FOLHA DE SP - 05/12
Os caminhos da liberdade passam por nós como cavalos encilhados: poucas vezes ao longo de uma vida
A onda de comoção por Genoino preso e doente foi dissipada pela notícia de que, possivelmente, José Dirceu passará o dia fora da prisão, administrando um hotel brasiliense: ele terá almoço, lanche, piscina, quarto, encontros com quem ele quiser e R$ 20 mil por mês.
Alguém brinca: por R$ 20 mil por mês, se, durante o dia, posso me encontrar com quem eu quiser e comer "à la carte", eu passo as noites em cana sem problema. Entendo a indignação: com livre acesso a visitas e telefones, Dirceu poderia continuar as mesmas atividades políticas pelas quais ele foi condenado.
De qualquer forma, o episódio me levou a pensar, mais geralmente, no que é, para mim, a privação de liberdade.
Para refletir nessa questão (e em outras), sugiro o filme "Trem Noturno para Lisboa", de Bille August. Chatice: no filme, todos, suíço-alemães e portugueses, falam inglês, como se fosse o idioma do Espírito Santo. Aguente: a história vale a pena.
O filósofo Peter Bieri (bernense, como o protagonista da história) publicou, em 2001, "Das Handwerk der Freiheit" (Hanser), um bonito ensaio sobre "o ofício da liberdade" (existe uma tradução francesa, "La Liberté, un Métier"). Uma das ideias é que a liberdade é um trabalho incessante para inventar os futuros que queremos e para ter a coragem de fazê-los acontecer.
Bieri também escreve romances, com o pseudônimo de Pascal Mercier. Entre eles, em 2004, ele escreveu "Trem Noturno para Lisboa" (Record), que foi um (merecido) sucesso mundo afora e deu lugar ao filme que está agora em cartaz.
A história de "Trem Noturno para Lisboa" é, de alguma forma, ligada ao ensaio sobre liberdade publicado por Bieri três anos antes.
Gregorius, um solitário e insone professor que acha sua própria vida insossa, é fascinado pelas lutas e os amores de Amadeu de Prado e de seus amigos, no Portugal da época salazarista.
Mas Gregorius conhece a história de Amadeu só porque ele, Gregorius, deu prova de uma liberdade talvez maior que a de Amadeu e companhia, quando ele pegou um trem para Lisboa sem mala e sem pré-aviso, só para correr atrás do passado evocado num livro no qual ele esbarrou por acaso.
Ou seja, a coragem de Amadeu e de seus amigos é uma grande qualidade, mas o verdadeiro campeão da liberdade é Gregorius subindo no trem para Lisboa.
Gregorius estava de pijama não só em casa, mas, por assim dizer, na vida. De repente, na tentativa de salvar uma moça suicida, ele larga seu guarda-chuva --todos os seus guarda-chuvas, inclusive o amparo de sua Suíça natal.
Ele se parece com o protagonista hipotético de um conto de Kafka na coletânea "Contemplação" (Companhia das Letras), "O Passeio Repentino". Nele, Kafka pede que imaginemos um momento em que nos entregamos à rotina e ao seu conforto: é noite, está frio e chove lá fora, acabamos de tirar a roupa molhada e já percorremos o ritual que nos levará ao aconchego quente e final de nossa cama. Se, de repente, levantarmos, tirarmos o roupão, vestirmos casacos e galochas para sair e encarar a obscuridade e o vento da rua deserta, então, ele diz, poderemos "ascender à nossa verdadeira estatura".
Desta vez, Kafka não conta a história de quem, a vida toda, sentado diante do castelo, esperou para entrar, sem se dar conta de que a porta talvez estivesse aberta e lhe fosse reservada desde sempre. Desta vez, ele conta a história de nossa dificuldade para sair: a história da prisão de nossa inércia, a prisão de quem não se atreve a encarar o gelo lá fora.
Para quem vive confortavelmente numa prisão que ele mesmo construiu, é como se o conforto e o aconchego pudessem esconder os muros e as grades de sua casa, que é, sem ele saber, uma prisão --eventualmente, dourada.
Se estamos com medo de encarar as consequências de nossa liberdade e, por isso, vivemos em prisões douradas que não enxergamos e que nós mesmos construímos, certamente não temos como entender de quê estão sendo privados os presos, sobretudo quando eles têm direito a piscina e pizza.
Pois bem, eles estão sendo privados da liberdade de subir um dia num trem noturno para Lisboa --atrás de nada, atrás de um livro encontrado no casaco de uma menina que queria se matar.
Alguém dirá que tanto faz: de qualquer forma, acasos como o encontro de Gregorius com o livro de Amadeu são raros, se não únicos. Concordo, mas cuidado, os caminhos da liberdade são infinitos, mas passam por nós como cavalos encilhados: poucas vezes ao longo de uma vida.
quinta-feira, dezembro 05, 2013
Poesia das cavernas - MARIO SERGIO CONTI
O GLOBO - 05/12
A experiência de estar na escuridão desses ambientes só pode ser traduzida em versos
Marcelo Déda, o governador de Sergipe que morreu há poucos dias, gostava de poesia e sol. Fazia e declamava versos de cor. O sol de Aracaju lhe era um bálsamo, como demonstrou ao inaugurar um presídio, há quatro anos. Déda falou, falou, falou e recitou poemas. Já Tarso Genro, então ministro da Justiça, deu-lhe uma bronca.
A inauguração, perto do meio-dia, foi numa periferia poeirenta, sem brisa e sombra que amenizassem o calor do cão. Como os únicos a se regozijarem com a inauguração de uma cadeia seriam os presos, e eles estavam bem trancafiados, o público era de figurões da província: vereadores, deputados, procuradores, delegados, comandantes e desembargadores que comboiavam séquitos de subalternos e cupinchas. No palanque, Déda se referiu a todos eles — eram dezenas — pelo nome, enalteceu-os, fez salamaleques a seus cônjuges. A lista não acabava nunca. Já a peça oratória propriamente dita, de eloquência abrasadora como o ambiente, durou o dobro da eternidade.
Tarso Genro se achegou ao microfone com os cabelos molhados de quem estivesse saindo do mar, caso houvesse um mar fervente por ali. Era suor. Lívido dentro do paletó alagado, parecia que ia ter uma síncope. Profissional, fez cumprimentos protocolares e disse da importância do presídio para esvaziar as delegacias. Mas afirmou que o Brasil melhoraria se os discursos não fossem tão compridos; que o gongorismo dos políticos os afastava do povo; que a falta de objetividade dificultava a solução de problemas. Como foi polido, ninguém estranhou a crítica. Ou então o sol derretera o miolo de todos.
Marcelo Déda conversou com Tarso a respeito do assunto depois. Argumentou que fazer política era também aproximar as pessoas por meio da palavra pública. A tradição nordestina de se referir às pessoas nominalmente, informou, é diferente da gaúcha, na qual o ministro se formara. Divergiram de bom humor e não chegaram a conclusão nenhuma. No avião de volta para Brasília, Tarso Genro comentou a prolixidade da política: “Não tem jeito, é assim. Passo quatro horas por dia ouvindo palavras inúteis”.
Naquele dia, em Aracaju, a incandescência que inviabilizava o pensamento e entorpecia a emoção, a vacuidade da poesia, a ferocidade das cores, o burburinho das gentes e a impossibilidade de intercâmbio entre elas — tudo servia de flagrante para a miséria da política institucional. O oposto a esse inferno, no entanto, existe. O paraíso está nas cavernas e, outra vez, na poesia.
As cavernas ficam no sul de São Paulo, no Alto Ribeira. São mais de 350, a maior concentração da Terra. Elas se formaram no período Cambriano, estão lá há 500 milhões de anos. É formidável o contraste entre a Mata Atlântica original, uma das poucas remanescentes no país, e o reino da escuridão.
Acima do solo, milhares de espécies a se entredevorar, os milhões de odores, os bilhões de muriçocas assassinas. Formas de vida que estouram para todos os lados e não duram nada. O amálgama hostil e disforme da selva, a umidade pegajosa, o abafamento. A água violenta que despenca em cachoeiras ribombantes.
Metros abaixo, rochas calcárias antiquíssimas que se dissolvem solenemente em tênues riachos subterrâneos. Pingos vagarosos que caem como música hipnótica, formando estalactites e estalagmites. O odor uniforme dos morcegos. Nenhuma planta, frio, escuridão, silêncio. Não a morte, contudo.
Desce-se devagar numa caverna. Com capacete, lanterna e galochas. Depois de algumas centenas de metros percorrendo túneis, que obrigam o abandono da postura ereta habitual, o atarefado mundo fica para trás de vez. A experiência não é inusitada, parece não apenas ter sido vivida como apreciada. Os barulhos remotos, as formas abauladas da rocha calcária, a luz líquida, o aconchego de ter a paisagem ao alcance da mão e o ruído calmo das correntes de água lembram os meses intrauterinos — o tempo no qual éramos, mas o mundo não, e o corpo da mãe nos envolvia como a pedra calcária. O ser ainda não era criatura.
No fundo da caverna, o guia falou para apagarmos as lanternas e ficarmos quietos. Aí se vê o que nunca se viu sequer em sonho: a escuridão sem resto de luz de sol, lâmpada e lua; de céu ou cidade. O preto total da morte. E aos poucos se percebe que os rumores da natureza são os do corpo: o sopro da respiração, o bater do coração, os gestos surdos de um homem das cavernas.
A experiência só pode ser traduzida em poesia, invenção que Marcelo Déda lembrou até para comemorar o recolhimento de seus semelhantes a uma caverna construída pelo homem, o presídio. Ele apreciaria os versos de Auden:
Quando tento imaginar um amor sem erro
Ou a vida que virá, o que ouço é o murmúrio
De águas subterrâneas, o que vejo é uma paisagem calcária.
A experiência de estar na escuridão desses ambientes só pode ser traduzida em versos
Marcelo Déda, o governador de Sergipe que morreu há poucos dias, gostava de poesia e sol. Fazia e declamava versos de cor. O sol de Aracaju lhe era um bálsamo, como demonstrou ao inaugurar um presídio, há quatro anos. Déda falou, falou, falou e recitou poemas. Já Tarso Genro, então ministro da Justiça, deu-lhe uma bronca.
A inauguração, perto do meio-dia, foi numa periferia poeirenta, sem brisa e sombra que amenizassem o calor do cão. Como os únicos a se regozijarem com a inauguração de uma cadeia seriam os presos, e eles estavam bem trancafiados, o público era de figurões da província: vereadores, deputados, procuradores, delegados, comandantes e desembargadores que comboiavam séquitos de subalternos e cupinchas. No palanque, Déda se referiu a todos eles — eram dezenas — pelo nome, enalteceu-os, fez salamaleques a seus cônjuges. A lista não acabava nunca. Já a peça oratória propriamente dita, de eloquência abrasadora como o ambiente, durou o dobro da eternidade.
Tarso Genro se achegou ao microfone com os cabelos molhados de quem estivesse saindo do mar, caso houvesse um mar fervente por ali. Era suor. Lívido dentro do paletó alagado, parecia que ia ter uma síncope. Profissional, fez cumprimentos protocolares e disse da importância do presídio para esvaziar as delegacias. Mas afirmou que o Brasil melhoraria se os discursos não fossem tão compridos; que o gongorismo dos políticos os afastava do povo; que a falta de objetividade dificultava a solução de problemas. Como foi polido, ninguém estranhou a crítica. Ou então o sol derretera o miolo de todos.
Marcelo Déda conversou com Tarso a respeito do assunto depois. Argumentou que fazer política era também aproximar as pessoas por meio da palavra pública. A tradição nordestina de se referir às pessoas nominalmente, informou, é diferente da gaúcha, na qual o ministro se formara. Divergiram de bom humor e não chegaram a conclusão nenhuma. No avião de volta para Brasília, Tarso Genro comentou a prolixidade da política: “Não tem jeito, é assim. Passo quatro horas por dia ouvindo palavras inúteis”.
Naquele dia, em Aracaju, a incandescência que inviabilizava o pensamento e entorpecia a emoção, a vacuidade da poesia, a ferocidade das cores, o burburinho das gentes e a impossibilidade de intercâmbio entre elas — tudo servia de flagrante para a miséria da política institucional. O oposto a esse inferno, no entanto, existe. O paraíso está nas cavernas e, outra vez, na poesia.
As cavernas ficam no sul de São Paulo, no Alto Ribeira. São mais de 350, a maior concentração da Terra. Elas se formaram no período Cambriano, estão lá há 500 milhões de anos. É formidável o contraste entre a Mata Atlântica original, uma das poucas remanescentes no país, e o reino da escuridão.
Acima do solo, milhares de espécies a se entredevorar, os milhões de odores, os bilhões de muriçocas assassinas. Formas de vida que estouram para todos os lados e não duram nada. O amálgama hostil e disforme da selva, a umidade pegajosa, o abafamento. A água violenta que despenca em cachoeiras ribombantes.
Metros abaixo, rochas calcárias antiquíssimas que se dissolvem solenemente em tênues riachos subterrâneos. Pingos vagarosos que caem como música hipnótica, formando estalactites e estalagmites. O odor uniforme dos morcegos. Nenhuma planta, frio, escuridão, silêncio. Não a morte, contudo.
Desce-se devagar numa caverna. Com capacete, lanterna e galochas. Depois de algumas centenas de metros percorrendo túneis, que obrigam o abandono da postura ereta habitual, o atarefado mundo fica para trás de vez. A experiência não é inusitada, parece não apenas ter sido vivida como apreciada. Os barulhos remotos, as formas abauladas da rocha calcária, a luz líquida, o aconchego de ter a paisagem ao alcance da mão e o ruído calmo das correntes de água lembram os meses intrauterinos — o tempo no qual éramos, mas o mundo não, e o corpo da mãe nos envolvia como a pedra calcária. O ser ainda não era criatura.
No fundo da caverna, o guia falou para apagarmos as lanternas e ficarmos quietos. Aí se vê o que nunca se viu sequer em sonho: a escuridão sem resto de luz de sol, lâmpada e lua; de céu ou cidade. O preto total da morte. E aos poucos se percebe que os rumores da natureza são os do corpo: o sopro da respiração, o bater do coração, os gestos surdos de um homem das cavernas.
A experiência só pode ser traduzida em poesia, invenção que Marcelo Déda lembrou até para comemorar o recolhimento de seus semelhantes a uma caverna construída pelo homem, o presídio. Ele apreciaria os versos de Auden:
Quando tento imaginar um amor sem erro
Ou a vida que virá, o que ouço é o murmúrio
De águas subterrâneas, o que vejo é uma paisagem calcária.
O abuso acabou, mas a dor continua - GLAUCIO SOARES
CORREIO BRAZILIENSE - 05/12
A prisão de estuprador de menores provoca, em muitos, sensação de justiça. Um alívio porque, pelo menos, durante um tempo, o pedófilo não causará danos a outras crianças. E encerram a conta. Não deveriam. A vitimização não é ato, é processo. Continua. Um preço altíssimo continua a ser pago pelas pequenas vítimas. Em alguns casos, até a morte.
Em setembro, pesquisadores associados com a National Academy of Sciences divulgaram os resultados de ampla pesquisa sobre os danos causados aos infantes. O abuso lhes modifica o cérebro, e as consequências podem persistir indefinidamente. As sequelas serão menores se as crianças forem competentemente tratadas.
Porém, em demasiados casos, não haverá tratamento, e a violência sofrida seguirá influenciando a saúde física e mental, a capacidade de autocontrole (de impulsos e emoções), as notas na escola, o absenteísmo, a capacidade de fazer amigos, tanto como crianças, como depois, como adultos.
A lista é longa: redução da capacidade de aprendizagem cognitiva e socioemocional, limitação do desenvolvimento da comunicação e do idioma se o abuso incluir pancadas na cabeça, cegueira e muito mais. O risco de ter problemas cardiovasculares também é mais elevado, assim como doenças hepáticas e pulmonares; obesidade e tudo o que ela acarreta, inclusive pressão alta, colesterol alto e maior risco de câncer.
