segunda-feira, novembro 04, 2013

Lula revela: a imprensa faz mal à democracia - GUILHERME FIUZA

REVISTA ÉPOCA


Discursando no Senado, em comemoração aos 25 anos de promulgação da Constituição, Lula disse que a imprensa "avacalha a política". E explicou que quem agride a política propõe a ditadura. Parem as máquinas: para o ex-presidente Luiz Inácio da Silva, a imprensa brasileira atenta contra a democracia. É uma acusação grave.

O Brasil não tinha se dado conta de que os jornais, as rádios, a internet e as televisões punham em risco sua vida democrática. Felizmente o país tem um líder atento como Lula, capaz de perceber que os jornalistas brasileiros estão tramando uma ditadura. Espera-se que a denúncia do filho do Brasil e pai do PT tenha acontecido a tempo de evitar o pior.

No mesmo discurso, Lula cobriu José Sarney de elogios. Disse que o senador maranhense, então presidente da República, foi tão importante na Constituinte quanto Ulysses Guimarães. Para Lula, Sarney sim é, ao contrário da imprensa, um herói da democracia.

É compreensível essa afinidade entre os dois ex-presidentes. Sarney e seu filho Fernando armaram a mordaça contra O Estado de S. Paulo. Proibiram o jornal de publicar notícias sobre a investigação da família Sarney por tráfico de influência no Senado, durante o governo do PT. Isso é que é democracia.

A imprensa é mesmo um perigo para a política nacional. Ela acaba de espalhar mais uma coisa horrenda sobre o governo popular - divulgou um relatório do FMI que denuncia a "contabilidade criativa" na tesouraria de Dilma. Contabilidade criativa é uma expressão macia para roubo, já que se trata de fraudar números para esconder dívidas e gastar mais o dinheiro do contribuinte. Assim, a imprensa avacalha a política petista, cassando-lhe o direito democrático de avacalhar as contas públicas.

Lula faz essa declaração no momento em que manifestantes em São Paulo e no Rio de Janeiro, numa epidemia fascista, depredam e incendeiam carros da imprensa, além de agredir jornalistas. Luiz Inácio sabe o que faz. Sabe que suas palavras são gasolina nesse fogo. E não há nada mais democrático do que insuflar vândalos contra a imprensa - já que o método Sarney de mordaça é muito trabalhoso, além de caro.

Do fundo do mar, onde desapareceu há 21 anos, Ulysses Guimarães deve estar quase vindo à tona para tentar entender como Lula conseguiu exaltar a Constituição cidadã e condenar a imprensa num mesmo discurso. Ulysses morreu vendo a imprensa expor os podres de um presidente que seria posto na rua. Ulysses viu a imprensa ressurgir depois do massacre militar contra a liberdade de expressão. Ele mesmo doou parte de sua vida nessa batalha contra o silêncio de chumbo. Ao promulgar a Constituição cidadã, jamais imaginaria que, um quarto de século depois, um ex-oprimido descobriria que o mal da democracia é a imprensa. E estimularia jovens boçais a fazer o que os tanques faziam contra essa praga do jornalismo.

Lula saiu de seu discurso no Senado e foi almoçar com Collor - cujo governo democraticamente conduzido pelo esquema PC também foi avacalhado pelos jornalistas.

A união entre Lula e Collor é uma das garantias do Brasil contra a ditadura da imprensa, essa entidade truculenta e abelhuda. E o país se tranquiliza ainda mais ao saber que Lula e Collor estão unidos a Sarney. Com esse trio, a democracia brasileira está a salvo.

Chegará o dia em que a televisão e o rádio servirão apenas aos pronunciamentos de Dilma Rousseff em nome de seus padrinhos, poupando os brasileiros de assuntos ditatoriais como mensalão, contabilidade criativa, tráfico de influência, Rosemary Noronha e outras avacalhações.

Infelizmente Collor se atrasou e não pôde comparecer ao almoço. Lula pôde celebrar seu discurso com outros democratas, como o seu anfitrião, o senador Gim Argello (PTB-DF) - a quem a imprensa golpista também vive avacalhando, só porque ele responde a vários processos e a inquérito no STF por apropriação indébita, peculato, lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Com a mídia avacalhando a política desse jeito, não dá nem para almoçar em paz com um amigo do peito.

A Argentina e a Venezuela, que Lula e o PT exaltam como exemplos de democracia, já conseguiram domesticar boa parte da imprensa. Com a reeleição de Dilma, o Brasil chega lá.

A mãe do PAQ - RUTH DE AQUINO

REVISTA ÉPOCA


A troca do C pelo Q não é erro de revisão. O Brasil vive um Programa de Aceleração da Queda (PAQ). Só quem vê "crescimento" é a mãe coruja, Dilma Rousseff, o pai, Lula, e o padrinho, Mantega. O objetivo não é afogar o leitor em números e porcentagens. Bilhões são um conceito tão remoto para nós quanto a moda ridícula dos desfiles "fashion".

Mas alguns valores e siglas precisam ser exibidos porque, em algum momento, quem pagará o pato é você - ou alguém duvida que a família do PAQ terá ainda mais fome de arrecadação em ano eleitoral? Para cobrir o rombo da saia, todos os impostos - como o IPTU, para citar apenas um - terão de ser aumentados acima da inflação. E outros, como a CPMF, serão relançados sob outro nome, para disfarçar o assalto. Aguentem os próximos parágrafos. Eles justificam os temores de quem sabe a diferença entre crescimento e queda.

As contas públicas - e isso engloba União, Estados, municípios e estatais - tiveram um déficit de R$ 9,048 bilhões em setembro. O pior resultado em 12 anos, desde 2001. O governo diz que é um resultado "sazonal", por causa da antecipação do 13e, do aumento do salário mínimo em 9%, da redução de receitas e da alta dos juros. Mas todo ano tem setembro e dezembro. Não se inventou ainda o ano de dez meses.

Como explicar o enorme déficit no Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) num país que comemora a queda no desemprego? Ele deve fechar o ano com menos R$ 7,2 bilhões, o pior resultado desde que foi criado, em 1990. Qual será a solução? O governo exigirá curso de reciclagem a quem quiser sacar o seguro-desemprego. Toma!

Pagamos menos de conta de luz? A redução carinhosa deu um curto-circuito nas contas públicas. A luz mais barata resultou em R$ 2 bilhões a menos nas receitas do Tesouro no mês de setembro. Alguém acha mesmo que o Tesouro ficará assim, mais pobrezinho? O populismo é uma doença autoimune e destrói as defesas do organismo. Ou alguém acha que as autoridades de São Paulo assumirão a caridade com passagens de ônibus? O IPTU existe para que, não é? E o mesmo princípio dos deputados e senadores, que praticam nepotismo cruzado para driblar a proibição de empregar parentes próximos. Os governos, quando acuados, praticam bondades com nosso dinheiro futuro. Já viu contribuinte ganhar alguma coisa na conta final? Toma!

O déficit de R$ 9 bilhões está maquiado pelo desempenho positivo nos Estados e municípios, que tiveram superavit. Se levarmos em conta só as despesas do governo federal com pessoal, programas sociais, custos de administração e investimentos, o rombo é maior. Faltaram R$ 10,5 bilhões no caixa do Tesouro em setembro. O pior resultado desde 1997.0 superavit acumulado no ano até setembro é de R$ 27,9 bilhões. No mesmo período do ano passado, foi de R$ 54,8 bilhões. Há metas fiscais para 2013, o governo promete cumprir. Nos últimos quatro anos, a meta foi descumprida três vezes.

Não se amofine, o Brasil está no caminho certo em direção à "neutralidade", segundo o Banco Central. Como se alguém pudesse ser neutro na história. Essas queixas todas não passam de papo de oposição. O importante é que existem o PAC e a intenção governamental legítima de investir em infraestrutura. E mesmo? O que se investiu nos últimos dois anos em infraestrutura foi pífio. Pouco mais de 2% do PIB. Não se pode culpar só a mãe pela magreza do filho. A família do PAC não se entende sobre coisas básicas, como o menu do almoço, as compras no mercado - ou se o setor privado será convidado.

Podemos achar difícil entender por que o país derrapa tanto na gestão de recursos. E fácil entender que, ao lado da ineficiência, existe a contribuição de ladrões travestidos de fiscais e de políticos. Imaginar que R$ 500 milhões, ou meio bilhão de reais, deixaram de entrar nos cofres públicos exatamente por quem deveria, na prefeitura em São Paulo, fiscalizar as contas e a liberação de grandes empreendimentos... É muito. E foi gente de confiança do ex-prefeito Gilberto Kassab. Eles enriqueceram com propina e fraude. Alguns prosseguiram na prefeitura de Fernando Haddad.

São Black Blocs de terno, gravata e colarinho-branco, que depredam na surdina o patrimônio público e agem sem pudor em todas as esferas governamentais, com o único intuito de surrupiar grana do povo, comprar coberturas de alto luxo e Porsches. Esse pessoal precisa tirar a máscara e ser preso.

Saca essa nova ação integrada das secretarias de Segurança, com o ministro da Justiça, para investigar e impedir agressões e vandalismo nas ruas? Pois é, também saíram de controle os abusos de autoridades e políticos. Eles arrombam cofres, depredam nossa autoestima e vandalizam nossa economia.


