FOLHA DE SP - 06/01
A verdade do homem não está no que ele diz, mas no que ele faz em nome do que ele diz
Por que, depois de tantas provas de que muitas religiões são uma farsa e alguns de seus ministros são uns picaretas, elas ainda dominam a vida da maioria dos seres humanos? Uma resposta possível está na Pré-História e em nossa "alma reptiliana".
Sou daquele tipo de pessoa que não acredita que mudamos muito nos últimos tempos; para dizer a verdade, acho que, quando pensamos na humanidade, a Pré-História deveria ser mais levada a sério do que surtos como a Revolução Francesa ou coisas passageiras como eleições democráticas.
Ou melhor, a Revolução Francesa deveria ser lida como mais um surto da violência natural que caracteriza toda manifestação de multidões desde o Paleolítico. Gostamos de matar e pronto. E a ideia de "um mundo melhor" é tão metafisica quanto os milenarismos medievais ou o monte Olimpo de Zeus.
Voltemos às religiões. Fenômeno mais essencial do que a política (aliás, só quando vira religião a política reúne multidões, como os fanáticos que creem na política como salvação), e, mais determinante, a religião deita raízes, como tudo mais de humano, na força que de fato nos forma, o desejo, que em nós é atávico como nosso cérebro réptil. E o réptil em nós goza no desejo.
Em nós, o desejo é metafísico, isto é, desejamos um mundo imaterial e eterno, no qual a força dos deuses é nossa, e nela não somos os miseráveis que somos. E para ter esse mundo nos fazemos ainda mais miseráveis, porque nosso pensamento e nossas ideias servem a esse desejo, e não o contrário. Por isso, seguimos picaretas de todos os tipos, que dizem representar os deuses, os santos, os espíritos que controlariam nossos destinos, fracassos e sucessos. No fundo, querem dinheiro, sempre dinheiro.
Não somos seres de razão, somos seres de desejo. É na Pré-História que encontramos a melhor compreensão de nossa "natureza", e não em teorias escritas em gabinetes sofisticados. Em cada um de nós vive um Australopithecus pronto a romper seu exílio em nossas maneiras afetadas de civilizados.
A religião, em grande parte, "organiza os delírios" de nossa mente animal e irracional. Em nós, a razão é superficial como espuma. Mas, diga-se, uma espuma que deve ser cultivada a todo custo.
Para além da chamada "escolha racional" (teoria muito comum hoje em estudos das religiões), teoria esta baseada no utilitarismo inglês que afirma que os seres humanos escolhem racionalmente buscando a redução do mal-estar e a otimização do bem-estar (por isso a religião, na sua hegemonia, seria um modo de escolha que diminui nosso mal-estar), a "inconsciência religiosa" se mantém, em grande parte, graças à estrutura mental pré-histórica.
É fácil imaginar nossos ancestrais apavorados sob o domínio de figuras xamânicas que cuspiam fogo enquanto afirmavam que pragas, doenças e guerras assolariam a vida do bando --o óbvio e ululante, claro. Ou, no caso de desejarem combater essas maldições, eles deveriam matar bichos, matar pessoas, comer comidas sagradas, entoar sons repetitivos, dançar ritmos extáticos, fazer sexo com o sacerdote. Enfim, há um risco de reptilização da fé.
Quando passo diante de um desses templos nos quais as pessoas erguem as mãos e gritam pelo Espírito Santo ou qualquer outra entidade suposta, ouço nossa ancestralidade berrando em plena luz do dia. Pensar que há algo de diferente entre o pré-histórico e nós nisso é confundir o cenário com a dramaturgia que na realidade define os personagens e sua ação.
Claro, hoje, afetados de todos os tipos se dizem contra sacrifícios animais e contra guerras, mas, em dois minutos, pulariam na jugular de quem fosse contra suas pautas de santidade. A verdade do homem não está no que ele diz, mas no que ele faz em nome do que ele diz.
As religiões evoluíram, como tudo mais em nós. Produziram grandes e belos sistemas teológicos e morais. Não nego. Mas o número de pessoas que se submetem a reptilização da fé é enorme, pouco importa o quão inteligentes sejam em outras áreas, ainda creem, em 2014, na capacidade de interpretação desses picaretas do mundo dos espíritos.
segunda-feira, janeiro 06, 2014
O Lobo de Scorsese - LÚCIA GUIMARÃES
O Estado de S.Paulo - 06/01
Shame on you! (que vergonha!), gritou um roteirista quando o diretor Martin Scorsese saiu do elevador ao lado de Leonardo DiCaprio para encontrar o público de membros da Academia de Hollywood na sessão de O Lobo de Wall Street, baseado no livro de memórias homônimo de Jordan Belfort.
No ano de 12 Anos de Escravidão, o mais poderoso filme sobre a maior ferida da história dos Estados Unidos, os americanos estão consumidos por um escroque do mercado financeiro cuja história foi levada ao cinema com o abandono operático conhecido do diretor de Raging Bull (Touro Indomável).
Pouco mais de cinco anos depois do crash, que causou a pior recessão desde a Grande Depressão, o filme sobre a vida do ex-corretor Jordan Belfort está chocando público e críticos, gente que não se queixou quando A Hora Mais Escura mostrou cenas bárbaras de tortura sancionada pelo governo.
Belfort fundou a corretora Stratton Oakmont, nos anos 90. Em 1998, foi indiciado por fraude e lavagem de dinheiro e dedurou colegas para obter sua sentença de 4 anos, da qual só cumpriu 22 meses. Ele era agressivo na perseguição aos clientes e provocou perdas de pelo menos US$ 110 milhões para 1.500 pessoas. Hoje, Belfort ganha a vida como palestrante motivacional, a atividade inventada neste país onde deveria haver um Oscar amador para embusteiros.
Leonardo DiCaprio obteve os direitos sobre a vida de Belfort numa disputa acirrada com o ator e produtor Brad Pitt, em 2007. DiCaprio descreve seu personagem com um "Calígula contemporâneo", o que pode explicar os vários cortes feitos por Scorsese em cima da estreia para o filme não receber a temida classificação NC-17, que não permite a entrada de menores de 17 anos. Ainda assim, O Lobo é resumido por detratores como 3 horas de sexo, drogas e misantropia. Entre as variadas predileções do protagonista representadas no filme, uma delas é cheirar cocaína depositada num orifício corporal de uma prostituta.
Ficamos sabendo que a plateia numa sessão em Wall Street aplaudiu "nos momentos errados", fato que foi usado para acusar Scorsese de cumplicidade com os personagens. É mais fácil caminhar sobre o gelo que cobriu Manhattan esta semana do que tentar plantar os pés numa discussão sobre a promissória moral de um artista.
"É brutal", admitiu um defensivo Scorsese surpreso com a reação passional ao filme, de um público familiar com a sua obra que é farta na exploração da violência.
Um ruidoso grupo de críticos é formado pelas vítimas de Jordan Belfort, entre eles, gente que teve a saúde ou os meios de sustento arruinados pelo pilantra. Suas histórias não fazem parte do filme. DiCaprio conseguiu produzir O Lobo com financiamento independente e é provável que um grande estúdio exigisse alguma forma de redenção na narrativa. Scorsese é um mestre em nos servir vilões, como ele mesmo diz, sem açucarar. Ele quer que o público goste de seus personagens, ainda que despreze suas ações.
Mas, desta vez, Scorsese parece ter tocado num nervo. Um respeitado crítico como David Denby, da New Yorker, se disse anestesiado pela orgia de excessos, pelo espetáculo burlesco que, de tão barulhento, elimina qualquer possibilidade de indignação com a escória humana que habita a tela. "O Lobo de Wall Street é nojento e obsceno como cinema", disparou. Seu colega de revista Richard Brody se viu compelido a escrever uma segunda resenha para exaltar as qualidades do Lobo de Scorsese. A cena final, em que o próprio Jordan Belfort faz uma ponta, é uma aterradora combinação olímpica de compaixão, desprezo e angústia, argumenta Brody. Ele acredita que o filme não é sobre falcatruas de Wall Street e sim sobre os desejos, a autoindulgência, os jogos de poder e o calculismo da vida num mundo decadente.
Não tenho resposta para o debate sobre O Lobo de Wall Street e confesso minha resistência limitada à violência prolongada na tela, venha ela de um mafioso fazendo justiça com sangue ou de um corretor promovendo um concurso de atirar anões para o ar num escritório. Não tenho pressa de decidir se o filme vai ficar comigo como ficou Goodfellas (Os Bons Companheiros), lançado há 24 anos. Mas tenho uma suspeita: a intensidade da reação pode estar ligada ao momento que o país atravessa. O público americano hoje é muito mais cínico e descrente do que o público de 1990. A evaporação de milhões de empregos, e expectativa da velhice empobrecida, a proteção aos responsáveis pelo crash de 2008 - nenhum deles foi para a prisão, o colapso da responsabilidade política em Washington e a certeza de que as instituições criadas para todos funcionam para uma minoria ínfima podem estar por trás da frustração com o triunfalismo que desfila na tela. No escuro do cinema, o espectador encontra no personagem repugnante e real a impunidade que transformou sua própria vida. E que vai continuar, quando acender a luz.
Shame on you! (que vergonha!), gritou um roteirista quando o diretor Martin Scorsese saiu do elevador ao lado de Leonardo DiCaprio para encontrar o público de membros da Academia de Hollywood na sessão de O Lobo de Wall Street, baseado no livro de memórias homônimo de Jordan Belfort.
No ano de 12 Anos de Escravidão, o mais poderoso filme sobre a maior ferida da história dos Estados Unidos, os americanos estão consumidos por um escroque do mercado financeiro cuja história foi levada ao cinema com o abandono operático conhecido do diretor de Raging Bull (Touro Indomável).
Pouco mais de cinco anos depois do crash, que causou a pior recessão desde a Grande Depressão, o filme sobre a vida do ex-corretor Jordan Belfort está chocando público e críticos, gente que não se queixou quando A Hora Mais Escura mostrou cenas bárbaras de tortura sancionada pelo governo.
Belfort fundou a corretora Stratton Oakmont, nos anos 90. Em 1998, foi indiciado por fraude e lavagem de dinheiro e dedurou colegas para obter sua sentença de 4 anos, da qual só cumpriu 22 meses. Ele era agressivo na perseguição aos clientes e provocou perdas de pelo menos US$ 110 milhões para 1.500 pessoas. Hoje, Belfort ganha a vida como palestrante motivacional, a atividade inventada neste país onde deveria haver um Oscar amador para embusteiros.
Leonardo DiCaprio obteve os direitos sobre a vida de Belfort numa disputa acirrada com o ator e produtor Brad Pitt, em 2007. DiCaprio descreve seu personagem com um "Calígula contemporâneo", o que pode explicar os vários cortes feitos por Scorsese em cima da estreia para o filme não receber a temida classificação NC-17, que não permite a entrada de menores de 17 anos. Ainda assim, O Lobo é resumido por detratores como 3 horas de sexo, drogas e misantropia. Entre as variadas predileções do protagonista representadas no filme, uma delas é cheirar cocaína depositada num orifício corporal de uma prostituta.
Ficamos sabendo que a plateia numa sessão em Wall Street aplaudiu "nos momentos errados", fato que foi usado para acusar Scorsese de cumplicidade com os personagens. É mais fácil caminhar sobre o gelo que cobriu Manhattan esta semana do que tentar plantar os pés numa discussão sobre a promissória moral de um artista.
"É brutal", admitiu um defensivo Scorsese surpreso com a reação passional ao filme, de um público familiar com a sua obra que é farta na exploração da violência.
Um ruidoso grupo de críticos é formado pelas vítimas de Jordan Belfort, entre eles, gente que teve a saúde ou os meios de sustento arruinados pelo pilantra. Suas histórias não fazem parte do filme. DiCaprio conseguiu produzir O Lobo com financiamento independente e é provável que um grande estúdio exigisse alguma forma de redenção na narrativa. Scorsese é um mestre em nos servir vilões, como ele mesmo diz, sem açucarar. Ele quer que o público goste de seus personagens, ainda que despreze suas ações.
Mas, desta vez, Scorsese parece ter tocado num nervo. Um respeitado crítico como David Denby, da New Yorker, se disse anestesiado pela orgia de excessos, pelo espetáculo burlesco que, de tão barulhento, elimina qualquer possibilidade de indignação com a escória humana que habita a tela. "O Lobo de Wall Street é nojento e obsceno como cinema", disparou. Seu colega de revista Richard Brody se viu compelido a escrever uma segunda resenha para exaltar as qualidades do Lobo de Scorsese. A cena final, em que o próprio Jordan Belfort faz uma ponta, é uma aterradora combinação olímpica de compaixão, desprezo e angústia, argumenta Brody. Ele acredita que o filme não é sobre falcatruas de Wall Street e sim sobre os desejos, a autoindulgência, os jogos de poder e o calculismo da vida num mundo decadente.
Não tenho resposta para o debate sobre O Lobo de Wall Street e confesso minha resistência limitada à violência prolongada na tela, venha ela de um mafioso fazendo justiça com sangue ou de um corretor promovendo um concurso de atirar anões para o ar num escritório. Não tenho pressa de decidir se o filme vai ficar comigo como ficou Goodfellas (Os Bons Companheiros), lançado há 24 anos. Mas tenho uma suspeita: a intensidade da reação pode estar ligada ao momento que o país atravessa. O público americano hoje é muito mais cínico e descrente do que o público de 1990. A evaporação de milhões de empregos, e expectativa da velhice empobrecida, a proteção aos responsáveis pelo crash de 2008 - nenhum deles foi para a prisão, o colapso da responsabilidade política em Washington e a certeza de que as instituições criadas para todos funcionam para uma minoria ínfima podem estar por trás da frustração com o triunfalismo que desfila na tela. No escuro do cinema, o espectador encontra no personagem repugnante e real a impunidade que transformou sua própria vida. E que vai continuar, quando acender a luz.
AVALIAÇÃO NEGATIVA - MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 06/01
Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e José Eduardo Cardozo (Justiça) são os ministros mais bem avaliados do governo Dilma Rousseff, segundo enquete entre empresários, presidentes de organizações, executivos e jornalistas. Os dois estão empatados com média 6,3 (numa escala de 0 a 10), seguidos de Marta Suplicy (Cultura) e Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência), ambos com 6,1.
AVALIAÇÃO 2
Pelo mapeamento anual da GT Marketing e Comunicação, a avaliação piorou em relação ao governo Lula, quando os dez ministros mais bem avaliados tiveram médias acima de 6,5. Em 2010, entre os primeiros colocados estavam Guido Mantega (Fazenda), com 7,2, e Dilma Rousseff (Casa Civil), com 6,9.
AVALIAÇÃO 3
Com Dilma na Presidência, 13 ministérios foram avaliados abaixo de 5, de acordo com o levantamento feito em dezembro. Entre as notas vermelhas, estão Fazenda (4,9), Planejamento (4,8) e Turismo (4,1).
AVALIAÇÃO 4
A enquete ouviu 560 formadores de opinião. "As notas foram muito baixas. As 15 melhores médias estão entre 6,3 e 5,6, bem abaixo do regular", diz o consultor em marketing político Gaudêncio Torquato, da GT. O juízo severo é creditado ao perfil dos entrevistados. "É um público mais crítico e que acompanha a dinâmica governamental."
CHORINHO
Beth Carvalho, que recebeu R$ 150 mil para cantar no Réveillon do Rio, não tinha ideia de que Carlinhos Brown e Lulu Santos, que se apresentaram na mesma noite, iriam receber R$ 550 mil cada um de cachê. "Eu ia cobrar R$ 250 mil. A Prefeitura do Rio chorou pra pagar mais barato. Achei que fosse assim com os outros artistas."
A sambista diz que não ficou chateada com os colegas. "Cada um cobra o quanto quiser. No fim, o contratante é quem decide."
RECORDISTA
Ivete Sangalo recebeu o maior cachê entre os artistas que se apresentaram no Réveillon deste ano. A cantora, que fez show em uma festa privada em Maceió, ganhou R$ 600 mil do contratante, fora o montante pago pelo patrocinador, a Schin. A baiana teria embolsado R$ 1,4 milhão no total. Procurada, sua assessoria diz "que não fala em valores".
NOVA DUPLA
O diretor José Luiz Villamarim ("Avenida Brasil" e "O Canto da Sereia") lança dois atores na minissérie "Amores Roubados", que estreia hoje na Globo. Jesuíta Barbosa (do filme "Tatuagem") e Germano Hauit (de "O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias"). Jesuíta tem 22 anos e Germano, 75. Os dois estreantes na telinha são pernambucanos. O diretor já convidou Jesuíta para um papel em "O Rebu".
ANTES DA RALAÇÃO
Com o fim das filmagens de "Focus" em Buenos Aires, Rodrigo Santoro conseguiu um respiro na agenda para curtir a família. Visitou até os avós maternos em Ribeirão Preto. Tem uma maratona de lançamentos internacionais pela frente. Em março, a sequência de "300" e "Rio 2", a animação de Carlos Saldanha.
Santoro ainda é o produtor da cinebiografia de Pelé. E fará participação no longa sobre o Rei do Futebol, dirigido por Jeff e Michael Zimbalist.
FLASHBACK PODEROSO
"Quando eu era pequena, ensaiava beijo na boca no buraco da fechadura. Ah, e também adorava dançar com as portas!", diz Anitta, que posou para ensaio da "Glamour" inspirado no filme "Flashdance".
Agora que cresceu, a cantora curte beijar "os novinhos, de 23, 24 anos...". Mas diz estar cansada de boatos sobre seus relacionamentos. Após a parceria com Roberto Carlos no especial dele na Globo, ela espera "que o povo não invente" que está namorando o cantor.
"É o que mais tem acontecido comigo", afirma.
VIRADA PAULISTA
Os cantores Marcelo Bonfá, Toquinho e Supla se apresentaram no Réveillon da avenida Paulista. Sam Alves, vencedor do programa "The Voice" (Globo), e Paulo Ricardo também fizeram shows no palco montado para a festa de Ano-Novo na capital paulista.
CURTO-CIRCUITO
O Spot comemora 20 anos hoje com festa do lado de fora do restaurante, na região da Paulista.
Claudio Filippi toma posse hoje como presidente do Conselho Regional de Contabilidade de SP.
