quinta-feira, novembro 06, 2014

Do Facebook para as ruas. Desta vez é pra valer - FLÁVIO ST JAYME

GAZETA DO POVO - PR - 06/11

Manifestações populares no Brasil estão tomando sentidos diversos. Organizadas via Facebook, é comum terem a confirmação de 2 mil ou 3 mil pessoas, mas o comparecimento de 50 ou 100. Claro, é muito mais fácil protestar no sofá de casa, com apenas um clique, do que ter de ir para a rua reivindicar seus direitos. Ou, como aconteceu nas manifestações do ano passado, se meter em atos de violência só pra fazer selfie e postar no Instagram.

Felizmente, o que se viu no último dia 1º de novembro foi bem diferente. Pessoas de todas as idades foram às ruas (ainda em número menor que o de confirmações de Facebook, é verdade) para demonstrar sua insatisfação com o governo federal reeleito. Em Curitiba e São Paulo, pessoas marcharam com gritos de guerra e sem vínculo com partido algum, exigindo nada menos que honestidade e coerência.

Não vou questionar aqui, de modo algum, a legitimidade do processo eleitoral – embora estejam, aos poucos, surgindo evidências de possíveis fraudes nesse sentido. O que penso a respeito, e proponho o pensamento, é: como ficar calado diante de um governo reeleito que é comprovadamente corrupto e que está querendo se valer de atos inconstitucionais para garantir seu poder?

O Foro de São Paulo, criado por Lula e Fidel Castro em 1990, é uma aliança dos países de esquerda da América Latina que pretende criar uma “unidade comunista”, implantando governos socialistas em eleições ditas democráticas convertidas em governos totalitários. Defendido com unhas e dentes pelos petistas, o Foro já declarou (na pessoa de Lula) seu apoio incondicional às Farc em 2001, acusando de terrorismo as ações do governo colombiano contra a organização. Existem inclusive evidências de dinheiro das Farc sendo utilizado na campanha presidencial de Lula. Dilma, a presidente reeleita, apoia obviamente o Foro de São Paulo.

É preciso que se lembre de um fato muito importante: praticamente metade do país não queria Dilma no poder (3 milhões de votos é uma diferença ínfima nesse sentido). Protestar agora pode parecer coisa de criança birrenta que não sabe perder; no entanto, trata-se de um número expressivo de brasileiros insatisfeitos e isso não pode significar somente birra. As acusações contra Dilma e Lula no caso Petrobras (que os petistas insistem em não querer ver) são gravíssimas. Por muito menos a população foi para a rua para tirar Fernando Collor do poder. Por que a população deveria se calar agora? Por que não exigir investigações e conferências?

A despeito dos gritos de guerra ecoados ou dos pedidos (como impeachment e intervenção militar), não partamos para extremismos. A população deve exigir, sim, saber. Exigir investigação. As denúncias são graves e fortes, não podem passar impunes sem ao menos uma investigação. A população elegeu Dilma. Ela é “funcionária do povo”. Nada mais natural que este povo exija uma explicação.

Muito se falou nas redes sociais após a eleição em separatismo, em dividir o Brasil. Isso, claro, é absurdo. Neste momento, o que o país mais precisa é de união. Em vez de querer dividir, se unir e dar as mãos contra um sistema e um poder que, visivelmente, está definhando o país. Agora, sim, é a hora de ir para as ruas. Manifestações como as do dia 1º de novembro demonstraram que a população sabe, sim, exigir seus direitos de forma pacífica, sem quebra-quebra e sem máscaras. Com a cara limpa e sem vergonha de gritar e exigir seus direitos.

Sejamos os novos “caras-pintadas”. Que nos inflamemos novamente e tenhamos coragem de gritar a plenos pulmões pela volta da democracia conquistada a duras penas e que hoje está sendo camuflada e cada vez mais convertida em totalitarismo. Mostremos ao país que a indignação não é “uma mosca sem asas” e que pode e deve passar da tela de nossos computadores para atos reais, e demonstremos a força para transmitir a mensagem de uma juventude, sim, preocupada com o futuro do país. Precisamos de explicações.

***Flávio St Jayme, jornalista e empresário, é sócio-proprietário da agência Clockwork Comunicação e tem formação em Pedagogia e História da Arte

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