sábado, janeiro 11, 2014

Cartão-postal manchado - RENATO ALVES

CORREIO BRAZILIENSE - 11/01
Na noite de 8 de setembro de 2010, milhares de brasilienses e visitantes reuniram-se sob a Torre de TV para assistir à primeira apresentação da "maior fonte cibernética da América do Sul". Um show de luzes multicoloridas a laser em 3,5 milhões de litros d"água sincronizadas com músicas tocadas nos 28 autofalantes encantou a todos. Pouco mais de três anos depois, o espetáculo, um investimento de R$ 9 milhões da Eletrobrás, em parceria com o GDF, foi interrompido com o fim das canções. Agora, as águas jorram de vez em quando. E, em torno delas, há mais usuários de drogas do que turistas.
A cinco meses da Copa, Brasília, uma das 12 cidades-sedes do torneio, tem alguns dos principais atrativos turísticos inoperantes, em obras ou abandonados. Neste período de férias, alguns ainda em funcionamento fecham aos domingos e feriados.

No último dia de 2013, milhares de pessoas voltaram para casa ou hotel frustrados com pontos de visitação fechados, como o zoológico, o Museu do Índio e a Torre de TV Digital. Esta, aliás, tem causado decepções desde a inauguração, em 21 de abril de 2012.

Passado um ano e oito meses, a Torre não tem o restaurante, o café nem as lojas previstos no projeto de Oscar Niemeyer, apesar de ter sido construída a um custo de R$ 80 milhões. Para piorar, são constantes as interrupções de visitação, as filas e os problemas nos elevadores.

Já a antiga Torre de TV, no Eixo Monumental, está fechada desde agosto para uma reforma de R$ 12 milhões, prometida para abril próximo. Enquanto isso, ao redor dela, o pedestre encontra muita lama, pouca iluminação e alto risco de furto.

Riscos que os hóspedes dos estabelecimentos localizados na área central têm enfrentado há mais tempo. Os setores hoteleiros Sul e Norte têm um cenário de abandono. As poucas calçadas são esburacadas. À noite, são tomadas por prostitutas, travestis, traficantes e usuários de crack. A fraca iluminação pública torna uma simples caminhada ainda mais perigosa. Os mesmos problemas são encontrados em volta da Rodoviária do Plano Piloto, que, assim como a W3 Sul, sempre é tema de promessas de restaurações completas, nunca cumpridas.

Se muito não mudar daqui até junho, os tão aguardados turistas da Copa não levarão uma boa imagem da capital dos brasileiros.

Nenhum comentário:

Postar um comentário