A ansiedade, clinicamente diagnosticada, é muito comum e comportamentos tais como fumar muito cedo, usar drogas, abusar do álcool. E há mortes, além dos homicídios intencionais: só em 2011, mais de 1.500 crianças perderam a vida por maus-tratos nos Estados Unidos. É taxa de 2,1 mortes por 100 mil crianças (USDHHS, 2012) - o mesmo índice de homicídios na população total na Finlândia no mesmo ano. A perspectiva para o resto da vida é má.
No sentido amplo, que inclui abuso físico e sexual, falta de carinho e de cuidado e várias outras dimensões, uma em cada sete crianças americanas sofrerá abuso. Só em 2011, foram mais de 600 mil. Pesquisa nacional, feita nos Estados Unidos com 4.500 crianças e jovens de até 17 anos, revelou que uma em sete foi ou será vítima de abuso este ano. Isso significa que, naquele país, a probabilidade de que uma criança seja vítima de abuso em algum momento da vida é muito alta e, algumas, repetidas vezes.
Não se trata de fenômeno americano. Segundo a NSPCC, mais de 50 mil meninos e meninas vivem em situação de risco de abuso na Grã-Bretanha. Um em cada quatro jovens britânicos foi vítima de abuso (todos os tipos) durante a infância. Pesquisa australiana que usou dados do Australian Bureau of Statistics" National Survey of Mental Health and Well-being enfatizou as pesadas consequências do abuso combinado, que inclui abuso físico e sexual. O risco de suicídio feminino na população australiana é de 1,2, mas, entre as que sofreram abuso combinado, o risco disparava para 17,5. Entre homens, os pesquisadores focaram o uso de drogas. Na população masculina, o risco salta de 7,5 para 25,8.
Como seria de esperar, o custo é enorme. O custo, na vida adulta, de crianças que foram abusadas sexualmente é o dobro do de crianças que não passaram pelo suplício. Contudo, o custo dos muitos tratamentos médicos das que sofreram abuso combinado é seis vezes o de crianças com histórias normais. Os abusos continuam pesando nos orçamentos públicos por muito tempo depois de acabarem.
Há o perigo de confundir a ausência de crime com a ausência de estatísticas sobre o crime. O abuso e o abandono de crianças (child abuse and neglect - CAN) são pouco documentados e as estatísticas são inexistentes em vários países. O Balkan Epidemiological Study on Child Abuse & Neglect afirma que os dados são quase inexistentes nos países menos desenvolvidos, inclusive os da Europa Oriental, incluindo os Bálcãs.
Em alguns, devido a guerras civis e regionais, há muitas descrições de casos e mais casos, mas não há estatísticas, o que nos leva a dependência dos países que pesquisam e publicam sobre o tema, gerando a falsa impressão de que se trata de fenômeno característico desses países. Infelizmente, é exatamente nas nações com piores estatísticas que as descrições assistemáticas são mais frequentes. O Brasil é um deles.
Ueba! PIB é Pinto Indo pro Brejo! - JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 05/12
Eu adoro falar de PIB porque ninguém sabe o que é! Notícia econômica é a coisa mais democrática do mundo
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! São Paulo tá zicada! SP Zica Week! Semana da Zica: o Itaquerão caiu, o Memorial pegou fogo e um prédio em Guarulhos desabou. E eu fui tomar um banho de sal grosso e escorreguei no box! Zica!
E o amigo-secreto no Congresso? Um deputado pega o presente e diz: "O meu amigo secreto tem seis mandatos, 16 processos por corrupção e nunca foi preso". "Sou eu!" "Sou eu!" "Sou eu!" "Sou eu!" Trezentos gritos de "sou eu". E quem não gritou "sou eu" é porque tem mais de 16 processos! Rarará!
E só se fala em PIB! Telejornais, jornais, rádios: PIB! PIB! PIB! Semana onomatopaica! Antes era o helipóptero do Perrella: pó pó pó! Agora é PIB PIB PIB! Lei de Murphy! O PIB caiu com o Mantega pra baixo. O PIB fez PIF! Produto Interno Pífio!
E eu adoro falar de PIB porque ninguém sabe o que é! Perguntei prum cara na padaria: "O que é PIB?". E ele: "Produto Interno Bruto". "E o que é Produto Interno Bruto?" Cara de paisagem! Rarará! Eu sei! PIB quer dizer Pobreza Individual do Brasileiro!
E na casa daquela minha amiga, PIB quer dizer Pinto Irremediavelmente Brocha. Pinto Indo pro Brejo! Rarará!
E sabe o que a Dilma gritou pro Mantega: "Maaaaantega! Cuidado pra não pisar no PIB". E ouvir um grito da Dilma é pior que prender o pinto no zíper da calça! AAAIII! Rarará!
E adorei o Mantega com língua presa falando: "Crrrescimento no terrceiro trrrimestrrrree!".
E notícia econômica é a coisa mais democrática do mundo: ninguém entende nada! E adorei a charge do Amarildo: "O helipóptero do Perrella é triflex: querosene, verba pública e pó". Rarará! Neste Natal, vai nevar em Minas! Rarará! É mole? É mole, mas sobe!
O Brasileiro é Cordial! Olha o adesivo que um funcionário dos Correios botou na caneta Bic: "Quem pegar essa caneta é corno". Vou botar na minha também! Ninguém resiste a roubar uma Bic!
E esta placa na piscina de um hotel em São Luís do Maranhão: "Não tocamos CD de cliente e não repetimos música". Poxa! "Daria pra vocês repetirem aquela música da Alcione?" "NÃO!" Rarará!
Hoje, só amanhã!
Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
Eu adoro falar de PIB porque ninguém sabe o que é! Notícia econômica é a coisa mais democrática do mundo
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! São Paulo tá zicada! SP Zica Week! Semana da Zica: o Itaquerão caiu, o Memorial pegou fogo e um prédio em Guarulhos desabou. E eu fui tomar um banho de sal grosso e escorreguei no box! Zica!
E o amigo-secreto no Congresso? Um deputado pega o presente e diz: "O meu amigo secreto tem seis mandatos, 16 processos por corrupção e nunca foi preso". "Sou eu!" "Sou eu!" "Sou eu!" "Sou eu!" Trezentos gritos de "sou eu". E quem não gritou "sou eu" é porque tem mais de 16 processos! Rarará!
E só se fala em PIB! Telejornais, jornais, rádios: PIB! PIB! PIB! Semana onomatopaica! Antes era o helipóptero do Perrella: pó pó pó! Agora é PIB PIB PIB! Lei de Murphy! O PIB caiu com o Mantega pra baixo. O PIB fez PIF! Produto Interno Pífio!
E eu adoro falar de PIB porque ninguém sabe o que é! Perguntei prum cara na padaria: "O que é PIB?". E ele: "Produto Interno Bruto". "E o que é Produto Interno Bruto?" Cara de paisagem! Rarará! Eu sei! PIB quer dizer Pobreza Individual do Brasileiro!
E na casa daquela minha amiga, PIB quer dizer Pinto Irremediavelmente Brocha. Pinto Indo pro Brejo! Rarará!
E sabe o que a Dilma gritou pro Mantega: "Maaaaantega! Cuidado pra não pisar no PIB". E ouvir um grito da Dilma é pior que prender o pinto no zíper da calça! AAAIII! Rarará!
E adorei o Mantega com língua presa falando: "Crrrescimento no terrceiro trrrimestrrrree!".
E notícia econômica é a coisa mais democrática do mundo: ninguém entende nada! E adorei a charge do Amarildo: "O helipóptero do Perrella é triflex: querosene, verba pública e pó". Rarará! Neste Natal, vai nevar em Minas! Rarará! É mole? É mole, mas sobe!
O Brasileiro é Cordial! Olha o adesivo que um funcionário dos Correios botou na caneta Bic: "Quem pegar essa caneta é corno". Vou botar na minha também! Ninguém resiste a roubar uma Bic!
E esta placa na piscina de um hotel em São Luís do Maranhão: "Não tocamos CD de cliente e não repetimos música". Poxa! "Daria pra vocês repetirem aquela música da Alcione?" "NÃO!" Rarará!
Hoje, só amanhã!
Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
O moço de Benfica - CORA RÓNAI
O GLOBO - 05/12
Os melhores luthiers, vindos das melhores escolas europeias, não consertavam uma flauta como ele. Graças a isso, muitas flautas antigas, já aposentadas, voltaram a cantar pelo Rio
Era uma vez um moço que morava no subúrbio. Chamava-se Carlos Cesar e, na garagem de casa, montou uma pequena oficina onde consertava flautas. No começo atendia aos músicos das bandas militares que moravam na vizinhança mas, aos poucos, sua fama foi se espalhando pela cidade — e, logo, todos os flautistas do Rio de Janeiro passaram a bater ponto em Benfica. Mais um tempo, e flautistas de outros estados, atraídos pela fama do luthier, também passaram a enviar seus instrumentos para ele.
O problema é que toda flauta sofre um processo natural de desgaste. O forro das sapatilhas — que são aquelas chaves que os flautistas apertam com os dedos para tampar os buracos do cilindro e formar diferentes notas — perde a elasticidade e, com isso, deixa o ar vazar. A consequência é triste: desafinação total.
Forrar uma sapatilha, porém, não é para qualquer sapateiro. Ela tem que ficar tão bem adaptada ao corpo da flauta, mas tão bem adaptada, para que a vedação seja total e ar algum consiga escapar. A arte envolve jornal (faz isso com um iPad!), feltro e baudruche, ou tripa de peixe — o mesmo material que se usava em perfumaria para lacrar os vidros de essência.
— Quem foi que chegou à conclusão de que tinha que ser assim? — perguntei à Laura, que me contou essa história. — E por que justo jornal?
— Ninguém sabe. É uma tradição antiga.
— Mas quando as flautas transversas foram inventadas os jornais ainda não existiam...
— Mas as sapatilhas também não! As transversas do século XVII tinham uma única chave, de couro. As flautas só ganharam sapatilhas no século XIX.
Por algum motivo que não pretendo descobrir nesta encarnação, há pessoas que têm um talento fora do comum para combinar jornal, feltro e tripa de peixe, e o moço de Benfica era uma dessas pessoas. Os melhores luthiers, vindos das melhores escolas europeias, não consertavam uma flauta como ele. Graças a isso, muitas flautas antigas, já aposentadas, voltaram a cantar pelo Rio. Durante uma época, por sinal, ninguém mais na cidade teve medo de comprar flauta velha, porque era certo que o Carlos Cesar daria um jeito no instrumento.
— Ele era tão bom que, quando acabava um trabalho, tirava as molas das sapatilhas, apagava a luz da garagem e acendia uma lanterninha dentro da flauta. Não escapava nem luz, quem dirá ar!
Um dia, Laura foi a Benfica levar ou trazer uma dessas flautas combalidas, e o luthier lhe pediu um favor. Precisava comprar um feltro específico, usado pela Wm. S. Haynes, uma fábrica de instrumentos americana, porque não havia nada melhor no mercado. Como não falava inglês, pediu que ela entrasse em contato com os fabricantes.
Laura voltou para casa, escreveu para a fábrica, explicou quem era o Carlos Cesar e, algumas semanas depois, recebeu um pacote pelo correio. Era um metro de feltro, que a Wm. S. Haynes mandava de presente para o luthier de Benfica. Mas, quando viu o feltro, ele ficou muito desapontado.
— Não é esse o feltro que eles usam nas flautas, não — disse, assim que botou a mão no tecido. E mostrou à Laura um pedaço do outro, como comparação.
— Só que os dois eram exatamente iguais! — conta a Laura. — A cor era a mesma, o peso, a espessura... Não havia diferença nenhuma, mas o Carlos Cesar insistiu comigo para que escrevesse de novo para a fábrica. Tentei demovê-lo da ideia, disse que estava maluco, que os dois feltros eram iguaizinhos, mas ele não quis nem saber. De modo que escrevi novamente. Agradeci a gentileza deles, disse que estava até constrangida, mas que o nosso luthier teimava em dizer que o feltro que eles usavam nas flautas era diferente do que o que lhe haviam enviado. E, pelo sim pelo não, juntei duas amostrinhas.
Três semanas depois chegou a resposta da fábrica. Os diretores estavam abismados. O feltro era realmente diferente, um grande segredo de fabricação. Só que nunca ninguém, em lugar algum, jamais havia dado por essa diferença. Eles queriam conhecer o luthier que descobrira o segredo e o convidaram a visitá-los, com todas as despesas pagas.
De modo que lá se foi o Carlos Cesar para Boston, onde lhe ofereceram um emprego. Ele estava na dúvida se aceitava, os amigos daqui insistiram, e ele chegou a passar algum tempo lá, mas as saudades do Brasil foram mais fortes. Lá fazia frio, as pessoas eram fechadas, não tinha roda de samba...
Com o dinheiro recebido, o moço comprou algumas flautas velhas que, voltando ao Brasil, pôs nos trinques. Revendeu e, com o lucro, voltou de novo aos Estados Unidos, onde comprou mais algumas flautas velhas. E assim sucessivamente, até o dia em que, já de posse de um dinheirinho, percebeu que não precisava mais comprar flautas velhas. Passou a trazer flautas novas e, com o tempo, virou um dos maiores importadores de instrumentos do país.
Vendeu a casinha no subúrbio, foi embora do Rio e deixou uma legião de flautistas órfãos que, até hoje, falam dos seus feitos e admiram as flautas que ele consertou. De lá para cá apareceram muitos outros luthiers, todos razoavelmente bons no uso do jornal, do feltro e da tripa de peixe, mas nunca mais ninguém consertou uma flauta como o moço de Benfica
Os melhores luthiers, vindos das melhores escolas europeias, não consertavam uma flauta como ele. Graças a isso, muitas flautas antigas, já aposentadas, voltaram a cantar pelo Rio
Era uma vez um moço que morava no subúrbio. Chamava-se Carlos Cesar e, na garagem de casa, montou uma pequena oficina onde consertava flautas. No começo atendia aos músicos das bandas militares que moravam na vizinhança mas, aos poucos, sua fama foi se espalhando pela cidade — e, logo, todos os flautistas do Rio de Janeiro passaram a bater ponto em Benfica. Mais um tempo, e flautistas de outros estados, atraídos pela fama do luthier, também passaram a enviar seus instrumentos para ele.
O problema é que toda flauta sofre um processo natural de desgaste. O forro das sapatilhas — que são aquelas chaves que os flautistas apertam com os dedos para tampar os buracos do cilindro e formar diferentes notas — perde a elasticidade e, com isso, deixa o ar vazar. A consequência é triste: desafinação total.
Forrar uma sapatilha, porém, não é para qualquer sapateiro. Ela tem que ficar tão bem adaptada ao corpo da flauta, mas tão bem adaptada, para que a vedação seja total e ar algum consiga escapar. A arte envolve jornal (faz isso com um iPad!), feltro e baudruche, ou tripa de peixe — o mesmo material que se usava em perfumaria para lacrar os vidros de essência.
— Quem foi que chegou à conclusão de que tinha que ser assim? — perguntei à Laura, que me contou essa história. — E por que justo jornal?
— Ninguém sabe. É uma tradição antiga.
— Mas quando as flautas transversas foram inventadas os jornais ainda não existiam...
— Mas as sapatilhas também não! As transversas do século XVII tinham uma única chave, de couro. As flautas só ganharam sapatilhas no século XIX.
Por algum motivo que não pretendo descobrir nesta encarnação, há pessoas que têm um talento fora do comum para combinar jornal, feltro e tripa de peixe, e o moço de Benfica era uma dessas pessoas. Os melhores luthiers, vindos das melhores escolas europeias, não consertavam uma flauta como ele. Graças a isso, muitas flautas antigas, já aposentadas, voltaram a cantar pelo Rio. Durante uma época, por sinal, ninguém mais na cidade teve medo de comprar flauta velha, porque era certo que o Carlos Cesar daria um jeito no instrumento.
