FOLHA DE SP - 07/11
Para meu pai, a presença dos mortos não tinha por que ser pavorosa, pois ela só enriquecia nossa vida
Mesmo estando em Veneza, não passei pelo cemitério de San Michele no dia dos mortos.
Se eu fosse até lá no dia 2, teria visitado um amigo dos meus pais, que mal se lembraria de mim, e alguns ilustres: Stravinsky, Joseph Brodsky, que é um poeta que me toca e escreveu um livro lindo sobre Veneza ("Marca d'Água", Cosac Naify), e Franco Basaglia, que desencadeou o movimento antipsiquiátrico, no hospital de Gorizia.
É provável que as visitas aos cemitérios se tornem cada vez mais raras. Além de um túmulo concreto, muitos já erigem monumentos virtuais para seus entes queridos, e visitar os mortos, no futuro, talvez signifique passear por um lugar virtual: rever fotos e textos, lembrar-se e deixar um pensamento (há sites para isso, cemitérios virtuais --peoplememory.com, por exemplo).
Na Itália, há também cemitérios reais em que, graças a câmeras filmando ao vivo, é possível visitar qualquer tumba virtualmente, sem sequer sair de casa (a coisa começou, aliás, com os cemitérios de lugares com forte índice de emigração, de modo que netos e bisnetos do outro lado do mar pudessem visitar "i nonni").
Mas a razão pela qual não visitei San Michele é outra. Especialmente em Veneza, para mim, os mortos não estão separados dos vivos. Claro, Napoleão chegou até aqui e instituiu os cemitérios (entre eles San Michele), proibindo que os mortos fossem sepultados perto dos vivos.
Mas meu pai pensava diferente de Napoleão; para ele, a presença dos mortos não tinha por que ser pavorosa ou insalubre --ao contrário, ela só enriquecia nossa vida.
Meu pai queria que eu me interessasse pelas pedras da cidade, por sua arte e por sua história. O jeito que ele encontrou foi me seduzir com histórias (algumas verdadeiras, outras --suspeito-- inventadas).
Em Veneza, há mais de uma rua dos assassinos, mais de um "malcantón" (canto ruim), mais de uma ponte do diabo ou dos esquartejados. De todos esses lugares, uma lenda explica o nome. Mesma coisa para cada pedra estranha no meio da calçada, cada busto de anjo ou de diabo num muro. Para quem cresceu ouvindo essas histórias, o passado é uma outra dimensão, quase presente, visível, e a cidade é povoada pelas sombras dos que foram.
Por exemplo, visitei a parte da Bienal de Arte que é apresentada no antigo Arsenal. Artistas contemporâneos mostram suas obras, inclusive ao ar livre, nas docas onde eram construídos os navios da República. Reis e poderosos, passando por Veneza, sempre eram convidados a festas no Arsenal, que duravam uma tarde, para eles constatarem que, numa tarde, Veneza conseguia construir um navio. Pois bem, no Arsenal, misturo-me à fauna variada da Bienal, mas nunca deixo de enxergar, no fundo, o trabalho dos obreiros que terminavam uma galera num dia só.
Uma vez, passeando pelas Fondamenta delle Zattere num fim de tarde, meu pai me mostrou o enorme edifício do moinho Stucky, abandonado. Ele apontou luzes trêmulas nas janelas escuras. Eu não enxerguei nada, mas aprendi que aquelas eram as chamas que assinalavam o lugar onde jazia a beata Giuliana de Collalto, esquecida na vala comum das freiras de seu mosteiro, no fim do século 13.
Nada demais, só que o mosteiro de Giuliana tinha sido demolido e, no seu lugar, surgia, justamente, o moinho Stucky, uma gigantesca oficina neogótica. Ora, em 1910, o próprio Stucky foi assassinado, e, em 2003, o moinho, antes de se tornar mega-hotel, sofreu um grave incêndio. Talvez tenha sido Giuliana de Collalto; talvez e mais provável, tenha sido a sombra de John Ruskin voltando para defender o gótico de sua Veneza amada contra o horror neogótico do Stucky.
Seja como for, no dia dos mortos, não precisamos visitar os cemitérios porque nossos mortos já estão entre nós (ou dentro de nós). E não é necessário ter medo: eles, em tese, estão do nosso lado e contra nossos inimigos. Por quê?
A melhor resposta é a de Cinqué, na versão que Steven Spielberg filmou da história do navio "Amistad".
No filme, Cinqué explica a John Quincy Adams (seu advogado) que ele chamará seus antepassados para que o ajudem na hora do processo no qual será decidido se ele ganhará sua liberdade de volta ou continuará escravo. Cinqué afirma com clareza e convicção que os antepassados não poderão deixar de vir para ajudá-lo, por uma razão simples: ele, Cinqué, é a única razão de eles terem existido.
quinta-feira, novembro 07, 2013
A máquina de fazer pobres - CORA RÓNAI
O GLOBO - 07/11
Não há horizonte para quem está na miséria; na pobreza, há luz no fim do túnel
Imaginem um programa social que diminui o índice de internação de crianças doentes em 90%, aumenta a sua frequência escolar em 92% e praticamente dobra a renda familiar dos seus pais. Pois foi isso que três pesquisadores da Universidade de Georgetown encontraram aqui no Brasil, quando decidiram estudar os efeitos a médio e longo prazo do Saúde Criança, uma ONG carioca especializada em transformar miseráveis em pobres, na perfeita definição da sua fundadora.
Parece um jogo de palavras espirituoso, mas fala de dois universos onde o tudo e o nada seguem rumos separados. A diferença entre a miséria e a pobreza é praticamente intransponível para quem está na miséria; não há horizontes ou esperança nesse mundo. Na pobreza, contudo, já se permitem sonhos e, eventualmente, realizações. Na pobreza há luz no fim do túnel; na miséria, só trens vindos em direção contrária.
Vera Cordeiro descobriu essa fronteira quando trabalhava no Hospital da Lagoa. Crianças eram internadas, tinham alta, iam para casa — e logo estavam de volta ao hospital, em condições ainda piores, num ciclo vicioso que, quase sempre, só terminava com a morte dos pequenos pacientes. Claro: ir para casa significa voltar para as condições insalubres que os tinham feito adoecer. Significava falta de medicação, de cuidados, de comida. Ela chegou à conclusão de que era virtualmente impossível tratar das crianças sem tratar das suas famílias e do seu entorno. E foi à luta.
Trabalhando com voluntárias, correndo atrás de donativos e de parceiros, ela traçou um plano de ação e passou a atacar a miséria em várias frentes: dando remédios e alimento para as crianças, mas também reformando os seus barracos infectos, ensinando um ofício às mães e, muitas vezes, obtendo documentos para famílias inteiras que não existiam oficialmente.
Deu tão certo que hoje o Saúde Criança — que começou como Renascer, mas mudou de nome no meio do caminho para não ser confundido com a famigerada igreja — virou franquia social, e está presente em sete estados brasileiros, sendo que, em Minas Gerais, virou política de governo. A organização ganhou todos os prêmios mundiais do setor, é exemplo no mundo inteiro e chamou a atenção de Muhammad Yunus, o banqueiro bengali que ganhou o Prêmio Nobel da Paz pela concepção do conceito de microcrédito.
Dentro deste quadro de sucesso, faltava calcular, em números concretos, o efeito a longo prazo da atuação do Saúde Criança. Não é segredo para ninguém que a metodologia funciona; afinal, as voluntárias e voluntários ficam ligados às famílias que atendem, e volta e meia têm notícias delas mesmo depois que se desligam do programa. Mas haveria como medir o seu impacto?
Sim, havia. Há três anos, os pesquisadores Daniel Ortega Nieto, James Habyarimana e Jennifer Tobin, da Universidade de Georgetown, nos Estados Unidos, passaram a acompanhar e comparar 127 famílias assistidas pelo SC com outras tantas que não foram beneficiadas. O resultado do seu trabalho, divulgado no mês passado, foi surpreendente. O tempo médio de internação hospitalar das crianças caiu de 62 dias por ano para nove. A renda familiar per capita passou de R$ 566 para R$ 1.087. Houve também um aumento notável na porcentagem de adultos empregados, de 54 por cento na entrada para 70 por cento até cinco anos após a participação no programa. Esse índice é atribuído aos cursos profissionalizantes promovidos pelo Saúde Criança.
A percepção de bem-estar das famílias é eloquente: ao entrar no programa, 56 por cento definiam a sua situação como ruim ou muito ruim. Passados três anos, esse índice caiu para pouco mais de 15 por cento — enquanto 51,2 por cento passaram a se achar em situação boa ou muito boa, contra os 9,6 anteriores.
Como disse uma das mães atendidas:
“Quando você chega aqui você está triste, abatida, sem esperança. Aqui eles ensinam a gente a andar com a cabeça erguida.”
Pois é.
Isso também é Brasil, mas no meio de tantas notícias ruins protagonizadas por elementos torpes, nem sempre nos lembramos dos pequenos milagres que acontecem todos os dias, promovidos por brasileiros que honram o seu país.
* * *
E agora, os nossos comerciais: o Saúde Criança está participando do “Skoll Foundation social entrepreneurs challenge”, um desafio internacional para arrecadação de recursos online promovido pela Fundação Skoll, que investe em empreendedores sociais ao redor do mundo.
Entre as 57 instituições escolhidas, há apenas duas brasileiras (a outra é o CDI, o Comitê para Democratização da Informática, muito bem colocado graças à doação de um trabalho do Vik Muniz). O Saúde Criança está em sétimo lugar, e precisa melhorar a posição para garantir uma parte no prêmio de 250 mil dólares que será repartido entre as ONGs que mais arrecadarem.
O desafio termina no próximo dia 22 de novembro. Até lá, é só ir ao site, que fica em crowdrise.com/SaudeCrianca, e fazer a sua doação. Doe o valor de uma manicure, por exemplo, ou de um jantar: não vai fazer falta a você, e vai ajudar muito a uma causa que é nobre e digna de apoio.
Não há horizonte para quem está na miséria; na pobreza, há luz no fim do túnel
Imaginem um programa social que diminui o índice de internação de crianças doentes em 90%, aumenta a sua frequência escolar em 92% e praticamente dobra a renda familiar dos seus pais. Pois foi isso que três pesquisadores da Universidade de Georgetown encontraram aqui no Brasil, quando decidiram estudar os efeitos a médio e longo prazo do Saúde Criança, uma ONG carioca especializada em transformar miseráveis em pobres, na perfeita definição da sua fundadora.
Parece um jogo de palavras espirituoso, mas fala de dois universos onde o tudo e o nada seguem rumos separados. A diferença entre a miséria e a pobreza é praticamente intransponível para quem está na miséria; não há horizontes ou esperança nesse mundo. Na pobreza, contudo, já se permitem sonhos e, eventualmente, realizações. Na pobreza há luz no fim do túnel; na miséria, só trens vindos em direção contrária.
Vera Cordeiro descobriu essa fronteira quando trabalhava no Hospital da Lagoa. Crianças eram internadas, tinham alta, iam para casa — e logo estavam de volta ao hospital, em condições ainda piores, num ciclo vicioso que, quase sempre, só terminava com a morte dos pequenos pacientes. Claro: ir para casa significa voltar para as condições insalubres que os tinham feito adoecer. Significava falta de medicação, de cuidados, de comida. Ela chegou à conclusão de que era virtualmente impossível tratar das crianças sem tratar das suas famílias e do seu entorno. E foi à luta.
Trabalhando com voluntárias, correndo atrás de donativos e de parceiros, ela traçou um plano de ação e passou a atacar a miséria em várias frentes: dando remédios e alimento para as crianças, mas também reformando os seus barracos infectos, ensinando um ofício às mães e, muitas vezes, obtendo documentos para famílias inteiras que não existiam oficialmente.
Deu tão certo que hoje o Saúde Criança — que começou como Renascer, mas mudou de nome no meio do caminho para não ser confundido com a famigerada igreja — virou franquia social, e está presente em sete estados brasileiros, sendo que, em Minas Gerais, virou política de governo. A organização ganhou todos os prêmios mundiais do setor, é exemplo no mundo inteiro e chamou a atenção de Muhammad Yunus, o banqueiro bengali que ganhou o Prêmio Nobel da Paz pela concepção do conceito de microcrédito.
Dentro deste quadro de sucesso, faltava calcular, em números concretos, o efeito a longo prazo da atuação do Saúde Criança. Não é segredo para ninguém que a metodologia funciona; afinal, as voluntárias e voluntários ficam ligados às famílias que atendem, e volta e meia têm notícias delas mesmo depois que se desligam do programa. Mas haveria como medir o seu impacto?
Sim, havia. Há três anos, os pesquisadores Daniel Ortega Nieto, James Habyarimana e Jennifer Tobin, da Universidade de Georgetown, nos Estados Unidos, passaram a acompanhar e comparar 127 famílias assistidas pelo SC com outras tantas que não foram beneficiadas. O resultado do seu trabalho, divulgado no mês passado, foi surpreendente. O tempo médio de internação hospitalar das crianças caiu de 62 dias por ano para nove. A renda familiar per capita passou de R$ 566 para R$ 1.087. Houve também um aumento notável na porcentagem de adultos empregados, de 54 por cento na entrada para 70 por cento até cinco anos após a participação no programa. Esse índice é atribuído aos cursos profissionalizantes promovidos pelo Saúde Criança.
A percepção de bem-estar das famílias é eloquente: ao entrar no programa, 56 por cento definiam a sua situação como ruim ou muito ruim. Passados três anos, esse índice caiu para pouco mais de 15 por cento — enquanto 51,2 por cento passaram a se achar em situação boa ou muito boa, contra os 9,6 anteriores.
Como disse uma das mães atendidas:
“Quando você chega aqui você está triste, abatida, sem esperança. Aqui eles ensinam a gente a andar com a cabeça erguida.”
Pois é.
Isso também é Brasil, mas no meio de tantas notícias ruins protagonizadas por elementos torpes, nem sempre nos lembramos dos pequenos milagres que acontecem todos os dias, promovidos por brasileiros que honram o seu país.
* * *
E agora, os nossos comerciais: o Saúde Criança está participando do “Skoll Foundation social entrepreneurs challenge”, um desafio internacional para arrecadação de recursos online promovido pela Fundação Skoll, que investe em empreendedores sociais ao redor do mundo.
Entre as 57 instituições escolhidas, há apenas duas brasileiras (a outra é o CDI, o Comitê para Democratização da Informática, muito bem colocado graças à doação de um trabalho do Vik Muniz). O Saúde Criança está em sétimo lugar, e precisa melhorar a posição para garantir uma parte no prêmio de 250 mil dólares que será repartido entre as ONGs que mais arrecadarem.
O desafio termina no próximo dia 22 de novembro. Até lá, é só ir ao site, que fica em crowdrise.com/SaudeCrianca, e fazer a sua doação. Doe o valor de uma manicure, por exemplo, ou de um jantar: não vai fazer falta a você, e vai ajudar muito a uma causa que é nobre e digna de apoio.
O camarote é um lixo - UIRÁ MACHADO
FOLHA DE SP - 07/11
SÃO PAULO - Alexander de Almeida, 39, é um personagem sem noção. Gasta até R$ 50 mil em baladas paulistanas, considera obrigatório usar roupas de grife e gosta de tomar vodca, mas pede champanhe por uma questão de status.
Tornou-se um dos assuntos mais comentados nas redes sociais graças a uma reportagem da revista "Veja São Paulo", mas, sobretudo, pelo vídeo em que aparece como o "rei do camarote". Assustou-se com a notoriedade adquirida, encerrou contas na internet, comprou logo dois carros blindados e, esquecendo-se de que quem não deve não teme, diz ter ficado com medo da Receita Federal.
Paulo Henrique, 9, é uma criança sem recursos. Vive em um barraco "um pouco apertado" --num único ambiente, uma cama de casal e dois colchões de solteiro abrigam o sono de oito pessoas. Sua mãe, faxineira, recebe R$ 200 por mês.
Tornou-se conhecido graças a uma fotografia do "Jornal do Commercio", reproduzida pela Folha, na qual seu corpo desaparece na água imunda de um canal do Recife. Em meio ao esgoto, o garoto catava latas para ajudar a família com no máximo R$ 10 por dia. Quando crescer, quer ser policial, "para pegar bandido". Sua história teve pouca repercussão nas redes sociais.
No Brasil desigual, Alexander é tão caricato que poderia ser fictício; mas, se fosse invenção, não soaria implausível e poderia ser real. O rei do camarote, no fundo, é uma metáfora de certa elite brasileira. Seus hábitos são extravagantes, suas preocupações são burlescas. O país seria melhor sem pessoas nessa condição?
Paulo Henrique representa outro tipo social. Apesar de sua miséria grotesca, a ninguém ocorre que seja ficção; dá-se de barato sua existência verdadeira. O menino do lixo escancara uma pobreza que ainda campeia Brasil afora, violenta, rotineira. O país certamente seria melhor sem pessoas nessa condição.
Qual deles merecerá suas retuitadas, compartilhadas e curtidas hoje?
SÃO PAULO - Alexander de Almeida, 39, é um personagem sem noção. Gasta até R$ 50 mil em baladas paulistanas, considera obrigatório usar roupas de grife e gosta de tomar vodca, mas pede champanhe por uma questão de status.
Tornou-se um dos assuntos mais comentados nas redes sociais graças a uma reportagem da revista "Veja São Paulo", mas, sobretudo, pelo vídeo em que aparece como o "rei do camarote". Assustou-se com a notoriedade adquirida, encerrou contas na internet, comprou logo dois carros blindados e, esquecendo-se de que quem não deve não teme, diz ter ficado com medo da Receita Federal.
Paulo Henrique, 9, é uma criança sem recursos. Vive em um barraco "um pouco apertado" --num único ambiente, uma cama de casal e dois colchões de solteiro abrigam o sono de oito pessoas. Sua mãe, faxineira, recebe R$ 200 por mês.