O Creamfields, um dos principais eventos de música eletrônica do mundo, terá edição em Jurerê Internacional (SC), no próximo dia 25, com 20 atrações. 16 anos.
Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e José Eduardo Cardozo (Justiça) são os ministros mais bem avaliados do governo Dilma Rousseff, segundo enquete entre empresários, presidentes de organizações, executivos e jornalistas. Os dois estão empatados com média 6,3 (numa escala de 0 a 10), seguidos de Marta Suplicy (Cultura) e Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência), ambos com 6,1.
AVALIAÇÃO 2
Pelo mapeamento anual da GT Marketing e Comunicação, a avaliação piorou em relação ao governo Lula, quando os dez ministros mais bem avaliados tiveram médias acima de 6,5. Em 2010, entre os primeiros colocados estavam Guido Mantega (Fazenda), com 7,2, e Dilma Rousseff (Casa Civil), com 6,9.
AVALIAÇÃO 3
Com Dilma na Presidência, 13 ministérios foram avaliados abaixo de 5, de acordo com o levantamento feito em dezembro. Entre as notas vermelhas, estão Fazenda (4,9), Planejamento (4,8) e Turismo (4,1).
AVALIAÇÃO 4
A enquete ouviu 560 formadores de opinião. "As notas foram muito baixas. As 15 melhores médias estão entre 6,3 e 5,6, bem abaixo do regular", diz o consultor em marketing político Gaudêncio Torquato, da GT. O juízo severo é creditado ao perfil dos entrevistados. "É um público mais crítico e que acompanha a dinâmica governamental."
CHORINHO
Beth Carvalho, que recebeu R$ 150 mil para cantar no Réveillon do Rio, não tinha ideia de que Carlinhos Brown e Lulu Santos, que se apresentaram na mesma noite, iriam receber R$ 550 mil cada um de cachê. "Eu ia cobrar R$ 250 mil. A Prefeitura do Rio chorou pra pagar mais barato. Achei que fosse assim com os outros artistas."
A sambista diz que não ficou chateada com os colegas. "Cada um cobra o quanto quiser. No fim, o contratante é quem decide."
RECORDISTA
Ivete Sangalo recebeu o maior cachê entre os artistas que se apresentaram no Réveillon deste ano. A cantora, que fez show em uma festa privada em Maceió, ganhou R$ 600 mil do contratante, fora o montante pago pelo patrocinador, a Schin. A baiana teria embolsado R$ 1,4 milhão no total. Procurada, sua assessoria diz "que não fala em valores".
NOVA DUPLA
O diretor José Luiz Villamarim ("Avenida Brasil" e "O Canto da Sereia") lança dois atores na minissérie "Amores Roubados", que estreia hoje na Globo. Jesuíta Barbosa (do filme "Tatuagem") e Germano Hauit (de "O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias"). Jesuíta tem 22 anos e Germano, 75. Os dois estreantes na telinha são pernambucanos. O diretor já convidou Jesuíta para um papel em "O Rebu".
ANTES DA RALAÇÃO
Com o fim das filmagens de "Focus" em Buenos Aires, Rodrigo Santoro conseguiu um respiro na agenda para curtir a família. Visitou até os avós maternos em Ribeirão Preto. Tem uma maratona de lançamentos internacionais pela frente. Em março, a sequência de "300" e "Rio 2", a animação de Carlos Saldanha.
Santoro ainda é o produtor da cinebiografia de Pelé. E fará participação no longa sobre o Rei do Futebol, dirigido por Jeff e Michael Zimbalist.
FLASHBACK PODEROSO
"Quando eu era pequena, ensaiava beijo na boca no buraco da fechadura. Ah, e também adorava dançar com as portas!", diz Anitta, que posou para ensaio da "Glamour" inspirado no filme "Flashdance".
Agora que cresceu, a cantora curte beijar "os novinhos, de 23, 24 anos...". Mas diz estar cansada de boatos sobre seus relacionamentos. Após a parceria com Roberto Carlos no especial dele na Globo, ela espera "que o povo não invente" que está namorando o cantor.
"É o que mais tem acontecido comigo", afirma.
VIRADA PAULISTA
Os cantores Marcelo Bonfá, Toquinho e Supla se apresentaram no Réveillon da avenida Paulista. Sam Alves, vencedor do programa "The Voice" (Globo), e Paulo Ricardo também fizeram shows no palco montado para a festa de Ano-Novo na capital paulista.
CURTO-CIRCUITO
O Spot comemora 20 anos hoje com festa do lado de fora do restaurante, na região da Paulista.
Claudio Filippi toma posse hoje como presidente do Conselho Regional de Contabilidade de SP.
O Creamfields, um dos principais eventos de música eletrônica do mundo, terá edição em Jurerê Internacional (SC), no próximo dia 25, com 20 atrações. 16 anos.
Que Copa, hein! - ANCELMO GOIS
O GLOBO - 06/01
Faltando 156 dias para a Copa, o Rio ainda não sabe se terá o chamado Fifa Fan Fest, um lugar onde as pessoas acompanham os jogos pelo telão com muita festa. O problema é que a Fifa vende o espaço para os patrocinadores, como a Coca-Cola, por exemplo, mas quer que a prefeitura, dinheiro meu, seu, nosso, pague a estrutura.
Tudo OK com os estádios
Dilma já recebeu um relatório interno do governo sobre a Copa do Mundo.
Nesta altura do campeonato, o ritmo de obras nos estádios é considerado satisfatório. Não preocupa mais. Onde mora o perigo é na parte logística, como conexões de voos ou a chegada do público ao Itaquerão, em São Paulo.
Segue...
O relatório tem um capítulo inacabado na questão de segurança.
Não se acredita em atentados ou ataques de facções criminosas, mas ainda não se tem uma ideia real da dimensão das manifestações que podem ocorrer durante a Copa.
A conferir.
Neymar e o cai-cai
O primeiro a falar com Neymar para evitar o cai-cai na Europa foi o pai.
Seu Neymar, que foi jogador de futebol, teve várias conversas com o filho sobre isso. Disse que ele só vai se firmar por lá se parar de cavar faltas.
E pelo que temos visto o garoto ouviu os conselhos.
Antecedentes
Joaquim Barbosa disse a amigos que Edson Santos passou a atacá-lo depois da ida a seu gabinete, no STF, de um grupo, ligado ao deputado petista, em busca de apoio aos chamados invasores do Jardim Botânico, no Rio. O ministro não apoiou.
60 anos do suicídio
Este ano se completam 60 anos do suicídio de Getúlio Vargas. Por conta disso, o coleguinha José Augusto Ribeiro vai relançar este mês seu livro — em três volumes com edição revista e ampliada —“A Era Vargas”, cuja primeira edição é de 2001.
Zé, depois de passar por várias redações, foi assessor de imprensa na campanha de Tancredo Neves.
100 anos de Abdias
A Flupp, Festa Literária das UPPs e das Periferias do Rio, decidiu fazer este ano uma homenagem ao centenário do nascimento de Abdias do Nascimento.
O foco de toda a programação vai girar em torno do conceito de “Inventores do Brasil”, e Abdias terá um lugar de honra, ao lado de Sérgio Buarque de Holanda e Gilberto Freyre.
Os brazucas
José Joffily, diretor, entre outros, do filme “Quem Matou Pixote?”, está em Londres.
Filma um documentário para o Canal Brasil e a Riofilme sobre os brasileiros que moram no exterior.
Estima-se que uns 100 mil brasileiros estejam vivendo na Inglaterra.
Imprensa é diversidade
Assinada pela artista plástica baiana Bárbara Tércia, esta é a camiseta do “Imprensa que eu gamo” para o carnaval 2014.
Traz o tema da diversidade, com 19 tipos de casais (em referência à idade do bloco): heterossexuais, homossexuais, alto com baixo, magra com gordo, etc.
Fundado por jornalistas em 1995, o primeiro samba foi do coleguinha Marceu Vieira.
Filme triste
Por decisão da nova diretora do Jardim Botânico, Samyra Crespo, foi fechado o cineclube que funcionava no lugar, nas noites de terça-feira.
O clube foi criado pelo cineasta Walter Lima Júnior, em 2007.
Barulho que vem do céu
Nas Paineiras até que tudo está organizado. Na terra. No céu impera o barulho ensurdecedor dos helicópteros.
No Parque Nacional do Grand Canyon, no Arizona, assim como é em muitos outro parques, só é permitido o sobrevoo de aparelhos silenciosos.
Por que não adotar essa medida aqui?
Orgulho do subúrbio
No subúrbio do Rio não mora só gente pobre. Pesquisa feita pela agência NBS mostra o perfil da classe A que vive bem longe da Zona Sul.
Veja só: 93% das famílias, com renda mensal entre R$ 7 mil e R$15 mil, consideram que têm uma relação afetiva com o subúrbio, e quase todos, 99%, declaram orgulho do local onde moram.
Éque...
Para essas pessoas, o calor humano e a proximidade dos amigos, parentes e vizinhos é fundamental.
Maravilha!
Faltando 156 dias para a Copa, o Rio ainda não sabe se terá o chamado Fifa Fan Fest, um lugar onde as pessoas acompanham os jogos pelo telão com muita festa. O problema é que a Fifa vende o espaço para os patrocinadores, como a Coca-Cola, por exemplo, mas quer que a prefeitura, dinheiro meu, seu, nosso, pague a estrutura.
Tudo OK com os estádios
Dilma já recebeu um relatório interno do governo sobre a Copa do Mundo.
Nesta altura do campeonato, o ritmo de obras nos estádios é considerado satisfatório. Não preocupa mais. Onde mora o perigo é na parte logística, como conexões de voos ou a chegada do público ao Itaquerão, em São Paulo.
Segue...
O relatório tem um capítulo inacabado na questão de segurança.
Não se acredita em atentados ou ataques de facções criminosas, mas ainda não se tem uma ideia real da dimensão das manifestações que podem ocorrer durante a Copa.
A conferir.
Neymar e o cai-cai
O primeiro a falar com Neymar para evitar o cai-cai na Europa foi o pai.
Seu Neymar, que foi jogador de futebol, teve várias conversas com o filho sobre isso. Disse que ele só vai se firmar por lá se parar de cavar faltas.
E pelo que temos visto o garoto ouviu os conselhos.
Antecedentes
Joaquim Barbosa disse a amigos que Edson Santos passou a atacá-lo depois da ida a seu gabinete, no STF, de um grupo, ligado ao deputado petista, em busca de apoio aos chamados invasores do Jardim Botânico, no Rio. O ministro não apoiou.
60 anos do suicídio
Este ano se completam 60 anos do suicídio de Getúlio Vargas. Por conta disso, o coleguinha José Augusto Ribeiro vai relançar este mês seu livro — em três volumes com edição revista e ampliada —“A Era Vargas”, cuja primeira edição é de 2001.
Zé, depois de passar por várias redações, foi assessor de imprensa na campanha de Tancredo Neves.
100 anos de Abdias
A Flupp, Festa Literária das UPPs e das Periferias do Rio, decidiu fazer este ano uma homenagem ao centenário do nascimento de Abdias do Nascimento.
O foco de toda a programação vai girar em torno do conceito de “Inventores do Brasil”, e Abdias terá um lugar de honra, ao lado de Sérgio Buarque de Holanda e Gilberto Freyre.
Os brazucas
José Joffily, diretor, entre outros, do filme “Quem Matou Pixote?”, está em Londres.
Filma um documentário para o Canal Brasil e a Riofilme sobre os brasileiros que moram no exterior.
Estima-se que uns 100 mil brasileiros estejam vivendo na Inglaterra.
Imprensa é diversidade
Assinada pela artista plástica baiana Bárbara Tércia, esta é a camiseta do “Imprensa que eu gamo” para o carnaval 2014.
Traz o tema da diversidade, com 19 tipos de casais (em referência à idade do bloco): heterossexuais, homossexuais, alto com baixo, magra com gordo, etc.
Fundado por jornalistas em 1995, o primeiro samba foi do coleguinha Marceu Vieira.
Filme triste
Por decisão da nova diretora do Jardim Botânico, Samyra Crespo, foi fechado o cineclube que funcionava no lugar, nas noites de terça-feira.
O clube foi criado pelo cineasta Walter Lima Júnior, em 2007.
Barulho que vem do céu
Nas Paineiras até que tudo está organizado. Na terra. No céu impera o barulho ensurdecedor dos helicópteros.
No Parque Nacional do Grand Canyon, no Arizona, assim como é em muitos outro parques, só é permitido o sobrevoo de aparelhos silenciosos.
Por que não adotar essa medida aqui?
Orgulho do subúrbio
No subúrbio do Rio não mora só gente pobre. Pesquisa feita pela agência NBS mostra o perfil da classe A que vive bem longe da Zona Sul.
Veja só: 93% das famílias, com renda mensal entre R$ 7 mil e R$15 mil, consideram que têm uma relação afetiva com o subúrbio, e quase todos, 99%, declaram orgulho do local onde moram.
Éque...
Para essas pessoas, o calor humano e a proximidade dos amigos, parentes e vizinhos é fundamental.
Maravilha!
Segundo round - VERA MAGALHÃES - PAINEL
FOLHA DE SP - 06/01
A Rede Sustentabilidade, de Marina Silva, coletou mais de 100 mil novas assinaturas de apoio à criação do partido e pretende levar seu processo de registro novamente ao Tribunal Superior Eleitoral ainda em 2014. O grupo vai enviar as fichas aos cartórios em pequenos lotes ao longo do ano e estuda formalizar o pedido de fundação da legenda em outubro ou novembro. A Rede precisa de 50 mil novas assinaturas validadas para chegar às 492 mil exigidas pela legislação eleitoral.
Reforço A cúpula da Rede decidiu também que vai acionar o Supremo Tribunal Federal para questionar a lei sancionada por Dilma Rousseff em 2013 que restringe o acesso de novos partidos à distribuição de tempo de TV e a cotas do fundo partidário.
Banca O comitê jurídico da legenda ainda discute se vai apresentar ao Supremo uma ação para tentar derrubar a lei ou um mandado de segurança para evitar que a Rede se enquadre nas restrições da nova legislação.
Mais-valia O PT paulista começou a vender produtos relacionados ao partido em seu site oficial. Uma seção oferece capas para iPhone a R$ 49,90, com imagens como a estrela do partido e o rosto de Che Guevara, um dos líderes da Revolução Cubana.
Bloco na rua Petistas produziram uma série de vídeos de animação para promover na internet a candidatura de Alexandre Padilha ao governo de São Paulo. O material, que divulga ações de sua gestão no Ministério da Saúde, será testado como modelo para a campanha.
Sumiço 1 O deputado Nelson Pellegrino (PT-BA) vai apresentar um requerimento na Comissão de Orçamento da Câmara para saber por que o Ministério das Cidades deixou de liberar emendas de parlamentares petistas.
Sumiço 2 "Trata-se de puro descaso ou de uma manobra da pasta", reclama.
Só love 1 Primeira vítima da "faxina" de Dilma, em 2011, o PR reforçou sua fidelidade à presidente na Câmara após voltar ao Ministério dos Transportes, no ano passado. A sigla apoiou os interesses do governo em 69% de seus votos, segundo levantamento do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento).
Só love 2 No primeiro ano do governo Dilma, o nível de fidelidade do PR chegou a 79%. Em 2012, quando o partido estava insatisfeito com a demora da presidente em devolver o comando da pasta à sigla, o apoio se deu em apenas 58% dos votos de sua bancada de deputados.
Longe O PSB, que deixou o governo em 2013, também cortou parte de seu apoio a Dilma. A sigla votou a favor dos interesses da presidente em 65% dos casos -ainda acima da média de partidos de oposição, na casa dos 30%. Em 2011, o nível de fidelidade do PSB era de 91% e, no ano seguinte, de 77%.
Tudo... Integrantes do Judiciário relatam que, a pedido de um ministro do STJ, a PEC da Bengala -que amplia o limite de idade para aposentadoria dos magistrados de 70 para 75 anos- só deve ser votada no início da próxima Legislatura da Câmara.
... certo O magistrado, desafeto da ministra aposentada Eliana Calmon, articulou o adiamento no ano passado, para ter garantia de que ela seria obrigada a deixar o STJ até 5 de novembro deste ano, quando completa 70 anos. Eliana, no entanto, antecipou sua aposentadoria para disputar as eleições.
Despedida Vão atingir este ano a idade limite de 70 anos no STJ os ministros Gilson Dipp, atual vice-presidente do tribunal, Arnaldo Esteves Lima e Ari Pargendler.
tiroteio
A nova política que Eduardo Campos defende não passa de retórica. Quando precisa, o PSB oferece cargos do governo em troca de apoio.
DA DEPUTADA ESTADUAL TERESA LEITÃO, presidente do PT-PE, sobre a entrada do PSDB no governo pernambucano e a aliança da sigla com o PSB.
Contraponto
Despertador ligado
Na confusa votação da Medida Provisória dos Portos, que se estendeu até a madrugada em uma sessão de maio do ano passado, o então líder do PSDB, Carlos Sampaio (SP), reclamou que um ponto do projeto negociado pela Casa foi retirado do texto levado a votação.
-Após isso ter sido acordado e acolhido, houve a supressão da proposta -disse Sampaio.
Emanuel Fernandes (PSDB-SP) brincou:
-Sr. presidente, o nosso líder disse que algo havia sido acordado. Dado o adiantado da hora, eu espero que não tenha sido acordado algum parlamentar aqui!
A Rede Sustentabilidade, de Marina Silva, coletou mais de 100 mil novas assinaturas de apoio à criação do partido e pretende levar seu processo de registro novamente ao Tribunal Superior Eleitoral ainda em 2014. O grupo vai enviar as fichas aos cartórios em pequenos lotes ao longo do ano e estuda formalizar o pedido de fundação da legenda em outubro ou novembro. A Rede precisa de 50 mil novas assinaturas validadas para chegar às 492 mil exigidas pela legislação eleitoral.
Reforço A cúpula da Rede decidiu também que vai acionar o Supremo Tribunal Federal para questionar a lei sancionada por Dilma Rousseff em 2013 que restringe o acesso de novos partidos à distribuição de tempo de TV e a cotas do fundo partidário.
Banca O comitê jurídico da legenda ainda discute se vai apresentar ao Supremo uma ação para tentar derrubar a lei ou um mandado de segurança para evitar que a Rede se enquadre nas restrições da nova legislação.
