FOLHA DE SP - 26/12
Cuidado, viver uma vida fútil poderia ser uma decisão moral: o único jeito de não mascarar a futilidade da vida
Em geral, nesta época do ano, somos invadidos pelos filmes aos quais é possível assistir em família, com as crianças. De fato, para muitos, no dia 25, uma sessão coletiva de cinema é um alívio --uma trégua silenciosa depois do interminável (e, às vezes, penoso) almoço de Natal.
No entanto, aleluia: nestas últimas semanas chegaram ao menos três filmes que são para gente grande: "Jovem e Bela", de François Ozon, "Azul É a Cor Mais Quente", de Abdellatif Kechiche, e "A Grande Beleza", de Paolo Sorrentino.
Nenhum deles é para famílias na tarde de Natal; suponho que seja por isso que muitos sentiram a necessidade de se defender contra os três, com unhas e dentes.
Sobre "Jovem e Bela", já escrevi (http://migre.me/h8kKP). É um filme tocante e verdadeiro sobre uma adolescente que, na fantasia e na prática da prostituição, encontra um caminho para crescer.
Houve quem conseguisse declarar, sem muita coerência, que 1) ninguém tem fantasia de prostituição (oh, dó!), 2) quem tem essa fantasia não a pratica (oh, dó!), e 3) se alguém a tem e a pratica, certamente não é adolescente de classe média (oh, mais dó!).
O filme é imperdível --especialmente para quem tiver interesse em entender a grandeza e a coragem da experiência adolescente, com ou sem prostituição.
Com "Azul É a Cor Mais Quente", que é a história da paixão entre duas jovens mulheres, aconteceu que muitos, comovidos (a contragosto?) pelo filme, afirmaram que ele merece ser visto por ser uma grande história de amor, perda, dor e separação. O fato de que o amor em questão seja entre duas mulheres seria, em suma, sem relevância.
Ou seja, assista ao filme, mas, para apreciá-lo, esqueça-se de que se trata de duas mulheres. Acreditarei na boa fé desses comentários quando as mesmas pessoas, escrevendo sobre "Romeu e Julieta", acharem oportuno observar: pouco importa que se trate de um jovem moço e de uma menina, poderiam ser dois homens ou duas mulheres, o que importa são os sentimentos.
Mas quero falar de "A Grande Beleza", que acaba de estrear. A reação de defesa, nesse caso, consistiu em ler o filme como uma crítica moral ao mundo que ele apresenta.
No passado, Jep Gambardella (o extraordinário Toni Servillo) escreveu um romance que teve um certo sucesso, mas que ele mesmo considera pouco relevante. Ele vive numa Roma rica e mundana, decidida a se convencer de que ela está se divertindo muito.
Alguns dizem que o filme retrata a decadência da Itália. O que sobrou da grandeza passada são as artes da vaidade --a moda, o design, o estilo: somos os reis do supérfluo. Outros saem do cinema convencidos de que Sorrentino, como eles, tem ojeriza pela vida "vã" do protagonista. Jep trabalha pouco, vira as noites, bebe além do devido: ele é fútil.
Mas não é bem assim. Marcello, o protagonista de "A Doce Vida", de Fellini, ele, sim, era um desadaptado na futilidade de Roma (e do mundo): esperava reencontrar uma inocência perdida e escrever enfim algo que valesse a pena.
O espírito de Jep (e de Sorrentino) é outro. Tem mais a ver com a elegância e a coragem da bandinha que continuou tocando enquanto o Titanic afundava. Em Roma isso tem um sentido especial: a festa continuou com os bárbaros às portas; e ela continua agora que os bárbaros já chegaram há tempos. É uma prova de decadência? Ou de sabedoria?
Aos olhos dos engajados (como Stefania, no filme), Jep talvez pareça desprezivelmente cínico. Mas ele é o último dos românticos, que vive como se a única resposta honesta ao vazio do mundo fosse a fragilidade da beleza: a beleza de Roma ou a de um terno perfeitamente cortado, tanto faz.
São desculpas pela futilidade? Talvez. Mas, cuidado, uma vida fútil poderia ser a única maneira de não mascarar a futilidade da vida. Qual é o efeito moral certo do "lembre-se da morte"? Ou melhor, qual é o melhor jeito de se lembrar da morte? Uma austeridade sisuda ou, ao contrário, o difícil exercício de não levar a vida a sério?
Criança, nos anos 1950, assisti a "O Salário do Medo", de Clouzot. Ainda hoje me lembro que o piloto (Mario?) de um dos caminhões de dinamite, fadados a explodir, enquanto se barbeava, dizia que, se ele tiver que morrer, queria ao menos ter uma aparência decente.
"A Grande Beleza" é um dos nove filmes pré-selecionados para o Oscar de melhor filme estrangeiro. Torço por ele.
Para os amigos filósofos, uma sugestão (já antiga): "Aesthetics and Ethics: Essays at the Intersection", de J. Levinson (Cambridge).
quinta-feira, dezembro 26, 2013
Kalashnikov, armas e homens - MARIO SERGIO CONTI
O GLOBO - 26/12
Criador do fuzil AK-47 diz que preferia ter inventado um cortador de grama, mas 'dormia tranquilo'
Mikhail Kalashnikov, que morreu na segunda-feira, disse que tinha orgulho de sua invenção, o AK-47. Na mesma declaração, acrescentou que preferia ter criado um cortador de grama. Ele concebeu o engenho de oito partes móveis, leve, barato, resistente, capaz de ser usado por civis e até adolescentes. E a sua invenção foi a máquina de matar mais prolífica da História. Quase 100 milhões de Kalashnikovs foram fabricados nos últimos 60 anos. Só na década de 90, mais de 300 mil pessoas morreram todos os anos com rajadas do rifle.
“Durmo tranquilo”, ele dizia. “O fato de as pessoas morrerem por causa do AK-47 não se deve ao seu inventor, mas à política.” E a política o fez um herói do passado e do presente. Desde 1947, quando criou a sua maravilha, ganhou o Prêmio Stalin, a Ordem da Estrela Vermelha e o título de Herói do Trabalho Socialista. Com o fim da União Soviética, Vladimir Putin o promoveu a general, concedeu-lhe a prestigiadíssima Ordem de Santo André e mandou instalar um elevador no prédio humilde onde morou até morrer.
Poderia ser também um herói da economia. Kalashnikov dizia que, se tivesse feito o fuzil no Ocidente, seria um bilionário. O seu rifle foi a mercadoria mais exportada pela União Soviética e pela Rússia. Isso apesar de a URSS ter franqueado a sua fabricação à China e à Coreia do Norte, a todo o Leste Europeu e ao Egito. Da Chechênia à Faixa de Gaza, do Afeganistão ao Iraque, da Colômbia ao México, nas mãos de crianças africanas ou de traficantes cariocas, eis o Kalashnikov, levando dor e morte a milhões. Não tem nem a desculpa da pólvora, da dinamite ou da energia nuclear, que podem servir a fins pacíficos. Só presta para destruir, fazer sofrer, dominar.
O AK-47 provou a sua superioridade na Guerra do Vietnam. Seu equivalente americano, o fuzil M16, engripava devido ao calor e à umidade. Já o Kalashnikov, nas mãos de soldados do Vietnam do Norte e de guerrilheiros vietcongues, estraçalhava. Mesmo com todos os aperfeiçoamentos do fuzil americano há hoje dez vezes mais AK-47 no mundo do que M16. Nem por isso os vietnamitas venceram os americanos devido à arma inventada pelo russo. Eles triunfaram primeiro na política, como diria Kalashnikov.
Os Estados Unidos tinham armas nucleares capazes de dizimar várias vezes o paisinho asiático atrasado. Não as usaram porque não tiveram condições políticas — apoio popular interno e aliados em escala mundial, que confeririam legitimidade moral à agressão. Já os seus adversários contavam com os corações e mentes do povo, simpatia internacional, e se dotaram de uma liderança capaz de conduzir a nação, a ferro e fogo, até a vitória. Uns defendiam o capitalismo e outros o comunismo. E hoje o Partido Comunista do Vietnam promove o capitalismo.
A mesma ironia da História marcou a vida de Mikhail Kalashnikov. Ele nasceu numa família rural pobre, em 1919, pouco depois da revolução bolchevique. Cresceu doente, na escassez provocada pela guerra civil. Quando Stalin elegeu os camponeses como grandes inimigos da revolução, em 1929, a família de Kalashnikov foi banida para a Sibéria. Lá, seu pai morreu de tuberculose. Seus irmãos foram submetidos a trabalhos forçados. Distraía-se montando e desmontando pequenas máquinas.
Com a invasão alemã, foi recrutado pelo Exército Vermelho. Chegou a sargento, comandou blindados, foi ferido seriamente e passou meses num hospital. Na convalescença, dessa vez montava e desmontava armas, tentando compreender por que as germânicas eram tão boas. Queria criar um rifle automático que ajudasse a defender a pátria. Só o conseguiu quando a Segunda Guerra Mundial havia terminado, e a AK-47 virou a arma por excelência da guerra fria. Nunca se queixou do que a família sofreu, e lamentou não ter conhecido Stalin pessoalmente. Criticou Gorbachev e Yeltsin e entristeceu-se com o fim da União Soviética. Virou então caixeiro-viajante de armas russas, mercadejando a morte em feiras bélicas internacionais.
As armas dependem da política, mas têm também vida própria. Num texto dos anos 20, Walter Benjamin disse que a luta de classes não era um cabo de guerra entre dominados e dominadores. Era um pavio aceso que levaria à dinamite. Escreveu que era possível prever quanto tempo de evolução tecnológica seria necessário até que tudo estourasse. Deu como exemplos de “evolução técnica e científica” as armas químicas e a hiperinflação. Se os dominados não apagassem o pavio, a destruição de milhares de anos de História era inevitável. Porque essa é a dinâmica do sistema econômico.
Benjamin talvez devesse ser visto como um otimista. Não conheceu as armas nucleares, superpopulação, hipotéticas catástrofes ambientais.
Sequer soube de Kalashnikov.
Criador do fuzil AK-47 diz que preferia ter inventado um cortador de grama, mas 'dormia tranquilo'
Mikhail Kalashnikov, que morreu na segunda-feira, disse que tinha orgulho de sua invenção, o AK-47. Na mesma declaração, acrescentou que preferia ter criado um cortador de grama. Ele concebeu o engenho de oito partes móveis, leve, barato, resistente, capaz de ser usado por civis e até adolescentes. E a sua invenção foi a máquina de matar mais prolífica da História. Quase 100 milhões de Kalashnikovs foram fabricados nos últimos 60 anos. Só na década de 90, mais de 300 mil pessoas morreram todos os anos com rajadas do rifle.
“Durmo tranquilo”, ele dizia. “O fato de as pessoas morrerem por causa do AK-47 não se deve ao seu inventor, mas à política.” E a política o fez um herói do passado e do presente. Desde 1947, quando criou a sua maravilha, ganhou o Prêmio Stalin, a Ordem da Estrela Vermelha e o título de Herói do Trabalho Socialista. Com o fim da União Soviética, Vladimir Putin o promoveu a general, concedeu-lhe a prestigiadíssima Ordem de Santo André e mandou instalar um elevador no prédio humilde onde morou até morrer.
Poderia ser também um herói da economia. Kalashnikov dizia que, se tivesse feito o fuzil no Ocidente, seria um bilionário. O seu rifle foi a mercadoria mais exportada pela União Soviética e pela Rússia. Isso apesar de a URSS ter franqueado a sua fabricação à China e à Coreia do Norte, a todo o Leste Europeu e ao Egito. Da Chechênia à Faixa de Gaza, do Afeganistão ao Iraque, da Colômbia ao México, nas mãos de crianças africanas ou de traficantes cariocas, eis o Kalashnikov, levando dor e morte a milhões. Não tem nem a desculpa da pólvora, da dinamite ou da energia nuclear, que podem servir a fins pacíficos. Só presta para destruir, fazer sofrer, dominar.
O AK-47 provou a sua superioridade na Guerra do Vietnam. Seu equivalente americano, o fuzil M16, engripava devido ao calor e à umidade. Já o Kalashnikov, nas mãos de soldados do Vietnam do Norte e de guerrilheiros vietcongues, estraçalhava. Mesmo com todos os aperfeiçoamentos do fuzil americano há hoje dez vezes mais AK-47 no mundo do que M16. Nem por isso os vietnamitas venceram os americanos devido à arma inventada pelo russo. Eles triunfaram primeiro na política, como diria Kalashnikov.
Os Estados Unidos tinham armas nucleares capazes de dizimar várias vezes o paisinho asiático atrasado. Não as usaram porque não tiveram condições políticas — apoio popular interno e aliados em escala mundial, que confeririam legitimidade moral à agressão. Já os seus adversários contavam com os corações e mentes do povo, simpatia internacional, e se dotaram de uma liderança capaz de conduzir a nação, a ferro e fogo, até a vitória. Uns defendiam o capitalismo e outros o comunismo. E hoje o Partido Comunista do Vietnam promove o capitalismo.
A mesma ironia da História marcou a vida de Mikhail Kalashnikov. Ele nasceu numa família rural pobre, em 1919, pouco depois da revolução bolchevique. Cresceu doente, na escassez provocada pela guerra civil. Quando Stalin elegeu os camponeses como grandes inimigos da revolução, em 1929, a família de Kalashnikov foi banida para a Sibéria. Lá, seu pai morreu de tuberculose. Seus irmãos foram submetidos a trabalhos forçados. Distraía-se montando e desmontando pequenas máquinas.
Com a invasão alemã, foi recrutado pelo Exército Vermelho. Chegou a sargento, comandou blindados, foi ferido seriamente e passou meses num hospital. Na convalescença, dessa vez montava e desmontava armas, tentando compreender por que as germânicas eram tão boas. Queria criar um rifle automático que ajudasse a defender a pátria. Só o conseguiu quando a Segunda Guerra Mundial havia terminado, e a AK-47 virou a arma por excelência da guerra fria. Nunca se queixou do que a família sofreu, e lamentou não ter conhecido Stalin pessoalmente. Criticou Gorbachev e Yeltsin e entristeceu-se com o fim da União Soviética. Virou então caixeiro-viajante de armas russas, mercadejando a morte em feiras bélicas internacionais.
As armas dependem da política, mas têm também vida própria. Num texto dos anos 20, Walter Benjamin disse que a luta de classes não era um cabo de guerra entre dominados e dominadores. Era um pavio aceso que levaria à dinamite. Escreveu que era possível prever quanto tempo de evolução tecnológica seria necessário até que tudo estourasse. Deu como exemplos de “evolução técnica e científica” as armas químicas e a hiperinflação. Se os dominados não apagassem o pavio, a destruição de milhares de anos de História era inevitável. Porque essa é a dinâmica do sistema econômico.
Benjamin talvez devesse ser visto como um otimista. Não conheceu as armas nucleares, superpopulação, hipotéticas catástrofes ambientais.
Sequer soube de Kalashnikov.
Os muitos diálogos na Exortação de Francisco - OLIVEIROS S. FERREIRA
O Estado de S.Paulo - 26/12
Não nos esqueçamos da advertência papal: "Tanto os intelectuais como os jornalistas caem, frequentemente, em generalizações grosseiras...". Se lemos a Exortação Evangelii Gaudium com "olhos de ver e compreender", a missão a que papa Francisco exorta não parece ser apenas a de levar a palavra de Cristo a pobres e ricos. É também, respeitada certa descentralização, fazer do mundo, se não um orbe católico, pelo menos uma sociedade global menos desigual. Para isso, é necessário dialogar com o Estado, a sociedade (compreendidas aí cultura e ciência) e com as religiões não católicas.
Primeiro, o Estado, que a bem dizer é governo. Ainda que, a certa altura, Francisco fustigue "ideologias que... negam o direito de controle dos Estados" sobre os mercados, afirmará também que "no diálogo com o Estado e com a sociedade, a Igreja não tem soluções para todas as questões específicas...". Afirma, porém, que a Igreja "não pode nem deve ficar à margem na luta pela justiça". É preciso que todos saibam que "ninguém pode exigir-nos (da Igreja) que releguemos a religião para a intimidade secreta das pessoas, sem qualquer influência na vida social e nacional, sem nos preocupar com a saúde das instituições da sociedade civil...".
Compete ao Estado "com um grande esforço de diálogo político e criação de consensos... o cuidado e a promoção do bem comum da sociedade...". À Igreja, "...transmitir convicções que possam depois traduzir-se em ações políticas". O diálogo tem em vista que "...o sujeito histórico deste processo (não) é uma classe, uma fração, um grupo, uma elite. Não precisamos de um projeto de poucos para poucos, ou de uma minoria esclarecida ou testemunhal que se aproprie de um sentimento coletivo".
O diálogo entre a fé e a ciência Francisco também estabelece em que termos deverá dar-se: "Quando o progresso das ciências... torna evidente uma determinada conclusão que a razão não pode negar, a fé não a contradiz... Em certas ocasiões, porém, alguns cientistas... exageram com afirmações ou conclusões que extravasam o campo da própria ciência. Neste caso, não é a razão que se propõe, mas uma determinada ideologia que fecha o caminho a um diálogo autêntico, pacífico e frutuoso".
A cultura que preocupa Francisco é aquela em que vivemos, mergulhados no mercado: "Na cultura dominante, ocupa o primeiro lugar aquilo que é... superficial, provisório. O real cede o lugar à aparência... a globalização comportou uma acelerada deterioração das raízes culturais com a invasão de tendências pertencentes a outras culturas, economicamente desenvolvidas, mas eticamente debilitadas". Esse quadro está relacionado "com a desilusão e a crise das ideologias que se verificou como reação a tudo o que pareça totalitário...". Cada indivíduo pretendendo "ser portador duma verdade subjetiva própria, torna-se difícil que os cidadãos queiram inserir-se num projeto comum que vai além dos benefícios e desejos pessoais... Isso não prejudica só a Igreja, mas a vida social em geral...".
