FOLHA DE SP - 31/05
Não pode entrar no estádio de caxirola dura. Tô adorando a gandaia dessa Copa: caxirola no Fuleco!
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Predestinado do Dia! Deu na Folha que o Maluf tá devendo para um jordaniano chamado Hani Bin Al KALOUTI. O Maluf deu calote no Kalouti. Agora ele se superou! Rarará!
E essa piada pronta: "Caxirola fica menos dura e pode voltar às arenas da Copa". A caxirola brochou! Ficou mole! Avisa o Brown! Não pode entrar no estádio de caxirola dura. Tô adorando a gandaia dessa Copa: tem caxirola no Fuleco!
E a prefeita de Cubatão que proibiu o estacionamento de caminhões e provocou congestionamento de 43 km? Sabe como ela tá sendo conhecida na Baixada? "Marcia Rosa, uma mulher de parar o trânsito!". Isso não é burrice. É falta de terapia, como diz a bicha má da novela.
Aliás, eu jamais iria pro hospital da novela das nove! Se você tem "Amor à Vida", não vai pra aquele hospital. O cirurgião chega com sono da balada. E o outro chega atrasado porque tava transando com a secretária.
Mas, como diz o outro, "pelo menos vão!" Melhor que o SUS! E como disse o outro: "todos são assim, você vive na Ilha da Fantasia?". E como ainda disse uma amiga: "com aqueles médicos gatos, eu queria ter uma apendicite aguda!" Rarará!
E toda vez que entra o Daniel se esgoelando --"Grita! Grita! Grita"--, eu coloco na tecla mute!
E atenção! O Humor Esportivo avisa que "nesse feriado nenhum flamenguista vai poder viajar. O Flamengo não consegue passar pela Ponte!". Não vai ter um flamenguista em Cabo Frio!
E ainda coloca a foto de uma porta com o cartaz: "Defesa do Vasco! Entre sem bater!". Rarará!
E o Fluminense? O que o Fred foi fazer no Paraguai? Compras. Comprar muamba! Rarará!
Só sobrou o Galo na Libertadores. Agora é torcer pro galo não virar canja!
E o São Paulo ganhou de 5 a 1 sem o Rogério! Rarará! É mole? É mole, mas sobe!
Os Predestinados! É que tem um dono de sex shop chamado Sandro Pinto Rosado! E um contador em Belo Horizonte: Renato Duro! Rarará!
E trabalhar em feriadão dá gastura, calo seco, zumbido no "zovido", ovo virado e dor nas costas que responde no pé!
Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colirio alucinógeno!
sexta-feira, maio 31, 2013
Bolsa Família e a ‘central de mentiras’ do PT - ROBERTO FREIRE
BRASIL ECONÔMICO - 31/05
Os boatos sobre o suposto fim do Bolsa Família, que levaram quase 1milhão de beneficiários do programa a realizar 920 mil saques em um único fim de semana, no valor total de R$ 152 milhões, comprovam que jamais se deve subestimar a capacidade do governo petista de mentir e criar factoides. Nos dias 18 e 19 de maio, filas intermináveis se formaram em várias agências da Caixa Econômica Federal espalhadas por 13 estados brasileiros, o que gerou tumulto e depredações
Horas depois do episódio, a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário,da estrita confiança da presidente Dilma Rousseff, atribuiu os boatos a uma “central de notícias da oposição”,que naturalmente só existe em sua delirante e irresponsável imaginação. Também açodado,o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, sugeriu que teria havido uma “orquestração”. A própria Dilma, por sua vez, falou em ação “criminosa e desumana”. A fraude da versão oficial começou a ser desmontada quando se soube que a Caixa alterou todo o calendário de pagamentos do Bolsa Família, sem aviso prévio aos beneficiários, um dia antes de eclodirem os boatos.
Ainda no dia 17, véspera do fatídico sábado em que uma multidão de brasileiros se aglomerou nas agências para sacar o dinheiro, R$ 2 bilhões foram liberados de uma só vez nas contas das 13,8 milhões de famílias atendidas. Até que o jornal “Folha de S.Paulo” noticiasse a súbita mudança nas regras de pagamento escalonado, a Caixa sustentava que havia liberado os recursos apenas depois do surgimento dos rumores, justamente para conter o pânico rapidamente disseminado. Nada mais falso.
Tratava-se, de fato, de uma mentira deslavada. Flagrado em escandalosa contradição, o presidente da Caixa, Jorge Hereda, se viu obrigado a pedir desculpas publicamente pelo suposto “erro operacional”, que covardemente atribuiu a funcionários de terceiro escalão. Talvez inspirado pelo ex-presidente Lula, aquele que jamais sabia de nada, Hereda afirmou que a decisão de liberar o montante não passou pela cúpula do banco, o que simplesmente não é crível. Para agravar a situação, suas estapafúrdias explicações não esclareceram, afinal, porque os beneficiários do programa não foram sequer avisados sobre o pagamento antecipado.
É evidente que ainda há perguntas demais e respostas de menos neste mais novo imbróglio em que se meteu a administração petista. Mas já não há dúvidas de que o governo Dilma, na melhor das hipóteses, foi omisso, irresponsável e leviano do início ao fim deste episódio, e de que o presidente da Caixa mentiu ao país, o que por si só deveria ensejar seu imediato afastamento do cargo.
