! Rarará.
Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
Por que tributo se chama tributo? Porque vem de três em três. Três de manhã, três à tarde e três à noite
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! E essa: "Governo federal oferece vagas em presídio para presidiários do Maranhão". Exceto para os membros da família Sarney! Rarará!
E a Roseana Sarney é uma fofa: comprou 80 kg de lagosta pra botar em quentinha de presídio!
E o calor continua! A Frente Frita! Sensação térmica: quero ficar pelado, quero ir pra praia JÁ! Vou passar o verão dentro do tanque.
Diz que a Dilma vai lançar o Bolsa Calor: todo brasileiro terá direito a uma piscininha de plástico! Eu quero! Rarará!
Diálogo quente de um casal na cama, ela sussurra: "Amor, fala alguma coisa quente pra mim!". "Belo Horizonte!" Rarará!
E atenção! Ontem eu ouvi um grito lancinante no prédio: AAAAAIIII! Crime, assalto, arrastão? Não, era meu vizinho recebendo o IPTU. Impossível Pagar TUdo isso!
E com as chuvas do verão: Imposto Para Tetos Úmidos! E o IPVA, Imposto Para Veículos Anfíbios.
E o chargista Jorge Braga mostra um homem numa canoa, deve ser em Minas ou Espírito Santo, gritando: "Esqueci de pagar o meu IPVÁGUA!". IPVA de barco!
E lamento informar que depois do espetáculo pirotécnico, vem o espetáculo fiscotécnico: IPTU, IPVA, IR, IH...ME Ferrei!
O Brasil devia ter um imposto único chamado IMF, IH Me Ferrei! E eu vou pagar o IPN. Imposto sobre Porra Nenhuma!
E sabe por que tributo se chama tributo? Porque vem de três em três. Três de manhã, três à tarde e três à noite. De três em três horas! Rarará. De tanto tributo, já estou ficando triputo. Triputo da Vida!
Por isso que a árvore símbolo do Brasil é o ipê; ipêVA, ipêTU, ipêrtensão. Tô com ipêrtensão de tanto ipê pra pagar. IPERTENSO! Rarará.
É mole? É mole, mas sobe!
Os Predestinados! Mais dois para a minha série Os Predestinados!
Sabe como se chama um dos seguranças do Cristo Redentor? JESUS!
E a mãe na maternidade: "Meu filho, você vai se chamar Jesus e vai tomar conta da estátua do teu irmão". Rarará.
E a agente comercial do banco Itaú em São João de Meriti se chama: Bianca Limite dos Anjos! Eu quero! Eu quero um limite dos anjos! Rarará.
Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
Desafiando a sorte - LUIS FERNANDO VERISSIMO
O Estado de S.Paulo - 09/01
Uma pessoa que nasce pobre, num dos chiqueiros do mundo, com pouca perspectiva de sobreviver, o que dirá de melhorar de vida, tem todo o direito de pensar que a sorte (ou Deus, ou que nome tenha o responsável pela sua sina) lhe foi cruel. E de assumir sua própria biografia, já que o destino que lhe foi reservado de nascença claramente não serve. Como um dos despossuídos da Terra, só tem duas opções: resignação ou fuga. Fatalismo ou revolta. Aceitar ou rejeitar sua sina. E literalmente desafiar a sua sorte.
Assim, essas cenas que se vê, de barcos precários lotados de imigrantes ilegais da África arriscando a vida para chegar à Europa, ou mexicanos sendo caçados na fronteira ao tentar entrar ilegalmente nos Estados Unidos, entre outras imagens de desumanidade e desespero, são cenas de uma tragédia recorrente e sem solução, mas uma tragédia com mais significados do que os que aparecem. Representam graficamente, didaticamente, a desigualdade entre nações pobres e ricas, que seria apenas outro fatalismo irredimível se a desigualdade não fosse deliberada, cultivada por nações ricas que muitas vezes estão na origem histórica da miséria dos pobres. E tem este outro significado, o de cada refugiado da sua sina representar um indivíduo em revolta contra o acaso que determinou que vida ele teria. São pessoas de posse da sua própria biografia, desafiando a ideia de que o destino de cada um está preordenado, na geografia ou nos astros.
A maioria dos que desafiam a sorte e conseguem chegar onde queriam continua a padecer. Transformam-se em problemas sociais no país de destino, sofrem com a hostilidade e o racismo e a falta de oportunidades. Mas o importante é que passaram pelas barreiras: a da sua origem na miséria e a barreira maior que separa o mundo rico do mundo pobre. Mesmo os que não conseguiram ser mais do que vendedores de bolsas Vuitton falsificadas na calçada, são símbolos de uma vitória. Já se disse da mistura e da quantidade de raças que se vê na Inglaterra, por exemplo, que são os filhos bastardos do império inglês, na metrópole para reclamar sua parte da herança. O normal é que imigrantes legais ou ilegais, na Europa e nos Estados Unidos, continuem deserdados. Mas, pelo menos, não é mais uma sina.
Uma pessoa que nasce pobre, num dos chiqueiros do mundo, com pouca perspectiva de sobreviver, o que dirá de melhorar de vida, tem todo o direito de pensar que a sorte (ou Deus, ou que nome tenha o responsável pela sua sina) lhe foi cruel. E de assumir sua própria biografia, já que o destino que lhe foi reservado de nascença claramente não serve. Como um dos despossuídos da Terra, só tem duas opções: resignação ou fuga. Fatalismo ou revolta. Aceitar ou rejeitar sua sina. E literalmente desafiar a sua sorte.
Assim, essas cenas que se vê, de barcos precários lotados de imigrantes ilegais da África arriscando a vida para chegar à Europa, ou mexicanos sendo caçados na fronteira ao tentar entrar ilegalmente nos Estados Unidos, entre outras imagens de desumanidade e desespero, são cenas de uma tragédia recorrente e sem solução, mas uma tragédia com mais significados do que os que aparecem. Representam graficamente, didaticamente, a desigualdade entre nações pobres e ricas, que seria apenas outro fatalismo irredimível se a desigualdade não fosse deliberada, cultivada por nações ricas que muitas vezes estão na origem histórica da miséria dos pobres. E tem este outro significado, o de cada refugiado da sua sina representar um indivíduo em revolta contra o acaso que determinou que vida ele teria. São pessoas de posse da sua própria biografia, desafiando a ideia de que o destino de cada um está preordenado, na geografia ou nos astros.
A maioria dos que desafiam a sorte e conseguem chegar onde queriam continua a padecer. Transformam-se em problemas sociais no país de destino, sofrem com a hostilidade e o racismo e a falta de oportunidades. Mas o importante é que passaram pelas barreiras: a da sua origem na miséria e a barreira maior que separa o mundo rico do mundo pobre. Mesmo os que não conseguiram ser mais do que vendedores de bolsas Vuitton falsificadas na calçada, são símbolos de uma vitória. Já se disse da mistura e da quantidade de raças que se vê na Inglaterra, por exemplo, que são os filhos bastardos do império inglês, na metrópole para reclamar sua parte da herança. O normal é que imigrantes legais ou ilegais, na Europa e nos Estados Unidos, continuem deserdados. Mas, pelo menos, não é mais uma sina.
Os pichadores da Fifa - PAULA CESARINO COSTA
FOLHA DE SP - 09/01
RIO DE JANEIRO - "Fora Fifa! Chega de covardia. Queremos moradia", dizia a faixa de manifestantes que fecharam avenida da zona norte do Rio para protestar contra remoções. Eram famílias de área próxima do Maracanã que invadiram casas abandonadas pela prefeitura, que removeu seus moradores há mais de três anos, mas não termina a demolição. A Fifa ou a prefeitura deixará o Rio em escombros?
Moradores protestaram contra a falta de água por dias, semanas e até meses a fio. A Cedae, empresa de águas do Estado, não soluciona o problema, sua obrigação básica. Outros fizeram fogueiras para chamar a atenção para suas comunidades sem energia. A Light e a Ampla, concessionárias, buscam explicações, mas ultrapassaram os limites de falta de energia fixados pela Aneel.
Na turística Copacabana, carros têm de driblar os montes de lixo, ainda não incendiados, para estacionar em rua paralela à avenida Atlântica. Quando ainda era um nome às vezes manchado pela crítica, não por pichadores de estátuas, Carlos Drummond de Andrade escreveu, em "Elegia Carioca", que viver no Rio é "promissória sempre renovada". "O sol da praia paga nossas dívidas de classe média enquanto multidões penduradas nos trens elétricos desfilam interminavelmente na indistinção entre vida e morte, futebol."
Hoje, o carioca lê o grafiteiro que emula o poeta mineiro à sua maneira: "Fui crime, serei poesia", picharam a dezenas de metros da estátua que embeleza o calçadão.
A Fifa é culpada de muita coisa: exigências descabidas, estímulo a oligopólios, pouca transparência. Mas, em relação aos problemas do Rio, há vilões com culpas, se não maiores, antecedentes às dela.
"Fora Fifa" é um slogan de passeata que a própria entidade se encarregará de cumprir. Em julho, vai embora --mais rica, é verdade. E o Rio ficará com seus problemas.
RIO DE JANEIRO - "Fora Fifa! Chega de covardia. Queremos moradia", dizia a faixa de manifestantes que fecharam avenida da zona norte do Rio para protestar contra remoções. Eram famílias de área próxima do Maracanã que invadiram casas abandonadas pela prefeitura, que removeu seus moradores há mais de três anos, mas não termina a demolição. A Fifa ou a prefeitura deixará o Rio em escombros?
Moradores protestaram contra a falta de água por dias, semanas e até meses a fio. A Cedae, empresa de águas do Estado, não soluciona o problema, sua obrigação básica. Outros fizeram fogueiras para chamar a atenção para suas comunidades sem energia. A Light e a Ampla, concessionárias, buscam explicações, mas ultrapassaram os limites de falta de energia fixados pela Aneel.
Na turística Copacabana, carros têm de driblar os montes de lixo, ainda não incendiados, para estacionar em rua paralela à avenida Atlântica. Quando ainda era um nome às vezes manchado pela crítica, não por pichadores de estátuas, Carlos Drummond de Andrade escreveu, em "Elegia Carioca", que viver no Rio é "promissória sempre renovada". "O sol da praia paga nossas dívidas de classe média enquanto multidões penduradas nos trens elétricos desfilam interminavelmente na indistinção entre vida e morte, futebol."
Hoje, o carioca lê o grafiteiro que emula o poeta mineiro à sua maneira: "Fui crime, serei poesia", picharam a dezenas de metros da estátua que embeleza o calçadão.
A Fifa é culpada de muita coisa: exigências descabidas, estímulo a oligopólios, pouca transparência. Mas, em relação aos problemas do Rio, há vilões com culpas, se não maiores, antecedentes às dela.
"Fora Fifa" é um slogan de passeata que a própria entidade se encarregará de cumprir. Em julho, vai embora --mais rica, é verdade. E o Rio ficará com seus problemas.
País safadinho - ANCELMO GOIS
O GLOBO - 09/01
Acredite. Sabe qual foi, segundo o Ecad, a música mais tocada em 2013 nas boates e casas de show? “Louquinha”, dos sertanejos João Lucas e Marcelo.
Um trecho: “Louca louquinha/ Dá uma empinadinha/Dá uma agachadinha/Você tá soltinha/Que isso, gatinha!”
Segue...
Neste ranking, em segundo lugar, ficou “Amor de chocolate”, de Naldo.
Um trecho: “Eu não tô de brincadeira/Eu meto tudo, eu pego firme pra valer/Chego cheio de maldade/Eu quero ouvir você gemer/Eu te ligo e chega a noite/Vou com tudo e vai que vai/Tem sabor de chocolate o sexo que a gente faz.”
E finalmente...
O terceiro lugar foi “Gatinha assanhada”, de Gusttavo Lima.
Um trecho: “Gatinha assanhada/cê tá querendo o quê?/Eu quero mexer/Eu quero mexer.”
Parou por quê?
Boa parte da frota de veículos do Ministério do Trabalho, em Brasília, estava parada ontem.
O motivo? Não havia combustível.
Para gringo ver
A exemplo do livro “Blocos de rua do carnaval do Rio de Janeiro”, editado pela Réptil em 2011, o site Carnaval Virtual, em sua versão em inglês, resolveu traduzir para a língua de William Shakespeare o nome de uns blocos do Rio.
Segue...
O Bagunça Meu Coreto, por exemplo, virou “Disord my bandstand”. Já o Bafafá é chamado de “Fuss block”, o Cordão do Boi Tolo, veja só, é “Silly ox cordon”.
E por aí vai. O livro de Dilma
O cubano Leonardo Padura prepara uma visita ao Brasil ainda neste primeiro semestre. Seu livro “O homem que amava os cachorros” vem sendo elogiado por aqui, inclusive por FH e Dilma.
O escritor, que mora em Havana, tem feito declarações a favor de mais abertura política e econômica na Ilha.
‘A capitoa’
A Casa da Palavra lança, em março, o romance “A capitoa”, de Bernadette Lyra. É sobre a vida de Luiza Grimaldi, uma das primeiras mulheres a comandar um estado brasileiro, como a coluna lembrou esta semana.
Na época das Capitanias Hereditárias, nos idos do século XVI, Luiza, como se sabe, governou o Espírito Santo.