Eu acuso - LUIZ FELIPE PONDÉ

FOLHA DE SP - 04/11

O bullying ideológico com os mais jovens é apenas o efeito, a causa é maior


Muitos alunos de universidade e ensino médio estão sendo acuados em sala de aula por recusarem a pregação marxista. São reprovados em trabalhos ou taxados de egoístas e insensíveis. No Enem, questões ideológicas obrigam esses jovens a "fingirem" que são marxistas para não terem resultados ruins.

Estamos entrando numa época de trevas no país. O bullying ideológico com os mais jovens é apenas o efeito, a causa é maior. Vejamos.

No cenário geral, desde a maldita ditadura, colou no país a imagem de que a esquerda é amante da liberdade. Mentira. Só analfabeto em história pensa isso. Também colou a imagem de que ela foi vítima da ditadura. Claro, muitas pessoas o foram, sofreram terríveis torturas e isso deve ser apurado. Mas, refiro-me ao projeto político da esquerda. Este se saiu muito bem porque conseguiu vender a imagem de que a esquerda é amante da liberdade, quando na realidade é extremamente autoritária.

Nas universidades, tomaram as ciências humanas, principalmente as sociais, a ponto de fazerem da universidade púlpito de pregação. No ensino médio, assumem que a única coisa que os alunos devem conhecer como "estudo do meio" é a realidade do MST, como se o mundo fosse feito apenas por seus parceiros políticos. Demonizam a atividade empresarial como se esta fosse feita por criminosos usurários. Se pudessem, sacrificariam um Shylock por dia.

Estamos entrando num período de trevas. Nos partidos políticos, a seita tomou o espectro ideológico na sua quase totalidade. Só há partidos de esquerda, centro-esquerda, esquerda corrupta (o que é normalíssimo) e do "pântano". Não há outra opção.

A camada média dos agentes da mídia também é bastante tomada por crentes. A própria magistratura não escapa da influência do credo em questão. Artistas brincam de amantes dos "black blocs" e se esquecem que tudo que têm vem do mercado de bens culturais. Mas o fato é que brincar de simpatizante de mascarado vende disco.

Em vez do debate de ideias, passam à violência difamatória, intimidação e recusam o jogo democrático em nome de uma suposta santidade política e moral que a história do século 20 na sua totalidade desmente. Usam táticas do fascismo mais antigo: eliminar o descrente antes de tudo pela redução dele ao silêncio, apostando no medo.

Mesmos os institutos culturais financiados por bancos despejam rios de dinheiro na formação de jovens intelectuais contra a sociedade de mercado, contra a liberdade de expressão e a favor do flerte com a violência "revolucionária".

Além da opção dos bancos por investirem em intelectuais da seita marxista (e suas similares), como a maioria esmagadora dos departamentos de ciências humanas estão fechados aos não crentes, dezenas de jovens não crentes na seita marxista soçobram no vazio profissional.

Logo quase não haverá resistência ao ataque à democracia entre nós. A ameaça da ditadura volta, não carregada por um golpe, mas erguida por um lento processo de aniquilamento de qualquer pensamento possível contra a seita.

E aí voltamos aos alunos. Além de sofrerem nas mãos de professores (claro que não se trata da totalidade da categoria) que acuam os não crentes, acusando-os de antiéticos porque não comungam com a crença "cubana", muitos desses jovens veem seu dia a dia confiscado pelo autoritarismo de colegas que se arvoram em representantes dos alunos ou das instituições de ensino, criando impasses cotidianos como invasão de reitorias e greves votadas por uma minoria que sequestra a liberdade da maioria de viver sua vida em paz.

Muitos desses movimentos são autoritários, inclusive porque trabalham também com a intimidação e difamação dos colegas não crentes. Pura truculência ideológica.

Como estes não crentes não formam um grupo, não são articulados nem têm tempo para sê-lo, a truculência dos autoritários faz um estrago diante da inexistência de uma resistência organizada.

Recebo muitos e-mails desses jovens. Um deles, especificamente, já desistiu de dois cursos de humanas por não aceitar a pregação. Uma vergonha para nós.

Bárbaros mascarados - CARTA AO LEITOR

REVISTA VEJA


Estava passando da hora de alguém traçar a linha divisória entre o certo e o errado nessa questão do vandalismo. Em entrevista a emissoras de rádio no Paraná, a presidente Dilma Rousseff reagiu, finalmente, como se espera do chefe da nação: "Eu defendo qualquer manifestação democrática. Agora, sem sombra de dúvida, eu acredito que a violência dos mascarados não é democrática, é antidemocrática, é uma barbárie, e acho que ela tem de ser coibida".

Seria bom para todos se a própria escolha de palavras feita pela presidente se tomasse a regra ao se falar dos vândalos. Dilma os classificou de mascarados, antidemocráticos e bárbaros, isso deixa as coisas bem mais claras. A expressão em inglês que vem sendo usada no Brasil, black blocs. é traiçoeira. Ela dá aos criminosos uma aura de universalidade, como se eles fossem apenas a expressão local de um sentimento profundo legítimo e incomprimível de desconforto com a civilização — ou quem sabe a etapa inicial violenta de uma nova consciência cósmica gestada nas redes sociais da internet que, uma vez amadurecida, vai superar a etapa da selvageria. Não é nada disso.

Uma reportagem desta edição de VEJA procura entender em profundidade as circunstâncias da agressão sofrida na sexta-feira passada, dia 25, em São Paulo, pelo coronel Reynaldo Simões Rossi. golpeado por trás por um homem que usou uma chapa de aço e lhe quebrou a clavícula. Mesmo ferido, o coronel Rossi alertou seus oficiais para que não deixassem a "tropa perder a cabeça" diante da agressão. O episódio encerra a lição fundamental de que esses bandos mascarados que infestam as grandes cidades brasileiras não negociam. Eles nada têm a oferecer. Não têm reivindicações que possam ser atendidas. Querem apenas destruir, agredir, aterrorizar e depois assistir a seus próprios atos em vídeos postados na internet.

Eles podem nem saber, mas são herdeiros históricos do braço criminoso dos anarquistas. De origem nobre na Grécia clássica, com uma passagem confusa pela obra do inglês William Godwin no século XIX. o anarquismo justificou atos terroristas e assassinatos na Europa e nos Estados Unidos. Entre suas vítimas fatais estão dois presidentes, o francês Marie-François-Sadi Camot e o americano William McKinley, e um rei, Umberto I, da Itália. No mundo ideal do anarquismo não há lugar para governo, hierarquia, religião, muito menos para escolas, universidades, centros de pesquisa ou empresas. O cineasta espanhol Luis Bunuel narra em autobiografia um episódio revelador do vácuo filosófico do anarquismo, com que ele simpatizou por um tempo na adolescência. Bunuel conta que o jornal anarquista El Motín descreveu assim o episódio em que militantes espancaram religiosos quase até a morte, feriram outras pessoas e quebraram vidraças em Madri: "Na tarde de ontem um grupo de operários descia calmamente a Rua Montera quando dois padres que estavam do lado oposto da ma vieram na direção deles. Diante de tal provocação...". Os anarquistas daquele tempo pelo menos não escondiam o rosto. Os de hoje são mascarados e consideram provocação a mera existência de pessoas que não pensam de acordo com eles.

Formações rochosas - RUY CASTRO

FOLHA DE SP - 04/11

RIO DE JANEIRO - Você ainda recebe ou manda beijos no coração? Até há pouco, para alguns, não havia maneira mais poética de se despedir: "Um beijo no coração!". A mim, sempre pareceu que um beijo no coração deve ter algo de viscoso e grudento, mesmo que aplicado numa mesa de cirurgia por uma enfermeira loura e decotada. Outra mania é a das pessoas que dizem "Inté!" em vez de "Tchau!". Conheço uma socióloga paulista que diz "Inté!". Tem pós-doutorado em Harvard.

Se alguém lhe prometer "Vou dar o meu melhor", pode saber que o melhor do cavalheiro não será suficiente e você fará bem em procurar outro. Idem se ele lhe contar que "apostou todas as fichas" em alguma coisa. Claro que ele vai se dar mal --só um bobo aposta todas as fichas de uma vez. E, se o mesmo sujeito disser que "ligou o sinal de alerta", é porque a vaca dele já foi para o brejo e ele está apenas querendo ganhar tempo.

E a nova praga "Como se não houvesse amanhã"? Rezam os sites de fofocas: "Entre um capítulo e outro das gravações da novela, Maricotinha foi vista tomando sol no Leblon, como se não houvesse amanhã". É mentira --sempre haverá amanhã, e ai de Maricotinha se não voltar ao Projac para trabalhar. E o projeto do Fulano que conta com o "auxílio luxuoso" do Beltrano? Se alguém está pres- tando um "auxílio luxuoso", é porque está sem projeto próprio e precisando aparecer.

"Beijo no coração", "Inté!", "Vou dar o meu melhor", "Apostar todas as fichas", "Ligar o si- nal de alerta", "Como se não houvesse amanhã" e "Auxílio luxuoso" são apenas clichês --expressões que surgem frescas, mas adqui- rem consistência rochosa e se pregam à língua.

Um dia, desgastam-se e somem, e já vão tarde.

Mudança de curso - LÚCIA GUIMARÃES

O Estado de S.Paulo - 04/11

Amanhã, Bill de Blasio vai ser eleito prefeito de Nova York e pode quebrar um recorde. Se confirmada a vantagem de 45 pontos sobre o republicano Joe Lhota registrada nas últimas pesquisas, o democrata De Blasio pode conseguir a maior margem de vitória de um novo prefeito na história da cidade.