Diante de mais uma série de lambanças que contam com a assinatura do governo petista e da Caixa Econômica Federal, há de se perguntar o que Maria do Rosário, José Eduardo Cardozo e Dilma Rousseff teriam a dizer neste momento. Ao que tudo indica, os boatos que assustaram os beneficiários do Bolsa Família, infelizmente cada vez mais dependentes das benesses do Estado e ludibriados pelo assistencialismo barato, partiram não de uma “central de notícias da oposição”,mas da inesgotável central de mentiras do próprio governo do PT.
Os boatos sobre o suposto fim do Bolsa Família, que levaram quase 1milhão de beneficiários do programa a realizar 920 mil saques em um único fim de semana, no valor total de R$ 152 milhões, comprovam que jamais se deve subestimar a capacidade do governo petista de mentir e criar factoides. Nos dias 18 e 19 de maio, filas intermináveis se formaram em várias agências da Caixa Econômica Federal espalhadas por 13 estados brasileiros, o que gerou tumulto e depredações
Horas depois do episódio, a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário,da estrita confiança da presidente Dilma Rousseff, atribuiu os boatos a uma “central de notícias da oposição”,que naturalmente só existe em sua delirante e irresponsável imaginação. Também açodado,o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, sugeriu que teria havido uma “orquestração”. A própria Dilma, por sua vez, falou em ação “criminosa e desumana”. A fraude da versão oficial começou a ser desmontada quando se soube que a Caixa alterou todo o calendário de pagamentos do Bolsa Família, sem aviso prévio aos beneficiários, um dia antes de eclodirem os boatos.
Ainda no dia 17, véspera do fatídico sábado em que uma multidão de brasileiros se aglomerou nas agências para sacar o dinheiro, R$ 2 bilhões foram liberados de uma só vez nas contas das 13,8 milhões de famílias atendidas. Até que o jornal “Folha de S.Paulo” noticiasse a súbita mudança nas regras de pagamento escalonado, a Caixa sustentava que havia liberado os recursos apenas depois do surgimento dos rumores, justamente para conter o pânico rapidamente disseminado. Nada mais falso.
Tratava-se, de fato, de uma mentira deslavada. Flagrado em escandalosa contradição, o presidente da Caixa, Jorge Hereda, se viu obrigado a pedir desculpas publicamente pelo suposto “erro operacional”, que covardemente atribuiu a funcionários de terceiro escalão. Talvez inspirado pelo ex-presidente Lula, aquele que jamais sabia de nada, Hereda afirmou que a decisão de liberar o montante não passou pela cúpula do banco, o que simplesmente não é crível. Para agravar a situação, suas estapafúrdias explicações não esclareceram, afinal, porque os beneficiários do programa não foram sequer avisados sobre o pagamento antecipado.
É evidente que ainda há perguntas demais e respostas de menos neste mais novo imbróglio em que se meteu a administração petista. Mas já não há dúvidas de que o governo Dilma, na melhor das hipóteses, foi omisso, irresponsável e leviano do início ao fim deste episódio, e de que o presidente da Caixa mentiu ao país, o que por si só deveria ensejar seu imediato afastamento do cargo.
Diante de mais uma série de lambanças que contam com a assinatura do governo petista e da Caixa Econômica Federal, há de se perguntar o que Maria do Rosário, José Eduardo Cardozo e Dilma Rousseff teriam a dizer neste momento. Ao que tudo indica, os boatos que assustaram os beneficiários do Bolsa Família, infelizmente cada vez mais dependentes das benesses do Estado e ludibriados pelo assistencialismo barato, partiram não de uma “central de notícias da oposição”,mas da inesgotável central de mentiras do próprio governo do PT.
Sexo, dinheiro e exploradores do evangelismo - CANDIDO MENDES
O GLOBO - 31/05
A vulta, nestes dias, a exploração do evangelismo, a aproveitar-se cada vez mais da nossa subcultura. Do campo político ao da dominação dos crentes, na esbórnia sexual do pastor Marcos Pereira. As fiéis de sua igreja aí estão às portas do presídio, nas fotos da vigília da fidelidade, em batas coloridas e esperas pelo ídolo. Foram salvas pelo sexo, na retribuição exigida pelo abraço do pastor.
Inclusive, na organização sistemática de orgias em prédio da Avenida Atlântica. Mas a gravidade maior desta infestação pseudorreligiosa reside na mídia, no anúncio dos milagres de auditório, com a repetida e proclamada cessação de dores, no minuto certo, e o subsequente "agradecimento ao Senhor", acompanhado da esmola farta. A liberdade religiosa nada tem a ver com a impunidade das trampas destes programas e a passagem à impostura, com a garantia da presença do demônio, nas sextas-feiras, às 5h da tarde. A exploração vai ao exponencial, nas multi-igrejas dos "últimos dias", e na formação instantânea dos ditos pastores, nascidos das conveniências da hora.
Inquieta, no outro extremo, a prática dos exclusivismos sociais, transpostos à ação política, ora manifestada na presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, pelo pastor Marco Feliciano. O dislate diz do nosso indiferentismo cidadão, não obstante a força do protesto, que, graças a Deus, ainda não se acomodou. Mas o acinte de ver o diabo nos opositores mais se reforça na determinação do seu partido de mantê-lo à frente, num obscurantismo insuportável à democracia brasileira.
Mais grave é o reconhecer-se que ditas manifestações de fé, no terreno da nossa subcultura, só prosperam pela radicalização e pelo confronto, sem volta. Impressiona, ao mesmo tempo, a colheita dos dízimos, inspecionada, na hora, pelos celebrantes.