Tornou-se conhecido graças a uma fotografia do "Jornal do Commercio", reproduzida pela Folha, na qual seu corpo desaparece na água imunda de um canal do Recife. Em meio ao esgoto, o garoto catava latas para ajudar a família com no máximo R$ 10 por dia. Quando crescer, quer ser policial, "para pegar bandido". Sua história teve pouca repercussão nas redes sociais.
No Brasil desigual, Alexander é tão caricato que poderia ser fictício; mas, se fosse invenção, não soaria implausível e poderia ser real. O rei do camarote, no fundo, é uma metáfora de certa elite brasileira. Seus hábitos são extravagantes, suas preocupações são burlescas. O país seria melhor sem pessoas nessa condição?
Paulo Henrique representa outro tipo social. Apesar de sua miséria grotesca, a ninguém ocorre que seja ficção; dá-se de barato sua existência verdadeira. O menino do lixo escancara uma pobreza que ainda campeia Brasil afora, violenta, rotineira. O país certamente seria melhor sem pessoas nessa condição.
Qual deles merecerá suas retuitadas, compartilhadas e curtidas hoje?
Biografias são parte da cultura nacional - GUSTAVO TEPEDINO
O GLOBO - 07/11
No debate das biografias, a mudança de estratégia daqueles que se opõem à liberdade de publicação em nada altera a controvérsia. Advoga-se agora que, em cada publicação, deva o juiz avaliar se o biógrafo se comportou bem ou se alcançou a intimidade do biografado. Em termos práticos, nenhum pesquisador dedicaria anos de sua vida a arquivos, fichários, escaninhos e bibliotecas sob o risco iminente de veto a seu livro. A questão, portanto, consiste em saber se, por ser figura pública, o biografado se sujeita a ter sua vida exposta no relato de pesquisadores que, com as biografias, divulgam e preservam a memória da sociedade.
Curiosamente, os argumentos em contrário, ao pretenderem proteger a intimidade dos famosos, tratam a imagem como objeto de propriedade do biografado. Uma espécie de coisificação da liberdade de expressão. Por esse motivo, seria justo que somente os biografados e seus herdeiros pudessem auferir compensação patrimonial - algo como royalties - pela narrativa histórica que coincide com a participação do biografado. O raciocínio é inaceitável. A liberdade de informação e a memória social são essenciais à sociedade civilizada, valores fundamentais para a cultura social e a capacidade de discernimento individual. Afinal, democracia, além de governo do povo, supõe deliberação pública (em público); e a publicidade, característica da democracia contemporânea, incorpora-se aos direitos fundamentais.
Viver em sociedade importa renúncia constante a aspectos da privacidade. Na vizinhança, no condomínio, na praia ou no Maracanã, nos expomos diariamente a fotos, redes sociais e relatos que, no contexto coletivo, não podem ser impedidos. A pessoa famosa, por maior razão, assim como se sujeita à imprensa, é protagonista da história. Ao assumir posição de visibilidade, insere sua vida pessoal no curso da historiografia social, expondo-se a biografias. Qualquer condicionamento de obras biográficas ao consentimento do biografado ou de seus familiares sacrifica, conceitualmente, o direito fundamental à (livre divulgação de) informação, por estabelecer seleção de fatos a serem divulgados e censura a elementos indesejados pelo biografado.
A literalidade do Código Civil tem sido felizmente afastada na atividade jornalística. Ninguém mais duvida que o jornal possa publicar, sem autorização prévia, matéria em que famoso político fosse alvo de ovos e tomates sobre ele lançados. Essa compreensão coletiva deve ser estendida às biografias. Abusos e ilícitos evidentemente devem ser coibidos e energicamente tratados pelo Judiciário. Mas eventuais delitos não retiram legitimidade das biografias, assim como os crimes de imprensa não tornam criminosa a atividade jornalística. Assim como nossas instituições democráticas continuam a funcionar a despeito de escândalos recorrentes, a ordem jurídica deve ser aperfeiçoada, com mecanismos de reparação contra toda espécie de ilícito, sem que se impeça a liberdade de informação ou se atribua aos famosos o direito de exploração exclusiva de biografias. É significativo que Louis Brandeis, ministro da Suprema Corte americana e pai da privacidade, tenha afirmado ser a publicidade o remédio para todas as patologias sociais, e a luz solar, o melhor dos desinfetantes ( Best of Disinfectants ).
As biografias de pessoas famosas fazem parte da cultura nacional e não podem ser apropriadas. Em nossa democracia adolescente, oxalá possam ser assegurados aos leitores a livre publicação de relatos bibliográficos e o domínio da história nacional.
Ueba! Eike é o Rei do Camarotex! - JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 07/11
E adoro quando o Maluf Esfirra Suja fala: 'Eu tirei os bandidos da rua'. E botou todos na prefeitura! Rarará!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Predestinado do dia! Nome do médico que foi preso por bater o ponto e sair voando: Jetson! Jetson Franceschi!
E uma amiga minha corintiana tá com depressão pós-Pato! Rarará!
E adorei a charge do Aroeira com o Eike como O Rei do Camarote levantando duas garrafas de champanhe: "Rei do BNDES! Quem agregou, agregou. Quem não agregou, não agrega mais".
E como disse um amigo: "Só se for o Rei do Camarote da Dolly". Rarará! Camarotex! O Eikex Fudidex não tá mais na lista da revista Forbex. Os dois brasileiros mais ricos: Lemann e Safra. Cerveja e banco, bem Brasil!
E essa piada pronta: "Prostituta não recebe por programa e sequestra esposa do cliente no bairro da União". E sequestrou pra pedir resgate? O cara não pagou pela piranha, vai pagar pela esposa? Rarará.
E socorro! Todos Para o Abrigo! Salve-se quem puder! Maluf faz ameaça nuclear: "Vou viver 200 anos". Gente, vamos comemorar o bicentenário do Maluf! Quando ele será condenado pela zilionésima vez.
E o Ceni ainda será goleiro do São Paulo! E adoro quando o Maluf Esfirra Suja fala: "Eu tirei os bandidos da rua". E botou todos na prefeitura! Rarará!
E adoro quando ele diz: "Moro na mesma casa há 40 anos". Também, naquela mansão, eu moraria 400 anos. Sem sair de casa!
E, pra cada viaduto, o Maluf construiu dez desviadutos! E torno a repetir que o Maluf nunca mentiu. "Eu não tenho dinheiro no exterior." E não tem mesmo. O dinheiro não é dele, é nosso! E tá depositado nas Ilhas Calúnia! Porque ele diz que é tudo calúnia. Rarará!
E adorei a charge do Nicolielo com o Maluf gritando em frente ao Congresso: "Por que só eu?". Rarará.
E o Planalto não precisa de espião. O Mantega já é a cara do Agente 86! Rarará! É mole? É mole, mas sobe!
O Brasil é Lúdico! Promoção imperdível num supermercado em Sampa: "Oferta! Pão de Queijo Forno de Minas: de R$ 5,99 por R$ 5,98". Oba! O centavo que economizei, eu vou dar pro Eike! Rarará!
E essa placa num banheiro em BH: "Favor chegar seu pinto próximo ao vaso. Ele não é tão grande como você imagina". Como não? O meu é o Rei do Camarote! Rarará!
Nóis sofre, mas nóis goza!
Hoje, só amanhã
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
E adoro quando o Maluf Esfirra Suja fala: 'Eu tirei os bandidos da rua'. E botou todos na prefeitura! Rarará!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Predestinado do dia! Nome do médico que foi preso por bater o ponto e sair voando: Jetson! Jetson Franceschi!
E uma amiga minha corintiana tá com depressão pós-Pato! Rarará!
E adorei a charge do Aroeira com o Eike como O Rei do Camarote levantando duas garrafas de champanhe: "Rei do BNDES! Quem agregou, agregou. Quem não agregou, não agrega mais".
E como disse um amigo: "Só se for o Rei do Camarote da Dolly". Rarará! Camarotex! O Eikex Fudidex não tá mais na lista da revista Forbex. Os dois brasileiros mais ricos: Lemann e Safra. Cerveja e banco, bem Brasil!
E essa piada pronta: "Prostituta não recebe por programa e sequestra esposa do cliente no bairro da União". E sequestrou pra pedir resgate? O cara não pagou pela piranha, vai pagar pela esposa? Rarará.
E socorro! Todos Para o Abrigo! Salve-se quem puder! Maluf faz ameaça nuclear: "Vou viver 200 anos". Gente, vamos comemorar o bicentenário do Maluf! Quando ele será condenado pela zilionésima vez.
E o Ceni ainda será goleiro do São Paulo! E adoro quando o Maluf Esfirra Suja fala: "Eu tirei os bandidos da rua". E botou todos na prefeitura! Rarará!
E adoro quando ele diz: "Moro na mesma casa há 40 anos". Também, naquela mansão, eu moraria 400 anos. Sem sair de casa!
E, pra cada viaduto, o Maluf construiu dez desviadutos! E torno a repetir que o Maluf nunca mentiu. "Eu não tenho dinheiro no exterior." E não tem mesmo. O dinheiro não é dele, é nosso! E tá depositado nas Ilhas Calúnia! Porque ele diz que é tudo calúnia. Rarará!
E adorei a charge do Nicolielo com o Maluf gritando em frente ao Congresso: "Por que só eu?". Rarará.
E o Planalto não precisa de espião. O Mantega já é a cara do Agente 86! Rarará! É mole? É mole, mas sobe!
O Brasil é Lúdico! Promoção imperdível num supermercado em Sampa: "Oferta! Pão de Queijo Forno de Minas: de R$ 5,99 por R$ 5,98". Oba! O centavo que economizei, eu vou dar pro Eike! Rarará!
E essa placa num banheiro em BH: "Favor chegar seu pinto próximo ao vaso. Ele não é tão grande como você imagina". Como não? O meu é o Rei do Camarote! Rarará!
Nóis sofre, mas nóis goza!
Hoje, só amanhã
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
Carinhoso em Pienza - LUIS FERNANDO VERISSIMO
O GLOBO - 07/11
O umbigo foi sempre um problema para a arte religiosa. Era impossível retratar Adão e Eva no Paraíso sem seus respectivos e anacrônicos umbigos
Não aguento mais esses cronistas que escrevem como se seu umbigo fosse o centro do Universo quando todo o mundo sabe que o MEU umbigo é que é o centro do universo. Ele é o centro constante das minhas atenções como o centro do meu corpo, e onde ele vai eu vou junto, e vice-versa, certo de que todos se interessarão pelas nossas venturas e desventuras. O assunto do cronista é sempre o próprio cronista. Ou seu próprio umbigo e suas circunstâncias.
Digressão: o umbigo foi sempre um problema para a arte religiosa. Era impossível retratar Adão e Eva no Paraíso sem seus respectivos e anacrônicos umbigos — prova física da existência de partos ortodoxos em algum momento da criação. A solução foi chamar os primeiros umbigos de marcas do dedo de Deus, o lugar em que o Criador cutucou Adão e Eva e os instigou a viverem e se multiplicarem, aquela história.
Achei que gostaram de saber que eu e meu umbigo andamos pela Toscana nas férias, entre Montalcino, Montepulciano, San Quirico, Siena, Pienza e outras cidades mágicas, e que na praça principal de Pienza nos aproximamos de uma dupla que tocava chorinho — ela, com cara de brasileira mas italiana, na flauta, ele, com cara de europeu mas brasileiro, no violão. Já tinha nos impressionado o número de brasileiros encontrados em toda parte. Em Pienza, quando a dupla começou a tocar “Carinhoso”, toda a praça cantou junto. Ou foi uma alucinação minha, fruto, quem sabe, do “Brunello” do almoço, ou havia mais brasileiros na Toscana do que imaginávamos.
O umbigo foi sempre um problema para a arte religiosa. Era impossível retratar Adão e Eva no Paraíso sem seus respectivos e anacrônicos umbigos
Não aguento mais esses cronistas que escrevem como se seu umbigo fosse o centro do Universo quando todo o mundo sabe que o MEU umbigo é que é o centro do universo. Ele é o centro constante das minhas atenções como o centro do meu corpo, e onde ele vai eu vou junto, e vice-versa, certo de que todos se interessarão pelas nossas venturas e desventuras. O assunto do cronista é sempre o próprio cronista. Ou seu próprio umbigo e suas circunstâncias.
Digressão: o umbigo foi sempre um problema para a arte religiosa. Era impossível retratar Adão e Eva no Paraíso sem seus respectivos e anacrônicos umbigos — prova física da existência de partos ortodoxos em algum momento da criação. A solução foi chamar os primeiros umbigos de marcas do dedo de Deus, o lugar em que o Criador cutucou Adão e Eva e os instigou a viverem e se multiplicarem, aquela história.
Achei que gostaram de saber que eu e meu umbigo andamos pela Toscana nas férias, entre Montalcino, Montepulciano, San Quirico, Siena, Pienza e outras cidades mágicas, e que na praça principal de Pienza nos aproximamos de uma dupla que tocava chorinho — ela, com cara de brasileira mas italiana, na flauta, ele, com cara de europeu mas brasileiro, no violão. Já tinha nos impressionado o número de brasileiros encontrados em toda parte. Em Pienza, quando a dupla começou a tocar “Carinhoso”, toda a praça cantou junto. Ou foi uma alucinação minha, fruto, quem sabe, do “Brunello” do almoço, ou havia mais brasileiros na Toscana do que imaginávamos.
Cara Fernanda Torres - MARIO SERGIO CONTI
O GLOBO - 07/11
‘Fim’, estreia de Fernanda Torres na literatura, revela uma romancista pronta e de proa
Estas mal digitadas são para dizer que o seu “Fim”, que chegará às livrarias nos próximos dias, é uma estreia extraordinária na difícil arte do romance.
Você já escreveu reportagens, artigos e roteiros, encenou uma peça de sua autoria, publica crônicas e colunas na imprensa. Faz isso com inteligência e empenho, desenvolveu um estilo singular em cada gênero. Como é inevitável na produção aos pedaços, ditada pela cadência industrial ou por encomendas, os resultados foram melhores aqui (artigos e colunas) e ali nem tanto (a peça). Mas em todos você vem afiando o gume da escrita. Destaca-se no panorama da imprensa pela ginga de aventura e cálculo. Ainda assim, “Fim” é um espanto.
Porque ele revela uma romancista pronta e de proa. O livro parte da agonia de cinco pobres diabos para flagrar o acafajestamento derradeiro da fauna de um bairro, Copacabana. A princesinha do mar é agora perua patusca, comprime as pelancas num legging de oncinha e vai à caça na academia. Não há nostalgia nem condescendência, muito menos discurseira escandalizada, cinismo, julgamento. É na trama, na prosa veloz, na voz dos personagens, na recusa ao lírico e na dicção sarcástica que Copa se dá a ver.
As fronteiras de “Fim” são o Posto Nove em Ipanema e uma garçonnière na Glória. Para um lado fica a jactância dos corpos malhados, o alarido da pederastia na Farme, o impacto dúbio de costumes supostamente liberados. Para o outro, um matadouro clandestino no velho estilo, porres e surubas que servem de corolário para o fiasco existencial. Em ambos, pó, fumo, lança, Viagra, manguaça, solidão e desespero. Um dos temas do romance, a bancarrota do hedonismo, aponta para o terceiro vértice geográfico do romance: Botafogo, o cemitério de São João Batista, a morte que tudo finda.
Como a devassidão de Álvaro, Silvio, Ribeiro, Neto e Ciro é narrada com ânimo sardônico, “Fim” é engraçado. Ele pende no começo para a comédia de costumes, que é reforçada pela linguagem pândega. Mas é uma impressão primeira e passageira. O romance avança com impiedade e ganha abrangência. O resultado não tem nada de entretenimento ou de alegoria caricatural. É uma obra de arte corrosiva, emparedada.
O universo de “Fim” é o de velhos de classe média, no qual o trabalho e a política inexistem como matéria de reflexão e saudade. O cotidiano é de consultórios, planos de saúde, farmácias, aposentadoria, hospitais, males do corpo. E também de males da alma, amor extinto, ressentimentos vários, afã pelo prolongamento da esbórnia, desamparo. Os dons reservados à velhice não são a sabedoria e a paz. Corpo e alma tombam cada qual para um lado na paisagem árida. Um dos seus bons achados foi contrapor o grave peso do enredo à leveza debochada da escrita. O procedimento sardônico é anti-ilusório, solapa o realismo ao qual o romance se filia.
A experiência de atriz lhe deve ter sido valiosa ao escrever o livro. A observação pontiaguda, a atenção a detalhes, a composição concreta das cenas, tudo isso propiciou a criação de personagens que transcendem os tipos pitorescos. Os integrantes da turma de Copa, na sua desagregação acelerada, preservam modos individuais, não são marionetes. É por meio daquilo que fazem, dos seus monólogos e diálogos, que a ficção é construída e a realidade, reinventada.
A história está rarefeita em “Fim”. A menção a eventos brasileiros coletivos é feita de passagem. Em dois momentos cruciais, contudo, a história dá sentido ao romance. Na primeira frase do livro, Álvaro amaldiçoa: “Morte lenta ao luso infame que inventou a calçada portuguesa. Maldito d. Manuel I e sua corja”. Ele execra o passado colonial e ressalta a sua continuidade no chão mesmo de Copacabana, no solo precário do presente.