Este apoio maciço a um político com pouca experiência executiva que hoje ocupa um cargo quase simbólico, o de Public Advocate, uma espécie de ombudsman da prefeitura, reflete uma rejeição.

Os nova-iorquinos estão dizendo "já vai tarde" a Michael Bloomberg, o bilionário que comprou seu terceiro mandato arrancando da câmara municipal uma exceção para a lei que impedia sua segunda reeleição e governou a cidade por 12 anos. Bloomberg representa a nova plutocracia americana. Ele é o tecnocrata que governa com a independência de sua fortuna.

Dois dos mais detestados plutocratas americanos, os irmãos Koch, do império industrial homônimo, tentaram impedir a eleição de De Blasio despejando dinheiro até os 45 do segundo tempo. Há poucos dias, David Koch assinou um cheque de 200 mil dólares para a exibição de um anúncio pró Joe Lhota em espanhol.

Apesar de ter contado com a presença e os endossos de Barack Obama, Bill e Hillary Clinton, De Blasio, que afiou suas garras eleitorais chefiando a campanha de Hillary para o Senado, não se apresentou como o centrista que são seus padrinhos. Fez campanha com um populismo transparente como há décadas não se via nesta metrópole.

O próximo prefeito diz o que não é novidade para os eleitores, mas é tabu no cenário eleitoral americano: Nova York se tornou um playground de banqueiros de Wall Street, bilionários russos e turistas. Numa cidade em que dois terços dos domicílios são ocupados por inquilinos, um salário de classe média em Manhattan só dá para alugar um armário embutido. Quase metade dos habitantes vive no limite ou abaixo do nível de pobreza. A população de homeless explodiu e a educação, grande bandeira de Bloomberg, continua, em vários bairros, a ser um luxo, tal o estado do sistema escolar público. E, num tempo em que sugerir aumento de impostos equivale a cometer haraquiri político, De Blasio avisou: pretende morder 4% da renda de quem ganha acima de meio milhão de dólares por ano para financiar a educação pública pré-escolar. O novo prefeito promete também quebrar outro tabu, trocando o comando da maior e mais bajulada força policial do Ocidente, NYPD.

Raymond Kelly primeiro comandou a polícia de Nova York de 1992 a 1994, sob o primeiro prefeito negro da cidade, David Dinkins, que nunca recebe o crédito devido por ter começado a diminuir o índice de crime hoje ainda em baixa histórica. Kelly voltou ao cargo em 2002, logo depois do 11 de Setembro e administrou, além do combate ao crime, a formação da maior unidade de inteligência municipal do país, uma pequena CIA independente da agência federal.

Com a renúncia da secretária de Segurança doméstica, Janet Napolitano, Barack Obama namorou a ideia de instalar Ray Kelly como seu sucessor. Seria uma cereja no bolo da carreira do xerife Kelly. Mas o primeiro presidente negro esbarrou num obstáculo racial. Uma série premiada de reportagens investigativas da Associated Press revelou que a NYPD havia designado mesquitas grupos terroristas, gravando sermões de imãs e plantando informantes entre muçulmanos sem a menor suspeita de atividade criminosa.

Este ano, a prática conhecida como stop and frisk, deter e revistar, comemorou 5 milhões de abordagens de nova-iorquinos, a esmagadora maioria negros e latinos. A tática, da qual o xerife Kelly se orgulha, é objeto de uma ação civil. Ninguém melhor para denunciá-la num vídeo da campanha do ítalo-alemão De Blasio do que Dante, seu filho negro adolescente.

Mudança e esperança, aqueles slogans cada vez mais desbotados da campanha presidencial de 2008, vão dar um mandato a Bill de Blasio.

Se não vai por bem, vai do mesmo jeito - ANTONIO PENTEADO MENDONÇA

O ESTADO DE S. PAULO - 04/11

Mesmo com intervenção decretada e com dívida de mais de R$ 250 milhões, a Geap será a preferida na escolha do plano de saúde das entidades públicas



O governo federal decidiu arbitrariamente proteger uma fundação de direito privado chamada Geap, que atua como operadora de planos de saúde para os funcionários da administração pública. Em 2004, o então presidente Lula tentou dar o monopólio dos planos de saúde dos funcionários da administração federal para a mesma fundação. Não deu certo, as coisas pioraram e a Geap atualmente está sob a intervenção da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).

Mas o que é a intervenção da agência reguladora num plano de saúde em dificuldade diante da vontade da presidente da República? Nada. E isso fica claro no decreto assinado pela presidente Dilma Rousseff. De agora em diante, a Geap poderá firmar convênios por meio do Ministério do Planejamento. Com base no decreto, a fundação, sem nenhum tipo de licitação, passa a ser a encarregada do plano de saúde de toda e qualquer entidade da administração pública que assim o desejar.

Tanto faz se o governo repassou nos últimos dez anos quase RS 2 bilhões e mesmo assim a Geap teve a intervenção decretada porque apresentava dívida de mais de R$ 250 milhões. Tanto faz todos os tantos fazem, a Geap continua a queridinha do governo do PT, como j á era quando, em 2004, José Dirceu tentou manobra mais ou menos semelhante e o então presidente Lula concordou.

Na época, o assunto não vingou. Agora é indispensável que a sociedade se mobilize para impedir a vitória de quem não merece. Se a Geap fosse minimamente competente, tendo recebido quase RS 2 bilhões em dez anos, não estaria sob intervenção, não teria dívida, nem necessitaria de um decreto assinado pela presidente da República para poder continuar existindo.

O mais preocupante não é a fundação estar quebrada nem pretender conseguir o monopólio dos planos de saúde dos servidores públicos. Difícil de entender é a presidente - imagina-se sabendo que a entidade está sob intervenção - assinar um decreto dando-lhe condições privilegiadas para operar.

Volto a insistir, nada muito diferente do que tentou seu antecessor, o presidente Lula. A pergunta que fica é por que o tratamento diferenciado para uma organização que não presta o serviço esperado pelos seus consumidores e, pior ainda, não consegue ser solvente, nem com o auxílio do governo.

Mais uma vez, o que se vê é a estranha maneira dos petistas administrarem. Para eles democracia não é livre concorrência, nem liberdade de expressão, nem transparência ou ética na gestão da coisa pública. Para eles o que vale é proteger os amigos, se for preciso em franca afronta aos mais comezinhos princípios legais e passando a conta para a sociedade, porque na sequência é quase certo um belo prejuízo.

Se a Geap fosse boa, ou minimamente competente, com sua ligações com o poder e a maçaroca de dinheiro que lhe foi repassada, não necessitaria de um decreto para tentar crescer ou, no caso, sair do buraco. Ela não precisaria ser protegida da concorrência do mercado, aliás, a melhor peneira que existe para o sucesso das organizações.

Quem é bom vai em frente porque é bom. Quem não é, nas sociedades realmente democráticas, quebra. Faz parte da regra do jogo. Acontece que, nas sociedades ditas democráticas, que tanto fascinam parte das autoridades nacionais, não é bem assim. Quem é amigo do rei segue em frente, quem não é pode acabar na cadeia e o público a ser atendido que se dane.

Saúde é coisa séria. Tão séria que o próprio governo inventou a importação de médicos para atender a população carente das zonas sem nenhum tipo de atendimento, pela mais absoluta falta de condições de trabalho, equipamentos ou instalações apropriadas.

Os planos de saúde privados brasileiros são acusados de muita coisa, mas se esquecem que são os responsáveis pela existência dos nossos grandes hospitais. A concorrência é feroz, as margens são mínimas e alguns reajustes ficam sujeitos à demagogia do governo. Nesse cenário, proteger quem não tem competência é crime de lesa-pátria.


Por que o senhor atirou em mim? - LUIZ CARLOS AZEDO

CORREIO BRAZILIENSE  - 04/11


A cultura da violência está plasmada no cotidiano da população, associada ao simpático "jeitinho", quase sempre sinônimo de iniquidades e privilégios

Jovens são, por sua natureza, rebeldes. Acreditam que podem mudar o mundo e não têm rabo preso com ninguém. São transgressores, principalmente em relação aos costumes. Desde junho, a insatisfação da juventude está nas ruas e não arrefecerá tão cedo, na melhor das hipóteses somente após as eleições de 2014. Porém, outra questão emergiu com a rebeldia: a violência como forma de ação política, que virou marca registrada das manifestações de protestos que ocorrem por todo o país. Tanto que a presidente Dilma Rousseff decidiu sair da zona de conforto, abandonar certa benevolência com os protestos e combater as organizações que praticam atos de vandalismo. Quando a violência política causa prejuízos ao patrimônio público e agride a propriedade privada, a mão pesada do estado, que detém o monopólio legal do uso da força, entra em ação.

Grupos de jovens mascarados, organizados pela internet, principalmente os black blocs, não são um fenômeno local e ocasional. O movimento se espalhou pelo mundo inteiro, é um problema com o qual os regimes democráticos são obrigados a conviver. Despertam a simpatia de jovens adolescentes, uma febre entre estudantes secundaristas de nossas cidades, inclusive do interior. Ao contrário dos Anonymous, organização mais sofisticada, o black bloc nem sequer se considera uma organização. Forma grupos autônomos, que se comunicam pela internet e se infiltram nas manifestações, a pretexto de defender os seus participantes da violência policial. Crentes de que estão na vanguarda das mudanças anticapitalistas, são portadores de velhas ideologias e novas teorias pseudorrevolucionárias; contam com certa simpatia de intelectuais progressistas e velhos militantes de esquerda, mas suas ações violentas acabam por prejudicar e esvaziar movimentos democráticos legítimos.