Dinheiro no colchão
O Banco Central da Argentina estima que há mais de 700 mil cofres nos bancos do país. São usados por empresas e pessoas físicas.
Usar cofre é mania nacional e reflete a desconfiança dos hermanos no rumo da economia. Hoje, quem procura um cofre tem que esperar em uma fila, controlada pelos gerentes das agências.
Rio, eu gosto de você
O Rough Guides, portal britânico de viagens, fez uma lista das dez melhores cidades do mundo para se visitar em 2014.O Rio está em primeiro lugar.
Em seguida vêm Saravejo, na Bósnia; Liverpool, na Inglaterra; Umea, na Suécia; e Lviv, na Ucrânia.
A escola de Guerra-Peixe
Fundado por Oscar Lorenzo Fernández, em 1936, o Conservatório Brasileiro de Música vive uma crise.
Tem professor reclamando que os salários — onde se formou Guerra-Peixe — estão atrasados há seis meses.
Boletim da Justiça
O empresário e técnico de som Ricardo Carneiro Essucy será julgado, hoje, no III Tribunal do Júri.
Em 2009, ele matou a tiros dois PMs que o abordaram durante discussão com outro motorista por causa de estacionamento, em Rio das Ostras, RJ.
Diário do Galeão
As escadas rolantes para as salas VIPs do Galeão-Tom Jobim estavam paradas ontem. Os bacanas tiveram que subir escadas carregando as bagagens.
Além disso, faltou água em vários banheiros. Nosso Nelson Motta, uma das vítimas do Galeão, ontem, zombou: “Como diz o Zé Wilker: melhor só arroz com bosta.”
Mostra pra eu
Dois anos depois de criar um bloco de carnaval, uma turma de servidores do Rioprevidência conseguiu autorização da prefeitura para desfilar.
Dia 27 de fevereiro, às 19h, vai sair da Rua da Quitanda, no Centro do Rio, o bloco... Mostra o Fundo Que Eu Libero o Benefício.
No mais...
O Brasil é ou não é o “País safadinho”? Cartas para a Redação.
Acredite. Sabe qual foi, segundo o Ecad, a música mais tocada em 2013 nas boates e casas de show? “Louquinha”, dos sertanejos João Lucas e Marcelo.
Um trecho: “Louca louquinha/ Dá uma empinadinha/Dá uma agachadinha/Você tá soltinha/Que isso, gatinha!”
Segue...
Neste ranking, em segundo lugar, ficou “Amor de chocolate”, de Naldo.
Um trecho: “Eu não tô de brincadeira/Eu meto tudo, eu pego firme pra valer/Chego cheio de maldade/Eu quero ouvir você gemer/Eu te ligo e chega a noite/Vou com tudo e vai que vai/Tem sabor de chocolate o sexo que a gente faz.”
E finalmente...
O terceiro lugar foi “Gatinha assanhada”, de Gusttavo Lima.
Um trecho: “Gatinha assanhada/cê tá querendo o quê?/Eu quero mexer/Eu quero mexer.”
Parou por quê?
Boa parte da frota de veículos do Ministério do Trabalho, em Brasília, estava parada ontem.
O motivo? Não havia combustível.
Para gringo ver
A exemplo do livro “Blocos de rua do carnaval do Rio de Janeiro”, editado pela Réptil em 2011, o site Carnaval Virtual, em sua versão em inglês, resolveu traduzir para a língua de William Shakespeare o nome de uns blocos do Rio.
Segue...
O Bagunça Meu Coreto, por exemplo, virou “Disord my bandstand”. Já o Bafafá é chamado de “Fuss block”, o Cordão do Boi Tolo, veja só, é “Silly ox cordon”.
E por aí vai. O livro de Dilma
O cubano Leonardo Padura prepara uma visita ao Brasil ainda neste primeiro semestre. Seu livro “O homem que amava os cachorros” vem sendo elogiado por aqui, inclusive por FH e Dilma.
O escritor, que mora em Havana, tem feito declarações a favor de mais abertura política e econômica na Ilha.
‘A capitoa’
A Casa da Palavra lança, em março, o romance “A capitoa”, de Bernadette Lyra. É sobre a vida de Luiza Grimaldi, uma das primeiras mulheres a comandar um estado brasileiro, como a coluna lembrou esta semana.
Na época das Capitanias Hereditárias, nos idos do século XVI, Luiza, como se sabe, governou o Espírito Santo.
Dinheiro no colchão
O Banco Central da Argentina estima que há mais de 700 mil cofres nos bancos do país. São usados por empresas e pessoas físicas.
Usar cofre é mania nacional e reflete a desconfiança dos hermanos no rumo da economia. Hoje, quem procura um cofre tem que esperar em uma fila, controlada pelos gerentes das agências.
Rio, eu gosto de você
O Rough Guides, portal britânico de viagens, fez uma lista das dez melhores cidades do mundo para se visitar em 2014.O Rio está em primeiro lugar.
Em seguida vêm Saravejo, na Bósnia; Liverpool, na Inglaterra; Umea, na Suécia; e Lviv, na Ucrânia.
A escola de Guerra-Peixe
Fundado por Oscar Lorenzo Fernández, em 1936, o Conservatório Brasileiro de Música vive uma crise.
Tem professor reclamando que os salários — onde se formou Guerra-Peixe — estão atrasados há seis meses.
Boletim da Justiça
O empresário e técnico de som Ricardo Carneiro Essucy será julgado, hoje, no III Tribunal do Júri.
Em 2009, ele matou a tiros dois PMs que o abordaram durante discussão com outro motorista por causa de estacionamento, em Rio das Ostras, RJ.
Diário do Galeão
As escadas rolantes para as salas VIPs do Galeão-Tom Jobim estavam paradas ontem. Os bacanas tiveram que subir escadas carregando as bagagens.
Além disso, faltou água em vários banheiros. Nosso Nelson Motta, uma das vítimas do Galeão, ontem, zombou: “Como diz o Zé Wilker: melhor só arroz com bosta.”
Mostra pra eu
Dois anos depois de criar um bloco de carnaval, uma turma de servidores do Rioprevidência conseguiu autorização da prefeitura para desfilar.
Dia 27 de fevereiro, às 19h, vai sair da Rua da Quitanda, no Centro do Rio, o bloco... Mostra o Fundo Que Eu Libero o Benefício.
No mais...
O Brasil é ou não é o “País safadinho”? Cartas para a Redação.
MARCAÇÃO CERRADA - MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 09/01
Os gastos com segurança para a Copa do Mundo em São Paulo já ultrapassam R$ 42 milhões em compra de materiais e R$ 10 milhões em treinamento, entre recursos federais e estaduais. Na lista de compras, há itens como um sistema de monitoramento por imagens aéreas (R$ 8 milhões), um robô antibombas (R$ 619 mil) e dois detectores de gases tóxicos e substâncias explosivas (R$ 532 mil).
MARCAÇÃO CERRADA 2
Para os policiais, estão previstos cursos sobre proteção a autoridades, negociação de crises com reféns, controle de tumultos e combate à exploração sexual, entre outros temas. O planejamento foi apresentado em reunião recente com representantes da Prefeitura de SP e dos governos estadual e federal com organizadores do Mundial. As ações são apontadas como um dos legados da Copa de 2014.
INFERNO ASTRAL
Enquanto a governadora Roseana Sarney (PMDB) enfrenta a crise dos presídios no Maranhão, sua mãe, dona Marly, recupera-se de uma cirurgia no joelho. A ex-primeira-dama de 82 anos foi operada no hospital Albert Einstein em São Paulo no dia 2 e teve alta dois dias depois. Já voltou a São Luís com o marido, o senador José Sarney (PMDB-AP).
Dona Marly quebrou a patela na véspera do Réveillon e fez uma intervenção para estabilizar o joelho.
DE SAÍDA
O Serviço Funerário municipal passa por troca de comando. A exoneração do superintendente Sérgio Trani deve ser publicada no "Diário Oficial" de amanhã. Após um ano no cargo, ele alegou motivos pessoais para pedir sua saída a Simão Pedro, secretário de Serviços. O setor, que administra 22 cemitérios e um crematório, foi alvo de reclamações e denúncias no ano passado. A nova diretora será a advogada Lúcia França Pinto, assessora da pasta.
NO PRELO
Chega amanhã às livrarias o livro-reportagem "Operação Banqueiro", de Rubens Valente, repórter da Folha, publicado pela Geração Editorial. Seus 30 mil exemplares foram distribuídos em operação secreta para evitar vazamentos. A obra traz revelações, documentos e interceptações telefônicas da Operação Satiagraha, que, em 2008, levou à prisão Daniel Dantas, do Opportunity.
NO PRELO 2
Entre as revelações, mensagens que mostrariam ameaças feitas pelo banqueiro a autoridades do governo FHC para que deixasse de ser investigado.
EM FAMÍLIA
Neta de Benedito Ruy Barbosa, Paula Barbosa está confirmada em "Meu Pedacinho de Chão", de autoria do avô, próxima atração das 18h da Globo. A atriz, que atuou em outras novelas dele, como "Paraíso", terá um papel importante na trama.
Paula é filha de Edilene Barbosa e irmã de Marcos Barbosa Di Bernardo, colaboradores do novelista.
ORA, POIS
A cantora Mallu Magalhães, que desde novembro está morando em Portugal com o marido, Marcelo Camelo, fará dois shows no país neste mês. Acompanhada de músicos portugueses, ela se apresenta em Lisboa e Porto nos dias 27 e 28, respectivamente.
MESTRES DA CANÇÃO
João Bosco e Aldir Blanc se encontraram no Rio para gravar depoimento sobre a música "O Mestre-Sala dos Mares", composta pelos dois nos anos 1970.
O registro fará parte de uma coleção de livros digitais escolares que a editora Foz lança neste ano. As obras usam canções da MPB para ensinar português.
"Foi o único caso em que a censura melhorou um título nosso", disse Blanc sobre o veto ao nome "O Almirante Negro". Chico Buarque também vai participar do projeto, falando sobre "Morena de Angola".
BALADA DE VERÃO
O empresário Paulo Velloso e o DJ Edo Krause, acompanhado da mulher, Mariana, estiveram na casa noturna Posh Club, em Florianópolis, no fim de semana passado. As modelos Carol Guimarães, Andréia Marcon e Elaine Becker passaram por lá, assim como a cantora Ester Campos. Mariana Ribeiro e Tayana Lopes também curtiram a balada na praia de Jurerê Internacional.
CURTO-CIRCUITO
A exposição "Evita: Figura, Mulher e Mito", com joias de Marcelo Toledo, terá início hoje, às 19h, no MorumbiShopping.
Os empresários Zeca Andrade e Nanda Paulineli abrem o restaurante Terrine Gourmet, hoje, no Brooklin.
Adailton Medeiros (Ponto Cine) e Luiz Claudio Motta Lima (Subúrbio em Transe) serão homenageados pela Associação de Críticos de Cinema do RJ, em fevereiro.
A Virada Cultural de SP será em 17 e 18 de maio.
Os gastos com segurança para a Copa do Mundo em São Paulo já ultrapassam R$ 42 milhões em compra de materiais e R$ 10 milhões em treinamento, entre recursos federais e estaduais. Na lista de compras, há itens como um sistema de monitoramento por imagens aéreas (R$ 8 milhões), um robô antibombas (R$ 619 mil) e dois detectores de gases tóxicos e substâncias explosivas (R$ 532 mil).
MARCAÇÃO CERRADA 2
Para os policiais, estão previstos cursos sobre proteção a autoridades, negociação de crises com reféns, controle de tumultos e combate à exploração sexual, entre outros temas. O planejamento foi apresentado em reunião recente com representantes da Prefeitura de SP e dos governos estadual e federal com organizadores do Mundial. As ações são apontadas como um dos legados da Copa de 2014.
INFERNO ASTRAL
Enquanto a governadora Roseana Sarney (PMDB) enfrenta a crise dos presídios no Maranhão, sua mãe, dona Marly, recupera-se de uma cirurgia no joelho. A ex-primeira-dama de 82 anos foi operada no hospital Albert Einstein em São Paulo no dia 2 e teve alta dois dias depois. Já voltou a São Luís com o marido, o senador José Sarney (PMDB-AP).
Dona Marly quebrou a patela na véspera do Réveillon e fez uma intervenção para estabilizar o joelho.
DE SAÍDA
O Serviço Funerário municipal passa por troca de comando. A exoneração do superintendente Sérgio Trani deve ser publicada no "Diário Oficial" de amanhã. Após um ano no cargo, ele alegou motivos pessoais para pedir sua saída a Simão Pedro, secretário de Serviços. O setor, que administra 22 cemitérios e um crematório, foi alvo de reclamações e denúncias no ano passado. A nova diretora será a advogada Lúcia França Pinto, assessora da pasta.
NO PRELO
Chega amanhã às livrarias o livro-reportagem "Operação Banqueiro", de Rubens Valente, repórter da Folha, publicado pela Geração Editorial. Seus 30 mil exemplares foram distribuídos em operação secreta para evitar vazamentos. A obra traz revelações, documentos e interceptações telefônicas da Operação Satiagraha, que, em 2008, levou à prisão Daniel Dantas, do Opportunity.
NO PRELO 2
Entre as revelações, mensagens que mostrariam ameaças feitas pelo banqueiro a autoridades do governo FHC para que deixasse de ser investigado.