O segundo momento de irrupção da história na ficção está no fim de “Fim”. Nessas páginas é contado o destino do padre Graça. Ele enterrou a batina, abandonou o Rio e peregrinou ao léu pela nação por mais de um ano. Acabou num fim de mundo da Amazônia, casou com uma índia e combate “um demônio chamado civilização”. Padre Graça é um tanto padre Fernando, o protagonista de “Quarup”, romance de Antônio Callado que se passa nos dez anos que vão do suicídio de Vargas ao golpe militar. Na adaptação do livro para o cinema, você fez a personagem principal, Francisca, e o arremate de “Fim” revisita o romance de Callado. Quase no cinquentenário da ditadura, ele atualiza padre Fernando na desgraça do padre Graça. Os impasses da história permanecem; o mundo de Francisca é o nosso.
Você vem de uma família de atores, Nanda, é a sua flor firme e bela. Tem a profissão inscrita no nome, no sobrenome, no sangue. Mas a arte libertária da literatura é só sua. Que “Fim” seja o seu começo.
‘Fim’, estreia de Fernanda Torres na literatura, revela uma romancista pronta e de proa
Estas mal digitadas são para dizer que o seu “Fim”, que chegará às livrarias nos próximos dias, é uma estreia extraordinária na difícil arte do romance.
Você já escreveu reportagens, artigos e roteiros, encenou uma peça de sua autoria, publica crônicas e colunas na imprensa. Faz isso com inteligência e empenho, desenvolveu um estilo singular em cada gênero. Como é inevitável na produção aos pedaços, ditada pela cadência industrial ou por encomendas, os resultados foram melhores aqui (artigos e colunas) e ali nem tanto (a peça). Mas em todos você vem afiando o gume da escrita. Destaca-se no panorama da imprensa pela ginga de aventura e cálculo. Ainda assim, “Fim” é um espanto.
Porque ele revela uma romancista pronta e de proa. O livro parte da agonia de cinco pobres diabos para flagrar o acafajestamento derradeiro da fauna de um bairro, Copacabana. A princesinha do mar é agora perua patusca, comprime as pelancas num legging de oncinha e vai à caça na academia. Não há nostalgia nem condescendência, muito menos discurseira escandalizada, cinismo, julgamento. É na trama, na prosa veloz, na voz dos personagens, na recusa ao lírico e na dicção sarcástica que Copa se dá a ver.
As fronteiras de “Fim” são o Posto Nove em Ipanema e uma garçonnière na Glória. Para um lado fica a jactância dos corpos malhados, o alarido da pederastia na Farme, o impacto dúbio de costumes supostamente liberados. Para o outro, um matadouro clandestino no velho estilo, porres e surubas que servem de corolário para o fiasco existencial. Em ambos, pó, fumo, lança, Viagra, manguaça, solidão e desespero. Um dos temas do romance, a bancarrota do hedonismo, aponta para o terceiro vértice geográfico do romance: Botafogo, o cemitério de São João Batista, a morte que tudo finda.
Como a devassidão de Álvaro, Silvio, Ribeiro, Neto e Ciro é narrada com ânimo sardônico, “Fim” é engraçado. Ele pende no começo para a comédia de costumes, que é reforçada pela linguagem pândega. Mas é uma impressão primeira e passageira. O romance avança com impiedade e ganha abrangência. O resultado não tem nada de entretenimento ou de alegoria caricatural. É uma obra de arte corrosiva, emparedada.
O universo de “Fim” é o de velhos de classe média, no qual o trabalho e a política inexistem como matéria de reflexão e saudade. O cotidiano é de consultórios, planos de saúde, farmácias, aposentadoria, hospitais, males do corpo. E também de males da alma, amor extinto, ressentimentos vários, afã pelo prolongamento da esbórnia, desamparo. Os dons reservados à velhice não são a sabedoria e a paz. Corpo e alma tombam cada qual para um lado na paisagem árida. Um dos seus bons achados foi contrapor o grave peso do enredo à leveza debochada da escrita. O procedimento sardônico é anti-ilusório, solapa o realismo ao qual o romance se filia.
A experiência de atriz lhe deve ter sido valiosa ao escrever o livro. A observação pontiaguda, a atenção a detalhes, a composição concreta das cenas, tudo isso propiciou a criação de personagens que transcendem os tipos pitorescos. Os integrantes da turma de Copa, na sua desagregação acelerada, preservam modos individuais, não são marionetes. É por meio daquilo que fazem, dos seus monólogos e diálogos, que a ficção é construída e a realidade, reinventada.
A história está rarefeita em “Fim”. A menção a eventos brasileiros coletivos é feita de passagem. Em dois momentos cruciais, contudo, a história dá sentido ao romance. Na primeira frase do livro, Álvaro amaldiçoa: “Morte lenta ao luso infame que inventou a calçada portuguesa. Maldito d. Manuel I e sua corja”. Ele execra o passado colonial e ressalta a sua continuidade no chão mesmo de Copacabana, no solo precário do presente.
O segundo momento de irrupção da história na ficção está no fim de “Fim”. Nessas páginas é contado o destino do padre Graça. Ele enterrou a batina, abandonou o Rio e peregrinou ao léu pela nação por mais de um ano. Acabou num fim de mundo da Amazônia, casou com uma índia e combate “um demônio chamado civilização”. Padre Graça é um tanto padre Fernando, o protagonista de “Quarup”, romance de Antônio Callado que se passa nos dez anos que vão do suicídio de Vargas ao golpe militar. Na adaptação do livro para o cinema, você fez a personagem principal, Francisca, e o arremate de “Fim” revisita o romance de Callado. Quase no cinquentenário da ditadura, ele atualiza padre Fernando na desgraça do padre Graça. Os impasses da história permanecem; o mundo de Francisca é o nosso.
Você vem de uma família de atores, Nanda, é a sua flor firme e bela. Tem a profissão inscrita no nome, no sobrenome, no sangue. Mas a arte libertária da literatura é só sua. Que “Fim” seja o seu começo.
Dilma, seu palco é Davos - CLÓVIS ROSSI
FOLHA DE SP - 07/11
Para acalmar os mercados, o ideal é apresentar-se no congresso em que eles se concentram em massa
Cara presidente, ouso sugerir que assuma você mesma a defesa da política fiscal, em vez de delegar a seus ministros. E faça-o no mais luminoso dos palcos para atingir os agentes de mercado, que é o encontro anual do Fórum Econômico Mundial, aquela reunião de todo janeiro em Davos, aos pés da "montanha mágica" do livro de Thomas Mann.
Lá, você encontrará todo o mundo que conta no empresariado global, da economia real à "pátria financeira", da Toyota à JP Morgan, da Coca-Cola ao Citigroup, do Itaú à Petrobras. É, portanto, o público ideal para transmitir uma mensagem tranquilizadora.
Não ouça os pragmáticos que dirão que falar não basta, é preciso também fazer. Eles até têm razão em parte. Mas falar é igualmente importante. Cito um exemplo definitivo: Mario Draghi, o presidente do Banco Central Europeu, pôs fim à especulação contra o euro com uma simples frase, a de que faria o diabo para assegurar a sobrevivência da moeda europeia, então sob desconfiança ainda mais forte do que a que hoje cerca o real.
A partir de seu pronunciamento, sem que ele tivesse que utilizar qualquer outra arma de seu arsenal, o euro foi se estabilizando e, hoje, ninguém mais fala em seu colapso.
Pergunte ao seu conselheiro favorito, Luiz Inácio Lula da Silva, sobre Davos. Ele se encantou quando lá esteve, apenas 20 dias depois de assumir a Presidência.
Encantou-se e encantou, por mais que a desconfiança à época fosse tão brava que os juros tiveram que ser elevados para inacreditáveis 26,5% (estavam em 25% quando ele assumiu, lembra-se?) para evitar que a inflação chegasse aos dois dígitos e, a partir daí, ficasse incontrolável.
Claro que não foi só a presença de Lula em Davos que fez acalmar os mercados. Mas que ajuda, ajuda. Empresário, como você já sabe bem, adora proximidade com governantes. Nem precisa ser um governante no qual eles tenham votado. Basta que lhes dê atenção, ainda que protocolar.
Exemplo: Luiz Fernando Furlan votou em José Serra em 2002, mas, como ministro de Lula, adorava andar com ele para cima e para baixo, inclusive em Davos.
George Soros, o megainvestidor (ou especulador, você escolhe), também gostou de Lula, apesar de, meses antes, ter me dito que ou o Brasil votava Serra ou seria o caos.
Antecipo o que você encontraria em Davos: uma sessão só para você, apresentada por Klaus Schwab, o inventor do Fórum Econômico Mundial, que lhe fará uma apresentação tão elogiosa que nem seu marqueteiro conseguirá igualar.
Você faz o que eles chamam por lá de "keynote speech" (falação livre, em português de botequim), seguem-se perguntas que mais levantam a bola do que incomodam e termina tudo com aplausos.
Ah, nem precisa se preocupar em rechear sua fala com estatísticas, embora as tenha até de memória. Basta pedir ao João Santana, seu marqueteiro, para produzir, à la Mario Draghi, uma frase de efeito sobre a sacralidade de manter um superávit fiscal suficiente para não levar a aumento da relação dívida/PIB. Pronto. Aplausos.
Para acalmar os mercados, o ideal é apresentar-se no congresso em que eles se concentram em massa
Cara presidente, ouso sugerir que assuma você mesma a defesa da política fiscal, em vez de delegar a seus ministros. E faça-o no mais luminoso dos palcos para atingir os agentes de mercado, que é o encontro anual do Fórum Econômico Mundial, aquela reunião de todo janeiro em Davos, aos pés da "montanha mágica" do livro de Thomas Mann.
Lá, você encontrará todo o mundo que conta no empresariado global, da economia real à "pátria financeira", da Toyota à JP Morgan, da Coca-Cola ao Citigroup, do Itaú à Petrobras. É, portanto, o público ideal para transmitir uma mensagem tranquilizadora.
Não ouça os pragmáticos que dirão que falar não basta, é preciso também fazer. Eles até têm razão em parte. Mas falar é igualmente importante. Cito um exemplo definitivo: Mario Draghi, o presidente do Banco Central Europeu, pôs fim à especulação contra o euro com uma simples frase, a de que faria o diabo para assegurar a sobrevivência da moeda europeia, então sob desconfiança ainda mais forte do que a que hoje cerca o real.
A partir de seu pronunciamento, sem que ele tivesse que utilizar qualquer outra arma de seu arsenal, o euro foi se estabilizando e, hoje, ninguém mais fala em seu colapso.
Pergunte ao seu conselheiro favorito, Luiz Inácio Lula da Silva, sobre Davos. Ele se encantou quando lá esteve, apenas 20 dias depois de assumir a Presidência.
Encantou-se e encantou, por mais que a desconfiança à época fosse tão brava que os juros tiveram que ser elevados para inacreditáveis 26,5% (estavam em 25% quando ele assumiu, lembra-se?) para evitar que a inflação chegasse aos dois dígitos e, a partir daí, ficasse incontrolável.
Claro que não foi só a presença de Lula em Davos que fez acalmar os mercados. Mas que ajuda, ajuda. Empresário, como você já sabe bem, adora proximidade com governantes. Nem precisa ser um governante no qual eles tenham votado. Basta que lhes dê atenção, ainda que protocolar.
Exemplo: Luiz Fernando Furlan votou em José Serra em 2002, mas, como ministro de Lula, adorava andar com ele para cima e para baixo, inclusive em Davos.
George Soros, o megainvestidor (ou especulador, você escolhe), também gostou de Lula, apesar de, meses antes, ter me dito que ou o Brasil votava Serra ou seria o caos.
Antecipo o que você encontraria em Davos: uma sessão só para você, apresentada por Klaus Schwab, o inventor do Fórum Econômico Mundial, que lhe fará uma apresentação tão elogiosa que nem seu marqueteiro conseguirá igualar.
Você faz o que eles chamam por lá de "keynote speech" (falação livre, em português de botequim), seguem-se perguntas que mais levantam a bola do que incomodam e termina tudo com aplausos.
Ah, nem precisa se preocupar em rechear sua fala com estatísticas, embora as tenha até de memória. Basta pedir ao João Santana, seu marqueteiro, para produzir, à la Mario Draghi, uma frase de efeito sobre a sacralidade de manter um superávit fiscal suficiente para não levar a aumento da relação dívida/PIB. Pronto. Aplausos.
O desastre da política fiscal brasileira - FERNANDO ROCHA
Valor Econômico - 07/11
Nos primeiros seis anos de governo, Lula manteve boa parte da política macroeconômica herdada de FHC. Em relação à política fiscal, persistiu na geração de superávits primários elevados, compatíveis com a redução da relação dívida/PIB. Em 2005, o ex-ministro Antônio Palocci chegou a apresentar uma proposta que objetivava a obtenção do déficit nominal zero alguns anos à frente. Naquela data, a proposta foi bombardeada pela então Ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, que a rotulou de "rudimentar" e completou com a famosa frase: "gasto corrente é vida".
Alguns anos mais tarde, mais precisamente em outubro de 2008, quando explodiu a crise financeira internacional com a quebra do Lehman Brothers, o déficit nominal acumulado nos últimos 12 meses havia atingido 1,4%, o menor patamar da série histórica. Estávamos de fato a um passo de zerar o déficit nominal. O que isso teria significado? De acordo com nossos cálculos, caso o superávit primário tivesse sido mantido em 3,5% do PIB, estaríamos zerando o déficit nominal até 2020 (excluindo os efeitos cambiais). Se, além disso, não tivéssemos emitido títulos para capitalizar o BNDES e outros bancos públicos, poderíamos estar mirando uma dívida bruta (no conceito brasileiro e não do FMI) de 35% do PIB em 2020, ao passo que estamos caminhando para 65% do PIB, supondo, de maneira otimista, que as capitalizações dos bancos públicos sejam decrescentes, tendendo a zero até 2020. Fica então evidente a diferença da trajetória de endividamento que a política fiscal é capaz de gerar em um período de apenas 12 anos (2008-2020).
Os críticos da ortodoxia fiscal dirão certamente que essa política fiscal alternativa iria gerar uma recessão sem precedentes, sacrificando o bem-estar do trabalhador brasileiro. Será mesmo? O exercício contrafactual é sempre difícil, porém, é lícito supor que uma trajetória de endividamento cadente como a delineada acima iria reduzir consideravelmente o prêmio de risco da dívida pública do país. Com isso, o Tesouro teria mais facilidade para colocar os títulos e a taxa de juro poderia ser substancialmente menor. Com juros mais baixos, o setor público permitiria o "crowding in" do setor privado, ou seja, maior crescimento do setor privado compensando a redução dos gastos públicos. Com o passar do tempo, dado o menor pagamento de juros sobre a dívida pública, seria possível até cortar a carga tributária, mantendo-se o mesmo resultado nominal.
Mas e a inflação? Não teríamos que combater a inflação aumentando a Selic como estamos fazendo agora? Não necessariamente. Grande parte do problema da inflação no Brasil vem do fato de que a curva de oferta é excessivamente inelástica. Há escassez de fatores de produção importantes como mão de obra especializada, infraestrutura adequada, insumos a preços competitivos, tecnologia importada a custo baixo, energia barata, para citar alguns. Uma taxa de juros substancialmente mais baixa resolve parte desses problemas porque permite equacionar estruturas de financiamento de longo prazo para se investir em infraestrutura. Isso, conjugado com abertura comercial e atração de capitais estrangeiros, ampliaria os investimentos e melhoraria a oferta de insumos e tecnologia importados, facilitando a integração do Brasil às cadeias de produção internacionais. Por fim, boas políticas microeconômicas de caráter horizontal e a melhoria do ambiente regulatório poderiam completar a tarefa de tornar a curva de oferta agregada mais elástica.
Os críticos, no entanto, ainda podem argumentar que a atração de capitais externos tornaria o câmbio muito valorizado, o que, conjugado com a abertura comercial, seria um golpe de morte na indústria nacional. Esse argumento, contudo, não procede. A tendência a um câmbio mais apreciado ocorreu entre 2008 e 2011, porque a taxa de juros era muito mais alta do que a taxa internacional e o risco de solvência fiscal ainda era muito baixo, o que gerou uma atração de capitais especulativos. Com uma política fiscal mais ortodoxa, as taxas de juros seriam cada vez menores, atraindo menos capital especulativo, ao passo que a integração da cadeia produtiva ao mercado externo e a abertura ao capital estrangeiro atrairiam capital produtivo. O efeito líquido na conta de capitais é incerto, mas a qualidade do passivo externo melhoraria e este seria mais bem aproveitado pelo país, que o usaria para aumentar a capacidade produtiva.
O resultado final de uma política fiscal mais austera seria então um país com dívida pública cadente, taxas de juros menores, maior crescimento econômico e menos inflação. Não é preciso ser muito imaginativo para vislumbrar esse cenário. O Chile, aqui perto, é um exemplo de país que fez esse caminho. No entanto, o que temos hoje? Dívida bruta crescendo, taxas de juros em elevação, estagnação dos investimentos, inflação ascendente e, para coroar, perspectiva de rebaixamento da classificação de risco soberano. Esse é o resultado da brilhante decisão que tomamos lá atrás, quando se concluiu que "gasto corrente é vida".
Alguns anos mais tarde, mais precisamente em outubro de 2008, quando explodiu a crise financeira internacional com a quebra do Lehman Brothers, o déficit nominal acumulado nos últimos 12 meses havia atingido 1,4%, o menor patamar da série histórica. Estávamos de fato a um passo de zerar o déficit nominal. O que isso teria significado? De acordo com nossos cálculos, caso o superávit primário tivesse sido mantido em 3,5% do PIB, estaríamos zerando o déficit nominal até 2020 (excluindo os efeitos cambiais). Se, além disso, não tivéssemos emitido títulos para capitalizar o BNDES e outros bancos públicos, poderíamos estar mirando uma dívida bruta (no conceito brasileiro e não do FMI) de 35% do PIB em 2020, ao passo que estamos caminhando para 65% do PIB, supondo, de maneira otimista, que as capitalizações dos bancos públicos sejam decrescentes, tendendo a zero até 2020. Fica então evidente a diferença da trajetória de endividamento que a política fiscal é capaz de gerar em um período de apenas 12 anos (2008-2020).