A experiência do Cardeal Bergoglio fê-lo conhecer a dura realidade das cidades. Nelas, há "uma espécie de ambivalência permanente, porque... ao mesmo tempo que oferece aos seus habitantes infinitas possibilidades, interpõe também... práticas de segregação e violência...". Na cidade, a "cultura mediática e alguns ambientes intelectuais transmitem, às vezes, uma acentuada desconfiança quanto à mensagem da Igreja, e um certo desencanto. Em consequência disso... muitos agentes pastorais desenvolvem uma espécie de complexo de inferioridade que os leva a relativizar ou esconder a sua identidade cristã... Lá somos chamados a ser pessoas-cântaro para dar de beber aos outros. Às vezes o cântaro transforma-se numa pesada cruz, mas foi precisamente na cruz que o Senhor, trespassado, Se nos entregou como fonte de água viva".
É essencial a união dos evangelizadores: "A credibilidade do anúncio cristão seria muito maior, se os cristãos superassem as suas divisões... Os missionários... (na Ásia e na África) referem repetidamente as críticas, queixas e sarcasmos que recebem por causa do escândalo dos cristãos divididos... Se nos concentrarmos nas convicções que nos unem e recordarmos o princípio da hierarquia das verdades, poderemos caminhar decididamente para formas comuns de anúncio, de serviço e de testemunho...".
Não apenas na África e na Ásia essa união é possível e necessária: "...no diálogo com os irmãos ortodoxos, nós, os católicos, temos a possibilidade de aprender algo mais sobre o significado da colegialidade episcopal e sobre a sua experiência da sinodalidade".
Francisco não se esquece dos que professam religiões não cristãs: "... não podemos considerar o Judaísmo como uma religião alheia... Deus continua a operar no povo da Primeira Aliança e faz nascer tesouros de sabedoria que brotam do seu encontro com a palavra divina. Por isso, a Igreja também se enriquece quando recolhe os valores do Judaísmo...".
E acrescenta: "Neste tempo, adquire grande importância a relação com os crentes do Islã, hoje particularmente presentes em muitos países de tradição cristã... Não se deve jamais esquecer que... Jesus Cristo e Maria são objeto de profunda veneração..." pelos muçulmanos...
E traz uma palavra acauteladora: "Um sincretismo conciliador seria, no fundo, um totalitarismo de quantos pretendem conciliar prescindindo de valores... dos quais não são donos... Não nos serve uma abertura diplomática que diga sim a tudo para evitar problemas, porque seria um modo de enganar o outro e negar-lhe o bem que se recebeu como um dom para partilhar com generosidade".
Intelectuais e jornalistas caem, frequentemente, em generalizações grosseiras. Mas intelectuais e jornalistas, muitas vezes, alertam: sub censura.
Não nos esqueçamos da advertência papal: "Tanto os intelectuais como os jornalistas caem, frequentemente, em generalizações grosseiras...". Se lemos a Exortação Evangelii Gaudium com "olhos de ver e compreender", a missão a que papa Francisco exorta não parece ser apenas a de levar a palavra de Cristo a pobres e ricos. É também, respeitada certa descentralização, fazer do mundo, se não um orbe católico, pelo menos uma sociedade global menos desigual. Para isso, é necessário dialogar com o Estado, a sociedade (compreendidas aí cultura e ciência) e com as religiões não católicas.
Primeiro, o Estado, que a bem dizer é governo. Ainda que, a certa altura, Francisco fustigue "ideologias que... negam o direito de controle dos Estados" sobre os mercados, afirmará também que "no diálogo com o Estado e com a sociedade, a Igreja não tem soluções para todas as questões específicas...". Afirma, porém, que a Igreja "não pode nem deve ficar à margem na luta pela justiça". É preciso que todos saibam que "ninguém pode exigir-nos (da Igreja) que releguemos a religião para a intimidade secreta das pessoas, sem qualquer influência na vida social e nacional, sem nos preocupar com a saúde das instituições da sociedade civil...".
Compete ao Estado "com um grande esforço de diálogo político e criação de consensos... o cuidado e a promoção do bem comum da sociedade...". À Igreja, "...transmitir convicções que possam depois traduzir-se em ações políticas". O diálogo tem em vista que "...o sujeito histórico deste processo (não) é uma classe, uma fração, um grupo, uma elite. Não precisamos de um projeto de poucos para poucos, ou de uma minoria esclarecida ou testemunhal que se aproprie de um sentimento coletivo".
O diálogo entre a fé e a ciência Francisco também estabelece em que termos deverá dar-se: "Quando o progresso das ciências... torna evidente uma determinada conclusão que a razão não pode negar, a fé não a contradiz... Em certas ocasiões, porém, alguns cientistas... exageram com afirmações ou conclusões que extravasam o campo da própria ciência. Neste caso, não é a razão que se propõe, mas uma determinada ideologia que fecha o caminho a um diálogo autêntico, pacífico e frutuoso".
A cultura que preocupa Francisco é aquela em que vivemos, mergulhados no mercado: "Na cultura dominante, ocupa o primeiro lugar aquilo que é... superficial, provisório. O real cede o lugar à aparência... a globalização comportou uma acelerada deterioração das raízes culturais com a invasão de tendências pertencentes a outras culturas, economicamente desenvolvidas, mas eticamente debilitadas". Esse quadro está relacionado "com a desilusão e a crise das ideologias que se verificou como reação a tudo o que pareça totalitário...". Cada indivíduo pretendendo "ser portador duma verdade subjetiva própria, torna-se difícil que os cidadãos queiram inserir-se num projeto comum que vai além dos benefícios e desejos pessoais... Isso não prejudica só a Igreja, mas a vida social em geral...".
A experiência do Cardeal Bergoglio fê-lo conhecer a dura realidade das cidades. Nelas, há "uma espécie de ambivalência permanente, porque... ao mesmo tempo que oferece aos seus habitantes infinitas possibilidades, interpõe também... práticas de segregação e violência...". Na cidade, a "cultura mediática e alguns ambientes intelectuais transmitem, às vezes, uma acentuada desconfiança quanto à mensagem da Igreja, e um certo desencanto. Em consequência disso... muitos agentes pastorais desenvolvem uma espécie de complexo de inferioridade que os leva a relativizar ou esconder a sua identidade cristã... Lá somos chamados a ser pessoas-cântaro para dar de beber aos outros. Às vezes o cântaro transforma-se numa pesada cruz, mas foi precisamente na cruz que o Senhor, trespassado, Se nos entregou como fonte de água viva".
É essencial a união dos evangelizadores: "A credibilidade do anúncio cristão seria muito maior, se os cristãos superassem as suas divisões... Os missionários... (na Ásia e na África) referem repetidamente as críticas, queixas e sarcasmos que recebem por causa do escândalo dos cristãos divididos... Se nos concentrarmos nas convicções que nos unem e recordarmos o princípio da hierarquia das verdades, poderemos caminhar decididamente para formas comuns de anúncio, de serviço e de testemunho...".
Não apenas na África e na Ásia essa união é possível e necessária: "...no diálogo com os irmãos ortodoxos, nós, os católicos, temos a possibilidade de aprender algo mais sobre o significado da colegialidade episcopal e sobre a sua experiência da sinodalidade".
Francisco não se esquece dos que professam religiões não cristãs: "... não podemos considerar o Judaísmo como uma religião alheia... Deus continua a operar no povo da Primeira Aliança e faz nascer tesouros de sabedoria que brotam do seu encontro com a palavra divina. Por isso, a Igreja também se enriquece quando recolhe os valores do Judaísmo...".
E acrescenta: "Neste tempo, adquire grande importância a relação com os crentes do Islã, hoje particularmente presentes em muitos países de tradição cristã... Não se deve jamais esquecer que... Jesus Cristo e Maria são objeto de profunda veneração..." pelos muçulmanos...
E traz uma palavra acauteladora: "Um sincretismo conciliador seria, no fundo, um totalitarismo de quantos pretendem conciliar prescindindo de valores... dos quais não são donos... Não nos serve uma abertura diplomática que diga sim a tudo para evitar problemas, porque seria um modo de enganar o outro e negar-lhe o bem que se recebeu como um dom para partilhar com generosidade".
Intelectuais e jornalistas caem, frequentemente, em generalizações grosseiras. Mas intelectuais e jornalistas, muitas vezes, alertam: sub censura.
Notícias da Famiglia Gatto - CORA RÓNAI
O GLOBO - 26/12
Siameses sabem que são donos dos donos e tiram proveito disso, sem vergonha
Sempre houve siameses na Famiglia Gatto. Como sabem todos que já tiveram a sorte de conviver com um deles, os siameses têm um jeito todo especial de ser: são conversadores, possessivos, carinhosos, neuróticos, autoconfiantes, coleiros, curiosos, mandões. Eles sabem que são donos dos donos e tiram o maior proveito possível disso, sem um pingo de vergonha nos bigodes.
Quando Old Man Lucas morreu, em maio passado, fiquei muito mal. Muitos casamentos não duram o que durou a nossa relação de 16 anos. Nós nos entendíamos, aliás, como os velhos casais — ninguém precisava dizer ou miar nada, bastava nos olharmos para saber o que um ou outro queria. Comentei então com a Bia que precisava de outro siamês; ela entrou em contato com todas as nossas amigas que cuidam de gatinhos, pôs mensagens na rede, e nada. Não havia um único siamês disponível no Rio.
A busca foi interrompida com a chegada inesperada da Frida Gahto, que a Bia encontrou na rua ainda bebê, entre a vida e a morte, depois de ser destruída por um chute. Me prontifiquei a dar lar temporário à bichinha e a cuidar dela entre uma cirurgia e outra, até que ficasse boa e encontrássemos um lar para ela — mas “lar temporário”, aqui em casa, costuma ser sinônimo de “para sempre”. E assim a ideia de um novo siamesinho foi arquivada.
Eis que, um dia, minha sobrinha Ju me mandou o anúncio de dois irmãozinhos para adoção. Eram tão bonitinhos! Faziam parte de uma ninhada de cinco. Seus três irmãos, branquinhos, já haviam encontrado famílias bacanas; eles ainda estavam na fila. Não que faltassem candidatos. Faltavam candidatos bons: doar siamês é arriscado, me explicou Christianne Duarte, da Quatro Patinhas, porque muita gente os pega pelas razões erradas, seja porque são “de raça” e dão status, seja para pô-los para procriar e fazer comércio.
Quando fui à clínica onde estavam provisoriamente hospedados, os dois brincavam um com o outro, no fundo de uma gaiola, e não me deram bola. Abri a portinhola, chamei, tentei atraí-los mexendo com um pedacinho de papel. Nada. Os irmãozinhos não queriam papo. Que decepção! Eles tinham todo o jeito de siameses no visual, mas não no temperamento. Além disso, eu acredito em amor à primeira vista.
— É assim mesmo, — disse a Christianne. — Eles estão estranhando, depois se acostumam…
Mas percebi que ela percebeu o meu desapontamento; e não senti muita firmeza no que ela disse — acho que nem ela, coitada! — até porque, naquela sala mesmo, havia vários outros gatinhos que nunca tinham me visto antes, e espichavam as patinhas pelas grades, miando, loucos para brincar comigo.
Que fazer? Adotar por adotar não fazia sentido. Com sete gatos, eu já tinha mais gatos do que o bom senso recomenda. Iria a oito por extravagância, se encontrasse um bichinho com a personalidade que estava procurando. Olhei para um, olhei para o outro… Um, com os olhos mais escuros, era levemente mais saidinho do que o outro. E decidi que o traria comigo para casa, mas só a título de experiência. Dei tchau para a Christianne como quem diz até logo.
A Famiglia o recebeu catatônica. Os gatos não acreditavam no que viam: como assim, mais um gato?! E uma porcaria pequena, ainda por cima?! Mas onde iríamos parar?! O siamesinho manifestou apenas um interesse muito vago pelos grandões, e saiu trotando pela casa explorando os ambientes, cheio de atitude, com o rabinho espetado para o alto. Naquela noite mesmo descobriu como subir na minha cama e dormiu colado ao meu travesseiro, ronronando altíssimo. Em consequência disso, durante três ou quatro dias os outros recusaram-se a dormir na mesma cama, “contaminada” com o cheiro do recém-chegado, e me cobriram de gelo e desprezo.
Também rosnaram e fizeram fu! para o Tobias, mas como ele não se deixa intimidar por nada, acabaram desistindo. Hoje, passados dois meses, ele está inteiramente integrado à Famiglia Gatto. Brinca com o Toró, com a Flor, com a Frida e com o Fonseca; foi meio que adotado pela Lolinha; e irrita o pobre do Tiziu, que só quer paz e sossego. Matilda detesta o Tobias, mas isso é normal, já que ela detesta gatos.
Tobias só tem dois tempos: ON e OFF. Ou está elétrico inventando bobagens e correndo feito um doido, ou está desmaiado, de preferência no meu colo ou perto de mim. Tudo é brinquedo para ele. Adora comida, e ainda não descobriu o que significa ser carnívoro. Come melancia, mamão, alface, abacaxi, feijão, papel toalha, macarrão e sorvete. Bebe leite, suco de maracujá e de laranja. Teve taquicardia quando provou atum pela primeira vez, e ficou rouco de miar quando sentiu cheiro de presunto de Parma. Já se espantou com o gelo e já queimou a língua com sopa.
Uma das melhores coisas da integração do Tobias à Famiglia foi perceber que, a partir da sua chegada, Frida Gahto voltou a brincar. Ela sofreu tanto quando bebê que se esqueceu do que era isso. A partir da observação do recém-chegado, contudo, descobriu de novo para que serve uma bolinha, e inventou um jogo com que se distrai durante horas: pega um ratinho de pano pelo rabo, joga para o alto com a boca e agarra com as patinhas antes que chegue ao chão. Ela voltou, enfim, a ser um animalzinho feliz.
Quem descobriu o nome do Tobias foi a Mamãe.
E, para fechar o ano, uma linda notícia da Lagoa: o casalzinho de capivaras teve três filhotes, um mais bonitinho do que o outro! Que tenham uma vida longa e feliz.
Siameses sabem que são donos dos donos e tiram proveito disso, sem vergonha
Sempre houve siameses na Famiglia Gatto. Como sabem todos que já tiveram a sorte de conviver com um deles, os siameses têm um jeito todo especial de ser: são conversadores, possessivos, carinhosos, neuróticos, autoconfiantes, coleiros, curiosos, mandões. Eles sabem que são donos dos donos e tiram o maior proveito possível disso, sem um pingo de vergonha nos bigodes.
Quando Old Man Lucas morreu, em maio passado, fiquei muito mal. Muitos casamentos não duram o que durou a nossa relação de 16 anos. Nós nos entendíamos, aliás, como os velhos casais — ninguém precisava dizer ou miar nada, bastava nos olharmos para saber o que um ou outro queria. Comentei então com a Bia que precisava de outro siamês; ela entrou em contato com todas as nossas amigas que cuidam de gatinhos, pôs mensagens na rede, e nada. Não havia um único siamês disponível no Rio.
A busca foi interrompida com a chegada inesperada da Frida Gahto, que a Bia encontrou na rua ainda bebê, entre a vida e a morte, depois de ser destruída por um chute. Me prontifiquei a dar lar temporário à bichinha e a cuidar dela entre uma cirurgia e outra, até que ficasse boa e encontrássemos um lar para ela — mas “lar temporário”, aqui em casa, costuma ser sinônimo de “para sempre”. E assim a ideia de um novo siamesinho foi arquivada.
Eis que, um dia, minha sobrinha Ju me mandou o anúncio de dois irmãozinhos para adoção. Eram tão bonitinhos! Faziam parte de uma ninhada de cinco. Seus três irmãos, branquinhos, já haviam encontrado famílias bacanas; eles ainda estavam na fila. Não que faltassem candidatos. Faltavam candidatos bons: doar siamês é arriscado, me explicou Christianne Duarte, da Quatro Patinhas, porque muita gente os pega pelas razões erradas, seja porque são “de raça” e dão status, seja para pô-los para procriar e fazer comércio.
Quando fui à clínica onde estavam provisoriamente hospedados, os dois brincavam um com o outro, no fundo de uma gaiola, e não me deram bola. Abri a portinhola, chamei, tentei atraí-los mexendo com um pedacinho de papel. Nada. Os irmãozinhos não queriam papo. Que decepção! Eles tinham todo o jeito de siameses no visual, mas não no temperamento. Além disso, eu acredito em amor à primeira vista.
— É assim mesmo, — disse a Christianne. — Eles estão estranhando, depois se acostumam…
Mas percebi que ela percebeu o meu desapontamento; e não senti muita firmeza no que ela disse — acho que nem ela, coitada! — até porque, naquela sala mesmo, havia vários outros gatinhos que nunca tinham me visto antes, e espichavam as patinhas pelas grades, miando, loucos para brincar comigo.
Que fazer? Adotar por adotar não fazia sentido. Com sete gatos, eu já tinha mais gatos do que o bom senso recomenda. Iria a oito por extravagância, se encontrasse um bichinho com a personalidade que estava procurando. Olhei para um, olhei para o outro… Um, com os olhos mais escuros, era levemente mais saidinho do que o outro. E decidi que o traria comigo para casa, mas só a título de experiência. Dei tchau para a Christianne como quem diz até logo.