Mais-valia O PT paulista começou a vender produtos relacionados ao partido em seu site oficial. Uma seção oferece capas para iPhone a R$ 49,90, com imagens como a estrela do partido e o rosto de Che Guevara, um dos líderes da Revolução Cubana.
Bloco na rua Petistas produziram uma série de vídeos de animação para promover na internet a candidatura de Alexandre Padilha ao governo de São Paulo. O material, que divulga ações de sua gestão no Ministério da Saúde, será testado como modelo para a campanha.
Sumiço 1 O deputado Nelson Pellegrino (PT-BA) vai apresentar um requerimento na Comissão de Orçamento da Câmara para saber por que o Ministério das Cidades deixou de liberar emendas de parlamentares petistas.
Sumiço 2 "Trata-se de puro descaso ou de uma manobra da pasta", reclama.
Só love 1 Primeira vítima da "faxina" de Dilma, em 2011, o PR reforçou sua fidelidade à presidente na Câmara após voltar ao Ministério dos Transportes, no ano passado. A sigla apoiou os interesses do governo em 69% de seus votos, segundo levantamento do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento).
Só love 2 No primeiro ano do governo Dilma, o nível de fidelidade do PR chegou a 79%. Em 2012, quando o partido estava insatisfeito com a demora da presidente em devolver o comando da pasta à sigla, o apoio se deu em apenas 58% dos votos de sua bancada de deputados.
Longe O PSB, que deixou o governo em 2013, também cortou parte de seu apoio a Dilma. A sigla votou a favor dos interesses da presidente em 65% dos casos -ainda acima da média de partidos de oposição, na casa dos 30%. Em 2011, o nível de fidelidade do PSB era de 91% e, no ano seguinte, de 77%.
Tudo... Integrantes do Judiciário relatam que, a pedido de um ministro do STJ, a PEC da Bengala -que amplia o limite de idade para aposentadoria dos magistrados de 70 para 75 anos- só deve ser votada no início da próxima Legislatura da Câmara.
... certo O magistrado, desafeto da ministra aposentada Eliana Calmon, articulou o adiamento no ano passado, para ter garantia de que ela seria obrigada a deixar o STJ até 5 de novembro deste ano, quando completa 70 anos. Eliana, no entanto, antecipou sua aposentadoria para disputar as eleições.
Despedida Vão atingir este ano a idade limite de 70 anos no STJ os ministros Gilson Dipp, atual vice-presidente do tribunal, Arnaldo Esteves Lima e Ari Pargendler.
tiroteio
A nova política que Eduardo Campos defende não passa de retórica. Quando precisa, o PSB oferece cargos do governo em troca de apoio.
DA DEPUTADA ESTADUAL TERESA LEITÃO, presidente do PT-PE, sobre a entrada do PSDB no governo pernambucano e a aliança da sigla com o PSB.
Contraponto
Despertador ligado
Na confusa votação da Medida Provisória dos Portos, que se estendeu até a madrugada em uma sessão de maio do ano passado, o então líder do PSDB, Carlos Sampaio (SP), reclamou que um ponto do projeto negociado pela Casa foi retirado do texto levado a votação.
-Após isso ter sido acordado e acolhido, houve a supressão da proposta -disse Sampaio.
Emanuel Fernandes (PSDB-SP) brincou:
-Sr. presidente, o nosso líder disse que algo havia sido acordado. Dado o adiantado da hora, eu espero que não tenha sido acordado algum parlamentar aqui!
Novos rumos para a educação - RUY MARTINS ALTENFELDER SILVA
O Estado de S.Paulo - 06/01
Em 2013 não foi diferente. A divulgação dos resultados da Avaliação Internacional de Alunos (Pisa, na sigla em inglês) 2012 colocou, mais uma vez, a educação brasileira na berlinda e reacendeu a antiga discussão sobre como pôr no rumo certo esse poderoso fundamento da cidadania e do desenvolvimento. Os argumentos contra e a favor se entrecruzaram. Ocupar a 58.ª posição num ranking de 65 países não é fato a ser aplaudido, nem dá para dormir tranquilo em berço esplêndido. Mas, olhando para trás, são de comemorar os avanços conseguidos, ainda que sejam menos brilhantes do que seria desejável para um país que partiu de patamares muito baixos de qualidade do ensino. Portanto, parece ser um daqueles casos em que todos têm um pouco de razão.
Começando pelos aspectos positivos: é relevante a evolução de desempenho registrada nas provas de 2012, que avaliaram alunos de 15 anos, frequentando do sétimo ao nono ano do ensino fundamental ou qualquer série do ensino médio. O relatório destaca o avanço de 4,1 pontos por ano no período 2003-2012. Ênfase para a proficiência em Matemática, com um salto de 356 para 391 pontos, numa escala que vai de zero a mil, e o aumento do número de jovens inseridos em salas de aulas. Aspectos negativos: a má pontuação em Português e Ciências e apenas 0,8% dos estudantes tendo atingido notas compatíveis com os níveis 5 e 6, que indicam aptidão para resolver questões mais complexas, enquanto 70% não ultrapassaram o nível 1 em Matemática, sendo incapazes de ler um simples gráfico de barra.
Justificativas e críticas à parte, está claro que o nó da educação brasileira saiu da esfera da inclusão educacional e até mesmo do volume de investimentos. Também parece claro que a hora é de planejar o futuro bem próximo, para que o País não perca, mais uma vez, o bonde da História e, portanto, aproveite ao máximo o momento propício que se avizinha na área educacional para dar o esperado salto de qualidade no ensino. No início da década de 2020 - ou seja, daqui a seis ou sete anos - o Brasil terá 5 milhões a menos de alunos em idade escolar, como apontam as estatísticas demográficas do IBGE. E, o que é melhor, terá R$ 120 bilhões a mais para investir no ensino se o projeto do pré-sal sair como o governo federal anuncia.
Chegou a hora de deixar de lado corporativismos, visões essencialmente ideologizadas, debates estéreis, que não levam a nada, e buscar lições produtivas em experiências que deram certo, tanto aqui como no exterior. Na China (que, aliás, acaba de atingir o topo do Pisa), o aluno de 10 anos tem o mesmo desempenho de seu colega brasileiro de 15, e o mesmo acontece com o coreano de 11 anos, o americano de 12 e o tailandês de 14. No Brasil, cresce o número de escolas públicas que, mesmo sem mais verbas, apresentam enormes ganhos de qualidade na aprendizagem, comprovando que a boa gestão escolar permite avançar em qualidade, mesmo nas condições atuais.
Em comum todos os casos têm como base a adoção de planejamento, metas, meritocracia, acompanhamento e avaliações rigorosas (estas não para reprovar o aluno, mas para detectar e corrigir as causas dos maus resultados). Os nós da educação brasileira já estão devidamente identificados. A política pública da educação precisa, por exemplo, revalorizar a figura do professor - tanto com programas de capacitação para aprimorar o desempenho daqueles que integram o quadro atual de docentes quanto adotando planos de cargos e salários compatíveis com a realidade do mercado de trabalho para atrair melhores talentos para o magistério. Hoje essa carreira, com salário médio nacional de R$ 1,4 mil, está em último lugar na preferência dos jovens, que preferem tornar-se mecânicos, secretários ou trabalhadores da construção civil.
Esse é apenas um dos gargalos do ensino básico, que se alinha à necessidade de oferecer aprendizado em período integral e com infraestrutura (laboratórios de ciências, computadores, bibliotecas). Ou seja, é preciso oferecer aos alunos condições de utilizar o tempo adicional com outras opções além das atividades culturais que, hoje, são realizadas como único complemento às aulas das disciplinas regulares, nas poucas escolas que funcionam em tempo integral. Outro ponto importante é a revisão dos currículos, visando a estabelecer um padrão nacional, como forma de reduzir as gritantes desigualdades regionais de aprendizado registradas em todas as avaliações que abrangem o alunado de todo o País. Essa redução, aliás, passaria também pelo investimento em educação infantil, com sensibilização das famílias de menor renda para que ofereçam em casa o estímulo correto aos filhos. E por aí vai.
A prioridade à qualidade da educação trará ganhos para os jovens que estão prestes a ingressar no mercado de trabalho, ao melhorar as suas condições para disputarem empregos mais bem remunerados. O desenvolvimento do País sofrerá forte impacto, pois cada ano adicional de escolaridade equivale também a 10% de aumento de produtividade. Não é à toa que a China cresceu dez vezes mais que o Brasil nos últimos dez anos (134% ante 13%).
A tarefa não é fácil, pois envolve problemas que se acumulam desde o Brasil colônia. Ao contrário, é uma verdadeira revolução, que demanda forte vontade política para vencer obstáculos e pôr a educação no rumo correto, num processo que atingirá sua maturação plena em várias gerações. Mas, na essência, talvez seja o maior legado que as lideranças atuais devem às novas gerações. E, quanto mais cedo o desafio for aceito, mais cedo o Brasil começará a colher os frutos da mais benéfica das revoluções que pode empreender.
Em 2013 não foi diferente. A divulgação dos resultados da Avaliação Internacional de Alunos (Pisa, na sigla em inglês) 2012 colocou, mais uma vez, a educação brasileira na berlinda e reacendeu a antiga discussão sobre como pôr no rumo certo esse poderoso fundamento da cidadania e do desenvolvimento. Os argumentos contra e a favor se entrecruzaram. Ocupar a 58.ª posição num ranking de 65 países não é fato a ser aplaudido, nem dá para dormir tranquilo em berço esplêndido. Mas, olhando para trás, são de comemorar os avanços conseguidos, ainda que sejam menos brilhantes do que seria desejável para um país que partiu de patamares muito baixos de qualidade do ensino. Portanto, parece ser um daqueles casos em que todos têm um pouco de razão.
Começando pelos aspectos positivos: é relevante a evolução de desempenho registrada nas provas de 2012, que avaliaram alunos de 15 anos, frequentando do sétimo ao nono ano do ensino fundamental ou qualquer série do ensino médio. O relatório destaca o avanço de 4,1 pontos por ano no período 2003-2012. Ênfase para a proficiência em Matemática, com um salto de 356 para 391 pontos, numa escala que vai de zero a mil, e o aumento do número de jovens inseridos em salas de aulas. Aspectos negativos: a má pontuação em Português e Ciências e apenas 0,8% dos estudantes tendo atingido notas compatíveis com os níveis 5 e 6, que indicam aptidão para resolver questões mais complexas, enquanto 70% não ultrapassaram o nível 1 em Matemática, sendo incapazes de ler um simples gráfico de barra.
Justificativas e críticas à parte, está claro que o nó da educação brasileira saiu da esfera da inclusão educacional e até mesmo do volume de investimentos. Também parece claro que a hora é de planejar o futuro bem próximo, para que o País não perca, mais uma vez, o bonde da História e, portanto, aproveite ao máximo o momento propício que se avizinha na área educacional para dar o esperado salto de qualidade no ensino. No início da década de 2020 - ou seja, daqui a seis ou sete anos - o Brasil terá 5 milhões a menos de alunos em idade escolar, como apontam as estatísticas demográficas do IBGE. E, o que é melhor, terá R$ 120 bilhões a mais para investir no ensino se o projeto do pré-sal sair como o governo federal anuncia.
Chegou a hora de deixar de lado corporativismos, visões essencialmente ideologizadas, debates estéreis, que não levam a nada, e buscar lições produtivas em experiências que deram certo, tanto aqui como no exterior. Na China (que, aliás, acaba de atingir o topo do Pisa), o aluno de 10 anos tem o mesmo desempenho de seu colega brasileiro de 15, e o mesmo acontece com o coreano de 11 anos, o americano de 12 e o tailandês de 14. No Brasil, cresce o número de escolas públicas que, mesmo sem mais verbas, apresentam enormes ganhos de qualidade na aprendizagem, comprovando que a boa gestão escolar permite avançar em qualidade, mesmo nas condições atuais.
Em comum todos os casos têm como base a adoção de planejamento, metas, meritocracia, acompanhamento e avaliações rigorosas (estas não para reprovar o aluno, mas para detectar e corrigir as causas dos maus resultados). Os nós da educação brasileira já estão devidamente identificados. A política pública da educação precisa, por exemplo, revalorizar a figura do professor - tanto com programas de capacitação para aprimorar o desempenho daqueles que integram o quadro atual de docentes quanto adotando planos de cargos e salários compatíveis com a realidade do mercado de trabalho para atrair melhores talentos para o magistério. Hoje essa carreira, com salário médio nacional de R$ 1,4 mil, está em último lugar na preferência dos jovens, que preferem tornar-se mecânicos, secretários ou trabalhadores da construção civil.
Esse é apenas um dos gargalos do ensino básico, que se alinha à necessidade de oferecer aprendizado em período integral e com infraestrutura (laboratórios de ciências, computadores, bibliotecas). Ou seja, é preciso oferecer aos alunos condições de utilizar o tempo adicional com outras opções além das atividades culturais que, hoje, são realizadas como único complemento às aulas das disciplinas regulares, nas poucas escolas que funcionam em tempo integral. Outro ponto importante é a revisão dos currículos, visando a estabelecer um padrão nacional, como forma de reduzir as gritantes desigualdades regionais de aprendizado registradas em todas as avaliações que abrangem o alunado de todo o País. Essa redução, aliás, passaria também pelo investimento em educação infantil, com sensibilização das famílias de menor renda para que ofereçam em casa o estímulo correto aos filhos. E por aí vai.
A prioridade à qualidade da educação trará ganhos para os jovens que estão prestes a ingressar no mercado de trabalho, ao melhorar as suas condições para disputarem empregos mais bem remunerados. O desenvolvimento do País sofrerá forte impacto, pois cada ano adicional de escolaridade equivale também a 10% de aumento de produtividade. Não é à toa que a China cresceu dez vezes mais que o Brasil nos últimos dez anos (134% ante 13%).
A tarefa não é fácil, pois envolve problemas que se acumulam desde o Brasil colônia. Ao contrário, é uma verdadeira revolução, que demanda forte vontade política para vencer obstáculos e pôr a educação no rumo correto, num processo que atingirá sua maturação plena em várias gerações. Mas, na essência, talvez seja o maior legado que as lideranças atuais devem às novas gerações. E, quanto mais cedo o desafio for aceito, mais cedo o Brasil começará a colher os frutos da mais benéfica das revoluções que pode empreender.
Delicadas transições - PAULO GUEDES
O GLOBO - 06/01
A economia mundial continua enfrentando em 2014 os enormes desafios das transformações exigidas pela grande crise contemporânea
A economia mundial enfrenta em 2014 delicadas transições. Apesar das favoráveis estimativas quanto a uma reaceleração do crescimento global, o fato é que há enormes desafios a serem superados em diversas regiões do planeta.
A economia americana terá de demonstrar resiliência ante a gradual retirada dos estímulos monetários. As maciças injeções de recursos, as compras de títulos de renda fixa e a derrubada dos juros pelo Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, elevaram os preços desses títulos, das ações e dos imóveis, aumentando a riqueza, reativando o consumo e reduzindo a taxa de desemprego. A transição de uma recuperação cíclica para o crescimento sustentável nada tem de trivial.
Os europeus continuam sua difícil travessia institucional de regimes fiscais nacionais embutidos em regime de moeda única supranacional. Enquanto o Fed infla os preços dos ativos, camufla as perdas com a farra do crédito e transfere para os contribuintes os custos das operações de salvamento financeiro, o Banco Central Europeu, sob influência alemã, tornou- se a "instância dominante" da teoria dos jogos, forçando os tesouros nacionais a apertar o cinto. Por quanto tempo abusarão os americanos do direito de emitir a antiga moeda-reserva da economia mundial, o dólar? Por quanto tempo aguentarão os europeus a disciplina exigida pelo euro, candidato a futura moeda- reserva global?
A economia mundial continua enfrentando em 2014 os enormes desafios das transformações exigidas pela grande crise contemporânea
A economia mundial enfrenta em 2014 delicadas transições. Apesar das favoráveis estimativas quanto a uma reaceleração do crescimento global, o fato é que há enormes desafios a serem superados em diversas regiões do planeta.
A economia americana terá de demonstrar resiliência ante a gradual retirada dos estímulos monetários. As maciças injeções de recursos, as compras de títulos de renda fixa e a derrubada dos juros pelo Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, elevaram os preços desses títulos, das ações e dos imóveis, aumentando a riqueza, reativando o consumo e reduzindo a taxa de desemprego. A transição de uma recuperação cíclica para o crescimento sustentável nada tem de trivial.
Os europeus continuam sua difícil travessia institucional de regimes fiscais nacionais embutidos em regime de moeda única supranacional. Enquanto o Fed infla os preços dos ativos, camufla as perdas com a farra do crédito e transfere para os contribuintes os custos das operações de salvamento financeiro, o Banco Central Europeu, sob influência alemã, tornou- se a "instância dominante" da teoria dos jogos, forçando os tesouros nacionais a apertar o cinto. Por quanto tempo abusarão os americanos do direito de emitir a antiga moeda-reserva da economia mundial, o dólar? Por quanto tempo aguentarão os europeus a disciplina exigida pelo euro, candidato a futura moeda- reserva global?
Há também importantes transições ocorrendo na Ásia. Os alquimistas japoneses praticam agora o "Abenomics", tentativa de transformar papel colorido em riqueza. Os primeiros efeitos são sempre agradáveis. Sobem as bolsas, aumentando a "riqueza", a moeda se desvaloriza, estimulando as exportações. Nada melhor em meio à guerra mundial por empregos. Os problemas estarão à frente, quando subirem a inflação e os juros, pois a dívida pública excede 200% do PIB. Já a China tem de transferir para seu mercado interno de consumo de massa o eixo de sua dinâmica de crescimento, hoje sustentada por forte ritmo de investimento em infraestrutura e pela fabulosa engrenagem de geração de empregos lubrificada pelas exportações.
E o Brasil? Nada trivial transformar em crescimento sustentável uma expansão cíclica à base de crédito e transferências de renda já em estágio de exaustão.
E o Brasil? Nada trivial transformar em crescimento sustentável uma expansão cíclica à base de crédito e transferências de renda já em estágio de exaustão.
O Brasil pode dar certo? - RENATO JANINE RIBEIRO
VALOR ECONÔMICO - 06/01
A Europa desenvolvida tornou realidade, na metade do século XX, direitos sociais relevantes. Ninguém precisa perder o patrimônio para ser tratado de uma doença séria, ou gastar boa parte de sua renda para se locomover. É isso o que chamo um país "dar certo". Os efeitos não são só materiais. Também explicam por que as pessoas não furam fila nem invadem o acostamento: sabem que há lugar para todos, que a demanda atende à oferta. Não temos isso no Brasil.