Diante da prevalência dos direitos humanos, assegurados pelas leis fundamentais da nossa Carta, choca a permanente impostura dos milagres midiáticos, protegidos pela "liberdade dos crentes". Sem dúvida, Feliciano surgirá com uma supervotação nas próximas urnas. Encarnará as "potestades do bem contra os demônios", na polarização extrema da passagem da religião à política, e num retrocesso lamentável da democracia do século XXI. Marcos Pereira e Marco Feliciano põem à luz um submundo que não pode ser confundido com o evangelismo, a prosperar na crença de um genuíno e generoso pluralismo da fé
CRISTOPHER VLAVIANOS - Energia em desequilíbrio
FOLHA DE SP - 31/05
Se há energia elétrica não aproveitada pelo mercado cativo, por que não destiná-la ao mercado livre? É preciso financiar empreendimentos
O mercado livre de energia floresceu no Brasil após o fim do racionamento de energia, em fevereiro de 2002. A redução do consumo elétrico pela população foi tão exitosa que sobrou energia no mercado. O excedente alimentou a fase de maior expansão do mercado livre, que, desde então, vem atuando com os grandes consumidores de energia de diversas cadeias produtivas.
O diferencial para uma empresa aderir ao mercado livre é a possibilidade de poder escolher seu fornecedor de energia, assim como o preço, o prazo e o montante a ser consumido, favorecendo a competitividade. Hoje, o mercado livre responde por 27% do consumo brasileiro.
Por outro lado, no mercado cativo ou regulado, compra-se energia da concessionária sem a possibilidade de negociar preço, ficando-se sujeito às tarifas de fornecimento. Os consumidores residenciais estão no mercado cativo.
O contexto atual brasileiro, porém, revela certo desequilíbrio no setor de energia e entre os mercados cativo e livre. Em novembro de 2012, o governo federal reduziu as tarifas de energia para o consumidor (e agora promete manter a redução por decreto, pois a medida não chegou a ser votada pelo Senado). Era um momento crítico, em que os reservatórios se encontravam em níveis baixíssimos. O sinal implícito era de que "o custo caiu, podem consumir mais".
Para não correr o risco de desabastecimento energético, o governo então colocou em operação usinas térmicas ineficientes e caras, mas necessárias para garantir o fornecimento de energia. O custo desse acionamento para a sociedade é superior a R$ 1 bilhão por mês.
Não faz sentido pagarmos um custo tão alto em uma energia suja quando se tem uma oferta de energia limpa reprimida e pouco estimulada.
No último leilão para o mercado cativo, por exemplo, havia uma oferta de cerca de 14 mil megawatts, predominantemente de energia eólica, para uma demanda declarada de 500 megawatts --os leilões para novos empreendimentos energéticos no mercado cativo se baseiam nas previsões de demanda futura.
Não incluir essa oferta de energia limpa na matriz elétrica brasileira resulta em uma maior dependência das usinas térmicas, mais custos para o sistema e, pior, em um aumento da emissão de gases poluentes para a atmosfera.
Mas, se há oferta de energia elétrica não aproveitada pelo mercado cativo, por que não destiná-la ao mercado livre?
A resposta paira sobre a dificuldade em financiar novos empreendimentos para o mercado livre. As empresas consumidoras geralmente celebram contratos de médio prazo, de três a cinco anos, no ambiente livre, renovando-os de acordo com sua estratégia de mercado e procurando uma menor exposição aos reajustes da inflação, de modo a manter a sua competitividade.
Para os agentes que financiam os empreendimentos, porém, esse prazo é insuficiente para garantir o retorno do investimento. Isso explica a falta de oferta de novos empreendimentos para o mercado livre, enquanto sobra para o mercado cativo, que conta com prazos contratuais maiores e, por consequência, com mais garantias de retorno.
A solução para esse desequilíbrio seria a entrada de agentes financiadores, em especial o BNDES, em projetos de energia para o mercado livre.
Em uma só "tacada", o governo estimularia a oferta, reduziria os custos financeiro e ambiental advindos do acionamento das térmicas, geraria empregos, recolheria impostos, manteria a segurança do sistema elétrico e eliminaria o desequilíbrio entre oferta e demanda dos mercados cativo e livre.
Para que seja factível, porém, o agente financiador precisará se certificar de que o empreendimento será, de fato, entregue, contando com a fiscalização da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). E, como em todos os demais casos, terá seus contratos baseados no valor da commodity "energia".
Se há energia elétrica não aproveitada pelo mercado cativo, por que não destiná-la ao mercado livre? É preciso financiar empreendimentos
O mercado livre de energia floresceu no Brasil após o fim do racionamento de energia, em fevereiro de 2002. A redução do consumo elétrico pela população foi tão exitosa que sobrou energia no mercado. O excedente alimentou a fase de maior expansão do mercado livre, que, desde então, vem atuando com os grandes consumidores de energia de diversas cadeias produtivas.
O diferencial para uma empresa aderir ao mercado livre é a possibilidade de poder escolher seu fornecedor de energia, assim como o preço, o prazo e o montante a ser consumido, favorecendo a competitividade. Hoje, o mercado livre responde por 27% do consumo brasileiro.
Por outro lado, no mercado cativo ou regulado, compra-se energia da concessionária sem a possibilidade de negociar preço, ficando-se sujeito às tarifas de fornecimento. Os consumidores residenciais estão no mercado cativo.