A Famiglia o recebeu catatônica. Os gatos não acreditavam no que viam: como assim, mais um gato?! E uma porcaria pequena, ainda por cima?! Mas onde iríamos parar?! O siamesinho manifestou apenas um interesse muito vago pelos grandões, e saiu trotando pela casa explorando os ambientes, cheio de atitude, com o rabinho espetado para o alto. Naquela noite mesmo descobriu como subir na minha cama e dormiu colado ao meu travesseiro, ronronando altíssimo. Em consequência disso, durante três ou quatro dias os outros recusaram-se a dormir na mesma cama, “contaminada” com o cheiro do recém-chegado, e me cobriram de gelo e desprezo.
Também rosnaram e fizeram fu! para o Tobias, mas como ele não se deixa intimidar por nada, acabaram desistindo. Hoje, passados dois meses, ele está inteiramente integrado à Famiglia Gatto. Brinca com o Toró, com a Flor, com a Frida e com o Fonseca; foi meio que adotado pela Lolinha; e irrita o pobre do Tiziu, que só quer paz e sossego. Matilda detesta o Tobias, mas isso é normal, já que ela detesta gatos.
Tobias só tem dois tempos: ON e OFF. Ou está elétrico inventando bobagens e correndo feito um doido, ou está desmaiado, de preferência no meu colo ou perto de mim. Tudo é brinquedo para ele. Adora comida, e ainda não descobriu o que significa ser carnívoro. Come melancia, mamão, alface, abacaxi, feijão, papel toalha, macarrão e sorvete. Bebe leite, suco de maracujá e de laranja. Teve taquicardia quando provou atum pela primeira vez, e ficou rouco de miar quando sentiu cheiro de presunto de Parma. Já se espantou com o gelo e já queimou a língua com sopa.
Uma das melhores coisas da integração do Tobias à Famiglia foi perceber que, a partir da sua chegada, Frida Gahto voltou a brincar. Ela sofreu tanto quando bebê que se esqueceu do que era isso. A partir da observação do recém-chegado, contudo, descobriu de novo para que serve uma bolinha, e inventou um jogo com que se distrai durante horas: pega um ratinho de pano pelo rabo, joga para o alto com a boca e agarra com as patinhas antes que chegue ao chão. Ela voltou, enfim, a ser um animalzinho feliz.
Quem descobriu o nome do Tobias foi a Mamãe.
E, para fechar o ano, uma linda notícia da Lagoa: o casalzinho de capivaras teve três filhotes, um mais bonitinho do que o outro! Que tenham uma vida longa e feliz.
Réveillon! Vou dar rolezinho! - JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 26/12
Tô com a mesma azia do ano passado. Parece que eu engoli um zoológico: peru, porco, galinha! Rarará!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!
Aí anteontem o Renan Implante Voador apareceu na TV e todos gritaram: "Foi esse cabelo que nós pagamos?". Horrível! Quebra de "decouro cabeludo". Rarará!
Pronto, peru engolido! Missão cumprida! Agora é rumo a 2014! Feliz 2014! Ou como dizem lá em Brasília: Feliz 2014%! E tão loucos pra chegar em 2050%! Ops, em 20100%! Rarará!
E olha o modelo que escolhi pro Réveillon: Havaiana faltando uma tira, bermuda caindo aparecendo a cueca e bonezinho QuickSilver. Aquele que os manos usam pra fazer "rolezinho" em shopping!
E eu tenho uma amiga tão insegura, mas tão insegura, que escreveu na calcinha pro Ano Novo: "Você me ama mesmo ou só quer me comer?". Rarará!
E o cartão de fim de ano do Mantega: "Feliz Natal OU Próspero Ano Novo!". Os dois não dá! E esta placa: "Aluga-se casa para REVELIÃO". Réveillon de corintiano? Ou então Revelião na Papuda!
E a clássica pergunta: "Onde você vai passar o Réveillon?". Empurrando o cara na minha frente pulando onda. Você empurra e grita: "Feliz Ano Novo!". Tchibumga!
E é hoje, viu! Tô com a mesma azia do ano passado, do ano atrasado e do ano retrasado. E parece que eu engoli um zoológico: peru, porco, galinha! E esse maldito peru que não acaba! Cada pedaço que você corta, parece que aumenta. Peru até no café da manhã!
E as simpatias de fim de ano? Pular sete ondas. Se eu pular sete ondas, eu morro afogado! Guardar sete grãos de romã na carteira. Obrigado, prefiro guardar sete cartões de crédito black infinity platinum plus gold! Rarará! Retrospectivas! Retrospectiva do Ciro Botelho: "Você não é rico como o Messi, o PIB desce, a barriga cresce, o pinto amolece e vai parar na fila do INSS!". Rarará! "Retrospectiva 2013! Esqueci!". "Retrospectiva 2013! Só engordei!". "Retrospectiva 2013! Melhor Deixar Quieto!". Melhor, mesmo! Rarará!
E Boas Entradas. E Melhores Saídas! Porque o último que me desejou boas entradas, eu entrei pelo cano.
Tô na Bahia. Só volto quando botarem a rede pra lavar. Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza! Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
Tô com a mesma azia do ano passado. Parece que eu engoli um zoológico: peru, porco, galinha! Rarará!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!
Aí anteontem o Renan Implante Voador apareceu na TV e todos gritaram: "Foi esse cabelo que nós pagamos?". Horrível! Quebra de "decouro cabeludo". Rarará!
Pronto, peru engolido! Missão cumprida! Agora é rumo a 2014! Feliz 2014! Ou como dizem lá em Brasília: Feliz 2014%! E tão loucos pra chegar em 2050%! Ops, em 20100%! Rarará!
E olha o modelo que escolhi pro Réveillon: Havaiana faltando uma tira, bermuda caindo aparecendo a cueca e bonezinho QuickSilver. Aquele que os manos usam pra fazer "rolezinho" em shopping!
E eu tenho uma amiga tão insegura, mas tão insegura, que escreveu na calcinha pro Ano Novo: "Você me ama mesmo ou só quer me comer?". Rarará!
E o cartão de fim de ano do Mantega: "Feliz Natal OU Próspero Ano Novo!". Os dois não dá! E esta placa: "Aluga-se casa para REVELIÃO". Réveillon de corintiano? Ou então Revelião na Papuda!
E a clássica pergunta: "Onde você vai passar o Réveillon?". Empurrando o cara na minha frente pulando onda. Você empurra e grita: "Feliz Ano Novo!". Tchibumga!
E é hoje, viu! Tô com a mesma azia do ano passado, do ano atrasado e do ano retrasado. E parece que eu engoli um zoológico: peru, porco, galinha! E esse maldito peru que não acaba! Cada pedaço que você corta, parece que aumenta. Peru até no café da manhã!
E as simpatias de fim de ano? Pular sete ondas. Se eu pular sete ondas, eu morro afogado! Guardar sete grãos de romã na carteira. Obrigado, prefiro guardar sete cartões de crédito black infinity platinum plus gold! Rarará! Retrospectivas! Retrospectiva do Ciro Botelho: "Você não é rico como o Messi, o PIB desce, a barriga cresce, o pinto amolece e vai parar na fila do INSS!". Rarará! "Retrospectiva 2013! Esqueci!". "Retrospectiva 2013! Só engordei!". "Retrospectiva 2013! Melhor Deixar Quieto!". Melhor, mesmo! Rarará!
E Boas Entradas. E Melhores Saídas! Porque o último que me desejou boas entradas, eu entrei pelo cano.
Tô na Bahia. Só volto quando botarem a rede pra lavar. Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza! Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
Personalidades de 2013 - LUIS FERNANDO VERISSIMO
O GLOBO - 26/12
Está certo, é bom ter um Papa do Hemisfério Sul, para variar, mas precisava ser argentino? Alguém já disse que humildade demais é uma forma de soberba
Como descobridor da Léa Seydoux — ela fazia uma ponta como mulher do rei no “Robin Hood” do Ridley Scott, antes de trabalhar com o Woody Allen e outros (até como bandida no último “Missão impossível”), coisa que ninguém fora eu, em todo o mundo, notou — não tenho desculpa para não ter visto o seu “Azul é a cor mais quente”, em 2013. Dizem que foi o grande filme do ano. Mas não fui muito a cinema em 2013. Gostei daquele brasileiro “O som ao redor” ou coisa parecida. E sofri muito com a coitadinha da Sandra Bullock perdida no espaço em “Gravidade”, um filme fascinante, não só pelo malabarismo técnico. Ótima também a Cate Blanchett no “Blue Jasmine”, sofrendo tanto quanto a Sandrinha, mas com os pés no chão.
Personalidade do ano? Vamos ver. O Papa Francisco. Está certo, é bom ter um Papa do Hemisfério Sul, para variar, mas precisava ser argentino? Alguém já disse que humildade demais é uma forma de soberba. No caso do Francisco, simplicidade demais pode ser diversionismo, ainda mais que as principais posições retrógradas da Igreja não parecem correr muito perigo, no seu papado. Vamos ver.
No segundo lugar na lista das personalidades de 2013 dá empate: Joaquim Barbosa e Neymar. O presidente do STF é visto por uns como herói, por outros como um Grande Inquisidor fora de época. A maioria vai esperar para ver como o STF se comporta no julgamento do mensalão de Minas e dos cartéis de São Paulo — se é que haverá julgamentos. Há quem diga que só será possível confiar na Justiça brasileira cem por cento quando, numa pelada entre times de presos no pátio da Papuda, o PT e o PMDB joguem cada um com 11. Quanto ao Neymar, não é verdade que o Messi se machucou providencialmente, para sair do time e não ser comparado com ele. Mas é certo que Neymar foi o brasileiro com melhor atuação no ano, em qualquer atividade.
Nas outras posições entre personalidades destacadas de 2013 vêm o Marco Feliciano como o mais lamentável do ano, o filho do príncipe William e da Kate como a pessoa com a melhor perspectiva para o futuro do ano e o Eike Batista com a pior.
Está certo, é bom ter um Papa do Hemisfério Sul, para variar, mas precisava ser argentino? Alguém já disse que humildade demais é uma forma de soberba
Como descobridor da Léa Seydoux — ela fazia uma ponta como mulher do rei no “Robin Hood” do Ridley Scott, antes de trabalhar com o Woody Allen e outros (até como bandida no último “Missão impossível”), coisa que ninguém fora eu, em todo o mundo, notou — não tenho desculpa para não ter visto o seu “Azul é a cor mais quente”, em 2013. Dizem que foi o grande filme do ano. Mas não fui muito a cinema em 2013. Gostei daquele brasileiro “O som ao redor” ou coisa parecida. E sofri muito com a coitadinha da Sandra Bullock perdida no espaço em “Gravidade”, um filme fascinante, não só pelo malabarismo técnico. Ótima também a Cate Blanchett no “Blue Jasmine”, sofrendo tanto quanto a Sandrinha, mas com os pés no chão.
Personalidade do ano? Vamos ver. O Papa Francisco. Está certo, é bom ter um Papa do Hemisfério Sul, para variar, mas precisava ser argentino? Alguém já disse que humildade demais é uma forma de soberba. No caso do Francisco, simplicidade demais pode ser diversionismo, ainda mais que as principais posições retrógradas da Igreja não parecem correr muito perigo, no seu papado. Vamos ver.
No segundo lugar na lista das personalidades de 2013 dá empate: Joaquim Barbosa e Neymar. O presidente do STF é visto por uns como herói, por outros como um Grande Inquisidor fora de época. A maioria vai esperar para ver como o STF se comporta no julgamento do mensalão de Minas e dos cartéis de São Paulo — se é que haverá julgamentos. Há quem diga que só será possível confiar na Justiça brasileira cem por cento quando, numa pelada entre times de presos no pátio da Papuda, o PT e o PMDB joguem cada um com 11. Quanto ao Neymar, não é verdade que o Messi se machucou providencialmente, para sair do time e não ser comparado com ele. Mas é certo que Neymar foi o brasileiro com melhor atuação no ano, em qualquer atividade.
Nas outras posições entre personalidades destacadas de 2013 vêm o Marco Feliciano como o mais lamentável do ano, o filho do príncipe William e da Kate como a pessoa com a melhor perspectiva para o futuro do ano e o Eike Batista com a pior.
O Mágico de Oz - ANCELMO GOIS
O GLOBO - 26/12
O ministro Guido Mantega andou prometendo que ia acabar com, digamos, a chamada contabilidade criativa, uma maneira de empurrar para baixo do tapete certos números incômodos.
Mas, segundo um economista amigo da coluna, a mágica voltou nesta injeção bilionária do BNDESPar e do FGTS na Odebrecht para “privatização” do Galeão.
É que...
Segundo ele, a grana que a Odebrecht paga pela concessão do aeroporto entra como receita do Tesouro.
Mas os recursos que o Tesouro, via BNDES etc., repassa para a empreiteira não entram nas despesas da União.
Recesso na Bahia
Dilma viaja hoje para a base de Aratu, na Bahia, onde fica até o dia 5.
Deixou de prontidão os ministros Francisco Teixeira, Gleisi Hoffmann e Alexandre Padilha para acompanhar os desdobramentos das chuvas no Espírito Santo e em Minas.
Por falar em Dilma...
Além dela, outros brasileiros vão participar do Fórum Mundial de Davos, uma espécie de Casa do Saber dos vips dos vips.
Estarão nos debates, agora em janeiro, Eduardo Campos, Sérgio Cabral, Jaques Wagner, Antonio Anastasia, Geraldo Alckmin, Luciano Coutinho e Alexandre Tombini.
Longe do Brasil
A observação é de um parceiro da coluna. Em tempos de invasão brasileira em Nova York, o pessoal de lojas, museus e até carrocinhas de cachorro-quente se esforça para falar português. Menos a chilena TAM.
As atendentes no embarque da voadora no Aeroporto John Kennedy só falam espanhol e inglês.
Político exportação
O Brasil acaba de “exportar” um... político. Aliás, uma política.
Michele Marques Feijoe, funcionária da prefeitura de Copenhague, foi eleita vereadora, por voto direto, para quatro anos de mandato em Gladssaxe, nos arredores da capital da Dinamarca. Casada com um dinamarquês, ela tomou posse dia 12.
Tô fora!
O cantor Will.i.am, do Black Eyed Peas, não vai mais participar do réveillon de Copacabana.
Ele não concordou que o show fosse transmitido. É que o evento será exibido, pela FOX, nas TVs dos EUA e de países da América do Sul.
Nova vida
Veja que legal. Em parceria com a ONG Rio de Paz, a construtora PDG está montando um canteiro-escola na Favela do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio, onde vai formar pedreiros, ladrilheiros, pintores e mestres de obras.
Numa experiência piloto, já foram formados, somente este ano, cem profissionais para a construção civil.
Segue...
Do total de alunos, 20% abandonaram o tráfico de drogas.
O projeto tem ajuda do Seconci-Rio.
Sabatina municipal
Eduardo Paes fará o seu terceiro hangout, uma espécie de sabatina on-line, na segunda quinzena de janeiro. O tema será educação.
A lista de convidados ainda está sendo discutida. Mas a ideia é chamar os principais críticos à gestão municipal.
Não é o diretor
Diferentemente do que saiu aqui, terça passada, o maestro Roberto Minczuk não é mais o diretor artístico do Teatro Municipal do Rio.
Ele deixou o cargo em 2011.
‘Vai e vem’ do Noca!
Noca da Portela, 81 anos, e seus parceiros fizeram um samba, digamos, safadinho para o bloco Bafafá, de Ipanema. Faz menção ao Bola Preta, cujos músicos animam o Bafafá, e a João Roberto Kelly, padrinho do bloco.
“Pega a viola que lá vem o Bola Preta/Cai de boca na chupeta... neném/É na marchinha do mestre João/Que o povão vai num vai e vem.”
O ministro Guido Mantega andou prometendo que ia acabar com, digamos, a chamada contabilidade criativa, uma maneira de empurrar para baixo do tapete certos números incômodos.
Mas, segundo um economista amigo da coluna, a mágica voltou nesta injeção bilionária do BNDESPar e do FGTS na Odebrecht para “privatização” do Galeão.
É que...
Segundo ele, a grana que a Odebrecht paga pela concessão do aeroporto entra como receita do Tesouro.
Mas os recursos que o Tesouro, via BNDES etc., repassa para a empreiteira não entram nas despesas da União.
Recesso na Bahia
Dilma viaja hoje para a base de Aratu, na Bahia, onde fica até o dia 5.
Deixou de prontidão os ministros Francisco Teixeira, Gleisi Hoffmann e Alexandre Padilha para acompanhar os desdobramentos das chuvas no Espírito Santo e em Minas.
Por falar em Dilma...
Além dela, outros brasileiros vão participar do Fórum Mundial de Davos, uma espécie de Casa do Saber dos vips dos vips.
Estarão nos debates, agora em janeiro, Eduardo Campos, Sérgio Cabral, Jaques Wagner, Antonio Anastasia, Geraldo Alckmin, Luciano Coutinho e Alexandre Tombini.
Longe do Brasil
A observação é de um parceiro da coluna. Em tempos de invasão brasileira em Nova York, o pessoal de lojas, museus e até carrocinhas de cachorro-quente se esforça para falar português. Menos a chilena TAM.
As atendentes no embarque da voadora no Aeroporto John Kennedy só falam espanhol e inglês.
Político exportação
O Brasil acaba de “exportar” um... político. Aliás, uma política.
Michele Marques Feijoe, funcionária da prefeitura de Copenhague, foi eleita vereadora, por voto direto, para quatro anos de mandato em Gladssaxe, nos arredores da capital da Dinamarca. Casada com um dinamarquês, ela tomou posse dia 12.
Tô fora!
O cantor Will.i.am, do Black Eyed Peas, não vai mais participar do réveillon de Copacabana.
Ele não concordou que o show fosse transmitido. É que o evento será exibido, pela FOX, nas TVs dos EUA e de países da América do Sul.
Nova vida
Veja que legal. Em parceria com a ONG Rio de Paz, a construtora PDG está montando um canteiro-escola na Favela do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio, onde vai formar pedreiros, ladrilheiros, pintores e mestres de obras.