Uma discussão do tema, no Facebook, sugeriu que a centro-direita (ou os liberais, como preferem ser chamados) parece mais consciente, do que a centro-esquerda, da premência deste nosso desastre social. Reconhecer um problema é um passo para resolvê-lo. Só que a centro-direita propõe soluções que não levam em conta, ou só levam em conta enquanto obstáculo, não como oportunidade, a complexidade política de implantá-las.
Parte-se da crença de que a economia brasileira está em séria crise. As políticas distributivistas do PT teriam estancado o espírito de iniciativa empresarial. Seria preciso devolver - ou criar - condições para uma forte expansão econômica. As medidas sugeridas reduzem o papel do Estado, aumentam a concorrência, favorecem a contratação de empregados (isto é, favorecem sua demissão: o diagnóstico é que não se contrata por receio da burocracia que cerca o desligamento do funcionário).
Essas análises estão certas, estão erradas? Não discutirei aqui. Mentes brilhantes as endossam. Mas trazem problemas políticos.
O primeiro está no próprio enunciado da questão que coloquei - do que o Brasil precisa para "dar certo". Os liberais acreditam saber o que falta para o País atender à demanda da rua por transporte, educação, saúde e seguranças decentes - mas suas propostas não vão além de fórmulas teóricas. Na política a teoria é necessária, mas insuficiente: o fundamental é construir, politicamente, as medidas que levem numa determinada direção. Explico.
Em 1994, o País estava travado, tanto pela inflação quanto pela indefinição de quem investiria, o Estado ou a iniciativa privada. Tendo domado a inflação graças ao Plano Real, FHC também venceu as resistências à privatização. Poderia ela não ser a melhor solução, certamente não era a única, mas foi a que ganhou apoio político. Já em 2002, o descontentamento com a desigualdade social permitiu que Lula mudasse o rumo de nossa política. Nos dois casos, houve demanda e liderança políticas. Mas hoje, quando nossos liberais propõem reformas econômicas para resolver sérios problemas sociais, não as traduzem em linguagem política. Ficam na teoria. Daí que lhes seja fácil responder a uma pergunta como a minha, às vezes até ironizando sua suposta ingenuidade, mas que não consigam fazer a teoria deles passar à prática. O problema é que, na política, a melhor teoria vale pouco, se não trouxer resultados.
O segundo problema é que a pasta dental não volta para dentro do tubo. Desregulamentar o mercado de trabalho para fazê-lo crescer causa desconfiança. Como convencer as pessoas de que terão mais e melhores empregos, se não tiverem garantia nenhuma deles? A inclusão social dos últimos anos, embora tenha se dado mais pelo consumo do que pela educação ou cultura, trouxe exigências irreversíveis. Pelo menos enquanto estiver no horizonte o consumo dos bens de consumo necessários (o iogurte de FHC, a geladeira de Lula etc.), não há condições políticas de sustá-lo. Haja China para nos exportar tudo isso, a preço que os ex-miseráveis possam pagar... Mas dificilmente alguém ganhará uma eleição sem aumentar o consumo, o que significa ampliar o crédito ao consumidor, o que implica ir na contramão do que os liberais pregam. Não interessa aqui se eles têm razão ou não; o ponto é que seu discurso não terá apoio político.
Política não é ter razão. Aliás, hoje a centro-direita acredita estar certa e se irrita porque os eleitores não votam nela; só que, vinte anos atrás, era o PT que se sentia assim. Recordar é viver.
Mais um problema. As demandas que hoje prevalecem são sociais, mas as propostas das oposições são essencialmente econômicas. O que é lógico, se elas consideram que a economia está em frangalhos e não sustentará nem o que existe, quanto mais uma expansão do gasto (ou investimento) social. Mas a economia é, quando muito, um meio, enquanto construir uma sociedade justa é um fim, o mais importante dos fins que nos podemos propor. Em especial, não se percebe que, como o cobrador do conto homônimo de Rubens Fonseca, estamos cansados de esperar, e os mais pobres mais que todos nós. Se alguém disser que, para se chegar à elementar justiça social, será preciso dar uma longa volta - seja pelo estatismo, seja pelo neoliberalismo - dificilmente ganhará a confiança do eleitorado. Estamos fartos de desvios que acabaram se eternizando.
Talvez por isso as pesquisas, que mostram a maior parte da população sequiosa de grandes mudanças, não beneficiem a oposição. (O governo é o favorito, não só pelo balanço de uma inclusão social que se realizou sem custos para as classes abonadas, como por ter oposições menos atentas do que deveriam à realidade social). Mas pode ser que em 2014 algum candidato a governador inove, propondo em termos concretos e confiáveis uma agenda que contemple transporte, saúde, educação e segurança públicos. Ou em 2016, alguns candidatos a prefeito despertem para as reivindicações populares. Penso que serão excepcionais: isto é, poucos em quantidade e altos em qualidade. Mas poderão renovar o panorama político brasileiro.
A Europa desenvolvida tornou realidade, na metade do século XX, direitos sociais relevantes. Ninguém precisa perder o patrimônio para ser tratado de uma doença séria, ou gastar boa parte de sua renda para se locomover. É isso o que chamo um país "dar certo". Os efeitos não são só materiais. Também explicam por que as pessoas não furam fila nem invadem o acostamento: sabem que há lugar para todos, que a demanda atende à oferta. Não temos isso no Brasil.
Uma discussão do tema, no Facebook, sugeriu que a centro-direita (ou os liberais, como preferem ser chamados) parece mais consciente, do que a centro-esquerda, da premência deste nosso desastre social. Reconhecer um problema é um passo para resolvê-lo. Só que a centro-direita propõe soluções que não levam em conta, ou só levam em conta enquanto obstáculo, não como oportunidade, a complexidade política de implantá-las.
Parte-se da crença de que a economia brasileira está em séria crise. As políticas distributivistas do PT teriam estancado o espírito de iniciativa empresarial. Seria preciso devolver - ou criar - condições para uma forte expansão econômica. As medidas sugeridas reduzem o papel do Estado, aumentam a concorrência, favorecem a contratação de empregados (isto é, favorecem sua demissão: o diagnóstico é que não se contrata por receio da burocracia que cerca o desligamento do funcionário).
Essas análises estão certas, estão erradas? Não discutirei aqui. Mentes brilhantes as endossam. Mas trazem problemas políticos.
O primeiro está no próprio enunciado da questão que coloquei - do que o Brasil precisa para "dar certo". Os liberais acreditam saber o que falta para o País atender à demanda da rua por transporte, educação, saúde e seguranças decentes - mas suas propostas não vão além de fórmulas teóricas. Na política a teoria é necessária, mas insuficiente: o fundamental é construir, politicamente, as medidas que levem numa determinada direção. Explico.
Em 1994, o País estava travado, tanto pela inflação quanto pela indefinição de quem investiria, o Estado ou a iniciativa privada. Tendo domado a inflação graças ao Plano Real, FHC também venceu as resistências à privatização. Poderia ela não ser a melhor solução, certamente não era a única, mas foi a que ganhou apoio político. Já em 2002, o descontentamento com a desigualdade social permitiu que Lula mudasse o rumo de nossa política. Nos dois casos, houve demanda e liderança políticas. Mas hoje, quando nossos liberais propõem reformas econômicas para resolver sérios problemas sociais, não as traduzem em linguagem política. Ficam na teoria. Daí que lhes seja fácil responder a uma pergunta como a minha, às vezes até ironizando sua suposta ingenuidade, mas que não consigam fazer a teoria deles passar à prática. O problema é que, na política, a melhor teoria vale pouco, se não trouxer resultados.
O segundo problema é que a pasta dental não volta para dentro do tubo. Desregulamentar o mercado de trabalho para fazê-lo crescer causa desconfiança. Como convencer as pessoas de que terão mais e melhores empregos, se não tiverem garantia nenhuma deles? A inclusão social dos últimos anos, embora tenha se dado mais pelo consumo do que pela educação ou cultura, trouxe exigências irreversíveis. Pelo menos enquanto estiver no horizonte o consumo dos bens de consumo necessários (o iogurte de FHC, a geladeira de Lula etc.), não há condições políticas de sustá-lo. Haja China para nos exportar tudo isso, a preço que os ex-miseráveis possam pagar... Mas dificilmente alguém ganhará uma eleição sem aumentar o consumo, o que significa ampliar o crédito ao consumidor, o que implica ir na contramão do que os liberais pregam. Não interessa aqui se eles têm razão ou não; o ponto é que seu discurso não terá apoio político.
Política não é ter razão. Aliás, hoje a centro-direita acredita estar certa e se irrita porque os eleitores não votam nela; só que, vinte anos atrás, era o PT que se sentia assim. Recordar é viver.
Mais um problema. As demandas que hoje prevalecem são sociais, mas as propostas das oposições são essencialmente econômicas. O que é lógico, se elas consideram que a economia está em frangalhos e não sustentará nem o que existe, quanto mais uma expansão do gasto (ou investimento) social. Mas a economia é, quando muito, um meio, enquanto construir uma sociedade justa é um fim, o mais importante dos fins que nos podemos propor. Em especial, não se percebe que, como o cobrador do conto homônimo de Rubens Fonseca, estamos cansados de esperar, e os mais pobres mais que todos nós. Se alguém disser que, para se chegar à elementar justiça social, será preciso dar uma longa volta - seja pelo estatismo, seja pelo neoliberalismo - dificilmente ganhará a confiança do eleitorado. Estamos fartos de desvios que acabaram se eternizando.
Talvez por isso as pesquisas, que mostram a maior parte da população sequiosa de grandes mudanças, não beneficiem a oposição. (O governo é o favorito, não só pelo balanço de uma inclusão social que se realizou sem custos para as classes abonadas, como por ter oposições menos atentas do que deveriam à realidade social). Mas pode ser que em 2014 algum candidato a governador inove, propondo em termos concretos e confiáveis uma agenda que contemple transporte, saúde, educação e segurança públicos. Ou em 2016, alguns candidatos a prefeito despertem para as reivindicações populares. Penso que serão excepcionais: isto é, poucos em quantidade e altos em qualidade. Mas poderão renovar o panorama político brasileiro.
Guerra psicológica - PAULO BROSSARD
ZERO HORA - 06/01
Em sua mensagem de fim de ano a senhora presidente, em rede de rádio e televisão mencionou fatos, supostos ou reais, de suma gravidade; nada menos que uma “guerra psicológica” contra o Brasil. Isto dito por alguém do primeiro escalão, do segundo ou mesmo do terceiro já seria temerário, pelos inevitáveis e variados efeitos que não poderiam deixar de atingir o país, mas é simplesmente espantoso quando dito pela chefe do governo e do Estado, titular do Poder Executivo, que envolve a maior soma de poderes que homem possa possuir e exercitar, que tenha a chefia da administração, exerça o comando supremo das Forças Armadas, tenha a palavra final nas relações internacionais, inicie o processo Legislativo para dizer o menos. É chocante que isto tenha sido dito pela chefe do governo do Estado, valendo-se de inexcedível rede de comunicação. Ou a presidente tem ciência dessa situação cujas consequências podem ser incalculáveis e de difícil aferição, ou, se a denúncia formulada não tiver seriedade, o mínimo que se pode dizer é que a autoridade terá demostrado a ausência do imprescindível senso de responsabilidade.
Desgraçadamente a mensagem em causa, da “guerra psicológica”, assoalhada pela senhora presidente, parece não ter nenhuma objetividade, pois nela tudo é hipotético, “se alguns setores, seja por que motivo for, instilarem desconfiança, especialmente desconfiança injustificada, isso é muito ruim”. Isto “se alguns setores instilarem desconfiança”, ou seja, trata-se de mera hipótese, “se” e nada mais. Mas não é só. Na mesma linha acrescenta a mesma alta autoridade, que “a guerra psicológica pode inibir investimentos e retardar iniciativas”, ambas as passagens contêm mera possibilidade ou hipótese apenas possível e nada mais. Aqui a leviandade é mais lamentável e mais comprometedora da dignidade das instituições e o que é gravíssimo, patrocinada pela chefe do governo e do Estado.
Confesso que escrevo este artigo com o maior constrangimento cívico e com a consequente indignação, ainda que com uma forma extremamente contida. A verdade é que muito e muito mais poderia e deveria ser dito, diante da inédita e inaudita inconsciência revelada. Desnecessário dizer da minha perplexidade em face do acontecido. O certo é que se nem todos os presidentes eram dotados de atributos excepcionais, de nenhum se poderia dizer que teriam incidido em semelhante claudicação funcional.
Alguns dos maiores jornais do Brasil, publicaram essa matéria na primeira página, em suas edições do dia 30 de dezembro. Após a estupenda estória da “guerra psicológica” a senhora presidente repetiu “compromisso de manter o equilíbrio das contas públicas e controle da inflação”. Aqui o expediente cheira a pilhéria, pois foi exatamente a deterioração das contas públicas ao longo do ano, uma das maiores causas que minaram a confiança dos investidores, e a inflação continuou em patamares elevados, tanto que, para enfrentar o câncer da inflação, o juro que se mantivera estável na casa dos 7,25% ao ano de outubro de 2012 a abril de 2013, foi sendo elevado até atingir o índice dos 10% como tinha sido em janeiro de 2012. É dessa forma que as contas públicas, de braços dados com a inflação, refletem as benemerências do governo que se esfalfa na reeleição em campanha aberta, afrontosa à lei eleitoral.
A medida que se entrava no quarto trimestre os maus resultados administrativos começaram a ser conhecidos e, em breve, os dados completos estarão sendo divulgados em toda a sua amarga objetividade.
Por fim, em lugar de uma mensagem adequada ao encerramento de um período de notórias e variadas dificuldades, a Nação foi testemunha de um desengonçado autoelogio em ritmo eleitoral, com fogos de artifício de muitas formas e cores.
Por ora, refém de Marina - RICARDO NOBLAT
O GLOBO - 06/01
"Ele não tem o traquejo para isso"
Fernando Henrique, sobre a hipótese de Joaquim Barbosa ser candidato a presidente
No final do ano passado, em conversa com um amigo a bordo de um avião que os conduzia ao Rio de Janeiro, Eduardo Campos, governador de Pernambuco e aspirante a candidato à Presidência da República pelo PSB, desabafou num momento de irritação: "Não aguento mais ouvir dos meus interlocutores: 'A Marina está de acordo?' Há momentos em que eu, simplesmente, não entendo o que ela fala. Não entendo mesmo"
A TÃO LOUVADA habilidade política de Eduardo será testada nos próximos meses pelo gênio difícil da ex ministra do Meio Ambiente Marina Silva. Salvo uma inesperada ou uma repentina e incontornável desavença entre os dois, Marina fará parte da chapa de Eduardo na condição de vice. Mas a que preço?
MAL ANUNCIOU sua filiação ao PSB, enquanto não registra seu partido, a REDE, Marina se opôs a um acordo quase firmado por Eduardo com setores da área rural do Centro-Oeste, o que traria para seu lado uma parcela do DEM representada por Ronaldo Caiado (GO), líder do partido na Câmara dos Deputados.
Bateu duro nos ruralistas, acusando-os de conservadores e de adversários do meio ambiente.
SUGERIU QUE eles não poderiam ter nenhuma afinidade com uma nova via política que se oferece como alternativa ao PT e ao PSDB. Ameaçou saltar fora do barco de Eduardo. Foi um corre, corre. Caiado enfureceu-se. Eduardo engoliu a seco. Em seguida, Marina levantou a questão das candidaturas aos governos estaduais. Na negociação com Eduardo tentou impor nomes da REDE que a acompanharam na adesão ao PSB.
A QUESTÃO NÃO foi resolvida. No Paraná, por exemplo, o PSB caminha para apoiar a reeleição do governador Beto Richa (PSDB). Marina é contra. Empenha- se para que o PSB apoie um nome inexpressivo, mas próximo da REDE. No geral, Marina se comporta como se fosse uma agente do PT infiltrada no PSB, dificultando o mais que pode qualquer aproximação entre o partido e o PSDB. Foi o que fez no caso de São Paulo - e ali ganhou a parada.
O PSB PAULISTA faz parte do governo Geraldo Alckmin, assim como fez dos governos do PSDB que o antecederam. E por sua maioria quer apoiar a reeleição de Alckmin. Em troca, poderá emplacar um dos seus nomes como candidato a vice-governador.
Eduardo parecia de acordo. Sonhava em dividir o palanque de Alckmin com Aécio. Aí, Marina disse não sob o argumento de que o PSB tem de se diferenciar do PSDB. Não pode enfrentá-lo na disputa pela Presidência da República conciliando com ele logo no principal estado do país. No primeiro turno, cada partido deve mostrar seu DNA. No segundo, predomina o embate puramente eleitoral, imagina Marina. Se dependesse dela, o candidato do PSB ao governo de São Paulo seria a deputada Luiza Erundina (PSB). Eduardo aceita a indicação. Foi ele que lançou Erundina como candidata a prefeita de São Paulo na última eleição. Erundina quer se eleger mais uma vez deputada federal.
O PT ESTÁ GRATO a Marina. É forte a chance de o partido eleger os governadores de Minas Gerais (Fernando Pimentel) e do Rio de Janeiro (Lindbergh Farias).
O eventual enfraquecimento de Alckmin fortalece a chance de o PT eleger Alexandre Padilha governador de São Paulo. Eduardo garante que num segundo turno, o PSB apoiará Alckmin. A se ver.
TUDO VALE A pena se a recompensa não for pequena, acha Eduardo. Até suportar Marina - desde que ela o recompense com parte dos votos que atraiu em 2010 quando candidata a presidente.
Marina foi a maior de suas conquistas até aqui.
A TÃO LOUVADA habilidade política de Eduardo será testada nos próximos meses pelo gênio difícil da ex ministra do Meio Ambiente Marina Silva. Salvo uma inesperada ou uma repentina e incontornável desavença entre os dois, Marina fará parte da chapa de Eduardo na condição de vice. Mas a que preço?
MAL ANUNCIOU sua filiação ao PSB, enquanto não registra seu partido, a REDE, Marina se opôs a um acordo quase firmado por Eduardo com setores da área rural do Centro-Oeste, o que traria para seu lado uma parcela do DEM representada por Ronaldo Caiado (GO), líder do partido na Câmara dos Deputados.