— Ele era tão bom que, quando acabava um trabalho, tirava as molas das sapatilhas, apagava a luz da garagem e acendia uma lanterninha dentro da flauta. Não escapava nem luz, quem dirá ar!
Um dia, Laura foi a Benfica levar ou trazer uma dessas flautas combalidas, e o luthier lhe pediu um favor. Precisava comprar um feltro específico, usado pela Wm. S. Haynes, uma fábrica de instrumentos americana, porque não havia nada melhor no mercado. Como não falava inglês, pediu que ela entrasse em contato com os fabricantes.
Laura voltou para casa, escreveu para a fábrica, explicou quem era o Carlos Cesar e, algumas semanas depois, recebeu um pacote pelo correio. Era um metro de feltro, que a Wm. S. Haynes mandava de presente para o luthier de Benfica. Mas, quando viu o feltro, ele ficou muito desapontado.
— Não é esse o feltro que eles usam nas flautas, não — disse, assim que botou a mão no tecido. E mostrou à Laura um pedaço do outro, como comparação.
— Só que os dois eram exatamente iguais! — conta a Laura. — A cor era a mesma, o peso, a espessura... Não havia diferença nenhuma, mas o Carlos Cesar insistiu comigo para que escrevesse de novo para a fábrica. Tentei demovê-lo da ideia, disse que estava maluco, que os dois feltros eram iguaizinhos, mas ele não quis nem saber. De modo que escrevi novamente. Agradeci a gentileza deles, disse que estava até constrangida, mas que o nosso luthier teimava em dizer que o feltro que eles usavam nas flautas era diferente do que o que lhe haviam enviado. E, pelo sim pelo não, juntei duas amostrinhas.
Três semanas depois chegou a resposta da fábrica. Os diretores estavam abismados. O feltro era realmente diferente, um grande segredo de fabricação. Só que nunca ninguém, em lugar algum, jamais havia dado por essa diferença. Eles queriam conhecer o luthier que descobrira o segredo e o convidaram a visitá-los, com todas as despesas pagas.
De modo que lá se foi o Carlos Cesar para Boston, onde lhe ofereceram um emprego. Ele estava na dúvida se aceitava, os amigos daqui insistiram, e ele chegou a passar algum tempo lá, mas as saudades do Brasil foram mais fortes. Lá fazia frio, as pessoas eram fechadas, não tinha roda de samba...
Com o dinheiro recebido, o moço comprou algumas flautas velhas que, voltando ao Brasil, pôs nos trinques. Revendeu e, com o lucro, voltou de novo aos Estados Unidos, onde comprou mais algumas flautas velhas. E assim sucessivamente, até o dia em que, já de posse de um dinheirinho, percebeu que não precisava mais comprar flautas velhas. Passou a trazer flautas novas e, com o tempo, virou um dos maiores importadores de instrumentos do país.
Vendeu a casinha no subúrbio, foi embora do Rio e deixou uma legião de flautistas órfãos que, até hoje, falam dos seus feitos e admiram as flautas que ele consertou. De lá para cá apareceram muitos outros luthiers, todos razoavelmente bons no uso do jornal, do feltro e da tripa de peixe, mas nunca mais ninguém consertou uma flauta como o moço de Benfica
Sabedoria revisada LUIS FERNANDO VERISSIMO
O ESTADÃO - 05/12
Cresce no mundo o número de pessoas que não podem viver sem seus ‘phones’ e ‘tablets’ e não se importam com o incômodo que provocam nos outros
Pode-se chamar de “sabedoria pronta” as opiniões, conclusões e certezas que passam por verdades só porque ninguém se lembra de contestá-las, ou pelo menos atualizá-las. Exemplo: há algum tempo, quando se dizia que a Terceira Guerra Mundial seria entre comunistas e homossexuais, era uma piada, mas não exatamente um exagero. A evidência era incontestável. Hoje, depois da morte do Niemeyer, ficou difícil encontrar um comunista autêntico. Homossexuais não faltam (nada contra, cada um gerencie o seu corpo como quiser), mas se eles tiverem que brigar com alguém pelo domínio do mundo não encontrarão inimigos, fora, talvez, seitas evangélicas e baratas. A guerra contra os comunistas eles ganharam por WO.
Não sei quem seriam os adversários numa hipotética guerra final, hoje, mas meu palpite é que o conflito teria alguma coisa a ver com celulares e similares. Cresce no mundo o número de pessoas que não podem viver sem seus “phones” e “tablets” e não se importam com o incômodo que provocam nos outros. E os “outros” são cada vez menos, mas cada vez mais ressentidos. Não demora se organizarão e irão para a luta. Prevejo que surgirão bolsões de anticelulares dispostos a resistir à proliferação das malditas maquininhas. Haverá confronto, talvez mortes, e estaremos a um passo da guerra. Ou da guerrilha, pois, se nossas forças forem insuficientes para resistir, partiremos para as montanhas.
Outra sabedoria pronta que precisa ser revisada diz respeito ao futebol. Convencionou-se que o futebol paulista, por ser mais rico, sério e organizado do que os dos outros estados, fatalmente dominaria todos os campeonatos nacionais, colocando sempre no mínimo dois clubes entre os quatro melhores. Basta olhar a tabela do atual campeonato brasileiro para ver que esta convenção acabou, ou está em suspenso. O time paulista mais bem colocado este ano é o Santos — que está lá embaixo. Assim passam as glórias do mundo.
Cresce no mundo o número de pessoas que não podem viver sem seus ‘phones’ e ‘tablets’ e não se importam com o incômodo que provocam nos outros
Pode-se chamar de “sabedoria pronta” as opiniões, conclusões e certezas que passam por verdades só porque ninguém se lembra de contestá-las, ou pelo menos atualizá-las. Exemplo: há algum tempo, quando se dizia que a Terceira Guerra Mundial seria entre comunistas e homossexuais, era uma piada, mas não exatamente um exagero. A evidência era incontestável. Hoje, depois da morte do Niemeyer, ficou difícil encontrar um comunista autêntico. Homossexuais não faltam (nada contra, cada um gerencie o seu corpo como quiser), mas se eles tiverem que brigar com alguém pelo domínio do mundo não encontrarão inimigos, fora, talvez, seitas evangélicas e baratas. A guerra contra os comunistas eles ganharam por WO.
Não sei quem seriam os adversários numa hipotética guerra final, hoje, mas meu palpite é que o conflito teria alguma coisa a ver com celulares e similares. Cresce no mundo o número de pessoas que não podem viver sem seus “phones” e “tablets” e não se importam com o incômodo que provocam nos outros. E os “outros” são cada vez menos, mas cada vez mais ressentidos. Não demora se organizarão e irão para a luta. Prevejo que surgirão bolsões de anticelulares dispostos a resistir à proliferação das malditas maquininhas. Haverá confronto, talvez mortes, e estaremos a um passo da guerra. Ou da guerrilha, pois, se nossas forças forem insuficientes para resistir, partiremos para as montanhas.
Outra sabedoria pronta que precisa ser revisada diz respeito ao futebol. Convencionou-se que o futebol paulista, por ser mais rico, sério e organizado do que os dos outros estados, fatalmente dominaria todos os campeonatos nacionais, colocando sempre no mínimo dois clubes entre os quatro melhores. Basta olhar a tabela do atual campeonato brasileiro para ver que esta convenção acabou, ou está em suspenso. O time paulista mais bem colocado este ano é o Santos — que está lá embaixo. Assim passam as glórias do mundo.
Calma, o leão é manso - ANCELMO GOIS
O GLOBO - 05/12
Cacá Diegues e Renata Magalhães embarcam sábado para Portugal.
Eles alugaram, em Lisboa, o Circo Victor Cardinali para filmagens de “O Grande Circo Místico”, inspirado no poema A Túnica Inconsútil, de Jorge de Lima, que já havia chegado ao teatro na adaptação de Chico Buarque, Edu Lobo e Naum Alves de Souza.
É que, no Brasil, a lei proíbe animais em circo.
Mas, veja só...
Terça agora, a Guarda Nacional de Portugal apreendeu nove leões do circo Cardinali, por não estarem “registados ao abrigo da convenção sobre comércio internacional de animais selvagens”.
Ontem, a direção do tal circo contestou a apreensão e disse que o registro foi feito na Espanha.
Nova frota da PM
Sérgio Cabral vai renovar 1.137 carros da Polícia Militar.
Os atuais serão doados a policiais através de sorteio.
Fim do diploma
A Segunda Turma do STJ decidiu que técnicos de futebol não formados em Educação Física não precisam se registrar nos conselhos da categoria para poder trabalhar.
A medida beneficia muitos jogadores que se aposentam e viram treinadores.
O negro no futebol
Durante a Copa do Mundo, a empresa De Ponta vai organizar, numa área de 50 mil metros quadrados no Jockey, no Rio, o Parque da Bola Rio 2014.
Abrigará casas dos 32 países que participarão do torneio, além de Rússia e Qatar, que sediarão as próximas duas edições da competição.
Haverá ainda uma exposição sobre o negro no futebol.
Alagoas é pior
O site “Business Insider” usou estatísticas de homicídios de 2012 para fazer a lista das 50 cidades mais perigosas do mundo. O Brasil aparece com 15 cidades na lista, que é liderada por San Pedro Sula, em Honduras.
Rio e São Paulo não estão entre elas. A mais violenta do país é Maceió, em sexto lugar.
No mais...
A lista foi divulgada no mesmo dia em que saíram as notas do Pisa, onde Alagoas aparece por ter o pior ensino de matemática, ciências e leitura do país.
Neste caso, o Maranhão é vice.
Alma de fotógrafo
Já lançada na França, “Da minha terra à Terra”, autobiografia do fotógrafo Sebastião Salgado, escrita em parceria com a amiga Isabelle Francq, chegará ao Brasil, em março, pela Paralela.
Polêmica da toga
O TRT do Rio vai fazer uma licitação para comprar togas para seus 242 juízes.
O uso obrigatório do paramento, que teria origem na Roma antiga, foi reforçado pelo ministro corregedor Ives Gandra Filho, do TST, com base numa decisão doConselho Superior da Justiça do Trabalho de 2008 e na Lei 5.010/66.
Segue...
Gandra diz que o uso da vestimenta passa confiança e respeito:
— O juiz decide sobre a vida, a liberdade e a propriedade das pessoas. Quando se trata desses valores, o ato é solene. O advogado usa terno e gravata, e o juiz (sem a toga) parece um técnico de informática.
E mais...
Numa correição em Porto Alegre, Gandra Filho conta ter encontrado uma jovem juíza usando uma roupa “provocante” e um juiz trabalhando de camisa polo e calça jeans.
— A pessoa olha e diz: “É na mão dessa pessoa que está a minha vida?” E começa a duvidar da Justiça. A roupa provocante não condiz com a função de juíza.
É. Pode ser.
Voe com o presidente
German Efromovich, presidente da Avianca, entrou, ontem, no voo 6017 da companhia, Rio-São Paulo, no Aeroporto Santos Dumont, e começou a servir a todos, como comissário de bordo.
Cena carioca
Aproveitando o sol carioca, uma turista estrangeira tirou a parte de cima do biquíni, na manhã de segunda, no Posto Nove, em Ipanema.
Só que um pivete passou e, vupt!, roubou a peça.
Eles alugaram, em Lisboa, o Circo Victor Cardinali para filmagens de “O Grande Circo Místico”, inspirado no poema A Túnica Inconsútil, de Jorge de Lima, que já havia chegado ao teatro na adaptação de Chico Buarque, Edu Lobo e Naum Alves de Souza.
É que, no Brasil, a lei proíbe animais em circo.
Mas, veja só...
Terça agora, a Guarda Nacional de Portugal apreendeu nove leões do circo Cardinali, por não estarem “registados ao abrigo da convenção sobre comércio internacional de animais selvagens”.
Ontem, a direção do tal circo contestou a apreensão e disse que o registro foi feito na Espanha.
Nova frota da PM
Sérgio Cabral vai renovar 1.137 carros da Polícia Militar.
Os atuais serão doados a policiais através de sorteio.
Fim do diploma
A Segunda Turma do STJ decidiu que técnicos de futebol não formados em Educação Física não precisam se registrar nos conselhos da categoria para poder trabalhar.
A medida beneficia muitos jogadores que se aposentam e viram treinadores.
O negro no futebol
Durante a Copa do Mundo, a empresa De Ponta vai organizar, numa área de 50 mil metros quadrados no Jockey, no Rio, o Parque da Bola Rio 2014.
Abrigará casas dos 32 países que participarão do torneio, além de Rússia e Qatar, que sediarão as próximas duas edições da competição.
Haverá ainda uma exposição sobre o negro no futebol.
Alagoas é pior
O site “Business Insider” usou estatísticas de homicídios de 2012 para fazer a lista das 50 cidades mais perigosas do mundo. O Brasil aparece com 15 cidades na lista, que é liderada por San Pedro Sula, em Honduras.
Rio e São Paulo não estão entre elas. A mais violenta do país é Maceió, em sexto lugar.
No mais...
A lista foi divulgada no mesmo dia em que saíram as notas do Pisa, onde Alagoas aparece por ter o pior ensino de matemática, ciências e leitura do país.
Neste caso, o Maranhão é vice.
Alma de fotógrafo
Já lançada na França, “Da minha terra à Terra”, autobiografia do fotógrafo Sebastião Salgado, escrita em parceria com a amiga Isabelle Francq, chegará ao Brasil, em março, pela Paralela.
Polêmica da toga
O TRT do Rio vai fazer uma licitação para comprar togas para seus 242 juízes.
O uso obrigatório do paramento, que teria origem na Roma antiga, foi reforçado pelo ministro corregedor Ives Gandra Filho, do TST, com base numa decisão doConselho Superior da Justiça do Trabalho de 2008 e na Lei 5.010/66.
Segue...
Gandra diz que o uso da vestimenta passa confiança e respeito:
— O juiz decide sobre a vida, a liberdade e a propriedade das pessoas. Quando se trata desses valores, o ato é solene. O advogado usa terno e gravata, e o juiz (sem a toga) parece um técnico de informática.
E mais...
Numa correição em Porto Alegre, Gandra Filho conta ter encontrado uma jovem juíza usando uma roupa “provocante” e um juiz trabalhando de camisa polo e calça jeans.
— A pessoa olha e diz: “É na mão dessa pessoa que está a minha vida?” E começa a duvidar da Justiça. A roupa provocante não condiz com a função de juíza.
É. Pode ser.
Voe com o presidente
German Efromovich, presidente da Avianca, entrou, ontem, no voo 6017 da companhia, Rio-São Paulo, no Aeroporto Santos Dumont, e começou a servir a todos, como comissário de bordo.
Cena carioca
Aproveitando o sol carioca, uma turista estrangeira tirou a parte de cima do biquíni, na manhã de segunda, no Posto Nove, em Ipanema.
Só que um pivete passou e, vupt!, roubou a peça.
LIÇÃO FASHION - MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 05/12
Quando eram estudantes, a empresária Renata Paternostro, 27, e a arquiteta Marianna Dal Canton, 29, criaram o Concurso Faap Moda, em que alunos recebem dicas e profissionais, apresentam desfiles e são avaliados por estilistas.
Hoje elas são curadoras do evento, cuja 10ª edição foi realizada ontem, em São Paulo. "A ideia é diminuir a distância entre o mundo acadêmico e o mercado da moda", diz Renata.
ENTREGA RÁPIDA
Os pequenos negócios voltaram a funcionar como colchão para a manutenção do alto índice de emprego no Brasil. Abriram 101 mil postos de trabalho em outubro, enquanto as médias e grandes empresas fecharam 7.500 vagas no país.
SOMA
Já foram criados, no ano, quase um milhão de empregos no setor, ou "uma Petrobras por mês", segundo Luiz Barreto, presidente do Sebrae Nacional, responsável pelo levantamento.