Numa experiência piloto, já foram formados, somente este ano, cem profissionais para a construção civil.
Segue...
Do total de alunos, 20% abandonaram o tráfico de drogas.
O projeto tem ajuda do Seconci-Rio.
Sabatina municipal
Eduardo Paes fará o seu terceiro hangout, uma espécie de sabatina on-line, na segunda quinzena de janeiro. O tema será educação.
A lista de convidados ainda está sendo discutida. Mas a ideia é chamar os principais críticos à gestão municipal.
Não é o diretor
Diferentemente do que saiu aqui, terça passada, o maestro Roberto Minczuk não é mais o diretor artístico do Teatro Municipal do Rio.
Ele deixou o cargo em 2011.
‘Vai e vem’ do Noca!
Noca da Portela, 81 anos, e seus parceiros fizeram um samba, digamos, safadinho para o bloco Bafafá, de Ipanema. Faz menção ao Bola Preta, cujos músicos animam o Bafafá, e a João Roberto Kelly, padrinho do bloco.
“Pega a viola que lá vem o Bola Preta/Cai de boca na chupeta... neném/É na marchinha do mestre João/Que o povão vai num vai e vem.”
CORPO SÃO, MENTE SÃ - MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 26/12
Carolina Dieckmann, 35, não está nem aí para os dois quilos que toda mulher quer perder. "Faz parte achar que pode estar sempre melhor. Mas isso não me tira a paz. Sou abençoada de ter 35 anos, dois filhos e, depois de ter engordado 30 quilos na minha segunda gestação, voltar a me sentir feliz com meu corpo", diz.
A atriz afirmou em entrevista para a revista "VIP" de janeiro que a definição de seu destino como mãe e esposa foi racional e planejada. "Escolhi a vida que tenho, casar, ser mãe cedo. Gosto de ter responsabilidade, de ter horários, comprometimento."
PODE ENTRAR
O Ministério do Turismo vai pressionar hotéis e atrativos turísticos a se tornarem acessíveis a pessoas com deficiência e dificuldade de locomoção. Uma campanha inclui a criação de aplicativo de celular em que usuários poderão avaliar a acessibilidade de 51 mil estabelecimentos. Os mais elogiados serão premiados --e os campeões de reclamação vão receber um alerta para se adaptar.
PODE ENTRAR 2
Com o lema "Um Brasil onde todos podem viajar", a campanha Turismo Acessível terá anúncios para sensibilizar empresários e administradores públicos. A iniciativa é parceria com a Secretaria de Direitos Humanos e o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência --que somam 45 milhões em todo o país.
PODE ENTRAR 3
"Estamos muito atrasados em relação à acessibilidade", diz o ministro do Turismo, Gastão Vieira. Ele cita como exemplo a Itália, que aumentou o número de visitantes, segundo ele, após melhorar as condições de circulação.
PAPAI NOEL
Entre os dez brinquedos mais procurados no site de compras Mercado Livre para este Natal estão o boneco Furby, as pistolas automáticas Nerf, piscinas de bolinhas e os minions. Cerca de 6,7 mil brinquedos foram vendidos, ou 30% a mais do que em 2012.
PAPAI NOEL 2
Numa pesquisa que o mesmo site fez com a Oh!Panel, 50,5% das pessoas responderam que pretendiam quitar as compras deste Natal pagando à vista.
MÚSICA CHICLETE
O cantor Buchecha batizou de "Adesivo" seu próximo disco, que sai em fevereiro de 2014. "É um álbum bem misturado, com músicas para a noite, pegação, funk melody", antecipa.
Seu filho Clauci Júlio, de 14 anos, é autor de uma das faixas, onde faz o primeiro dueto com o pai.
PRÓXIMA ESTAÇÃO
Uma integrante do conselho estadual dos direitos da população LGBT de SP está acusando um motorista de ônibus da viação Breda de homofobia. Cecília Bezerra diz que, na ocasião em que teria sido alvo de intolerância, usava uma camiseta com os dizeres "respeito gay" e estava com sua companheira. Ela afirma que foi impedida pelo condutor de embarcar no veículo, que ia de Bertioga à Mogi das Cruzes, em São Paulo. "O motorista disse que gente assim, da minha espécie', não poderia entrar", conta.
MESMA COISA
A conselheira afirma que já contratou advogado para entrar com ação com pedido de indenização por danos morais contra a empresa. "Não é porque eu não sou a [cantora] Daniela Mercury [que se casou recentemente com a jornalista Malu Verçosa] que não posso falar", diz. A Breda informa que está apurando a denúncia.
FEIJÃO POP
A empresária Tania Bulhões organizou feijoada em sua loja para o stylist Yan Acioli, que lançou uma linha de camisetas. A modelo Fernanda Motta e a empresária Carol Celico, mulher do jogador Kaká, foram ao evento. O ator Thiago Adorno, o arquiteto Osvaldo Tenório e o apresentador Matheus Mazaferra também passaram por lá.
CURTO-CIRCUITO
O Bar Charles Edward faz Festa do Branco amanhã, às 21h, no Itaim Bibi. 18 anos.
O produtor cultural Expedito Araujo comemora aniversário com reunião hoje, em sua casa, nos Jardins.
O grupo Roupa Nova se apresenta nos dias 24 e 25 de janeiro no Citibank Hall. às 22h. 14 anos.
Carolina Dieckmann, 35, não está nem aí para os dois quilos que toda mulher quer perder. "Faz parte achar que pode estar sempre melhor. Mas isso não me tira a paz. Sou abençoada de ter 35 anos, dois filhos e, depois de ter engordado 30 quilos na minha segunda gestação, voltar a me sentir feliz com meu corpo", diz.
A atriz afirmou em entrevista para a revista "VIP" de janeiro que a definição de seu destino como mãe e esposa foi racional e planejada. "Escolhi a vida que tenho, casar, ser mãe cedo. Gosto de ter responsabilidade, de ter horários, comprometimento."
PODE ENTRAR
O Ministério do Turismo vai pressionar hotéis e atrativos turísticos a se tornarem acessíveis a pessoas com deficiência e dificuldade de locomoção. Uma campanha inclui a criação de aplicativo de celular em que usuários poderão avaliar a acessibilidade de 51 mil estabelecimentos. Os mais elogiados serão premiados --e os campeões de reclamação vão receber um alerta para se adaptar.
PODE ENTRAR 2
Com o lema "Um Brasil onde todos podem viajar", a campanha Turismo Acessível terá anúncios para sensibilizar empresários e administradores públicos. A iniciativa é parceria com a Secretaria de Direitos Humanos e o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência --que somam 45 milhões em todo o país.
PODE ENTRAR 3
"Estamos muito atrasados em relação à acessibilidade", diz o ministro do Turismo, Gastão Vieira. Ele cita como exemplo a Itália, que aumentou o número de visitantes, segundo ele, após melhorar as condições de circulação.
PAPAI NOEL
Entre os dez brinquedos mais procurados no site de compras Mercado Livre para este Natal estão o boneco Furby, as pistolas automáticas Nerf, piscinas de bolinhas e os minions. Cerca de 6,7 mil brinquedos foram vendidos, ou 30% a mais do que em 2012.
PAPAI NOEL 2
Numa pesquisa que o mesmo site fez com a Oh!Panel, 50,5% das pessoas responderam que pretendiam quitar as compras deste Natal pagando à vista.
MÚSICA CHICLETE
O cantor Buchecha batizou de "Adesivo" seu próximo disco, que sai em fevereiro de 2014. "É um álbum bem misturado, com músicas para a noite, pegação, funk melody", antecipa.
Seu filho Clauci Júlio, de 14 anos, é autor de uma das faixas, onde faz o primeiro dueto com o pai.
PRÓXIMA ESTAÇÃO
Uma integrante do conselho estadual dos direitos da população LGBT de SP está acusando um motorista de ônibus da viação Breda de homofobia. Cecília Bezerra diz que, na ocasião em que teria sido alvo de intolerância, usava uma camiseta com os dizeres "respeito gay" e estava com sua companheira. Ela afirma que foi impedida pelo condutor de embarcar no veículo, que ia de Bertioga à Mogi das Cruzes, em São Paulo. "O motorista disse que gente assim, da minha espécie', não poderia entrar", conta.
MESMA COISA
A conselheira afirma que já contratou advogado para entrar com ação com pedido de indenização por danos morais contra a empresa. "Não é porque eu não sou a [cantora] Daniela Mercury [que se casou recentemente com a jornalista Malu Verçosa] que não posso falar", diz. A Breda informa que está apurando a denúncia.
FEIJÃO POP
A empresária Tania Bulhões organizou feijoada em sua loja para o stylist Yan Acioli, que lançou uma linha de camisetas. A modelo Fernanda Motta e a empresária Carol Celico, mulher do jogador Kaká, foram ao evento. O ator Thiago Adorno, o arquiteto Osvaldo Tenório e o apresentador Matheus Mazaferra também passaram por lá.
CURTO-CIRCUITO
O Bar Charles Edward faz Festa do Branco amanhã, às 21h, no Itaim Bibi. 18 anos.
O produtor cultural Expedito Araujo comemora aniversário com reunião hoje, em sua casa, nos Jardins.
O grupo Roupa Nova se apresenta nos dias 24 e 25 de janeiro no Citibank Hall. às 22h. 14 anos.
Dois pesos e duas medidas - ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 26/12
O TCU está na mira do governo Dilma. Ele não quer autorizar o uso do método construtivista americano (pré-moldados) para levantar prédios para unidades pacificadoras e postos de saúde. O tribunal só aprovou o uso para creches. Essa tecnologia, descoberta por técnicos do MEC, ergue obras 24% mais baratas e que ficam prontas em cerca de sete meses em vez de dois anos.
MST: ‘O governo andou para trás’
O MST não apoia a política do governo Dilma para a reforma agrária. O seu presidente, João Paulo Rodrigues, proclama: “É uma vergonha. São dez os imóveis desapropriados pelo governo Dilma. Pior que o último governo militar (João Figueiredo), quando foram desapropriados 152 imóveis.” Ele critica a presidente por ser “refém da bancada ruralista” (162 deputados e 11 senadores) e ter “ilusão com o agronegócio”. O Ministério do Desenvolvimento Agrário passou a priorizar a produção dos atuais assentamentos. O ministro Pepe Vargas reconhece que “há acampamentos em áreas emblemáticas” (no Sul), mas explica que, nesses casos, “é impossível desapropriar”.
“A economia brasileira é uma centopeia que vai se arrastando aos trancos e barrancos, num clima de esmorecimento, de falta de ânimo e de falta de confiança”
Aloysio Nunes Ferreira
Senador (PSDB-SP), sobre a economia de duas pernas mancas do ministro Guido Mantega (Fazenda)
Novo destino
A presidente Dilma faz as últimas viagens ao exterior em janeiro. Vai a Davos, para o Fórum Econômico Mundial, a Caracas, para reunião do Mercosul, e a Cuba, para a Celac. Depois, é só Brasil, e uma agenda do Poder Executivo, política e eleitoral.
‘Tá’ dominado
A Assembleia Legislativa de São Paulo, presidida por Samuel Moreira (PSDB), na foto, fez o que, se a Câmara dos Deputados ou o Senado o fizessem, jamais teria qualquer beneplácito da opinião pública. Ela rejeitou a criação de CPI sobre “a formação de um cartel de empresas em contratos de trem e metrô do governo estadual”.
O pai da criança no site do PSB
O ex-governador Miguel Arraes é apresentado como mentor do ex-presidente Lula. Está lá: “Fez, nos seus governos, importantes projetos sociais, como Farmácia Popular, Chapéu de Palha e Luz para Todos, que inspiraram o presidente Lula.”
Quem sabe faz a hora
Os articuladores da candidatura de Aécio Neves (PSDB) ao Planalto não trabalham num cenário no qual dirigentes dos partidos médios se definam antes de maio. Eles avaliam que partidos como PTB, PDT, PR, PP, PSC e PP não vão tomar qualquer decisão antes de avaliar qual dos três candidatos tem expectativa de poder.
O mês da polarização
O PT e o PSDB vão duelar em maio. Ambos terão inserções comerciais e programa nacional na TV. O PT no dia 15.O PSDB no dia 22.O PCdoB e o PTB, aliados de Dilma, também terão rede de TV.
Na correnteza
A casa da ministra Helena Chagas (Comunicação Social) ficou alagada no sábado. Por causa das obras no Aeroporto Internacional de Brasília, a água da chuva invadiu muitas casas no Lago Sul.
O DESENHO Petistas e tucanos preveem a polarização em 2014.O PT preferia uma disputa plebiscitária. Mas o candidato do PSB mudou o campo de jogo.
O TCU está na mira do governo Dilma. Ele não quer autorizar o uso do método construtivista americano (pré-moldados) para levantar prédios para unidades pacificadoras e postos de saúde. O tribunal só aprovou o uso para creches. Essa tecnologia, descoberta por técnicos do MEC, ergue obras 24% mais baratas e que ficam prontas em cerca de sete meses em vez de dois anos.
MST: ‘O governo andou para trás’
O MST não apoia a política do governo Dilma para a reforma agrária. O seu presidente, João Paulo Rodrigues, proclama: “É uma vergonha. São dez os imóveis desapropriados pelo governo Dilma. Pior que o último governo militar (João Figueiredo), quando foram desapropriados 152 imóveis.” Ele critica a presidente por ser “refém da bancada ruralista” (162 deputados e 11 senadores) e ter “ilusão com o agronegócio”. O Ministério do Desenvolvimento Agrário passou a priorizar a produção dos atuais assentamentos. O ministro Pepe Vargas reconhece que “há acampamentos em áreas emblemáticas” (no Sul), mas explica que, nesses casos, “é impossível desapropriar”.
“A economia brasileira é uma centopeia que vai se arrastando aos trancos e barrancos, num clima de esmorecimento, de falta de ânimo e de falta de confiança”
Aloysio Nunes Ferreira
Senador (PSDB-SP), sobre a economia de duas pernas mancas do ministro Guido Mantega (Fazenda)
Novo destino
A presidente Dilma faz as últimas viagens ao exterior em janeiro. Vai a Davos, para o Fórum Econômico Mundial, a Caracas, para reunião do Mercosul, e a Cuba, para a Celac. Depois, é só Brasil, e uma agenda do Poder Executivo, política e eleitoral.
‘Tá’ dominado
A Assembleia Legislativa de São Paulo, presidida por Samuel Moreira (PSDB), na foto, fez o que, se a Câmara dos Deputados ou o Senado o fizessem, jamais teria qualquer beneplácito da opinião pública. Ela rejeitou a criação de CPI sobre “a formação de um cartel de empresas em contratos de trem e metrô do governo estadual”.
O pai da criança no site do PSB
O ex-governador Miguel Arraes é apresentado como mentor do ex-presidente Lula. Está lá: “Fez, nos seus governos, importantes projetos sociais, como Farmácia Popular, Chapéu de Palha e Luz para Todos, que inspiraram o presidente Lula.”
Quem sabe faz a hora
Os articuladores da candidatura de Aécio Neves (PSDB) ao Planalto não trabalham num cenário no qual dirigentes dos partidos médios se definam antes de maio. Eles avaliam que partidos como PTB, PDT, PR, PP, PSC e PP não vão tomar qualquer decisão antes de avaliar qual dos três candidatos tem expectativa de poder.
O mês da polarização
O PT e o PSDB vão duelar em maio. Ambos terão inserções comerciais e programa nacional na TV. O PT no dia 15.O PSDB no dia 22.O PCdoB e o PTB, aliados de Dilma, também terão rede de TV.
Na correnteza
A casa da ministra Helena Chagas (Comunicação Social) ficou alagada no sábado. Por causa das obras no Aeroporto Internacional de Brasília, a água da chuva invadiu muitas casas no Lago Sul.
O DESENHO Petistas e tucanos preveem a polarização em 2014.O PT preferia uma disputa plebiscitária. Mas o candidato do PSB mudou o campo de jogo.
Feliz ano velho - Feliz ano velho - PAINEL
FOLHA DE SP - 26/12
Um grupo de deputados governistas vai adiar o fim do ano legislativo e fará romaria a Brasília hoje na última tentativa de ver empenhadas suas emendas parlamentares. A reclamação generalizada é que o governo não cumpriu os acordos para liberação de recursos. As siglas com as maiores bancadas, como PMDB e PSD, são as que abrigam mais descontentes. Os líderes pretendem fazer plantão nos ministérios hoje e amanhã para assegurar que parte dos pleitos seja atendida.
Retrospectiva No PSD, deputados se queixam que o apoio antecipado dado à reeleição de Dilma Rousseff não se traduziu em melhor tratamento por parte do governo.
Bola pra frente Gilberto Kassab administra as insatisfações, localizadas sobretudo em Estados como Rio Grande do Norte, Goiás e Santa Catarina, mas garante que elas não vão mudar a decisão de fazer aliança com Dilma.
Mapa Os ministérios que concentram os maiores "papagaios" de emendas, segundo líderes governistas, são Cidades e Integração Nacional. Os partidos não querem Ideli Salvatti (Relações Institucionais) como interlocutora.
Boas festas Gleisi Hoffmann teve um demorado almoço com Carlos Gabas na última segunda-feira. Não foi divulgado o tema da conversa natalina. O secretário-executivo do Ministério da Previdência é um dos cotados para substituir a petista, que deixará a Casa Civil para concorrer ao governo do Paraná.
Crise 1 Dilma ordenou ao Tesouro Nacional que libere em janeiro os recursos para a compra de terras no Mato Grosso do Sul para transferir índios que ocupam fazendas na terra indígena de Buriti, nos municípios de Sidrolândia e Dourados.