EM FAMÍLIA
Neta de Benedito Ruy Barbosa, Paula Barbosa está confirmada em "Meu Pedacinho de Chão", de autoria do avô, próxima atração das 18h da Globo. A atriz, que atuou em outras novelas dele, como "Paraíso", terá um papel importante na trama.
Paula é filha de Edilene Barbosa e irmã de Marcos Barbosa Di Bernardo, colaboradores do novelista.
ORA, POIS
A cantora Mallu Magalhães, que desde novembro está morando em Portugal com o marido, Marcelo Camelo, fará dois shows no país neste mês. Acompanhada de músicos portugueses, ela se apresenta em Lisboa e Porto nos dias 27 e 28, respectivamente.
MESTRES DA CANÇÃO
João Bosco e Aldir Blanc se encontraram no Rio para gravar depoimento sobre a música "O Mestre-Sala dos Mares", composta pelos dois nos anos 1970.
O registro fará parte de uma coleção de livros digitais escolares que a editora Foz lança neste ano. As obras usam canções da MPB para ensinar português.
"Foi o único caso em que a censura melhorou um título nosso", disse Blanc sobre o veto ao nome "O Almirante Negro". Chico Buarque também vai participar do projeto, falando sobre "Morena de Angola".
BALADA DE VERÃO
O empresário Paulo Velloso e o DJ Edo Krause, acompanhado da mulher, Mariana, estiveram na casa noturna Posh Club, em Florianópolis, no fim de semana passado. As modelos Carol Guimarães, Andréia Marcon e Elaine Becker passaram por lá, assim como a cantora Ester Campos. Mariana Ribeiro e Tayana Lopes também curtiram a balada na praia de Jurerê Internacional.
CURTO-CIRCUITO
A exposição "Evita: Figura, Mulher e Mito", com joias de Marcelo Toledo, terá início hoje, às 19h, no MorumbiShopping.
Os empresários Zeca Andrade e Nanda Paulineli abrem o restaurante Terrine Gourmet, hoje, no Brooklin.
Adailton Medeiros (Ponto Cine) e Luiz Claudio Motta Lima (Subúrbio em Transe) serão homenageados pela Associação de Críticos de Cinema do RJ, em fevereiro.
A Virada Cultural de SP será em 17 e 18 de maio.
Centralismo democrático - ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 09/01
A Executiva Nacional do PSDB vai aprovar resolução, no início de fevereiro, retirando a autonomia dos diretórios regionais para fechar alianças. As decisões dos estados serão submetidas ao aval da direção nacional e aos interesses da candidatura de Aécio Neves ao Planalto. Os tucanos querem evitar acordos que favoreçam candidatos à Câmara, mas não a sua candidatura a presidente.
Comitê de recepção
Ao retirar a autonomia dos estados para fazer alianças, o comando do PSDB quer evitar que seus caciques regionais se juntem a adversários no plano nacional. A cúpula tucana não quer submeter Aécio Neves aos apetites de suas bancadas estaduais. Essas poderiam promover acordos para reeleger seus deputados, mesmo deixando Aécio sem palanque. No pleito de 1989, o candidato do PMDB, Orestes Quércia, chegou a aeroportos no Nordeste sem ninguém para recebê-lo. Em 1994, para evitar que isso ocorresse com o ex-presidente Fernando Henrique, o então presidente do PFL, Jorge Bornhausen, lançou-se candidato ao governo de Santa Catarina.
“Meu amigo Eduardo (Campos) vai precisar endurecer o coro para conviver com o baixo padrão ético com que o PT enfrenta os adversários”
Aécio Neves
Presidente do PSDB e senador (MG)
Fato consumado
O comando do PMDB garante que a candidatura do vice Luiz Fernando Pezão ao governo do Rio está sacramentada. Dizem que após o governador Sérgio Cabral deixar o cargo, em março, ninguém impedirá Pezão de concorrer à reeleição.
A sucessora
Eliane Aquino, mulher do ex-governador de Sergipe Marcelo Déda, morto em dezembro passado em decorrência de um câncer, deverá disputar o Senado no lugar de seu marido, que concorreria à vaga. Entre os partidos aliados (PT, PSB e PMDB), a indicação é consenso e entendida como uma homenagem ao trabalho político de Déda.
Retrato do momento
Adversários do PT do Rio, de todos os matizes, avaliam que a candidatura ao governo do senador Lindbergh Farias “não explodiu”. O petista tem se mantido numa posição apenas discreta, abaixo de Anthony Garotinho e de Marcelo Crivella.
Apostando em novos ares
O governo vai antecipar a entrada do consórcio Changi Airports/Odebrecht no Galeão. Isso deveria ocorrer em agosto, após a Copa. Mas ele vai começar a operar em 15 de janeiro, na entrega do plano de trabalho ao ministro da Aviação Civil, Moreira Franco. A antecipação ocorrerá também no Aeroporto de Confins, já na próxima semana.
Abaixo de zero
O governo vai licitar empresa de refrigeração para amenizar o calor no terminal de passageiros do Aeroporto Santos Dumont. Para evitar empresas sem qualificação, um dos requisitos do edital será know-how em refrigeração de grandes ambientes.
E por falar em atraso
De todos os aeroportos em obras, o que está dando maior dor de cabeça ao governo é o de Fortaleza. A reforma da pista é considerada lenta e um dos temores é o de que, nesse ritmo, não seja concluída até o começo da Copa, em junho.
O MINISTÉRIO DA SAÚDE deixou de pagar emendas de muitos deputados. Elas se destinavam a hospitais, Santas Casas e instituições inadimplentes.
A Executiva Nacional do PSDB vai aprovar resolução, no início de fevereiro, retirando a autonomia dos diretórios regionais para fechar alianças. As decisões dos estados serão submetidas ao aval da direção nacional e aos interesses da candidatura de Aécio Neves ao Planalto. Os tucanos querem evitar acordos que favoreçam candidatos à Câmara, mas não a sua candidatura a presidente.
Comitê de recepção
Ao retirar a autonomia dos estados para fazer alianças, o comando do PSDB quer evitar que seus caciques regionais se juntem a adversários no plano nacional. A cúpula tucana não quer submeter Aécio Neves aos apetites de suas bancadas estaduais. Essas poderiam promover acordos para reeleger seus deputados, mesmo deixando Aécio sem palanque. No pleito de 1989, o candidato do PMDB, Orestes Quércia, chegou a aeroportos no Nordeste sem ninguém para recebê-lo. Em 1994, para evitar que isso ocorresse com o ex-presidente Fernando Henrique, o então presidente do PFL, Jorge Bornhausen, lançou-se candidato ao governo de Santa Catarina.
“Meu amigo Eduardo (Campos) vai precisar endurecer o coro para conviver com o baixo padrão ético com que o PT enfrenta os adversários”
Aécio Neves
Presidente do PSDB e senador (MG)
Fato consumado
O comando do PMDB garante que a candidatura do vice Luiz Fernando Pezão ao governo do Rio está sacramentada. Dizem que após o governador Sérgio Cabral deixar o cargo, em março, ninguém impedirá Pezão de concorrer à reeleição.
A sucessora
Eliane Aquino, mulher do ex-governador de Sergipe Marcelo Déda, morto em dezembro passado em decorrência de um câncer, deverá disputar o Senado no lugar de seu marido, que concorreria à vaga. Entre os partidos aliados (PT, PSB e PMDB), a indicação é consenso e entendida como uma homenagem ao trabalho político de Déda.
Retrato do momento
Adversários do PT do Rio, de todos os matizes, avaliam que a candidatura ao governo do senador Lindbergh Farias “não explodiu”. O petista tem se mantido numa posição apenas discreta, abaixo de Anthony Garotinho e de Marcelo Crivella.
Apostando em novos ares
O governo vai antecipar a entrada do consórcio Changi Airports/Odebrecht no Galeão. Isso deveria ocorrer em agosto, após a Copa. Mas ele vai começar a operar em 15 de janeiro, na entrega do plano de trabalho ao ministro da Aviação Civil, Moreira Franco. A antecipação ocorrerá também no Aeroporto de Confins, já na próxima semana.
Abaixo de zero
O governo vai licitar empresa de refrigeração para amenizar o calor no terminal de passageiros do Aeroporto Santos Dumont. Para evitar empresas sem qualificação, um dos requisitos do edital será know-how em refrigeração de grandes ambientes.
E por falar em atraso
De todos os aeroportos em obras, o que está dando maior dor de cabeça ao governo é o de Fortaleza. A reforma da pista é considerada lenta e um dos temores é o de que, nesse ritmo, não seja concluída até o começo da Copa, em junho.
O MINISTÉRIO DA SAÚDE deixou de pagar emendas de muitos deputados. Elas se destinavam a hospitais, Santas Casas e instituições inadimplentes.
Aécio joga em casa - BERNARDO MELLO FRANCO- PAINEL
FOLHA DE SP - 09/01
O presidenciável Aécio Neves (PSDB) iniciou ontem uma operação para torpedear o PT em Minas Gerais, seu reduto eleitoral. Ele avisou a aliados que lançará até o Carnaval o candidato tucano no Estado. Já o governador Antonio Anastasia (PSDB) renunciará em 31 de março para concorrer a senador. Com ele no páreo, a vaga ao Senado na chapa de Fernando Pimentel (PT) passaria a valer menos que uma nota de R$ 3. E os petistas apostavam muito nela para atrair novos aliados.
Pimenta nos outros O deputado Marcus Pestana ainda sonha com o governo mineiro. Mas Pimenta da Veiga, ministro das Comunicações de FHC, é favorito para disputar o cargo pelo PSDB.
Vem ni mim Aécio diz que Fernando Pimentel é um "bom nome" para enfrentar a máquina tucana, há 11 anos no poder em Minas. "Mas é bom lembrar que em 2010 havia duas vagas para o Senado e ele chegou em terceiro..."
Enquanto isso... O governador Geraldo Alckmin (PSDB) ligou para o presidenciável Eduardo Campos (PSB) na segunda-feira e o convidou para um café no Palácio dos Bandeirantes. Ele citou dados sobre o crescimento de Campos em São Paulo e o parabenizou pelo desempenho.
Para depois A dupla conversou sobre o possível lançamento de candidato próprio do PSB ao governo paulista. Alckmin respondeu que respeitará a decisão de Campos, mas espera apoio da sigla no segundo turno.
Os magoados A campanha do PSB vai frear a busca por novos aliados neste início de ano. A ideia é esperar a reforma ministerial de Dilma Rousseff para depois correr atrás dos descontentes.
Guerra fria Dois auxiliares de Alckmin travam uma disputa velada pelo posto de coordenador-geral de sua campanha à reeleição: o secretário Edson Aparecido (Casa Civil) e o assessor especial João Carlos Meirelles.
Papo com o PIB Em novo esforço para acalmar investidores, Dilma mandou sua equipe organizar um encontro com altos executivos no Fórum Econômico Mundial. O Planalto espera a presença de 70 CEOs na conversa, a portas fechadas.
Libera aí A família Perrella pediu à Justiça Federal do Espírito Santo que devolva o famoso helicóptero flagrado com cocaína em novembro. A aeronave pertence a uma empresa do deputado estadual Gustavo Perrella (SDD-MG).
Agora, não O advogado dos Perrella, Antonio Carlos de Almeida Castro, foi avisado de que o helicóptero está cedido ao governo capixaba para socorrer cidades afetadas pela chuva. Ele reapresentará o pedido quando a operação terminar.
Monsieur Suplicy Ontem, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) passou o dia mais feliz do que pinto no lixo, como diria o mangueirense Jamelão. A editora Calmann-Lévy, de Paris, avisou que publicará seu livro "Renda de Cidadania" em francês.
Enviado especial Dilma estuda enviar o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) a São Luís para acompanhar a crise no Maranhão. Sua pasta coordena os trabalhos da Força Nacional de Segurança, que teve sua permanência prorrogada por mais dois meses nos presídios do Estado.
Herança Eleito com ajuda de Paulo Maluf (PP), o prefeito Fernando Haddad (PT) voltou a sentir ontem o peso da herança do aliado. Sua licitação bilionária de novos corredores de ônibus foi suspensa pelo presidente do Tribunal de Contas do Município, Edson Simões. Que, por sua vez, chegou ao cargo graças ao ex-prefeito Celso Pitta.
com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN
tiroteio
"O ataque virulento do PT nos dá a certeza de que temos uma chapa para ganhar. Ninguém atira pedra em árvore que não dá fruto."
DE BETO ALBUQUERQUE (RS), líder do PSB na Câmara, sobre o texto publicado na página oficial do PT no Facebook que chama Eduardo Campos de "tolo".
contraponto
O líder de todos os governos
Em sessão da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, no fim de dezembro, Vital do Rêgo (PMDB-PB) brincou com o extenso currículo do aliado Romero Jucá (PMDB-RR). O peemedebista, como se sabe, conseguiu ser líder dos governos de FHC, Lula e Dilma Rousseff.
--Vossa Excelência, como líder de plenário histórico, o mais antigo neste Congresso, pode nos ajudar muito --disse o senador paraibano.
--Líder desde João Goulart, diga-se de passagem... --emendou Pedro Taques (PDT-MT).
--Desde Getúlio! --arrematou Vital.