Bateu duro nos ruralistas, acusando-os de conservadores e de adversários do meio ambiente.
SUGERIU QUE eles não poderiam ter nenhuma afinidade com uma nova via política que se oferece como alternativa ao PT e ao PSDB. Ameaçou saltar fora do barco de Eduardo. Foi um corre, corre. Caiado enfureceu-se. Eduardo engoliu a seco. Em seguida, Marina levantou a questão das candidaturas aos governos estaduais. Na negociação com Eduardo tentou impor nomes da REDE que a acompanharam na adesão ao PSB.
A QUESTÃO NÃO foi resolvida. No Paraná, por exemplo, o PSB caminha para apoiar a reeleição do governador Beto Richa (PSDB). Marina é contra. Empenha- se para que o PSB apoie um nome inexpressivo, mas próximo da REDE. No geral, Marina se comporta como se fosse uma agente do PT infiltrada no PSB, dificultando o mais que pode qualquer aproximação entre o partido e o PSDB. Foi o que fez no caso de São Paulo - e ali ganhou a parada.
O PSB PAULISTA faz parte do governo Geraldo Alckmin, assim como fez dos governos do PSDB que o antecederam. E por sua maioria quer apoiar a reeleição de Alckmin. Em troca, poderá emplacar um dos seus nomes como candidato a vice-governador.
Eduardo parecia de acordo. Sonhava em dividir o palanque de Alckmin com Aécio. Aí, Marina disse não sob o argumento de que o PSB tem de se diferenciar do PSDB. Não pode enfrentá-lo na disputa pela Presidência da República conciliando com ele logo no principal estado do país. No primeiro turno, cada partido deve mostrar seu DNA. No segundo, predomina o embate puramente eleitoral, imagina Marina. Se dependesse dela, o candidato do PSB ao governo de São Paulo seria a deputada Luiza Erundina (PSB). Eduardo aceita a indicação. Foi ele que lançou Erundina como candidata a prefeita de São Paulo na última eleição. Erundina quer se eleger mais uma vez deputada federal.
O PT ESTÁ GRATO a Marina. É forte a chance de o partido eleger os governadores de Minas Gerais (Fernando Pimentel) e do Rio de Janeiro (Lindbergh Farias).
O eventual enfraquecimento de Alckmin fortalece a chance de o PT eleger Alexandre Padilha governador de São Paulo. Eduardo garante que num segundo turno, o PSB apoiará Alckmin. A se ver.
TUDO VALE A pena se a recompensa não for pequena, acha Eduardo. Até suportar Marina - desde que ela o recompense com parte dos votos que atraiu em 2010 quando candidata a presidente.
Marina foi a maior de suas conquistas até aqui.
'Nervosinhos' - AÉCIO NEVES
FOLHA DE SP - 06/01
Ao antecipar o anúncio do cumprimento do superavit primário, na sexta-feira, o ministro Guido Mantega agiu como aquele chefe que gosta de contar uma piada para desanuviar um ambiente carregado. Todo mundo dá uma gargalhada forçada, por obrigação, a reunião termina, as pessoas vão embora, mas os problemas continuam sobre a mesa sem qualquer solução à vista.
Com base apenas em fatos recentes, preparei aqui uma lista resumida de cinco motivos para que o ministro possa entender por que os brasileiros estão "nervosinhos" com a situação da economia.
1) Fragilidade no superavit primário: o resultado foi atingido com ajuda de receitas extras, como o bônus da privatização do campo de petróleo de Libra, que não vão se repetir em 2014, tornando o equilíbrio fiscal ainda mais duro de ser alcançado ao longo do ano.
2) Queda na balança comercial: divulgados na última semana, os números da balança comercial brasileira tiveram o pior desempenho em 13 anos.
3) Desvalorização da Petrobras: para tristeza da memória de tantos nacionalistas que se recordam da campanha "O petróleo é nosso", em 2013 a estatal foi a empresa de capital aberto que mais perdeu valor de mercado em termos nominais, segundo a consultoria financeira Economatica. Em apenas três anos, o governo Dilma conseguiu a façanha de reduzi-la a menos da metade do seu valor. Entre os motivos, está a gestão orientada para render dividendos políticos ao Partido dos Trabalhadores.
4) Recorde na carga tributária: enganou-se quem acreditava que a situação dos impostos no Brasil não podia mais piorar. A Receita Federal divulgou a carga tributária de 2012, que bateu mais um recorde e chegou a 35,85% da renda nacional.
5) PIB em baixa, inflação em alta: a bravata do "pibão" na casa dos 4%, prometidos para 2013, deve acabar reduzida a um humilde "pibinho" abaixo de 2,5%. Além disso, o ano de 2013 ficará conhecido como aquele em que a inflação, de péssima lembrança, voltou a assombrar as feiras e os supermercados.
Essa é a realidade que as autoridades se recusam a admitir publicamente.
Em junho, a presidente Dilma Rousseff acusou a oposição de agir como o Velho do Restelo, personagem de Camões que representa o pessimismo. A economia, entretanto, continuou à deriva. Agora, a presidente reclama de uma suposta "guerra psicológica", "capaz de inibir investimentos e retardar iniciativas". Já para o ministro Guido Mantega, são os "nervosinhos" que atrapalham o sucesso dos planos formidáveis do governo.
As crianças costumam ter amigos imaginários. Os petistas cultivam os inimigos imaginários. Assim, fica mais fácil livrar-se das responsabilidades para as quais foram eleitos.
Ao antecipar o anúncio do cumprimento do superavit primário, na sexta-feira, o ministro Guido Mantega agiu como aquele chefe que gosta de contar uma piada para desanuviar um ambiente carregado. Todo mundo dá uma gargalhada forçada, por obrigação, a reunião termina, as pessoas vão embora, mas os problemas continuam sobre a mesa sem qualquer solução à vista.
Com base apenas em fatos recentes, preparei aqui uma lista resumida de cinco motivos para que o ministro possa entender por que os brasileiros estão "nervosinhos" com a situação da economia.
1) Fragilidade no superavit primário: o resultado foi atingido com ajuda de receitas extras, como o bônus da privatização do campo de petróleo de Libra, que não vão se repetir em 2014, tornando o equilíbrio fiscal ainda mais duro de ser alcançado ao longo do ano.
2) Queda na balança comercial: divulgados na última semana, os números da balança comercial brasileira tiveram o pior desempenho em 13 anos.
3) Desvalorização da Petrobras: para tristeza da memória de tantos nacionalistas que se recordam da campanha "O petróleo é nosso", em 2013 a estatal foi a empresa de capital aberto que mais perdeu valor de mercado em termos nominais, segundo a consultoria financeira Economatica. Em apenas três anos, o governo Dilma conseguiu a façanha de reduzi-la a menos da metade do seu valor. Entre os motivos, está a gestão orientada para render dividendos políticos ao Partido dos Trabalhadores.
4) Recorde na carga tributária: enganou-se quem acreditava que a situação dos impostos no Brasil não podia mais piorar. A Receita Federal divulgou a carga tributária de 2012, que bateu mais um recorde e chegou a 35,85% da renda nacional.
5) PIB em baixa, inflação em alta: a bravata do "pibão" na casa dos 4%, prometidos para 2013, deve acabar reduzida a um humilde "pibinho" abaixo de 2,5%. Além disso, o ano de 2013 ficará conhecido como aquele em que a inflação, de péssima lembrança, voltou a assombrar as feiras e os supermercados.
Essa é a realidade que as autoridades se recusam a admitir publicamente.
Em junho, a presidente Dilma Rousseff acusou a oposição de agir como o Velho do Restelo, personagem de Camões que representa o pessimismo. A economia, entretanto, continuou à deriva. Agora, a presidente reclama de uma suposta "guerra psicológica", "capaz de inibir investimentos e retardar iniciativas". Já para o ministro Guido Mantega, são os "nervosinhos" que atrapalham o sucesso dos planos formidáveis do governo.
As crianças costumam ter amigos imaginários. Os petistas cultivam os inimigos imaginários. Assim, fica mais fácil livrar-se das responsabilidades para as quais foram eleitos.
Jornalismo é contraponto - CARLOS ALBERTO DI FRANCO
O Estado de S.Paulo - 06/01
Entramos em ano eleitoral. Campanhas milionárias, promessas surrealistas e imagens produzidas fazem parte do marketing dos políticos. Assiste-se, frequentemente, a um show de efeitos especiais capazes de seduzir o grande público, mas, no fundo, vazio de conteúdo e carente de seriedade. O marketing, ferramenta importante para a transmissão da verdade, pode ser transformado em instrumento de mistificação. Os programas eleitorais, mais uma vez, venderão uma bela embalagem, mas, de fato, tentarão fugir da discussão das ideias. Nós, jornalistas, somos (ou deveríamos ser) o reverso a essa tendência.
Jornalismo é contraponto. Cabe-nos a missão de rasgar a embalagem e desnudar os candidatos. Só nós, estou certo, podemos minorar os efeitos perniciosos de um espetáculo audiovisual que, certamente, não contribui para o fortalecimento de uma democracia verdadeira e amadurecida.
Por isso uma cobertura eleitoral de qualidade é, antes de mais nada, uma questão de foco. É preciso declarar guerra ao jornalismo declaratório e assumir, efetivamente, a agenda do cidadão. Não basta um painel dos candidatos, é preciso cobrir a fundo as políticas públicas que mexem com a vida das pessoas. É importante fixar a atenção não nos marqueteiros e em suas estratégias de imagem, mas na consistência dos programas de governo.
O nosso papel é ouvir as pessoas, conhecer suas queixas, identificar suas carências e cobrar soluções dos candidatos. Não se pode permitir que as assessorias de comunicação dos políticos definam o que deve ou não ser coberto. O centro do debate tem de ser o cidadão, as políticas públicas, não mais o político, tampouco a própria imprensa. Na prática, não obstante a teoria da agenda-setting (Maxwell McCombs e Donald Shaw, formuladores da hipótese, afirmam que o debate público é determinado pelas pautas dos jornalistas) atribuir à imprensa uma influência decisiva na determinação da agenda do público, tal poder, de fato, passou a ser exercido pelos políticos. O jornalismo de aspas, pobre e simplificador, repercute o Brasil oficial, mas oculta a verdadeira dimensão do País real. Precisamos fugir do espetáculo e fazer a opção pela informação. Só assim, com equilíbrio e didatismo, conseguiremos separar a notícia do lixo declaratório.
Outros desvios éticos podem comprometer a qualidade da cobertura eleitoral. Sobressai, entre eles, o perigoso jornalismo de dossiê. Os riscos de instrumentalização da imprensa são evidentes. Os protagonistas do teatro político não medirão esforços para fazer a mídia, à sua revelia, destilar veneno nos seus adversários. Por isso é preciso revalorizar, e muito, as clássicas perguntas que devem ser feitas a qualquer repórter que cumpre uma pauta investigativa: checou? Tem provas? A quem interessa essa informação? Trata-se de eficiente terapia no combate ao vírus da leviandade.
O esforço de isenção, no entanto, não se confunde com a omissão. O leitor espera uma imprensa combativa, disposta a exercer seu intransferível dever de denúncia. A sociedade quer um quadro claro, talvez um bom infográfico, que lhe permita formar um perfil dos candidatos: seus antecedentes, sua evolução patrimonial, seu desempenho em cargos atuais e anteriores, etc. Impõe-se também um bom levantamento das promessas de campanha. É preciso mostrar os eventuais descompassos entre o discurso e a realidade. Trata-se, no fundo, de levar adiante um bom jornalismo de serviço.
Os políticos, pródigos em soluções de palanque, não costumam perder o sono com o rotineiro descumprimento da palavra empenhada. Afinal, para muitos deles, infelizmente, a política é a arte do engodo. Além disso, contam com a amnésia coletiva. O jornalismo de qualidade deve assumir o papel de memória da cidadania. Precisamos falar do futuro, dos projetos e dos planos de governo. Mas precisamos também falar do passado, das incoerências e das ambiguidades.
Armação da imprensa. Distorção da mídia. Patrulhamento de jornalista. Quantas vezes, caro leitor, você registrou essas reações nas páginas dos jornais? Inúmeras, estou certo. Recentemente, um condenado do mensalão se referiu à imprensa que desencadeia a pressão popular contra homens públicos aéticos e governantes corruptos comparando-a, com cinismo, à "ditadura militar". Tais declarações, característica de políticos apanhados com a boca na botija, não devem preocupar. Afinal, todos, independentemente do seu colorido ideológico, procuram o bode expiatório para justificar seus crimes, deslizes e malfeitos. A culpa é da imprensa! O grito é uma manifestação de desprezo pela verdade.
Personalidades públicas, inúmeras, têm procurado usar a mídia. Afirmam e depois, cinicamente, desmentem o que afirmaram. Nós não podemos ficar reféns desse jogo. Os meios de comunicação existem para incomodar. Um jornalismo cor-de-rosa é socialmente irrelevante. A imprensa, sem precipitação e injustos prejulgamentos, tem o dever de desempenhar importante papel na recuperação da ética na vida pública. Nosso compromisso não é com as celebridades, mas com a verdade, com a informação bem apurada, com os leitores. E nada mais.
O Brasil está passando por uma profunda mudança cultural. A corrupção, infelizmente, sempre existirá. Mas uma coisa é a miséria do homem e outra, totalmente diferente, é a indústria da corrupção que está aí. Esta, sem dúvida, deve e pode ser combatida com os instrumentos de uma sociedade civilizada. Transparência nos negócios públicos, ética e competência são as principais demandas da sociedade. Memória e voto consciente compõem a melhor receita para satisfazê-las.
Entramos em ano eleitoral. Campanhas milionárias, promessas surrealistas e imagens produzidas fazem parte do marketing dos políticos. Assiste-se, frequentemente, a um show de efeitos especiais capazes de seduzir o grande público, mas, no fundo, vazio de conteúdo e carente de seriedade. O marketing, ferramenta importante para a transmissão da verdade, pode ser transformado em instrumento de mistificação. Os programas eleitorais, mais uma vez, venderão uma bela embalagem, mas, de fato, tentarão fugir da discussão das ideias. Nós, jornalistas, somos (ou deveríamos ser) o reverso a essa tendência.
Jornalismo é contraponto. Cabe-nos a missão de rasgar a embalagem e desnudar os candidatos. Só nós, estou certo, podemos minorar os efeitos perniciosos de um espetáculo audiovisual que, certamente, não contribui para o fortalecimento de uma democracia verdadeira e amadurecida.
Por isso uma cobertura eleitoral de qualidade é, antes de mais nada, uma questão de foco. É preciso declarar guerra ao jornalismo declaratório e assumir, efetivamente, a agenda do cidadão. Não basta um painel dos candidatos, é preciso cobrir a fundo as políticas públicas que mexem com a vida das pessoas. É importante fixar a atenção não nos marqueteiros e em suas estratégias de imagem, mas na consistência dos programas de governo.
O nosso papel é ouvir as pessoas, conhecer suas queixas, identificar suas carências e cobrar soluções dos candidatos. Não se pode permitir que as assessorias de comunicação dos políticos definam o que deve ou não ser coberto. O centro do debate tem de ser o cidadão, as políticas públicas, não mais o político, tampouco a própria imprensa. Na prática, não obstante a teoria da agenda-setting (Maxwell McCombs e Donald Shaw, formuladores da hipótese, afirmam que o debate público é determinado pelas pautas dos jornalistas) atribuir à imprensa uma influência decisiva na determinação da agenda do público, tal poder, de fato, passou a ser exercido pelos políticos. O jornalismo de aspas, pobre e simplificador, repercute o Brasil oficial, mas oculta a verdadeira dimensão do País real. Precisamos fugir do espetáculo e fazer a opção pela informação. Só assim, com equilíbrio e didatismo, conseguiremos separar a notícia do lixo declaratório.
Outros desvios éticos podem comprometer a qualidade da cobertura eleitoral. Sobressai, entre eles, o perigoso jornalismo de dossiê. Os riscos de instrumentalização da imprensa são evidentes. Os protagonistas do teatro político não medirão esforços para fazer a mídia, à sua revelia, destilar veneno nos seus adversários. Por isso é preciso revalorizar, e muito, as clássicas perguntas que devem ser feitas a qualquer repórter que cumpre uma pauta investigativa: checou? Tem provas? A quem interessa essa informação? Trata-se de eficiente terapia no combate ao vírus da leviandade.
O esforço de isenção, no entanto, não se confunde com a omissão. O leitor espera uma imprensa combativa, disposta a exercer seu intransferível dever de denúncia. A sociedade quer um quadro claro, talvez um bom infográfico, que lhe permita formar um perfil dos candidatos: seus antecedentes, sua evolução patrimonial, seu desempenho em cargos atuais e anteriores, etc. Impõe-se também um bom levantamento das promessas de campanha. É preciso mostrar os eventuais descompassos entre o discurso e a realidade. Trata-se, no fundo, de levar adiante um bom jornalismo de serviço.
Os políticos, pródigos em soluções de palanque, não costumam perder o sono com o rotineiro descumprimento da palavra empenhada. Afinal, para muitos deles, infelizmente, a política é a arte do engodo. Além disso, contam com a amnésia coletiva. O jornalismo de qualidade deve assumir o papel de memória da cidadania. Precisamos falar do futuro, dos projetos e dos planos de governo. Mas precisamos também falar do passado, das incoerências e das ambiguidades.
Armação da imprensa. Distorção da mídia. Patrulhamento de jornalista. Quantas vezes, caro leitor, você registrou essas reações nas páginas dos jornais? Inúmeras, estou certo. Recentemente, um condenado do mensalão se referiu à imprensa que desencadeia a pressão popular contra homens públicos aéticos e governantes corruptos comparando-a, com cinismo, à "ditadura militar". Tais declarações, característica de políticos apanhados com a boca na botija, não devem preocupar. Afinal, todos, independentemente do seu colorido ideológico, procuram o bode expiatório para justificar seus crimes, deslizes e malfeitos. A culpa é da imprensa! O grito é uma manifestação de desprezo pela verdade.