O contexto atual brasileiro, porém, revela certo desequilíbrio no setor de energia e entre os mercados cativo e livre. Em novembro de 2012, o governo federal reduziu as tarifas de energia para o consumidor (e agora promete manter a redução por decreto, pois a medida não chegou a ser votada pelo Senado). Era um momento crítico, em que os reservatórios se encontravam em níveis baixíssimos. O sinal implícito era de que "o custo caiu, podem consumir mais".
Para não correr o risco de desabastecimento energético, o governo então colocou em operação usinas térmicas ineficientes e caras, mas necessárias para garantir o fornecimento de energia. O custo desse acionamento para a sociedade é superior a R$ 1 bilhão por mês.
Não faz sentido pagarmos um custo tão alto em uma energia suja quando se tem uma oferta de energia limpa reprimida e pouco estimulada.
No último leilão para o mercado cativo, por exemplo, havia uma oferta de cerca de 14 mil megawatts, predominantemente de energia eólica, para uma demanda declarada de 500 megawatts --os leilões para novos empreendimentos energéticos no mercado cativo se baseiam nas previsões de demanda futura.
Não incluir essa oferta de energia limpa na matriz elétrica brasileira resulta em uma maior dependência das usinas térmicas, mais custos para o sistema e, pior, em um aumento da emissão de gases poluentes para a atmosfera.
Mas, se há oferta de energia elétrica não aproveitada pelo mercado cativo, por que não destiná-la ao mercado livre?
A resposta paira sobre a dificuldade em financiar novos empreendimentos para o mercado livre. As empresas consumidoras geralmente celebram contratos de médio prazo, de três a cinco anos, no ambiente livre, renovando-os de acordo com sua estratégia de mercado e procurando uma menor exposição aos reajustes da inflação, de modo a manter a sua competitividade.
Para os agentes que financiam os empreendimentos, porém, esse prazo é insuficiente para garantir o retorno do investimento. Isso explica a falta de oferta de novos empreendimentos para o mercado livre, enquanto sobra para o mercado cativo, que conta com prazos contratuais maiores e, por consequência, com mais garantias de retorno.
A solução para esse desequilíbrio seria a entrada de agentes financiadores, em especial o BNDES, em projetos de energia para o mercado livre.
Em uma só "tacada", o governo estimularia a oferta, reduziria os custos financeiro e ambiental advindos do acionamento das térmicas, geraria empregos, recolheria impostos, manteria a segurança do sistema elétrico e eliminaria o desequilíbrio entre oferta e demanda dos mercados cativo e livre.
Para que seja factível, porém, o agente financiador precisará se certificar de que o empreendimento será, de fato, entregue, contando com a fiscalização da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). E, como em todos os demais casos, terá seus contratos baseados no valor da commodity "energia".
FLÁVIA OLIVEIRA - NEGÓCIOS & CIA
O GLOBO - 31/05
PIMENTA ANTIMONOTONIA
A Garnier criou aplicativo com 101 pequenos vídeos com atriz Paloma Bernardi, para lançara coleção Vermelhos Apimentados, da coloração Nutrisse. A ideia é repassara amigos mensagens antimonotonia. Há recomendações sobre peso, namoro e trabalho, por exemplo. Sai dia 7.
PELO MUNDO
O alho espanhol é o protagonista da vez na campanha da rede Hortifruti. Faz piada com o piloto Fernando Alonso, da F1. Estreia 2ª em Rio, São Paulo e Espírito Santo.
A MP assina.
Hotelaria 1
A rede Accor terá mais 22 hotéis no Estado do Rio até 2017. Somarão R$ 1 bilhão em investimentos de parceiros, como Galwan, Odebrecht e Performance. Vão gerar 1.100 empregos.
Hotelaria 2
O grupo acaba de fechar cinco contratos de hotéis no estado, todos de bandeira ibis. Serão 900 quartos, em Del Castilho, Copacabana (ambos da capital) e Três Rios. Somam R$ 170 milhões em investimento.
Aluguel
O House in Rio, site de aluguel de imóveis por temporada, já está com 60 reservas fechadas para o período da Jornada da Juventude. Em abril e maio, registrou alta de 50% na procura por apartamentos e casas na cidade. Quatro em cada dez eram para a época da visita do Papa Francisco.
Premiados
A Brasilcap, de capitalização, distribuiu R$ 6,4 milhões em prêmios a 1.300 clientes em abril deste ano. É valor similar ao do mesmo mês de 2012. No 1º quadrimestre foram R$ 49 milhões, alta de 11% sobre um ano antes.
É seguro
A Icatu Seguros lançará simulador que aponta valor ideal do seguro de vida e investimento necessário em previdência. O “Na medida” estará no site da seguradora na 4ª feira. Deve chegar a 20 mil usuários até agosto.
Quem vem
O Consórcio Rio de Janeiro, associação dos estaleiros Rio Nave e MacLaren, renovaram parceria tecnológica com a GVA. A sueca está entre os maiores projetistas de sondas de produção de petróleo do mundo. “Seremos capazes de construir sondas do pré-sal, com alto índice de conteúdo local”, diz Gisela MacLaren.
Quem vai
José Mauro Mettrau, da Oi, vai tocar o sino no encerramento do pregão da NYSE, hoje. É ato por 15 anos de negociação das ADRs na bolsa americana. Em reunião com investidores sobre números da operadora, o presidente lança aplicativo com o conteúdo do site de RI.
RECEITA
Entra no ar no fim de semana, na TV, o novo anúncio da campanha da Moma para a “Su peri nteressante”, da Abril. Emstop motion, ofilme retrata o passo a passo de uma receita de... revista.