O presidenciável Aécio Neves (PSDB) iniciou ontem uma operação para torpedear o PT em Minas Gerais, seu reduto eleitoral. Ele avisou a aliados que lançará até o Carnaval o candidato tucano no Estado. Já o governador Antonio Anastasia (PSDB) renunciará em 31 de março para concorrer a senador. Com ele no páreo, a vaga ao Senado na chapa de Fernando Pimentel (PT) passaria a valer menos que uma nota de R$ 3. E os petistas apostavam muito nela para atrair novos aliados.
Pimenta nos outros O deputado Marcus Pestana ainda sonha com o governo mineiro. Mas Pimenta da Veiga, ministro das Comunicações de FHC, é favorito para disputar o cargo pelo PSDB.
Vem ni mim Aécio diz que Fernando Pimentel é um "bom nome" para enfrentar a máquina tucana, há 11 anos no poder em Minas. "Mas é bom lembrar que em 2010 havia duas vagas para o Senado e ele chegou em terceiro..."
Enquanto isso... O governador Geraldo Alckmin (PSDB) ligou para o presidenciável Eduardo Campos (PSB) na segunda-feira e o convidou para um café no Palácio dos Bandeirantes. Ele citou dados sobre o crescimento de Campos em São Paulo e o parabenizou pelo desempenho.
Para depois A dupla conversou sobre o possível lançamento de candidato próprio do PSB ao governo paulista. Alckmin respondeu que respeitará a decisão de Campos, mas espera apoio da sigla no segundo turno.
Os magoados A campanha do PSB vai frear a busca por novos aliados neste início de ano. A ideia é esperar a reforma ministerial de Dilma Rousseff para depois correr atrás dos descontentes.
Guerra fria Dois auxiliares de Alckmin travam uma disputa velada pelo posto de coordenador-geral de sua campanha à reeleição: o secretário Edson Aparecido (Casa Civil) e o assessor especial João Carlos Meirelles.
Papo com o PIB Em novo esforço para acalmar investidores, Dilma mandou sua equipe organizar um encontro com altos executivos no Fórum Econômico Mundial. O Planalto espera a presença de 70 CEOs na conversa, a portas fechadas.
Libera aí A família Perrella pediu à Justiça Federal do Espírito Santo que devolva o famoso helicóptero flagrado com cocaína em novembro. A aeronave pertence a uma empresa do deputado estadual Gustavo Perrella (SDD-MG).
Agora, não O advogado dos Perrella, Antonio Carlos de Almeida Castro, foi avisado de que o helicóptero está cedido ao governo capixaba para socorrer cidades afetadas pela chuva. Ele reapresentará o pedido quando a operação terminar.
Monsieur Suplicy Ontem, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) passou o dia mais feliz do que pinto no lixo, como diria o mangueirense Jamelão. A editora Calmann-Lévy, de Paris, avisou que publicará seu livro "Renda de Cidadania" em francês.
Enviado especial Dilma estuda enviar o ministro José Eduardo Cardozo (Justiça) a São Luís para acompanhar a crise no Maranhão. Sua pasta coordena os trabalhos da Força Nacional de Segurança, que teve sua permanência prorrogada por mais dois meses nos presídios do Estado.
Herança Eleito com ajuda de Paulo Maluf (PP), o prefeito Fernando Haddad (PT) voltou a sentir ontem o peso da herança do aliado. Sua licitação bilionária de novos corredores de ônibus foi suspensa pelo presidente do Tribunal de Contas do Município, Edson Simões. Que, por sua vez, chegou ao cargo graças ao ex-prefeito Celso Pitta.
com ANDRÉIA SADI e BRUNO BOGHOSSIAN
tiroteio
"O ataque virulento do PT nos dá a certeza de que temos uma chapa para ganhar. Ninguém atira pedra em árvore que não dá fruto."
DE BETO ALBUQUERQUE (RS), líder do PSB na Câmara, sobre o texto publicado na página oficial do PT no Facebook que chama Eduardo Campos de "tolo".
contraponto
O líder de todos os governos
Em sessão da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, no fim de dezembro, Vital do Rêgo (PMDB-PB) brincou com o extenso currículo do aliado Romero Jucá (PMDB-RR). O peemedebista, como se sabe, conseguiu ser líder dos governos de FHC, Lula e Dilma Rousseff.
--Vossa Excelência, como líder de plenário histórico, o mais antigo neste Congresso, pode nos ajudar muito --disse o senador paraibano.
--Líder desde João Goulart, diga-se de passagem... --emendou Pedro Taques (PDT-MT).
--Desde Getúlio! --arrematou Vital.
Os blocos da oposição - DENISE ROTHENBURG
CORREIO BRAZILIENSE - 09/01
Recém-chegado ao quadro partidário, o Solidariedade se prepara para montar um bloco na Câmara dos Deputados com o PSDB, do senador Aécio Neves, e assim aumentar seu cacife no sentido de conquistar espaço nas comissões técnicas da Casa. O Solidariedade também planeja para breve o alinhamento eleitoral ao PSDB como forma de se colocar primeiro na aliança tucana e participar das composições de palanques e de chapa. O movimento pode inclusive deslocar o DEM, que até aqui era o aliado preferencial do PSDB. Os dois têm quase o mesmo número de deputados, sendo que o Solidariedade tem uma estrutura maior que os democratas em estados como São Paulo, praça importantíssima na hora da eleição.
Paralelamente aos movimentos do Solidariedade em direção aos tucanos, o PPS ruma para uma relação mais coesa com o PSB, do governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
“Eu vou cumprir. É preciso ter responsabilidade com o país. Se alguém furar, não serei eu”
Eduardo Cunha (RJ), líder do PMDB, referindo-se ao acordo fechado entre os partidos aliados e o governo Dilma Rousseff no sentido de não aprovar este ano qualquer projeto que eleve a despesa pública sem a respectiva contrapartida de receita. O acordo vale até o fim de 2014.
Arruma aqui…
Vice-presidente do Banco do Brasil, o ex-deputado Benito Gama é o nome do PTB para compor o governo da presidente Dilma Rousseff na temporada de reforma ministerial. Se for escolhido, obviamente, não será candidato a deputado federal pelo partido na Bahia. Um dos cargos que o PTB mira é a Secretaria Especial de Portos. Mas se contenta com Turismo.
…Desarruma lá
Ocorre que a bancada do PMDB na Câmara não admite perder o Ministério do Turismo para outro partido. E também não vê o senador Vital do Rêgo, cotado para a Integração, como alguém que os represente.
O executivo
Dilma Rousseff pretende nomear uma espécie de secretário executivo da campanha, ou seja, alguém que possa,
de pronto, responder sobre os programas governamentais. Até aqui, esse nome era Aloizio Mercadante. Como ele está cada dia mais ministro da Casa Civil, essa busca continua.
Uma coisa, outra coisa/ O presidente do PT, Rui Falcão (foto), tem uma frase pronta para evitar que os presidentes dos partidos queiram envolvê-lo ou cobrar o apoio dele na discussão da reforma ministerial: “Partido é partido, governo é governo. Eu cuido do partido”. E assim, muita gente boa recolhe os flaps e muda o rumo da conversa.
Por falar em PT…/ Alguns aliados de Dilma lembravam ontem que tudo o que o Lula pediu aos petistas em conversas reservadas foi que preservassem Eduardo Campos de ataques diretos, para não dificultar a vida do partido e da presidente num possível segundo turno. O apelo não resistiu à primeira semana de janeiro. Sinal de que 2014 vai mesmo ferver. O texto “a balada de Eduardo Campos”, chamando o governador de “tolo”, acabou por transformar o presidente do PSB em vítima e afastá-lo ainda mais.
Enquanto isso, no horário de almoço…/ Está assim ó de carro oficial parando em frente a shoppings da cidade para pegar algumas autoridades na hora do almoço. Ontem, num shopping no Centro Comercial Norte de Brasília, próximo à W3, em apenas cinco minutos, entre as 14h40 e as 14h45, os carros placas JKA 9489 e JGL 0991 estavam lá para buscar funcionários.
Resta um/ O ex-presidente do PTB Roberto Jefferson é hoje o único político condenado no processo do mensalão que ainda não tem uma definição sobre o pedido de prisão. Enquanto isso, respira política. A pausa de fim de ano se restringe ao blog.
Paralelamente aos movimentos do Solidariedade em direção aos tucanos, o PPS ruma para uma relação mais coesa com o PSB, do governador de Pernambuco, Eduardo Campos.
“Eu vou cumprir. É preciso ter responsabilidade com o país. Se alguém furar, não serei eu”
Eduardo Cunha (RJ), líder do PMDB, referindo-se ao acordo fechado entre os partidos aliados e o governo Dilma Rousseff no sentido de não aprovar este ano qualquer projeto que eleve a despesa pública sem a respectiva contrapartida de receita. O acordo vale até o fim de 2014.
Arruma aqui…
Vice-presidente do Banco do Brasil, o ex-deputado Benito Gama é o nome do PTB para compor o governo da presidente Dilma Rousseff na temporada de reforma ministerial. Se for escolhido, obviamente, não será candidato a deputado federal pelo partido na Bahia. Um dos cargos que o PTB mira é a Secretaria Especial de Portos. Mas se contenta com Turismo.
…Desarruma lá
Ocorre que a bancada do PMDB na Câmara não admite perder o Ministério do Turismo para outro partido. E também não vê o senador Vital do Rêgo, cotado para a Integração, como alguém que os represente.
O executivo
Dilma Rousseff pretende nomear uma espécie de secretário executivo da campanha, ou seja, alguém que possa,
de pronto, responder sobre os programas governamentais. Até aqui, esse nome era Aloizio Mercadante. Como ele está cada dia mais ministro da Casa Civil, essa busca continua.
Uma coisa, outra coisa/ O presidente do PT, Rui Falcão (foto), tem uma frase pronta para evitar que os presidentes dos partidos queiram envolvê-lo ou cobrar o apoio dele na discussão da reforma ministerial: “Partido é partido, governo é governo. Eu cuido do partido”. E assim, muita gente boa recolhe os flaps e muda o rumo da conversa.
Por falar em PT…/ Alguns aliados de Dilma lembravam ontem que tudo o que o Lula pediu aos petistas em conversas reservadas foi que preservassem Eduardo Campos de ataques diretos, para não dificultar a vida do partido e da presidente num possível segundo turno. O apelo não resistiu à primeira semana de janeiro. Sinal de que 2014 vai mesmo ferver. O texto “a balada de Eduardo Campos”, chamando o governador de “tolo”, acabou por transformar o presidente do PSB em vítima e afastá-lo ainda mais.
Enquanto isso, no horário de almoço…/ Está assim ó de carro oficial parando em frente a shoppings da cidade para pegar algumas autoridades na hora do almoço. Ontem, num shopping no Centro Comercial Norte de Brasília, próximo à W3, em apenas cinco minutos, entre as 14h40 e as 14h45, os carros placas JKA 9489 e JGL 0991 estavam lá para buscar funcionários.
Resta um/ O ex-presidente do PTB Roberto Jefferson é hoje o único político condenado no processo do mensalão que ainda não tem uma definição sobre o pedido de prisão. Enquanto isso, respira política. A pausa de fim de ano se restringe ao blog.
MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO
FOLHA DE SP - 09/01
Taubaté (SP) lançará PPP de R$ 1,3 bi para limpeza
A Prefeitura de Taubaté (SP), no Vale do Paraíba, vai repassar à iniciativa privada a gestão de todo o serviço de limpeza do município.
O edital da PPP (parceria público-privada) será lançado até o final deste mês.
O valor estimado do contrato é de R$ 1,3 bilhão, montante que será pago pela prefeitura ao longo de 30 anos de concessão.
O grupo ou consórcio vencedor da licitação ficará responsável por um conjunto de tarefas que vai da varrição de ruas até a coleta e a destinação final de resíduos domésticos e industriais.
Também caberá ao parceiro a construção de sistemas de reciclagem e de usinas de reaproveitamento de resíduos da construção civil, de acordo com o secretário municipal de Serviços Públicos, Alexandre Magno Borges.
"Ainda estamos revisando alguns números, mas a estimativa é que a empresa [vencedora da concessão] terá de investir R$ 158 milhões no início do contrato", afirma.
A contraprestação a ser paga pela prefeitura terá como base a eficiência do serviço prestado. "Haverá ganho de escala e redução de custos."
"Em uma etapa posterior, também vamos avaliar projetos para produção de vapor e de energia por meio do lixo."
Hoje, são geradas cerca de mil toneladas de resíduos por dia. Quase 300 toneladas são detritos domésticos e o restante é proveniente de empresas e da construção.
Como a cidade não possui um aterro próprio, o material é levado até um depósito na vizinha Tremembé.
A medida adotada em Taubaté segue o caminho de outros municípios, como Campinas (SP), que planeja uma PPP para o mesmo fim.
DIVERSÃO NA ÁGUA
O Beach Park, complexo turístico localizado na região metropolitana de Fortaleza, vai construir uma nova atração em seu parque aquático.
O brinquedo, cujo investimento é estimado em R$ 20 milhões, será desenvolvido no Canadá e deverá ser entregue em 2015.
"Começamos agora porque toda a execução levará mais de um ano e meio. Só a construção deverá consumir de oito a dez meses", diz Murilo Pascoal, principal executivo da empresa.
"O objetivo é manter a meta de inaugurar uma atração a cada dois anos porque nosso tipo de negócio depende muito de novidades", diz.