Esse diagnóstico seria suficiente para que as forças de segurança identificassem os responsáveis pelo vandalismo e impedissem sua ação predadora. Mas o problema é complexo. No Brasil, a violência é a “banalização do mal”, para usar a expressão de Hannah Arendt, popularizada pelo filme sobre o julgamento do criminoso nazista Adolf Eichmann em Jerusalém. A filósofa judia-alemã escreveu muito sobre a condição humana e as raízes do totalitarismo. Quando houve o plebiscito do desarmamento, as forças políticas e instituições democráticas do país apoiaram a campanha para a proibição da venda de armas; a chamada “bancada da bala” ficou isolada. Mas o povo disse “não” ao desarmamento. A maioria quis preservar o direito de se defender pelos próprios meios, não confia na polícia. O cotidiano da população é violento e as forças de segurança também são protagonistas dessa violência. Vimos isso no caso do pedreiro Amarildo, torturado até a morte por policiais de uma “unidade de pacificação” da Rocinha, no Rio de Janeiro. E também na morte do adolescente Douglas Rodrigues, de 17 anos, na periferia de São Paulo, vítima de um “descuido” do policial que o abordou. “Por que o senhor atirou em mim?”, foram suas últimas palavras, as mesmas que intitulam a coluna.

A cultura da violência está plasmada no cotidiano da população, associada ao simpático “jeitinho”, quase sempre sinônimo de iniquidades e privilégios. O povo está desassistido devido a políticas públicas dominadas por grandes interesses econômicos, seja na educação seja na saúde ou na própria segurança pública. A grande síntese dessa violência são as milícias e os negócios que elas protegem nas favelas e periferias. É sinuosa a fronteira entre o bem e o mal, entre o policial e o bandido; às vezes, nem sequer existe. As manifestações dos jovens estão desnudando o outro lado do anacronismo do nosso sistema de segurança pública. A truculência policial indiscriminada é a demonstração de falta de adestramento e de foco na solução do problema. O simples endurecimento da legislação, que atenta contra direitos e garantias individuais, também não resolve a questão. O despreparo de nossas polícias para lidar com o vandalismo nas manifestações de protestos dos jovens de classe média é o mesmo que caracteriza suas ações contra jovens suspeitos apenas por serem negros, mulatos e pardos, durante a perseguição a bandidos. A diferença é que usa balas de borracha.

Sargento de milícias
Velhos métodos e práticas policiais sobrevivem desde os tempos de Leonardo Pataca, o anti-herói de Manuel Antônio de Almeida, em Memórias de um sargento de milícias (Editora Ática). Folhetim publicado em 1852-53, conta a história de um vadio que acaba se transformando num sargento de milícias no tempo de D. João VI. O major Vidigal, outro protagonista da história, realmente existiu. Temido e respeitado, era policial e juiz ao mesmo tempo, como se julgou o major Edson Raimundo dos Santos, que comandava a UPP da Rocinha e condenou à morte o pedreiro Amarildo. Quanta diferença para o coronel Reinaldo Simões Rossi, da PM de São Paulo, que manteve a disciplina da tropa sob seu comando, apesar de agredido por manifestantes mascarados.

Dori 70 anos - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 04/11

Recém-chegado ao clube dos 70, Dori Caymmi, um dos grandes da MPB, acaba de gravar o CD “Dori 70 anos”.
O disco, todo com canções inéditas dele e de Paulo Cesar Pinheiro, será um tributo ao violão. No dia 15, o músico será homenageado no Teatro Tom Jobim, no Festival Villa Lobos.

Calma, gente
A Federação Israelita vai notificar judicialmente a atriz Tatá Werneck, a Valdirene, de “Amor à vida”.
No programa “Amor & sexo”, quando perguntada sobre o que faria se um amigo fosse vítima de bullying, ela respondeu que “usaria do meu poder e desviaria para um judeu”.
Depois, disse que era brincadeira.

A terra treme
Além de Caetano, que desautorizou, ontem, no GLOBO, Antonio Carlos de Almeida Castro a falar em nome do Procure Saber, Djavan também implicou com o famoso advogado.
É que na reunião na casa de Roberto Carlos, Kakay criticou Joaquim Barbosa, de quem Djavan é fã. 

O homem do Sputnik
Será lançado hoje “Quanto mais cinema, melhor — Uma biografia de Carlos Manga”, de Sergio Cabral, pai.
Aos 85 anos, Manga tem uma longa história de sucesso. Dirigiu dezenas de chanchadas, quase sempre com a mesma fórmula. O mocinho e a mocinha se metem em apuros, o personagem cômico tenta proteger os dois, o vilão leva vantagem, mas, no final, os mocinhos vencem.

Em tempo...
Foi Manga quem levou Norma Bengell para o cinema, em 1959, com “O homem do Sputnik”. O filme, estrelado por Oscarito, marca também a estreia de Jô Soares na vida artística.

Magoou
Abílio Diniz parece gostar de encrenca. O presidente do Conselho de Administração da BRF, ao criticar a administração anterior de Nildemar Secches, irritou funcionários do BNDES.
Nildemar foi técnico, diretor do banco e é citado pelo sucesso de sua gestão na Perdigão, a ponto de a empresa engolir a Sadia.

Folia do milhão
A produtora carioca Moleque foi autorizada a captar R$ 1.239.250, pela Lei Rouanet.
O pedido é para fazer dez “apresentações ou desfiles gratuitos nas ruas do Rio” com dez blocos de carnaval da cidade.
Mas, como se sabe, os desfiles dos blocos de rua são gratuitos desde que o samba nasceu.

Meu querido canibal
O escritor baiano Antônio Torres, 73 anos, autor de uma respeitável obra literária, deverá ser eleito quinta-feira agora para a cadeira 23 da Academia Brasileira de Letras. Merece.
Deve ocupar a vaga deixada pelo coleguinha Luiz Paulo Horta. A cadeira 23 tem um peso histórico. Seu primeiro ocupante foi Machado de Assis.

Fígado de frango
O Restaurante Albamar, último resquício do Mercado Municipal da Praça XV que foi demolido para abrir espaço para o Elevado da Perimetral, no Rio, está fazendo 80 anos.
E criou um cardápio especial com os pratos da época da sua inauguração. Voltou a ser servido, por exemplo, o fígado de frango acebolado, um dos pratos mais pedidos da história da casa.

Biba não
Ontem, no show de Justin Bieber, no Sambódromo, no Rio, um locutor subiu ao palco para dar aquele tradicional aviso sobre crianças perdidas.
Só que no final, ele chamou o ídolo das meninas de Justin... Biba.
Em Frei Paulo, biba é outra coisa. Com todo o respeito.

Preconceito é crime
Duas moças, de 28 e 29 anos, lésbicas, denunciaram à Coordenadoria Especial da Diversidade Sexual, da prefeitura, que foram agredidas com chutes e socos por um taxista da cooperativa Posto 5, com ponto ali na Rua Almirante Gonçalves, em Copacabana.
Segundo elas, ele xingou as duas de aidéticas e drogadas, antes de começar a espancá-las.
O caso está registrado na 12ª DP.

Mulher, negra...
A deputada Benedita da Silva começou a escrever sua biografia. O lançamento será ano que vem, para marcar os 40 anos de militância da autora, que se elegeu vereadora pela primeira vez em 1982, pelo PT.

PAPEL PASSADO - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 04/11

Uma pesquisa feita pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) com 600 empresas mostra que, para 44%, a burocracia alfandegária e aduaneira é o principal entrave às exportações de produtos brasileiros. Só perde para a taxa de câmbio, um problema para 46% dos executivos entrevistados.

PAPEL 2
A burocracia tributária é apontada como um fator de dificuldade por 28% das empresas e as greves, por 27%. Para a CNI, um acordo para a facilitação do comércio, que pode ser assinado na reunião da OMC (Organização Mundial do Comércio) em Bali, em dezembro, deve ser instrumento eficiente para diminuir os entraves.

PAPEL 3
O acordo prevê, entre outros pontos, a redução de prazo e simplifica os processos para entrada e saída de mercadorias em 159 países membros da organização.

QUE PENA
A prisão de Ronilson Bezerra Rodrigues, que comandou a Receita Municipal e é acusado de ter liderado esquema de desvio de cerca de R$ 500 milhões, teve grande impacto na sede da Prefeitura de SP. Ele era querido por muitos funcionários.

Alguns ex-colegas do auditor chegaram a chorar.

A VOLTA...
Deputados federais buscam saída para manter a Subcomissão de Cultura e Direitos Humanos, extinta por pressão da bancada evangélica. A troca do nome --para evitar suposto conflito de competências com a Comissão de Direitos Humanos-- e adaptações no plano de trabalho são estudadas. A presidência da Câmara deve dar parecer nos próximos dias.

...DOS QUE NÃO FORAM
"O nome pouco importa", diz Jandira Feghali (PCdoB-RJ), presidente da Comissão de Cultura, à qual a subcomissão pertence. "O que importa é o tema: a relação entre direitos humanos e cultura. E dele não abrimos mão."

PÁGINA VIRADA
Costanza Pascolato chamou atenção na primeira fila dos desfiles da SPFW pela energia e elegância de sempre. Há 50 dias, ela finalizou tratamento de um câncer de mama. "Tenho muita sorte, pois faço exame a cada seis meses. Estava bem no comecinho." A consultora de moda foi submetida a uma cirurgia, seguida de um mês e meio de radioterapia. Há 20 anos, ela havia tratado de um tumor na outra mama.