Crise 2 O clima na região é tenso, com fazendeiros promovendo leilões de gado para sustentar milícias e evitar novas invasões de índios. O valor total das indenizações ainda está sendo levantado pelo Ministério da Justiça, mas a estimativa é que seja de pelo menos R$ 50 milhões.
Ho ho ho Cobrada pela imprensa capixaba por nunca ter ido ao Espírito Santo antes da viagem que fez anteontem, a presidente tentou capitalizar a visita em plena véspera de feriado: "Duvido que algum outro presidente esteve aqui no dia de Natal".
Terceira via Apesar da movimentação de políticos que tentam a indicação para o Tribunal de Contas paulistano, o prefeito Fernando Haddad (PT) tem dito a interlocutores que não descarta um técnico ou representante da sociedade civil no órgão.
Embolado A vaga no TCM é disputada pelo secretário João Antonio e pelos vereadores Arselino Tatto (PT) e Roberto Tripoli (PV).
No front De um auxiliar de Haddad, reagindo à crítica de alas do PT ao prefeito por comprar briga com aliados do governo Dilma: "É duro para um petista entender que Paulo Skaf e Kassab são amigos e devem ser poupados. Então quem é o inimigo?''.
Vazio Nenhuma montadora apresentou propostas no pregão realizado na semana passada para a compra de 94 carros para a Assembleia Legislativa de São Paulo. A primeira disputa já havia sido cancelada porque só houve uma oferta. O edital de licitação deve ser alterado.
Defensiva O Ministério da Justiça planeja oferecer treinamento a jornalistas para reduzir os riscos de ferimentos na cobertura de manifestações. A expectativa é que os black blocs voltem a atuar durante a Copa.
Em alta As estatísticas de roubos deverão aumentar em São Paulo em 2014, quando Geraldo Alckmin (PSDB) disputará a reeleição. Motivo: a Delegacia Eletrônica passou a admitir registros de assaltos pela internet. Hoje, menos de 40% das vítimas registram esse tipo de ocorrência.
tiroteio
"O PMDB do Rio quer apoiar a reeleição de Dilma. Mas, se o PT não retirar a candidatura de Lindbergh Farias, isso será impossível."
DE JORGE PICCIANI, presidente do PMDB do Rio, que descarta a possibilidade de apoiar o petista ou de aceitar que Dilma tenha palanque duplo no Estado.
contraponto
Rena do nariz vermelho
Na última votação do ano na Câmara, na terça-feira passada, que criava 94 novos cargos comissionados para o Pros e o Solidariedade, o líder do PSOL, Chico Alencar (RJ), protestou por não poder pedir verificação nominal de votos, já que a bancada não tem seis deputados.
--A votação simbólica esconde quem aprovou este trenó da alegria. O PSOL ainda não tem número para pedir os votos no painel, mas em 2015 isso vai acabar!
O líder do PPS, Rubens Bueno (RJ), único a acompanhar o PSOL contra os novos cargos, brincou:
--Vocês vão crescer sim, Chico. Mas não se deixe levar pelas ilusões do Papai Noel...
Um grupo de deputados governistas vai adiar o fim do ano legislativo e fará romaria a Brasília hoje na última tentativa de ver empenhadas suas emendas parlamentares. A reclamação generalizada é que o governo não cumpriu os acordos para liberação de recursos. As siglas com as maiores bancadas, como PMDB e PSD, são as que abrigam mais descontentes. Os líderes pretendem fazer plantão nos ministérios hoje e amanhã para assegurar que parte dos pleitos seja atendida.
Retrospectiva No PSD, deputados se queixam que o apoio antecipado dado à reeleição de Dilma Rousseff não se traduziu em melhor tratamento por parte do governo.
Bola pra frente Gilberto Kassab administra as insatisfações, localizadas sobretudo em Estados como Rio Grande do Norte, Goiás e Santa Catarina, mas garante que elas não vão mudar a decisão de fazer aliança com Dilma.
Mapa Os ministérios que concentram os maiores "papagaios" de emendas, segundo líderes governistas, são Cidades e Integração Nacional. Os partidos não querem Ideli Salvatti (Relações Institucionais) como interlocutora.
Boas festas Gleisi Hoffmann teve um demorado almoço com Carlos Gabas na última segunda-feira. Não foi divulgado o tema da conversa natalina. O secretário-executivo do Ministério da Previdência é um dos cotados para substituir a petista, que deixará a Casa Civil para concorrer ao governo do Paraná.
Crise 1 Dilma ordenou ao Tesouro Nacional que libere em janeiro os recursos para a compra de terras no Mato Grosso do Sul para transferir índios que ocupam fazendas na terra indígena de Buriti, nos municípios de Sidrolândia e Dourados.
Crise 2 O clima na região é tenso, com fazendeiros promovendo leilões de gado para sustentar milícias e evitar novas invasões de índios. O valor total das indenizações ainda está sendo levantado pelo Ministério da Justiça, mas a estimativa é que seja de pelo menos R$ 50 milhões.
Ho ho ho Cobrada pela imprensa capixaba por nunca ter ido ao Espírito Santo antes da viagem que fez anteontem, a presidente tentou capitalizar a visita em plena véspera de feriado: "Duvido que algum outro presidente esteve aqui no dia de Natal".
Terceira via Apesar da movimentação de políticos que tentam a indicação para o Tribunal de Contas paulistano, o prefeito Fernando Haddad (PT) tem dito a interlocutores que não descarta um técnico ou representante da sociedade civil no órgão.
Embolado A vaga no TCM é disputada pelo secretário João Antonio e pelos vereadores Arselino Tatto (PT) e Roberto Tripoli (PV).
No front De um auxiliar de Haddad, reagindo à crítica de alas do PT ao prefeito por comprar briga com aliados do governo Dilma: "É duro para um petista entender que Paulo Skaf e Kassab são amigos e devem ser poupados. Então quem é o inimigo?''.
Vazio Nenhuma montadora apresentou propostas no pregão realizado na semana passada para a compra de 94 carros para a Assembleia Legislativa de São Paulo. A primeira disputa já havia sido cancelada porque só houve uma oferta. O edital de licitação deve ser alterado.
Defensiva O Ministério da Justiça planeja oferecer treinamento a jornalistas para reduzir os riscos de ferimentos na cobertura de manifestações. A expectativa é que os black blocs voltem a atuar durante a Copa.
Em alta As estatísticas de roubos deverão aumentar em São Paulo em 2014, quando Geraldo Alckmin (PSDB) disputará a reeleição. Motivo: a Delegacia Eletrônica passou a admitir registros de assaltos pela internet. Hoje, menos de 40% das vítimas registram esse tipo de ocorrência.
tiroteio
"O PMDB do Rio quer apoiar a reeleição de Dilma. Mas, se o PT não retirar a candidatura de Lindbergh Farias, isso será impossível."
DE JORGE PICCIANI, presidente do PMDB do Rio, que descarta a possibilidade de apoiar o petista ou de aceitar que Dilma tenha palanque duplo no Estado.
contraponto
Rena do nariz vermelho
Na última votação do ano na Câmara, na terça-feira passada, que criava 94 novos cargos comissionados para o Pros e o Solidariedade, o líder do PSOL, Chico Alencar (RJ), protestou por não poder pedir verificação nominal de votos, já que a bancada não tem seis deputados.
--A votação simbólica esconde quem aprovou este trenó da alegria. O PSOL ainda não tem número para pedir os votos no painel, mas em 2015 isso vai acabar!
O líder do PPS, Rubens Bueno (RJ), único a acompanhar o PSOL contra os novos cargos, brincou:
--Vocês vão crescer sim, Chico. Mas não se deixe levar pelas ilusões do Papai Noel...
Guerra dos tronos - DENISE ROTHENBURG
CORREIO BRAZILIENSE - 26/12
Desde que José Serra recolocou na gaveta o sonho de concorrer à Presidência da República, o PSDB de São Paulo vive um jogo intrincado para fechar a chapa de Geraldo Alckmin à reeleição. Isso porque o ex-governador passou a olhar com interesse a possibilidade de colocar alguém do seu grupo no papel de vice e, assim, assegurar alguma influência no governo estadual.
Se vingar essa formatação de chapa pura, estará enterrado o acordo dos tucanos com o PSB. Os socialistas veem na aliança com o PSDB a chance de, no mínimo, deixar alguém bem posicionado para concorrer ao governo paulista no futuro e não planejam lançar um nome ao Senado contra o petista Eduardo Suplicy. Se não conseguir fazer o seu jogo ao lado dos tucanos, o PSB vai de chapa própria.
O problema é outro I
Uma olhada nos valores gastos pelo governo este ano na área de Transportes dá a ideia de que ali o problema não é falta de dinheiro. No início deste mês, os computadores indicavam R$ 15,9 bilhões autorizados para aplicação. Deste total, R$ 8,7 bilhões foram pagos, havia R$ 1 bilhão a pagar e R$ 6,2 bilhões seriam devolvidos ao caixa da União porque não foram aplicados ao longo deste ano.
O problema é outro II
Nessa conta, entretanto, não aparece os recursos dos tais restos a pagar. Os vetores logísticos do país — aquelas estradas consideradas mais estratégicas, passaram 2013 à base dos valores previstos para 2012, que terminaram pagos este ano.
Alta temporada
Enquanto a área de transportes trava, os estádios seguem. Em janeiro, a presidente Dilma Rousseff terá que organizar sua agenda para inaugurar três arenas, Natal, Cuiabá e Manaus. Todos os prefeitos e governadores pediram a presença dela.
Sem holofotes
Os pedidos de transferência dos presidiários condenados no processo do mensalão têm motivações que vão além da proximidade familiar. Muitos querem ficar longe de Brasília, onde a vigilância sobre as regalias é maior.
CURTIDAS
Mulheres espetaculares…/ A presidente Dilma Rousseff está rindo à toa com o sucesso da mulherada no esporte. Só nas últimas semanas, o Brasil conquistou o mundial de handebol, a seleção de futsal foi tetracampeã na Espanha e, para completar, as brasileiras venceram o Torneio Internacional de futebol feminino, em Brasília.
… Fazem a diferença/ A alegria de Dilma vai além das vitórias obtidas pelo Brasil. É que todos esses esportes têm um dedo do Bolsa Atleta a embalar as craques.
Terra dos imortais/ Fernando Henrique Cardoso tem conseguido algo que há tempos não rolava. Reunir todos os filhos e netos para o Natal. Desta vez, foi no Rio de Janeiro, onde o ex-presidente tem passado muito tempo nos últimos meses. Lá, fica a Academia Brasileira de Letras.
A visão deles/ Você acha ruim esse toma lá dá cá entre governo e a base aliada no Congresso? Pois saiba que os políticos têm orgulho disso. Apenas para exemplificar como é sério essa história das emendas individuais, o deputado Júnior Coimbra (foto), do PMDB do Tocantins, fez questão de mandar aos conterrâneos a notícia de que conseguiu R$ 12.622.000 para municípios de seu estado e prometeu ainda ficar até o final do ano por Brasília a fim de liberar mais.
Desde que José Serra recolocou na gaveta o sonho de concorrer à Presidência da República, o PSDB de São Paulo vive um jogo intrincado para fechar a chapa de Geraldo Alckmin à reeleição. Isso porque o ex-governador passou a olhar com interesse a possibilidade de colocar alguém do seu grupo no papel de vice e, assim, assegurar alguma influência no governo estadual.
Se vingar essa formatação de chapa pura, estará enterrado o acordo dos tucanos com o PSB. Os socialistas veem na aliança com o PSDB a chance de, no mínimo, deixar alguém bem posicionado para concorrer ao governo paulista no futuro e não planejam lançar um nome ao Senado contra o petista Eduardo Suplicy. Se não conseguir fazer o seu jogo ao lado dos tucanos, o PSB vai de chapa própria.
O problema é outro I
Uma olhada nos valores gastos pelo governo este ano na área de Transportes dá a ideia de que ali o problema não é falta de dinheiro. No início deste mês, os computadores indicavam R$ 15,9 bilhões autorizados para aplicação. Deste total, R$ 8,7 bilhões foram pagos, havia R$ 1 bilhão a pagar e R$ 6,2 bilhões seriam devolvidos ao caixa da União porque não foram aplicados ao longo deste ano.
O problema é outro II
Nessa conta, entretanto, não aparece os recursos dos tais restos a pagar. Os vetores logísticos do país — aquelas estradas consideradas mais estratégicas, passaram 2013 à base dos valores previstos para 2012, que terminaram pagos este ano.
Alta temporada
Enquanto a área de transportes trava, os estádios seguem. Em janeiro, a presidente Dilma Rousseff terá que organizar sua agenda para inaugurar três arenas, Natal, Cuiabá e Manaus. Todos os prefeitos e governadores pediram a presença dela.
Sem holofotes
Os pedidos de transferência dos presidiários condenados no processo do mensalão têm motivações que vão além da proximidade familiar. Muitos querem ficar longe de Brasília, onde a vigilância sobre as regalias é maior.
CURTIDAS
Mulheres espetaculares…/ A presidente Dilma Rousseff está rindo à toa com o sucesso da mulherada no esporte. Só nas últimas semanas, o Brasil conquistou o mundial de handebol, a seleção de futsal foi tetracampeã na Espanha e, para completar, as brasileiras venceram o Torneio Internacional de futebol feminino, em Brasília.
… Fazem a diferença/ A alegria de Dilma vai além das vitórias obtidas pelo Brasil. É que todos esses esportes têm um dedo do Bolsa Atleta a embalar as craques.
Terra dos imortais/ Fernando Henrique Cardoso tem conseguido algo que há tempos não rolava. Reunir todos os filhos e netos para o Natal. Desta vez, foi no Rio de Janeiro, onde o ex-presidente tem passado muito tempo nos últimos meses. Lá, fica a Academia Brasileira de Letras.
A visão deles/ Você acha ruim esse toma lá dá cá entre governo e a base aliada no Congresso? Pois saiba que os políticos têm orgulho disso. Apenas para exemplificar como é sério essa história das emendas individuais, o deputado Júnior Coimbra (foto), do PMDB do Tocantins, fez questão de mandar aos conterrâneos a notícia de que conseguiu R$ 12.622.000 para municípios de seu estado e prometeu ainda ficar até o final do ano por Brasília a fim de liberar mais.
MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO
FOLHA DE SP - 26/12
Scania investe R$ 230 mi em produção e concessionárias no interior do país
Para acompanhar o aumento da demanda por caminhões por parte do setor agrícola, a Scania vai iniciar em 2014 um processo de interiorização de suas revendas.
Serão investidos aproximadamente R$ 130 milhões na ampliação e na reestruturação da rede de lojas da montadora sueca no país.
"Se olhar o mapa atual de concessionárias, a maioria está mais próxima da costa, que é onde existiam antes os eixos econômicos", afirma Roberto Leoncini, que comanda a empresa no Brasil.
"A gente tem agora que seguir mais para o interior do país para suportar nossos clientes nas novas fronteiras de expansão agrícola", diz.
Nesse plano, regiões como Norte, Nordeste e Centro-Oeste deverão ganhar unidades.
A meta da empresa é chegar a 2016 com 134 concessionárias. Hoje, são 112.
Haverá ainda aportes em unidades existentes, em alguns casos para transferência por causa de restrições à circulação de caminhões.
"Em São Bernardo do Campo, [a concessionária] está praticamente dentro da cidade. Então, a gente deverá fazer algum investimento para sair em direção ao Rodoanel, por exemplo."
Outros R$ 100 milhões serão injetados pela companhia em melhorias na fábrica de São Bernardo para suprir a alta da demanda.
O grupo fechará 2013 com 19,9 mil caminhões comercializados, um crescimento de quase 80% em relação a 2012.
A empresa tem neste ano o modelo mais emplacado no segmento de pesados: o R-440. Foram vendidos 9.498 unidades de janeiro a novembro, segundo a Fenabrave (federação das distribuidoras).
UTENSÍLIO NORDESTINO
Com atuação focada na região Sudeste, a rede de varejo de utilidades Multicoisas planeja instalar um centro de distribuições na região Nordeste para ampliar seu alcance.
A nova unidade, ainda sem local definido, será construída em 2015.
"Hoje damos prioridade a cidades próximas às nossas bases, devido à logística e às facilidades tributárias", afirma Lindolfo Martin, fundador da empresa.
A rede tem um centro de logística em Osasco (SP) e outro em Campo Grande, seu município de origem.
"Com a nova planta, poderemos crescer de forma ordenada no Nordeste e atender as franquias existentes", afirma Nelson Oshiro, diretor da rede.
Em 2014, serão 20 novas unidades nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul.
O aporte total para as aberturas será de R$ 16 milhões. O investimento médio inicial em cada franquia é de R$ 800 mil.
Controle... A catarinense Ionics, de automação de abastecimento de frotas, entrará em 2014 em países da África e da América Central. Hoje, a companhia controla cerca 40 mil veículos.
...remoto Com a internacionalização, a empresa pretende alcançar o número de 70 mil veículos automatizados com o sistema que permite registrar o processo de abastecimento de combustíveis.
Distante A OrangeLife, empresa carioca fabricante de testes para doenças como dengue, abrirá filiais em 2014 no Camboja, na Angola, na África do Sul, nas Filipinas e na Tailândia, além de uma fábrica no Irã.
Scania investe R$ 230 mi em produção e concessionárias no interior do país
Para acompanhar o aumento da demanda por caminhões por parte do setor agrícola, a Scania vai iniciar em 2014 um processo de interiorização de suas revendas.
Serão investidos aproximadamente R$ 130 milhões na ampliação e na reestruturação da rede de lojas da montadora sueca no país.
"Se olhar o mapa atual de concessionárias, a maioria está mais próxima da costa, que é onde existiam antes os eixos econômicos", afirma Roberto Leoncini, que comanda a empresa no Brasil.