Os críticos da ortodoxia fiscal dirão certamente que essa política fiscal alternativa iria gerar uma recessão sem precedentes, sacrificando o bem-estar do trabalhador brasileiro. Será mesmo? O exercício contrafactual é sempre difícil, porém, é lícito supor que uma trajetória de endividamento cadente como a delineada acima iria reduzir consideravelmente o prêmio de risco da dívida pública do país. Com isso, o Tesouro teria mais facilidade para colocar os títulos e a taxa de juro poderia ser substancialmente menor. Com juros mais baixos, o setor público permitiria o "crowding in" do setor privado, ou seja, maior crescimento do setor privado compensando a redução dos gastos públicos. Com o passar do tempo, dado o menor pagamento de juros sobre a dívida pública, seria possível até cortar a carga tributária, mantendo-se o mesmo resultado nominal.
Mas e a inflação? Não teríamos que combater a inflação aumentando a Selic como estamos fazendo agora? Não necessariamente. Grande parte do problema da inflação no Brasil vem do fato de que a curva de oferta é excessivamente inelástica. Há escassez de fatores de produção importantes como mão de obra especializada, infraestrutura adequada, insumos a preços competitivos, tecnologia importada a custo baixo, energia barata, para citar alguns. Uma taxa de juros substancialmente mais baixa resolve parte desses problemas porque permite equacionar estruturas de financiamento de longo prazo para se investir em infraestrutura. Isso, conjugado com abertura comercial e atração de capitais estrangeiros, ampliaria os investimentos e melhoraria a oferta de insumos e tecnologia importados, facilitando a integração do Brasil às cadeias de produção internacionais. Por fim, boas políticas microeconômicas de caráter horizontal e a melhoria do ambiente regulatório poderiam completar a tarefa de tornar a curva de oferta agregada mais elástica.
Os críticos, no entanto, ainda podem argumentar que a atração de capitais externos tornaria o câmbio muito valorizado, o que, conjugado com a abertura comercial, seria um golpe de morte na indústria nacional. Esse argumento, contudo, não procede. A tendência a um câmbio mais apreciado ocorreu entre 2008 e 2011, porque a taxa de juros era muito mais alta do que a taxa internacional e o risco de solvência fiscal ainda era muito baixo, o que gerou uma atração de capitais especulativos. Com uma política fiscal mais ortodoxa, as taxas de juros seriam cada vez menores, atraindo menos capital especulativo, ao passo que a integração da cadeia produtiva ao mercado externo e a abertura ao capital estrangeiro atrairiam capital produtivo. O efeito líquido na conta de capitais é incerto, mas a qualidade do passivo externo melhoraria e este seria mais bem aproveitado pelo país, que o usaria para aumentar a capacidade produtiva.
O resultado final de uma política fiscal mais austera seria então um país com dívida pública cadente, taxas de juros menores, maior crescimento econômico e menos inflação. Não é preciso ser muito imaginativo para vislumbrar esse cenário. O Chile, aqui perto, é um exemplo de país que fez esse caminho. No entanto, o que temos hoje? Dívida bruta crescendo, taxas de juros em elevação, estagnação dos investimentos, inflação ascendente e, para coroar, perspectiva de rebaixamento da classificação de risco soberano. Esse é o resultado da brilhante decisão que tomamos lá atrás, quando se concluiu que "gasto corrente é vida".
O euro forte - GILLES LAPOUGE
O Estado de S.Paulo - 07/11
A moeda comum europeia é insuportável. Faz o que dá na cabeça. Adora paradoxos. Ao mesmo tempo em que a economia da zona do euro encontra dificuldades para deslanchar, o euro continua a mostrar sua força.
No mesmo dia em que a Comissão Europeia em Bruxelas revisa para baixo as perspectivas de crescimento para 2014, de 1,4% para 1,1%, o euro bate recordes de alta. Em 29 de outubro, a moeda atingiu o pico de US$ 1,38, o que jamais se registrou desde o verão de 2012.
Mas todos os especialistas concordam num ponto: se o euro ultrapassar o valor de US$ 1,40, então a balbuciante retomada da zona do euro que se delineia há alguns meses terá todas as possibilidade de ser interrompida.
Pior ainda: um euro forte prejudicará as regiões deficientes, ou seja, os países do sul do continente europeu. A consequência automática de um euro forte será o aumento do preço das exportações. Esse efeito perverso afetará sobretudo as nações do sul. Um país como a Alemanha, ao contrário, sofrerá menos.
Como explicar isso? A Alemanha fabrica e vende para o estrangeiro produtos topo de linha e seus clientes não prestam muita atenção aos preços, pois nenhum outro país poderá lhes fornecer mercadoria similar.
Inversamente, as nações do sul exportam para o estrangeiro produtos que podem ser encontrados, a preços melhores, em outros países. É o caso do azeite português ou das máquinas-ferramenta italianas.
Um especialista da Natixis expôs essas diferenças em cifras. Ele estabeleceu como hipótese um aumento de 10% no preço das exportações na zona do euro, diante do valor elevado da moeda única. Nesse caso, o volume das exportações cairia 10% na Itália, 9% em Portugal e 11% na Espanha. Na Alemanha, pelo contrário, a perda em volume não ultrapassaria os 3%.
Um outro problema ronda a zona do euro. A inflação está muito baixa. Em setembro, a inflação média era de 1,1%. Um mês depois caiu para 0,7%.
Portanto, o temor é que a zona do euro sucumba a uma deflação, com duas consequências graves: de um lado a deflação anestesia a atividade econômica. E, de outro, aumenta o custo de financiamento do Estado.
Podemos lembrar que uma das missões confiadas ao Banco Central Europeu era não permitir que a inflação baixasse para menos de 2%.
Eis portanto os dois dragões que Mario Draghi e seus conselheiros deverão enfrentar em Frankfurt: a alta do euro e os sinais de deflação.
E vale acrescentar que a tarefa de Draghi é ainda mais delicada porque os diferentes países da zona do euro não sofrem todos das mesmas doenças e assim não podem se servir dos mesmos remédios. Mais uma vez, a Alemanha será vista com severidade por seus parceiros.
Qual é a falha da Alemanha? De ser um país muito melhor administrado.
A Alemanha é um ótimo aluno. Basta olhar para a chanceler Angela Merkel para compreender tudo isso. É a imagem eterna, impassível e, ao mesmo tempo, exasperante do "primeiro da classe".
Além disso, mesmo na aridez das cifras, dos algoritmos e dos teoremas econômicos, um país tem um "inconsciente" e estes "inconscientes" divergem. A Alemanha, por exemplo, ainda é traumatizada pela lembrança da inflação delirante que a consumiu e a destruiu após a guerra de 1914-1918. Para um alemão, o perigo maior, o perigo diabólico, é a inflação. Como explicar a ele que o inverso da inflação, que é a deflação, é também um perigo viperino?/TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO
A moeda comum europeia é insuportável. Faz o que dá na cabeça. Adora paradoxos. Ao mesmo tempo em que a economia da zona do euro encontra dificuldades para deslanchar, o euro continua a mostrar sua força.
No mesmo dia em que a Comissão Europeia em Bruxelas revisa para baixo as perspectivas de crescimento para 2014, de 1,4% para 1,1%, o euro bate recordes de alta. Em 29 de outubro, a moeda atingiu o pico de US$ 1,38, o que jamais se registrou desde o verão de 2012.
Mas todos os especialistas concordam num ponto: se o euro ultrapassar o valor de US$ 1,40, então a balbuciante retomada da zona do euro que se delineia há alguns meses terá todas as possibilidade de ser interrompida.
Pior ainda: um euro forte prejudicará as regiões deficientes, ou seja, os países do sul do continente europeu. A consequência automática de um euro forte será o aumento do preço das exportações. Esse efeito perverso afetará sobretudo as nações do sul. Um país como a Alemanha, ao contrário, sofrerá menos.
Como explicar isso? A Alemanha fabrica e vende para o estrangeiro produtos topo de linha e seus clientes não prestam muita atenção aos preços, pois nenhum outro país poderá lhes fornecer mercadoria similar.
Inversamente, as nações do sul exportam para o estrangeiro produtos que podem ser encontrados, a preços melhores, em outros países. É o caso do azeite português ou das máquinas-ferramenta italianas.
Um especialista da Natixis expôs essas diferenças em cifras. Ele estabeleceu como hipótese um aumento de 10% no preço das exportações na zona do euro, diante do valor elevado da moeda única. Nesse caso, o volume das exportações cairia 10% na Itália, 9% em Portugal e 11% na Espanha. Na Alemanha, pelo contrário, a perda em volume não ultrapassaria os 3%.
Um outro problema ronda a zona do euro. A inflação está muito baixa. Em setembro, a inflação média era de 1,1%. Um mês depois caiu para 0,7%.
Portanto, o temor é que a zona do euro sucumba a uma deflação, com duas consequências graves: de um lado a deflação anestesia a atividade econômica. E, de outro, aumenta o custo de financiamento do Estado.
Podemos lembrar que uma das missões confiadas ao Banco Central Europeu era não permitir que a inflação baixasse para menos de 2%.
Eis portanto os dois dragões que Mario Draghi e seus conselheiros deverão enfrentar em Frankfurt: a alta do euro e os sinais de deflação.
E vale acrescentar que a tarefa de Draghi é ainda mais delicada porque os diferentes países da zona do euro não sofrem todos das mesmas doenças e assim não podem se servir dos mesmos remédios. Mais uma vez, a Alemanha será vista com severidade por seus parceiros.
Qual é a falha da Alemanha? De ser um país muito melhor administrado.
A Alemanha é um ótimo aluno. Basta olhar para a chanceler Angela Merkel para compreender tudo isso. É a imagem eterna, impassível e, ao mesmo tempo, exasperante do "primeiro da classe".
Além disso, mesmo na aridez das cifras, dos algoritmos e dos teoremas econômicos, um país tem um "inconsciente" e estes "inconscientes" divergem. A Alemanha, por exemplo, ainda é traumatizada pela lembrança da inflação delirante que a consumiu e a destruiu após a guerra de 1914-1918. Para um alemão, o perigo maior, o perigo diabólico, é a inflação. Como explicar a ele que o inverso da inflação, que é a deflação, é também um perigo viperino?/TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO
Saúde civil - SÍLVIO RIBAS
CORREIO BRAZILIENSE - 07/11
As eleições presidenciais de 2014 avançam sobre o nosso cotidiano sem qualquer pudor, a partir da simples definição de três candidatos ainda não homologados e do duelo verbal entre eles, mesmo sem os respectivos programas de governo. É nessa hora que a minha nostalgia com os anos 1980 cresce sem freios. Para isso, basta ouvir Milton Nascimento cantando a bela canção Menestrel das Alagoas, composta por ele e Fernando Brant em homenagem ao político de oposição Teotônio Vilela.
Era um tempo em que os artistas iam aonde o povo estava para defender grandes bandeiras de liberdade e de consciência, para enaltecer a "saúde civil", como diz a letra. Bem diferente de hoje, em que tudo parece virar um reality show, no qual as posturas e os discursos firmes são contidos para não trombar com suscetibilidades ou aliados úteis e inconvenientes. O mensalão não levou o povo às ruas como nas Diretas Já, pois se esperava que a democracia já testada pelo impeachment de Collor e pela eleição do operário Lula pudesse dar conta de todos seus imbróglios. Os fatos revelaram que nem a Lei da Ficha Limpa garante cenário mais decente, e uma cultura da indignação cívica precisa ser restaurada.
O extremismo tarja preta dos bandos black blocs, que estão transformando as belas páginas das manifestações de junho em meros casos de polícia, e a movimentação dos doces bárbaros da MPB para defender basicamente os direitos comerciais do uso de sua imagem, sem se importar se estão negando o valor supremo da democracia, a liberdade de expressão, mostram que alguma coisa está fora da ordem. E conspira contra o progresso prometido ao gigante adormecido, em favor do retrocesso.
Concordo com Lula quando ele afirma que não há alternativa viável fora da política e das instituições democráticas. Mas o que falta ao incoerente líder da esquerda é dizer a coisa completa. Precisa se abrir para a discussão total, em favor de um colóquio político mais amplo, muito além da simples oferta de produtos para consumo eleitoral. Precisamos de ideais honestos como os embalados na bela voz de Milton e de ideias que produzam mais resultado e menos questionamentos éticos.
Era um tempo em que os artistas iam aonde o povo estava para defender grandes bandeiras de liberdade e de consciência, para enaltecer a "saúde civil", como diz a letra. Bem diferente de hoje, em que tudo parece virar um reality show, no qual as posturas e os discursos firmes são contidos para não trombar com suscetibilidades ou aliados úteis e inconvenientes. O mensalão não levou o povo às ruas como nas Diretas Já, pois se esperava que a democracia já testada pelo impeachment de Collor e pela eleição do operário Lula pudesse dar conta de todos seus imbróglios. Os fatos revelaram que nem a Lei da Ficha Limpa garante cenário mais decente, e uma cultura da indignação cívica precisa ser restaurada.
O extremismo tarja preta dos bandos black blocs, que estão transformando as belas páginas das manifestações de junho em meros casos de polícia, e a movimentação dos doces bárbaros da MPB para defender basicamente os direitos comerciais do uso de sua imagem, sem se importar se estão negando o valor supremo da democracia, a liberdade de expressão, mostram que alguma coisa está fora da ordem. E conspira contra o progresso prometido ao gigante adormecido, em favor do retrocesso.
Concordo com Lula quando ele afirma que não há alternativa viável fora da política e das instituições democráticas. Mas o que falta ao incoerente líder da esquerda é dizer a coisa completa. Precisa se abrir para a discussão total, em favor de um colóquio político mais amplo, muito além da simples oferta de produtos para consumo eleitoral. Precisamos de ideais honestos como os embalados na bela voz de Milton e de ideias que produzam mais resultado e menos questionamentos éticos.
A reinvenção do passado - FÁBIO GIAMBIAGI
Valor Econômico - 07/11
A mudança retroativa do indexador das dívidas é um novo prego no caixão da combalida credibilidade do Brasil
Sou obrigado a postergar o tratamento dos temas demográficos que vinha desenvolvendo para tratar da mudança retroativa (sic) do indexador das dívidas subnacionais e o consequente aumento do endividamento federal, para perdoar quase R$ 25 bilhões de dívida da prefeitura mais rica do país. Na Guerra Fria, quando os cientistas soviéticos se encontravam entre os melhores do mundo e em circunstâncias em que o herói de um tempo podia virar traidor depois, um deles declarou que "in my country, the most difficult thing to foresee is the History". Com o mesmo espírito mordaz, Pedro Malan diria a sua famosa frase de que "no Brasil, até o passado é incerto".
Agora estamos diante de nova tentativa de mudar o passado. Uma das lendas dos primórdios de nossas finanças públicas foi Sílvio Rodrigues Alves, que municiava a equipe econômica de dados nos anos 80 e a quem tive a honra de conhecer no começo da minha carreira. Um dia perguntei a ele: "Se hoje, com a internet divulgando tudo, conduzir a economia já é difícil, como vocês faziam na época do Simonsen, quando a disponibilidade de informações era uma fração ínfima dos números de que dispomos hoje?", ao que ele respondeu, fazendo o gesto de molhar um dedo na língua e levantá-lo para sentir a direção do vento.
Desde aqueles anos caóticos, o país se beneficiou de muitos avanços em matéria de ordenamento das contas. Resumidamente, cabe citar a melhora das estatísticas, a criação da STN, o fim da conta movimento, a extinção do orçamento monetário, a eliminação das funções de fomento do Banco Central, a exigência de autorização legislativa prévia para todas as despesas, a estabilização de 1994, o ajuste de 1999, a Lei de Responsabilidade Fiscal, etc. Uma geração de funcionários públicos dedicou 15 a 20 anos de sua carreira a esses aprimoramentos institucionais.
Infelizmente, esse esforço de duas décadas vem sendo minado nos últimos anos. A combinação de redução do superávit primário, descumprimento de metas, utilização de descontos na contabilidade fiscal, abuso da contabilidade criativa e impropriedades conceituais como a criação de um Fundo Soberano de acumulação de ativos num país com uma dívida bruta de 60 % do PIB, afetou gravemente nossa reputação. Nesse contexto, a mudança retroativa do indexador das dívidas é um novo prego no caixão da nossa já combalida credibilidade.
O Artigo 35 da Lei de Responsabilidade Fiscal diz que "é vedada a realização de operações de crédito entre um ente da Federação... e outro... ainda que sob a forma de novação, refinanciamento ou postergação de dívida contraída anteriormente". Não sou formado em direito, mas sei ler português. Com esse arranjo ardiloso, a União aumentará a sua dívida e a prefeitura de São Paulo diminuirá a dela, no valor de aproximadamente R$ 25 bilhões. Para que? Para beneficiar a prefeitura mais rica do país. Por que? Porque o prefeito prometeu o que não tem recursos para fazer. Como? Revogando o passado e mudando o indexador "para trás". Se isso não é refinanciamento, então estamos na República da Novilíngua.
Isso equivale a que um inquilino diga para o proprietário que "ao longo dos últimos 10 anos, paguei uma média de R$ 3 mil por mês de aluguel. Vou mudar e transformar isso em R$ 1.400 por mês. Portanto, você me deve R$ 1.600 por mês que paguei a mais durante 120 meses. Me dá R$ 192 mil". Trata-se de uma agressão à lógica, de uma aberração formal e de um absurdo econômico. A base do progresso é que o passado é um dado. Se ele pode mudar, a insegurança jurídica que isso cria será um fator de perturbação de qualquer cálculo econômico. Quem se aventurar a enterrar seu capital numa concessão de 30 anos levará em conta tal fato na sua avaliação de risco.