PÁGINA REVISTA
Plenamente recuperada, Costanza se prepara para a maratona de relançamento do seu livro "O Essencial", bíblia fashion lançada em 1998. "Agora será um guia mais popular, com uma linguagem mais interneteira'."

NADA AZUL
A Sociedade Brasileira de Urologia será homenageada hoje no Congresso Nacional pelas suas ações de conscientização e orientação sobre o câncer de próstata, chamadas de Novembro Azul. O Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que o número de casos novos pode chegar a 60.180 por ano, superando o de mama (52.680).

NADA AZUL 2
Será criada uma Frente Parlamentar de Atenção Integral à Saúde do Homem para discutir a assistência precária no SUS. Enquanto 16 milhões consultam o ginecologista, apenas 2 milhões vão ao urologista. Nos próximos dias, haverá campanha em estádios de futebol para conscientizar os homens.

CINEMA EM CASA
O jornalista Ruy Nogueira e Valquiria Sais ofereceram jantar em homenagem a Giuliano Manfredini, filho de Renato Russo, e ao ator Fabrício Boliveira. Ele protagoniza o filme "Faroeste Caboclo", inspirado na canção homônima do ex-líder da banda Legião Urbana. O diretor do longa, René Sampaio, foi ao encontro.

CURTO-CIRCUITO
O decorador José Antonio de Castro Bernardes lança hoje o livro "25 Anos de Festa", no Clube Harmonia. A partir das 17h.

Elba Ramalho recebe o título de cidadã paulistana, hoje, na Câmara Municipal.

Jana Rosa e Camila Fremder autografam hoje o livro "Como Ter uma Vida Normal Sendo Louca", às 19h, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional.

O Santander inicia hoje a campanha Amigo de Valor 2013, que destina recursos para a infância.

Alex Atala recebe hoje convidados no lançamento do livro "D.O.M. - Redescobrindo Ingredientes Brasileiros", no estúdio do fotógrafo Sérgio Coimbra, no Itaim.

Antecedentes - VERA MAGALHÃES - PAINEL

FOLHA DE SP - 04/11

O promotor Edilson Mougenot Bonfim, ex-corregedor-geral da Prefeitura de São Paulo na gestão Gilberto Kassab, afirma que deixou para a equipe de Fernando Haddad investigação em aberto sobre Ronilson Bezerra Rodrigues, ex-subsecretário da Receita acusado de desvio de recursos. No depoimento do auditor, que está gravado, já havia, segundo ele, elementos para que ele não fosse renomeado na atual gestão. "Fui eu que comecei e levantei toda a bola da investigação", afirma.

Transição Bonfim diz que não é correta a versão de que a corregedoria não levou adiante a apuração. "Fizemos uma investigação preliminar, nos dois meses que tivemos. Superficial, a meu ver, foi a triagem para permitir que Ronilson fosse renomeado, mesmo com um procedimento em andamento contra ele."

Memória O ex-corregedor lembra que o atual controlador-geral do município, Mário Vinicius Spinelli, manteve boa parte da equipe anterior, inclusive o procurador do município Rodrigo Yokouchi Santos, que participou do depoimento de Ronilson.

Fumaça Para Bonfim, já havia fortes suspeitas de corrupção na subsecretaria da Receita. Na oitiva, afirma, Ronilson se "esquivou" de explicar a evolução de seu patrimônio. "Ele fazia circunvoluções em torno dos temas", recorda o ex-corregedor.

Cada um... Integrantes do PSD calculam que Kassab precisa se afastar do PT local para encontrar seu eleitorado-alvo caso leve adiante a candidatura ao governo de São Paulo no ano que vem.

... na sua O estremecimento da relação com os petistas após a prisão de ex-auxiliares de Kassab deve acelerar esse descolamento.

Cabeças Marcio Pochmann, ex-presidente do Ipea hoje à frente da Fundação Perseu Abramo, passou a participar das reuniões que discutem o programa de governo de Alexandre Padilha (Saúde) ao governo paulista.

Rosa O PSB trabalha para viabilizar a chapa com a senadora Lídice da Mata (governo) e a ministra do STJ Eliana Calmon (Senado) na Bahia. O palanque é visto como um dos mais fortes para Eduardo Campos no Nordeste.

Calouro Francisco Teixeira, que assumiu o Ministério da Integração Nacional há um mês, saiu da sua primeira reunião ministerial sob pressão. Além da bronca pelo atraso na obra da transposição do rio São Francisco, ouviu queixas sobre a lentidão no programa de cisternas.

Milhagem Dilma determinou que os ministros iniciem nos próximos meses uma rotina de até duas viagens por semana para lançar ou vistoriar ações das principais pastas, com prioridade para os maiores Estados.

Vacina "Entrega", termo usado por todos os ministros na saída do Palácio da Alvorada para se referir às cobranças de Dilma, é a palavra-chave de Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) para o que seria uma fragilidade eleitoral da presidente: não ter um leque de realizações para mostrar.

Chumbo... Se Campos tem dúvidas sobre a determinação de Aécio de concorrer à Presidência em 2014, como revelou no "confessionário" de uma van no Piauí, o tucano também expõe a aliados as fragilidades que vê na postulação do pernambucano.

... trocado O mineiro acha que, se num primeiro momento o governador movimentou a cena política ao se aliar a Marina Silva, a médio prazo verá que comprou uma dor de cabeça ao abrigar a ex-senadora, à sua frente nas pesquisas, no partido.

Tiroteio
Com a aliança entre PSB e Rede a discussão tem de ser reiniciada do zero, atualizada a partir dos novos marcos e novos atores.

DA DEPUTADA LUIZA ERUNDINA (PSB-SP), defendendo que a sigla, que negocia aliança com Geraldo Alckmin, debata se terá candidato próprio em São Paulo.

Contraponto


Novo dia para morrer
A presidente Dilma Rousseff ignorou o feriado de Finados, no sábado, e reuniu vários ministros para cobrar resultados de suas pastas.

No meio da prestação de contas, Alexandre Padilha (Saúde) resolveu descontrair o ambiente:

-Quando eu estava vindo para cá, até meu motorista disse que uma reunião em pleno dia de Finados só poderia ser para anunciar quando ia demitir os ministros...

Depois que Dilma anunciou que faria a troca dos candidatos em janeiro, um dos presentes arrematou a piada:

-Vai pra casa, Padilha!

Símbolos falsos - RICARDO NOBLAT

O GLOBO - 04/11
"Se encherem o saco, volto em 2018"
LULA, ex-presidente da República



Que país é este onde até outro dia o ex-senador Demóstenes Torres (DEM-GO) era o símbolo do respeito à ética na política;

o bilionário Eike Batista, da rápida e espantosa ascensão empresarial; e a presidente Dilma Rousseff, da gestora bem-sucedida? O primeiro terminou cassado por envolvimento com um bicheiro e sua gangue; o segundo corre o risco de falir; e o terceiro, de se reeleger no próximo ano.

TEMOS UMA CERTA queda para acreditar em símbolos duvidosos. Demóstenes era capaz de, com a mesma naturalidade, falar com um ministro do Supremo tribunal Federal sobre a constitucionalidade de uma nova lei em exame no Congresso para, na ligação seguinte, discutir com o bicheiro Carlinhos Cachoeira quanto lhe caberia num negócio irregular ainda em curso.

HÁ POUCO MAIS de um ano, Eike foi apresentado por Dilma como "o padrão" do empresário nacional, "a nossa expectativa" e, sobretudo, "o orgulho do Brasil quando se trata de um empresário do setor privado" Na época, empresas de Eike davam sinais de que iam mal. Nem por isso o BNDES e a Caixa Econômica rejeitaram pedidos do empresário por mais dinheiro. Agora, a falência está às portas.

FOI NO FINAL de 2005, em conversa com deputados nordestinos, que Lula falou pela primeira vez no nome de Dilma para sucedê-lo. Talvez até mesmo em 2006, se ele não conseguisse escapar do "mensalão" Conseguiu. Mas tão logo se reelegeu, Lula passou a exaltar as qualidades de Dilma como gestora e a preparar o caminho de sua candidatura em 2010.

NO GOVERNO DA gestora exemplar obras importantes estão paralisadas, outras se arrastam, ideias não saem do papel, assim como dinheiro liberado para ; aplicação não sai do Tesouro Nacional. Oito entre dez empresários de grande porte concordam: como gestora, Dilma é uma pessoa simpática. Como simpática ela não é... O coração dos empresários bate forte por Lula é, à falta dele, por Eduardo Campos.

SOMENTE LULA enxergou em Dilma as qualidades que ela não tem. Os demais aliados dele sempre mantiveram um pé atrás quanto às chances de sucesso de quem tinha rala experiência como executiva. Lula encantou-se pelo que julgou ser eficiência de Dilma em atender a suas encomendas. E admirou sua falta de cerimônia em tratar os subordinados com a mão pesada. Confundiu capatazia com gerência.

A ADMINISTRAÇÃO MEDÍOCRE feita por Dilma até aqui deve-se em boa parte a uma série de razões. Por exemplo, o loteamento do governo. Lula fez isso no seu segundo mandato, mas Lula é Lula. E o loteamento favoreceu a corrupção. Dilma nomeou gente despreparada para ocupar cargos importantes. Por fraqueza política, e a condição de estranha no PT, cedeu mais do que desejava.