ANP VAI APERTAR REGULAÇAO DE DISTRIBUIDORAS
Empresas serão obrigadas a ter, ao menos, uma base própria. Portaria atual permite operar só com unidades alugadas
AAgência Nacional do Petróleo vai apertar a regulação da atividade de distribuição de combustíveis líquidos no país. A nova resolução não foi provocada, mas ganhou força depois da explosão da unidade da Petrogold, em Duque de Caxias, na semana passada. De cara, a ANP passará a exigir que as distribuidoras tenham, ao menos, uma base própria de armazenamento de combustíveis. Hoje, as empresas podem alugar. Em Caxias, por exemplo, a distribuidora Arrows alugava parte da capacidade de tancagem da Petrogold, mostraram as primeiras investigações sobre o acidente, que deixou um morto. O texto da resolução que vai substituir a Portaria 202, mais flexível, passou por audiência pública esta semana. Mais de 400 sugestões foram enviadas por empresas e entidades do setor. Em até 60 dias, a redação final entra em vigor, com cláusulas de transição. Para evitar desabastecimento, a ANP vai estabelecer nível mínimo de combustível estocado. A quantidade será fixada com base no perfil de consumo local e no sistema de transporte (ferroviário, rodoviário ou marítimo). As distribuidoras também serão obrigadas a ter bases próprias em todos os mercados onde atuarem.
+3% NOS COMBUSTÍVEIS
É o ritmo de crescimento do consumo de combustíveis (gasolina, diesel, etanol e outros) no país em 2013. É metade do registrado em 2012 (6,1%). A demanda por gasolina C subiu 11,9% no ano passado.
TÁ FRIO
A Dudalina, grife de moda feminina e masculina, lança campanha de inverno amanhã. Henrique Gend re fotografou
os modelos Fabiane Nunes e Wouter Peelen. A marca prevê alta de 30% nas vendas das seis lojas do Estado do Rio.
Tem 72 unidades no Brasil eshowroom em Milão (Itália).
Repaginada
A Taco ganha nova identidade visual. Criada pela equipe de design da marca, estará na fachada das 152 lojas da rede em dois anos. A empresa passa a assinar Taco System.
Em estoque
A Percepttiva, agência de publicidade voltada ao
setor imobiliário, criou área especializada na venda de unidades em estoque. Hoje, são 1.600 unidades de 12 clientes, num total de R$ 500 milhões em valor de venda. As duas campanhas iniciais terão aporte de R$ 800 mil.
Seminovo
O Yacht Center Group fará feira de barcos seminovos, de hoje a domingo, em Angra dos Reis (RJ). Há uma dúzia de embarcações à venda. Estima movimentar R$ 5 milhões, contra R$ 2,8 milhões na última edição. O mercado de usados equivale a 15% das receitas do grupo.
PIMENTA ANTIMONOTONIA
A Garnier criou aplicativo com 101 pequenos vídeos com atriz Paloma Bernardi, para lançara coleção Vermelhos Apimentados, da coloração Nutrisse. A ideia é repassara amigos mensagens antimonotonia. Há recomendações sobre peso, namoro e trabalho, por exemplo. Sai dia 7.
PELO MUNDO
O alho espanhol é o protagonista da vez na campanha da rede Hortifruti. Faz piada com o piloto Fernando Alonso, da F1. Estreia 2ª em Rio, São Paulo e Espírito Santo.
A MP assina.
Hotelaria 1
A rede Accor terá mais 22 hotéis no Estado do Rio até 2017. Somarão R$ 1 bilhão em investimentos de parceiros, como Galwan, Odebrecht e Performance. Vão gerar 1.100 empregos.
Hotelaria 2
O grupo acaba de fechar cinco contratos de hotéis no estado, todos de bandeira ibis. Serão 900 quartos, em Del Castilho, Copacabana (ambos da capital) e Três Rios. Somam R$ 170 milhões em investimento.
Aluguel
O House in Rio, site de aluguel de imóveis por temporada, já está com 60 reservas fechadas para o período da Jornada da Juventude. Em abril e maio, registrou alta de 50% na procura por apartamentos e casas na cidade. Quatro em cada dez eram para a época da visita do Papa Francisco.
Premiados
A Brasilcap, de capitalização, distribuiu R$ 6,4 milhões em prêmios a 1.300 clientes em abril deste ano. É valor similar ao do mesmo mês de 2012. No 1º quadrimestre foram R$ 49 milhões, alta de 11% sobre um ano antes.
É seguro
A Icatu Seguros lançará simulador que aponta valor ideal do seguro de vida e investimento necessário em previdência. O “Na medida” estará no site da seguradora na 4ª feira. Deve chegar a 20 mil usuários até agosto.
Quem vem
O Consórcio Rio de Janeiro, associação dos estaleiros Rio Nave e MacLaren, renovaram parceria tecnológica com a GVA. A sueca está entre os maiores projetistas de sondas de produção de petróleo do mundo. “Seremos capazes de construir sondas do pré-sal, com alto índice de conteúdo local”, diz Gisela MacLaren.
Quem vai
José Mauro Mettrau, da Oi, vai tocar o sino no encerramento do pregão da NYSE, hoje. É ato por 15 anos de negociação das ADRs na bolsa americana. Em reunião com investidores sobre números da operadora, o presidente lança aplicativo com o conteúdo do site de RI.
RECEITA
Entra no ar no fim de semana, na TV, o novo anúncio da campanha da Moma para a “Su peri nteressante”, da Abril. Emstop motion, ofilme retrata o passo a passo de uma receita de... revista.