"A gente tem agora que seguir mais para o interior do país para suportar nossos clientes nas novas fronteiras de expansão agrícola", diz.
Nesse plano, regiões como Norte, Nordeste e Centro-Oeste deverão ganhar unidades.
A meta da empresa é chegar a 2016 com 134 concessionárias. Hoje, são 112.
Haverá ainda aportes em unidades existentes, em alguns casos para transferência por causa de restrições à circulação de caminhões.
"Em São Bernardo do Campo, [a concessionária] está praticamente dentro da cidade. Então, a gente deverá fazer algum investimento para sair em direção ao Rodoanel, por exemplo."
Outros R$ 100 milhões serão injetados pela companhia em melhorias na fábrica de São Bernardo para suprir a alta da demanda.
O grupo fechará 2013 com 19,9 mil caminhões comercializados, um crescimento de quase 80% em relação a 2012.
A empresa tem neste ano o modelo mais emplacado no segmento de pesados: o R-440. Foram vendidos 9.498 unidades de janeiro a novembro, segundo a Fenabrave (federação das distribuidoras).
UTENSÍLIO NORDESTINO
Com atuação focada na região Sudeste, a rede de varejo de utilidades Multicoisas planeja instalar um centro de distribuições na região Nordeste para ampliar seu alcance.
A nova unidade, ainda sem local definido, será construída em 2015.
"Hoje damos prioridade a cidades próximas às nossas bases, devido à logística e às facilidades tributárias", afirma Lindolfo Martin, fundador da empresa.
A rede tem um centro de logística em Osasco (SP) e outro em Campo Grande, seu município de origem.
"Com a nova planta, poderemos crescer de forma ordenada no Nordeste e atender as franquias existentes", afirma Nelson Oshiro, diretor da rede.
Em 2014, serão 20 novas unidades nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul.
O aporte total para as aberturas será de R$ 16 milhões. O investimento médio inicial em cada franquia é de R$ 800 mil.
Controle... A catarinense Ionics, de automação de abastecimento de frotas, entrará em 2014 em países da África e da América Central. Hoje, a companhia controla cerca 40 mil veículos.
...remoto Com a internacionalização, a empresa pretende alcançar o número de 70 mil veículos automatizados com o sistema que permite registrar o processo de abastecimento de combustíveis.
Distante A OrangeLife, empresa carioca fabricante de testes para doenças como dengue, abrirá filiais em 2014 no Camboja, na Angola, na África do Sul, nas Filipinas e na Tailândia, além de uma fábrica no Irã.
Dá para arrumar, mas... - CARLOS ALBERTO SARDENBERG
O GLOBO - 26/12
Comparando com padrão europeu, 2% de crescimento parecem bem amigáveis. Mas o Brasil está abaixo da média dos emergentes
Então ficamos assim: o Brasil cresce 2% ao ano, com a inflação na casa dos 6%. Esta é a matriz Dilma, se não houver nenhuma surpresa, positiva ou negativa, em 2014, que deve sair mais ou menos como este ano.
Está bom ou ruim?
Depende de quem se toma por modelo. Comparando com o padrão europeu, nossos 2% de crescimento parecem bem amigáveis. Mas, comparando como se deve, o Brasil está abaixo da média dos emergentes e abaixo da média da própria América Latina.
Tudo somado e subtraído, pode-se dizer que algumas ideias e práticas saíram errado. Por exemplo: estimular o consumo não leva naturalmente ao aumento dos investimentos, como acreditavam (ainda acreditam?) a economista Dilma e seus seguidores. Mais consumo sem investimentos deu em inflação e déficit nas contas externas, pela via do aumento das importações.
Também não prosperou a ideia de que os juros acima de 10% decorriam basicamente da ganância dos bancos e dos rentistas. Depois de ter colocado a taxa básica em 7,25% ao ano — recorde de baixa — o governo Dilma precisou elevá-la de novo para 10% e terá que subir mais um tanto no ano que vem, se quiser mesmo segurar a inflação não na meta de 4,5%, mas abaixo do teto de 6,5%.
A política econômica caiu assim em um momento bastante desconfortável. Depois de ter alardeado a virtude de derrubar juros, volta ao pecado de elevá-los. E mais ainda: entre os emergentes importantes, é o único que está subindo juros nesse ritmo.
Outro desconforto: depois de ter anunciado a disposição de colocar o dólar numa cotação mais favorável à indústria, o governo está tomando medidas para segurar a alta da moeda americana. Tudo porque o dólar caro pressiona a inflação. Pois é, se esse processo de valorização da moeda americana e, pois, de desvalorização do real, tivesse se iniciado com uma inflação bem baixinha, abaixo da meta, digamos, o governo até poderia deixar o dólar deslizar e absorver o choque de preços — como fazem outros países. A ideia de tolerar um pouco mais de inflação deu azar — nem deu crescimento, nem juros baixos.
Mas tem algo que o governo Dilma pode fazer já, com resultados imediatos na melhora das expectativas dos investidores e na queda do risco Brasil. Ou seja, para ganhar confiança e estimular investimentos.
Seria um choque nas contas públicas, bem explícito, ao estilo do Lula do primeiro mandato. O ideal, para essa alternativa, claro, seria a presidente Dilma colocar no comando da economia um nome comprometido com a virtude fiscal e, pois, com a realização de um superávit primário forte e crível, sem truques contábeis.
O problema é que isso causaria outro desconforto pessoal. A presidente Dilma, nas lições que deu ao mundo sobre a administração da crise global, atacou duramente a prática do ajuste fiscal. Como fazer o ajuste justo agora, no momento em que os outros estão afrouxando seus cintos, depois de bons resultados do ajuste?
INDEXAÇÕES
Dia desses, a presidente Dilma rejeitou a fórmula de reajuste de preços da gasolina e diesel, proposta pela Petrobras, dizendo ser muito perigoso adotar qualquer tipo de indexação.
O comentário é injusto com a presidente da Petrobras, Graça Foster, pois ela não sugeriu uma correção automática de preços e periódica, com base na inflação passada. Isso, sim, seria indexação. Mas Graça propôs uma fórmula que fixasse preços no mercado local com base em diversos parâmetros, como preços internacionais dos combustíveis, custos locais, cotação do dólar etc... Não é indexação, pois nesse critério os preços podem subir e cair.
Mas a presidente Dilma acertou no ataque à indexação. E tem uma indexação que está causando problemas sérios às contas públicas e ao custo Brasil. Trata-se da fórmula que corrige anualmente o salário mínimo pela inflação passada e acrescenta o ganho real equivalente ao crescimento da economia.
Ou seja, a inflação mais ganho real é indexação na veia, garantida em lei. Isso levou a um aumento do salário mínimo muito acima da produtividade nacional. Isso é custo para todas empresas, pois o mínimo pressiona para cima os demais salários. E aumentou pesadamente o gasto público, pois o governo federal paga salário mínimo para mais de 28 milhões de pessoas. É arrasador especialmente para as contas do INSS.
Todo mundo sério sabe que essa política é insustentável. E isso já no curto prazo. Seria outro choque, positivo, para as contas públicas, ainda mais se acrescido da aceitação da outra fórmula, a da Petrobras.
Seria outro passo para trás, mas o pessoal compreenderia, não compreenderia? Não?
Comparando com padrão europeu, 2% de crescimento parecem bem amigáveis. Mas o Brasil está abaixo da média dos emergentes
Então ficamos assim: o Brasil cresce 2% ao ano, com a inflação na casa dos 6%. Esta é a matriz Dilma, se não houver nenhuma surpresa, positiva ou negativa, em 2014, que deve sair mais ou menos como este ano.
Está bom ou ruim?
Depende de quem se toma por modelo. Comparando com o padrão europeu, nossos 2% de crescimento parecem bem amigáveis. Mas, comparando como se deve, o Brasil está abaixo da média dos emergentes e abaixo da média da própria América Latina.
Tudo somado e subtraído, pode-se dizer que algumas ideias e práticas saíram errado. Por exemplo: estimular o consumo não leva naturalmente ao aumento dos investimentos, como acreditavam (ainda acreditam?) a economista Dilma e seus seguidores. Mais consumo sem investimentos deu em inflação e déficit nas contas externas, pela via do aumento das importações.
Também não prosperou a ideia de que os juros acima de 10% decorriam basicamente da ganância dos bancos e dos rentistas. Depois de ter colocado a taxa básica em 7,25% ao ano — recorde de baixa — o governo Dilma precisou elevá-la de novo para 10% e terá que subir mais um tanto no ano que vem, se quiser mesmo segurar a inflação não na meta de 4,5%, mas abaixo do teto de 6,5%.
A política econômica caiu assim em um momento bastante desconfortável. Depois de ter alardeado a virtude de derrubar juros, volta ao pecado de elevá-los. E mais ainda: entre os emergentes importantes, é o único que está subindo juros nesse ritmo.
Outro desconforto: depois de ter anunciado a disposição de colocar o dólar numa cotação mais favorável à indústria, o governo está tomando medidas para segurar a alta da moeda americana. Tudo porque o dólar caro pressiona a inflação. Pois é, se esse processo de valorização da moeda americana e, pois, de desvalorização do real, tivesse se iniciado com uma inflação bem baixinha, abaixo da meta, digamos, o governo até poderia deixar o dólar deslizar e absorver o choque de preços — como fazem outros países. A ideia de tolerar um pouco mais de inflação deu azar — nem deu crescimento, nem juros baixos.
Mas tem algo que o governo Dilma pode fazer já, com resultados imediatos na melhora das expectativas dos investidores e na queda do risco Brasil. Ou seja, para ganhar confiança e estimular investimentos.
Seria um choque nas contas públicas, bem explícito, ao estilo do Lula do primeiro mandato. O ideal, para essa alternativa, claro, seria a presidente Dilma colocar no comando da economia um nome comprometido com a virtude fiscal e, pois, com a realização de um superávit primário forte e crível, sem truques contábeis.
O problema é que isso causaria outro desconforto pessoal. A presidente Dilma, nas lições que deu ao mundo sobre a administração da crise global, atacou duramente a prática do ajuste fiscal. Como fazer o ajuste justo agora, no momento em que os outros estão afrouxando seus cintos, depois de bons resultados do ajuste?
INDEXAÇÕES
Dia desses, a presidente Dilma rejeitou a fórmula de reajuste de preços da gasolina e diesel, proposta pela Petrobras, dizendo ser muito perigoso adotar qualquer tipo de indexação.
O comentário é injusto com a presidente da Petrobras, Graça Foster, pois ela não sugeriu uma correção automática de preços e periódica, com base na inflação passada. Isso, sim, seria indexação. Mas Graça propôs uma fórmula que fixasse preços no mercado local com base em diversos parâmetros, como preços internacionais dos combustíveis, custos locais, cotação do dólar etc... Não é indexação, pois nesse critério os preços podem subir e cair.
Mas a presidente Dilma acertou no ataque à indexação. E tem uma indexação que está causando problemas sérios às contas públicas e ao custo Brasil. Trata-se da fórmula que corrige anualmente o salário mínimo pela inflação passada e acrescenta o ganho real equivalente ao crescimento da economia.
Ou seja, a inflação mais ganho real é indexação na veia, garantida em lei. Isso levou a um aumento do salário mínimo muito acima da produtividade nacional. Isso é custo para todas empresas, pois o mínimo pressiona para cima os demais salários. E aumentou pesadamente o gasto público, pois o governo federal paga salário mínimo para mais de 28 milhões de pessoas. É arrasador especialmente para as contas do INSS.
Todo mundo sério sabe que essa política é insustentável. E isso já no curto prazo. Seria outro choque, positivo, para as contas públicas, ainda mais se acrescido da aceitação da outra fórmula, a da Petrobras.
Seria outro passo para trás, mas o pessoal compreenderia, não compreenderia? Não?
BC guarda canhão no arsenal - LUIZ SÉRGIO GUIMARÃES
Brasil Econômico - 26/12
Para chegar às urnas em outubro de 2014 com reais possibilidades de vitória já no primeiro turno, a presidente Dilma Rousseff precisou sacrificar um dos seus trunfos eleitorais, o juro real abaixo de 2% ao ano. Promessa de campanha em 2010, esse juro historicamente baixo precisou ser imolado para preservar intactas outras prioridades, como o pleno emprego, os gastos sociais e uma taxa de câmbio competitiva. A inflação em disparada sobretudo no primeiro trimestre do ano foi identificada como o inimigo número 1 a ser batido na marcha da reeleição.
E o Banco Central ganhou carta branca para fazer o que fosse necessário para impedir o estouro do teto de 6,5% da meta de inflação. Enquanto isso, o governo persistiria com sua política fiscal frouxa. O BC conseguiu, ao custo de agravar a dívida bruta. Puxou o juro real de 1,3% no final de 2012 para 4,2% agora, mas a inflação fechará o ano perto de 5,8%.
A atual taxa de juro real, levemente acima de 4%, parece ser o limite ao qual o BC está disposto a chegar por deliberação própria. Se for ampliada nos próximos meses será porque uma das suas variáveis — o IPCA projetado para doze meses pelo Boletim Focus, hoje oscilando perto de 6% — caiu. A outra variável — a taxa para o mesmo período do swap pré/DI negociado na BM&F — não deverá sofrer mudanças significativas ao longo de 2014 porque já precifica o congelamento da Selic quando chegar a 10,50% .
O juro real pode subir ainda mais, não por esforço do BC, mas como efeito defasado do aperto monetário já efetuado. Como o BC cumpriu a sua missão, sem se importar como rompimento do tabu político do juro nominal de dois dígitos, o restante do governo teve de entrar no jogo para consolidar o placar. Depois que as agências de rating ameaçaram reduzir a nota de crédito soberano, uma agenda de políticas mais amigáveis aos interesses do mercado começou a ser cumprida.
Mágicas fiscais foram rechaçadas, benesses políticas foram cortadas, os repasses do Tesouro ao BNDES passaram a ser racionados, as regras às concessões se tornaram mais vantajosas e estreitou-se o diálogo com o setor produtivo. A execução da chamada Nova Matriz Econômica (o amolecimento do tripé formado por meta de inflação, câmbio flutuante e superávit primário) foi arquivada (provisoriamente?). Para cumprir a sua parte, o BC optou por uma gestão clássica da política monetária.
Elegeu a taxa básica de juros como principal instrumento de combate à inflação. Alçou a Selic de 7,25% em abril para 10% agora. O mercado, por meio do seu mais confiável termômetro, acredita que irá elevá-la até 10,5% e não mexer mais nela até o próximo governo. A opção preferencial pelo juro alto visou um ataque triplo, desenvolvido pelos três canais primordiais de transmissão das decisões monetárias para a economia: 1) Comprimira demanda geral por crédito e o consumo, elevando o custo dos empréstimos e aumentando a atratividade das aplicações financeiras. A ideia é transformar o consumidor em investidor; 2) Agir sobre as expectativas de consumidores e empresários.
Os primeiros, acossados pelo medo do desemprego, aumentariam sua poupança e os segundos segurariam repasses de custos aos preços por temor de perda de mercado; 3) Atrair capitais estrangeiros de curto prazo de forma a apreciara taxa de câmbio e reduzir preços de importados. Trata-se de um caminho ortodoxo muito bem-visto pelos mercados. Um aperto monetário tradicional amplia os ganhos de tesouraria e as receitas de crédito.
O problema é que, se houver exagero, poderá implicar em severa perda de PIB. Pior: dada a lentidão com a qual age sobre a economia, não se conhece exatamente toda a extensão negativa que um ciclo longo de aumento de juros pode provocar. É por isso que, após um avanço acumulado de 2,75 pontos, o BC não vê a hora de encerrá-lo. Um ciclo desse porte equivale a minar a economia lentamente com pequenos mais insistentes socos no fígado, de repente ela desaba e demora a se levantar. Os danos ao organismo podem ser sentidos até um ano depois de desferidos os golpes.
A via alternativa equivale a um direto de direita no queixo: a elevação dos depósitos compulsórios. Tem duas vantagens sobre ouso da Selic: faz efeito sobre a inflação em no máximo três meses, quando o aperto clássico leva em média nove meses; e não encarece o custo da dívida pública. Sobre o estoque da dívida mobiliária federal, de R$ 2 trilhões, o atual ciclo de alta da Selic aumenta a despesa em R$ 55 bilhões.Mas traz desvantagens: a elevação do compulsório só ataca o excesso de liquidez que aumenta a demanda agregada e gera inflação.
Não contribui nem para atrair investimentos estrangeiros necessários para derrubar o dólar e, com isso, sedar a inflação,nem para aumentar o poder de sedução das aplicações financeiras desenhadas para os investidores locais.Mas trata-se de um porrete que pode ser acionado caso a inflação do ano que vem venha a sofrer pressões de demanda, cujo combate pela via ortodoxa seria muito demorado e custoso.
Isso já foi feito no passado, e não pode ser considerado uma heresia. Hoje em 44% sobre os depósitos à vista, o recolhimento não remunerado aos cofres do BC já foi de 60% em 2003 e chegou a 75%no crítico ano de 1999. A mexida na alíquota hoje de 20% incidente sobre os depósitos a prazo, embora contenha a expansão do crédito, é menos utilizada porque o volume recolhido é remunerado pela variação da Selic.
De qualquer forma, o BC pode levar a cabo a sua intenção de encerrar o ciclo de aperto quando a taxa básica chegar a 10,25% ou 10,5% com tranquilidade. Pois sabe que, se precisar, tem um canhão no seu arsenal.
E o Banco Central ganhou carta branca para fazer o que fosse necessário para impedir o estouro do teto de 6,5% da meta de inflação. Enquanto isso, o governo persistiria com sua política fiscal frouxa. O BC conseguiu, ao custo de agravar a dívida bruta. Puxou o juro real de 1,3% no final de 2012 para 4,2% agora, mas a inflação fechará o ano perto de 5,8%.