AS INDICAÇÕES PARA as empresas estatais foram politizadas, assim como para as agências de desenvolvimento. A Petrobras ficou impedida de reajustar o preço dos combustíveis para segurar a inflação que ameaçava sair de controle. São discutíveis os benefícios produzidos pela política de desonerações. Calcula-se que o próximo governo, seja de quem for, se esgotará tentando corrigir o estrago causado pelo atual na economia.

E, CONTUDO... Demóstenes parecia ter uma longa vida política pela frente. Virou ficha suja. Eike não deixará de ser rico, mas revelou-se um incauto charlatão. Quanto a Dilma, suará muito para se reeleger. Não conseguiu construir uma marca para si. Lula é o pai dos pobres e mãe dos ricos. O que Dilma é além de "a mulher de Lula?

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 04/11

Empresa do Rio Grande do Sul planeja 16 hotéis para os próximos quatro anos
Com seis hotéis hoje, a rede Laghetto, de Gramado (RS), pretende mais que triplicar o número de unidades até 2017. A intenção é alcançar 22 operações.

O investimento médio em cada projeto ficará em torno de R$ 30 milhões --um total de R$ 480 milhões.

A empresa deverá entrar como proprietária em 30% dos empreendimentos. Nos outros, será responsável pela gestão.

"Até 2007, tínhamos só um hotel. Em 2008, apareceu a oportunidade para fazermos uma administração. Vimos que era uma bom negócio", afirma Plínio Ghisleni, sócio- fundador da companhia.

Para o próximo ano, estão previstas três inaugurações --duas em Gramado (onde a empresa já tem outras quatro) e uma em Porto Alegre (na qual o primeiro projeto acaba de ser inaugurado).

A entrada em novos mercados, entre eles Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Minas Gerais, além do Uruguai, também está programada.

"Gramado tem tradição em hospedagem confortável, com café da manhã farto e atendimento mais personalizado. Vamos adotar isso nos hotéis das cidades em que nos instalarmos."

No Estado de São Paulo, Ribeirão Preto e Campinas estão em análise.

Acostumada com hotéis voltados para o turismo, a rede precisou desenvolver quatros bandeiras (econômica, luxo e executiva) para o projeto de expansão.

O número de apartamentos da Laghetto passará dos atuais 710 para 2.300. A projeção é que os funcionários saltem dos 285 para 750.

MÃOS AO ALTO
O modelo de caminhão Mercedes Benz Axor é o principal alvo de ladrões de veículos no país, de acordo com o grupo Tracker, do mercado de rastreamento.

Dos veículos pesados com rastreador da empresa que foram roubados ou furtados neste ano, pouco mais de 10% eram desse modelo.

Hyundai HR, Ford Cargo, Volvo FH440 e Iveco Stralis também são bastante visados. Juntos, corresponderam a 33% do total.

No primeiro semestre de 2013, a companhia registrou 291 roubos ou furtos de caminhões --cerca de três a cada dois dias.

Enquanto os crimes contra veículos pesados aumentaram 22,14% no terceiro trimestre deste ano, na comparação com o mesmo período de 2012, os roubos de carros cresceram 7,82%.

A diferença decorre do interesse dos ladrões pelas cargas carregadas.

Dos automóveis recuperados pela companhia entre julho e setembro, 14% eram caminhões. Os utilitários correspondiam a 21%.

LÍNGUA AFIADA
A rede de idiomas CNA vai adotar uma estratégia de expansão mais agressiva para alcançar a marca de mil unidades até 2017.

O projeto é resultado de um mapeamento que identificou cidades fora do eixo Rio-São Paulo com potencial para receber novas franquias, como Belém, Palmas, São Luiz, Petrópolis (RJ) e Gravataí (RS).

"Enquanto mais de 55% da nossa receita vem de São Paulo, temos alguns mercados onde a rede ainda pode e deve crescer bastante", afirma Décio Pecin, presidente da CNA.

Para cidades de pequeno porte, a empresa lançou um modelo de franquia enxuto, com número de quatro a cinco salas por unidade.

A mineira Up Time pretende se expandir nas regiões Norte e Nordeste.

"Nossa meta é abrir 40 unidades por ano", diz Sérgio Monteiro, presidente da rede que atua em 21 Estados.

O investimento inicial em cada franquia varia entre R$ 65 mil e R$ 139 mil, de acordo com Monteiro.

PITADA NO COSMÉTICO
A Ajinomoto transferiu de sua matriz no Japão duas linhas de umectantes que são usados na indústria cosmética para a fábrica de Limeira, no interior de São Paulo.

Um dos motivos para a mudança é que a empresa utiliza o ácido glutâmico, derivado da cana-de-açúcar, como principal ingrediente na fabricação dos produtos.

"Antes, esse material retirado da cana-de-açúcar era processado no Brasil e enviado para o Japão, onde eram feitos os umectantes", afirma Elaine Afonso, executiva da área de especialidades químicas da companhia.

Com a transferência para o Brasil, os produtos passam a ser fabricados integralmente no país e vendidos para companhias locais e estrangeiras.

A multinacional fornece ingredientes cosméticos para aproximadamente 3.000 empresas em 50 países.

A companhia também produz insumos para as indústrias de alimentos, farmacêutica e de nutrição. O Brasil é o terceiro maior mercado, atrás do Japão e da Tailândia.

Os investimentos feitos na unidade do interior paulista não foram informados.

Mudança no Indusval
A Guide Investimentos, marca que vai substituir a BI&P Indusval Corretora, inicia hoje suas operações no mercado, durante a abertura do pregão da Bovespa.

A empresa manterá o atendimento a clientes institucionais e passará a atuar também na gestão de recursos para investidores pessoas físicas de alta renda.

"A gente quer ter R$ 4,2 bilhões [em recursos gerenciados] nos próximos três anos", afirma Jean Sigrist, um dos sócios da companhia e ex-diretor do Itaú.

Além do banco Indusval e de Sigrist, a nova gestora tem como acionistas os executivos Aline Sun, Alexandre Atherino e Marcelo Macedo, que já atuaram no Itaú, no Banco Fator e no BTG Pactual, respectivamente.

Apenas Atherino já era sócio da BI&P.

Quem avisa, amigo é - GUSTAVO LOYOLA

VALOR ECONÔMICO - 04/11

Duas análises recentemente divulgadas por organizações internacionais - FMI e OCDE - apontaram para a existência de sérios problemas na política econômica que impedem o Brasil de crescer de forma mais acelerada. De um modo geral, a reação do governo a esses diagnósticos foi a de minimizá-los, talvez porque se julga no caminho correto com as políticas atuais. Contudo, a dura realidade do baixo crescimento econômico brasileiro dá razão à maioria das conclusões de ambos os relatórios.

O relatório do Fundo ( Staff Report for the 2013 Article IV Consultation - disponível no site do FMI) atribui a queda do crescimento da economia brasileira a partir de 2011 às limitações de oferta e ao aumento da incerteza em relação às políticas macroeconômicas. O documento critica o excesso de estímulos à demanda e de sintonia fina característicos da gestão macroeconômica recente. Na visão do Fundo, a situação exige aperto das condições monetárias e fiscais, com vistas a equilibrar oferta e demanda e restaurar a confiança no arcabouço macroeconômico. Há também críticas explícitas ao uso dos bancos públicos como instrumentos de expansão de demanda, assim como à perda de transparência na política fiscal.

No mesmo diapasão veio o documento da OCDE ( Economic Survey of Brazil , disponível no site da organização), no que concerne às críticas às políticas monetária e fiscal e ao uso dos bancos públicos. O BC teria sido tolerante com a inflação que sistematicamente tem ficado acima do centro da meta, enquanto está sendo comprometida a gestão fiscal pela perda de transparência e pela necessidade de operações não usuais para o cumprimento das metas orçamentárias.

Há pouco de novidade nos diagnósticos e recomendações do FMI e da OCDE. Não é de hoje que os equívocos do governo têm sido apontados por inúmeros analistas. Os relatórios citados, porém, são indicadores do grau de deterioração da percepção externa sobre a gestão macroeconômica, da mesma forma que os mais recentes pronunciamentos das agências de classificação de risco acenando para a possibilidade de rebaixamento da nota de risco do país nos próximos meses.

Adicionalmente, os dois relatórios tocam na tecla da necessidade de políticas para o aumento da produtividade e da competitividade, o que elevaria o potencial de crescimento da economia brasileira. Nesse sentido, fundamental seria a retomada das reformas nas áreas tributária, previdenciária e trabalhista, assim como de toda a agenda de redução do custo Brasil .

O ambiente externo têm se modificado nos últimos meses, em razão das perspectivas de início da retirada dos estímulos monetários pelo Federal Reserve. Houve a apreciação do dólar americano e o aumento dos juros de longo prazo nos EUA, o que tem levado à diminuição da liquidez para os países emergentes e a pressões baixistas sobre o preço das commodities . A conjuntura internacional, assim, tornou os mercados mais seletivos em relação às economias emergentes produtoras de bens primários, o que afeta de forma negativa o Brasil. Lastimavelmente, tal mudança coincide com a queda da confiança dos investidores na gestão macroeconômica brasileira e com maior ceticismo em relação às perspectivas de crescimento de nossa economia.