Contabilidade criativa, reindexação retroativa, possível criação de 180 municípios, orçamento impositivo, aumento do déficit etc. O quadro fiscal se deteriora a olho nu. Só não vê quem não quer. Que depois o Brasil não se queixe se for rebaixado pela S&P e pela Moody's.
O Ministro da Fazenda disse para Míriam Leitão que a razão de ser da mudança proposta é que o problema é que "São Paulo paga e a dívida não diminui". Ganha uma fotografia autografada pela Velhinha de Taubaté quem acreditar que o mesmo argumento seria utilizado se o prefeito fosse de outro partido.
Mudar o indexador retroativamente é algo que lembra o cronista Ivan Lessa, que no passado, envergonhado do país (ao qual chamava de "Bananão") desistiu do Brasil e optou pelo auto-exílio. A impressão compartilhada com muitos amigos é que a tarefa de virarmos um país maduro vai ficar para nossos filhos. É triste. Em 30 anos de profissão, aprendi que o pêndulo da História vai e volta. Daqui a uma ou duas décadas, outras pessoas recolocarão as coisas no lugar. O problema é para os que estamos no segundo tempo da existência, que vivemos a desordem econômica pré-1994 e hoje vemos as bases da estabilidade serem corroídas gradualmente, nesse processo. Como se diz na língua de Cervantes, "se nos va la vida".
Agora estamos diante de nova tentativa de mudar o passado. Uma das lendas dos primórdios de nossas finanças públicas foi Sílvio Rodrigues Alves, que municiava a equipe econômica de dados nos anos 80 e a quem tive a honra de conhecer no começo da minha carreira. Um dia perguntei a ele: "Se hoje, com a internet divulgando tudo, conduzir a economia já é difícil, como vocês faziam na época do Simonsen, quando a disponibilidade de informações era uma fração ínfima dos números de que dispomos hoje?", ao que ele respondeu, fazendo o gesto de molhar um dedo na língua e levantá-lo para sentir a direção do vento.
Desde aqueles anos caóticos, o país se beneficiou de muitos avanços em matéria de ordenamento das contas. Resumidamente, cabe citar a melhora das estatísticas, a criação da STN, o fim da conta movimento, a extinção do orçamento monetário, a eliminação das funções de fomento do Banco Central, a exigência de autorização legislativa prévia para todas as despesas, a estabilização de 1994, o ajuste de 1999, a Lei de Responsabilidade Fiscal, etc. Uma geração de funcionários públicos dedicou 15 a 20 anos de sua carreira a esses aprimoramentos institucionais.
Infelizmente, esse esforço de duas décadas vem sendo minado nos últimos anos. A combinação de redução do superávit primário, descumprimento de metas, utilização de descontos na contabilidade fiscal, abuso da contabilidade criativa e impropriedades conceituais como a criação de um Fundo Soberano de acumulação de ativos num país com uma dívida bruta de 60 % do PIB, afetou gravemente nossa reputação. Nesse contexto, a mudança retroativa do indexador das dívidas é um novo prego no caixão da nossa já combalida credibilidade.
O Artigo 35 da Lei de Responsabilidade Fiscal diz que "é vedada a realização de operações de crédito entre um ente da Federação... e outro... ainda que sob a forma de novação, refinanciamento ou postergação de dívida contraída anteriormente". Não sou formado em direito, mas sei ler português. Com esse arranjo ardiloso, a União aumentará a sua dívida e a prefeitura de São Paulo diminuirá a dela, no valor de aproximadamente R$ 25 bilhões. Para que? Para beneficiar a prefeitura mais rica do país. Por que? Porque o prefeito prometeu o que não tem recursos para fazer. Como? Revogando o passado e mudando o indexador "para trás". Se isso não é refinanciamento, então estamos na República da Novilíngua.
Isso equivale a que um inquilino diga para o proprietário que "ao longo dos últimos 10 anos, paguei uma média de R$ 3 mil por mês de aluguel. Vou mudar e transformar isso em R$ 1.400 por mês. Portanto, você me deve R$ 1.600 por mês que paguei a mais durante 120 meses. Me dá R$ 192 mil". Trata-se de uma agressão à lógica, de uma aberração formal e de um absurdo econômico. A base do progresso é que o passado é um dado. Se ele pode mudar, a insegurança jurídica que isso cria será um fator de perturbação de qualquer cálculo econômico. Quem se aventurar a enterrar seu capital numa concessão de 30 anos levará em conta tal fato na sua avaliação de risco.
Contabilidade criativa, reindexação retroativa, possível criação de 180 municípios, orçamento impositivo, aumento do déficit etc. O quadro fiscal se deteriora a olho nu. Só não vê quem não quer. Que depois o Brasil não se queixe se for rebaixado pela S&P e pela Moody's.
O Ministro da Fazenda disse para Míriam Leitão que a razão de ser da mudança proposta é que o problema é que "São Paulo paga e a dívida não diminui". Ganha uma fotografia autografada pela Velhinha de Taubaté quem acreditar que o mesmo argumento seria utilizado se o prefeito fosse de outro partido.
Mudar o indexador retroativamente é algo que lembra o cronista Ivan Lessa, que no passado, envergonhado do país (ao qual chamava de "Bananão") desistiu do Brasil e optou pelo auto-exílio. A impressão compartilhada com muitos amigos é que a tarefa de virarmos um país maduro vai ficar para nossos filhos. É triste. Em 30 anos de profissão, aprendi que o pêndulo da História vai e volta. Daqui a uma ou duas décadas, outras pessoas recolocarão as coisas no lugar. O problema é para os que estamos no segundo tempo da existência, que vivemos a desordem econômica pré-1994 e hoje vemos as bases da estabilidade serem corroídas gradualmente, nesse processo. Como se diz na língua de Cervantes, "se nos va la vida".
O Golfo do México brasileiro? - FABIO FELDMANN
Brasil Econômico - 07/11
No último dia 21, houve o leilão do Campo de Libra, o primeiro prevendo a exploração de petróleo e gás natural na camada pré-sal sob o regime de partilha. Na mesma semana, o governo anunciou o Plano Nacional de Contingência para estabelecer as estratégias para eventuais acidentes e vazamentos, no qual foram previstas medidas de minimização de riscos como a criação de um sistema de monitoramento em tempo real de acidentes no mar, além da delegação de responsabilidades no combate a vazamentos.
Desde logo, assinalo que o pré-sal tem sido muito pouco debatido no país. Em 2010, como candidato ao governo do Estado de São Paulo, propus a realização de um plebiscito para decidir sobre essa exploração. Critiquei fortemente o governo federal por optar por uma economia intensiva em carbono e também a oposição por não contestar tais políticas e por preferir esquecer o que ocorreu no Golfo do México, um acidente que pode ser considerado o “Chernobyl dos oceanos”.
Infelizmente estamos diante de um fato consumado, sendo que a única discussão com eco, até o momento, diz respeito à divisão e à destinação dos royalties. Seria de fundamental importância, entretanto, que o licenciamento dessas atividades se fizesse com maior transparência e efetiva participação da sociedade civil, comunidade científica e mídia para que tenhamos realmente a certeza de que todas as cautelas estão sendo exigidas. Planos de contingência servem para mitigar danos a posteriori.
Em outras palavras, tem que se colocar o telhado antes das chuvas. A lição do Golfo do México deve servir como referência, até mesmo porque a profundidade daquela exploração é muito menor do que a do Campo de Libra. É bom lembrar que a British Petroleum (BP) teve que criar um fundo de reserva de US$ 20 bilhões para fazer frente aos prejuízos causados às comunidades afetadas e ao meio ambiente. Há um fato, inclusive, que merece destaque.
De acordo com Pavan Sukhdev, em seu livro “Corporação 2020 — Como transformar as empresas para o mundo de amanhã”, “a Halliburton, empresa encarregada pela BP de gerenciar o poço de petróleo, preferiu não gastar US$ 500 mil em uma válvula ativada por ruído que fecharia o poço em caso de explosão.
A decisão foi tomada à época por se entender que aquele valor representaria um ônus muito grande para o setor”. Conhecendo as fragilidades do licenciamento ambiental brasileiro e o poder das empresas vencedoras do leilão (Petrobras, Shell, Total e as estatais chinesas CNPC e CNOOC), quem pode, em sã consciência, garantir que todas as salvaguardas necessárias serão exigidas?
Estamos diante de uma situação única pelo fato de que os impactos de um acidente na região seriam irreversivelmente catastróficos, impondo-se, desse modo, a necessidade de inovarmos nestes licenciamentos.
Começaria ouvindo todos aqueles que tiveram envolvimento no acidente do Golfo do México: a EPA — Environmental Protection Agency, agência ambiental norte americana,bem como outras agências do país; governos e municipalidades prejudicados; participantes das comissões instaladas no congresso americano e jornalistas e entidades não governamentais que acompanharam os desdobramentos do acidente.
E, certamente, especialistas no assunto, além da própria BP. Enfim, devemos aprender com o episódio do Golfo do México.
Desde logo, assinalo que o pré-sal tem sido muito pouco debatido no país. Em 2010, como candidato ao governo do Estado de São Paulo, propus a realização de um plebiscito para decidir sobre essa exploração. Critiquei fortemente o governo federal por optar por uma economia intensiva em carbono e também a oposição por não contestar tais políticas e por preferir esquecer o que ocorreu no Golfo do México, um acidente que pode ser considerado o “Chernobyl dos oceanos”.
Infelizmente estamos diante de um fato consumado, sendo que a única discussão com eco, até o momento, diz respeito à divisão e à destinação dos royalties. Seria de fundamental importância, entretanto, que o licenciamento dessas atividades se fizesse com maior transparência e efetiva participação da sociedade civil, comunidade científica e mídia para que tenhamos realmente a certeza de que todas as cautelas estão sendo exigidas. Planos de contingência servem para mitigar danos a posteriori.
Em outras palavras, tem que se colocar o telhado antes das chuvas. A lição do Golfo do México deve servir como referência, até mesmo porque a profundidade daquela exploração é muito menor do que a do Campo de Libra. É bom lembrar que a British Petroleum (BP) teve que criar um fundo de reserva de US$ 20 bilhões para fazer frente aos prejuízos causados às comunidades afetadas e ao meio ambiente. Há um fato, inclusive, que merece destaque.
De acordo com Pavan Sukhdev, em seu livro “Corporação 2020 — Como transformar as empresas para o mundo de amanhã”, “a Halliburton, empresa encarregada pela BP de gerenciar o poço de petróleo, preferiu não gastar US$ 500 mil em uma válvula ativada por ruído que fecharia o poço em caso de explosão.
A decisão foi tomada à época por se entender que aquele valor representaria um ônus muito grande para o setor”. Conhecendo as fragilidades do licenciamento ambiental brasileiro e o poder das empresas vencedoras do leilão (Petrobras, Shell, Total e as estatais chinesas CNPC e CNOOC), quem pode, em sã consciência, garantir que todas as salvaguardas necessárias serão exigidas?
Estamos diante de uma situação única pelo fato de que os impactos de um acidente na região seriam irreversivelmente catastróficos, impondo-se, desse modo, a necessidade de inovarmos nestes licenciamentos.
Começaria ouvindo todos aqueles que tiveram envolvimento no acidente do Golfo do México: a EPA — Environmental Protection Agency, agência ambiental norte americana,bem como outras agências do país; governos e municipalidades prejudicados; participantes das comissões instaladas no congresso americano e jornalistas e entidades não governamentais que acompanharam os desdobramentos do acidente.
E, certamente, especialistas no assunto, além da própria BP. Enfim, devemos aprender com o episódio do Golfo do México.
O socorro do Brasil a Maduro - EDITORIAL O ESTADÃO
O Estado de S.Paulo - 07/11
O governo petista resolveu socorrer o regime chavista da Venezuela, que faz água por todos os lados. E, claro, essa generosidade correrá por conta do contribuinte brasileiro.
Sob ameaça de sofrer um duro revés nas eleições municipais de 8 de dezembro, vistas como uma espécie de referendo de seu desastroso governo, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, pediu ajuda ao Brasil para contornar a crise de desabastecimento no país, o mais sério dos inúmeros problemas de sua administração.
A intenção de Maduro é garantir o fornecimento de alimentos e outros produtos do varejo até a eleição. Como tudo o que tem pautado o tal "socialismo do século 21", esta será mais uma medida paliativa e desesperada, lançada apenas para mitigar por um breve período os efeitos permanentemente deletérios da insanidade econômica chavista.
O modelo estatista feroz, com preços controlados e hostilidade à produção privada, esvaziou as prateleiras dos supermercados venezuelanos. As imensas filas para comprar os mais diversos produtos de primeira necessidade - o papel higiênico é o símbolo desse calvário - tornaram-se a marca do governo Maduro.
Em vez de admitir os erros de sua administração e procurar resolvê-los de modo racional, o presidente venezuelano optou pelo caminho típico do chavismo: atribuiu a escassez à "sabotagem" de capitalistas e disse que agora trava uma "guerra econômica" contra esses "agentes do imperialismo". A "guerra" inclui impedir que a imprensa noticie o desabastecimento, porque, segundo sua versão tresloucada, é isso que leva pânico à população e gera corrida aos supermercados.
É em nome desse combate imaginário que Maduro pediu ao Congresso "poderes especiais" para governar - poderes cujo escopo, obviamente, deverá ir muito além da emergência econômica.
Para o governo petista, porém, Maduro e sua equipe sabem o que estão fazendo. "Eles têm consciência dos problemas em curto, médio e longo prazos no país e estão muito preocupados em enfrentar, de forma clara e estratégica, as dificuldades históricas da economia venezuelana", disse ao jornal Valor o assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia.
Ao considerar que a crise da Venezuela faz parte de "dificuldades históricas", Garcia quer fazer crer que a situação atual resulta de problemas antigos, estruturais, e não das evidentes lambanças chavistas. É provável que Garcia considere também que a importação emergencial de alimentos seja parte, conforme suas palavras, de um planejamento "claro e estratégico" para enfrentar a crise.
Esse "planejamento" conta com a bondade brasileira. Como faltam dólares na Venezuela para realizar a importação, graças ao controle do câmbio, o Brasil pretende usar o Programa de Financiamento às Exportações (Proex), do Banco do Brasil, num acordo com o Banco de Venezuela. Segundo essa solução, ainda a ser detalhada, o Banco de Venezuela receberia o dinheiro do financiamento e quitaria a importação diretamente aos fornecedores brasileiros, sem ter de passar pela Cadivi, o órgão venezuelano que regula o câmbio. O Banco de Venezuela pagaria o financiamento ao Banco do Brasil em suaves prestações.
Com tal garantia, a expectativa do governo é de que os empresários brasileiros superem a crescente desconfiança em relação à Venezuela - convidadas a incrementar as exportações àquele país nos últimos anos, seguindo a orientação da agenda Sul-Sul do governo petista, muitas empresas nacionais enfrentam agora grandes atrasos no pagamento. Como resultado, as exportações para a Venezuela no primeiro semestre do ano foram quase 16% inferiores às do mesmo período de 2012.
Em outras palavras, se as negociações prosperarem, o risco de calote dos importadores venezuelanos seria assumido pelo Banco do Brasil - em nome do compromisso ideológico do governo petista com o chavismo, com cujas agruras o contribuinte brasileiro não tem rigorosamente nada a ver.
O governo petista resolveu socorrer o regime chavista da Venezuela, que faz água por todos os lados. E, claro, essa generosidade correrá por conta do contribuinte brasileiro.
Sob ameaça de sofrer um duro revés nas eleições municipais de 8 de dezembro, vistas como uma espécie de referendo de seu desastroso governo, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, pediu ajuda ao Brasil para contornar a crise de desabastecimento no país, o mais sério dos inúmeros problemas de sua administração.
A intenção de Maduro é garantir o fornecimento de alimentos e outros produtos do varejo até a eleição. Como tudo o que tem pautado o tal "socialismo do século 21", esta será mais uma medida paliativa e desesperada, lançada apenas para mitigar por um breve período os efeitos permanentemente deletérios da insanidade econômica chavista.
O modelo estatista feroz, com preços controlados e hostilidade à produção privada, esvaziou as prateleiras dos supermercados venezuelanos. As imensas filas para comprar os mais diversos produtos de primeira necessidade - o papel higiênico é o símbolo desse calvário - tornaram-se a marca do governo Maduro.
Em vez de admitir os erros de sua administração e procurar resolvê-los de modo racional, o presidente venezuelano optou pelo caminho típico do chavismo: atribuiu a escassez à "sabotagem" de capitalistas e disse que agora trava uma "guerra econômica" contra esses "agentes do imperialismo". A "guerra" inclui impedir que a imprensa noticie o desabastecimento, porque, segundo sua versão tresloucada, é isso que leva pânico à população e gera corrida aos supermercados.
É em nome desse combate imaginário que Maduro pediu ao Congresso "poderes especiais" para governar - poderes cujo escopo, obviamente, deverá ir muito além da emergência econômica.
Para o governo petista, porém, Maduro e sua equipe sabem o que estão fazendo. "Eles têm consciência dos problemas em curto, médio e longo prazos no país e estão muito preocupados em enfrentar, de forma clara e estratégica, as dificuldades históricas da economia venezuelana", disse ao jornal Valor o assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia.
Ao considerar que a crise da Venezuela faz parte de "dificuldades históricas", Garcia quer fazer crer que a situação atual resulta de problemas antigos, estruturais, e não das evidentes lambanças chavistas. É provável que Garcia considere também que a importação emergencial de alimentos seja parte, conforme suas palavras, de um planejamento "claro e estratégico" para enfrentar a crise.