A atual taxa de juro real, levemente acima de 4%, parece ser o limite ao qual o BC está disposto a chegar por deliberação própria. Se for ampliada nos próximos meses será porque uma das suas variáveis — o IPCA projetado para doze meses pelo Boletim Focus, hoje oscilando perto de 6% — caiu. A outra variável — a taxa para o mesmo período do swap pré/DI negociado na BM&F — não deverá sofrer mudanças significativas ao longo de 2014 porque já precifica o congelamento da Selic quando chegar a 10,50% .
O juro real pode subir ainda mais, não por esforço do BC, mas como efeito defasado do aperto monetário já efetuado. Como o BC cumpriu a sua missão, sem se importar como rompimento do tabu político do juro nominal de dois dígitos, o restante do governo teve de entrar no jogo para consolidar o placar. Depois que as agências de rating ameaçaram reduzir a nota de crédito soberano, uma agenda de políticas mais amigáveis aos interesses do mercado começou a ser cumprida.
Mágicas fiscais foram rechaçadas, benesses políticas foram cortadas, os repasses do Tesouro ao BNDES passaram a ser racionados, as regras às concessões se tornaram mais vantajosas e estreitou-se o diálogo com o setor produtivo. A execução da chamada Nova Matriz Econômica (o amolecimento do tripé formado por meta de inflação, câmbio flutuante e superávit primário) foi arquivada (provisoriamente?). Para cumprir a sua parte, o BC optou por uma gestão clássica da política monetária.
Elegeu a taxa básica de juros como principal instrumento de combate à inflação. Alçou a Selic de 7,25% em abril para 10% agora. O mercado, por meio do seu mais confiável termômetro, acredita que irá elevá-la até 10,5% e não mexer mais nela até o próximo governo. A opção preferencial pelo juro alto visou um ataque triplo, desenvolvido pelos três canais primordiais de transmissão das decisões monetárias para a economia: 1) Comprimira demanda geral por crédito e o consumo, elevando o custo dos empréstimos e aumentando a atratividade das aplicações financeiras. A ideia é transformar o consumidor em investidor; 2) Agir sobre as expectativas de consumidores e empresários.
Os primeiros, acossados pelo medo do desemprego, aumentariam sua poupança e os segundos segurariam repasses de custos aos preços por temor de perda de mercado; 3) Atrair capitais estrangeiros de curto prazo de forma a apreciara taxa de câmbio e reduzir preços de importados. Trata-se de um caminho ortodoxo muito bem-visto pelos mercados. Um aperto monetário tradicional amplia os ganhos de tesouraria e as receitas de crédito.
O problema é que, se houver exagero, poderá implicar em severa perda de PIB. Pior: dada a lentidão com a qual age sobre a economia, não se conhece exatamente toda a extensão negativa que um ciclo longo de aumento de juros pode provocar. É por isso que, após um avanço acumulado de 2,75 pontos, o BC não vê a hora de encerrá-lo. Um ciclo desse porte equivale a minar a economia lentamente com pequenos mais insistentes socos no fígado, de repente ela desaba e demora a se levantar. Os danos ao organismo podem ser sentidos até um ano depois de desferidos os golpes.
A via alternativa equivale a um direto de direita no queixo: a elevação dos depósitos compulsórios. Tem duas vantagens sobre ouso da Selic: faz efeito sobre a inflação em no máximo três meses, quando o aperto clássico leva em média nove meses; e não encarece o custo da dívida pública. Sobre o estoque da dívida mobiliária federal, de R$ 2 trilhões, o atual ciclo de alta da Selic aumenta a despesa em R$ 55 bilhões.Mas traz desvantagens: a elevação do compulsório só ataca o excesso de liquidez que aumenta a demanda agregada e gera inflação.
Não contribui nem para atrair investimentos estrangeiros necessários para derrubar o dólar e, com isso, sedar a inflação,nem para aumentar o poder de sedução das aplicações financeiras desenhadas para os investidores locais.Mas trata-se de um porrete que pode ser acionado caso a inflação do ano que vem venha a sofrer pressões de demanda, cujo combate pela via ortodoxa seria muito demorado e custoso.
Isso já foi feito no passado, e não pode ser considerado uma heresia. Hoje em 44% sobre os depósitos à vista, o recolhimento não remunerado aos cofres do BC já foi de 60% em 2003 e chegou a 75%no crítico ano de 1999. A mexida na alíquota hoje de 20% incidente sobre os depósitos a prazo, embora contenha a expansão do crédito, é menos utilizada porque o volume recolhido é remunerado pela variação da Selic.
De qualquer forma, o BC pode levar a cabo a sua intenção de encerrar o ciclo de aperto quando a taxa básica chegar a 10,25% ou 10,5% com tranquilidade. Pois sabe que, se precisar, tem um canhão no seu arsenal.
Bioenergia e ciência na ilha da fantasia - ANDRÉ MELONI NASSAR
O Estado de S.Paulo - 26/12
O Comitê Científico sobre Problemas Ambientais (Scope, na sigla em inglês), organização vinculada, entre outros, à Unesco e Unep, convidou a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) para coordenar a produção de um relatório analisando as questões de sustentabilidade das bioenergias. A participação da Fapesp vem com a bagagem dos programas de bioenergia (Bioen), de biodiversidade (Biota) e sobre mudanças climáticas (PFPMCG), coordenados pela fundação. A Fapesp montou um time de peso de cientistas e pesquisadores reconhecidos internacionalmente para produzir esse relatório.
Os coordenadores dos capítulos do relatório passaram uma semana reunidos na Unesco em intensos debates, buscando chegar a acordos sobre questões centrais ligadas à bioenergia. Temas como bioenergia e segurança alimentar, bioenergia e segurança energética, bioenergia e desenvolvimento e bioenergia e meio ambiente foram discutidos em profundidade. E, mais importante, foram analisados sob uma perspectiva de ciência, sem engajamentos políticos ou ideológicos.
O relatório, quando publicado, derrubará muitos mitos sobre as interfaces entre bioenergia e sustentabilidade e deixará claro que a bioenergia tem um importante papel a cumprir nas questões ambientais, sociais e econômicas. Ele vai dar argumentos e fatos àqueles que acreditam que substituir fontes não renováveis por bioenergias é uma opção a ser seguida por todas as sociedades. Pena que o governo brasileiro não escute seus cientistas.
Não posso reclamar de ter passado uma semana em Paris discutindo temas de bioenergia. Eles estão no meu sangue e, como para todos os brasileiros ali, a convicção da importância e da necessidade da bioenergia para o desenvolvimento do Brasil somente cresce. À medida que a semana passava, consolidava-se a visão de que o País ainda tem grande liderança mundial no tema de bioenergia, até mesmo num público de pesquisadores de países tradicionalmente mais produtivos em ciência, em geral, do que nós. O exemplo da cana-de-açúcar brasileira, com o etanol e a bioeletricidade, era reverberado a todo momento, não só por brasileiros, mas também por estrangeiros. Mas a semana em Paris foi como estar numa ilha da fantasia. A realidade, no entanto, é dinâmica e a brasileira perdeu sua fantasia há muito tempo.
A bioenergia já entrou numa fase de transição dos modelos de primeira geração para as tecnologias de segunda geração, nas quais o aproveitamento das plantas utilizadas é muito maior e das quais se produz uma gama mais ampla e diversificada de produtos, que vão muito além do etanol do suco da cana e energia pela queima do bagaço. O Brasil está em situação privilegiada porque, por causa da combinação entre álcool anidro, hidratado e açúcar, tem grande produção de cana-de-açúcar disponível para múltiplos usos de segunda geração.
Mas o desenvolvimento das tecnologias de segunda geração no Brasil não está garantido porque temos cana-de-açúcar. Disponibilidade de biomassa, sem dúvida, é fator determinante. E também não está garantido porque o BNDES tem um programa de financiamento para inovação nesta área. O Brasil precisa escolher qual o papel da bioenergia na oferta de combustíveis líquidos, produtos químicos e eletricidade. A escolha feita pelo atual governo foi subsidiar os combustíveis fósseis, e sua consequência mais óbvia, além dos prejuízos ao caixa da Petrobrás, foi eliminar todos os estímulos em investimentos em bioenergia.
Ao subsidiar os derivados de petróleo, o governo brecou todos os investimentos em cana, prejudicando não só o etanol, mas também a eletricidade do bagaço, tão importante para garantir segurança em certos períodos do ano. Mais do que isso, o governo pode pôr o Brasil à margem dos investidores que hoje procuram regiões com oferta de biomassa para investir em segunda geração de base agrícola. Se alguns reclamavam de que o Brasil tinha virado uma grande senzala, imaginem o que será deste país quando estivermos na era do carvão.
O Comitê Científico sobre Problemas Ambientais (Scope, na sigla em inglês), organização vinculada, entre outros, à Unesco e Unep, convidou a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) para coordenar a produção de um relatório analisando as questões de sustentabilidade das bioenergias. A participação da Fapesp vem com a bagagem dos programas de bioenergia (Bioen), de biodiversidade (Biota) e sobre mudanças climáticas (PFPMCG), coordenados pela fundação. A Fapesp montou um time de peso de cientistas e pesquisadores reconhecidos internacionalmente para produzir esse relatório.
Os coordenadores dos capítulos do relatório passaram uma semana reunidos na Unesco em intensos debates, buscando chegar a acordos sobre questões centrais ligadas à bioenergia. Temas como bioenergia e segurança alimentar, bioenergia e segurança energética, bioenergia e desenvolvimento e bioenergia e meio ambiente foram discutidos em profundidade. E, mais importante, foram analisados sob uma perspectiva de ciência, sem engajamentos políticos ou ideológicos.
O relatório, quando publicado, derrubará muitos mitos sobre as interfaces entre bioenergia e sustentabilidade e deixará claro que a bioenergia tem um importante papel a cumprir nas questões ambientais, sociais e econômicas. Ele vai dar argumentos e fatos àqueles que acreditam que substituir fontes não renováveis por bioenergias é uma opção a ser seguida por todas as sociedades. Pena que o governo brasileiro não escute seus cientistas.
Não posso reclamar de ter passado uma semana em Paris discutindo temas de bioenergia. Eles estão no meu sangue e, como para todos os brasileiros ali, a convicção da importância e da necessidade da bioenergia para o desenvolvimento do Brasil somente cresce. À medida que a semana passava, consolidava-se a visão de que o País ainda tem grande liderança mundial no tema de bioenergia, até mesmo num público de pesquisadores de países tradicionalmente mais produtivos em ciência, em geral, do que nós. O exemplo da cana-de-açúcar brasileira, com o etanol e a bioeletricidade, era reverberado a todo momento, não só por brasileiros, mas também por estrangeiros. Mas a semana em Paris foi como estar numa ilha da fantasia. A realidade, no entanto, é dinâmica e a brasileira perdeu sua fantasia há muito tempo.
A bioenergia já entrou numa fase de transição dos modelos de primeira geração para as tecnologias de segunda geração, nas quais o aproveitamento das plantas utilizadas é muito maior e das quais se produz uma gama mais ampla e diversificada de produtos, que vão muito além do etanol do suco da cana e energia pela queima do bagaço. O Brasil está em situação privilegiada porque, por causa da combinação entre álcool anidro, hidratado e açúcar, tem grande produção de cana-de-açúcar disponível para múltiplos usos de segunda geração.
Mas o desenvolvimento das tecnologias de segunda geração no Brasil não está garantido porque temos cana-de-açúcar. Disponibilidade de biomassa, sem dúvida, é fator determinante. E também não está garantido porque o BNDES tem um programa de financiamento para inovação nesta área. O Brasil precisa escolher qual o papel da bioenergia na oferta de combustíveis líquidos, produtos químicos e eletricidade. A escolha feita pelo atual governo foi subsidiar os combustíveis fósseis, e sua consequência mais óbvia, além dos prejuízos ao caixa da Petrobrás, foi eliminar todos os estímulos em investimentos em bioenergia.
Ao subsidiar os derivados de petróleo, o governo brecou todos os investimentos em cana, prejudicando não só o etanol, mas também a eletricidade do bagaço, tão importante para garantir segurança em certos períodos do ano. Mais do que isso, o governo pode pôr o Brasil à margem dos investidores que hoje procuram regiões com oferta de biomassa para investir em segunda geração de base agrícola. Se alguns reclamavam de que o Brasil tinha virado uma grande senzala, imaginem o que será deste país quando estivermos na era do carvão.
O mito das férias até o Carnaval - VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SP - 26/12
País reduz a marcha por motivos econômicos e 'sazonais', como em tantos lugares do mundo
"O BRASIL só volta a funcionar depois do Carnaval", diz a lenda. Fecha por estes dias de "festas", reabre nas Cinzas. O ano que vem, de Copa, eleições e um abril generoso de feriados, seria ainda menor (em 2014, Tiradentes, 21 de abril, vem logo depois da Semana Santa).
É verdade que vadiaremos até o Carnaval? Não, óbvio que não. O dito popular faz parte do nosso repertório de frases autodepreciativas e, no caso, ressentidas. Para os adeptos do clichê, o país seria uma droga porque somos carnavalescos demais, adeptos da folgança. No entanto, quase todos vamos trabalhar como sempre até o Carnaval e depois; talvez durante também. Mas um invejado "alguém", um bode expiatório, vadiaria no início do ano.
É verdade, ainda assim, que o país para até o Carnaval? De certo modo, sim, como outros. A Europa Ocidental fica meio morta no verão. Mesmo os americanos dão uma pausa, até no mercado financeiro. O "depois do Carnaval" deles é setembro, mês de simbolismos (políticos e sociais), de "volta à real" e de mudanças de humor significativas. Afora o fim das férias, lamenta-se que virão o frio e os dias curtos e escuros. Aqui, temos as férias das crianças. O trânsito de São Paulo fica 1,347% menos infernal. Circula-se menos, consome-se menos.
O número de horas trabalhadas cai no primeiro bimestre ou trimestre. Há menos gente trabalhando. Descontadas outras influências, no início do ano a quantidade de horas trabalhadas cai de 1,5% a 2%. Parece pouco. Mas, na média, em meses "normais", queda desse tamanho seria sinal de crise feia.
O que se passa é meio óbvio. Trabalhadores temporários do comércio, alguns serviços e indústria perdem o emprego após o esforço de produção e vendas para os meses melhores, no final do ano. Há folgas coletivas. A construção, em especial nos Estados da estação de chuvas (centro-sul), reduz a marcha.
O comércio pena com a classe média sazonalmente depauperada: as pessoas gastaram demais no final do ano e serão atropeladas por impostos e conta da escola privada.
Sim, há recessos no serviço público, no Judiciário e nos Parlamentos, o que chama a atenção, dada a má fama laboral dos políticos. Com o recesso, o governo fica na leseira. Como o Brasil depende demais do governo (dinheiro, favores e fofocas), parece ainda mais que o tempo parou. Sim, não há futebol ou esportes em geral; o pessoal de teatro e música dá um tempo. Aparecem vinhetas de Carnaval na TV e reportagens de praia. Parece que está todo mundo fazendo fantasia de Carnaval e tostando na areia, menos a gente. Só que não. Sim, muda o "climão". Sim, nós e o resto do mundo passamos por ciclos. Só isso.
País reduz a marcha por motivos econômicos e 'sazonais', como em tantos lugares do mundo
"O BRASIL só volta a funcionar depois do Carnaval", diz a lenda. Fecha por estes dias de "festas", reabre nas Cinzas. O ano que vem, de Copa, eleições e um abril generoso de feriados, seria ainda menor (em 2014, Tiradentes, 21 de abril, vem logo depois da Semana Santa).
É verdade que vadiaremos até o Carnaval? Não, óbvio que não. O dito popular faz parte do nosso repertório de frases autodepreciativas e, no caso, ressentidas. Para os adeptos do clichê, o país seria uma droga porque somos carnavalescos demais, adeptos da folgança. No entanto, quase todos vamos trabalhar como sempre até o Carnaval e depois; talvez durante também. Mas um invejado "alguém", um bode expiatório, vadiaria no início do ano.
É verdade, ainda assim, que o país para até o Carnaval? De certo modo, sim, como outros. A Europa Ocidental fica meio morta no verão. Mesmo os americanos dão uma pausa, até no mercado financeiro. O "depois do Carnaval" deles é setembro, mês de simbolismos (políticos e sociais), de "volta à real" e de mudanças de humor significativas. Afora o fim das férias, lamenta-se que virão o frio e os dias curtos e escuros. Aqui, temos as férias das crianças. O trânsito de São Paulo fica 1,347% menos infernal. Circula-se menos, consome-se menos.
O número de horas trabalhadas cai no primeiro bimestre ou trimestre. Há menos gente trabalhando. Descontadas outras influências, no início do ano a quantidade de horas trabalhadas cai de 1,5% a 2%. Parece pouco. Mas, na média, em meses "normais", queda desse tamanho seria sinal de crise feia.
O que se passa é meio óbvio. Trabalhadores temporários do comércio, alguns serviços e indústria perdem o emprego após o esforço de produção e vendas para os meses melhores, no final do ano. Há folgas coletivas. A construção, em especial nos Estados da estação de chuvas (centro-sul), reduz a marcha.
O comércio pena com a classe média sazonalmente depauperada: as pessoas gastaram demais no final do ano e serão atropeladas por impostos e conta da escola privada.
Sim, há recessos no serviço público, no Judiciário e nos Parlamentos, o que chama a atenção, dada a má fama laboral dos políticos. Com o recesso, o governo fica na leseira. Como o Brasil depende demais do governo (dinheiro, favores e fofocas), parece ainda mais que o tempo parou. Sim, não há futebol ou esportes em geral; o pessoal de teatro e música dá um tempo. Aparecem vinhetas de Carnaval na TV e reportagens de praia. Parece que está todo mundo fazendo fantasia de Carnaval e tostando na areia, menos a gente. Só que não. Sim, muda o "climão". Sim, nós e o resto do mundo passamos por ciclos. Só isso.