ANP VAI APERTAR REGULAÇAO DE DISTRIBUIDORAS
Empresas serão obrigadas a ter, ao menos, uma base própria. Portaria atual permite operar só com unidades alugadas
AAgência Nacional do Petróleo vai apertar a regulação da atividade de distribuição de combustíveis líquidos no país. A nova resolução não foi provocada, mas ganhou força depois da explosão da unidade da Petrogold, em Duque de Caxias, na semana passada. De cara, a ANP passará a exigir que as distribuidoras tenham, ao menos, uma base própria de armazenamento de combustíveis. Hoje, as empresas podem alugar. Em Caxias, por exemplo, a distribuidora Arrows alugava parte da capacidade de tancagem da Petrogold, mostraram as primeiras investigações sobre o acidente, que deixou um morto. O texto da resolução que vai substituir a Portaria 202, mais flexível, passou por audiência pública esta semana. Mais de 400 sugestões foram enviadas por empresas e entidades do setor. Em até 60 dias, a redação final entra em vigor, com cláusulas de transição. Para evitar desabastecimento, a ANP vai estabelecer nível mínimo de combustível estocado. A quantidade será fixada com base no perfil de consumo local e no sistema de transporte (ferroviário, rodoviário ou marítimo). As distribuidoras também serão obrigadas a ter bases próprias em todos os mercados onde atuarem.
+3% NOS COMBUSTÍVEIS
É o ritmo de crescimento do consumo de combustíveis (gasolina, diesel, etanol e outros) no país em 2013. É metade do registrado em 2012 (6,1%). A demanda por gasolina C subiu 11,9% no ano passado.
TÁ FRIO
A Dudalina, grife de moda feminina e masculina, lança campanha de inverno amanhã. Henrique Gend re fotografou
os modelos Fabiane Nunes e Wouter Peelen. A marca prevê alta de 30% nas vendas das seis lojas do Estado do Rio.
Tem 72 unidades no Brasil eshowroom em Milão (Itália).
Repaginada
A Taco ganha nova identidade visual. Criada pela equipe de design da marca, estará na fachada das 152 lojas da rede em dois anos. A empresa passa a assinar Taco System.
Em estoque
A Percepttiva, agência de publicidade voltada ao
setor imobiliário, criou área especializada na venda de unidades em estoque. Hoje, são 1.600 unidades de 12 clientes, num total de R$ 500 milhões em valor de venda. As duas campanhas iniciais terão aporte de R$ 800 mil.
Seminovo
O Yacht Center Group fará feira de barcos seminovos, de hoje a domingo, em Angra dos Reis (RJ). Há uma dúzia de embarcações à venda. Estima movimentar R$ 5 milhões, contra R$ 2,8 milhões na última edição. O mercado de usados equivale a 15% das receitas do grupo.
MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO
FOLHA DE SP - 31/05
Aliança do Pacífico preocupa exportadores e importadores
Se a Aliança do Pacífico "não tira o sono" do governo, como disse recentemente o assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia, o bloco preocupa --e muito-- as empresas do país que trabalham com comércio exterior.
"Já não temos preços competitivos, e agora nossos produtos não têm tarifa preferencial", afirma o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil, José Augusto de Castro.
O grupo formado por Colômbia, Chile, Peru e México anunciou na semana passada uma rodada de reduções tarifárias entre seus membros.
"Enquanto eles formam uma região de livre comércio e permitem acordos bilaterais com terceiros, o Mercosul só estimula as trocas internas. E ainda estamos vendo a comercialização com a Argentina minguar", diz.
"O IBGE mostrou o resultado do PIB e a queda das exportações. A tendência é que elas continuem diminuindo."
O presidente da entidade também afirma que os acordos comerciais que o Mercosul firmou até agora --com Palestina, Israel e Egito-- são insuficientes.
"São poucos e para um pequeno número de produtos."
Por outro lado, a Aliança do Pacífico ganha força. Portugal e França acabaram de ser admitidos como países observadores, assim como o Paraguai. O Uruguai já tinha esse status no grupo.
"Isso sugere que eles [os países vizinhos] pensam em mudar de bloco", diz Castro.
"Hoje o Mercosul é mais ideológico que comercial. E é voltado para dentro."
LINGERIE NA VITRINE
Sete anos depois de entrar no varejo e deixar de ser apenas fabricante, a grife de lingerie Hope planeja aumentar de 107 para mais de 140 o número de lojas em cidades brasileiras.
A empresa aposta no sistema de franquias e em clientes de shopping centers.
O plano é criar mais cem até 2015, de acordo com Sandra Chayo, sócia da empresa e filha do fundador, Nassim Hara.
"Quando eu e minhas irmãs entramos no negócio, sentimos a necessidade de reinventar e reposicionar a marca. Abrimos a primeira loja em 2006, deixando de estar em hipermercados, e avaliamos que a expansão deu muito certo", diz Chayo.
Outro objetivo é criar nos próximos anos até oito lojas-conceito, como a localizada hoje na rua Oscar Freire, em São Paulo, com 200 m². Os locais ainda estão em estudo.
O valor dos investimentos não é divulgado pela Hope.
Empresa lança leitor de cartão de crédito para pequena empresa
A Akatus, empresa que oferece meios de pagamentos eletrônicos, lançou um leitor de cartões de crédito para microempreendedores que é conectado a um smartphone para efetuar as vendas.