O Beach Park fechou 2013 com um crescimento de 14% na movimentação --de 850 mil pessoas em 2012 para 963 mil no ano passado.
O avanço foi impulsionado pela abertura de um novo resort no complexo e a inauguração do Arrepius, um conjunto de cinco toboáguas que custou R$ 15 milhões, segundo Pascoal.
"Para 2014, temos uma expectativa positiva. Fortaleza receberá seis jogos da Copa, o que deverá colaborar bastante", diz.
ESPELHO
O número de reportagens negativas sobre o Brasil na imprensa internacional bateu recorde no terceiro trimestre de 2013, mostra levantamento da agência Imagem Corporativa feito desde 2009.
Das 1.101 notícias publicadas sobre o país nos 15 veículos analisados, como "El País", "Le Monde" e "The New York Times", 42% tinham um tom crítico.
Os problemas de infraestrutura para a Copa e a política econômica adotada pelo governo foram alguns dos temas abordados pela mídia.
O especial de 14 páginas da revista inglesa "The Economist" intitulado "O Brasil estragou tudo?" foi uma dos destaques do período.
A crise nas companhias de Eike Batista também favoreceu a cobertura negativa sobre o país.
Nos nove primeiros meses do ano, o número total de referências ao Brasil caiu 14,74% na comparação com o mesmo período de 2012. As reportagens negativas, porém, cresceram 22,34%.
No período, foram veiculadas 3.337 notícias sobre o país.
OLHAR DOS OUTROS
O Brasil está entre os países com piores ambientes para negócios, de acordo com pesquisa da Ipsos realizada com executivos britânicos no fim de 2013.
Quando perguntados qual localidade tem o melhor cenário, apenas 1% dos entrevistados citou o Brasil --queda de seis pontos percentuais na comparação com 2012.
Ainda houve recuo no quesito atratividade para investimentos, de 17%, em 2012, para 7% no ano passado.
Companheira do Brasil nos Brics, a Índia registrou desempenho similar. Teve 1% das respostas na primeira categoria e 6% na segunda.
África e Oriente Médio obtiveram a mesma pontuação que o país asiático no critério ambiente para negócios.
Na liderança do indicador, estão os EUA, com 52% --acréscimo de sete pontos percentuais em relação ao período anterior. O resultado supera a pontuação do próprio Reino Unido (34%).
A China foi escolhida o país mais atrativo para investidores pelo segundo ano seguido, com 23% das citações.
Interesse... Os downloads de uma publicação da Amcham sobre como investir no Brasil aumentaram 84% em 2013 em relação a 2012.
...estrangeiro Foram mais de 25 mil acessos gratuitos ao material da Câmara Americana de Comércio em 2013, ante 13,6 mil em 2012.
Limpeza... A produção de cloro de janeiro a novembro de 2013 chegou a 1,1 milhão de toneladas, uma queda de 1% ante igual período de 2012.
...em baixa A soda cáustica teve variação de -0,6%, o equivalente a 1,2 milhão de toneladas. Os dados são da Abiclor (entidade do setor).
Moldura na hora A rede de moldurarias FastFrame pretende abrir dez unidades neste ano. Hoje, a companhia tem 51 lojas em todo o país --no Estado de São Paulo, são 27. Em 2013, as vendas da empresa cresceram 25%.
Direção A Fundação Vanzolini, mantida por docentes da Escola Politécnica da USP, elegeu o professor Mauro de Mesquita Spínola como novo presidente da diretoria-executiva. Ele ocupará o cargo no biênio 2014-15.
Taubaté (SP) lançará PPP de R$ 1,3 bi para limpeza
A Prefeitura de Taubaté (SP), no Vale do Paraíba, vai repassar à iniciativa privada a gestão de todo o serviço de limpeza do município.
O edital da PPP (parceria público-privada) será lançado até o final deste mês.
O valor estimado do contrato é de R$ 1,3 bilhão, montante que será pago pela prefeitura ao longo de 30 anos de concessão.
O grupo ou consórcio vencedor da licitação ficará responsável por um conjunto de tarefas que vai da varrição de ruas até a coleta e a destinação final de resíduos domésticos e industriais.
Também caberá ao parceiro a construção de sistemas de reciclagem e de usinas de reaproveitamento de resíduos da construção civil, de acordo com o secretário municipal de Serviços Públicos, Alexandre Magno Borges.
"Ainda estamos revisando alguns números, mas a estimativa é que a empresa [vencedora da concessão] terá de investir R$ 158 milhões no início do contrato", afirma.
A contraprestação a ser paga pela prefeitura terá como base a eficiência do serviço prestado. "Haverá ganho de escala e redução de custos."
"Em uma etapa posterior, também vamos avaliar projetos para produção de vapor e de energia por meio do lixo."
Hoje, são geradas cerca de mil toneladas de resíduos por dia. Quase 300 toneladas são detritos domésticos e o restante é proveniente de empresas e da construção.
Como a cidade não possui um aterro próprio, o material é levado até um depósito na vizinha Tremembé.
A medida adotada em Taubaté segue o caminho de outros municípios, como Campinas (SP), que planeja uma PPP para o mesmo fim.
DIVERSÃO NA ÁGUA
O Beach Park, complexo turístico localizado na região metropolitana de Fortaleza, vai construir uma nova atração em seu parque aquático.
O brinquedo, cujo investimento é estimado em R$ 20 milhões, será desenvolvido no Canadá e deverá ser entregue em 2015.
"Começamos agora porque toda a execução levará mais de um ano e meio. Só a construção deverá consumir de oito a dez meses", diz Murilo Pascoal, principal executivo da empresa.
"O objetivo é manter a meta de inaugurar uma atração a cada dois anos porque nosso tipo de negócio depende muito de novidades", diz.
O Beach Park fechou 2013 com um crescimento de 14% na movimentação --de 850 mil pessoas em 2012 para 963 mil no ano passado.
O avanço foi impulsionado pela abertura de um novo resort no complexo e a inauguração do Arrepius, um conjunto de cinco toboáguas que custou R$ 15 milhões, segundo Pascoal.
"Para 2014, temos uma expectativa positiva. Fortaleza receberá seis jogos da Copa, o que deverá colaborar bastante", diz.
ESPELHO
O número de reportagens negativas sobre o Brasil na imprensa internacional bateu recorde no terceiro trimestre de 2013, mostra levantamento da agência Imagem Corporativa feito desde 2009.
Das 1.101 notícias publicadas sobre o país nos 15 veículos analisados, como "El País", "Le Monde" e "The New York Times", 42% tinham um tom crítico.
Os problemas de infraestrutura para a Copa e a política econômica adotada pelo governo foram alguns dos temas abordados pela mídia.
O especial de 14 páginas da revista inglesa "The Economist" intitulado "O Brasil estragou tudo?" foi uma dos destaques do período.
A crise nas companhias de Eike Batista também favoreceu a cobertura negativa sobre o país.
Nos nove primeiros meses do ano, o número total de referências ao Brasil caiu 14,74% na comparação com o mesmo período de 2012. As reportagens negativas, porém, cresceram 22,34%.
No período, foram veiculadas 3.337 notícias sobre o país.
OLHAR DOS OUTROS
O Brasil está entre os países com piores ambientes para negócios, de acordo com pesquisa da Ipsos realizada com executivos britânicos no fim de 2013.
Quando perguntados qual localidade tem o melhor cenário, apenas 1% dos entrevistados citou o Brasil --queda de seis pontos percentuais na comparação com 2012.
Ainda houve recuo no quesito atratividade para investimentos, de 17%, em 2012, para 7% no ano passado.
Companheira do Brasil nos Brics, a Índia registrou desempenho similar. Teve 1% das respostas na primeira categoria e 6% na segunda.
África e Oriente Médio obtiveram a mesma pontuação que o país asiático no critério ambiente para negócios.
Na liderança do indicador, estão os EUA, com 52% --acréscimo de sete pontos percentuais em relação ao período anterior. O resultado supera a pontuação do próprio Reino Unido (34%).
A China foi escolhida o país mais atrativo para investidores pelo segundo ano seguido, com 23% das citações.
Interesse... Os downloads de uma publicação da Amcham sobre como investir no Brasil aumentaram 84% em 2013 em relação a 2012.
...estrangeiro Foram mais de 25 mil acessos gratuitos ao material da Câmara Americana de Comércio em 2013, ante 13,6 mil em 2012.
Limpeza... A produção de cloro de janeiro a novembro de 2013 chegou a 1,1 milhão de toneladas, uma queda de 1% ante igual período de 2012.
...em baixa A soda cáustica teve variação de -0,6%, o equivalente a 1,2 milhão de toneladas. Os dados são da Abiclor (entidade do setor).
Moldura na hora A rede de moldurarias FastFrame pretende abrir dez unidades neste ano. Hoje, a companhia tem 51 lojas em todo o país --no Estado de São Paulo, são 27. Em 2013, as vendas da empresa cresceram 25%.
Direção A Fundação Vanzolini, mantida por docentes da Escola Politécnica da USP, elegeu o professor Mauro de Mesquita Spínola como novo presidente da diretoria-executiva. Ele ocupará o cargo no biênio 2014-15.
Viajando - CARLOS ALBERTO SARDENBERG
O GLOBO - 09/01
A privatização atrasou e foi atraso de anos. No Galeão, por exemplo, os novos donos nem assumiram ainda
Estava no portão 15 do Aeroporto de Guarulhos, esperando um voo da Gol para Recife, sexta à tarde, 20 de dezembro, pessoal já partindo em férias. Logo, tudo lotado. De repente, o sistema de som informa que esse voo estava na última chamada, no portão 17. Não era só eu que havia bobeado. Muitas pessoas levantaram-se preocupadas e correram para o outro portão. Na maior pressa, os funcionários acomodaram os atrasados em um ônibus e… nada.
Depois de um bom tempo de espera, alguém percebe que não havia motorista. Pergunta daqui e dali, e eram dois problemas. De fato, esperava-se por um condutor, mas, além disso, 12 passageiros ainda não haviam embarcado. Quando apareceu o motorista, o ônibus partiu, sem os 12, e encostou na escada do Boeing. Pessoal sobe, se acomoda e ficam duas pessoas de pé, sem assentos.
Comissária e agentes de terra travam uma inquieta conversa: como já pode estar com “overbooking” se ainda faltam passageiros para embarcar? Foi aí que uma comissária teve um estalo. Pegou o microfone e anunciou que aquele era um voo para Recife.
Recife? Várias pessoas se levantaram. Iam para o Galeão. Estava explicado: passageiros para o Recife estavam no avião do Rio e inversamente.
Está certo que o aeroporto é pequeno para o volume de tráfego que tem. Mas parece também que isso aí é falta de tecnologia, métodos e pessoal treinado. Umas trinta pessoas haviam tomado o ônibus errado e ninguém percebeu?
No auge da confusão, um funcionário me reconhece e comenta: o senhor precisa falar disto. Este é aeroporto da Copa!
DE FÉRIAS
Embarque internacional em Guarulhos, em 6 de janeiro. Maior confusão naqueles portões que ficam no térreo e não têm pontes de acesso aos aviões. De novo, rolo com os ônibus. Como o espaço ali é muito pequeno, fica praticamente impossível organizar as filas de embarque. Pessoal da American Airlines ainda tenta, depois desiste e tenta colocar todo mundo no ônibus do jeito que dava. Estou subindo, uma funcionária me detém e também pede: fale disto, por favor, isso aqui é para a Copa, nós vamos enlouquecer!
Imaginem os passageiros.
Bom, todos embarcados, o comandante informa que está esperando uma nova rota de voo. Ah! e também faltava completar o tanque.
Voo sai com uma hora de atraso, sem qualquer problema de clima. Chega em Dallas, estrangeiros seguem para carimbar o passaporte. Aí, sabe como é, muito cedo, só quatro “oficiais” da imigração estão trabalhando. Mais uma hora…
ATRASO
No voo para os EUA, leio que o chefão da Fifa, Joseph Blatter, diz que o Brasil foi o país que teve mais tempo para preparar a Copa, sete anos, mas é o que apresenta o maior atraso nesta altura do campeonato.
O governo brasileiro não nega o atraso, mas diz que estará tudo pronto no dia do jogo.
É claro que não estará. Vai sair na base do quebra-galho, dos puxadinhos, voos de madrugada, confusão nos embarques, pessoal suando a camisa para chegar aos estádios.
De quem á a culpa? Alguns dizem: bom, o aeroporto de Guarulhos já está nas mãos da iniciativa privada, assim como o de Brasília, e as confusões continuam.
Verdade.
Mas é verdade também que a privatização atrasou e foi atraso de anos. No Galeão, por exemplo, os novos donos nem assumiram ainda.
Sem contar os atrasos ou os cancelamentos de obras de apoio, especialmente as de mobilidade.
A culpa é do setor público como um todo, incluindo, pois, governadores e prefeitos. Mas a responsabilidade principal era e é do governo federal. Assim como Lula foi aplaudido quando conseguiu a Copa — e alardeou isso — agora ele e a presidente Dilma ficam com os ônus.
