quinta-feira, dezembro 05, 2013

Reformas abandonadas - SÍLVIO RIBAS

CORREIO BRAZILIENSE - 05/12
As duas mais importantes decisões tomadas pelo Partido Comunista da China em favor do desenvolvimento da atual segunda maior economia do mundo foram na direção de mais abertura ao capitalismo. No começo dos anos 1990, o país mais populoso do planeta iniciou uma trajetória que rendeu mais prosperidade que a trazida pelo milagre econômico brasileiro, do período entre o finzinho da década de 1960 e o comecinho da de 1970.
O então caso mais surpreendente de salto rumo à industrialização foi desbancado por um processo de atração de investimentos externos sem precedentes, associado à construção da maior base manufatureira e exportadora de todos os tempos. Depois dos frutos colhidos pelos chineses e dos recentes sinais de esgotamento do seu modelo bem-sucedido, com perda de fôlego da ainda acelerada atividade, o gigante asiático recorre este ano a mais liberdade para empreender, visando aumentar e melhorar os empregos e obter riqueza sustentável no longo prazo. Eles vão conseguir, de novo.

O ultradesenvolvido Japão, outrora vice-líder do PIB mundial, luta também para implantar reformas que o torne ainda mais amigável ao espírito animal dos empresários e menos refratário ao risco capitalista. Depois de 20 anos batendo cabeça, as autoridades da potência do sol nascente parecem ter encontrado saídas pela via dos negócios para superar a incômoda estagnação. Ajustes no mercado de trabalho encabeçam a lista do plano ousado de reformas do governo.

Do lado de cá do mundo, amargamos resultados negativos justamente por nos descambar numa década perdida de medidas engavetadas, de aprimoramentos suspensos e de posturas contraditórias em relação ao saudável desejo das pessoas de empreender, de ganhar dinheiro honestamente com boas ideias e com mangas arregaçadas. Temos um país ainda pleno de potencialidades que poderia estar consagrado na quinta posição entre as maiores economias.

Ao não deixar de prosseguir na trilha da libertação do capital, dando espaço para que a prosperidade avançasse sem paradas técnicas da burocracia e sem cair em valas do estatismo e da falta de infraestrutura, o Brasil sofre. O mundo já é outro e quem tem juízo tomou as medidas necessárias para sair do atoleiro e ganhar forçar para a crescente competição internacional. E nós?

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