Esse "planejamento" conta com a bondade brasileira. Como faltam dólares na Venezuela para realizar a importação, graças ao controle do câmbio, o Brasil pretende usar o Programa de Financiamento às Exportações (Proex), do Banco do Brasil, num acordo com o Banco de Venezuela. Segundo essa solução, ainda a ser detalhada, o Banco de Venezuela receberia o dinheiro do financiamento e quitaria a importação diretamente aos fornecedores brasileiros, sem ter de passar pela Cadivi, o órgão venezuelano que regula o câmbio. O Banco de Venezuela pagaria o financiamento ao Banco do Brasil em suaves prestações.
Com tal garantia, a expectativa do governo é de que os empresários brasileiros superem a crescente desconfiança em relação à Venezuela - convidadas a incrementar as exportações àquele país nos últimos anos, seguindo a orientação da agenda Sul-Sul do governo petista, muitas empresas nacionais enfrentam agora grandes atrasos no pagamento. Como resultado, as exportações para a Venezuela no primeiro semestre do ano foram quase 16% inferiores às do mesmo período de 2012.
Em outras palavras, se as negociações prosperarem, o risco de calote dos importadores venezuelanos seria assumido pelo Banco do Brasil - em nome do compromisso ideológico do governo petista com o chavismo, com cujas agruras o contribuinte brasileiro não tem rigorosamente nada a ver.
É proibido proibir - ANCELMO GOIS
O GLOBO - 07/11
Roberto Carlos não foi o único famoso a conseguir recolher livros a seu respeito. Ronaldo Fenômeno também.
Os pais do craque, Sônia e Nélio Nazário, logo depois da Copa de 1998, na França, tiraram de circulação o livro “Carrasco de goleiros — Um fenômeno chamado Ronaldinho”, de Luiz Puntel, Luiz Carlos Ramos e Brás Henrique, editado pela Palavra Mágica, de Galeno Amorim, ex-presidente da Biblioteca Nacional.
Segue...
O caso, como é de costume na Justiça brasileira, arrastou-se até o ano passado, quando os livros foram devolvidos à editora.
Os pais do craque arcaram com as custas do processo (R$17.899,43).
Lei Roberto Carlos
Com a decisão de Roberto Carlos de sair do Procure Saber, o grupo dificilmente vai requerer no STF o ingresso, como “amicus curiae”, em oposição à Associação Nacional de Editores de Livros. Como se sabe, a Anel move processo contra os dispositivos do Código Civil que permitem o veto a biografias.
A ideia de o grupo entrar na causa era de Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, advogado do Rei.
Fim da novela
Dado Dolabella perdeu ontem, no STJ, recurso judicial para não pagar R$ 40 mil, com correção monetária, à camareira Esmeralda de Souza.
Ele terá que indenizar Esmeralda por lesão corporal grave sofrida, em 2008, durante uma briga com a sua então namorada Luana Piovani.
A voz da América
Do sociólogo Paulo Delgado sobre a frustração de muitos com Obama:
— Todo mundo pensava que ele era preto. Mas depois descobriram que ele é mesmo... americano.
O herói do sertão
Dilma, como se sabe, presta hoje, Dia do Radialista, uma homenagem à turma do rádio.
Ela diz que na infância não perdia as radionovelas “O direito de nascer”, sucesso escrito pelo cubano Félix Caignet, e “Jerônimo, o herói do sertão”, escrita por Moysés Weltman, em 1953.
Comando da ABL
O embaixador Geraldo Holanda Cavalcanti, também poeta, contista e tradutor, enviou, ontem, carta aos seus colegas da ABL. Formalizou sua decisão de concorrer à presidência da academia, na eleição marcada para 5 de dezembro.
O secretário-geral deve ser o escritor Domício Proença Filho.
Cena carioca
Veja só o que aconteceu, ontem, com a querida atriz Maria Pompeu, de 77 anos, num ônibus da linha 434, em
Copacabana. O trocador achou que ela era parecida com uma atriz da TV Globo. Maria disse que era ela mesma e foi sentar no banco lá atrás.
Dois minutos depois, o trocador já tinha acessado em um computador portátil a Wikipédia e começou a ler em voz alta todo o currículo da atriz para deleite de Maria e de outros passageiros.
O busto de Nair
Este busto de Nair de Teffé (1886-1981), caricaturista, cantora e atriz, vai a leilão a partir de amanhã, no Garage Salles, em Itaipava, no Rio. O lance inicial da obra do uruguaio Juan D’Aniello, com 54cm de altura e 35kg, é de R$ 8 mil.
O busto dos anos 1920 foi feito a pedido do marido Hermes da Fonseca, que presidiu o Brasil em 1913 e 1914.
Falência pessoal
Ex-dirigente do finado Banerj no governo Brizola, o empresário Paulo Júdice teve decretada sua insolvência, uma espécie de falência da pessoa física, pelo juiz Luiz Roberto Ayoub, da 1ª Vara Empresarial do Rio.
Ele é ex-sócio de Nelson Piquet numa empresa de blindagem de automóveis.
Boletim médico
Cláudio Marzo deu entrada ontem na Clínica São Vicente, na Gávea.
Está internado no CTI com hemorragia digestiva e diverticulite. O quadro é estável, segundo o médico, João Manoel Pedroso.
Larápio de cemitério
Roubaram letras e jarros de bronze da sepultura de Tenório Cavalcanti, o Homem da Capa Preta, falecido em 1987.
Ele está enterrado no Cemitério Nossa Senhora de Belém, em Caxias.
Preço alto
O jornalão “The Guardian” publicou reportagem, semana passada, desencorajando os ingleses a virem para as Olimpíadas de 2016 no Rio.
Dizia que os hotéis estão cobrando preços abusivos e que a solução mais viável seria utilizar os hostels situados em favelas.
Os pais do craque, Sônia e Nélio Nazário, logo depois da Copa de 1998, na França, tiraram de circulação o livro “Carrasco de goleiros — Um fenômeno chamado Ronaldinho”, de Luiz Puntel, Luiz Carlos Ramos e Brás Henrique, editado pela Palavra Mágica, de Galeno Amorim, ex-presidente da Biblioteca Nacional.
Segue...
O caso, como é de costume na Justiça brasileira, arrastou-se até o ano passado, quando os livros foram devolvidos à editora.
Os pais do craque arcaram com as custas do processo (R$17.899,43).
Lei Roberto Carlos
Com a decisão de Roberto Carlos de sair do Procure Saber, o grupo dificilmente vai requerer no STF o ingresso, como “amicus curiae”, em oposição à Associação Nacional de Editores de Livros. Como se sabe, a Anel move processo contra os dispositivos do Código Civil que permitem o veto a biografias.
A ideia de o grupo entrar na causa era de Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, advogado do Rei.
Fim da novela
Dado Dolabella perdeu ontem, no STJ, recurso judicial para não pagar R$ 40 mil, com correção monetária, à camareira Esmeralda de Souza.
Ele terá que indenizar Esmeralda por lesão corporal grave sofrida, em 2008, durante uma briga com a sua então namorada Luana Piovani.
A voz da América
Do sociólogo Paulo Delgado sobre a frustração de muitos com Obama:
— Todo mundo pensava que ele era preto. Mas depois descobriram que ele é mesmo... americano.
O herói do sertão
Dilma, como se sabe, presta hoje, Dia do Radialista, uma homenagem à turma do rádio.
Ela diz que na infância não perdia as radionovelas “O direito de nascer”, sucesso escrito pelo cubano Félix Caignet, e “Jerônimo, o herói do sertão”, escrita por Moysés Weltman, em 1953.
Comando da ABL
O embaixador Geraldo Holanda Cavalcanti, também poeta, contista e tradutor, enviou, ontem, carta aos seus colegas da ABL. Formalizou sua decisão de concorrer à presidência da academia, na eleição marcada para 5 de dezembro.
O secretário-geral deve ser o escritor Domício Proença Filho.
Cena carioca
Veja só o que aconteceu, ontem, com a querida atriz Maria Pompeu, de 77 anos, num ônibus da linha 434, em
Copacabana. O trocador achou que ela era parecida com uma atriz da TV Globo. Maria disse que era ela mesma e foi sentar no banco lá atrás.
Dois minutos depois, o trocador já tinha acessado em um computador portátil a Wikipédia e começou a ler em voz alta todo o currículo da atriz para deleite de Maria e de outros passageiros.
O busto de Nair
Este busto de Nair de Teffé (1886-1981), caricaturista, cantora e atriz, vai a leilão a partir de amanhã, no Garage Salles, em Itaipava, no Rio. O lance inicial da obra do uruguaio Juan D’Aniello, com 54cm de altura e 35kg, é de R$ 8 mil.
O busto dos anos 1920 foi feito a pedido do marido Hermes da Fonseca, que presidiu o Brasil em 1913 e 1914.
Falência pessoal
Ex-dirigente do finado Banerj no governo Brizola, o empresário Paulo Júdice teve decretada sua insolvência, uma espécie de falência da pessoa física, pelo juiz Luiz Roberto Ayoub, da 1ª Vara Empresarial do Rio.
Ele é ex-sócio de Nelson Piquet numa empresa de blindagem de automóveis.
Boletim médico
Cláudio Marzo deu entrada ontem na Clínica São Vicente, na Gávea.
Está internado no CTI com hemorragia digestiva e diverticulite. O quadro é estável, segundo o médico, João Manoel Pedroso.
Larápio de cemitério
Roubaram letras e jarros de bronze da sepultura de Tenório Cavalcanti, o Homem da Capa Preta, falecido em 1987.
Ele está enterrado no Cemitério Nossa Senhora de Belém, em Caxias.
Preço alto
O jornalão “The Guardian” publicou reportagem, semana passada, desencorajando os ingleses a virem para as Olimpíadas de 2016 no Rio.
Dizia que os hotéis estão cobrando preços abusivos e que a solução mais viável seria utilizar os hostels situados em favelas.
ALTO E BOM SOM - MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 07/11
O prefeito Fernando Haddad (PT-SP) deve lançar uma campanha publicitária para "explicar" o aumento do IPTU. Quer massificar a ideia de que os mais pobres não pagarão imposto ou terão aumento irrisório no valor.
CARGA PESADA
A possibilidade de fazer campanha foi discutida também com os vereadores que apoiam o governo. Seria uma forma de tentar diminuir o desgaste que eles têm sofrido com as bases eleitorais desde a aprovação do aumento, agora sub judice.
SEMPRE JUNTOS
O PP, partido de Paulo Maluf, formará um bloco parlamentar em Brasília com o Pros, legenda neogovernista criada com apoio do PT. "Seremos a terceira força do Congresso, atrás apenas do PT e do PMDB", diz Maluf.
BOM CONSELHO
E o ex-prefeito repete que será candidato a deputado de novo em 2014, apesar de condenado por superfaturamento pelo TJ-SP (Tribunal de Justiça de SP). "É evidente. Ninguém vai me expulsar da vida pública." E ainda se diz entusiasmado com as investigações na Prefeitura de SP. "O Haddad é um sujeito moço, quer fazer carreira política, faz muito bem em combater a corrupção."
LIÇÃO DE CASA
Segundo Maluf, o tipo de corrupção descoberto na prefeitura "existe em SP desde 1554", ano em que a cidade foi fundada. "Sempre existiu a figura do lançador, que ia na casa das pessoas determinar quanto elas teriam que pagar de IPTU. Na hora de lançar o valor, pediam alguma coisa." A prática "acabou" quando o imposto passou a ser determinado pela Planta Genérica de Valores. "Ou melhor, se sofisticou", diz o ex-prefeito.
CADEIRA
E o PSDB vai mandar carta a Haddad sugerindo o afastamento temporário do secretário Antonio Donato (Governo) durante a investigação das denúncias de que ele recebeu dinheiro para campanha de fiscais acusados de corrupção. "Não é um julgamento prévio", diz Milton Flávio, presidente do diretório municipal. "É para evitar qualquer tipo de pressão ou interferência na apuração."
VASSOURA
O presidente do TJ-SP, desembargador Ivan Sartori, proibiu os fóruns da capital e do interior de usar recursos próprios para pagar despesas de órgãos que ocupam os prédios. Ministério Público, OAB, Defensoria Pública e Tribunal Regional Eleitoral serão afetados.
VASSOURA 2
No comunicado enviado às comarcas, Sartori especifica as despesas dos inquilinos que não podem ser custeadas: material de limpeza e de escritório, café, água mineral, contas de luz, água e telefone e até sabonete e papel higiênico. O presidente já tentou medida extrema: tirar os integrantes do MP dos prédios da Justiça.
CONVITE DE FORA
O crítico e curador do Masp, Teixeira Coelho, recebeu convite de uma instituição alemã para passar dois meses na Alemanha escrevendo um livro. Ele vai encerrar 2013 no Brasil e viaja para lá no ano que vem.
A VOZ DO RAP
Um dos nomes mais importantes do rap nacional, Sabotage será homenageado pela Secretaria de Estado da Cultura durante a sétima edição do Encontro Paulista de Hip Hop. Dez anos após sua morte, o rapper ganhará uma exposição inédita, que exibe fotos de sua trajetória na música brasileira. A festa será no dia 30, no Memorial da América Latina.
SUBIU O MORRO
Com a pacificação de 38 comunidades do Rio, a "Veja Rio" criou o Comer e Beber da Paz. A ideia da revista é premiar ainda em novembro bares e restaurantes que se profissionalizaram e viraram destaque nesses locais.
PEGADA POP
Fernando Temporão, 30, lança no dia 28, no Studio RJ, o disco "De Dentro da Gaveta da Alma da Gente". Hoje, ele disponibiliza na internet o single "Bambolê"; a produção é assinada por Kassin.
Filho do ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão (PMDB-RJ), o músico diz que aprendeu a tocar violão com o pai. "Ele foi a minha inspiração."
TROPA DE ELITE
A artista plástica Tomie Ohtake e o arquiteto Oscar Niemeyer foram os homenageados na cerimônia da Ordem do Mérito Cultural, anteontem, no Auditório Ibirapuera. Erasmo Carlos, Antonio Fagundes e Bárbara Paz e a novelista Maria Adelaide Amaral receberam medalhas por sua contribuição à cultura. O arquiteto Rodrigo Ohtake, neto de Tomie, acompanhou a avó no evento, que também contou com a presença de Emílio Kalil, presidente da Fundação Cidade das Artes.
O REI DO RODEIO
A dona do restaurante Rodeio, Silvia Macedo Levorin, recebeu convidados no lançamento da biografia póstuma sobre seu pai, Roberto Macedo, escrita por Nirlando Beirão. O advogado Carlos Miguel Aidar, o jornalista Daniel Lian e Julio Casares, vice-presidente de marketing do São Paulo, passaram por lá.
CURTO-CIRCUITO
Ronnie Von apresenta bazar e almoço beneficente da Associação Cedro do Líbano, hoje, no Clube Monte Líbano, a partir das 11h.
Philip Kotler dá palestra sobre marketing, hoje, às 9h, no campus Higienópolis da Universidade Mackenzie.
A mostra "Rumos Cinema e Vídeo - Linguagens Expandidas" começa hoje, às 9h, no Itaú Cultural.
Aldo Bonadei será homenageado com exposição, hoje, às 19h, na Galeria Almeida e Dale, nos Jardins.
A cantora Karina Buhr faz show amanhã, à meia-noite, no Anexo B. 18 anos.
CARGA PESADA
A possibilidade de fazer campanha foi discutida também com os vereadores que apoiam o governo. Seria uma forma de tentar diminuir o desgaste que eles têm sofrido com as bases eleitorais desde a aprovação do aumento, agora sub judice.
SEMPRE JUNTOS
O PP, partido de Paulo Maluf, formará um bloco parlamentar em Brasília com o Pros, legenda neogovernista criada com apoio do PT. "Seremos a terceira força do Congresso, atrás apenas do PT e do PMDB", diz Maluf.
BOM CONSELHO
E o ex-prefeito repete que será candidato a deputado de novo em 2014, apesar de condenado por superfaturamento pelo TJ-SP (Tribunal de Justiça de SP). "É evidente. Ninguém vai me expulsar da vida pública." E ainda se diz entusiasmado com as investigações na Prefeitura de SP. "O Haddad é um sujeito moço, quer fazer carreira política, faz muito bem em combater a corrupção."
LIÇÃO DE CASA
Segundo Maluf, o tipo de corrupção descoberto na prefeitura "existe em SP desde 1554", ano em que a cidade foi fundada. "Sempre existiu a figura do lançador, que ia na casa das pessoas determinar quanto elas teriam que pagar de IPTU. Na hora de lançar o valor, pediam alguma coisa." A prática "acabou" quando o imposto passou a ser determinado pela Planta Genérica de Valores. "Ou melhor, se sofisticou", diz o ex-prefeito.
CADEIRA
E o PSDB vai mandar carta a Haddad sugerindo o afastamento temporário do secretário Antonio Donato (Governo) durante a investigação das denúncias de que ele recebeu dinheiro para campanha de fiscais acusados de corrupção. "Não é um julgamento prévio", diz Milton Flávio, presidente do diretório municipal. "É para evitar qualquer tipo de pressão ou interferência na apuração."
VASSOURA
O presidente do TJ-SP, desembargador Ivan Sartori, proibiu os fóruns da capital e do interior de usar recursos próprios para pagar despesas de órgãos que ocupam os prédios. Ministério Público, OAB, Defensoria Pública e Tribunal Regional Eleitoral serão afetados.
VASSOURA 2
No comunicado enviado às comarcas, Sartori especifica as despesas dos inquilinos que não podem ser custeadas: material de limpeza e de escritório, café, água mineral, contas de luz, água e telefone e até sabonete e papel higiênico. O presidente já tentou medida extrema: tirar os integrantes do MP dos prédios da Justiça.
CONVITE DE FORA
O crítico e curador do Masp, Teixeira Coelho, recebeu convite de uma instituição alemã para passar dois meses na Alemanha escrevendo um livro. Ele vai encerrar 2013 no Brasil e viaja para lá no ano que vem.