A privatização atrasou e foi atraso de anos. No Galeão, por exemplo, os novos donos nem assumiram ainda
Estava no portão 15 do Aeroporto de Guarulhos, esperando um voo da Gol para Recife, sexta à tarde, 20 de dezembro, pessoal já partindo em férias. Logo, tudo lotado. De repente, o sistema de som informa que esse voo estava na última chamada, no portão 17. Não era só eu que havia bobeado. Muitas pessoas levantaram-se preocupadas e correram para o outro portão. Na maior pressa, os funcionários acomodaram os atrasados em um ônibus e… nada.
Depois de um bom tempo de espera, alguém percebe que não havia motorista. Pergunta daqui e dali, e eram dois problemas. De fato, esperava-se por um condutor, mas, além disso, 12 passageiros ainda não haviam embarcado. Quando apareceu o motorista, o ônibus partiu, sem os 12, e encostou na escada do Boeing. Pessoal sobe, se acomoda e ficam duas pessoas de pé, sem assentos.
Comissária e agentes de terra travam uma inquieta conversa: como já pode estar com “overbooking” se ainda faltam passageiros para embarcar? Foi aí que uma comissária teve um estalo. Pegou o microfone e anunciou que aquele era um voo para Recife.
Recife? Várias pessoas se levantaram. Iam para o Galeão. Estava explicado: passageiros para o Recife estavam no avião do Rio e inversamente.
Está certo que o aeroporto é pequeno para o volume de tráfego que tem. Mas parece também que isso aí é falta de tecnologia, métodos e pessoal treinado. Umas trinta pessoas haviam tomado o ônibus errado e ninguém percebeu?
No auge da confusão, um funcionário me reconhece e comenta: o senhor precisa falar disto. Este é aeroporto da Copa!
DE FÉRIAS
Embarque internacional em Guarulhos, em 6 de janeiro. Maior confusão naqueles portões que ficam no térreo e não têm pontes de acesso aos aviões. De novo, rolo com os ônibus. Como o espaço ali é muito pequeno, fica praticamente impossível organizar as filas de embarque. Pessoal da American Airlines ainda tenta, depois desiste e tenta colocar todo mundo no ônibus do jeito que dava. Estou subindo, uma funcionária me detém e também pede: fale disto, por favor, isso aqui é para a Copa, nós vamos enlouquecer!
Imaginem os passageiros.
Bom, todos embarcados, o comandante informa que está esperando uma nova rota de voo. Ah! e também faltava completar o tanque.
Voo sai com uma hora de atraso, sem qualquer problema de clima. Chega em Dallas, estrangeiros seguem para carimbar o passaporte. Aí, sabe como é, muito cedo, só quatro “oficiais” da imigração estão trabalhando. Mais uma hora…
ATRASO
No voo para os EUA, leio que o chefão da Fifa, Joseph Blatter, diz que o Brasil foi o país que teve mais tempo para preparar a Copa, sete anos, mas é o que apresenta o maior atraso nesta altura do campeonato.
O governo brasileiro não nega o atraso, mas diz que estará tudo pronto no dia do jogo.
É claro que não estará. Vai sair na base do quebra-galho, dos puxadinhos, voos de madrugada, confusão nos embarques, pessoal suando a camisa para chegar aos estádios.
De quem á a culpa? Alguns dizem: bom, o aeroporto de Guarulhos já está nas mãos da iniciativa privada, assim como o de Brasília, e as confusões continuam.
Verdade.
Mas é verdade também que a privatização atrasou e foi atraso de anos. No Galeão, por exemplo, os novos donos nem assumiram ainda.
Sem contar os atrasos ou os cancelamentos de obras de apoio, especialmente as de mobilidade.
A culpa é do setor público como um todo, incluindo, pois, governadores e prefeitos. Mas a responsabilidade principal era e é do governo federal. Assim como Lula foi aplaudido quando conseguiu a Copa — e alardeou isso — agora ele e a presidente Dilma ficam com os ônus.
Ano-Novo, velhos tropeços - VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SP - 09/01
Ministros aparecem com medidas para 'tranquilizar' o público; emenda sai pior que o soneto
NÃO DERAM muito certo as primeiras aparições de 2014 dos ministros que a presidente encarregou de domar humores de empresários, "mercado" e interessados em economia e artes do governo.
Ainda na semana do Ano-Novo, o ministro Guido Mantega, da Fazenda, antecipou, em linhas gerais, o resultado das contas do governo federal de 2013. No domingo, em entrevista a esta Folha, a ministra Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, avisou que poderia abrir o mercado de aviação para empresas estrangeiras caso as companhias brasileiras exagerassem nos preços, por causa da Copa.
Mantega adiantou em um mês o resultado do superavit primário de 2013. Tinha a intenção declarada de brindar o ano com uma boa notícia e "acalmar os nervosinhos" com o mau estado das contas públicas.
O ministro praticamente choveu no molhado, escorregando em seguida. O governo conseguiu atingir sua meta já muito reduzida de poupança, mas com receitas extraordinárias. Disse, em suma, que o governo conseguiu fazer um remendão, algo já meio sabido e mal recebido.
Irritadas, preocupadas, nervosas, passadas, desencantadas ou abúlicas, as pessoas que acompanham esse tipo de discussão não ficaram com impressão melhor do desempenho fiscal do governo, na melhor das hipóteses.
A coisa ficou algo pior com uma informação levantada pelo site "Contas Abertas" e noticiada ontem pelo jornal "Valor": houve crescimento dos já incomodamente grandes "restos a pagar". Em suma, em 2013 o governo empurrou para o ano(s) seguinte(s) um volume ainda maior de pagamentos devidos, o que avaria algo mais a credibilidade das contas do governo.
Gleisi, em última análise, ameaçou as empresas aéreas brasileiras com competição, subtexto tão evidente da entrevista que a coisa virou piada até nas ditas "redes sociais". Está claro que não pega bem dizer que um mercado funciona tão mal que é preciso o governo vir com "medidas emergenciais" de competição ("abusem, mas não exagerem").
Sim, não é raro que o governo recorra a esse tipo de medida, tal como reduzir o custo de importação de produtos (ocorre com alguma frequência com insumos industriais ou da construção civil produzidos por oligopólios ineficientes).
No caso das passagens aéreas, a ameaça caiu especialmente mal porque o assunto é "pop". Os serviços das empresas do setor são detestados como os de telefônicas ou de TV por assinatura. Muitos sentem na veia a ruindade desses serviços.
No fundo, a "medida" não pega bem de jeito nenhum. Se há cartel, oligopólio e/ou ineficiência grossa, essas ameaças pontuais de "mais competição" suscitam a ideia de que o governo é em geral conivente com o abuso, além de não ter política de incentivo à maior produtividade.
Para piorar, a ameaça da ministra era inadvertida e fundamentalmente vazia, ao menos segundo empresas estrangeiras e entendidos na legislação.
Primeiro, as empresas aéreas de fora dizem que não teriam como fazer uma oferta de voos emergência. Segundo, a lei brasileira proibiria a abertura dos aeroportos.
Além de anunciar um remendo que por si só denuncia um descalabro, mais uma vez um ministro aparece com uma ideia apressada e sem fundamentação técnica elementar.
Ministros aparecem com medidas para 'tranquilizar' o público; emenda sai pior que o soneto
NÃO DERAM muito certo as primeiras aparições de 2014 dos ministros que a presidente encarregou de domar humores de empresários, "mercado" e interessados em economia e artes do governo.
Ainda na semana do Ano-Novo, o ministro Guido Mantega, da Fazenda, antecipou, em linhas gerais, o resultado das contas do governo federal de 2013. No domingo, em entrevista a esta Folha, a ministra Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, avisou que poderia abrir o mercado de aviação para empresas estrangeiras caso as companhias brasileiras exagerassem nos preços, por causa da Copa.
Mantega adiantou em um mês o resultado do superavit primário de 2013. Tinha a intenção declarada de brindar o ano com uma boa notícia e "acalmar os nervosinhos" com o mau estado das contas públicas.
O ministro praticamente choveu no molhado, escorregando em seguida. O governo conseguiu atingir sua meta já muito reduzida de poupança, mas com receitas extraordinárias. Disse, em suma, que o governo conseguiu fazer um remendão, algo já meio sabido e mal recebido.
Irritadas, preocupadas, nervosas, passadas, desencantadas ou abúlicas, as pessoas que acompanham esse tipo de discussão não ficaram com impressão melhor do desempenho fiscal do governo, na melhor das hipóteses.
A coisa ficou algo pior com uma informação levantada pelo site "Contas Abertas" e noticiada ontem pelo jornal "Valor": houve crescimento dos já incomodamente grandes "restos a pagar". Em suma, em 2013 o governo empurrou para o ano(s) seguinte(s) um volume ainda maior de pagamentos devidos, o que avaria algo mais a credibilidade das contas do governo.
Gleisi, em última análise, ameaçou as empresas aéreas brasileiras com competição, subtexto tão evidente da entrevista que a coisa virou piada até nas ditas "redes sociais". Está claro que não pega bem dizer que um mercado funciona tão mal que é preciso o governo vir com "medidas emergenciais" de competição ("abusem, mas não exagerem").
Sim, não é raro que o governo recorra a esse tipo de medida, tal como reduzir o custo de importação de produtos (ocorre com alguma frequência com insumos industriais ou da construção civil produzidos por oligopólios ineficientes).
No caso das passagens aéreas, a ameaça caiu especialmente mal porque o assunto é "pop". Os serviços das empresas do setor são detestados como os de telefônicas ou de TV por assinatura. Muitos sentem na veia a ruindade desses serviços.
No fundo, a "medida" não pega bem de jeito nenhum. Se há cartel, oligopólio e/ou ineficiência grossa, essas ameaças pontuais de "mais competição" suscitam a ideia de que o governo é em geral conivente com o abuso, além de não ter política de incentivo à maior produtividade.
Para piorar, a ameaça da ministra era inadvertida e fundamentalmente vazia, ao menos segundo empresas estrangeiras e entendidos na legislação.
Primeiro, as empresas aéreas de fora dizem que não teriam como fazer uma oferta de voos emergência. Segundo, a lei brasileira proibiria a abertura dos aeroportos.
Além de anunciar um remendo que por si só denuncia um descalabro, mais uma vez um ministro aparece com uma ideia apressada e sem fundamentação técnica elementar.
Os limites do câmbio - CELSO MING
O Estado de S.Paulo - 09/01
Ao longo de 2013, o governo Dilma bem que tentou desvalorizar o real (puxar a alta do dólar), provavelmente para R$ 2,50, com base no pressuposto de que a indústria precisa de mais competitividade, ou seja, precisa exportar a preços mais baixos em moeda estrangeira.
Mas foi obrigado a recuar à medida que a escalada das cotações do dólar ameaçou levar a inflação ao descontrole (veja o gráfico). O Banco Central vem batalhando para reduzir a desvalorização do real. Tanto assim, que em 2013 colocou no mercado cerca de US$ 70 bilhões em títulos (em reais) para proteção contra a alta do dólar daqueles que têm compromissos em moeda estrangeira.
A deterioração das contas externas é o primeiro fator que trabalha contra a atuação do Banco Central e tende a aumentar a saída de dólares. O outro é a ação do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), que começa a reverter sua política monetária altamente expansionista e, assim, a reduzir a oferta de dólares no mercado internacional. São forças que podem puxar as cotações do câmbio interno para as vizinhanças dos R$ 2,50. A última pesquisa Focus, que o Banco Central faz semanalmente entre mais de 100 instituições, aponta para a expectativa de um câmbio a R$ 2,45 ao final de 2014. Se houver novo rebaixamento da qualidade dos títulos da dívida do Tesouro pelas agências de classificação de risco, como indica a Standard & Poor's, o avanço do dólar pode ser ainda maior.
Falta saber o que o governo fará para tentar neutralizar o impacto inflacionário que essa alta pode provocar. De um lado, vai continuar oferecendo proteção (hedge) para quem precisar. O problema é que essa operação ameaça ficar insustentável. De outro, deverá continuar a acionar os juros em reais.
O governo confia em que a melhora das condições da economia americana ajudará a aumentar as encomendas de produtos brasileiros e, assim, a garantir mais receitas com exportação. Além disso, a Petrobrás está programada para aumentar a produção de petróleo em cerca de 10%, o que, por sua vez, concorrerá para reduzir o déficit de combustíveis.
Pode ser pouco. A perda de confiança e a retração dos investimentos que se seguiu aconteceram porque o governo Dilma ficou a meio caminho nos seus objetivos. Toda a chamada nova matriz econômica fracassou porque, além de produzir não mais do que uma sucessão de pibinhos e uma inflação à beira do insuportável, provocou mais distorções do que soluções.
O governo Dilma está perdendo margem de manobra em praticamente todas as áreas de atuação. Não pode aumentar as desonerações ou as despesas públicas porque a arrecadação está sendo achatada pelo baixo crescimento do PIB. Não pode derrubar os juros e estimular os investimentos porque segue gastando demais. Não pode dar mais câmbio porque abriria espaço para a alta de preços.
As propostas vão afunilando para uma única solução: melhorar substancialmente a qualidade das contas públicas. Somente esse tipo de solidez reduzirá a procura de salva-vidas em moeda estrangeira.
Ao longo de 2013, o governo Dilma bem que tentou desvalorizar o real (puxar a alta do dólar), provavelmente para R$ 2,50, com base no pressuposto de que a indústria precisa de mais competitividade, ou seja, precisa exportar a preços mais baixos em moeda estrangeira.
