GAZETA DO POVO - PR - 13/01
O ministro da Fazenda desprestigia a função e desperdiça os holofotes a sua disposição ao não usá-los para esclarecer, ensinar e melhorar o nível do debate
Mesmo que a economia estivesse em ordem e que o governo da presidente Dilma fosse um sucesso incontestável na gestão da política macroeconômica, o ministro da Fazenda não deveria fazer pouco caso e tratar com desdém os críticos e os analistas que não leem pela cartilha do PT. Da principal autoridade econômica do país, o mínimo que se espera é inteligência, liderança e capacidade didática para explicar as bases de sua política, a lógica de suas ações e a razão dos resultados, os bons e maus.
Todavia, o ministro Guido Mantega desprestigia a função e desperdiça os holofotes a sua disposição ao não usá-los para esclarecer, ensinar e melhorar o nível do debate. A cada vez que os microfones lhe são oferecidos, ele vem com pedras na mão, para atirá-las contra os que fazem previsões diferentes daquelas feitas pelo governo. No início deste ano, o ministro antecipou a divulgação do superávit primário de 2013 (receitas menos despesas antes de pagar os juros da dívida pública), porque o resultado do governo central (que inclui o Tesouro Nacional, o Banco Central e a Previdência Social) foi de R$ 75 bilhões, um pouco maior do que a meta de R$ 73 bilhões fixada pelo governo.
O ministro posou de vitorioso, disse que a antecipação da divulgação fora feita para baixar a ansiedade do mercado e afirmou: “Como havia analistas dizendo que a meta não seria cumprida, não seria bom sustentar essa expectativa negativa até o fim do mês, então antecipamos para acalmar os nervosinhos”. Se os estados e os municípios cumprirem sua parte, tendo o governo central feito um superávit de 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB), a soma dos três níveis deverá chegar a 2,3% do PIB e, como afirmou o ministro, a meta estará cumprida.
Merece destaque – negativo – a ironia de Mantega, mais uma vez confirmando seu comportamento tradicional de reclamar muito e explicar pouco. Merece destaque, também, o fato de que a vitória não é assim tão expressiva. O superávit primário inicialmente previsto como sendo ideal a ser buscado era de 3,1% do PIB. A meta de 2013 só foi cumprida, conforme disse o ministro, porque ela foi reduzida pelo próprio governo quando não havia mais dúvida de que os 3,1% jamais seriam alcançados.
Seria mais útil se o ministro explicasse à nação por que o superávit primário é fundamental, que fatores entram em sua composição e os motivos pelos quais o país não consegue atingir os 3,1% do PIB. Também seria útil se o ministro explicasse quais as consequências para a economia nacional de haver superávit menor. Mantega deveria saber que para resistir às pressões por mais gastos públicos é necessário obter apoio da população, e isso requer que a sociedade conheça as razões do superávit, o tamanho da dívida pública e o total dos juros anuais a serem pagos pelo governo.
Se não houver superávit primário, o governo terá de tomar mais empréstimos, aumentar a dívida e elevar a conta de juros no futuro. Isso, mais cedo ou mais tarde, prejudica o crescimento. O volume de dinheiro disponível no sistema financeiro é limitado e, quanto mais empréstimos o governo toma, menor é o volume de dinheiro à disposição do setor produtivo, o que força a elevação da taxa de juros e dificulta o crescimento do PIB.
Não é preciso ser especialista para saber que um governo não pode gastar indefinidamente mais do que arrecada, sob pena de ir à falência financeira e levar de roldão toda a nação. Aí estão os exemplos da Grécia, da Irlanda, da Itália e muitos outros países que agiram assim e chegaram à beira do colapso econômico e social. Mas o ministro prefere usar o anúncio do superávit para, de novo, ironizar e desdenhar os críticos, como sempre insinuando que eles torcem contra o Brasil.
Os “nervosinhos” existem justamente por causa do comportamento das autoridades governamentais, do descuido com o tripé macroeconômico (metas de inflação, superávit primário e câmbio flutuante) e das pirotecnias contábeis feitas pelo próprio ministro para fechar as contas fiscais. Qualquer pessoa esclarecida sabe o quão difícil é gerir a economia de um país grande e complexo como o Brasil, razão pela qual as divergências são úteis e necessárias. As opiniões diferentes e eventuais críticas não têm caráter pessoal, coisa que certas autoridades têm dificuldade em entender.
Belo artigo, mas você não acha que está exigindo demais, ao especificar o comportamento correto da "otoridade" em questão.
ResponderExcluirNão deve-se esquecer que: A "otoridade" é o condutor de um quadrupede manco, a "ÉGUINHA POCOTÓ", sim aquela do Mc Sérginho que junto com o seu partner, a "LACRAIA", cantava:
Vou mandando um beijinho
Pra filhinha e pra vovó
Só não posso esquecer
Da minha egüinha Pocotó
Pocotó pocotó pocotó pocotó
Minha egüinha pocotó
BRAZIL, PAÍS RICO...DE "CONDUTORES"!!!