A VOZ DO RAP
Um dos nomes mais importantes do rap nacional, Sabotage será homenageado pela Secretaria de Estado da Cultura durante a sétima edição do Encontro Paulista de Hip Hop. Dez anos após sua morte, o rapper ganhará uma exposição inédita, que exibe fotos de sua trajetória na música brasileira. A festa será no dia 30, no Memorial da América Latina.
SUBIU O MORRO
Com a pacificação de 38 comunidades do Rio, a "Veja Rio" criou o Comer e Beber da Paz. A ideia da revista é premiar ainda em novembro bares e restaurantes que se profissionalizaram e viraram destaque nesses locais.
PEGADA POP
Fernando Temporão, 30, lança no dia 28, no Studio RJ, o disco "De Dentro da Gaveta da Alma da Gente". Hoje, ele disponibiliza na internet o single "Bambolê"; a produção é assinada por Kassin.
Filho do ex-ministro da Saúde José Gomes Temporão (PMDB-RJ), o músico diz que aprendeu a tocar violão com o pai. "Ele foi a minha inspiração."
TROPA DE ELITE
A artista plástica Tomie Ohtake e o arquiteto Oscar Niemeyer foram os homenageados na cerimônia da Ordem do Mérito Cultural, anteontem, no Auditório Ibirapuera. Erasmo Carlos, Antonio Fagundes e Bárbara Paz e a novelista Maria Adelaide Amaral receberam medalhas por sua contribuição à cultura. O arquiteto Rodrigo Ohtake, neto de Tomie, acompanhou a avó no evento, que também contou com a presença de Emílio Kalil, presidente da Fundação Cidade das Artes.
O REI DO RODEIO
A dona do restaurante Rodeio, Silvia Macedo Levorin, recebeu convidados no lançamento da biografia póstuma sobre seu pai, Roberto Macedo, escrita por Nirlando Beirão. O advogado Carlos Miguel Aidar, o jornalista Daniel Lian e Julio Casares, vice-presidente de marketing do São Paulo, passaram por lá.
CURTO-CIRCUITO
Ronnie Von apresenta bazar e almoço beneficente da Associação Cedro do Líbano, hoje, no Clube Monte Líbano, a partir das 11h.
Philip Kotler dá palestra sobre marketing, hoje, às 9h, no campus Higienópolis da Universidade Mackenzie.
A mostra "Rumos Cinema e Vídeo - Linguagens Expandidas" começa hoje, às 9h, no Itaú Cultural.
Aldo Bonadei será homenageado com exposição, hoje, às 19h, na Galeria Almeida e Dale, nos Jardins.
A cantora Karina Buhr faz show amanhã, à meia-noite, no Anexo B. 18 anos.
O vice de Alckmin - ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 07/11
O PSDB não abrirá mão de um tucano na vice do governador Geraldo Alckmin (SP).. Explicam que o vice assumirá e, por isso, tem que ser afinado com o eleito. O modelo é o de Aécio Neves (MG). No primeiro mandato, o vice foi Clésio Andrade; e, no segundo, o tucano Antonio Anastasia. Mas o PSB não ficará de fora. Os tucanos trabalham com a candidatura de Luiza Erundina ao Senado.
O drama de Eduardo Campos
No comando de suas campanhas, tucanos e petistas afirmam: "Eduardo Campos virou refém da Marina Silva". Dizem que "ele não pode dar um passo ou conversar com alguém sem combinar com ela antes" Reconhecem que a ex-ministra agregou, fazendo o socialista atingir dois dígitos nas pesquisas de intenções de voto. Mas avaliam que a postura excludente de Marina vai estreitar alguns palanques. Este não seria o seu único obstáculo. Acrescentam que ele está carente de palanques nos estados. E que precisa deles para dar visibilidade, nos dias dedicados à campanha regional na TV, para sua candidatura ao Planalto.
"Não sou ansioso. Hoje há um monólogo. Só a presidente Dilma, que governa, tem visibilidade. Lá na frente (na campanha), não será a mesma coisa"
Aécio Neves
Candidato à Presidência, senador (MG) e presidente do PSDB
Efeito Marina
Feita no embalo da adesão de Marina Silva ao PSB, pesquisa do PMDB aponta que o candidato Eduardo Campos tem 10,7% no Rio. A presidente Dilma lidera com 36,8%, e o tucano Aécio Neves tem 18,3%. Indecisos, em branco e nulos somam 34,3%.
Sobe e desce
O governador Sérgio Cabral(Rio) recebeu pesquisa realizada de 26 a 30 de outubro. Nela, o ministro Marcelo Crivella (Pesca)lidera a disputa para o governo com 24,3%. O líder do PR, Anthony Garotinho,tem 22,8%. O senador Lindbergh Farias (PT) tem11,9%, Bernardinho (PSDB) tem 8,2% e o vice Luiz Fernando Pezão (PMDB) tem 6,9%.
Vacina
Empolgado com a candidatura de Bernardinho (PSDB) ao governo do Rio, o presidente tucano, Aécio Neves, avisa que "a decisão sobre a candidatura será tomada em conjunto com nosso principal aliado, o DEM, em março"
A dança das cadeiras
O presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB), quer votar, na próxima semana, projeto aprovado no Senado que rejeita a atualização das bancadas dos estados. O TSE corrigiu distorção que beneficiava alguns estados. Os que mais ganhariam deputados são: Pará (4), Ceará (2), Minas Gerais (2). Os que mais perderiam: Paraíba (2) e Piauí (2). O Rio perderia uma cadeira.
Nada se cria, tudo se copia
A TV Brasil, estatal do governo federal, planeja criar versão do programa Roda Viva, produzido pela TV Cultura, estatal do governo paulista. Foi esse programa que a TV Brasil não retransmitiu quando a entrevistada foi Marina Silva (Rede).
Vai entender
Luciana Genro anda dizendo que só retira sua candidatura a presidente pelo PSOL em favor de Marcelo Freixo. Alega afinidade política e rejeita Chico Alencar. Mas, no congresso do PSOL, Chico e Freixo assinaram a mesma tese.
Pressão sobre o PP, que comanda o Ministério das Cidades. O PT o quer na aliança da reeleição. O PSDB o quer neutro, como nas eleições de 2010.
O drama de Eduardo Campos
No comando de suas campanhas, tucanos e petistas afirmam: "Eduardo Campos virou refém da Marina Silva". Dizem que "ele não pode dar um passo ou conversar com alguém sem combinar com ela antes" Reconhecem que a ex-ministra agregou, fazendo o socialista atingir dois dígitos nas pesquisas de intenções de voto. Mas avaliam que a postura excludente de Marina vai estreitar alguns palanques. Este não seria o seu único obstáculo. Acrescentam que ele está carente de palanques nos estados. E que precisa deles para dar visibilidade, nos dias dedicados à campanha regional na TV, para sua candidatura ao Planalto.
"Não sou ansioso. Hoje há um monólogo. Só a presidente Dilma, que governa, tem visibilidade. Lá na frente (na campanha), não será a mesma coisa"
Aécio Neves
Candidato à Presidência, senador (MG) e presidente do PSDB
Efeito Marina
Feita no embalo da adesão de Marina Silva ao PSB, pesquisa do PMDB aponta que o candidato Eduardo Campos tem 10,7% no Rio. A presidente Dilma lidera com 36,8%, e o tucano Aécio Neves tem 18,3%. Indecisos, em branco e nulos somam 34,3%.
Sobe e desce
O governador Sérgio Cabral(Rio) recebeu pesquisa realizada de 26 a 30 de outubro. Nela, o ministro Marcelo Crivella (Pesca)lidera a disputa para o governo com 24,3%. O líder do PR, Anthony Garotinho,tem 22,8%. O senador Lindbergh Farias (PT) tem11,9%, Bernardinho (PSDB) tem 8,2% e o vice Luiz Fernando Pezão (PMDB) tem 6,9%.
Vacina
Empolgado com a candidatura de Bernardinho (PSDB) ao governo do Rio, o presidente tucano, Aécio Neves, avisa que "a decisão sobre a candidatura será tomada em conjunto com nosso principal aliado, o DEM, em março"
A dança das cadeiras
O presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB), quer votar, na próxima semana, projeto aprovado no Senado que rejeita a atualização das bancadas dos estados. O TSE corrigiu distorção que beneficiava alguns estados. Os que mais ganhariam deputados são: Pará (4), Ceará (2), Minas Gerais (2). Os que mais perderiam: Paraíba (2) e Piauí (2). O Rio perderia uma cadeira.
Nada se cria, tudo se copia
A TV Brasil, estatal do governo federal, planeja criar versão do programa Roda Viva, produzido pela TV Cultura, estatal do governo paulista. Foi esse programa que a TV Brasil não retransmitiu quando a entrevistada foi Marina Silva (Rede).
Vai entender
Luciana Genro anda dizendo que só retira sua candidatura a presidente pelo PSOL em favor de Marcelo Freixo. Alega afinidade política e rejeita Chico Alencar. Mas, no congresso do PSOL, Chico e Freixo assinaram a mesma tese.
Pressão sobre o PP, que comanda o Ministério das Cidades. O PT o quer na aliança da reeleição. O PSDB o quer neutro, como nas eleições de 2010.
Torneira fechada - VERA MAGALHÃES - PAINEL
FOLHA DE SP - 07/11
A ordem do Planalto para impedir a votação de projetos considerados "bombas fiscais" --que ampliam despesas, como reajustes de servidores-- tem como objetivo evitar o desgaste que Dilma Rousseff terá se precisar vetá-los. O governo está em alerta diante do quadro de piora fiscal. A exceção na política de pé no freio é a renegociação da dívida de Estados e municípios. Embora seja uma sinalização ruim ao mercado, o acordo para sua votação foi avalizado pela presidente.
Desarme O PMDB na Câmara discute com a base aliada alteração no projeto de lei que fixa o piso nacional dos agentes de saúde. O novo texto repassaria a conta aos municípios, contornando o temor do governo sobre o peso da proposta no Orçamento.
RH Dilma espera a eleição interna do PT para discutir com a nova cúpula a troca de ministros que serão candidatos. Quer nomes para o lugar de Pepe Vargas e Maria do Rosário no Desenvolvimento Agrário e nos Direitos Humanos, pastas da cota petista.
Soft power A presidente também quer voltar a discutir os palanques regionais. A leitura do Planalto é que ter apoio do PT nos Estados é mais importante para as siglas aliadas que ocupar uma pasta por apenas um ano.
Olá... O Planalto pretende lançar no início de dezembro, com presença de Dilma, o projeto Participa.BR, que criará no portal Brasil mecanismos de consulta popular sobre minutas de projetos de lei e políticas públicas.
... internautas Haverá ainda mecanismo para a realização de "hangouts" (conversas) com ministros. O projeto será tocado pela Secretaria-Geral da Presidência.
Agrega valor Dilma e seus auxiliares no Planalto incentivaram a formação do bloco entre PP e Pros na Câmara para tentar neutralizar dissidências do PP. Nas palavras de um interlocutor da presidente, havia uma "preocupação" em relação à sigla.
Café com leite O maior entusiasta da ideia de um vice paulista para a chapa presidencial de Aécio Neves (PSDB-MG) é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O mais cotado é o senador Aloysio Nunes Ferreira.
Olho da rua A Prefeitura de São Paulo abriu inquérito administrativo para demitir os quatro auditores fiscais que foram presos por fraude na arrecadação de ISS. Eles são acusados de violar sete pontos do estatuto do servidor. O prazo para a conclusão é de 90 dias, prorrogáveis.
Só que não Paula Nagamati, auditora que chefiou o gabinete do ex-secretário Mauro Ricardo (Finanças) e que foi exonerada ontem da pasta de Desenvolvimento e Assistência Social, integrou o Comap, conselho encarregado de zelar pela "legalidade e moralidade" da gestão.
Soletrando O juiz Emílio Migliano Neto, que suspendeu o reajuste do IPTU em São Paulo, pediu desculpa na decisão por ter escrito "sansão" em vez de "sanção". Ao se justificar, disse que usava a palavra com "s" na área criminal --sem se dar conta de que também está errado.
Timing A despeito da resistência de Marina Silva, o PSDB paulista espera que Eduardo Campos (PSB) e o governador Geraldo Alckmin acertem o apoio socialista à sua reeleição, em conversa que está marcada para a próxima semana em São Paulo.
Visita à Folha Murilo Ferreira, diretor presidente da Vale S.A., visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava com Luiz Sales, publicitário, Mônica Ferreira, gerente geral de assessoria de imprensa, e Clóvis Torres, consultor geral.
com BRUNO BOGHOSSIAN e PAULO GAMA
tiroteio
"A Justiça age a serviço dos ricos ao barrar o projeto do IPTU, que favorece os mais pobres e foi aprovado de acordo com o regimento."
DO VEREADOR ALFREDINHO, líder do PT na Câmara, sobre liminar concedida pelo Tribunal de Justiça paulista que suspende reajuste do imposto na capital.
contraponto
Filho do vento
Ao final de uma reunião da CPI do Tráfico de Pessoas, realizada no Pará, o deputado Bala Rocha (SDD-AP) tomou a palavra para expor a situação na fronteira do Brasil com a Guiana Francesa. Antes, a discussão tinha versado também sobre o contrabando de armas.
Sentindo apreensão da plateia quando foi anunciado pelo apelido, preferiu se justificar, arrancando risos:
--Como estamos em uma CPI que trata da violência, quero esclarecer que o Bala do meu nome nada tem a ver com o assunto. O apelido vem do futebol, diziam que eu era rápido e, por isso, ficou no nome parlamentar.
A ordem do Planalto para impedir a votação de projetos considerados "bombas fiscais" --que ampliam despesas, como reajustes de servidores-- tem como objetivo evitar o desgaste que Dilma Rousseff terá se precisar vetá-los. O governo está em alerta diante do quadro de piora fiscal. A exceção na política de pé no freio é a renegociação da dívida de Estados e municípios. Embora seja uma sinalização ruim ao mercado, o acordo para sua votação foi avalizado pela presidente.
Desarme O PMDB na Câmara discute com a base aliada alteração no projeto de lei que fixa o piso nacional dos agentes de saúde. O novo texto repassaria a conta aos municípios, contornando o temor do governo sobre o peso da proposta no Orçamento.
RH Dilma espera a eleição interna do PT para discutir com a nova cúpula a troca de ministros que serão candidatos. Quer nomes para o lugar de Pepe Vargas e Maria do Rosário no Desenvolvimento Agrário e nos Direitos Humanos, pastas da cota petista.
Soft power A presidente também quer voltar a discutir os palanques regionais. A leitura do Planalto é que ter apoio do PT nos Estados é mais importante para as siglas aliadas que ocupar uma pasta por apenas um ano.
Olá... O Planalto pretende lançar no início de dezembro, com presença de Dilma, o projeto Participa.BR, que criará no portal Brasil mecanismos de consulta popular sobre minutas de projetos de lei e políticas públicas.
... internautas Haverá ainda mecanismo para a realização de "hangouts" (conversas) com ministros. O projeto será tocado pela Secretaria-Geral da Presidência.
Agrega valor Dilma e seus auxiliares no Planalto incentivaram a formação do bloco entre PP e Pros na Câmara para tentar neutralizar dissidências do PP. Nas palavras de um interlocutor da presidente, havia uma "preocupação" em relação à sigla.
Café com leite O maior entusiasta da ideia de um vice paulista para a chapa presidencial de Aécio Neves (PSDB-MG) é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O mais cotado é o senador Aloysio Nunes Ferreira.
Olho da rua A Prefeitura de São Paulo abriu inquérito administrativo para demitir os quatro auditores fiscais que foram presos por fraude na arrecadação de ISS. Eles são acusados de violar sete pontos do estatuto do servidor. O prazo para a conclusão é de 90 dias, prorrogáveis.
Só que não Paula Nagamati, auditora que chefiou o gabinete do ex-secretário Mauro Ricardo (Finanças) e que foi exonerada ontem da pasta de Desenvolvimento e Assistência Social, integrou o Comap, conselho encarregado de zelar pela "legalidade e moralidade" da gestão.
Soletrando O juiz Emílio Migliano Neto, que suspendeu o reajuste do IPTU em São Paulo, pediu desculpa na decisão por ter escrito "sansão" em vez de "sanção". Ao se justificar, disse que usava a palavra com "s" na área criminal --sem se dar conta de que também está errado.
Timing A despeito da resistência de Marina Silva, o PSDB paulista espera que Eduardo Campos (PSB) e o governador Geraldo Alckmin acertem o apoio socialista à sua reeleição, em conversa que está marcada para a próxima semana em São Paulo.
Visita à Folha Murilo Ferreira, diretor presidente da Vale S.A., visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava com Luiz Sales, publicitário, Mônica Ferreira, gerente geral de assessoria de imprensa, e Clóvis Torres, consultor geral.
com BRUNO BOGHOSSIAN e PAULO GAMA
tiroteio
"A Justiça age a serviço dos ricos ao barrar o projeto do IPTU, que favorece os mais pobres e foi aprovado de acordo com o regimento."
DO VEREADOR ALFREDINHO, líder do PT na Câmara, sobre liminar concedida pelo Tribunal de Justiça paulista que suspende reajuste do imposto na capital.
contraponto
Filho do vento
Ao final de uma reunião da CPI do Tráfico de Pessoas, realizada no Pará, o deputado Bala Rocha (SDD-AP) tomou a palavra para expor a situação na fronteira do Brasil com a Guiana Francesa. Antes, a discussão tinha versado também sobre o contrabando de armas.