O produto é focado em vendedores e prestadores de serviço das classes C e D, como consultores de cosméticos, donos de barracas de lanche e taxistas.
"Nosso objetivo é oferecer uma solução para casos em que não faz sentido pagar aluguel de máquinas de cartão, já que o volume de transações é pequeno", diz o CEO da Akatus, Marcos Bueno.
"A ideia é que o pequeno empreendedor nunca mais perca uma venda por falta de opção de pagamento."
Além do leitor, a empresa lançou um cartão pré-pago com a bandeira Mastercard, que pode ser usado em compras mesmo sem que o usuário tenha conta em banco.
A medida auxilia o trabalhador informal, segundo Bueno, por não precisar comprovar renda, e permite que o microempreendedor separe sua conta pessoal com as rendas do negócio.
A Akatus tem 80 mil usuários e viabilizou 1,5 milhão de transações em um ano de existência.
A empresa teve investimento do Fundo Chase Equity, de Charles Martins, do Grupo Multi (das redes Wizard, Yázigi e Skill).
NO RASTRO
A Zatix Tecnologia, empresa resultante da associação da Omnilink, Graber e Teletrim, está lançando a plataforma telemática Linker, que unifica o rastreamento, a gestão de frotas e a recuperação de veículos.
A ferramenta facilita o planejamento e o acompanhamento de frotas: "Ela reduz o desperdício de combustível e aumenta a vida útil do veículo", diz o presidente da empresa, Cilineu Nunes.
"O lançamento é uma aposta nossa para elevar as vendas em 30% no curto prazo."
Bons... A Energisa Soluções, braço do Grupo Energisa para construção e gestão de ativos elétricos, começou a operar em um novo setor. Agora a empresa está também no ramo de operação e manutenção de parques eólicos, além de iluminação pública.
...ventos A companhia já atuava nos setores industrial, hidrelétrico e de transmissão e distribuição de energia. No primeiro trimestre deste ano, o lucro líquido consolidado da empresa ultrapassou a casa dos R$ 80 milhões.
Reunião... O ministro da Fazenda, Guido Mantega, desembarca na manhã de hoje em São Paulo para um encontro com o governador do Estado, Geraldo Alckmin.
...fiscal Entre os temas que serão discutidos durante o encontro está a reforma do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).
Sem economês... A seguradora Mongeral Aegon está lançando um portal de relacionamento (Eu Planejo 360°) para tratar de uma forma descomplicada o tema sobre finanças pessoais.
Venda... A Castelo Alimentos vai começar a exportar seus produtos para o Chile e para a República Dominicana. As vendas externas da empresa representaram 2,5% da receita líquida no ano passado. A previsão é que esse percentual se mantenha em 2013.
...latina Com os dois novos destinos, a marca estará em 15 países. Para este ano, a companhia prevê atingir uma produção de aproximadamente 72 milhões de litros de vinagres -cerca de 2,5% superior na comparação com 2012.
Corredor... O governo do Paraná e a Alcopar (associação de produtores de bioenergia) assinaram um termo para investir R$ 300 milhões em melhorias de estradas rurais, rodovias e acessos.
...moderno O objetivo é reformular os corredores usados por caminhões que escoam cana-de-açúcar, evitando a passagem por dentro de cidades e interligando vias até os portos.
Nova praça A carioca Vitalatte, que fabrica queijos, irá comercializar seus produtos também em São Paulo.
Aliança do Pacífico preocupa exportadores e importadores
Se a Aliança do Pacífico "não tira o sono" do governo, como disse recentemente o assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia, o bloco preocupa --e muito-- as empresas do país que trabalham com comércio exterior.
"Já não temos preços competitivos, e agora nossos produtos não têm tarifa preferencial", afirma o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil, José Augusto de Castro.
O grupo formado por Colômbia, Chile, Peru e México anunciou na semana passada uma rodada de reduções tarifárias entre seus membros.
"Enquanto eles formam uma região de livre comércio e permitem acordos bilaterais com terceiros, o Mercosul só estimula as trocas internas. E ainda estamos vendo a comercialização com a Argentina minguar", diz.
"O IBGE mostrou o resultado do PIB e a queda das exportações. A tendência é que elas continuem diminuindo."
O presidente da entidade também afirma que os acordos comerciais que o Mercosul firmou até agora --com Palestina, Israel e Egito-- são insuficientes.
"São poucos e para um pequeno número de produtos."
Por outro lado, a Aliança do Pacífico ganha força. Portugal e França acabaram de ser admitidos como países observadores, assim como o Paraguai. O Uruguai já tinha esse status no grupo.
"Isso sugere que eles [os países vizinhos] pensam em mudar de bloco", diz Castro.
"Hoje o Mercosul é mais ideológico que comercial. E é voltado para dentro."
LINGERIE NA VITRINE
Sete anos depois de entrar no varejo e deixar de ser apenas fabricante, a grife de lingerie Hope planeja aumentar de 107 para mais de 140 o número de lojas em cidades brasileiras.
A empresa aposta no sistema de franquias e em clientes de shopping centers.
O plano é criar mais cem até 2015, de acordo com Sandra Chayo, sócia da empresa e filha do fundador, Nassim Hara.
"Quando eu e minhas irmãs entramos no negócio, sentimos a necessidade de reinventar e reposicionar a marca. Abrimos a primeira loja em 2006, deixando de estar em hipermercados, e avaliamos que a expansão deu muito certo", diz Chayo.
Outro objetivo é criar nos próximos anos até oito lojas-conceito, como a localizada hoje na rua Oscar Freire, em São Paulo, com 200 m². Os locais ainda estão em estudo.