Mas foi obrigado a recuar à medida que a escalada das cotações do dólar ameaçou levar a inflação ao descontrole (veja o gráfico). O Banco Central vem batalhando para reduzir a desvalorização do real. Tanto assim, que em 2013 colocou no mercado cerca de US$ 70 bilhões em títulos (em reais) para proteção contra a alta do dólar daqueles que têm compromissos em moeda estrangeira.
A deterioração das contas externas é o primeiro fator que trabalha contra a atuação do Banco Central e tende a aumentar a saída de dólares. O outro é a ação do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), que começa a reverter sua política monetária altamente expansionista e, assim, a reduzir a oferta de dólares no mercado internacional. São forças que podem puxar as cotações do câmbio interno para as vizinhanças dos R$ 2,50. A última pesquisa Focus, que o Banco Central faz semanalmente entre mais de 100 instituições, aponta para a expectativa de um câmbio a R$ 2,45 ao final de 2014. Se houver novo rebaixamento da qualidade dos títulos da dívida do Tesouro pelas agências de classificação de risco, como indica a Standard & Poor's, o avanço do dólar pode ser ainda maior.
Falta saber o que o governo fará para tentar neutralizar o impacto inflacionário que essa alta pode provocar. De um lado, vai continuar oferecendo proteção (hedge) para quem precisar. O problema é que essa operação ameaça ficar insustentável. De outro, deverá continuar a acionar os juros em reais.
O governo confia em que a melhora das condições da economia americana ajudará a aumentar as encomendas de produtos brasileiros e, assim, a garantir mais receitas com exportação. Além disso, a Petrobrás está programada para aumentar a produção de petróleo em cerca de 10%, o que, por sua vez, concorrerá para reduzir o déficit de combustíveis.
Pode ser pouco. A perda de confiança e a retração dos investimentos que se seguiu aconteceram porque o governo Dilma ficou a meio caminho nos seus objetivos. Toda a chamada nova matriz econômica fracassou porque, além de produzir não mais do que uma sucessão de pibinhos e uma inflação à beira do insuportável, provocou mais distorções do que soluções.
O governo Dilma está perdendo margem de manobra em praticamente todas as áreas de atuação. Não pode aumentar as desonerações ou as despesas públicas porque a arrecadação está sendo achatada pelo baixo crescimento do PIB. Não pode derrubar os juros e estimular os investimentos porque segue gastando demais. Não pode dar mais câmbio porque abriria espaço para a alta de preços.
As propostas vão afunilando para uma única solução: melhorar substancialmente a qualidade das contas públicas. Somente esse tipo de solidez reduzirá a procura de salva-vidas em moeda estrangeira.
Fora da caixa - MIRIAM LEITÃO
O GLOBO - 09/01
Bric. Bricas. Mint. Bric a Brac. Em algum momento, que espero não demore, ficaremos livres de acrônicos na economia internacional. Ainda vivemos nessa mania dos economistas de dividirem os países em caixas classificatórias. Jim O’Neill não está mais no Goldman Sachs, mas continua criando caixinhas. Agora há o Mint: México, Indonésia, Nigéria e Turquia como novos emergentes.
Essas classificações ajudam a simplificar o que é complexo e impedem que se veja o problema de cada um. Outro dia se disse que os Brics entram em 2014 sob risco de rebaixamento. Os que estão sob ameaça são Brasil e Índia, só que a Índia está em um nível abaixo do Brasil e, se cair, perde o grau de investimento. A China não tem esse risco, a Rússia também não. A África do Sul, o último entrante no Bric, que virou Brics, tem outra história.
Há tanta semelhança entre México, Indonésia, Nigéria e Turquia quanto entre Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Ou seja, muito pouca. Pode-se encontrar pontos de contatos em tamanho territorial. A Índia, com sua enorme população e agricultura pouco competitiva, não se parece em nada com o Brasil grande produtor de alimentos e com uma população em nível muito mais sustentável. Isso para ficar em um exemplo. O ideal seria se libertar dessas siglas que tiveram um sucesso além do razoável e começar a pensar nos problemas específicos que o Brasil enfrenta na economia internacional.
Uma forma de comparar as economias é olhar o peso que elas têm no PIB mundial. O FMI faz isso usando o conceito de poder de paridade de compra, que retira os efeitos da variação cambial. Dentro dos Brics, as diferenças são enormes. Quem sustentou o prestígio do grupo nos últimos anos foi a China, que cresceu bastante e se tornou a segunda maior economia do planeta, ultrapassando o Japão. No ano 2000, os chineses eram 7% da economia global. Chegarão a 16% este ano. É estranho colocar a economia chinesa no mesmo grupo dos sul-africanos, que representam apenas 0,6% do PIB mundial. É difícil até comparar com o Brasil, que é 2,7%. Os russos são 2,9% e os indianos correspondem a 5,8%. A Índia tem a semelhança coma China por também ter crescido sua fatia no bolo mundial. Brasil e Rússia ficaram estagnados (vejam no gráfico).
Nossos problemas são nossos e não de um grupo de países. O Brasil terminou o ano passado com um grande déficit em transações correntes e tem que olhar isso com mais cuidado. Deve-se evitar band-aids, como aumento de IOF para cartão de débito usado no exterior. O problema é mais amplo: a economia brasileira está pouco competitiva e as exportações se concentram num grupo pequeno de produtos.
Bric. Bricas. Mint. Bric a Brac. Em algum momento, que espero não demore, ficaremos livres de acrônicos na economia internacional. Ainda vivemos nessa mania dos economistas de dividirem os países em caixas classificatórias. Jim O’Neill não está mais no Goldman Sachs, mas continua criando caixinhas. Agora há o Mint: México, Indonésia, Nigéria e Turquia como novos emergentes.
Essas classificações ajudam a simplificar o que é complexo e impedem que se veja o problema de cada um. Outro dia se disse que os Brics entram em 2014 sob risco de rebaixamento. Os que estão sob ameaça são Brasil e Índia, só que a Índia está em um nível abaixo do Brasil e, se cair, perde o grau de investimento. A China não tem esse risco, a Rússia também não. A África do Sul, o último entrante no Bric, que virou Brics, tem outra história.
Há tanta semelhança entre México, Indonésia, Nigéria e Turquia quanto entre Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Ou seja, muito pouca. Pode-se encontrar pontos de contatos em tamanho territorial. A Índia, com sua enorme população e agricultura pouco competitiva, não se parece em nada com o Brasil grande produtor de alimentos e com uma população em nível muito mais sustentável. Isso para ficar em um exemplo. O ideal seria se libertar dessas siglas que tiveram um sucesso além do razoável e começar a pensar nos problemas específicos que o Brasil enfrenta na economia internacional.
Uma forma de comparar as economias é olhar o peso que elas têm no PIB mundial. O FMI faz isso usando o conceito de poder de paridade de compra, que retira os efeitos da variação cambial. Dentro dos Brics, as diferenças são enormes. Quem sustentou o prestígio do grupo nos últimos anos foi a China, que cresceu bastante e se tornou a segunda maior economia do planeta, ultrapassando o Japão. No ano 2000, os chineses eram 7% da economia global. Chegarão a 16% este ano. É estranho colocar a economia chinesa no mesmo grupo dos sul-africanos, que representam apenas 0,6% do PIB mundial. É difícil até comparar com o Brasil, que é 2,7%. Os russos são 2,9% e os indianos correspondem a 5,8%. A Índia tem a semelhança coma China por também ter crescido sua fatia no bolo mundial. Brasil e Rússia ficaram estagnados (vejam no gráfico).
Nossos problemas são nossos e não de um grupo de países. O Brasil terminou o ano passado com um grande déficit em transações correntes e tem que olhar isso com mais cuidado. Deve-se evitar band-aids, como aumento de IOF para cartão de débito usado no exterior. O problema é mais amplo: a economia brasileira está pouco competitiva e as exportações se concentram num grupo pequeno de produtos.
Hora de rever o modelo pró-consumo - RAUL VELOSO
O Estado de S.Paulo - 09/01
Diante da perda de participação da indústria no Produto Interno Bruto (PIB), o governo tem prometido que "o Brasil não se tornará uma economia de serviços". Promessa difícil de cumprir, pois os serviços têm um papel de grande destaque em qualquer economia. Uma vez que eles constituem o segmento de maior expressão dentro do grupo dos "não comercializáveis com o exterior", todo aumento de demanda aí registrado terá de ser atendido por meio da expansão da produção interna. No Brasil, seu peso no PIB chega perto de 70%.
Num cenário como esse, sem investimentos suficientes em serviços de transportes, os fretes sobem muito e a economia cresce menos; se o País não investe em energia elétrica, o risco dos apagões é maior; e assim por diante. Logo, quando o governo não atrapalha as coisas nos segmentos em que tem grande ingerência, é para os serviços que se dirige naturalmente boa parte da poupança disponível na economia. Outra parcela vai para o setor de commodities, em que consumimos pouco em relação ao que produzimos e nos tornamos altamente competitivos nos últimos anos, a despeito das deficiências de infraestrutura. Já para boa parte da indústria, o crescimento do consumo - alimentado pelas fontes de propulsão do atual modelo econômico e por paradoxal que pareça - desestimula os investimentos.
Orientado basicamente para o mercado interno e com os preços em dólar determinados basicamente no exterior, esse segmento é, em princípio, pouco competitivo em relação aos fornecedores de fora. Se a demanda sobe, como aconteceu em 2003-2008, aumenta o preço de serviços em relação aos da indústria, que não consegue pagar os mesmos incrementos de salários que ocorrem naqueles. Sobem também, em consequência, as importações industriais e o déficit com o exterior. Havendo financiamento externo suficiente, esse processo tende a se repetir ao longo do tempo. Ao final, constata-se que ingressou poupança externa adicional para complementar a baixa disponibilidade interna derivada do modelo pró-consumo.
Visto de outra forma, nas fases de forte expansão do consumo, a economia se movimenta para viabilizar o ingresso de poupança externa, por meio da citada mudança de preços relativos, que só se materializa se houver um déficit externo da mesma magnitude. Essa foi, basicamente, a forma como a economia brasileira passou de um crescimento médio de 2,7% ao ano para cerca de 4,5% entre o início dos anos 2000 e o auge da crise do subprime. Na sequência, o déficit externo poderia continuar crescendo até ficar insustentável, hora em que a taxa de câmbio tenderia a se depreciar, revertendo o processo anterior.
Confrontado com tal realidade, em vez de rediscutir o modelo pró-consumo e buscar uma solução sustentável para a indústria, o governo reagiu com a adoção de: 1) tarifas aduaneiras mais altas e outras barreiras à entrada de produtos estrangeiros, que passaram a ser contestadas pela OMC; 2) fartos financiamentos oficiais subsidiados ao setor, especialmente por meio do BNDES; 3) desvalorização forçada da moeda; 4) ampla desoneração de tributos incidentes sobre o ramo industrial; e 5) achatamento de tarifas públicas, principalmente as de energia elétrica, buscando reduzir custos para a indústria, ainda que apenas no curto prazo.
Isso tem trazido uma série de novos - ou velhos - problemas, sem que os indicadores relacionados com a razão investimento/PIB e o nível de produção da indústria tenham esboçado qualquer reação relevante. Várias daquelas providências causaram forte deterioração dos resultados fiscais, algo que, mais uma vez, tem assustado os investidores em papéis públicos. Teme-se inclusive uma nova crise na área. Além disso, há óbvia perda de eficiência econômica, um efeito depressivo sobre os investimentos nas áreas em que os preços foram achatados e o impacto inflacionário da desvalorização forçada da moeda. É preciso comparar, assim, os custos e benefícios de todas essa ações e perguntar se, em vez de tanta mexida, não seria a hora de rever o modelo em vigor.
Diante da perda de participação da indústria no Produto Interno Bruto (PIB), o governo tem prometido que "o Brasil não se tornará uma economia de serviços". Promessa difícil de cumprir, pois os serviços têm um papel de grande destaque em qualquer economia. Uma vez que eles constituem o segmento de maior expressão dentro do grupo dos "não comercializáveis com o exterior", todo aumento de demanda aí registrado terá de ser atendido por meio da expansão da produção interna. No Brasil, seu peso no PIB chega perto de 70%.
Num cenário como esse, sem investimentos suficientes em serviços de transportes, os fretes sobem muito e a economia cresce menos; se o País não investe em energia elétrica, o risco dos apagões é maior; e assim por diante. Logo, quando o governo não atrapalha as coisas nos segmentos em que tem grande ingerência, é para os serviços que se dirige naturalmente boa parte da poupança disponível na economia. Outra parcela vai para o setor de commodities, em que consumimos pouco em relação ao que produzimos e nos tornamos altamente competitivos nos últimos anos, a despeito das deficiências de infraestrutura. Já para boa parte da indústria, o crescimento do consumo - alimentado pelas fontes de propulsão do atual modelo econômico e por paradoxal que pareça - desestimula os investimentos.
Orientado basicamente para o mercado interno e com os preços em dólar determinados basicamente no exterior, esse segmento é, em princípio, pouco competitivo em relação aos fornecedores de fora. Se a demanda sobe, como aconteceu em 2003-2008, aumenta o preço de serviços em relação aos da indústria, que não consegue pagar os mesmos incrementos de salários que ocorrem naqueles. Sobem também, em consequência, as importações industriais e o déficit com o exterior. Havendo financiamento externo suficiente, esse processo tende a se repetir ao longo do tempo. Ao final, constata-se que ingressou poupança externa adicional para complementar a baixa disponibilidade interna derivada do modelo pró-consumo.