É FOGO
O incêndio no Memorial da América Latina levou o Ministério Público a iniciar investigação sobre a ausência de alvarás de funcionamento em outros auditórios, museus e centros culturais na capital. "Não é que o alvará apaga incêndio, mas previne", diz o promotor Maurício Antônio Ribeiro Lopes. Ele quer verificar se prefeitura e órgãos responsáveis têm feito inspeções nos locais.
LONGA ESPERA
Museus como Masp, Pinacoteca e CCBB já admitiram que ainda aguardam o alvará da Prefeitura de SP.
HORIZONTE
É tensa a relação de condenados do mensalão presos, e de familiares, com seus advogados. A situação é considerada natural pelos profissionais, dada a sensação de impotência e vulnerabilidade de quem está na cadeia.
EM CASA
Marcos Valério, preso na Papuda, não pedirá transferência para Belo Horizonte, em Minas, onde tem domicílio. O publicitário, pivô do mensalão, se sente mais seguro no presídio de Brasília.
MEMÓRIA
Em outra ocasião em que esteve preso, em Tremembé, em SP, Valério foi agredido por outros detentos, o que nunca foi confirmado oficialmente por seus advogados.
RETRATO
E Paulo Maluf (PP-SP) festeja o aniversário da sogra amanhã. Dona Alexandra Lutfala está fazendo cem anos. "Sou louco por essa minha sogra", diz o ex-prefeito. "Ela me vê e já pergunta se os negócios estão indo bem. Foi filha, mulher, mãe, sogra e avó de industriais." Dona Alexandra tem quatro filhos, 14 netos, 40 bisnetos e quatro tataranetos.
ENTRE NÓS
A escolha de dançarinos para a abertura da Copa de 2014 no Brasil está a cargo do Estúdio Anacã Corpo e Movimento --que tem como sócia Ana Diniz, filha do empresário Abilio Diniz. A seleção é para poucos: a audição, que ocorre amanhã, foi divulgada apenas entre alunos, bolsistas e profissionais vinculados à própria escola.
ENTRE NÓS 2
"Não temos estrutura para fazer uma audição aberta ao público neste momento", explica a bailarina e coreógrafa Helô Gouveia, do Anacã. São 404 vagas para bailarinos, acrobatas, dançarinos de frevo e capoeiristas.
MEIO SÉCULO
Paulinho da Viola vai comemorar os 50 anos de carreira em 2014 com o show "Voltar Quase Sempre É Partir para um Outro Lugar". A turnê começará depois do Carnaval e passará por 12 cidades do Brasil.
HÁ VAGAS
O humorista Paulinho Serra está fazendo testes para ser repórter do "CQC", da Band. O convite surgiu nessa segunda, assim que ele rompeu contrato com o SBT, onde era jurado do programa "Famoso Quem?".
TESTOSTERONA
Francisco Cuoco vai interpretar o aristocrata Próspero em "A Tempestade", de William Shakespeare. A peça entrará em cartaz no segundo semestre de 2014 em São Paulo. Marcelo Antony também está no elenco, que será composto apenas por homens, já que, "naquela época, mulher não podia subir ao palco", diz o produtor Claudio Fontana.
LINHA DE DEFESA
Augusto Arruda Botelho recebeu convidados no jantar de confraternização e arrecadação de fundos do IDDD (Instituto de Defesa do Direito de Defesa) anteontem, no Lions Nightclub. Os advogados Márcio Thomaz Bastos, Alberto Toron, Marcelo Leonardo, Pierpaolo Bottini, Eduardo Muylaert e Luiz Fernando Pacheco foram ao evento. Roberto Podval e sua mulher, Ritiene, e a modelo Ana Claudia Michels, namorada do anfitrião, também estiveram lá.
CURTO-CIRCUITO
A exposição "Vínculo", de Luiz Martins, será aberta hoje, às 19h, no MuBE. A idealização é da Wonen.
Cesar Camargo Mariano e Romero Lubambo se apresentam hoje, às 21h, no Sesc Pompeia. 12 anos.
O cardiologista indiano Sameer Mehta dá palestra hoje, às 14h, no Hospital Albert Einstein.
O documentário "Investimento Social Privado - O Presente É o Futuro" estreia às 9h30, no Itaú Cultural.
Hoje elas são curadoras do evento, cuja 10ª edição foi realizada ontem, em São Paulo. "A ideia é diminuir a distância entre o mundo acadêmico e o mercado da moda", diz Renata.
ENTREGA RÁPIDA
Os pequenos negócios voltaram a funcionar como colchão para a manutenção do alto índice de emprego no Brasil. Abriram 101 mil postos de trabalho em outubro, enquanto as médias e grandes empresas fecharam 7.500 vagas no país.
SOMA
Já foram criados, no ano, quase um milhão de empregos no setor, ou "uma Petrobras por mês", segundo Luiz Barreto, presidente do Sebrae Nacional, responsável pelo levantamento.
É FOGO
O incêndio no Memorial da América Latina levou o Ministério Público a iniciar investigação sobre a ausência de alvarás de funcionamento em outros auditórios, museus e centros culturais na capital. "Não é que o alvará apaga incêndio, mas previne", diz o promotor Maurício Antônio Ribeiro Lopes. Ele quer verificar se prefeitura e órgãos responsáveis têm feito inspeções nos locais.
LONGA ESPERA
Museus como Masp, Pinacoteca e CCBB já admitiram que ainda aguardam o alvará da Prefeitura de SP.
HORIZONTE
É tensa a relação de condenados do mensalão presos, e de familiares, com seus advogados. A situação é considerada natural pelos profissionais, dada a sensação de impotência e vulnerabilidade de quem está na cadeia.
EM CASA
Marcos Valério, preso na Papuda, não pedirá transferência para Belo Horizonte, em Minas, onde tem domicílio. O publicitário, pivô do mensalão, se sente mais seguro no presídio de Brasília.
MEMÓRIA
Em outra ocasião em que esteve preso, em Tremembé, em SP, Valério foi agredido por outros detentos, o que nunca foi confirmado oficialmente por seus advogados.
RETRATO
E Paulo Maluf (PP-SP) festeja o aniversário da sogra amanhã. Dona Alexandra Lutfala está fazendo cem anos. "Sou louco por essa minha sogra", diz o ex-prefeito. "Ela me vê e já pergunta se os negócios estão indo bem. Foi filha, mulher, mãe, sogra e avó de industriais." Dona Alexandra tem quatro filhos, 14 netos, 40 bisnetos e quatro tataranetos.
ENTRE NÓS
A escolha de dançarinos para a abertura da Copa de 2014 no Brasil está a cargo do Estúdio Anacã Corpo e Movimento --que tem como sócia Ana Diniz, filha do empresário Abilio Diniz. A seleção é para poucos: a audição, que ocorre amanhã, foi divulgada apenas entre alunos, bolsistas e profissionais vinculados à própria escola.
ENTRE NÓS 2
"Não temos estrutura para fazer uma audição aberta ao público neste momento", explica a bailarina e coreógrafa Helô Gouveia, do Anacã. São 404 vagas para bailarinos, acrobatas, dançarinos de frevo e capoeiristas.
MEIO SÉCULO
Paulinho da Viola vai comemorar os 50 anos de carreira em 2014 com o show "Voltar Quase Sempre É Partir para um Outro Lugar". A turnê começará depois do Carnaval e passará por 12 cidades do Brasil.
HÁ VAGAS
O humorista Paulinho Serra está fazendo testes para ser repórter do "CQC", da Band. O convite surgiu nessa segunda, assim que ele rompeu contrato com o SBT, onde era jurado do programa "Famoso Quem?".
TESTOSTERONA
Francisco Cuoco vai interpretar o aristocrata Próspero em "A Tempestade", de William Shakespeare. A peça entrará em cartaz no segundo semestre de 2014 em São Paulo. Marcelo Antony também está no elenco, que será composto apenas por homens, já que, "naquela época, mulher não podia subir ao palco", diz o produtor Claudio Fontana.
LINHA DE DEFESA
Augusto Arruda Botelho recebeu convidados no jantar de confraternização e arrecadação de fundos do IDDD (Instituto de Defesa do Direito de Defesa) anteontem, no Lions Nightclub. Os advogados Márcio Thomaz Bastos, Alberto Toron, Marcelo Leonardo, Pierpaolo Bottini, Eduardo Muylaert e Luiz Fernando Pacheco foram ao evento. Roberto Podval e sua mulher, Ritiene, e a modelo Ana Claudia Michels, namorada do anfitrião, também estiveram lá.
CURTO-CIRCUITO
A exposição "Vínculo", de Luiz Martins, será aberta hoje, às 19h, no MuBE. A idealização é da Wonen.
Cesar Camargo Mariano e Romero Lubambo se apresentam hoje, às 21h, no Sesc Pompeia. 12 anos.
O cardiologista indiano Sameer Mehta dá palestra hoje, às 14h, no Hospital Albert Einstein.
O documentário "Investimento Social Privado - O Presente É o Futuro" estreia às 9h30, no Itaú Cultural.
Vitrine mundial - ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 05/12
Nem só da Copa se fará a imagem do Brasil em 2014. Antes de a bola rolar o Congresso vai receber o “G-20 Parlamentar”. Os presidentes de Câmaras e de Senados das 20 maiores economias mundiais virão debater a ação frente à crise internacional. Nos próximos dias, os presidentes Henrique Alves e Renan Calheiros vão anunciar a criação de uma comissão para organizar o grande evento.
Bahia: a aposta do DEM
O DEM quer voltar ao primeiro time da política nas eleições. E elegeu a Bahia como sua carta de reapresentação. O partido acredita que o ex-governador Paulo Souto pode vencer o pleito. “O projeto mais importante e viável de poder do DEM é a Bahia”, confirma o seu presidente, senador José Agripino (RN). Souto, embora não confirme publicamente, já teria aceitado ser o candidato. Ele é a alternativa do coração do PSDB e teria o apoio do PMDB local, que joga com a candidatura do vice do Banco do Brasil, Geddel Vieira Lima. O anúncio será feito no ano que vem, quando Souto receberá as garantias materiais que poderá fazer uma campanha para ganhar.
“A catedral da política de qualquer país é o Congresso. Lá, você pode celebrar a missa ou roubar a hóstia na sacristia”
Benito Gama
Presidente do PTB e vice-presidente do Banco do Brasil
‘Tá tudo dominado’
O governador Sérgio Cabral voltou de Aracaju, do enterro do governador Marcelo Déda, no avião da presidente Dilma. Papo vai, papo vem, e ela repetiu as palavras do ex-presidente Lula: “O PT não sai do governo no Rio antes de março”.
Ele era assim
Nos últimos dias, quando ainda estava lúcido, o governador Marcelo Déda (SE) se despediu dos amigos. Para o diretor da Petrobras, José Eduardo Dutra, ele lembrou: “A gente se divertiu muito nessa vida. E fomos amigos para valer”. Sereno até o fim, relatam que ele chegou a combinar, com a mulher, Eliane, como gostaria que fosse o funeral.
Aposta petista
O secretário de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, Mozart Sales, é apontado no PT como forte candidato a substituir o ministro Alexandre Padilha, quando este sair, em janeiro, para concorrer ao governo paulista.
Rede de intrigas
Na noite de anteontem, após a renúncia de José Genoino, o PT fez destaque à PEC do voto aberto para que a eleição a presidente da Câmara não seja mais secreta. O deputado Eliseu Padilha (PMDB-RS) conseguiu derrubar o que foi visto, pelo seu partido, como manobra petista para detonar acordo entre eles para comandar a Casa.
Ele tem a força
Candidatos à liderança do PMDB na disputa anterior, os deputados Osmar Terra (RS) e Sandro Mabel (GO) estavam entre os que defenderam ontem a recondução de Eduardo Cunha (RJ) para liderar a bancada da Câmara no próximo ano.
José Alencar
A presidente Dilma volta ao Rio na segunda-feira. Ela vai lançar ao mar o navio gaseiro José Alencar, da Transpetro. E falar no seminário internacional da Fundação Bill Clinton sobre as oportunidades de investimentos que o Brasil tem para oferecer.
O ÂNIMO dos partidos é não votar mais nada na Câmara este ano, mesmo após acordo para retirar da pauta o reajuste para os agentes da Saúde.
Bahia: a aposta do DEM
O DEM quer voltar ao primeiro time da política nas eleições. E elegeu a Bahia como sua carta de reapresentação. O partido acredita que o ex-governador Paulo Souto pode vencer o pleito. “O projeto mais importante e viável de poder do DEM é a Bahia”, confirma o seu presidente, senador José Agripino (RN). Souto, embora não confirme publicamente, já teria aceitado ser o candidato. Ele é a alternativa do coração do PSDB e teria o apoio do PMDB local, que joga com a candidatura do vice do Banco do Brasil, Geddel Vieira Lima. O anúncio será feito no ano que vem, quando Souto receberá as garantias materiais que poderá fazer uma campanha para ganhar.
“A catedral da política de qualquer país é o Congresso. Lá, você pode celebrar a missa ou roubar a hóstia na sacristia”
Benito Gama
Presidente do PTB e vice-presidente do Banco do Brasil
‘Tá tudo dominado’
O governador Sérgio Cabral voltou de Aracaju, do enterro do governador Marcelo Déda, no avião da presidente Dilma. Papo vai, papo vem, e ela repetiu as palavras do ex-presidente Lula: “O PT não sai do governo no Rio antes de março”.
Ele era assim
Nos últimos dias, quando ainda estava lúcido, o governador Marcelo Déda (SE) se despediu dos amigos. Para o diretor da Petrobras, José Eduardo Dutra, ele lembrou: “A gente se divertiu muito nessa vida. E fomos amigos para valer”. Sereno até o fim, relatam que ele chegou a combinar, com a mulher, Eliane, como gostaria que fosse o funeral.
Aposta petista
O secretário de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, Mozart Sales, é apontado no PT como forte candidato a substituir o ministro Alexandre Padilha, quando este sair, em janeiro, para concorrer ao governo paulista.
Rede de intrigas
Na noite de anteontem, após a renúncia de José Genoino, o PT fez destaque à PEC do voto aberto para que a eleição a presidente da Câmara não seja mais secreta. O deputado Eliseu Padilha (PMDB-RS) conseguiu derrubar o que foi visto, pelo seu partido, como manobra petista para detonar acordo entre eles para comandar a Casa.
Ele tem a força
Candidatos à liderança do PMDB na disputa anterior, os deputados Osmar Terra (RS) e Sandro Mabel (GO) estavam entre os que defenderam ontem a recondução de Eduardo Cunha (RJ) para liderar a bancada da Câmara no próximo ano.
José Alencar
A presidente Dilma volta ao Rio na segunda-feira. Ela vai lançar ao mar o navio gaseiro José Alencar, da Transpetro. E falar no seminário internacional da Fundação Bill Clinton sobre as oportunidades de investimentos que o Brasil tem para oferecer.
O ÂNIMO dos partidos é não votar mais nada na Câmara este ano, mesmo após acordo para retirar da pauta o reajuste para os agentes da Saúde.
Análise combinatória - VERA MAGALHÃES - PAINEL
FOLHA DE SP - 05/12
O PSDB nacional vai pedir que o Ministério Público Federal investigue se houve cartel na formação de consórcios entre as empresas Alstom e CAF para fornecer trens para os metrôs de Belo Horizonte e Porto Alegre. Em 8 de novembro de 2012, o consórcio FrotaPoA (93% Alstom e 7% CAF) venceu a licitação no Rio Grande do Sul, por R$ 243,8 milhões. Cinco dias depois, o Frota BH (93% CAF e 7% Alstom) ganhou em Minas, por R$ 171,9 milhões. Nos dois casos houve uma só proposta.
Quem A licitação para o metrô de BH foi feita pela CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos), e a de Porto Alegre ficou a cargo da Trensurb. Ambas são empresas de economia mista, vinculadas ao Ministério das Cidades e que têm o governo federal como maior acionista.