O preço do abandono da política econômica em 2013 - GILMAR MENDES LOURENÇO
GAZETA DO POVO - 26/12
Uma breve apreciação da trajetória da produção e dos negócios no Brasil, ao longo de 2013, permite prospectar um quadro nada animador para 2014, apesar dos inegáveis impactos expansivos da Copa do Mundo e do ciclo eleitoral. A antevisão do indesejável é respaldada no fato de que pela primeira vez em 20 anos – desde o lançamento do Programa de Ação Imediata (PAI), em maio de 1993, durante o governo Itamar Franco –, o país encerra um ano completamente desprovido de orientação macroeconômica.
Ainda que hesite em reconhecer, o governo federal abandonou o tripé composto por metas de inflação, superávits fiscais primários e câmbio flutuante que, mesmo não garantindo o regresso do crescimento econômico sustentado, dada a ausência das reformas estruturais, assegurou a preservação da estabilidade monetária entre 1999 e 2010 – essencial, mesmo que não suficiente, para a deflagração de uma nova fase virtuosa.
O mais gritante, contudo, é que, além de não manifestar interesse na colocação de um projeto consistente no lugar do sepultado, a administração Dilma optou por priorizar, de forma atabalhoada, três eixos de ações estruturais bastante discutíveis. O primeiro deles reside no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que mais parece um empreendimento imobiliário, com a alocação de mais da metade dos recursos no programa Minha Casa, Minha Vida.
O segundo vetor engloba o Plano Brasil Maior, sustentado na equivocada premissa de que desonerações tributárias seletivas conformariam uma política industrial. O terceiro elemento compreende as privatizações, chamadas, de forma envergonhada, de concessões, que representaram o ápice de um intervencionismo pouco racional, ao embutir exigências de qualidade e definições de taxas de retorno dos empreendimentos transferidos à iniciativa privada.
Não por acaso, a nação terminou 2013 amargando desequilíbrios recordes nas contas externas; deterioração das finanças públicas, com queda do saldo primário e elevação do déficit nominal; e resistência da inflação em patamares próximos de 6% ao ano, longe do centro da meta de 4,5% ao ano, fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e monitorada pelo Banco Central, com a agravante de que os preços livres transitam em órbita bastante superior.
Na mesma linha, surgiram maravilhosos fracassos nos leilões de concessões de infraestrutura, exceto dos aeroportos de Confins e do Galeão; declínio dos investimentos diretos estrangeiros; ameaça de descida de degraus no rating do risco financeiro mundial, aferido por empresas internacionais especializadas; e variação do Produto Interno Bruto (PIB) inferior a 2,5%, implicando média de 2% ao ano no triênio 2011-2013, contra 4% ao ano entre 2003 e 2010.
Só a título de ilustração, a formação bruta de capital fixo, ou taxa de investimento, atingiu 19,1% do PIB no terceiro trimestre de 2013, situando-se acima dos 18,4% e 18,7% alcançados no trimestre imediatamente anterior e entre julho e setembro de 2012, respectivamente. No entanto, tal nível ainda está bastante abaixo daquele registrado no terceiro trimestre de 2011 (20%), ou mesmo do precedente ao colapso financeiro mundial (20,6%), apurado no lapso julho-setembro de 2008, o que, infelizmente, ampara os cenários de pífio crescimento.
Uma breve apreciação da trajetória da produção e dos negócios no Brasil, ao longo de 2013, permite prospectar um quadro nada animador para 2014, apesar dos inegáveis impactos expansivos da Copa do Mundo e do ciclo eleitoral. A antevisão do indesejável é respaldada no fato de que pela primeira vez em 20 anos – desde o lançamento do Programa de Ação Imediata (PAI), em maio de 1993, durante o governo Itamar Franco –, o país encerra um ano completamente desprovido de orientação macroeconômica.
Ainda que hesite em reconhecer, o governo federal abandonou o tripé composto por metas de inflação, superávits fiscais primários e câmbio flutuante que, mesmo não garantindo o regresso do crescimento econômico sustentado, dada a ausência das reformas estruturais, assegurou a preservação da estabilidade monetária entre 1999 e 2010 – essencial, mesmo que não suficiente, para a deflagração de uma nova fase virtuosa.
O mais gritante, contudo, é que, além de não manifestar interesse na colocação de um projeto consistente no lugar do sepultado, a administração Dilma optou por priorizar, de forma atabalhoada, três eixos de ações estruturais bastante discutíveis. O primeiro deles reside no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que mais parece um empreendimento imobiliário, com a alocação de mais da metade dos recursos no programa Minha Casa, Minha Vida.
O segundo vetor engloba o Plano Brasil Maior, sustentado na equivocada premissa de que desonerações tributárias seletivas conformariam uma política industrial. O terceiro elemento compreende as privatizações, chamadas, de forma envergonhada, de concessões, que representaram o ápice de um intervencionismo pouco racional, ao embutir exigências de qualidade e definições de taxas de retorno dos empreendimentos transferidos à iniciativa privada.
Não por acaso, a nação terminou 2013 amargando desequilíbrios recordes nas contas externas; deterioração das finanças públicas, com queda do saldo primário e elevação do déficit nominal; e resistência da inflação em patamares próximos de 6% ao ano, longe do centro da meta de 4,5% ao ano, fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e monitorada pelo Banco Central, com a agravante de que os preços livres transitam em órbita bastante superior.
Na mesma linha, surgiram maravilhosos fracassos nos leilões de concessões de infraestrutura, exceto dos aeroportos de Confins e do Galeão; declínio dos investimentos diretos estrangeiros; ameaça de descida de degraus no rating do risco financeiro mundial, aferido por empresas internacionais especializadas; e variação do Produto Interno Bruto (PIB) inferior a 2,5%, implicando média de 2% ao ano no triênio 2011-2013, contra 4% ao ano entre 2003 e 2010.
Só a título de ilustração, a formação bruta de capital fixo, ou taxa de investimento, atingiu 19,1% do PIB no terceiro trimestre de 2013, situando-se acima dos 18,4% e 18,7% alcançados no trimestre imediatamente anterior e entre julho e setembro de 2012, respectivamente. No entanto, tal nível ainda está bastante abaixo daquele registrado no terceiro trimestre de 2011 (20%), ou mesmo do precedente ao colapso financeiro mundial (20,6%), apurado no lapso julho-setembro de 2008, o que, infelizmente, ampara os cenários de pífio crescimento.
Risco do desânimo - MIRIAM LEITÃO
O GLOBO - 26/12
O economista José Roberto Mendonça de Barros disse que houve, no segundo semestre deste ano, uma rápida deterioração das expectativas dos empresários. “As empresas se convenceram de que o país vai continuar crescendo pouco e, por isso, estão reduzindo investimentos e determinando cortes de gastos. Isso preocupa porque adia a recuperação.”
Ele disse que, nos contatos com empresas de várias áreas, notava que a previsão que faziam era de um período curto de baixo crescimento; agora a perspectiva mudou.
— Isso altera o comportamento da empresa, que em vez de ficar em compasso de espera, toma decisões como a de não dar descontos, reduzir custos drasticamente, postergar investimentos. Isso sozinho já produz o efeito negativo de manter o baixo crescimento — diz José Roberto, da MB Associados.
A consultoria dele está prevendo um crescimento de 1,9% no ano que vem. O que é um pouco menos do que este ano. A inflação deve ficar em 6%.
A agricultura, segundo Mendonça de Barros, não deve repetir o forte crescimento de dois dígitos de 2013.O número deste ano foi resultado em parte do bom desempenho do setor, mas também do fato de que a produção foi comparada com uma base baixa do ano anterior. Na indústria, não deve ser diferente:
— O setor automotivo vai trabalhar com uma sobra de 1,5 milhão de veículos, quando todas as fábricas estiverem funcionando. Já está atualmente com estoque.
O balanço de pagamentos deve ser beneficiado pela desvalorização cambial mais acentuada, que vai impulsionar as exportações e reduzir importações. Por outro lado, será um empurrão a mais na inflação.
— A política monetária vai depender do câmbio — acredita Mendonça de Barros.
O economista sustenta que pior do que os números fracos é o ambiente negativo entre empresas provocado por vários problemas que foram se acumulando. Um deles, a situação crítica do setor elétrico:
— Com o perdão da expressão, mas o setor elétrico está em estado de choque. Descapitalizado, sem horizonte para investir e sem saber quando a situação se normaliza após a intervenção do ano passado. A Petrobras também está descapitalizada. Esses são dois pesos importantes para a economia. Nós estamos acumulando problemas em várias áreas — disse.
Desse tipo de questão se fala em virada de ano, para que seja corrigida. Há o que fazer para aumentar o ânimo desses empresários que estão pondo investimentos na gaveta. Mendonça de Barros disse que as concessões licitadas, mesmo sendo feitas “no apagar das luzes”, destravou um pouco o investimento.
O ano de 2014 é eleitoral e normalmente o governo aumenta o gasto para tentar produzir um clima de mais otimismo. Se isso acontecer, terá o efeito inverso: de piorar as expectativas dos empresários já preocupados com a questão fiscal. Atualmente, esse tema assusta até os economistas que costumavam defender a política econômica.
O temor do governo é de que haja um rebaixamento da nota do Brasil em 2014. Economistas que ouvi acham que, por ser um ano eleitoral, as agências vão preferir adiar. Elas já alertaram. Não vão querer provocar maiores tremores no ano que vem.
Mas se o quadro fiscal continuar se deteriorando, na visão de Mendonça de Barros, o ano de 2015 também será difícil. O país estaria então completando o quinto ano de baixo crescimento e sob o risco de rebaixamento da nota. Por isso, o melhor seria começar a ajustar as contas já no ano que vem, mesmo sendo um ano eleitoral. O maior dos riscos, no entanto, é continuar esse desânimo entre os empresários, detectado por Mendonça de Barros.
Crepúsculo dos dicionários - CELSO MING
O Estado de S.Paulo - 26/12
Se você aprendeu a amar os dicionários, não se assuste com o título acima. Não é o fim; há de ser apenas a espera de um novo amanhecer.
Se com alguns cliques é possível, gratuitamente, encontrar significados e uma infinidade de informações sobre palavras na internet, ficou, também, cada vez menor a disposição do consumidor em investir até R$ 300 em um dicionário consagrado. Até recentemente presença garantida nas estantes dos lares brasileiros de classe média, os dicionários estão perdendo seu lugar.
Embora não divulguem seus números, as editoras dos três principais dicionários brasileiros - Aurélio, Houaiss e Michaelis - admitem estagnação nas vendas nos últimos três anos, depois de um pico em 2009, quando do início da vigência do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Os dados mais recentes do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), divulgados em 2012, apontam uma redução de 7,7% no total de leitores no País entre 2007 e 2011 e queda de 46,7% do porcentual de interessados no gênero dicionários e enciclopédias.
"Percebemos gradativa redução na procura por dicionários impressos e maior demanda por conteúdos digitais", observa Roberto Feith, diretor-geral da Objetiva, editora dos dicionários Houaiss. Mesmo com versões disponíveis em CD e DVD, o aproveitamento do conteúdo da publicação em aplicativos para celulares e tablets é visto com cautela. "Ainda não encontramos um modelo de negócios apropriado."
Para Breno Lermer, superintendente da Melhoramentos, editora dos dicionários Michaelis, o horizonte do mercado eletrônico permanece nebuloso: "Há uma cultura de preços baixos nas versões digitais sob o falso argumento de que não existe o produto físico. Mas o custo de preparo de um dicionário é o mesmo, seja em papel, seja em formato digital".
Por enquanto, a maior demanda por exemplares impressos de Houaiss, Aurélio e Michaelis continua concentrada em escolas e no segmento estudantil. E, ainda que um mesmo dicionário possa ser utilizado durante todo período de aprendizado escolar (e mesmo depois), a transição para as ferramentas digitais nas instituições de ensino ainda vai demorar a acontecer, porque envolve investimentos em equipamentos e esforços de integração com os métodos tradicionais.
O que resta às editoras daqui para a frente? "Estamos em busca de saídas. É difícil de imaginar a moçada consultando nossa maior edição, que pesa quase 4 quilos", lamenta Lermer, da Melhoramentos. Com negócios em outros sete países, a editora vem investindo na sessão e no aluguel do seu banco de dados da língua portuguesa para empresas e portais da internet. O licenciamento de conteúdo para empresas estrangeiras também está em estudo na Objetiva.
O mais provável é que, para se manter no mercado, os editores de dicionários adotem a estratégia da tradicional Enciclopédia Britânica, que em março de 2012, depois de 244 anos de sucesso, decidiu pôr fim à edição em papel. Na ocasião, a companhia anunciou a concentração nos conteúdos digitais, o que inclui softwares e livros digitais para escolas, aplicativos para celulares e tablets, além de material atualizado diariamente no site e disponível para assinantes.
Diferentemente das editoras de dicionários brasileiros, que começaram a investir em edições digitais há menos de dez anos, a Enciclopédia Britânica foi pioneira no lançamento de exemplares em CD-ROM, em 1989. Também foi a primeira a editar conteúdo na internet em 1994 e produtos específicos para celulares em 2000. Ou seja, quando as vendas despencaram de 120 mil conjuntos vendidos em 1990 para 8,5 mil em 2010, as iniciativas que depois permitiram o fim da edição impressa já tinham sido tomadas.
No Brasil, cerca de 45% dos leitores entrevistados pelo SNEL em 2011 desconheciam a existência de livros digitais e, entre os que já conheciam, 82% nunca tinham lido um e-book. Sinal de que há longo caminho a ser percorrido pelas editoras brasileiras, não apenas no desenvolvimento de conteúdos mais atrativos, mas na própria formação dos futuros leitores.
Se você aprendeu a amar os dicionários, não se assuste com o título acima. Não é o fim; há de ser apenas a espera de um novo amanhecer.
Se com alguns cliques é possível, gratuitamente, encontrar significados e uma infinidade de informações sobre palavras na internet, ficou, também, cada vez menor a disposição do consumidor em investir até R$ 300 em um dicionário consagrado. Até recentemente presença garantida nas estantes dos lares brasileiros de classe média, os dicionários estão perdendo seu lugar.
Embora não divulguem seus números, as editoras dos três principais dicionários brasileiros - Aurélio, Houaiss e Michaelis - admitem estagnação nas vendas nos últimos três anos, depois de um pico em 2009, quando do início da vigência do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Os dados mais recentes do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL), divulgados em 2012, apontam uma redução de 7,7% no total de leitores no País entre 2007 e 2011 e queda de 46,7% do porcentual de interessados no gênero dicionários e enciclopédias.
"Percebemos gradativa redução na procura por dicionários impressos e maior demanda por conteúdos digitais", observa Roberto Feith, diretor-geral da Objetiva, editora dos dicionários Houaiss. Mesmo com versões disponíveis em CD e DVD, o aproveitamento do conteúdo da publicação em aplicativos para celulares e tablets é visto com cautela. "Ainda não encontramos um modelo de negócios apropriado."
Para Breno Lermer, superintendente da Melhoramentos, editora dos dicionários Michaelis, o horizonte do mercado eletrônico permanece nebuloso: "Há uma cultura de preços baixos nas versões digitais sob o falso argumento de que não existe o produto físico. Mas o custo de preparo de um dicionário é o mesmo, seja em papel, seja em formato digital".
Por enquanto, a maior demanda por exemplares impressos de Houaiss, Aurélio e Michaelis continua concentrada em escolas e no segmento estudantil. E, ainda que um mesmo dicionário possa ser utilizado durante todo período de aprendizado escolar (e mesmo depois), a transição para as ferramentas digitais nas instituições de ensino ainda vai demorar a acontecer, porque envolve investimentos em equipamentos e esforços de integração com os métodos tradicionais.
O que resta às editoras daqui para a frente? "Estamos em busca de saídas. É difícil de imaginar a moçada consultando nossa maior edição, que pesa quase 4 quilos", lamenta Lermer, da Melhoramentos. Com negócios em outros sete países, a editora vem investindo na sessão e no aluguel do seu banco de dados da língua portuguesa para empresas e portais da internet. O licenciamento de conteúdo para empresas estrangeiras também está em estudo na Objetiva.
O mais provável é que, para se manter no mercado, os editores de dicionários adotem a estratégia da tradicional Enciclopédia Britânica, que em março de 2012, depois de 244 anos de sucesso, decidiu pôr fim à edição em papel. Na ocasião, a companhia anunciou a concentração nos conteúdos digitais, o que inclui softwares e livros digitais para escolas, aplicativos para celulares e tablets, além de material atualizado diariamente no site e disponível para assinantes.
Diferentemente das editoras de dicionários brasileiros, que começaram a investir em edições digitais há menos de dez anos, a Enciclopédia Britânica foi pioneira no lançamento de exemplares em CD-ROM, em 1989. Também foi a primeira a editar conteúdo na internet em 1994 e produtos específicos para celulares em 2000. Ou seja, quando as vendas despencaram de 120 mil conjuntos vendidos em 1990 para 8,5 mil em 2010, as iniciativas que depois permitiram o fim da edição impressa já tinham sido tomadas.
No Brasil, cerca de 45% dos leitores entrevistados pelo SNEL em 2011 desconheciam a existência de livros digitais e, entre os que já conheciam, 82% nunca tinham lido um e-book. Sinal de que há longo caminho a ser percorrido pelas editoras brasileiras, não apenas no desenvolvimento de conteúdos mais atrativos, mas na própria formação dos futuros leitores.