Visto de outra forma, nas fases de forte expansão do consumo, a economia se movimenta para viabilizar o ingresso de poupança externa, por meio da citada mudança de preços relativos, que só se materializa se houver um déficit externo da mesma magnitude. Essa foi, basicamente, a forma como a economia brasileira passou de um crescimento médio de 2,7% ao ano para cerca de 4,5% entre o início dos anos 2000 e o auge da crise do subprime. Na sequência, o déficit externo poderia continuar crescendo até ficar insustentável, hora em que a taxa de câmbio tenderia a se depreciar, revertendo o processo anterior.
Confrontado com tal realidade, em vez de rediscutir o modelo pró-consumo e buscar uma solução sustentável para a indústria, o governo reagiu com a adoção de: 1) tarifas aduaneiras mais altas e outras barreiras à entrada de produtos estrangeiros, que passaram a ser contestadas pela OMC; 2) fartos financiamentos oficiais subsidiados ao setor, especialmente por meio do BNDES; 3) desvalorização forçada da moeda; 4) ampla desoneração de tributos incidentes sobre o ramo industrial; e 5) achatamento de tarifas públicas, principalmente as de energia elétrica, buscando reduzir custos para a indústria, ainda que apenas no curto prazo.
Isso tem trazido uma série de novos - ou velhos - problemas, sem que os indicadores relacionados com a razão investimento/PIB e o nível de produção da indústria tenham esboçado qualquer reação relevante. Várias daquelas providências causaram forte deterioração dos resultados fiscais, algo que, mais uma vez, tem assustado os investidores em papéis públicos. Teme-se inclusive uma nova crise na área. Além disso, há óbvia perda de eficiência econômica, um efeito depressivo sobre os investimentos nas áreas em que os preços foram achatados e o impacto inflacionário da desvalorização forçada da moeda. É preciso comparar, assim, os custos e benefícios de todas essa ações e perguntar se, em vez de tanta mexida, não seria a hora de rever o modelo em vigor.
Ouro de tolo - DORA KRAMER
O Estado de S.Paulo - 09/01
A ofensiva do PT contra o governador e provável candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, mostra que o partido não compartilha da tese de que a presidente Dilma Rousseff esteja virtualmente reeleita.
Dá sinal de que não considera de fato, como diz a todo instante, que a candidatura de Campos esteja destinada a se desmontar nas divergências com o grupo de Marina Silva, no pouco tempo de televisão e na dificuldade de montar bons palanques regionais.
Se não, por que nessa altura o PT publicaria um artigo em sua página no Facebook chamando o governador de tolo, traidor e oportunista por ter se beneficiado da aliança com o ex-presidente Lula da Silva para se projetar nacionalmente?
Um ataque aparentemente algo gratuito e evidentemente descolado da realidade. Eduardo Campos não é um tolo. Se na concepção do PT o é, fica a dúvida sobre a razão pela qual o partido insistiu tanto em que ele continuasse aliado ao governo federal com a promessa de que teria apoio dos petistas para concorrer a presidente em 2018.
Exatamente por não ser tolo é que recebeu a proposta com dois pés atrás e uma indagação: "Se ainda tem gente aguardando o cumprimento de acordos de 2002, vou confiar em acertos para 2018?".
No quesito traição não conviria o PT se estender, pois foi o partido quem rompeu o acerto feito com o PSB para a eleição para a prefeitura do Recife, lançando o nome de Humberto Costa (contrariamente ao que havia sido combinado entre Lula e Campos) e levando o governador a bancar uma candidatura própria.
Venceu, resolveu buscar caminho independente e o que isso tem de extraordinário? Foi se afastando da unidade de oposição debaixo do guarda-chuva do então MDB que o PT fez carreira e chegou à Presidência. Todas as forças políticas têm o mesmo direito, pois não?
O episódio da prefeitura do Recife remete à questão da projeção nacional e à acusação de oportunismo. O governador de Pernambuco só começou a construir um nome nacional a partir de seu distanciamento do PT. Portanto, se benefício houve, não foi devido à aliança, mas à ruptura.
Maranhão. Roseana Sarney, governadora, herdeira e figura de ponta da oligarquia maranhense que tantas fez em suas décadas de dominação em prol da deterioração do Estado de menor renda per capita e alguns dos piores indicadores sociais do País e agora ocupando as manchetes por causa da violência nos presídios, já encantou boa parte do Brasil.
Essas coisas são boas de lembrar a fim de que não se perca a memória do mau passo. No caso, não chegou a se concretizar, mas chegou a se delinear a partir de setembro de 2001, quando Roseana (à época governadora reeleita) apareceu com 12% nas pesquisas de intenção de votos para a eleição de 2002, subiu para 16% em novembro, 19% em dezembro, 21% em janeiro e em fevereiro emparelhou com Lula com 23% contra 26% do petista.
Pré-candidata do PFL, Roseana chegou a se posicionar como a possível estrela daquela eleição. Principalmente entre o eleitorado feminino, que chegou a lhe dar índice de 61%. Era vista na imprensa como "fenômeno" e apresentada na propaganda do partido como exemplo de competência e renovação dos quadros na política.
Ela foi obrigada a desistir da candidatura em abril, quando a Polícia Federal encontrou R$ 1,34 milhão na empresa Lunus Participações, na qual Roseana era sócia do marido, Jorge Murad. O dinheiro foi posteriormente devolvido, mas sua origem nunca explicada.
Casa de louça. Se uma Marina Silva como candidata a vice já incomoda muita gente, um Joaquim Barbosa incomodaria muito mais.
A ofensiva do PT contra o governador e provável candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, mostra que o partido não compartilha da tese de que a presidente Dilma Rousseff esteja virtualmente reeleita.
Dá sinal de que não considera de fato, como diz a todo instante, que a candidatura de Campos esteja destinada a se desmontar nas divergências com o grupo de Marina Silva, no pouco tempo de televisão e na dificuldade de montar bons palanques regionais.
Se não, por que nessa altura o PT publicaria um artigo em sua página no Facebook chamando o governador de tolo, traidor e oportunista por ter se beneficiado da aliança com o ex-presidente Lula da Silva para se projetar nacionalmente?
Um ataque aparentemente algo gratuito e evidentemente descolado da realidade. Eduardo Campos não é um tolo. Se na concepção do PT o é, fica a dúvida sobre a razão pela qual o partido insistiu tanto em que ele continuasse aliado ao governo federal com a promessa de que teria apoio dos petistas para concorrer a presidente em 2018.
Exatamente por não ser tolo é que recebeu a proposta com dois pés atrás e uma indagação: "Se ainda tem gente aguardando o cumprimento de acordos de 2002, vou confiar em acertos para 2018?".
No quesito traição não conviria o PT se estender, pois foi o partido quem rompeu o acerto feito com o PSB para a eleição para a prefeitura do Recife, lançando o nome de Humberto Costa (contrariamente ao que havia sido combinado entre Lula e Campos) e levando o governador a bancar uma candidatura própria.
Venceu, resolveu buscar caminho independente e o que isso tem de extraordinário? Foi se afastando da unidade de oposição debaixo do guarda-chuva do então MDB que o PT fez carreira e chegou à Presidência. Todas as forças políticas têm o mesmo direito, pois não?
O episódio da prefeitura do Recife remete à questão da projeção nacional e à acusação de oportunismo. O governador de Pernambuco só começou a construir um nome nacional a partir de seu distanciamento do PT. Portanto, se benefício houve, não foi devido à aliança, mas à ruptura.
Maranhão. Roseana Sarney, governadora, herdeira e figura de ponta da oligarquia maranhense que tantas fez em suas décadas de dominação em prol da deterioração do Estado de menor renda per capita e alguns dos piores indicadores sociais do País e agora ocupando as manchetes por causa da violência nos presídios, já encantou boa parte do Brasil.
Essas coisas são boas de lembrar a fim de que não se perca a memória do mau passo. No caso, não chegou a se concretizar, mas chegou a se delinear a partir de setembro de 2001, quando Roseana (à época governadora reeleita) apareceu com 12% nas pesquisas de intenção de votos para a eleição de 2002, subiu para 16% em novembro, 19% em dezembro, 21% em janeiro e em fevereiro emparelhou com Lula com 23% contra 26% do petista.
Pré-candidata do PFL, Roseana chegou a se posicionar como a possível estrela daquela eleição. Principalmente entre o eleitorado feminino, que chegou a lhe dar índice de 61%. Era vista na imprensa como "fenômeno" e apresentada na propaganda do partido como exemplo de competência e renovação dos quadros na política.
Ela foi obrigada a desistir da candidatura em abril, quando a Polícia Federal encontrou R$ 1,34 milhão na empresa Lunus Participações, na qual Roseana era sócia do marido, Jorge Murad. O dinheiro foi posteriormente devolvido, mas sua origem nunca explicada.
Casa de louça. Se uma Marina Silva como candidata a vice já incomoda muita gente, um Joaquim Barbosa incomodaria muito mais.
Maranhão é Brasil - ELIANE CANTANHÊDE
FOLHA DE SP - 09/01
BRASÍLIA - Morreu um, morreram dois, morreram 15, morreram 30, morreram 50. Muitos sob tortura. Mas ninguém viu, ninguém ouviu, ninguém sabia de nada, nem no Maranhão nem fora do Estado.
Se morressem cinco no Rio ou em São Paulo, uns dez em Minas ou no Rio Grande do Sul, uns 15 na Bahia ou em Pernambuco, talvez tivéssemos todos acordado muito antes.
Mas, no Maranhão, só depois de 60 mortes em 2013 e do relatório do Conselho Nacional de Justiça o país se levanta contra a tragédia de dor e sangue que vem ocorrendo sob as barbas de todos e desde sempre.
É como se ali fosse assim mesmo, não tem jeito. Já é a pior renda per capita do país, o segundo pior IDH estadual, nem saneamento tem, nada vai mudar... Então, deixa pra lá.
Agora, porém, prevalece a máxima de que "uma imagem vale mais do que mil palavras" e é impossível ficar indiferente diante do vídeo macabro divulgado pela Folha. A Justiça, a imprensa, o mundo político e os cidadãos de Norte a Sul escandalizaram-se e berraram, enfim.
Até a ONU ouviu e já exige investigação sobre a barbárie, que acende a luz vermelha em ONGs e órgãos de direitos humanos pelo mundo afora, enquanto a Procuradoria-Geral da República discute o que fazer.
O governo estadual e o governo federal, porém, parecem menos chocados com cenas de cabeças rolando entre corpos dilacerados e mais ocupados com os seus cálculos políticos.
O governo Roseana insiste em acusar até mesmo relatório oficial de difundir "inverdades". O governo Dilma para, ouve, não toma partido. Ou melhor, para, ouve e, de certa forma, ao calar, toma partido de dois poderosos aliados: o PMDB e o clã Sarney.
A exceção foi a ministra de Direitos Humanos, Maria do Rosário, traduzindo o horror nacional e cobrando a responsabilidade do governo estadual. Uma voz isolada num momento que exige uma grita geral.
Pedrinhas é Maranhão, Maranhão é Brasil e indignação move o mundo.
BRASÍLIA - Morreu um, morreram dois, morreram 15, morreram 30, morreram 50. Muitos sob tortura. Mas ninguém viu, ninguém ouviu, ninguém sabia de nada, nem no Maranhão nem fora do Estado.
Se morressem cinco no Rio ou em São Paulo, uns dez em Minas ou no Rio Grande do Sul, uns 15 na Bahia ou em Pernambuco, talvez tivéssemos todos acordado muito antes.
Mas, no Maranhão, só depois de 60 mortes em 2013 e do relatório do Conselho Nacional de Justiça o país se levanta contra a tragédia de dor e sangue que vem ocorrendo sob as barbas de todos e desde sempre.
É como se ali fosse assim mesmo, não tem jeito. Já é a pior renda per capita do país, o segundo pior IDH estadual, nem saneamento tem, nada vai mudar... Então, deixa pra lá.
Agora, porém, prevalece a máxima de que "uma imagem vale mais do que mil palavras" e é impossível ficar indiferente diante do vídeo macabro divulgado pela Folha. A Justiça, a imprensa, o mundo político e os cidadãos de Norte a Sul escandalizaram-se e berraram, enfim.
Até a ONU ouviu e já exige investigação sobre a barbárie, que acende a luz vermelha em ONGs e órgãos de direitos humanos pelo mundo afora, enquanto a Procuradoria-Geral da República discute o que fazer.
O governo estadual e o governo federal, porém, parecem menos chocados com cenas de cabeças rolando entre corpos dilacerados e mais ocupados com os seus cálculos políticos.
O governo Roseana insiste em acusar até mesmo relatório oficial de difundir "inverdades". O governo Dilma para, ouve, não toma partido. Ou melhor, para, ouve e, de certa forma, ao calar, toma partido de dois poderosos aliados: o PMDB e o clã Sarney.
A exceção foi a ministra de Direitos Humanos, Maria do Rosário, traduzindo o horror nacional e cobrando a responsabilidade do governo estadual. Uma voz isolada num momento que exige uma grita geral.
Pedrinhas é Maranhão, Maranhão é Brasil e indignação move o mundo.