Sem registro O sistema eletrônico da Câmara não reconheceu a impressão digital de José Aníbal (PSDB-SP), que reassumiu o mandato ontem só para questionar José Eduardo Cardozo (Justiça) sobre o vazamento de denúncias de corrupção no governo do PSDB em São Paulo.
Sinal... O conselheiro Edgard Rodrigues, do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, recomendou que o governo paulista exclua de todas as licitações a Técnica Construções, subsidiária da Delta, já impedida de contratar com o governo federal.
... fechado A votação do relatório foi interrompida por pedido de vista. A Técnica lidera concorrência de R$ 60 milhões para obras na SP-304 e integra o consórcio classificado em primeiro lugar para a construção de piscinões, orçada em R$ 3,8 bilhões.
Descarrilou O Ministério das Cidades estima que só vai liberar este ano R$ 30 bilhões dos R$ 50 bilhões prometidos por Dilma para investimentos em mobilidade urbana após os protestos de junho. Atribui a diferença à demora de governos e prefeituras para apresentar os projetos.
Suíte VIP Dirigentes do PT consideraram um "desastre" a decisão de José Dirceu de pedir ao STF para trabalhar em um hotel de Brasília, com salário de R$ 20 mil. Dizendo-se pegos de surpresa, os petistas acreditam que o episódio transmite uma posição de arrogância do ex-ministro e, portanto, do partido.
Sem laços O ministro Joaquim Barbosa nega que seja amigo da desembargadora Ana Amarante, relatora no CNJ de uma reclamação da OAB contra ele. Sua assessoria diz que ele recebeu a indicação e submeteu ao plenário do STF, que a aprovou.
Em família O Palácio do Planalto decidiu que convidará um dos irmãos Gomes para a Esplanada, na reforma ministerial ou num eventual segundo mandato de Dilma Rousseff. Se o escolhido for Ciro, irá para a Saúde. Se for Cid, pode ir para a Educação.
Mudou O PMDB pretende indicar o deputado Eliseu Padilha (RS) para representar a sigla na coordenação da campanha à reeleição de Dilma. Padilha, que é próximo do vice-presidente Michel Temer, apoiou José Serra (PSDB) em 2010, contra a petista.
Foco Aécio Neves (PSDB) dará destaque à segurança pública na lista de propostas de sua pré-campanha, que será apresentada nas próximas semanas. O objetivo é reforçar a visão de que o tema é atribuição também do governo federal, apontando falhas no controle das fronteiras.
Visita à Folha Rodrigo Abreu, presidente da TIM Brasil, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Mario Girasole, vice-presidente de assuntos regulatórios, institucionais e relações com imprensa, e de Berenice Menezes e Lúcia Caetano, assessoras de imprensa.
com BRUNO BOGHOSSIAN e PAULO GAMA
tiroteio
"A dupla preferida do governo, que tanto desafina e causa ruído nos ouvidos dos mais pobres, é o Jurão e o Pibinho."
DE PAULINHO DA FORÇA, deputado e presidente do Solidariedade, sobre a retração do PIB no 3º trimestre e as sucessivas altas da taxa Selic pelo BC.
contraponto
Discípulo rebelde
Irritado com os critérios utilizados pelo presidente da Assembleia paulista, Samuel Moreira (PSDB), para a nomeação de relatores especiais, o deputado Campos Machado (PTB) declamou na tribuna nesta semana o que chamou de "Os Dez Mandamentos de Samuel":
--Ser amigo do presidente; ser amigo do líder do governo; não votar contra o PSDB...
Como Machado é aliado do governo, a base ouviu a continuação da lista em silêncio. Até que ele concluiu:
--Por fim, o décimo: entre o que você pensa e o que pensa o governo, o último sempre tem razão!
O PSDB nacional vai pedir que o Ministério Público Federal investigue se houve cartel na formação de consórcios entre as empresas Alstom e CAF para fornecer trens para os metrôs de Belo Horizonte e Porto Alegre. Em 8 de novembro de 2012, o consórcio FrotaPoA (93% Alstom e 7% CAF) venceu a licitação no Rio Grande do Sul, por R$ 243,8 milhões. Cinco dias depois, o Frota BH (93% CAF e 7% Alstom) ganhou em Minas, por R$ 171,9 milhões. Nos dois casos houve uma só proposta.
Quem A licitação para o metrô de BH foi feita pela CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos), e a de Porto Alegre ficou a cargo da Trensurb. Ambas são empresas de economia mista, vinculadas ao Ministério das Cidades e que têm o governo federal como maior acionista.
Sem registro O sistema eletrônico da Câmara não reconheceu a impressão digital de José Aníbal (PSDB-SP), que reassumiu o mandato ontem só para questionar José Eduardo Cardozo (Justiça) sobre o vazamento de denúncias de corrupção no governo do PSDB em São Paulo.
Sinal... O conselheiro Edgard Rodrigues, do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, recomendou que o governo paulista exclua de todas as licitações a Técnica Construções, subsidiária da Delta, já impedida de contratar com o governo federal.
... fechado A votação do relatório foi interrompida por pedido de vista. A Técnica lidera concorrência de R$ 60 milhões para obras na SP-304 e integra o consórcio classificado em primeiro lugar para a construção de piscinões, orçada em R$ 3,8 bilhões.
Descarrilou O Ministério das Cidades estima que só vai liberar este ano R$ 30 bilhões dos R$ 50 bilhões prometidos por Dilma para investimentos em mobilidade urbana após os protestos de junho. Atribui a diferença à demora de governos e prefeituras para apresentar os projetos.
Suíte VIP Dirigentes do PT consideraram um "desastre" a decisão de José Dirceu de pedir ao STF para trabalhar em um hotel de Brasília, com salário de R$ 20 mil. Dizendo-se pegos de surpresa, os petistas acreditam que o episódio transmite uma posição de arrogância do ex-ministro e, portanto, do partido.
Sem laços O ministro Joaquim Barbosa nega que seja amigo da desembargadora Ana Amarante, relatora no CNJ de uma reclamação da OAB contra ele. Sua assessoria diz que ele recebeu a indicação e submeteu ao plenário do STF, que a aprovou.
Em família O Palácio do Planalto decidiu que convidará um dos irmãos Gomes para a Esplanada, na reforma ministerial ou num eventual segundo mandato de Dilma Rousseff. Se o escolhido for Ciro, irá para a Saúde. Se for Cid, pode ir para a Educação.
Mudou O PMDB pretende indicar o deputado Eliseu Padilha (RS) para representar a sigla na coordenação da campanha à reeleição de Dilma. Padilha, que é próximo do vice-presidente Michel Temer, apoiou José Serra (PSDB) em 2010, contra a petista.
Foco Aécio Neves (PSDB) dará destaque à segurança pública na lista de propostas de sua pré-campanha, que será apresentada nas próximas semanas. O objetivo é reforçar a visão de que o tema é atribuição também do governo federal, apontando falhas no controle das fronteiras.
Visita à Folha Rodrigo Abreu, presidente da TIM Brasil, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Mario Girasole, vice-presidente de assuntos regulatórios, institucionais e relações com imprensa, e de Berenice Menezes e Lúcia Caetano, assessoras de imprensa.
com BRUNO BOGHOSSIAN e PAULO GAMA
tiroteio
"A dupla preferida do governo, que tanto desafina e causa ruído nos ouvidos dos mais pobres, é o Jurão e o Pibinho."
DE PAULINHO DA FORÇA, deputado e presidente do Solidariedade, sobre a retração do PIB no 3º trimestre e as sucessivas altas da taxa Selic pelo BC.
contraponto
Discípulo rebelde
Irritado com os critérios utilizados pelo presidente da Assembleia paulista, Samuel Moreira (PSDB), para a nomeação de relatores especiais, o deputado Campos Machado (PTB) declamou na tribuna nesta semana o que chamou de "Os Dez Mandamentos de Samuel":
--Ser amigo do presidente; ser amigo do líder do governo; não votar contra o PSDB...
Como Machado é aliado do governo, a base ouviu a continuação da lista em silêncio. Até que ele concluiu:
--Por fim, o décimo: entre o que você pensa e o que pensa o governo, o último sempre tem razão!
Henrique, o solitário - DENISE ROTHENBURG
CORREIO BRAZILIENSE - 05/12
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, começa a perder terreno. O PT não perdoa o fato de ele ter colocado em votação a abertura de processo contra o então deputado José Genoino. Se o vice-presidente da Câmara, André Vargas, não estivesse com a carta de renúncia de Genoino em seu bolso, o Partido dos Trabalhadores estaria agora no desgaste de ver um dos seus rumo à cassação. Ontem, foi a vez do PMDB. Por aclamação, reconduziu o deputado Eduardo Cunha ao comando da bancada para o ano eleitoral.
O segredo do atual líder foi fazer tudo o que, na avaliação dos peemedebistas, Henrique não fez quando estava nesse cargo. Cunha distribuiu relatorias entre os seus, defendeu os interesses da bancada e fez com que uma maioria se sentisse acolhida. Jogou para dentro do time, enquanto Henrique, de olho na presidência da Casa, jogava para fora. Há quem diga que a fila do PMDB começou a se mexer. Por ora, a bancada quer apenas transformar Cunha no negociador do PMDB junto ao governo.
Desconforto
Os parlamentares petistas pressionam para que José Dirceu desista dessa história de trabalhar no hotel que aparece enroscado num laranjal. O sentimento geral é: chega de desgaste.
Revolta latente
Há 10 dias os deputados aprovaram milhões em créditos suplementares. Estavam crentes de que os recursos iriam abastecer as emendas individuais deste ano que continuam represadas nas áreas de Cidades, Turismo, Agricultura e Transportes. Até agora não saiu um centavo.
Nem vem
Na reunião de bancada do PMDB ontem, foi dito com todas as letras que os deputados querem manter o Ministério do Turismo e o da Agricultura. Essa história do senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) no Ministério da Integração contemplará apenas o Senado.
Na força, não vai
O ex-presidente Lula avisou aos peemedebistas que está descartada qualquer hipótese de intervenção no PT do Rio de Janeiro. No passado, quando se adotou esse recurso para apoiar Anthony Garotinho, foi tão traumático que o partido jamais voltou a ser o que
era no estado.
Momento de decisão/ A estratégia dos advogados de Paulo de Abreu agora é tentar fazer com que o juiz substituto da Vara de Execuções Penais, Bruno Ribeiro (foto), indefira o pedido de emprego de José Dirceu o mais rápido possível. Com isso, tiram Dirceu dos braços de Abreu.
Aécio na lida/ Pré-candidato à Presidência da República, o presidente do PSDB, Aécio Neves (MG), se reuniu ontem com deputados do PPS. O gesto é no sentido de adiar para março a decisão do partido sobre a sucessão presidencial. Isso porque, se depender do pernambucano Roberto Freire, o encontro partidário deste fim de semana fechará o apoio ao conterrâneo Eduardo Campos (PSB).
Quem te viu.../ O deputado Lúcio Vieira Lima passou ontem pelo líder reconduzido Eduardo Cunha, se desdobrando em elogios: “A bancada descobriu que ele é um fofo! Lindo! E está com todo o poder!” O líder enrubesceu.
E na Camed.../ A Caixa de Assistência Médica do BNB (Camed) avisa que seus serviços não serão terceirizados à Unimed e que não tem privatização porque já é uma organização de direito privado, sem fins lucrativos. Então, tá.
O segredo do atual líder foi fazer tudo o que, na avaliação dos peemedebistas, Henrique não fez quando estava nesse cargo. Cunha distribuiu relatorias entre os seus, defendeu os interesses da bancada e fez com que uma maioria se sentisse acolhida. Jogou para dentro do time, enquanto Henrique, de olho na presidência da Casa, jogava para fora. Há quem diga que a fila do PMDB começou a se mexer. Por ora, a bancada quer apenas transformar Cunha no negociador do PMDB junto ao governo.
Desconforto
Os parlamentares petistas pressionam para que José Dirceu desista dessa história de trabalhar no hotel que aparece enroscado num laranjal. O sentimento geral é: chega de desgaste.
Revolta latente
Há 10 dias os deputados aprovaram milhões em créditos suplementares. Estavam crentes de que os recursos iriam abastecer as emendas individuais deste ano que continuam represadas nas áreas de Cidades, Turismo, Agricultura e Transportes. Até agora não saiu um centavo.
Nem vem
Na reunião de bancada do PMDB ontem, foi dito com todas as letras que os deputados querem manter o Ministério do Turismo e o da Agricultura. Essa história do senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) no Ministério da Integração contemplará apenas o Senado.
Na força, não vai
O ex-presidente Lula avisou aos peemedebistas que está descartada qualquer hipótese de intervenção no PT do Rio de Janeiro. No passado, quando se adotou esse recurso para apoiar Anthony Garotinho, foi tão traumático que o partido jamais voltou a ser o que
era no estado.
Momento de decisão/ A estratégia dos advogados de Paulo de Abreu agora é tentar fazer com que o juiz substituto da Vara de Execuções Penais, Bruno Ribeiro (foto), indefira o pedido de emprego de José Dirceu o mais rápido possível. Com isso, tiram Dirceu dos braços de Abreu.
Aécio na lida/ Pré-candidato à Presidência da República, o presidente do PSDB, Aécio Neves (MG), se reuniu ontem com deputados do PPS. O gesto é no sentido de adiar para março a decisão do partido sobre a sucessão presidencial. Isso porque, se depender do pernambucano Roberto Freire, o encontro partidário deste fim de semana fechará o apoio ao conterrâneo Eduardo Campos (PSB).
Quem te viu.../ O deputado Lúcio Vieira Lima passou ontem pelo líder reconduzido Eduardo Cunha, se desdobrando em elogios: “A bancada descobriu que ele é um fofo! Lindo! E está com todo o poder!” O líder enrubesceu.
E na Camed.../ A Caixa de Assistência Médica do BNB (Camed) avisa que seus serviços não serão terceirizados à Unimed e que não tem privatização porque já é uma organização de direito privado, sem fins lucrativos. Então, tá.
MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO
FOLHA DE SP - 05/12
Material impulsiona gasto com internação, diz IESS
Entre 2008 e 2012, o gasto médio com hospitalização paga por plano de saúde aumentou 53,7%, pressionado principalmente pela alta nas despesas com materiais, componentes de maior peso na formação de custos.
A conclusão é de um estudo IESS (instituto do setor de saúde suplementar) feito com mais de um milhão de beneficiários de planos.
No mesmo período, a inflação acumulada pelo IPCA foi de 31,87%.
O instituto considerou o total de despesas do plano com internações dividido pelo número de beneficiários.
"É uma conta que é paga pelas operadoras de planos e, por extensão, pelos usuários individuais ou de empresas", diz Luiz Augusto Carneiro, superintendente-executivo do IESS.
Embora diárias hospitalares, com alta de 68,8%, tenha sido o item que mais subiu, materiais hospitalares, com elevação de 60,4%, é o principal propulsor do aumento do custo de internação.
Pelo levantamento, 23% dos gastos totais com internações, em 2012, destinaram-se ao pagamento de materiais, enquanto que as despesas com diárias representaram 14,1% dos pagamentos no mesmo ano.
Há dificuldade de comparação de preços, afirma.
Honorários médicos subiram 55,1% --17,2% dos gastos com internações em 2012-- enquanto exames e terapias tiveram alta de 17,4%.
"O levantamento constatou que o gasto médio de cada internação saltou de R$ 7,6 mil, em 2008, para R$ 11,8 mil, em 2012", acrescenta.
Mercado de ônibus deverá ficar estagnado em 2014
Afetados pela redução dos incentivos do governo, os segmentos de ônibus e caminhões diminuirão seus ritmos de crescimento.
Projeções da consultoria econômica LCA apontam que, após avançar cerca de 17% neste ano, o mercado de ônibus deverá ficar estagnado em 2014.