Personalidades públicas, inúmeras, têm procurado usar a mídia. Afirmam e depois, cinicamente, desmentem o que afirmaram. Nós não podemos ficar reféns desse jogo. Os meios de comunicação existem para incomodar. Um jornalismo cor-de-rosa é socialmente irrelevante. A imprensa, sem precipitação e injustos prejulgamentos, tem o dever de desempenhar importante papel na recuperação da ética na vida pública. Nosso compromisso não é com as celebridades, mas com a verdade, com a informação bem apurada, com os leitores. E nada mais.
O Brasil está passando por uma profunda mudança cultural. A corrupção, infelizmente, sempre existirá. Mas uma coisa é a miséria do homem e outra, totalmente diferente, é a indústria da corrupção que está aí. Esta, sem dúvida, deve e pode ser combatida com os instrumentos de uma sociedade civilizada. Transparência nos negócios públicos, ética e competência são as principais demandas da sociedade. Memória e voto consciente compõem a melhor receita para satisfazê-las.
Última oportunidade - VALDO CRUZ
FOLHA DE SP - 06/01
BRASÍLIA - Depois do descanso de final de ano, Dilma Rousseff volta hoje ao batente. Pela frente, toda montagem de acordos políticos para armar uma ampla aliança em torno de sua campanha pela reeleição.
Entre seus aliados, muita gente diz que esta pode ser a última grande oportunidade para tirar da petista benesses e dividendos políticos. Depois, se for reeleita, ela pode reencarnar a mandatária durona do primeiro ano de mandato.
Aquela que jogava pesado e resistia às pressões dos partidos de sua base de apoio no Legislativo. A que ficou famosa pela faxina na Esplanada dos Ministérios, quando ministros foram demitidos em série.
Depois, a dura realidade de governo, com queda de popularidade e dificuldades na economia, tornou a presidente mais flexível e mais aberta ao diálogo --com seus aliados e também com o setor empresarial.
Então, confidencia um peemedebista, o "negócio" é aproveitar o momento e aumentar já o espaço no governo com a reforma ministerial. O PMDB, por sinal, quer emplacar mais ministros, só que outros aliados desejam colocar pelo menos um, como o PTB e o novo Pros.
Em jogo, uma moeda disputada. O tempo de TV dos partidos na propaganda eleitoral. Dilma quer ter mais do que o dobro do tempo de todos seus adversários juntos. Uma tática para sufocá-los na largada.
Enfim, o fato é que, entre seus apoiadores, é quase consenso que, sem a obrigação de ser reeleita, Dilma pode ser mais Dilma num eventual segundo mandato, ouvindo menos, o que já tem feito, seu mentor Luiz Inácio Lula da Silva.
Aí, diz um observador palaciano, o governo tende a gastar mais, o número de ministérios vai cair, a vida de petistas e aliados ficará mais difícil e as broncas só vão aumentar.
Um amigo presidencial tem visão oposta. Diz que Dilma aprendeu com seus erros e fará um segundo mandato melhor. A conferir.
P.S.: saio em férias neste mês.
BRASÍLIA - Depois do descanso de final de ano, Dilma Rousseff volta hoje ao batente. Pela frente, toda montagem de acordos políticos para armar uma ampla aliança em torno de sua campanha pela reeleição.
Entre seus aliados, muita gente diz que esta pode ser a última grande oportunidade para tirar da petista benesses e dividendos políticos. Depois, se for reeleita, ela pode reencarnar a mandatária durona do primeiro ano de mandato.
Aquela que jogava pesado e resistia às pressões dos partidos de sua base de apoio no Legislativo. A que ficou famosa pela faxina na Esplanada dos Ministérios, quando ministros foram demitidos em série.
Depois, a dura realidade de governo, com queda de popularidade e dificuldades na economia, tornou a presidente mais flexível e mais aberta ao diálogo --com seus aliados e também com o setor empresarial.
Então, confidencia um peemedebista, o "negócio" é aproveitar o momento e aumentar já o espaço no governo com a reforma ministerial. O PMDB, por sinal, quer emplacar mais ministros, só que outros aliados desejam colocar pelo menos um, como o PTB e o novo Pros.
Em jogo, uma moeda disputada. O tempo de TV dos partidos na propaganda eleitoral. Dilma quer ter mais do que o dobro do tempo de todos seus adversários juntos. Uma tática para sufocá-los na largada.
Enfim, o fato é que, entre seus apoiadores, é quase consenso que, sem a obrigação de ser reeleita, Dilma pode ser mais Dilma num eventual segundo mandato, ouvindo menos, o que já tem feito, seu mentor Luiz Inácio Lula da Silva.
Aí, diz um observador palaciano, o governo tende a gastar mais, o número de ministérios vai cair, a vida de petistas e aliados ficará mais difícil e as broncas só vão aumentar.
Um amigo presidencial tem visão oposta. Diz que Dilma aprendeu com seus erros e fará um segundo mandato melhor. A conferir.
P.S.: saio em férias neste mês.
É só aparência - PAULO DELGADO
O GLOBO - 06/01
Se a pacificação chegou à cidade pobre é uma contradição ver a grade invadir calçadas para proteger prédios da cidade rica já tão protegida
Se não for para medir o tempo um relógio no palco desvia a atenção do telespectador. Adereços e interpretação são poderosos veículos do cinema e do teatro. Na política incomodam e não dão conta de desafios.
Um Deus desatento observa a cena brasileira e continua tolerante com originalidades. Compreender menos é mais a moda do que compreender tudo. Caprichos e bastidores expulsam a moderação e a rotina do espetáculo. Glória da propaganda, a deusa da ignorância, que impôs ao país o tom da impetuosidade. Quando as questões públicas são tratadas em permanente estado de eloquência não queira entender o que está de fato ocorrendo.
Como toda pessoa desleixada o país adora improvisação, intuição e experiências parciais. Como essa agora da multa pelo lixo na rua, muito boa iniciativa se o conceito de lixo se estendesse também para as calçadas irregulares definidas pelo interesse da garagem e não do pedestre. Ou para impedir a fratura exposta da cidade com sua farra de pedras soltas brotando de todos os lugares, bueiros armadilhas, misturados a esse asfalto deprimente que vira farofa de buraco por todo lado.
Sem paciência para a prevenção o policiamento ostensivo é só aparência. Parou na virtude da intenção e, intimidador, avisa que é dono do pedaço e da linha que traçou para cruzar. A calamidade dá-lhes prazer. É a infelicidade que patrulham em desrespeitosas abordagens; transmitem sensação de insegurança seus pelotões e comboios em passeata, carros sobre as calçadas, prontos para o exagero e a negligência, em hierarquias superpostas, luzes acessas, uniformes diversos, municipais, estaduais, federais, tornando um serviço relevante uma casta armada incompreensível.
A expansão urbana é sem limites, os adensamentos, desleixados, a autoridade intimidada por construtores que por razões desconhecidas de juízes nem se dão conta de que apodrecer a vida dos outros é tão fora da lei como se deixar apodrecer.
A regularização das favelas, se abertas à especulação imobiliária, melhor deixar como está; para não ver o Estado subjugado reconhecer escritura de invasão ilegal e perigosa de outrora ao bambambã invasor legal de agora, construtor de pensões para esses Lévi-Strauss démodés e fãs da frouxidão legal dos trópicos. A regularização em áreas de risco não pode ser reocupação, mas sim forma de dar legitimidade à indenização e desapropriação por interesse público, concedendo paz social à remoção, sem o teatrinho da circulação de classes nos morros.
É notória a melhora das coisas, mas se a pacificação chegou à cidade pobre é uma contradição ver a grade invadir calçadas para proteger prédios da cidade rica já tão protegida.
O Brasil precisa abandonar o jogo do teatro democrático, pensar a sério com o que se preocupar e botar um fim nesse progresso doloroso a que se acostumou.
Se a pacificação chegou à cidade pobre é uma contradição ver a grade invadir calçadas para proteger prédios da cidade rica já tão protegida
Se não for para medir o tempo um relógio no palco desvia a atenção do telespectador. Adereços e interpretação são poderosos veículos do cinema e do teatro. Na política incomodam e não dão conta de desafios.
Um Deus desatento observa a cena brasileira e continua tolerante com originalidades. Compreender menos é mais a moda do que compreender tudo. Caprichos e bastidores expulsam a moderação e a rotina do espetáculo. Glória da propaganda, a deusa da ignorância, que impôs ao país o tom da impetuosidade. Quando as questões públicas são tratadas em permanente estado de eloquência não queira entender o que está de fato ocorrendo.
Como toda pessoa desleixada o país adora improvisação, intuição e experiências parciais. Como essa agora da multa pelo lixo na rua, muito boa iniciativa se o conceito de lixo se estendesse também para as calçadas irregulares definidas pelo interesse da garagem e não do pedestre. Ou para impedir a fratura exposta da cidade com sua farra de pedras soltas brotando de todos os lugares, bueiros armadilhas, misturados a esse asfalto deprimente que vira farofa de buraco por todo lado.
Sem paciência para a prevenção o policiamento ostensivo é só aparência. Parou na virtude da intenção e, intimidador, avisa que é dono do pedaço e da linha que traçou para cruzar. A calamidade dá-lhes prazer. É a infelicidade que patrulham em desrespeitosas abordagens; transmitem sensação de insegurança seus pelotões e comboios em passeata, carros sobre as calçadas, prontos para o exagero e a negligência, em hierarquias superpostas, luzes acessas, uniformes diversos, municipais, estaduais, federais, tornando um serviço relevante uma casta armada incompreensível.
A expansão urbana é sem limites, os adensamentos, desleixados, a autoridade intimidada por construtores que por razões desconhecidas de juízes nem se dão conta de que apodrecer a vida dos outros é tão fora da lei como se deixar apodrecer.
A regularização das favelas, se abertas à especulação imobiliária, melhor deixar como está; para não ver o Estado subjugado reconhecer escritura de invasão ilegal e perigosa de outrora ao bambambã invasor legal de agora, construtor de pensões para esses Lévi-Strauss démodés e fãs da frouxidão legal dos trópicos. A regularização em áreas de risco não pode ser reocupação, mas sim forma de dar legitimidade à indenização e desapropriação por interesse público, concedendo paz social à remoção, sem o teatrinho da circulação de classes nos morros.
É notória a melhora das coisas, mas se a pacificação chegou à cidade pobre é uma contradição ver a grade invadir calçadas para proteger prédios da cidade rica já tão protegida.
O Brasil precisa abandonar o jogo do teatro democrático, pensar a sério com o que se preocupar e botar um fim nesse progresso doloroso a que se acostumou.
2014 começou em 2007 - JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
O Estado de S.Paulo - 06/01
A imagem difundida pelas elites partidárias lembra o quadro clássico de Almeida Júnior: o brasileiro seria uma espécie de Jeca político. Fica sentado ao pé da porta picando fumo, e só se mexe de dois em dois anos para ir votar - isso porque o voto é obrigatório. Nada mais superado, para não dizer falso.
O estudo do Estadão Dados publicado ontem sobre as filiações partidárias mostra que essas elites precisam rever os seus conceitos, sob o risco de serem atropeladas pelos fatos - de novo. Em junho, os protestos da juventude urbana em busca de uma causa já passaram por cima do jequismo político de gabinete.
O Brasil tem 18 milhões de filiados a partidos políticos, e crescendo: 77% dessas filiações ocorreram a partir de 1995. Hoje, 11 em cada 100 eleitores são membros de uma agremiação. Pouco? É o triplo da proporção na Alemanha. Se estivesse na Europa, a taxa brasileira seria a terceira maior do continente.
De onde vem tanta partidarização? Das disputas pelo poder local.
Estudando 18 milhões de registros, o Estadão Dados descobriu que o ciclo eleitoral brasileiro tem sete anos de duração e começa sempre no ano anterior a um pleito municipal. É quando os pré-candidatos a prefeito e a vereador se mobilizam para filiar mais eleitores. Só assim eles se viabilizam no partido e na urna.
Quanto maior é a proporção de filiados a um partido numa cidade, maior a chance de aquela legenda lançar candidato a prefeito. Mais candidaturas, mais prefeituras ganhas. Quanto mais máquinas municipais, mais deputados federais a legenda tende a eleger dois anos depois. Mais deputados eleitos significa mais tempo de propaganda na TV. Sem minutos de TV não se elege um presidente.
Esse ciclo eleitoral de sete anos é um fato histórico. Foi a explosão de filiações ao PT em 2003 que permitiu ao partido aumentar o número de prefeitos eleitos em 2004, que, por sua vez, foram essenciais para formar a bancada petista na Câmara em 2006, o que garantiu tempo de propaganda necessário para Dilma Rousseff se eleger em 2010.
O ciclo se comprova quando analisado na ordem inversa. A candidatura presidencial de Eduardo Campos em 2014 só é possível porque o PSB cresceu em deputados federais em 2010 - e isso se deveu, em boa parte, ao aumento das prefeituras ganhas pelo partido em 2008, o que foi fruto da filiação em massa de 2007.
PT e PSB são os dois únicos partidos grandes que têm aumentado seu poder municipal. Os petistas se beneficiaram da conquista do poder federal e triplicaram seus prefeitos desde 2000. No caso do PSB, o crescimento só começou depois da retomada do controle do partido por Miguel Arraes e seu neto, em 2003. Desde então, o partido conquistou 232% mais prefeituras.
No sentido inverso, desde 2000 o PSDB tem cada vez menos prefeitos e influência na política local. Os tucanos se ressentem da perda da máquina federal para o PT e da falta de uma ação municipalista como a do PSB. Mantêm-se no jogo pela inércia, mas o embalo dos anos 90 está mais fraco a cada eleição. Caciques demais e índios de menos encolhem o partido.
O PMDB é campeão de filiados, e, por isso, de prefeitos. Mas é outro que vive das conquistas do passado. Perde prefeituras e, em seguida, deputados federais. Como confederação de caciques regionais, mantém a hegemonia no Congresso, e seu tempo de TV é o mais cobiçado nas eleições presidenciais. Tudo isso depende, porém, das filiações nos anos que antecedem as eleições municipais. Mas também aí o PMDB tem perdido força.
O próximo ciclo de poder começa logo após esta eleição: as siglas que filiarem mais gente, principalmente nas pequenas cidades, tendem a crescer nos sete anos seguintes. Os demais correm risco de encolher. Assim, 2014 definirá o próximo presidente, mas 2015 determinará quem vai mandar no longo prazo.
A imagem difundida pelas elites partidárias lembra o quadro clássico de Almeida Júnior: o brasileiro seria uma espécie de Jeca político. Fica sentado ao pé da porta picando fumo, e só se mexe de dois em dois anos para ir votar - isso porque o voto é obrigatório. Nada mais superado, para não dizer falso.
O estudo do Estadão Dados publicado ontem sobre as filiações partidárias mostra que essas elites precisam rever os seus conceitos, sob o risco de serem atropeladas pelos fatos - de novo. Em junho, os protestos da juventude urbana em busca de uma causa já passaram por cima do jequismo político de gabinete.
O Brasil tem 18 milhões de filiados a partidos políticos, e crescendo: 77% dessas filiações ocorreram a partir de 1995. Hoje, 11 em cada 100 eleitores são membros de uma agremiação. Pouco? É o triplo da proporção na Alemanha. Se estivesse na Europa, a taxa brasileira seria a terceira maior do continente.
De onde vem tanta partidarização? Das disputas pelo poder local.
Estudando 18 milhões de registros, o Estadão Dados descobriu que o ciclo eleitoral brasileiro tem sete anos de duração e começa sempre no ano anterior a um pleito municipal. É quando os pré-candidatos a prefeito e a vereador se mobilizam para filiar mais eleitores. Só assim eles se viabilizam no partido e na urna.
Quanto maior é a proporção de filiados a um partido numa cidade, maior a chance de aquela legenda lançar candidato a prefeito. Mais candidaturas, mais prefeituras ganhas. Quanto mais máquinas municipais, mais deputados federais a legenda tende a eleger dois anos depois. Mais deputados eleitos significa mais tempo de propaganda na TV. Sem minutos de TV não se elege um presidente.
Esse ciclo eleitoral de sete anos é um fato histórico. Foi a explosão de filiações ao PT em 2003 que permitiu ao partido aumentar o número de prefeitos eleitos em 2004, que, por sua vez, foram essenciais para formar a bancada petista na Câmara em 2006, o que garantiu tempo de propaganda necessário para Dilma Rousseff se eleger em 2010.
O ciclo se comprova quando analisado na ordem inversa. A candidatura presidencial de Eduardo Campos em 2014 só é possível porque o PSB cresceu em deputados federais em 2010 - e isso se deveu, em boa parte, ao aumento das prefeituras ganhas pelo partido em 2008, o que foi fruto da filiação em massa de 2007.
PT e PSB são os dois únicos partidos grandes que têm aumentado seu poder municipal. Os petistas se beneficiaram da conquista do poder federal e triplicaram seus prefeitos desde 2000. No caso do PSB, o crescimento só começou depois da retomada do controle do partido por Miguel Arraes e seu neto, em 2003. Desde então, o partido conquistou 232% mais prefeituras.
No sentido inverso, desde 2000 o PSDB tem cada vez menos prefeitos e influência na política local. Os tucanos se ressentem da perda da máquina federal para o PT e da falta de uma ação municipalista como a do PSB. Mantêm-se no jogo pela inércia, mas o embalo dos anos 90 está mais fraco a cada eleição. Caciques demais e índios de menos encolhem o partido.
O PMDB é campeão de filiados, e, por isso, de prefeitos. Mas é outro que vive das conquistas do passado. Perde prefeituras e, em seguida, deputados federais. Como confederação de caciques regionais, mantém a hegemonia no Congresso, e seu tempo de TV é o mais cobiçado nas eleições presidenciais. Tudo isso depende, porém, das filiações nos anos que antecedem as eleições municipais. Mas também aí o PMDB tem perdido força.
O próximo ciclo de poder começa logo após esta eleição: as siglas que filiarem mais gente, principalmente nas pequenas cidades, tendem a crescer nos sete anos seguintes. Os demais correm risco de encolher. Assim, 2014 definirá o próximo presidente, mas 2015 determinará quem vai mandar no longo prazo.
O PT reestatiza estradas - EDITORIAL O ESTADÃO
O Estado de S.Paulo - 06/01
O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), reestatizou oficialmente todos os polos de pedágio rodoviários que haviam sido concedidos à iniciativa privada em 1998. As estradas federais, que somam 983 km, voltarão à União e não terão cobrança de pedágio. Os 816 km restantes ficarão a cargo de uma estatal, a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR).