Com isso, tornou-se ainda mais premente fazer a correção de rumos recomendada nos mencionados relatórios. Se de um lado o contexto pré-eleitoral desfavorece quaisquer esforços maiores de reformas legislativas neste ano e em 2014, por outro há muito espaço para uma meia-volta corretiva na política macroeconômica, com vistas a fortalecer a trajetória fiscal e a credibilidade do regime de metas para inflação. Aqui e acolá se observa alguns passos do governo na direção correta - como a intenção de reduzir os repasses de recursos do Tesouro para os bancos públicos -, mas insuficientes para afastar os riscos de rebaixamento da nota de risco soberano do Brasil. Rebatendo crítica de Marina Silva, a presidente Dilma declarou que seu governo jamais abandonou o tripé macroeconômico. Penso ser o caso de deixar isso bem claro, por meio de ações concretas principalmente na esfera fiscal.

Além disso, mais além do campo puramente macroeconômico, o governo deveria abandonar a veleidade de direcionar as decisões dos empresários e investidores por meio de estímulos setoriais e prebendas, passando a adotar políticas horizontais que favoreçam a competitividade e o crescimento da produtividade. O recente relatório Doing Business do Banco Mundial continua mostrando o Brasil em vexatória posição - 116ª entre 189 países avaliados - o que por si só indica o fracasso dos governos recentes quando se trata de melhorar o ambiente de negócios em nosso país. Não basta assegurar que os leilões de concessão sejam bem sucedidos. A agenda é mais ampla e começa pelo abandono do viés ideológico responsável pela paralisia do ímpeto reformista na economia brasileira, substituído que foi por um ativismo ineficaz e gerador de incertezas.


A Petrobras volta ao passado - ADRIANO PIRES

O GLOBO - 04/11

Com a chegada do PT ao governo em 2003, foi iniciado um desordenado processo de intervenção nos preços da gasolina e do diesel, que deixaram a Petrobras na pior situação econômica e financeira da sua história. Agora, para solucionar o problema de caixa da empresa, que terá de realizar investimentos gigantescos nos próximos anos, volta-se ao passado, trazendo novamente a utilização de uma fórmula para alinhamento dos preços domésticos dos combustíveis aos preços internacionais. Segundo o fato relevante divulgado pela Petrobras, a introdução de uma fórmula de precificação do diesel e da gasolina tem o objetivo de dar maior previsibilidade à geração de caixa e reduzir os índices de alavancagem da empresa.

Uma fórmula paramétrica já havia sido adotada em 1998, regulamentando o artigo 69 da lei nº 9.478/1997, que abriu o mercado de petróleo.

O artigo n. 69 dizia que, durante um período de transição, os preços do petróleo, gás natural e seus derivados seriam fixados por uma portaria interministerial do Ministério da Fazenda e de Minas e Energia. A fórmula definida para regulamentar este artigo determinava que, em todo início do mês, se olhava para os três meses anteriores e se calculava a média móvel da variação dos preços no mercado internacional, seguidamente convertidos em reais pela taxa de câmbio. Dessa forma, os derivados, como a gasolina, eram reajustados todos os meses para baixo ou para cima. Em 31 de dezembro de 2001, com a criação da Cide, o artigo 69 foi revogado e os preços dos derivados nas refinarias passaram a ser totalmente livres, com o objetivo de atrair investidores privados para o refino.

Segundo a Petrobras, a nova metodologia contemplará um "reajuste automático do preço do diesel e da gasolina em periodicidade a ser definida, com base em variáveis como o preço de referência dos derivados no mercado internacional, taxa de câmbio e ponderação associada à origem do derivado vendido" Sob a ótica do governo faz sentido diferenciar derivado produzido x importado. Estão limitando o buraco das importações e dando algum chão para a produção local. O fato de ponderar pela origem do derivado mostra que a empresa tem o objetivo de estancar as perdas efetivas com a importação de combustível. As perdas por vender combustível produzido nacionalmente abaixo do mercado internacional poderão ser absorvidas pela empresa. A conferir. Ou seja, aparentemente a Petrobras vai adotar uma média móvel. O número de períodos dessa média móvel também representa uma difícil escolha. Quanto maior o número de períodos, menor a volatilidade nos preços domésticos, mas também é maior o descolamento dos preços internacionais. A um ano das eleições existe uma tendência de adotar um período maior, talvez de 12 meses. Essas novidades deixam o ambiente melhor do que estava, mas longe do ideal.

Para bancar investimentos fortes nos próximos anos e não deixar o país refém de importações de gasolina e diesel, a Petrobras precisa de parceiros privados para novas refinarias. A adoção de uma fórmula não resolve a questão de atração de investimentos privados para o setor de refino. Somente um mercado livre e com a correta sinalização de preços contribuirá para investimentos privados, tirando da Petrobras o peso de carregar o refino no Brasil. A racionalidade das empresas privadas não se encaixa nesse modelo de fórmula. O correto seria respeitar a lei mantendo os preços livres nas refinarias e utilizar a política fiscal e monetária para controlar a inflação. 

Armazenagem, o elo perdido do agronegócio - RENATO CASALI PAVAN

O Estado de S.Paulo - 04/11

Comprovadamente competitivo, líder mundial na produção de várias commodities e com um aumento de 60 milhões de toneladas nos últimos dez anos, o agronegócio brasileiro passa a enfrentar sérios problemas a partir da colheita, principalmente de soja e milho, por falta, entre outras coisas, de infraestrutura de armazéns, que não acompanhou a evolução da produção. Nada menos que R$ 20 bilhões são perdidos por ano por causa desse grave problema, que se arrasta há mais de 30 anos.

Nessa questão, há uma falsa avaliação do déficit do sistema de armazenagem quando o cálculo é feito pela diferença entre a produção e a capacidade instalada de armazéns. Como o Brasil produz 180 milhões de toneladas de grãos e a capacidade de armazenagem é de 140 milhões de toneladas, o resultado apontado por vários especialistas é de 40 milhões de toneladas. Mas isso está errado, o déficit é muito maior, pois a armazenagem é dividida em níveis.

Os produtores dos Estados Unidos, nossos maiores concorrentes e considerados referência em eficiência, armazenam em suas fazendas uma safra e meia, segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O produtor brasileiro armazena somente 15%, cerca de 30 milhões de toneladas, com um déficit de 150 milhões de toneladas para uma safra. A deficiência de armazenagem provoca enormes perdas, as quais ocorrem ao longo da cadeia produtiva.

A primeira perda se dá na colheita. A recomendação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) é que o grão seja colhido com umidade entre 15% e 18%. Nesse caso há necessidade de secar e armazenar na propriedade. Quando não há armazém, o grão é colhido mais seco para retardar o processo de fermentação, ocasionando uma perda de 5%.

A segunda perda ocorre após a colheita. Uma vez colhido, o produto é transportado por caminhão para a cooperativa ou para os armazéns coletores. O aumento na demanda encarece o frete, além do que o caminhão enfrenta uma enorme fila para levar o produto para ser limpo e seco. Como ele está úmido, fermenta, perde qualidade e, consequentemente, o preço pode cair até 5%.

A perda anual de 10% entre a colheita e o armazém coletor representa R$ 12,6 bilhões, que, somados aos R$ 8 bilhões estimados pela Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), implica uma perda total no ano da ordem de R$ 20 bilhões, diminuindo a renda do produtor.

A terceira perda é na exportação. Por falta de armazenagem na propriedade, todos querem levar os seus produtos para o porto ao mesmo tempo, congestionando as rodovias e ferrovias. De acordo com a Anec, por causa do congestionamento há mais um prejuízo de R$ 8 bilhões por ano. O Brasil movimenta pelos portos cerca de 32 milhões de toneladas de soja e 15 milhões de toneladas de milho, ou seja, 47 milhões de toneladas/ano. A necessidade é de 2,5 milhões de toneladas estáticas.

Como se nota, o grande gargalo de armazenagem se encontra na propriedade, o que provoca deficiência em cadeia e torna inviável a movimentação racional da safra. Com o programa de financiamento de armazéns nas propriedades rurais, recentemente anunciado pelo governo federal, será possível ao produtor recuperar o elo perdido na área de armazenagem, pois terá, finalmente, condições de acesso a linhas de crédito que lhe permitam fazer os investimentos elevados necessários à construção de silos. O custo médio de um armazém é de R$ 400 por tonelada, o que exige um investimento de R$ 60 bilhões em 12 anos.

O Banco do Brasil e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) puseram à disposição cerca de R$ 5 bilhões ao ano para financiar armazéns na propriedade rural, com 15 anos para pagar, três anos de carência e juros de 3,5% ao ano, com custo total de R$ 35 por tonelada/ano. Considerando que o preço médio dos grãos é de R$ 700 a tonelada na região de produção, o produtor terá um ganho de 10%, ou R$ 70 por tonelada. Além de pagar o financiamento, ainda tem uma receita adicional de R$ 35 por tonelada.

Essa notícia ganha ainda mais importância com a decisão da Caixa Econômica Federal de aderir ao esforço de financiamento para o armazenamento. O que está faltando é maior divulgação do programa, para que os produtores possam interessar-se e começar a desengavetar os seus projetos. Aqui há ainda um adicional positivo, que é recuperar o poder produtivo das indústrias de silos, gerando mais empregos e aquecendo um importante segmento da economia.