A previsão para o setor de caminhões, que fechará 2013 com alta ao redor dos 15%, é de incremento de 8%.
"Em 2013, o Finame [linha de financiamento do BNDES] acelerou [as vendas]. Com esse problema de deficit primário, os aportes do Tesouro no BNDES devem começar a diminuir", diz Wermeson França, economista da empresa.
Enquanto a produção de caminhões cresceu quase 50% no acumulado deste ano até outubro, o número de licenciamentos aumentou 14,9%. As exportações se mantiveram estáveis.
Os números indicam um resultado melhor que o do ano passado, quando a concessão de documentos de novos veículos caiu 20% e a produção, 40%.
No segmento de ônibus, as licenças avançaram 20% entre janeiro e outubro, e a produção teve um incremento de 18%. Os embarques registraram expansão de 7,7%.
ÁLCOOL PARA A AMAZÔNIA
A Raízen, joint venture entre Shell e Cosan, vai ampliar o terminal de distribuição de combustíveis da companhia em Porto Nacional, na região de Palmas, no Tocantins.
O objetivo é iniciar a entrega de gasolina e a captação de etanol no local em um prazo de seis meses. Hoje, a estrutura só recebe diesel do Maranhão por meio da Ferrovia Norte-Sul.
"Os mesmos vagões que chegam ao terminal com diesel e que futuramente irão desembarcar gasolina, sairão carregados com etanol", diz Leonardo Gadotti, vice-presidente de logística, distribuição e trading.
O investimento será de R$ 40 milhões. A base foi inaugurada há cerca de um ano.
De início, os carregamentos de álcool suprirão a demanda da região amazônica, segundo o executivo.
"Mas o plano é, no futuro, com uma maior disponibilidade de etanol, exportar por meio do porto de São Luís."
Hoje, o biocombustível produzido em Estados como Goiás é enviado principalmente ao porto de Santos.
MÁQUINAS SEGURADAS
A arrecadação do segmento de seguros para equipamentos agrícolas registrou crescimento neste ano na comparação com 2012.
A categoria avançou quase 50% de janeiro a outubro no grupo BB e Mapfre, em relação ao mesmo período do ano passado --de R$ 335 milhões para R$ 500 milhões.
A alta foi puxada principalmente pelo aumento na venda de máquinas rurais, facilitada por financiamentos como o Finame PSI, de acordo com a companhia.
A Allianz também obteve evolução na modalidade no mesmo período.
A carteira de seguro para equipamentos agrícolas passou de R$ 51,3 milhões nos dez meses de 2012 para R$ 62,4 milhões até outubro de 2013 --alta de 21,7%.
No Bradesco, o faturamento do segmento avançou 16% na comparação com o ano passado e atingiu R$ 60 milhões no intervalo de janeiro a outubro de 2013.
Carrinho... As famílias na cidade de São Paulo estavam mais propensas a consumir em outubro, mostra índice da FecomercioSP. O indicador atingiu 125,3 pontos --alta de 1,2% ante setembro e a segunda elevação mensal consecutiva.
...de compras No mês, quatro dos sete itens que compõem o indicador aumentaram, com destaque para perspectiva profissional (137,4 pontos). Em relação a outubro de 2012, porém, o índice de intenção de consumo caiu 10,4%.
DÍVIDA PÚBLICA
Executivos do mercado de capitais afirmam estar mais otimistas, apesar de riscos ainda presentes no sistema financeiro global.
É o que revela estudo da consultoria EIU (Economist Intelligence Unit) que analisou como será a evolução desse mercado até 2030.
Quando questionados sobre aspectos que desencadeariam uma próxima crise econômica, a dívida pública do governo dos países foi citada como um dos fatores que podem afetar o mercado de capitais local e internacional.
Os Estados Unidos aparecem em primeiro lugar no ranking dos países que oferecem mais riscos ao mercado internacional, segundo 62% dos entrevistados.
Rússia e Brasil aparecem no final da lista, com 24% cada um. O Brasil foi citado por 50% das pessoas ouvidas como um dos que oferecem riscos ao seu próprio mercado.
Design... A Ornare, de móveis sob medida, fez uma parceria com a italiana Trè-Piu, especializada em portas.
...italiano A empresa será responsável pela fabricação, distribuição e venda das linhas no Brasil.
Material impulsiona gasto com internação, diz IESS
Entre 2008 e 2012, o gasto médio com hospitalização paga por plano de saúde aumentou 53,7%, pressionado principalmente pela alta nas despesas com materiais, componentes de maior peso na formação de custos.
A conclusão é de um estudo IESS (instituto do setor de saúde suplementar) feito com mais de um milhão de beneficiários de planos.
No mesmo período, a inflação acumulada pelo IPCA foi de 31,87%.
O instituto considerou o total de despesas do plano com internações dividido pelo número de beneficiários.
"É uma conta que é paga pelas operadoras de planos e, por extensão, pelos usuários individuais ou de empresas", diz Luiz Augusto Carneiro, superintendente-executivo do IESS.
Embora diárias hospitalares, com alta de 68,8%, tenha sido o item que mais subiu, materiais hospitalares, com elevação de 60,4%, é o principal propulsor do aumento do custo de internação.
Pelo levantamento, 23% dos gastos totais com internações, em 2012, destinaram-se ao pagamento de materiais, enquanto que as despesas com diárias representaram 14,1% dos pagamentos no mesmo ano.
Há dificuldade de comparação de preços, afirma.
Honorários médicos subiram 55,1% --17,2% dos gastos com internações em 2012-- enquanto exames e terapias tiveram alta de 17,4%.
"O levantamento constatou que o gasto médio de cada internação saltou de R$ 7,6 mil, em 2008, para R$ 11,8 mil, em 2012", acrescenta.
Mercado de ônibus deverá ficar estagnado em 2014
Afetados pela redução dos incentivos do governo, os segmentos de ônibus e caminhões diminuirão seus ritmos de crescimento.
Projeções da consultoria econômica LCA apontam que, após avançar cerca de 17% neste ano, o mercado de ônibus deverá ficar estagnado em 2014.
A previsão para o setor de caminhões, que fechará 2013 com alta ao redor dos 15%, é de incremento de 8%.
"Em 2013, o Finame [linha de financiamento do BNDES] acelerou [as vendas]. Com esse problema de deficit primário, os aportes do Tesouro no BNDES devem começar a diminuir", diz Wermeson França, economista da empresa.
Enquanto a produção de caminhões cresceu quase 50% no acumulado deste ano até outubro, o número de licenciamentos aumentou 14,9%. As exportações se mantiveram estáveis.
Os números indicam um resultado melhor que o do ano passado, quando a concessão de documentos de novos veículos caiu 20% e a produção, 40%.
No segmento de ônibus, as licenças avançaram 20% entre janeiro e outubro, e a produção teve um incremento de 18%. Os embarques registraram expansão de 7,7%.
ÁLCOOL PARA A AMAZÔNIA
A Raízen, joint venture entre Shell e Cosan, vai ampliar o terminal de distribuição de combustíveis da companhia em Porto Nacional, na região de Palmas, no Tocantins.
O objetivo é iniciar a entrega de gasolina e a captação de etanol no local em um prazo de seis meses. Hoje, a estrutura só recebe diesel do Maranhão por meio da Ferrovia Norte-Sul.
"Os mesmos vagões que chegam ao terminal com diesel e que futuramente irão desembarcar gasolina, sairão carregados com etanol", diz Leonardo Gadotti, vice-presidente de logística, distribuição e trading.
O investimento será de R$ 40 milhões. A base foi inaugurada há cerca de um ano.
De início, os carregamentos de álcool suprirão a demanda da região amazônica, segundo o executivo.
"Mas o plano é, no futuro, com uma maior disponibilidade de etanol, exportar por meio do porto de São Luís."
Hoje, o biocombustível produzido em Estados como Goiás é enviado principalmente ao porto de Santos.
MÁQUINAS SEGURADAS
A arrecadação do segmento de seguros para equipamentos agrícolas registrou crescimento neste ano na comparação com 2012.
A categoria avançou quase 50% de janeiro a outubro no grupo BB e Mapfre, em relação ao mesmo período do ano passado --de R$ 335 milhões para R$ 500 milhões.
A alta foi puxada principalmente pelo aumento na venda de máquinas rurais, facilitada por financiamentos como o Finame PSI, de acordo com a companhia.
A Allianz também obteve evolução na modalidade no mesmo período.
A carteira de seguro para equipamentos agrícolas passou de R$ 51,3 milhões nos dez meses de 2012 para R$ 62,4 milhões até outubro de 2013 --alta de 21,7%.
No Bradesco, o faturamento do segmento avançou 16% na comparação com o ano passado e atingiu R$ 60 milhões no intervalo de janeiro a outubro de 2013.
Carrinho... As famílias na cidade de São Paulo estavam mais propensas a consumir em outubro, mostra índice da FecomercioSP. O indicador atingiu 125,3 pontos --alta de 1,2% ante setembro e a segunda elevação mensal consecutiva.
...de compras No mês, quatro dos sete itens que compõem o indicador aumentaram, com destaque para perspectiva profissional (137,4 pontos). Em relação a outubro de 2012, porém, o índice de intenção de consumo caiu 10,4%.
DÍVIDA PÚBLICA
Executivos do mercado de capitais afirmam estar mais otimistas, apesar de riscos ainda presentes no sistema financeiro global.
É o que revela estudo da consultoria EIU (Economist Intelligence Unit) que analisou como será a evolução desse mercado até 2030.
Quando questionados sobre aspectos que desencadeariam uma próxima crise econômica, a dívida pública do governo dos países foi citada como um dos fatores que podem afetar o mercado de capitais local e internacional.
Os Estados Unidos aparecem em primeiro lugar no ranking dos países que oferecem mais riscos ao mercado internacional, segundo 62% dos entrevistados.
Rússia e Brasil aparecem no final da lista, com 24% cada um. O Brasil foi citado por 50% das pessoas ouvidas como um dos que oferecem riscos ao seu próprio mercado.
Design... A Ornare, de móveis sob medida, fez uma parceria com a italiana Trè-Piu, especializada em portas.
...italiano A empresa será responsável pela fabricação, distribuição e venda das linhas no Brasil.
A economista-presidente - CARLOS ALBERTO SARDENBERG
O GLOBO - 05/12
Não deu certo. As contas públicas pioraram, a dívida bruta subiu, e o crescimento de novo não veio
Talvez fosse o caso de incluir na Constituição brasileira uma cláusula de barreira especifica: economista não pode ser presidente da República.
E acho que os economistas brasileiros, na maioria, concordarão ao menos provisoriamente com essa discriminação. Ocorre que não raro os governos precisam mudar a política econômica. É relativamente fácil: coloca-se a culpa no ministro da Fazenda, demite-se o titular e se convoca outro quadro, alinhado com uma diferente doutrina.
Guido Mantega, por exemplo, desde a primeira reunião ministerial do governo Dilma, em janeiro de 2011, vem prometendo crescimento do PIB superior a 5% ao ano, com inflação na meta de 4,5%. Dizia que a nova política garantiria esses extraordinários resultados. Bom, estamos fechando o terceiro ano do governo — e o melhor que ele poderá entregar será crescimento na média de 2%, com inflação de 6%.
Hora de mudar, não é mesmo?
Aí está o problema da presidente Dilma. Economista, ela tem ideias firmes, tem lado (o do nacional-desenvolvimentismo) e aplica sua doutrina.
Observem as declarações da presidente, em entrevista ao jornal “Valor Econômico”, em março de 2011:
“Tenho certeza que o Brasil vai crescer entre 4,5% e 5% este ano.... A meta (de inflação) é de 4,5% e nós vamos perseguir 4,5%. Tem banda para cima, banda para baixo, mas nós sempre tentamos, apesar da banda, forçar a inflação para a meta até tê-la no centro.”
Quando colocada diante da tese, ortodoxa, digamos, segundo a qual não seria possível, ao mesmo tempo, crescer 5% e trazer a inflação para a meta, a presidente retrucou:
“Tem um artigo interessante escrito pelo Delfim, a respeito de que não existe uma lei divina que diz que a taxa de crescimento será de 3% e que a inflação será de 6%. Eu acho que isso é adivinhação... Vamos mostrar que não, isso não está dado e... e que depende da gente.”
De fato, a adivinhação não estava certa. A inflação de 2011 não foi levada para a meta de 4,5%. Deu 6,5%, no limite máximo da banda. E o crescimento não foi de 3%, mas de 2,7%...
Não era mesmo possível forçar a queda dos juros, para estimular o crescimento, e derrubar a inflação. Mas o governo conseguiu fazer pior: derrubou o crescimento e elevou a inflação.
Tem mais: nos foros internacionais, a presidente deu lições de recuperação econômica, criticando todos os governos que optavam pelo ajuste das contas públicas. Em especial, deu uma bronca em Angela Merkel, que impunha a ortodoxia em toda a Europa. Justificava assim sua política de forte expansão do gasto público para turbinar o crédito e o crescimento.
Também não deu certo. As contas públicas pioraram, a dívida bruta subiu, e o crescimento de novo não veio.
Dizem os economistas que é preciso insistir em qualquer política econômica, dar tempo para que faça efeito. É o que Dilma fez. Mas, agora, com o país entrando no quarto ano de crescimento baixo e inflação alta, com deterioração das contas públicas e externas, a mudança se impõe.
A presidente até está tentando fazer isso. Por exemplo, os juros voltaram a subir, devem passar dos atuais 10%. E ela tem prometido aperto nas contas públicas.
Mas há dois problemas aí. Um, que o pessoal não acredita que a mudança é para valer. Faz sentido: uma política mais ortodoxa vai contra a vontade, as ideias e a determinação da presidente, que explicitou tudo de maneira muito clara. Segundo, como essa mudança de rumo é mesmo de má vontade, acaba sendo feita pela metade e mal executada.
Um corte de gastos aqui, um aumento ali. O Banco Central sobe os juros, mas o governo manda o BNDES, a Caixa e o Banco do Brasil emprestarem mais dinheiro a juros baratos.
Eis o problema da economista-presidente. Se a política fosse apenas do ministro Mantega, era só demiti-lo e colocar no seu lugar alguém tipo Palocci (o Palocci ministro da Fazenda do primeiro mandato de Lula) ou tipo Henrique Meirelles.
Mas se a presidente Dilma fizer isso, a dúvida vai aparecer imediatamente: será que ela mudou mesmo de opinião e admite isso? Rasgou os livros?
E falta de confiança, todos sabemos, é o veneno que mata qualquer política econômica.
Previsões?
A presidente deu uma informação errada quando, na semana passada, disse que o PIB de 2012 seria corrigido de crescimento de 0,9% para 1,5%. Na terça, o IBGE de fato corrigiu, mas para 1%, quase nada.
Comenta o jornalista João Borges, da Globonews: “O governo, que já errava as previsões sobre o futuro, agora também erra as previsões sobre o passado.”
Não deu certo. As contas públicas pioraram, a dívida bruta subiu, e o crescimento de novo não veio
Talvez fosse o caso de incluir na Constituição brasileira uma cláusula de barreira especifica: economista não pode ser presidente da República.
E acho que os economistas brasileiros, na maioria, concordarão ao menos provisoriamente com essa discriminação. Ocorre que não raro os governos precisam mudar a política econômica. É relativamente fácil: coloca-se a culpa no ministro da Fazenda, demite-se o titular e se convoca outro quadro, alinhado com uma diferente doutrina.
Guido Mantega, por exemplo, desde a primeira reunião ministerial do governo Dilma, em janeiro de 2011, vem prometendo crescimento do PIB superior a 5% ao ano, com inflação na meta de 4,5%. Dizia que a nova política garantiria esses extraordinários resultados. Bom, estamos fechando o terceiro ano do governo — e o melhor que ele poderá entregar será crescimento na média de 2%, com inflação de 6%.
Hora de mudar, não é mesmo?