A medida de Tarso já seria, em si mesma, um contrassenso, pois se sabe há muito tempo que o Estado é incapaz de administrar estradas. Mas seu rompante, uma promessa de campanha, é ainda mais exótico quando se observa que o governo federal, presidido por sua correligionária Dilma Rousseff, vai no sentido totalmente oposto, empenhando-se em atrair investimento privado, ainda que aos trancos e barrancos, para melhorar a intransitável malha rodoviária federal.
O governador justificou sua decisão recorrendo ao surrado recurso de caracterizar os empresários como sanguessugas: "Aqui temos um exemplo dos problemas daquele sistema de pedágio. Milhões de reais circulavam nesta praça de pedágio e não havia sequer o compromisso de fazer acostamento".
As concessionárias, com razão, qualificaram esse tipo de raciocínio de "político e ideológico" - acusam o governo de descumprir contratos, ao interferir nos preços dos pedágios, e pretendem cobrar na Justiça um passivo que dizem chegar a R$ 3 bilhões. Para o presidente da Associação Gaúcha de Concessionárias de Rodovias, Egon Schunck Júnior, "no Rio Grande do Sul, ao contrário do resto do mundo, a opção é a estatização".
O motivo para a tendência mundial à privatização é simples: estradas administradas pela iniciativa privada são melhores. Números da última pesquisa anual da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) sobre a qualidade das rodovias provam isso. De acordo com o levantamento, 84,4% das estradas concedidas a empresas privadas estão em ótimo ou bom estado, enquanto apenas 26,7% das rodovias sob responsabilidade estatal se encontram nessas condições.
O governo petista do Rio Grande do Sul, porém, acredita que terá condições de administrar melhor as rodovias do Estado e de realizar os investimentos necessários. Para isso, criou uma estatal, a EGR, que cobrará pedágio mais barato e ainda fará melhorias.
Os números disponíveis, porém, mostram que esse objetivo não será facilmente atingido. Enquanto as concessionárias investiram nas estradas 55% do que arrecadaram, a EGR conseguiu alocar apenas 34,8%, segundo o jornal Zero Hora. A meta, diz o governo gaúcho, é chegar a 80%, mas a experiência no plano federal indica que, nesse caso, é grande a distância entre desejo e realidade.
O levantamento da CNT mostra que o investimento público federal em rodovias no ano passado, até 8 de outubro, foi de R$ 4,2 bilhões - apenas 33,2% do total autorizado. Na remota hipótese de que todo o investimento permitido tivesse sido executado, ainda assim teria sido insuficiente. Para os especialistas da CNT, seria preciso um aporte da ordem de R$ 355,2 bilhões para todas as obras necessárias na malha rodoviária, como a duplicação de 30 mil km e a construção de outros 18 mil km. O custo da melhoria das estradas e de sua administração é, portanto, insuportável para qualquer Estado - ainda mais para um Estado gigantesco e perdulário.
No caso das rodovias estaduais gaúchas, já se sabe que o fim da cobrança de pedágio resultará na suspensão de serviços de ambulância e guincho. Já as rodovias federais dependerão de recursos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte, cuja situação é de penúria.
No palanque, porém, tudo fica muito mais fácil. Com fanfarra e discursos inflamados, Tarso foi a uma das praças de pedágio, em Carazinho, para simbolicamente retomá-la, recorrendo à demagogia das cancelas levantadas. "Pode passar que é de graça!", gritou o governador para um motorista de caminhão que buzinou ao atravessar o posto. No entanto, passada a festa populista, os gaúchos sabem que esse "de graça" vai acabar saindo muito caro.
O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), reestatizou oficialmente todos os polos de pedágio rodoviários que haviam sido concedidos à iniciativa privada em 1998. As estradas federais, que somam 983 km, voltarão à União e não terão cobrança de pedágio. Os 816 km restantes ficarão a cargo de uma estatal, a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR).
A medida de Tarso já seria, em si mesma, um contrassenso, pois se sabe há muito tempo que o Estado é incapaz de administrar estradas. Mas seu rompante, uma promessa de campanha, é ainda mais exótico quando se observa que o governo federal, presidido por sua correligionária Dilma Rousseff, vai no sentido totalmente oposto, empenhando-se em atrair investimento privado, ainda que aos trancos e barrancos, para melhorar a intransitável malha rodoviária federal.
O governador justificou sua decisão recorrendo ao surrado recurso de caracterizar os empresários como sanguessugas: "Aqui temos um exemplo dos problemas daquele sistema de pedágio. Milhões de reais circulavam nesta praça de pedágio e não havia sequer o compromisso de fazer acostamento".
As concessionárias, com razão, qualificaram esse tipo de raciocínio de "político e ideológico" - acusam o governo de descumprir contratos, ao interferir nos preços dos pedágios, e pretendem cobrar na Justiça um passivo que dizem chegar a R$ 3 bilhões. Para o presidente da Associação Gaúcha de Concessionárias de Rodovias, Egon Schunck Júnior, "no Rio Grande do Sul, ao contrário do resto do mundo, a opção é a estatização".
O motivo para a tendência mundial à privatização é simples: estradas administradas pela iniciativa privada são melhores. Números da última pesquisa anual da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) sobre a qualidade das rodovias provam isso. De acordo com o levantamento, 84,4% das estradas concedidas a empresas privadas estão em ótimo ou bom estado, enquanto apenas 26,7% das rodovias sob responsabilidade estatal se encontram nessas condições.
O governo petista do Rio Grande do Sul, porém, acredita que terá condições de administrar melhor as rodovias do Estado e de realizar os investimentos necessários. Para isso, criou uma estatal, a EGR, que cobrará pedágio mais barato e ainda fará melhorias.
Os números disponíveis, porém, mostram que esse objetivo não será facilmente atingido. Enquanto as concessionárias investiram nas estradas 55% do que arrecadaram, a EGR conseguiu alocar apenas 34,8%, segundo o jornal Zero Hora. A meta, diz o governo gaúcho, é chegar a 80%, mas a experiência no plano federal indica que, nesse caso, é grande a distância entre desejo e realidade.
O levantamento da CNT mostra que o investimento público federal em rodovias no ano passado, até 8 de outubro, foi de R$ 4,2 bilhões - apenas 33,2% do total autorizado. Na remota hipótese de que todo o investimento permitido tivesse sido executado, ainda assim teria sido insuficiente. Para os especialistas da CNT, seria preciso um aporte da ordem de R$ 355,2 bilhões para todas as obras necessárias na malha rodoviária, como a duplicação de 30 mil km e a construção de outros 18 mil km. O custo da melhoria das estradas e de sua administração é, portanto, insuportável para qualquer Estado - ainda mais para um Estado gigantesco e perdulário.
No caso das rodovias estaduais gaúchas, já se sabe que o fim da cobrança de pedágio resultará na suspensão de serviços de ambulância e guincho. Já as rodovias federais dependerão de recursos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte, cuja situação é de penúria.
No palanque, porém, tudo fica muito mais fácil. Com fanfarra e discursos inflamados, Tarso foi a uma das praças de pedágio, em Carazinho, para simbolicamente retomá-la, recorrendo à demagogia das cancelas levantadas. "Pode passar que é de graça!", gritou o governador para um motorista de caminhão que buzinou ao atravessar o posto. No entanto, passada a festa populista, os gaúchos sabem que esse "de graça" vai acabar saindo muito caro.
Posições discutíveis - EDITORIAL O GLOBO
O GLOBO - 06/01
A política externa brasileira ganhou novos tons com o lulopetismo. Logo de início, Lula desconectou o Brasil da negociação em torno da Associação de Livre Comércio das Américas (Alca), denunciada como uma iniciativa americana para pôr a América Latina a reboque, engolindo o Mercosul e outros acordos regionais. Mas, como sempre acontece, a proposta apresentada pelos Estados Unidos teria de receber reparos na mesa de negociações. Porém, ao contrário do governo brasileiro anterior, que vinha negociando com Washington, Lula fechou a porta ao maior mercado consumidor do mundo.
Pouco antes de o Brasil dizer não à Alca, sem negociar, os EUA fecharam um acordo de livre comércio com o Chile, sinalizando a tendência que viria a dominar os anos seguintes. Já a diplomacia brasileira, sob o signo lulopetista, preferiu se concentrar na Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) para uma liberalização mais ampla do comércio mundial, infrutiferamente.
O Mercosul deve continuar a ser um objetivo permanente da política externa brasileira. Só que seu avanço rumo à maior integração do Cone Sul ficou bloqueado em alguns pontos. O primeiro é externo ao Brasil. Trata-se da crise econômica da Argentina, que levou o segundo pilar da organização a trabalhar contra, erguendo cada vez mais barreiras protecionistas aos produtos brasileiros. Brasília começa a mostrar irritação, mas teme que uma reação mais forte faça desmoronar o que resta do Mercosul. O segundo ponto também tem como protagonista a Argentina: sua resistência à assinatura de um longamente negociado acordo de livre comércio com a União Europeia, que seria um grande alento para o bloco.
O terceiro ponto é a progressiva “bolivarização chavista” do Mercosul, que ainda não se recuperou totalmente da crise provocada pela entrada da Venezuela, com forte apoio brasileiro, que levou ao afastamento do Paraguai.
De todo modo, parece óbvio que o Mercado Comum do Sul não tem a ganhar com o ingresso de um parceiro (mais um) em profunda crise econômica, que valoriza a estatização sobre a iniciativa privada e ainda por cima é ponta de lança do antiamericanismo no continente. Mas é assim que trabalha a diplomacia companheira, atropelando a cautela e o profissionalismo do Itamaraty histórico.
Posições discutíveis deixaram o país mais longe do sonho de consumo de ganhar um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Como, por exemplo, a tentativa de última hora de Brasil e Turquia convencerem o Irã, em 2010, a aceitar travas em seu programa nuclear para evitar uma nova rodada de sanções internacionais. Foi um tiro n’água, pois se deixaram usar pela teocracia persa e foram solenemente ignorados pelos EUA, como previsto.
A ideia de liderar o “Terceiro Mundo” desmorona, atolada na crise do Mercosul, enquanto se multiplica o número de acordos de comércio bilaterais, entre países e blocos. Tanto que o comércio exterior brasileiro começa a refletir esta automarginalização global.
A política externa brasileira ganhou novos tons com o lulopetismo. Logo de início, Lula desconectou o Brasil da negociação em torno da Associação de Livre Comércio das Américas (Alca), denunciada como uma iniciativa americana para pôr a América Latina a reboque, engolindo o Mercosul e outros acordos regionais. Mas, como sempre acontece, a proposta apresentada pelos Estados Unidos teria de receber reparos na mesa de negociações. Porém, ao contrário do governo brasileiro anterior, que vinha negociando com Washington, Lula fechou a porta ao maior mercado consumidor do mundo.
Pouco antes de o Brasil dizer não à Alca, sem negociar, os EUA fecharam um acordo de livre comércio com o Chile, sinalizando a tendência que viria a dominar os anos seguintes. Já a diplomacia brasileira, sob o signo lulopetista, preferiu se concentrar na Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) para uma liberalização mais ampla do comércio mundial, infrutiferamente.
O Mercosul deve continuar a ser um objetivo permanente da política externa brasileira. Só que seu avanço rumo à maior integração do Cone Sul ficou bloqueado em alguns pontos. O primeiro é externo ao Brasil. Trata-se da crise econômica da Argentina, que levou o segundo pilar da organização a trabalhar contra, erguendo cada vez mais barreiras protecionistas aos produtos brasileiros. Brasília começa a mostrar irritação, mas teme que uma reação mais forte faça desmoronar o que resta do Mercosul. O segundo ponto também tem como protagonista a Argentina: sua resistência à assinatura de um longamente negociado acordo de livre comércio com a União Europeia, que seria um grande alento para o bloco.
O terceiro ponto é a progressiva “bolivarização chavista” do Mercosul, que ainda não se recuperou totalmente da crise provocada pela entrada da Venezuela, com forte apoio brasileiro, que levou ao afastamento do Paraguai.
De todo modo, parece óbvio que o Mercado Comum do Sul não tem a ganhar com o ingresso de um parceiro (mais um) em profunda crise econômica, que valoriza a estatização sobre a iniciativa privada e ainda por cima é ponta de lança do antiamericanismo no continente. Mas é assim que trabalha a diplomacia companheira, atropelando a cautela e o profissionalismo do Itamaraty histórico.
Posições discutíveis deixaram o país mais longe do sonho de consumo de ganhar um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU. Como, por exemplo, a tentativa de última hora de Brasil e Turquia convencerem o Irã, em 2010, a aceitar travas em seu programa nuclear para evitar uma nova rodada de sanções internacionais. Foi um tiro n’água, pois se deixaram usar pela teocracia persa e foram solenemente ignorados pelos EUA, como previsto.
A ideia de liderar o “Terceiro Mundo” desmorona, atolada na crise do Mercosul, enquanto se multiplica o número de acordos de comércio bilaterais, entre países e blocos. Tanto que o comércio exterior brasileiro começa a refletir esta automarginalização global.
Atenção com a balança - EDITORIAL FOLHA DE SP
FOLHA DE SP - 06/01
País tem pior resultado no comércio externo em 13 anos; tendências estruturais e cenário global dificultam rápida reversão desse quadro
Graças sobretudo à perda de competitividade de sua economia, o Brasil teve em 2013 o pior resultado no comércio externo em 13 anos --e há poucas razões para crer em melhoras no horizonte próximo.
O saldo da balança comercial (diferença entre exportações e importações) foi de US$ 2,6 bilhões, resultado ainda positivo, mas 87% inferior ao de 2012.
Verdade que boa parte do desempenho ruim deve-se a uma questão em tese pontual, a saber, o maior deficit da história na conta do petróleo. Com baixa produção em 2013, o país deixou de vender o produto e precisou importar mais para atender à crescente demanda interna por combustíveis.
Além disso, uma compra de US$ 4,6 bilhões feita em 2012 só foi contabilizada no ano passado. Assim, considerada de forma isolada, a suposta normalização produtiva da Petrobras neste 2014 poderia elevar o superavit comercial para cerca de US$ 10 bilhões.
As tendências estruturais, porém, são pouco favoráveis. No ano passado, cresceram, por exemplo, as importações de máquinas e equipamentos (6,2%), bens de consumo (4%) e insumos de produção (6,7%), enquanto a indústria local patinou. Já as exportações permaneceram travadas, em particular as de manufaturados. Apenas o setor automotivo teve crescimento nas vendas para a Argentina.
A piora na balança comercial, ademais, ocorre a despeito do câmbio desvalorizado, que encarece importados e favorece as vendas externas. Não é uma surpresa. Como empresas tomam decisões de investimento com base em análises de longo prazo, levará muito tempo até que o real mais barato tenha impacto nas cadeias produtivas.
Some-se a essas outra constatação preocupante: em 2013, o segmento de matérias-primas não conseguiu, como vinha sendo a regra, conter a piora da balança comercial. O país exportou mais soja, milho e minério de ferro, mas a valores menos exuberantes. Desde 2011 os preços das exportações brasileiras caíram 12%. O ápice da demanda chinesa ficou para trás.
O Brasil se defronta com uma realidade difícil. De um lado, ganhar competitividade é um processo lento. De outro, o cenário internacional aponta para preços menos favoráveis. Enquanto isso, celebra poucos acordos comerciais --e perde a chance de abrir portas para seus produtos.
Não se descarta, portanto, que o país volte a ter deficit comerciais como na década de 1990. Seria retroceder a um ambiente de escassez de dólares, instabilidade cambial e pressão inflacionária que se acreditava superado.
País tem pior resultado no comércio externo em 13 anos; tendências estruturais e cenário global dificultam rápida reversão desse quadro
Graças sobretudo à perda de competitividade de sua economia, o Brasil teve em 2013 o pior resultado no comércio externo em 13 anos --e há poucas razões para crer em melhoras no horizonte próximo.
O saldo da balança comercial (diferença entre exportações e importações) foi de US$ 2,6 bilhões, resultado ainda positivo, mas 87% inferior ao de 2012.
Verdade que boa parte do desempenho ruim deve-se a uma questão em tese pontual, a saber, o maior deficit da história na conta do petróleo. Com baixa produção em 2013, o país deixou de vender o produto e precisou importar mais para atender à crescente demanda interna por combustíveis.
Além disso, uma compra de US$ 4,6 bilhões feita em 2012 só foi contabilizada no ano passado. Assim, considerada de forma isolada, a suposta normalização produtiva da Petrobras neste 2014 poderia elevar o superavit comercial para cerca de US$ 10 bilhões.
As tendências estruturais, porém, são pouco favoráveis. No ano passado, cresceram, por exemplo, as importações de máquinas e equipamentos (6,2%), bens de consumo (4%) e insumos de produção (6,7%), enquanto a indústria local patinou. Já as exportações permaneceram travadas, em particular as de manufaturados. Apenas o setor automotivo teve crescimento nas vendas para a Argentina.
A piora na balança comercial, ademais, ocorre a despeito do câmbio desvalorizado, que encarece importados e favorece as vendas externas. Não é uma surpresa. Como empresas tomam decisões de investimento com base em análises de longo prazo, levará muito tempo até que o real mais barato tenha impacto nas cadeias produtivas.
Some-se a essas outra constatação preocupante: em 2013, o segmento de matérias-primas não conseguiu, como vinha sendo a regra, conter a piora da balança comercial. O país exportou mais soja, milho e minério de ferro, mas a valores menos exuberantes. Desde 2011 os preços das exportações brasileiras caíram 12%. O ápice da demanda chinesa ficou para trás.
O Brasil se defronta com uma realidade difícil. De um lado, ganhar competitividade é um processo lento. De outro, o cenário internacional aponta para preços menos favoráveis. Enquanto isso, celebra poucos acordos comerciais --e perde a chance de abrir portas para seus produtos.
Não se descarta, portanto, que o país volte a ter deficit comerciais como na década de 1990. Seria retroceder a um ambiente de escassez de dólares, instabilidade cambial e pressão inflacionária que se acreditava superado.
Imprudência tira vidas nas estradas - EDITORIAL CORREIO BRAZILIENSE
CORREIO BRAZILIENSE - 06/01
Menos acidentes, menos mortes, menos feridos. As promissoras estatísticas da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que comparam dados das festas de fim de ano de 2012 e 2013, são um alento. Mas o Brasil precisa estar atento a outras informações.