Sentindo apreensão da plateia quando foi anunciado pelo apelido, preferiu se justificar, arrancando risos:
--Como estamos em uma CPI que trata da violência, quero esclarecer que o Bala do meu nome nada tem a ver com o assunto. O apelido vem do futebol, diziam que eu era rápido e, por isso, ficou no nome parlamentar.
O administrador do tempo - DENISE ROTHENBURG
CORREIO BRAZILIENSE - 07/11
É página virada a ideia de que o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), teria outros planos que não o de concorrer à Presidência da República. E quem prestar atenção aos movimentos dele verá que seus passos são semelhantes àqueles que fizeram do tucano presidente da Câmara e, em seguida, governador de Minas Gerais por dois mandatos. Em todas as oportunidades, Aécio trabalhou o calendário a seu favor, deixando decantar possíveis problemas e tangenciando crises que terminam desfeitas quase que naturalmente. É o estilo do velho PSD de JK e de Tancredo Neves.
A pré-campanha segue hoje em quatro frentes: estruturação do partido, alianças, programa e vacinas contra as apostas petistas. Tudo devagar e sempre. O gesto de inclusão do Bolsa Família como política de Estado de assistência social foi uma das tais vacinas, no sentido de tirar o impacto da versão de que a oposição não gosta do benefício. Em termos de programa, o PSDB sinaliza que, se eleito, reabilitaria o modelo de concessões em vez da partilha na exploração do petróleo em contratos futuros. No quesito partido, se encaixa a conversa com José Serra. E, por fim, a busca do DEM. Serra continuará sob os holofotes, mas o candidato é Aécio.
Conselho de Lula
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aconselhou o governador do Rio, Sérgio Cabral, a deixar o cargo apenas em março. Leitura do PMDB: Dilma não pretende colocar o peemedebista no seu primeiro escalão.
Por falar em... Se a presidente adiar a reforma ministerial de janeiro para março vai agradar os petistas, mas descontentará grande parte do PMDB. Em especial, os senadores que não desistiram de ver o senador Vital do Rego (PB), o Vitalzinho, no cargo de ministro da Integração Nacional.
...PMDB e reforma... O vice-presidente Michel Temer ligou, ontem à noite, de Pequim (11h da manhã, hora de Brasília), apenas para dizer que o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, não vetara o nome de Vitalzinho para o ministério de Dilma. Os dois se encontraram, mas, segundo Michel, trataram da “possibilidade de juntar os dois partidos na Paraíba”.
Versões Às 19h, liga o ministro Aguinaldo, direto de Brasília, para reforçar o não veto, mas disse que esteve com Michel para “uma agenda de trabalho”, sobre a Baixada Santista. “Ele, conciliador, perguntou se era possível aproximar os dois partidos na Paraíba. Não passou disso”.
Moral da história Na Paraíba, PP e PMDB seguem adversários, tal como PCdoB e PMDB do Maranhão, que dividem o setor de turismo. Os comunistas têm a Embratur, com Flávio Dino, e os peemedebistas, o ministro Gastão Vieira.
Fundo musical/ Reveladora a musiquinha de espera do escritório de Dody Sirena, empresário de Roberto Carlos: “Acabei com tudo/Escapei com vida/Tive as roupas e os sonhos/Rasgados na minha saída”. Na voz do rei, a canção Fera Ferida casa bem com os últimos acontecimentos na polêmica das biografias não autorizadas.
Madrinha/ Assim, os deputados do PP e do Pros se referiram à presença da ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, na reunião de lançamento do bloco parlamentar entre os dois partidos.
Apelido/ O deputado Mário Heringer (PDT-MG) passa pelos colegas Dudu da Fonte, do PP, e Givaldo Carimbão, do Pros, e sai com esta: “Vocês criaram o bloco do gago: PPPros”. Com todo respeito.
O homem de US$ 2 bilhões/ Paraíba à parte, o vice-presidente Michel Temer, volta da China na semana que vem feliz da vida como resultado da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban). Tudo por causa do contrato para compra de milho brasileiro pelos chineses. “Estou levando para o Brasil R$ 4 bilhões!”, comemorou o vice. Hoje, ele permanece na China: tem encontro com o presidente Xi Jinping.
A pré-campanha segue hoje em quatro frentes: estruturação do partido, alianças, programa e vacinas contra as apostas petistas. Tudo devagar e sempre. O gesto de inclusão do Bolsa Família como política de Estado de assistência social foi uma das tais vacinas, no sentido de tirar o impacto da versão de que a oposição não gosta do benefício. Em termos de programa, o PSDB sinaliza que, se eleito, reabilitaria o modelo de concessões em vez da partilha na exploração do petróleo em contratos futuros. No quesito partido, se encaixa a conversa com José Serra. E, por fim, a busca do DEM. Serra continuará sob os holofotes, mas o candidato é Aécio.
Conselho de Lula
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aconselhou o governador do Rio, Sérgio Cabral, a deixar o cargo apenas em março. Leitura do PMDB: Dilma não pretende colocar o peemedebista no seu primeiro escalão.
Por falar em... Se a presidente adiar a reforma ministerial de janeiro para março vai agradar os petistas, mas descontentará grande parte do PMDB. Em especial, os senadores que não desistiram de ver o senador Vital do Rego (PB), o Vitalzinho, no cargo de ministro da Integração Nacional.
...PMDB e reforma... O vice-presidente Michel Temer ligou, ontem à noite, de Pequim (11h da manhã, hora de Brasília), apenas para dizer que o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, não vetara o nome de Vitalzinho para o ministério de Dilma. Os dois se encontraram, mas, segundo Michel, trataram da “possibilidade de juntar os dois partidos na Paraíba”.
Versões Às 19h, liga o ministro Aguinaldo, direto de Brasília, para reforçar o não veto, mas disse que esteve com Michel para “uma agenda de trabalho”, sobre a Baixada Santista. “Ele, conciliador, perguntou se era possível aproximar os dois partidos na Paraíba. Não passou disso”.
Moral da história Na Paraíba, PP e PMDB seguem adversários, tal como PCdoB e PMDB do Maranhão, que dividem o setor de turismo. Os comunistas têm a Embratur, com Flávio Dino, e os peemedebistas, o ministro Gastão Vieira.
Fundo musical/ Reveladora a musiquinha de espera do escritório de Dody Sirena, empresário de Roberto Carlos: “Acabei com tudo/Escapei com vida/Tive as roupas e os sonhos/Rasgados na minha saída”. Na voz do rei, a canção Fera Ferida casa bem com os últimos acontecimentos na polêmica das biografias não autorizadas.
Madrinha/ Assim, os deputados do PP e do Pros se referiram à presença da ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, na reunião de lançamento do bloco parlamentar entre os dois partidos.
Apelido/ O deputado Mário Heringer (PDT-MG) passa pelos colegas Dudu da Fonte, do PP, e Givaldo Carimbão, do Pros, e sai com esta: “Vocês criaram o bloco do gago: PPPros”. Com todo respeito.
O homem de US$ 2 bilhões/ Paraíba à parte, o vice-presidente Michel Temer, volta da China na semana que vem feliz da vida como resultado da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban). Tudo por causa do contrato para compra de milho brasileiro pelos chineses. “Estou levando para o Brasil R$ 4 bilhões!”, comemorou o vice. Hoje, ele permanece na China: tem encontro com o presidente Xi Jinping.
MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO
FOLHA DE SP - 07/11
Rede de supermercados do PR investe R$ 500 mi em projeto de expansão
A rede de supermercados Condor irá investir aproximadamente R$ 500 milhões em um plano de expansão até 2016, o que inclui a primeira operação fora do Paraná.
O montante será aplicado em nove unidades --todas no modelo de hipermercado--, na ampliação do centro de distribuição e em reformas de pontos já existentes.
A meta da companhia é chegar a 45 lojas até 2016. Hoje, são 36. As duas primeiras serão erguidas em Londrina (PR) e Joinville (SC).
"Os projetos estão prontos e aguardam apenas a emissão dos alvarás de construção por parte das prefeituras", diz Pedro Joanir Zonta, presidente da empresa.
A operação em Joinville será um teste para o projeto futuro de mais lojas fora do território paranaense.
"Vamos colocar o primeiro pé em Santa Catarina e sentir a aceitação, afinal de contas a marca ainda não é conhecida por lá", afirma Zonta.
Além das novas unidades, o grupo deverá manter o ritmo de modernização de duas lojas existentes por ano.
Também irá ampliar o centro de distribuição de Curitiba, que passará dos atuais 42 mil m² para 70 mil m². A estrutura abastece a rede toda.
"Não dá para aumentar o número de lojas sem investir na retaguarda da operação", afirma o empresário.
Parte dos aportes será em recursos próprios e o restante virá de financiamentos do BNDES, segundo Zonta.
Com a expansão, a empresa projeta um faturamento de R$ 4 bilhões em 2016. No ano passado, o montante faturado foi de R$ 2,6 bilhões.
QUALIFICAÇÃO na OBRA
Quanto maior a construtora, maior é a dificuldade em encontrar mão de obra qualificada, segundo estudo da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
Entre as pequenas empresas, 64% afirmam ter problemas para contratar profissionais. O índice sobe para 81% entre as grandes.
No universo dos entrevistados que dizem faltar trabalhadores, 94% mencionam a escassez de pedreiros e serventes; 92% relacionam encarregados e mestres de obra.
"O problema da qualificação adequada ocorre mesmo em um contexto de baixa atividade", lembra Danilo Garcia, economista da entidade.
A maior parte das construtoras (68%) capacita funcionários no próprio canteiro. Outras soluções citadas são a terceirização de serviços e a retenção do trabalhador via salários e benefícios.
A capacitação fora da empresa e a parceria com instituições de ensino são adotadas por 25% das empresas. Entre as dificuldades para aperfeiçoar a mão de obra foram lembradas a alta rotatividade, o baixo interesse de funcionários na qualificação e a má qualidade da educação básica.
IMPRESSÃO ÍNTIMA
A marca italiana Zucchi, de roupa de cama, mesa e banho, acaba de desembarcar no Brasil. Em menos de 20 dias abriu três lojas no país: duas em São Paulo e uma em Brasília. Até 2018, a empresa pretende ter de 15 a 20 pontos de venda aqui.
Entre lojas da Zucchi (mais sofisticada) e de uma segunda marca, o grupo têm 120 unidades só na Itália.
"O Brasil, onde já investimos mais de € 2,5 milhões, é nossa prioridade no exterior, pela semelhança cultural e pelo crescente número de consumidores de alto padrão", diz o CEO da empresa, Ricardo Carradori.
"Depois vem a China, onde fechamos anteontem com uma empresa de lá para distribuição em 3.000 pontos", afirma Carradori.
No Brasil, onde a empresa entrou sem representantes, um jogo de lençóis pode sair por R$ 3.100 (os linho amassado). Farão sucesso no Brasil?
"Na China, não fazem", conta ele. "As pessoas deixaram o campo e associam o tecido à simplicidade. Querem lençol de seda. Ninguém dorme em seda na Itália."
Para o Brasil, fizeram especialmente lençóis em tamanho "king size", inexistentes em solo italiano.
Parte de um grande grupo que produz os tecidos, artigos para a alta hotelaria e para outras grifes, a Zucchi tem um acervo de blocos com design para impressão --um registro de três séculos de cultura têxtil que ainda estampa os produtos. O faturamento é de € 160 milhões.
PROCURA DE ESCRITÓRIO
A taxa de vacância nos imóveis corporativos de alto padrão em São Paulo chegou a 19,4% no terceiro trimestre deste ano, segundo a consultoria Jones Lang LaSalle.
A elevação foi de 1,8 ponto percentual em relação ao segundo trimestre de 2013.
"Até 2015, o mercado terá um crescimento de 50% em estoque. Serão mais de 1 milhão de metros quadrados entregues", diz José Victor Cardim, da Jones Lang LaSalle.
Levantamento da Cushman & Wakefield, por sua vez, aponta uma taxa de 16,3% no mesmo período. No segundo trimestre, a média era de 15,6%.
"A tendência do mercado para os próximos trimestres é se manter estável, com um pequeno aumento", afirma Marcelo da Costa Santos, vice-presidente da Cushman.
O padrão adotado em contratos de locação é de cinco anos. A partir do terceiro ano, é permitida por lei a rediscussão de valores.
Trem... A alemã Voith vai ampliar a produção de engates ferroviários no Brasil.
...conectado O grupo, que faz equipamentos industriais, prevê crescer 30% em 2014.
Pé... O Instituto Embelleze planeja abrir 50 novas franquias em 2014. Hoje são 348.
...e mão O investimento em cada unidade da rede de cursos chega a R$ 249 mil.
Rede de supermercados do PR investe R$ 500 mi em projeto de expansão
A rede de supermercados Condor irá investir aproximadamente R$ 500 milhões em um plano de expansão até 2016, o que inclui a primeira operação fora do Paraná.
O montante será aplicado em nove unidades --todas no modelo de hipermercado--, na ampliação do centro de distribuição e em reformas de pontos já existentes.
A meta da companhia é chegar a 45 lojas até 2016. Hoje, são 36. As duas primeiras serão erguidas em Londrina (PR) e Joinville (SC).
"Os projetos estão prontos e aguardam apenas a emissão dos alvarás de construção por parte das prefeituras", diz Pedro Joanir Zonta, presidente da empresa.
A operação em Joinville será um teste para o projeto futuro de mais lojas fora do território paranaense.
"Vamos colocar o primeiro pé em Santa Catarina e sentir a aceitação, afinal de contas a marca ainda não é conhecida por lá", afirma Zonta.
Além das novas unidades, o grupo deverá manter o ritmo de modernização de duas lojas existentes por ano.
Também irá ampliar o centro de distribuição de Curitiba, que passará dos atuais 42 mil m² para 70 mil m². A estrutura abastece a rede toda.
"Não dá para aumentar o número de lojas sem investir na retaguarda da operação", afirma o empresário.
Parte dos aportes será em recursos próprios e o restante virá de financiamentos do BNDES, segundo Zonta.
Com a expansão, a empresa projeta um faturamento de R$ 4 bilhões em 2016. No ano passado, o montante faturado foi de R$ 2,6 bilhões.
QUALIFICAÇÃO na OBRA
Quanto maior a construtora, maior é a dificuldade em encontrar mão de obra qualificada, segundo estudo da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
Entre as pequenas empresas, 64% afirmam ter problemas para contratar profissionais. O índice sobe para 81% entre as grandes.
No universo dos entrevistados que dizem faltar trabalhadores, 94% mencionam a escassez de pedreiros e serventes; 92% relacionam encarregados e mestres de obra.
"O problema da qualificação adequada ocorre mesmo em um contexto de baixa atividade", lembra Danilo Garcia, economista da entidade.
A maior parte das construtoras (68%) capacita funcionários no próprio canteiro. Outras soluções citadas são a terceirização de serviços e a retenção do trabalhador via salários e benefícios.
A capacitação fora da empresa e a parceria com instituições de ensino são adotadas por 25% das empresas. Entre as dificuldades para aperfeiçoar a mão de obra foram lembradas a alta rotatividade, o baixo interesse de funcionários na qualificação e a má qualidade da educação básica.
IMPRESSÃO ÍNTIMA
A marca italiana Zucchi, de roupa de cama, mesa e banho, acaba de desembarcar no Brasil. Em menos de 20 dias abriu três lojas no país: duas em São Paulo e uma em Brasília. Até 2018, a empresa pretende ter de 15 a 20 pontos de venda aqui.
Entre lojas da Zucchi (mais sofisticada) e de uma segunda marca, o grupo têm 120 unidades só na Itália.
"O Brasil, onde já investimos mais de € 2,5 milhões, é nossa prioridade no exterior, pela semelhança cultural e pelo crescente número de consumidores de alto padrão", diz o CEO da empresa, Ricardo Carradori.
"Depois vem a China, onde fechamos anteontem com uma empresa de lá para distribuição em 3.000 pontos", afirma Carradori.
No Brasil, onde a empresa entrou sem representantes, um jogo de lençóis pode sair por R$ 3.100 (os linho amassado). Farão sucesso no Brasil?
"Na China, não fazem", conta ele. "As pessoas deixaram o campo e associam o tecido à simplicidade. Querem lençol de seda. Ninguém dorme em seda na Itália."
Para o Brasil, fizeram especialmente lençóis em tamanho "king size", inexistentes em solo italiano.
Parte de um grande grupo que produz os tecidos, artigos para a alta hotelaria e para outras grifes, a Zucchi tem um acervo de blocos com design para impressão --um registro de três séculos de cultura têxtil que ainda estampa os produtos. O faturamento é de € 160 milhões.
PROCURA DE ESCRITÓRIO
A taxa de vacância nos imóveis corporativos de alto padrão em São Paulo chegou a 19,4% no terceiro trimestre deste ano, segundo a consultoria Jones Lang LaSalle.
A elevação foi de 1,8 ponto percentual em relação ao segundo trimestre de 2013.
"Até 2015, o mercado terá um crescimento de 50% em estoque. Serão mais de 1 milhão de metros quadrados entregues", diz José Victor Cardim, da Jones Lang LaSalle.
Levantamento da Cushman & Wakefield, por sua vez, aponta uma taxa de 16,3% no mesmo período. No segundo trimestre, a média era de 15,6%.
"A tendência do mercado para os próximos trimestres é se manter estável, com um pequeno aumento", afirma Marcelo da Costa Santos, vice-presidente da Cushman.
O padrão adotado em contratos de locação é de cinco anos. A partir do terceiro ano, é permitida por lei a rediscussão de valores.
Trem... A alemã Voith vai ampliar a produção de engates ferroviários no Brasil.
...conectado O grupo, que faz equipamentos industriais, prevê crescer 30% em 2014.
Pé... O Instituto Embelleze planeja abrir 50 novas franquias em 2014. Hoje são 348.
...e mão O investimento em cada unidade da rede de cursos chega a R$ 249 mil.