Aí está o problema da presidente Dilma. Economista, ela tem ideias firmes, tem lado (o do nacional-desenvolvimentismo) e aplica sua doutrina.
Observem as declarações da presidente, em entrevista ao jornal “Valor Econômico”, em março de 2011:
“Tenho certeza que o Brasil vai crescer entre 4,5% e 5% este ano.... A meta (de inflação) é de 4,5% e nós vamos perseguir 4,5%. Tem banda para cima, banda para baixo, mas nós sempre tentamos, apesar da banda, forçar a inflação para a meta até tê-la no centro.”
Quando colocada diante da tese, ortodoxa, digamos, segundo a qual não seria possível, ao mesmo tempo, crescer 5% e trazer a inflação para a meta, a presidente retrucou:
“Tem um artigo interessante escrito pelo Delfim, a respeito de que não existe uma lei divina que diz que a taxa de crescimento será de 3% e que a inflação será de 6%. Eu acho que isso é adivinhação... Vamos mostrar que não, isso não está dado e... e que depende da gente.”
De fato, a adivinhação não estava certa. A inflação de 2011 não foi levada para a meta de 4,5%. Deu 6,5%, no limite máximo da banda. E o crescimento não foi de 3%, mas de 2,7%...
Não era mesmo possível forçar a queda dos juros, para estimular o crescimento, e derrubar a inflação. Mas o governo conseguiu fazer pior: derrubou o crescimento e elevou a inflação.
Tem mais: nos foros internacionais, a presidente deu lições de recuperação econômica, criticando todos os governos que optavam pelo ajuste das contas públicas. Em especial, deu uma bronca em Angela Merkel, que impunha a ortodoxia em toda a Europa. Justificava assim sua política de forte expansão do gasto público para turbinar o crédito e o crescimento.
Também não deu certo. As contas públicas pioraram, a dívida bruta subiu, e o crescimento de novo não veio.
Dizem os economistas que é preciso insistir em qualquer política econômica, dar tempo para que faça efeito. É o que Dilma fez. Mas, agora, com o país entrando no quarto ano de crescimento baixo e inflação alta, com deterioração das contas públicas e externas, a mudança se impõe.
A presidente até está tentando fazer isso. Por exemplo, os juros voltaram a subir, devem passar dos atuais 10%. E ela tem prometido aperto nas contas públicas.
Mas há dois problemas aí. Um, que o pessoal não acredita que a mudança é para valer. Faz sentido: uma política mais ortodoxa vai contra a vontade, as ideias e a determinação da presidente, que explicitou tudo de maneira muito clara. Segundo, como essa mudança de rumo é mesmo de má vontade, acaba sendo feita pela metade e mal executada.
Um corte de gastos aqui, um aumento ali. O Banco Central sobe os juros, mas o governo manda o BNDES, a Caixa e o Banco do Brasil emprestarem mais dinheiro a juros baratos.
Eis o problema da economista-presidente. Se a política fosse apenas do ministro Mantega, era só demiti-lo e colocar no seu lugar alguém tipo Palocci (o Palocci ministro da Fazenda do primeiro mandato de Lula) ou tipo Henrique Meirelles.
Mas se a presidente Dilma fizer isso, a dúvida vai aparecer imediatamente: será que ela mudou mesmo de opinião e admite isso? Rasgou os livros?
E falta de confiança, todos sabemos, é o veneno que mata qualquer política econômica.
Previsões?
A presidente deu uma informação errada quando, na semana passada, disse que o PIB de 2012 seria corrigido de crescimento de 0,9% para 1,5%. Na terça, o IBGE de fato corrigiu, mas para 1%, quase nada.
Comenta o jornalista João Borges, da Globonews: “O governo, que já errava as previsões sobre o futuro, agora também erra as previsões sobre o passado.”
Questão de confiança - CELSO MING
O Estado de S.Paulo - 05/12
O governo reconhece que alguma coisa do baixo desempenho da economia tem a ver com a falta de confiança, não só do empresário, mas até mesmo do consumidor.
Reconhece, por exemplo, quando reclama do pessimismo destilado pelos formadores de opinião, que contamina tudo, leva o empresário e o consumidor a adiar decisões e a pisar nos freios ou a não acelerar. No entanto, em vez de agir na direção correta para reverter esse estado negativista, a reação do governo acentua a decepção.
Não foram os analistas nem os formadores de opinião que criaram o ambiente de desânimo. Eles só refletem a percepção geral de que a economia está travada por erros de condução de administração e por seguidas trapalhadas perpetradas pelos responsáveis pela política econômica.
O governo contribui decisivamente para o alastramento do pessimismo quando, por exemplo, nega a existência de problemas, insiste em tapar o sol com peneira e segue proclamando projeções irrealistas quanto ao futuro da economia. Mês após mês, trimestre após trimestre, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, por exemplo, segue anunciando a grande virada. Começou, por exemplo, cada um dos últimos três anos prometendo um crescimento do PIB superior a 4%. Em setembro deste ano anunciou um plano estratégico que garantia um avanço do PIB de 4% de 2013 a 2022. Quando as primeiras projeções apontavam para um fiasco em 2012, Mantega apressou-se a afirmar que "isso é uma piada". No fim, ninguém riu, porque o resultado foi o fiasco já conhecido.
A equipe econômica vem sendo sempre surpreendida, e isso sugere que não tem rumo. O desempenho do PIB, a inflação, o rombo nas contas externas, o comportamento das contas públicas e tanta coisa mais ficam sempre abaixo do projetado. Há nove dias, por exemplo, a presidente Dilma anunciou ao jornal El País que o crescimento de 2012 seria revisto de 0,9% para 1,5%. Os novos números divulgados terça-feira mostraram que não passou de 1,0%. Ou seja, a presidente estava desinformada ou mal assessorada, o que passa uma ideia de leviandade na administração da economia.
Há pouco mais de um mês, o ministro Mantega não soube explicar por que as despesas com seguro-desemprego saltaram para R$ 47 bilhões neste ano de emprego recorde. Atribuiu a anomalia a fraudes, no que foi prontamente desmentido pelo Ministério do Trabalho.
Qualquer análise independente sobre o comportamento deste governo identifica nele graves erros de diagnóstico e de estratégia, como a ênfase excessiva dada até recentemente ao consumo que apenas tardiamente começa a ser corrigida e a derrubada prematura dos juros básicos. Identifica também excesso de intervenção nas forças do mercado, má vontade com os interesses do setor privado e a renitente propensão a tomar medidas pontuais e provisórias (política dos puxadinhos).
Aos desencontros e trapalhadas, o governo reage com parlapatices, como se prevalecesse a ordem geral do "engane, diga qualquer coisa, que sempre alguém vai acreditar".
As justificativas e explicações para os resultados frustrantes causam ainda mais frustração porque nunca reconhecem a existência de problemas e nunca apontam para uma convincente mudança de rumos.
O governo reconhece que alguma coisa do baixo desempenho da economia tem a ver com a falta de confiança, não só do empresário, mas até mesmo do consumidor.
Reconhece, por exemplo, quando reclama do pessimismo destilado pelos formadores de opinião, que contamina tudo, leva o empresário e o consumidor a adiar decisões e a pisar nos freios ou a não acelerar. No entanto, em vez de agir na direção correta para reverter esse estado negativista, a reação do governo acentua a decepção.
Não foram os analistas nem os formadores de opinião que criaram o ambiente de desânimo. Eles só refletem a percepção geral de que a economia está travada por erros de condução de administração e por seguidas trapalhadas perpetradas pelos responsáveis pela política econômica.
O governo contribui decisivamente para o alastramento do pessimismo quando, por exemplo, nega a existência de problemas, insiste em tapar o sol com peneira e segue proclamando projeções irrealistas quanto ao futuro da economia. Mês após mês, trimestre após trimestre, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, por exemplo, segue anunciando a grande virada. Começou, por exemplo, cada um dos últimos três anos prometendo um crescimento do PIB superior a 4%. Em setembro deste ano anunciou um plano estratégico que garantia um avanço do PIB de 4% de 2013 a 2022. Quando as primeiras projeções apontavam para um fiasco em 2012, Mantega apressou-se a afirmar que "isso é uma piada". No fim, ninguém riu, porque o resultado foi o fiasco já conhecido.
A equipe econômica vem sendo sempre surpreendida, e isso sugere que não tem rumo. O desempenho do PIB, a inflação, o rombo nas contas externas, o comportamento das contas públicas e tanta coisa mais ficam sempre abaixo do projetado. Há nove dias, por exemplo, a presidente Dilma anunciou ao jornal El País que o crescimento de 2012 seria revisto de 0,9% para 1,5%. Os novos números divulgados terça-feira mostraram que não passou de 1,0%. Ou seja, a presidente estava desinformada ou mal assessorada, o que passa uma ideia de leviandade na administração da economia.
Há pouco mais de um mês, o ministro Mantega não soube explicar por que as despesas com seguro-desemprego saltaram para R$ 47 bilhões neste ano de emprego recorde. Atribuiu a anomalia a fraudes, no que foi prontamente desmentido pelo Ministério do Trabalho.
Qualquer análise independente sobre o comportamento deste governo identifica nele graves erros de diagnóstico e de estratégia, como a ênfase excessiva dada até recentemente ao consumo que apenas tardiamente começa a ser corrigida e a derrubada prematura dos juros básicos. Identifica também excesso de intervenção nas forças do mercado, má vontade com os interesses do setor privado e a renitente propensão a tomar medidas pontuais e provisórias (política dos puxadinhos).
Aos desencontros e trapalhadas, o governo reage com parlapatices, como se prevalecesse a ordem geral do "engane, diga qualquer coisa, que sempre alguém vai acreditar".
As justificativas e explicações para os resultados frustrantes causam ainda mais frustração porque nunca reconhecem a existência de problemas e nunca apontam para uma convincente mudança de rumos.
Quando a fábrica de consumo para - VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SP - 05/12
Apesar de trimestre positivo, indústria está engripada desde a pane do 'modelo' econômico, em 2008
A INDÚSTRIA brasileira cresceu em outubro pelo terceiro mês consecutivo. Parece bom. Somadas as melhorias do trimestre, a produção industrial não compensa o tombo de julho, quando encolheu 2,5%.
Enfim, a indústria nem ao menos despiorou.
Em 12 meses, a indústria cresceu 0,95%. Parece pouco, mas com boa vontade poderia se dizer que ao menos a produção não encolheu.
Mas a produção da indústria é ainda inferior à do início do governo Dilma Rousseff. Para não implicar com a presidente, note-se que a indústria está mais ou menos estagnada desde meados de 2008. Desde então flutua em torno do nível de produção de hoje, desconsiderado o tombo maior provocado pela crise pela recessão de 2009 no Brasil.
Parece, como argumenta o governo, que a letargia quase catatonia industrial tem algo a ver com a crise de 2008. Deve ter mesmo.
O "consumo" mundial caiu: as economias importantes, afora a China, passaram a crescer nada ou muito pouco. Houve sobra de produto industrial barato, uma espécie de xepa universal. Portanto, o mercado mundial estava em baixa e a concorrência aumentou.
Para piorar, os produtos brasileiros ficaram mais caros, ao menos entre 2008 e meados de 2011. Ficamos careiros tanto porque o real ficou forte (o "dólar ficou barato") como porque os preços têm subido aqui bem mais que nos países com os quais temos comércio, exceto a Argentina. Enfim, nossa inflação é mais alta.
Os economistas podem escrever livros para explicar por que a nossa inflação é mais alta. Mas o motivo mais imediato e menos discutível é que os custos têm subido no Brasil, em especial os salariais, e porque nossa produtividade cresce pouco.
No entanto, o nosso consumo ainda cresce, mais devagar que faz um ou dois anos, mas cresce. O governo gasta mais, em particular despende mais com benefícios sociais. Também estimula o crédito na contramão do mercado (os empréstimos dos bancos estatais crescem, o dos bancos privados estagnou faz meses). Além do mais, baixou impostos sobre bens de consumo e cesta básica, por exemplo.
O aumento do consumo, porém, não faz as fábricas ligarem mais máquinas. Como dito acima, o nível da produção industrial estagnou faz uns cinco anos. Obviamente, importamos parte do nosso consumo extra.
Cada vez mais, em especial depois de 2007, compramos mais do que vendemos lá fora. Nosso deficit externo cresce. Grosso modo, isso significa que estamos fazendo uma espécie de dívida. Mas o mundo está com menos vontade de nos financiar, digamos. Um sinal disso é que o real perde valor (ficamos, de certo modo, mais pobres).
Aparentemente, estamos tomando emprestado lá fora para consumir, não para investir, dado o crescimento pífio do investimento.
O governo também gasta mais, mas não para investir "em obras". Nos últimos 12 meses, o investimento do governo não cresceu nada.
Parece evidente que, aos poucos, esse arranjo vai se esgotando, o que é difícil de perceber no dia a dia: o governo não tem muito mais como gastar sem criar crise feia, não temos muito mais como "comprar a crédito" lá fora, a inflação indica escassez de recursos produtivos.
Enfim, "deu". Temos de mudar de vida.
Apesar de trimestre positivo, indústria está engripada desde a pane do 'modelo' econômico, em 2008
A INDÚSTRIA brasileira cresceu em outubro pelo terceiro mês consecutivo. Parece bom. Somadas as melhorias do trimestre, a produção industrial não compensa o tombo de julho, quando encolheu 2,5%.
Enfim, a indústria nem ao menos despiorou.
Em 12 meses, a indústria cresceu 0,95%. Parece pouco, mas com boa vontade poderia se dizer que ao menos a produção não encolheu.
Mas a produção da indústria é ainda inferior à do início do governo Dilma Rousseff. Para não implicar com a presidente, note-se que a indústria está mais ou menos estagnada desde meados de 2008. Desde então flutua em torno do nível de produção de hoje, desconsiderado o tombo maior provocado pela crise pela recessão de 2009 no Brasil.
Parece, como argumenta o governo, que a letargia quase catatonia industrial tem algo a ver com a crise de 2008. Deve ter mesmo.
O "consumo" mundial caiu: as economias importantes, afora a China, passaram a crescer nada ou muito pouco. Houve sobra de produto industrial barato, uma espécie de xepa universal. Portanto, o mercado mundial estava em baixa e a concorrência aumentou.
Para piorar, os produtos brasileiros ficaram mais caros, ao menos entre 2008 e meados de 2011. Ficamos careiros tanto porque o real ficou forte (o "dólar ficou barato") como porque os preços têm subido aqui bem mais que nos países com os quais temos comércio, exceto a Argentina. Enfim, nossa inflação é mais alta.
Os economistas podem escrever livros para explicar por que a nossa inflação é mais alta. Mas o motivo mais imediato e menos discutível é que os custos têm subido no Brasil, em especial os salariais, e porque nossa produtividade cresce pouco.
No entanto, o nosso consumo ainda cresce, mais devagar que faz um ou dois anos, mas cresce. O governo gasta mais, em particular despende mais com benefícios sociais. Também estimula o crédito na contramão do mercado (os empréstimos dos bancos estatais crescem, o dos bancos privados estagnou faz meses). Além do mais, baixou impostos sobre bens de consumo e cesta básica, por exemplo.
O aumento do consumo, porém, não faz as fábricas ligarem mais máquinas. Como dito acima, o nível da produção industrial estagnou faz uns cinco anos. Obviamente, importamos parte do nosso consumo extra.
Cada vez mais, em especial depois de 2007, compramos mais do que vendemos lá fora. Nosso deficit externo cresce. Grosso modo, isso significa que estamos fazendo uma espécie de dívida. Mas o mundo está com menos vontade de nos financiar, digamos. Um sinal disso é que o real perde valor (ficamos, de certo modo, mais pobres).
Aparentemente, estamos tomando emprestado lá fora para consumir, não para investir, dado o crescimento pífio do investimento.
O governo também gasta mais, mas não para investir "em obras". Nos últimos 12 meses, o investimento do governo não cresceu nada.