Primeiro, variação positiva até mais ampla já havia sido registrada no país. O número geral de vítimas de acidentes fatais de trânsito caiu 22% logo após a implantação do Código de Trânsito Brasileiro, de 1997. Mas a curva ascendente foi retomada no ano 2000.
Segundo, a taxa nacional de mortalidade nas vias ainda é das mais elevadas do mundo (22,5 por 100 mil habitantes, contra 12,6, por exemplo, da Argentina). Sem querer tirar o mérito do sucesso da hora, há que se registrar ainda ser ele apenas um flash de breve período dos 365 dias do ano.
É, pois, preciso muito mais. E a Operação Rodovida, responsável pelo êxito atual, nem traz novidades. De acordo com a PRF, foi feito o básico - o que deveria ser permanente. Por exemplo, reforçar a fiscalização nos trechos mais críticos, com procedimentos de inteligência baseados em estatísticas.
Simples assim: identificados os pontos de maior risco de acidentes, deslocaram-se viaturas para esses locais, posicionando-as com grande visibilidade - para intimidar motoristas que necessitam dos olhos da lei para não cometerem abusos. No mais, instruíram-se os agentes para intensificarem as abordagens.
Ou seja, a fiscalização, quando feita, funciona. Por que, então, é falha na quase totalidade do restante do ano? Por falta de pessoal. A carência foi admitida pelo coordenador-geral de Operações da PRF, Stênio Pires. Ele até ressaltou a realização de concurso para a contratação de mil policiais federais em 2013, mas, realista, acrescentou: "Não foi aumento considerável".
Inconcebível é que, em um Estado inchado, com 39 ministérios, setor essencial à vida careça de funcionários. É, portanto, questão que extrapola a competência dos órgãos responsáveis pela segurança nas estradas. Mas não só. Nota-se que o cidadão também poderia, por iniciativa própria, contribuir enormemente para a redução da tragédia do trânsito nacional. Bastaria dirigir com prudência e respeito à lei.
Fica óbvia, aqui, a ausência de outro ingrediente essencial: a educação. A formação dos motoristas brasileiros tem deixado a desejar. A consciência do perigo e a responsabilidade na direção não podem funcionar apenas mediante repressão. Nem a dor das famílias tem sido suficiente para motivar a paz no trânsito.
Vejam que, nos dias finais de 2013 e na virada do ano, o decréscimo de 16,4% no número de mortes nas rodovias federais, em comparação com igual período anterior, representou a preservação de 41 vidas. Além disso, os 650 acidentes a menos reduziram em 290 o número de feridos. Em suma, a PRF tem o caminho para uma viagem segura. Resta à sociedade como um todo fazer a escolha certa. A atual temporada de férias é boa hora para começar a agir.
Primeiro, variação positiva até mais ampla já havia sido registrada no país. O número geral de vítimas de acidentes fatais de trânsito caiu 22% logo após a implantação do Código de Trânsito Brasileiro, de 1997. Mas a curva ascendente foi retomada no ano 2000.
Segundo, a taxa nacional de mortalidade nas vias ainda é das mais elevadas do mundo (22,5 por 100 mil habitantes, contra 12,6, por exemplo, da Argentina). Sem querer tirar o mérito do sucesso da hora, há que se registrar ainda ser ele apenas um flash de breve período dos 365 dias do ano.
É, pois, preciso muito mais. E a Operação Rodovida, responsável pelo êxito atual, nem traz novidades. De acordo com a PRF, foi feito o básico - o que deveria ser permanente. Por exemplo, reforçar a fiscalização nos trechos mais críticos, com procedimentos de inteligência baseados em estatísticas.
Simples assim: identificados os pontos de maior risco de acidentes, deslocaram-se viaturas para esses locais, posicionando-as com grande visibilidade - para intimidar motoristas que necessitam dos olhos da lei para não cometerem abusos. No mais, instruíram-se os agentes para intensificarem as abordagens.
Ou seja, a fiscalização, quando feita, funciona. Por que, então, é falha na quase totalidade do restante do ano? Por falta de pessoal. A carência foi admitida pelo coordenador-geral de Operações da PRF, Stênio Pires. Ele até ressaltou a realização de concurso para a contratação de mil policiais federais em 2013, mas, realista, acrescentou: "Não foi aumento considerável".
Inconcebível é que, em um Estado inchado, com 39 ministérios, setor essencial à vida careça de funcionários. É, portanto, questão que extrapola a competência dos órgãos responsáveis pela segurança nas estradas. Mas não só. Nota-se que o cidadão também poderia, por iniciativa própria, contribuir enormemente para a redução da tragédia do trânsito nacional. Bastaria dirigir com prudência e respeito à lei.
Fica óbvia, aqui, a ausência de outro ingrediente essencial: a educação. A formação dos motoristas brasileiros tem deixado a desejar. A consciência do perigo e a responsabilidade na direção não podem funcionar apenas mediante repressão. Nem a dor das famílias tem sido suficiente para motivar a paz no trânsito.
Vejam que, nos dias finais de 2013 e na virada do ano, o decréscimo de 16,4% no número de mortes nas rodovias federais, em comparação com igual período anterior, representou a preservação de 41 vidas. Além disso, os 650 acidentes a menos reduziram em 290 o número de feridos. Em suma, a PRF tem o caminho para uma viagem segura. Resta à sociedade como um todo fazer a escolha certa. A atual temporada de férias é boa hora para começar a agir.
Calendário curto - EDITORIAL ZERO HORA
ZERO HORA - 06/01
A coincidência entre a realização do Mundial e a campanha para as eleições de outubro terá implicações importantes na vida dos brasileiros, de forma direta e indireta, que vão além das mudanças no calendário escolar impostas pela Lei Geral da Copa e na rotina das empresas. Da mesma forma que faltou maior rigor no cronograma de execução de obras nos estádios e em melhorias na área de infraestrutura, também não houve a preocupação necessária com um planejamento que pudesse compensar a mudança no cotidiano por conta desses dois eventos. É importante, portanto, que na retomada gradual das atividades do ano, particularmente no setor público, as consequências da descontinuidade nas atividades habituais sejam devidamente avaliadas, com o objetivo de reduzir o impacto sobre os cidadãos.
No âmbito do poder público, o resultado será visível em diferentes áreas, incluindo algumas essenciais, como a de assistência à saúde, além da educacional. Mais uma vez, porém, os efeitos serão mais visíveis no Congresso, que dificilmente conseguirá enfrentar plenamente uma pauta dominada por extensa lista de temas de interesses da sociedade. Por não terem se planejado adequadamente, pois tinham conhecimento do fato de 2014 ser um ano marcado por eleições e Copa do Mundo, os parlamentares precisarão passar por cima ou examinar a toque de caixa temas em relação aos quais seria procedente uma avaliação mais cuidadosa.
No Congresso, entre as questões pendentes de decisão, estão o Marco Civil da Internet, o Plano Nacional de Educação (PNE), o Código de Mineração e o novo Código de Processo Civil. Isso sem falar em tentativas de resposta para as manifestações de rua, como a intenção de transformar corrupção em crime hediondo. Foi só os processos perderem força para a votação deixar de ser concluída, o que é lamentável. O mesmo desinteresse predominou também em relação à reforma política, levando o Supremo Tribunal Federal (STF) a chamar para si uma questão importante e emergencial _ a definição sobre a proibição de doações de empresas privadas para campanhas políticas.
O país, que deixou de se planejar adequadamente para adequar sua agenda a um ano atípico, de Copa e eleições, precisa agora tratar de não perder mais tempo, para conter os prejuízos. Tanto o Mundial quanto o pleito de outubro são fatos marcantes de 2014 e importantes para o país, que deve se mostrar agora capaz de aproveitar o calendário apertado com o máximo de eficiência daqui para a frente.
A coincidência entre a realização do Mundial e a campanha para as eleições de outubro terá implicações importantes na vida dos brasileiros, de forma direta e indireta, que vão além das mudanças no calendário escolar impostas pela Lei Geral da Copa e na rotina das empresas. Da mesma forma que faltou maior rigor no cronograma de execução de obras nos estádios e em melhorias na área de infraestrutura, também não houve a preocupação necessária com um planejamento que pudesse compensar a mudança no cotidiano por conta desses dois eventos. É importante, portanto, que na retomada gradual das atividades do ano, particularmente no setor público, as consequências da descontinuidade nas atividades habituais sejam devidamente avaliadas, com o objetivo de reduzir o impacto sobre os cidadãos.
No âmbito do poder público, o resultado será visível em diferentes áreas, incluindo algumas essenciais, como a de assistência à saúde, além da educacional. Mais uma vez, porém, os efeitos serão mais visíveis no Congresso, que dificilmente conseguirá enfrentar plenamente uma pauta dominada por extensa lista de temas de interesses da sociedade. Por não terem se planejado adequadamente, pois tinham conhecimento do fato de 2014 ser um ano marcado por eleições e Copa do Mundo, os parlamentares precisarão passar por cima ou examinar a toque de caixa temas em relação aos quais seria procedente uma avaliação mais cuidadosa.
No Congresso, entre as questões pendentes de decisão, estão o Marco Civil da Internet, o Plano Nacional de Educação (PNE), o Código de Mineração e o novo Código de Processo Civil. Isso sem falar em tentativas de resposta para as manifestações de rua, como a intenção de transformar corrupção em crime hediondo. Foi só os processos perderem força para a votação deixar de ser concluída, o que é lamentável. O mesmo desinteresse predominou também em relação à reforma política, levando o Supremo Tribunal Federal (STF) a chamar para si uma questão importante e emergencial _ a definição sobre a proibição de doações de empresas privadas para campanhas políticas.
O país, que deixou de se planejar adequadamente para adequar sua agenda a um ano atípico, de Copa e eleições, precisa agora tratar de não perder mais tempo, para conter os prejuízos. Tanto o Mundial quanto o pleito de outubro são fatos marcantes de 2014 e importantes para o país, que deve se mostrar agora capaz de aproveitar o calendário apertado com o máximo de eficiência daqui para a frente.
COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO
Mandona, Dilma quer pilotar até avião
A presidente Dilma Rousseff, que completa agora em janeiro três anos à frente do governo brasileiro, criou uma série de regras extraoficiais que melhor atendem a seu perfil controlador. Segundo gente próxima, em viagens, a cabine do tenente-brigadeiro Joseli Parente Camelo fica aberta para que ela possa entrar e interferir em planos de voos e até sugerir mudança de rotas para desviar de nuvens e evitar turbulências.
Gato e sapato
Autoridade máxima do transporte oficial aéreo desde Lula, o tenente- brigadeiro Joseli se desdobra para atender pedidos absurdos.
Missão impossível
Não foi só uma vez que Dilma mandou Joseli sobrevoar países, e até fazer escala, sem autorização prévia, depois de o avião já ter decolado.
Patente alta
Conhecida pelo pavio curto, Dilma se recusa a viajar com experientes capitães. Só aceita pilotos e copilotos cuja patente é de major e coronel
Só vou com ele
Dilma também não aceita “patentes baixas” na segurança pessoal, e já fez a equipe esperar dentro do carro até o general Amaro aparecer.
Ruralistas x Funai
Diante do conflito entre índios e a população em Humaitá (AM), após o desaparecimento de três moradores supostamente mortos para vingar morte de cacique, a bancada ruralista decidiu pressionar investigações contra Funai e a aprovação da PEC 215, que transfere ao Congresso a demarcação de terras indígenas e quilombolas. Irritada com pedágios de índios, a população queimou a sede da Funai.
Caixa preta
Deputados alegam que Congresso não pode se omitir sobre denúncias de trambicagem da Funai, que atenderia a interesses estrangeiros.
Sem assistência
O prefeito de Humaitá, José Cidinei (PMDB), fez apelo ao Exército para garantir a assistência dos índios, que foram isolados após a tensão.
Ninguém é de ferro
Se a chefe passeia, eles podem: os ministro da Justiça e Trabalho nem disfarçam “despachos internos”. Com tudo azul na área, saíram.
Mal nas pesquisas
Com medo de sequer ir ao 2o turno na disputa ao governo do Paraná, a ministra petista Gleisi Hoffmann (Casa Civil) agora quer que o senador Roberto Requião (PMDB) desista de se candidatar e componha blocão.
Deixa ver
Os sinais ruins da economia brasileira e o endividamento crescente da população tem freado os partidos aliados de declarar apoio à reeleição de Dilma em 2014, apesar de seu crescimento nas últimas pesquisas.
Além da eternidade
Um engenheiro cubano teria que economizar 399 anos de salário para comprar um carro novo, calcula o blogueiro Yusnaby que, através de servidor de internet na Espanha, mostra o cotidiano dramático da ilha.
Cota feminina
A bancada feminina pressiona pela votação, este ano, da PEC 590/06, que impõe a presença de pelo menos uma mulher na composição das Mesas Diretoras e comissões permanentes na Câmara e no Senado.
Dízimo
O papa Francisco abriu o cofre e liberou R$ 11,7 milhões para quitar parte das dívidas da Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Apesar da grana enviada pelo Vaticano, a JMJ ainda deve R$ 31,5 milhões a fornecedores.
Já era
O Ministério da Justiça cancelou a licitação que contrataria o sistema de indexação de balística. A Coluna adiantou o suposto direcionamento à Evofinder no processo. Mas a russa não abaixou o valor da proposta.
PODER SEM PUDOR
Estética nua
Eleito governador do Espírito Santo, o austero coronel Marcondes Alves de Sousa, já no palácio, obra de jesuítas, observou a famosa escadaria com esculturas helênicas em mármore, ligando a cidade baixa à cidade alta. Chamou o secretário de Obras:
– Mande limpar a escadaria dessa sem–vergonhice de mulheres nuas.
– Mas, governador – ponderou o secretário – isso tira a estética da escadaria...
– E quem mandou tirar a estética? Tire as estátuas e deixe a estética!
A presidente Dilma Rousseff, que completa agora em janeiro três anos à frente do governo brasileiro, criou uma série de regras extraoficiais que melhor atendem a seu perfil controlador. Segundo gente próxima, em viagens, a cabine do tenente-brigadeiro Joseli Parente Camelo fica aberta para que ela possa entrar e interferir em planos de voos e até sugerir mudança de rotas para desviar de nuvens e evitar turbulências.
Gato e sapato
Autoridade máxima do transporte oficial aéreo desde Lula, o tenente- brigadeiro Joseli se desdobra para atender pedidos absurdos.
Missão impossível
Não foi só uma vez que Dilma mandou Joseli sobrevoar países, e até fazer escala, sem autorização prévia, depois de o avião já ter decolado.
Patente alta
Conhecida pelo pavio curto, Dilma se recusa a viajar com experientes capitães. Só aceita pilotos e copilotos cuja patente é de major e coronel
Só vou com ele
Dilma também não aceita “patentes baixas” na segurança pessoal, e já fez a equipe esperar dentro do carro até o general Amaro aparecer.
Ruralistas x Funai
Diante do conflito entre índios e a população em Humaitá (AM), após o desaparecimento de três moradores supostamente mortos para vingar morte de cacique, a bancada ruralista decidiu pressionar investigações contra Funai e a aprovação da PEC 215, que transfere ao Congresso a demarcação de terras indígenas e quilombolas. Irritada com pedágios de índios, a população queimou a sede da Funai.
Caixa preta
Deputados alegam que Congresso não pode se omitir sobre denúncias de trambicagem da Funai, que atenderia a interesses estrangeiros.
Sem assistência
O prefeito de Humaitá, José Cidinei (PMDB), fez apelo ao Exército para garantir a assistência dos índios, que foram isolados após a tensão.
Ninguém é de ferro
Se a chefe passeia, eles podem: os ministro da Justiça e Trabalho nem disfarçam “despachos internos”. Com tudo azul na área, saíram.
Mal nas pesquisas
Com medo de sequer ir ao 2o turno na disputa ao governo do Paraná, a ministra petista Gleisi Hoffmann (Casa Civil) agora quer que o senador Roberto Requião (PMDB) desista de se candidatar e componha blocão.
Deixa ver
Os sinais ruins da economia brasileira e o endividamento crescente da população tem freado os partidos aliados de declarar apoio à reeleição de Dilma em 2014, apesar de seu crescimento nas últimas pesquisas.
Além da eternidade
Um engenheiro cubano teria que economizar 399 anos de salário para comprar um carro novo, calcula o blogueiro Yusnaby que, através de servidor de internet na Espanha, mostra o cotidiano dramático da ilha.
Cota feminina
A bancada feminina pressiona pela votação, este ano, da PEC 590/06, que impõe a presença de pelo menos uma mulher na composição das Mesas Diretoras e comissões permanentes na Câmara e no Senado.
Dízimo
O papa Francisco abriu o cofre e liberou R$ 11,7 milhões para quitar parte das dívidas da Jornada Mundial da Juventude (JMJ). Apesar da grana enviada pelo Vaticano, a JMJ ainda deve R$ 31,5 milhões a fornecedores.
Já era
O Ministério da Justiça cancelou a licitação que contrataria o sistema de indexação de balística. A Coluna adiantou o suposto direcionamento à Evofinder no processo. Mas a russa não abaixou o valor da proposta.
PODER SEM PUDOR
Estética nua
Eleito governador do Espírito Santo, o austero coronel Marcondes Alves de Sousa, já no palácio, obra de jesuítas, observou a famosa escadaria com esculturas helênicas em mármore, ligando a cidade baixa à cidade alta. Chamou o secretário de Obras:
– Mande limpar a escadaria dessa sem–vergonhice de mulheres nuas.
– Mas, governador – ponderou o secretário – isso tira a estética da escadaria...
– E quem mandou tirar a estética? Tire as estátuas e deixe a estética!
SEGUNDA NOS JORNAIS
O Globo: Lei seca: 21.419 motoristas podem perder a carteira
Folha: Alta de preços ameaça nível de emprego neste ano
O Estado de S. Paulo: Veto de Dilma abre brecha para afrouxar controle de custos
Correio Braziliense: Postos comunitários da PM estão abandonados
Estado de Minas: Novos centros de BH. Velhos problemas
Jornal do Commercio: Inscrição do Sisu começa a partir de hoje
Zero Hora: Nas estradas da EGR - Entrega de ambulâncias levará mais três meses
Brasil Econômico: ‘Eleitor só vai se ligar na eleição depois da Copa’