Paralelamente ao anúncio de investimentos na melhoria das condições de armazenagem, há também boas perspectivas em relação à malha ferroviária e rodoviária. No caso das estradas, está previsto para 2014 o tráfego na Rodovia BR-163 (entre Mato Grosso e Pará), com transbordo em Miritituba (Rio Tapajós, PA) para barcaças, com destino a Vila do Conde e Santarém, que movimentará inicialmente 10 milhões de toneladas por ano. Também no ano que vem entrará em operação no Porto de Itaqui, no Maranhão, o Terminal Tegram, com capacidade para movimentar cerca de 5 milhões de toneladas por ano. Com a ativação desses terminais haverá uma diminuição da pressão sobre os portos do Sul e do Sudeste.

De toda maneira, torna-se necessária a união de forças e uma forte divulgação, que motive principalmente os produtores a se tornarem independentes quanto à armazenagem dos seus produtos e aumentarem a sua renda. A Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) e a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) estão engajadas nesse projeto. Com certeza, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e suas federações também darão uma enorme contribuição nesse sentido.

Reinventando o comércio - LULI RADFAHRER

FOLHA DE SP - 04/11

O consumidor poderá 'assinar' um serviço para usar produtos por um tempo limitado


Os processos comerciais evoluíram, mas o modelo não seria estranho a um consumidor do século 17. A matéria-prima ainda é industrializada, transportada e apresentada em lojas, onde é trocada por dinheiro, em uma relação que raramente se estende além do período da garantia. Não há muita diferença entre um iPhone comprado na Amazon e um peixe comprado em um mercado de rua em Marselha.

O comércio eletrônico varreu esse problema para debaixo do tapete. Por mais que as lojas estejam abertas o tempo todo, disponíveis nos bolsos, o processo ainda é o mesmo, dependente dos mesmos agentes. Mas isso está para mudar.

A começar pelo dinheiro. As transações pela internet criaram uma facilidade, mas geraram um gigantesco controle de informação pelos bancos e companhias de cartão de crédito. Eles sabem, a cada transação, quem você é, onde está e do que gosta. O preço pago pela comodidade digital é a perda de privacidade.

Não há, na internet, algo equivalente a dinheiro: anônimo, rápido e definitivo. Ou não havia, até o surgimento do Bitcoin --não surpreende vermos tantas críticas.

Há indícios que a própria ideia de dinheiro esteja com os dias contados. A intensa troca de informações pelas redes sociais permite o surgimento de novas formas de pagamento. Há projetos de economia colaborativa, estimulando o desenvolvimento de economias locais e trocas de conhecimento específico. Usados em ambientes tão diversos quanto o mundo acadêmico e as moedas sociais, esse novo intermediário ajuda e reconstruir as relações de valor e sua aplicação.

Facebook e Google mostram que é possível pagar por serviços úteis com uma moeda que há pouco tempo era tão difícil de minerar que sua aplicação prática se tornava inviável: a informação. Aparentemente gratuitos, eles registram e analisam os dados de visitação de seus usuários, convertendo-os em orçamentos de mídia para anunciantes. É o mesmo princípio de patrocínio que antigamente sustentava os programas da TV e sustenta blogs e redes.

Em um futuro próximo não será difícil imaginar um restaurante em que o cardápio, em um tablet, comparará o histórico do consumidor com os dados de estoque e disponibilidade dos pratos para formar combinações que sejam mais valiosas para todos.

Em hangares industriais, máquinas de precisão imprimirão automóveis ou casas com personalização e detalhe não imaginados hoje. As limitações estariam na precisão do modelo e qualidade do material.

Não demorará para que boa parte dos produtos sejam transformados em serviços.

Em vez de comprar um par de tênis, o consumidor poderá "assinar" um serviço para usar produtos por um tempo limitado e devolvê-los para o fabricante, que se encarregará de sua reciclagem. Basta olhar qualquer armário para notar como a prática faz mais sentido do que o processo industrial de hoje, em que materiais preciosos são arrancados do solos e depois seguem para aterros sanitários.

A evolução tecnológica nos mostra que a única forma de ampliar a qualidade de vida ao mesmo tempo em que se acomodam mais e mais habitantes no planeta está em desafiar a imaginação.

As alianças no segundo turno - RENATO JANINE RIBEIRO

VALOR ECONÔMICO - 04/11
A 26 de outubro de 2014, daqui a quase um ano, deveremos escolher o próximo presidente entre Dilma Rousseff e um candidato da oposição. Hoje, este é o cenário provável. Dilma terá sido a mais votada no primeiro turno, mas com menos votos do que os sufrágios tucanos somados aos da Rede+PSB. Matematicamente, isso significa que a oposição poderá vencer - mas apenas se o oposicionista que for para o segundo turno conseguir a transferência quase integral dos votos do oposicionista que não for.
A grande questão, desde já, é: os dois candidatos de oposição - que se opõem mais ao PT do que entre si - se unirão para o segundo turno? Desculpem, a pergunta está errada. Pode bem ser, sim, que se unam. Mas a verdadeira questão é: os eleitores do terceiro colocado, que estará fora da disputa, apoiarão quem disputar a final contra Dilma? Eis o ponto. 

Nosso eleitor não dá tanta importância às recomendações dos candidatos em quem votou antes. Decide em função de outros critérios. Isso pode decorrer de uma politização menor do que na Europa, mas tem o condão de deixar nosso votante mais independente, de permitir surpresas políticas e de dar mais oportunidade política à renovação. Os movimentos de votos que ocorrerão entre 5 e 26 de outubro não resultarão tanto de um acordo tardio entre os dois oposicionistas. Mas serão influenciados, sim, por suas campanhas.

Para que a aritmética (PSDB + PSB > PT) se torne realidade, será preciso muita política. Será necessário os candidatos de oposição blindarem seus eleitores contra a sereia petista - e isso começando agora, pensando já no segundo turno. Essa é a condição para uma transferência bem sucedida de votos. Têm assim de convencer seus eleitores de que a distância entre eles dois (Aécio ou Serra e Eduardo ou Marina) é menor do que o abismo separando todos eles do governo. Só que não adiantará pregar isso depois de abertas as urnas do primeiro turno. Na França, a cada eleição presidencial, aguarda-se com ansiedade o perdedor do primeiro turno - sempre um centrista - anunciar quem apoiará. No Brasil, será tarde. Nosso eleitor fará sua escolha para a final das presidenciais considerando, sim, o que dirá seu ex-candidato, mas apenas entre vários outros considerandos.

Se a oposição quiser levar em outubro de 2014, precisa começar a trabalhar desde já. Precisa preparar uma aliança implícita, não enunciada, discreta, que possa ter sucesso no segundo turno. Ou seja, não pode deixar para anunciar sua união após a primeira volta das eleições. Mas tampouco pode se apresentar unida antes do pleito. Os dois partidos precisam ter seus candidatos. Precisam ser diferentes. Precisam disputar para valer.

Não se trata de um pacto de não agressão. Agora deve baixar bastante o teor de críticas dos tucanos à Rede+PSB, ou desta ao PSDB. Mas o principal, para ambos, é fechar seus eleitores ao PT.

Um sinal disso se vê no aumento da tensão de Marina e mesmo Campos com o petismo. Até agora, Marina Silva se apresentou como a terceira via, propondo uma alternativa ao condomínio PT-PSDB que disputa o poder entre nós há quase 20 anos. Eduardo Campos procurava uma posição intermediária entre esses partidos, cultivando ao mesmo tempo Lula e Aécio, lançando-se candidato mas mantendo-se de bem com os dois. Marina é mais conceitual, mais utópica. Campos é intensamente pragmático. Ela é mais inovadora, queria uma terceira via; Campos, apenas um meio termo. Suas trajetórias, tão diferentes entre si, se os afastavam do PT, não os jogavam nos braços do PSDB. Agora, porém, ambos estão sendo marcados como oposicionistas.

Por itinerários distintos, os dois ex-ministros de Lula - que, separados, podiam não bater de frente no PT - ao se juntarem passaram a navegar em águas que têm mais traços tucanos do que petistas. Isso lhes dá força e fraqueza. Tornam-se fracos, porque o discurso da novidade, da terceira via de Marina, da moderação de Campos cede lugar a um endereço carimbado na oposição. Mas se fortalecem porque passam a disputar, com chances de êxito, o lugar que ainda é dos tucanos. Se Serra tem um teto baixo, limitando seu crescimento, e se Aécio não decola, abre-se espaço para um novo candidato, especialmente se for o membro mais popular da nova aliança, Marina.

Se ela ou Campos for para a final, contra Dilma, o eleitorado tucano os seguirá sem muita discussão. Se Aécio ou Serra for o finalista, a transferência é menos óbvia. Mas interessa aos dois partidos o apoio recíproco na final. E o importante é que, na cultura política brasileira, isso não se define em negociações entre as cúpulas partidárias na última hora, mas se lapida ao longo do tempo, na construção aos olhos do povo de duas figuras essenciais, a do antagonista e a do mero adversário.

Desde agora, na campanha para o primeiro turno, cada candidato elege um antagonista, aquele a quem vai se opor fortemente. Para o PSDB, é o PT, e vice-versa. E cada um elege adversários, com quem vai disputar, mas conservando espaço ou para seu apoio explícito, ou ao menos para garimpar votos entre seus eleitores.

Nesse conflito dos dois rivais históricos, o novo ator ganha, mas nem tanto. Porque o PT tentará desconstruir Marina e Campos com vários argumentos, acusando-os de abandonar seus compromissos históricos e procurando afastar deles os eleitores que valorizem a questão social. Porque Marina e Eduardo também se enfraquecem, ao deixarem de ser terceira via. Perdem justamente o que os distinguia. Em suma, os 12 meses prometem não ser fáceis para ninguém.