Parece evidente que, aos poucos, esse arranjo vai se esgotando, o que é difícil de perceber no dia a dia: o governo não tem muito mais como gastar sem criar crise feia, não temos muito mais como "comprar a crédito" lá fora, a inflação indica escassez de recursos produtivos.
Enfim, "deu". Temos de mudar de vida.
As últimas taxinhas do 'Pibão' - ROBERTO MACEDO
O Estado de S.Paulo - 05/12
Quem lê meus artigos sabe da minha indisposição quanto ao uso do termo "pibinho" como referência às baixas taxas de crescimento do produto interno bruto (PIB) brasileiro. E o recente anúncio de outras taxas desse tipo é mais uma oportunidade de insistir na pregação, pois cresceu a presença do termo no noticiário. Um argumento é que o PIB é número absoluto e sua taxa de variação ao longo do tempo é um conceito relativo em que o valor do PIB num período é comparado ao de outro período no passado.
Ademais, em cada medição várias taxas de variação são aferidas, como a do PIB num trimestre relativamente ao trimestre anterior, ou ao mesmo trimestre do ano precedente. No recente anúncio do PIB do terceiro trimestre deste ano o IBGE enfatizou quatro taxas, uma delas negativa, a correspondente ao que chamou de "Tri/tri anterior". Assim, quem fala do tal "pibinho" precisaria explicar também o que é um "pibinho negativo".
E mais: o Brasil tem mesmo é um "Pibão", o sexto ou sétimo entre os quase 200 países do mundo. Mas como o País é também um dos maiores em população, o nosso PIB por habitante o deixa entre os de nível médio que sonham juntar-se ao grupo dos ricos. O valor do PIB no terceiro trimestre deste ano foi R$ 1.213.400.000.000,00! "Pibinho"?
Mas o "pibinho" pegou e, consultando o Google, vi que em 0,17s ele levantou cerca de 800 mil referências ao termo. Há até charges em que o "pibinho" é mostrado como uma criancinha ou como um cão de porte diminuto. Porcentagens integram os desenhos dos cães mostrados proporcionalmente ao seu tamanho, mas nunca vi cachorro com nome de porcentagem, embora 10% fosse um número cabível, pois é parte da cultura nacional.
Na terça-feira o anúncio do PIB trimestral no Jornal Nacional pelo menos corrigiu um antigo erro da Globo. Ela teimava em anunciar o PIB como "a soma das riquezas nacionais". Ora, tal soma incluiria, por exemplo, o prédio onde moro, parte do PIB de um ano perto de 1960. Desta vez a referência foi ao valor total dos bens e serviços produzidos pelo País num determinado período de tempo. Caberia adicionar que a medição é pelo "valor adicionado em cada estágio das cadeias produtivas", mas quem iria entender isso?
Os resultados do PIB do terceiro trimestre estão em muitas manchetes e reportagens e são mais um capítulo de uma novela ainda sem final feliz. Ficando apenas no resultado acumulado nos últimos quatro trimestres relativamente aos quatro trimestres anteriores, que dá uma ideia aproximada do que será a taxa no final do ano, a taxa calculada foi de 2,3%. Como só resta um trimestre para fechar 2013, esse número prenuncia outra taxinha anual para o Pibão que teima em não crescer mais rápido e satisfatoriamente.
Desta vez o que mais me chamou a atenção foi que duas altas autoridades do governo federal, inclusive a maior delas, poucos dias antes do recente anúncio pelo IBGE se equivocaram ao falar sobre as novas taxas de variação do PIB que viriam, juntamente com a retificação de outras já anunciadas no passado.
O ministro Guido Mantega, da Fazenda, continuou insistindo em previsões com o viés otimista de seu agrado. Na divulgação do PIB trimestral anterior, do segundo trimestre de 2013, em setembro, até que veio uma taxona, de 1,5% relativamente ao trimestre anterior. Mas sem sustentação, pois em larga medida refletia especificidades do trimestre, como o ótimo desempenho dos agronegócios na época de safra. Na ocasião Mantega empolgou-se e disse: "O pior já passou. O fundo do poço foi superado (...)".
Um dia antes do recente anúncio do IBGE ele ainda mantinha essa visão ao dizer que "o crescimento do terceiro trimestre está projetado em 2,5%, ante o mesmo período de 2012, e fica claro que vivemos uma recuperação do que foi o fundo do poço, em 2012". Bem, essa taxa foi de 2,2%, na esteira da taxa negativa do trimestre relativamente ao trimestre anterior, muito distante da recuperação vivenciada pelo ministro.
Quem também se saiu mal na foto foi a presidente Dilma Rousseff, que numa entrevista ao jornal espanhol El País, no mês passado, disse que a taxinha anual do PIB de 2012, calculada pelo IBGE em 0,9%, seria reavaliada para 1,5%. Veio a reavaliação, mas quase insignificante, elevando a taxa anterior para 1%.
Errar é humano, mas erros ministeriais ou presidenciais diminuem a confiança nas autoridades governamentais e na sua política econômica, agravando o descrédito com que esta já é vista nos meios financeiros e empresariais em geral. Assim, minha indisposição contra esses erros se volta também para suas implicações.
Quanto aos erros em si, há uma questão metodológica que só aprendi quando estudava para ensinar, pois quem é professor estuda muito mais que quando aluno. E lecionei Estatística Econômica e Econometria, o que em parte explica esses cacoetes meus contra o "pibinho" e a menção do PIB como a soma das riquezas nacionais. Aprendi então que não se deve fazer uma previsão expressa apenas por um número, como as do ministro Mantega e praticadas também no mercado financeiro. A previsão deve ser feita por intervalos, em face das incertezas que cercam o futuro a que ela se refere.
Suponhamos que as previsões da variação anual do PIB de 2013 sejam feitas apenas por números de uma casa decimal. Ora, de 2% a 2,5%, onde está a maioria das previsões dos analistas, há seis desses números e prever apenas um deles seria como jogar um dado, caso em que a probabilidade de acerto é só de uma em seis jogadas. Assim, quem se fixar na previsão de apenas um número terá maior probabilidade de errar.
Portanto, autoridades governamentais deveriam evitar previsões, mas, se optarem por fazê-las, deveriam usar intervalos, o que reduziria bastante seu risco de erro.
Quem lê meus artigos sabe da minha indisposição quanto ao uso do termo "pibinho" como referência às baixas taxas de crescimento do produto interno bruto (PIB) brasileiro. E o recente anúncio de outras taxas desse tipo é mais uma oportunidade de insistir na pregação, pois cresceu a presença do termo no noticiário. Um argumento é que o PIB é número absoluto e sua taxa de variação ao longo do tempo é um conceito relativo em que o valor do PIB num período é comparado ao de outro período no passado.
Ademais, em cada medição várias taxas de variação são aferidas, como a do PIB num trimestre relativamente ao trimestre anterior, ou ao mesmo trimestre do ano precedente. No recente anúncio do PIB do terceiro trimestre deste ano o IBGE enfatizou quatro taxas, uma delas negativa, a correspondente ao que chamou de "Tri/tri anterior". Assim, quem fala do tal "pibinho" precisaria explicar também o que é um "pibinho negativo".
E mais: o Brasil tem mesmo é um "Pibão", o sexto ou sétimo entre os quase 200 países do mundo. Mas como o País é também um dos maiores em população, o nosso PIB por habitante o deixa entre os de nível médio que sonham juntar-se ao grupo dos ricos. O valor do PIB no terceiro trimestre deste ano foi R$ 1.213.400.000.000,00! "Pibinho"?
Mas o "pibinho" pegou e, consultando o Google, vi que em 0,17s ele levantou cerca de 800 mil referências ao termo. Há até charges em que o "pibinho" é mostrado como uma criancinha ou como um cão de porte diminuto. Porcentagens integram os desenhos dos cães mostrados proporcionalmente ao seu tamanho, mas nunca vi cachorro com nome de porcentagem, embora 10% fosse um número cabível, pois é parte da cultura nacional.
Na terça-feira o anúncio do PIB trimestral no Jornal Nacional pelo menos corrigiu um antigo erro da Globo. Ela teimava em anunciar o PIB como "a soma das riquezas nacionais". Ora, tal soma incluiria, por exemplo, o prédio onde moro, parte do PIB de um ano perto de 1960. Desta vez a referência foi ao valor total dos bens e serviços produzidos pelo País num determinado período de tempo. Caberia adicionar que a medição é pelo "valor adicionado em cada estágio das cadeias produtivas", mas quem iria entender isso?
Os resultados do PIB do terceiro trimestre estão em muitas manchetes e reportagens e são mais um capítulo de uma novela ainda sem final feliz. Ficando apenas no resultado acumulado nos últimos quatro trimestres relativamente aos quatro trimestres anteriores, que dá uma ideia aproximada do que será a taxa no final do ano, a taxa calculada foi de 2,3%. Como só resta um trimestre para fechar 2013, esse número prenuncia outra taxinha anual para o Pibão que teima em não crescer mais rápido e satisfatoriamente.
Desta vez o que mais me chamou a atenção foi que duas altas autoridades do governo federal, inclusive a maior delas, poucos dias antes do recente anúncio pelo IBGE se equivocaram ao falar sobre as novas taxas de variação do PIB que viriam, juntamente com a retificação de outras já anunciadas no passado.
O ministro Guido Mantega, da Fazenda, continuou insistindo em previsões com o viés otimista de seu agrado. Na divulgação do PIB trimestral anterior, do segundo trimestre de 2013, em setembro, até que veio uma taxona, de 1,5% relativamente ao trimestre anterior. Mas sem sustentação, pois em larga medida refletia especificidades do trimestre, como o ótimo desempenho dos agronegócios na época de safra. Na ocasião Mantega empolgou-se e disse: "O pior já passou. O fundo do poço foi superado (...)".
Um dia antes do recente anúncio do IBGE ele ainda mantinha essa visão ao dizer que "o crescimento do terceiro trimestre está projetado em 2,5%, ante o mesmo período de 2012, e fica claro que vivemos uma recuperação do que foi o fundo do poço, em 2012". Bem, essa taxa foi de 2,2%, na esteira da taxa negativa do trimestre relativamente ao trimestre anterior, muito distante da recuperação vivenciada pelo ministro.
Quem também se saiu mal na foto foi a presidente Dilma Rousseff, que numa entrevista ao jornal espanhol El País, no mês passado, disse que a taxinha anual do PIB de 2012, calculada pelo IBGE em 0,9%, seria reavaliada para 1,5%. Veio a reavaliação, mas quase insignificante, elevando a taxa anterior para 1%.
Errar é humano, mas erros ministeriais ou presidenciais diminuem a confiança nas autoridades governamentais e na sua política econômica, agravando o descrédito com que esta já é vista nos meios financeiros e empresariais em geral. Assim, minha indisposição contra esses erros se volta também para suas implicações.
Quanto aos erros em si, há uma questão metodológica que só aprendi quando estudava para ensinar, pois quem é professor estuda muito mais que quando aluno. E lecionei Estatística Econômica e Econometria, o que em parte explica esses cacoetes meus contra o "pibinho" e a menção do PIB como a soma das riquezas nacionais. Aprendi então que não se deve fazer uma previsão expressa apenas por um número, como as do ministro Mantega e praticadas também no mercado financeiro. A previsão deve ser feita por intervalos, em face das incertezas que cercam o futuro a que ela se refere.
Suponhamos que as previsões da variação anual do PIB de 2013 sejam feitas apenas por números de uma casa decimal. Ora, de 2% a 2,5%, onde está a maioria das previsões dos analistas, há seis desses números e prever apenas um deles seria como jogar um dado, caso em que a probabilidade de acerto é só de uma em seis jogadas. Assim, quem se fixar na previsão de apenas um número terá maior probabilidade de errar.
Portanto, autoridades governamentais deveriam evitar previsões, mas, se optarem por fazê-las, deveriam usar intervalos, o que reduziria bastante seu risco de erro.
Reformas abandonadas - SÍLVIO RIBAS
CORREIO BRAZILIENSE - 05/12
As duas mais importantes decisões tomadas pelo Partido Comunista da China em favor do desenvolvimento da atual segunda maior economia do mundo foram na direção de mais abertura ao capitalismo. No começo dos anos 1990, o país mais populoso do planeta iniciou uma trajetória que rendeu mais prosperidade que a trazida pelo milagre econômico brasileiro, do período entre o finzinho da década de 1960 e o comecinho da de 1970.
O então caso mais surpreendente de salto rumo à industrialização foi desbancado por um processo de atração de investimentos externos sem precedentes, associado à construção da maior base manufatureira e exportadora de todos os tempos. Depois dos frutos colhidos pelos chineses e dos recentes sinais de esgotamento do seu modelo bem-sucedido, com perda de fôlego da ainda acelerada atividade, o gigante asiático recorre este ano a mais liberdade para empreender, visando aumentar e melhorar os empregos e obter riqueza sustentável no longo prazo. Eles vão conseguir, de novo.
O ultradesenvolvido Japão, outrora vice-líder do PIB mundial, luta também para implantar reformas que o torne ainda mais amigável ao espírito animal dos empresários e menos refratário ao risco capitalista. Depois de 20 anos batendo cabeça, as autoridades da potência do sol nascente parecem ter encontrado saídas pela via dos negócios para superar a incômoda estagnação. Ajustes no mercado de trabalho encabeçam a lista do plano ousado de reformas do governo.
Do lado de cá do mundo, amargamos resultados negativos justamente por nos descambar numa década perdida de medidas engavetadas, de aprimoramentos suspensos e de posturas contraditórias em relação ao saudável desejo das pessoas de empreender, de ganhar dinheiro honestamente com boas ideias e com mangas arregaçadas. Temos um país ainda pleno de potencialidades que poderia estar consagrado na quinta posição entre as maiores economias.
Ao não deixar de prosseguir na trilha da libertação do capital, dando espaço para que a prosperidade avançasse sem paradas técnicas da burocracia e sem cair em valas do estatismo e da falta de infraestrutura, o Brasil sofre. O mundo já é outro e quem tem juízo tomou as medidas necessárias para sair do atoleiro e ganhar forçar para a crescente competição internacional. E nós?
O então caso mais surpreendente de salto rumo à industrialização foi desbancado por um processo de atração de investimentos externos sem precedentes, associado à construção da maior base manufatureira e exportadora de todos os tempos. Depois dos frutos colhidos pelos chineses e dos recentes sinais de esgotamento do seu modelo bem-sucedido, com perda de fôlego da ainda acelerada atividade, o gigante asiático recorre este ano a mais liberdade para empreender, visando aumentar e melhorar os empregos e obter riqueza sustentável no longo prazo. Eles vão conseguir, de novo.
O ultradesenvolvido Japão, outrora vice-líder do PIB mundial, luta também para implantar reformas que o torne ainda mais amigável ao espírito animal dos empresários e menos refratário ao risco capitalista. Depois de 20 anos batendo cabeça, as autoridades da potência do sol nascente parecem ter encontrado saídas pela via dos negócios para superar a incômoda estagnação. Ajustes no mercado de trabalho encabeçam a lista do plano ousado de reformas do governo.
Do lado de cá do mundo, amargamos resultados negativos justamente por nos descambar numa década perdida de medidas engavetadas, de aprimoramentos suspensos e de posturas contraditórias em relação ao saudável desejo das pessoas de empreender, de ganhar dinheiro honestamente com boas ideias e com mangas arregaçadas. Temos um país ainda pleno de potencialidades que poderia estar consagrado na quinta posição entre as maiores economias.
Ao não deixar de prosseguir na trilha da libertação do capital, dando espaço para que a prosperidade avançasse sem paradas técnicas da burocracia e sem cair em valas do estatismo e da falta de infraestrutura, o Brasil sofre. O mundo já é outro e quem tem juízo tomou as medidas necessárias para sair do atoleiro e ganhar forçar para a crescente competição internacional. E nós?