O valor dos investimentos não é divulgado pela Hope.
Empresa lança leitor de cartão de crédito para pequena empresa
A Akatus, empresa que oferece meios de pagamentos eletrônicos, lançou um leitor de cartões de crédito para microempreendedores que é conectado a um smartphone para efetuar as vendas.
O produto é focado em vendedores e prestadores de serviço das classes C e D, como consultores de cosméticos, donos de barracas de lanche e taxistas.
"Nosso objetivo é oferecer uma solução para casos em que não faz sentido pagar aluguel de máquinas de cartão, já que o volume de transações é pequeno", diz o CEO da Akatus, Marcos Bueno.
"A ideia é que o pequeno empreendedor nunca mais perca uma venda por falta de opção de pagamento."
Além do leitor, a empresa lançou um cartão pré-pago com a bandeira Mastercard, que pode ser usado em compras mesmo sem que o usuário tenha conta em banco.
A medida auxilia o trabalhador informal, segundo Bueno, por não precisar comprovar renda, e permite que o microempreendedor separe sua conta pessoal com as rendas do negócio.
A Akatus tem 80 mil usuários e viabilizou 1,5 milhão de transações em um ano de existência.
A empresa teve investimento do Fundo Chase Equity, de Charles Martins, do Grupo Multi (das redes Wizard, Yázigi e Skill).
NO RASTRO
A Zatix Tecnologia, empresa resultante da associação da Omnilink, Graber e Teletrim, está lançando a plataforma telemática Linker, que unifica o rastreamento, a gestão de frotas e a recuperação de veículos.
A ferramenta facilita o planejamento e o acompanhamento de frotas: "Ela reduz o desperdício de combustível e aumenta a vida útil do veículo", diz o presidente da empresa, Cilineu Nunes.
"O lançamento é uma aposta nossa para elevar as vendas em 30% no curto prazo."
Bons... A Energisa Soluções, braço do Grupo Energisa para construção e gestão de ativos elétricos, começou a operar em um novo setor. Agora a empresa está também no ramo de operação e manutenção de parques eólicos, além de iluminação pública.
...ventos A companhia já atuava nos setores industrial, hidrelétrico e de transmissão e distribuição de energia. No primeiro trimestre deste ano, o lucro líquido consolidado da empresa ultrapassou a casa dos R$ 80 milhões.
Reunião... O ministro da Fazenda, Guido Mantega, desembarca na manhã de hoje em São Paulo para um encontro com o governador do Estado, Geraldo Alckmin.
...fiscal Entre os temas que serão discutidos durante o encontro está a reforma do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).
Sem economês... A seguradora Mongeral Aegon está lançando um portal de relacionamento (Eu Planejo 360°) para tratar de uma forma descomplicada o tema sobre finanças pessoais.
Venda... A Castelo Alimentos vai começar a exportar seus produtos para o Chile e para a República Dominicana. As vendas externas da empresa representaram 2,5% da receita líquida no ano passado. A previsão é que esse percentual se mantenha em 2013.
...latina Com os dois novos destinos, a marca estará em 15 países. Para este ano, a companhia prevê atingir uma produção de aproximadamente 72 milhões de litros de vinagres -cerca de 2,5% superior na comparação com 2012.
Corredor... O governo do Paraná e a Alcopar (associação de produtores de bioenergia) assinaram um termo para investir R$ 300 milhões em melhorias de estradas rurais, rodovias e acessos.
...moderno O objetivo é reformular os corredores usados por caminhões que escoam cana-de-açúcar, evitando a passagem por dentro de cidades e interligando vias até os portos.
Nova praça A carioca Vitalatte, que fabrica queijos, irá comercializar seus produtos também em São Paulo.
A China retorna ao pódio - JOÃO MELLÃO NETO
O Estado de S.Paulo - 31/05
Na antiga China, uma mulher desolada praguejava contra seu infeliz destino. "Por que chora?", perguntou-lhe um viajante.
"Ah, senhor, é o malvado do tigre. Ele devorou meu pai, meus irmãos e em breve vai voltar para me devorar"
"E por que a senhora não se muda para a cidade?"
"E eu sou louca? Lá existe o governo!"
Através do século 20 a História provou que ela tinha razão. Durante esse período o tigre, embora assumindo numerosas caras, manteve sua natureza: foi sempre voraz e impiedoso.
Em 1949, quando Mao Tsé-tung assumiu o poder, houve quem acreditasse que uma nova e gloriosa era se iniciava na China. Havia ao menos uma promessa dúbia dos novos governantes: o comunismo, que eles estavam em via de implantar, seria, finalmente, o fim da "exploração do homem pelo homem". Logo ficou evidente que era isso mesmo. Apenas se cuidou de inverter os termos da equação. Ou seja, na nova fórmula, o homem continuou a explorar o homem e quanto ao tigre, ficou ainda mais voraz que antes.
Num relato histórico sucinto, primeiro se providenciou a execução em massa dos simpatizantes e colaboradores do antigo regime. Depois, uma a uma, sucessivamente, surgiram as palavras de ordem da nova China. Foi aí que o novo tigre arreganhou os dentes e mostrou a que veio. Segundo Mao, a China só se poderia tornar uma nação civilizada se promovesse uma industrialização acelerada e coletivizasse o campo. Para alcançar a primeira meta, chamada de "O Grande Salto Adiante", ele conclamou cada chinês a deixar a agricultura em segundo plano e passar a produzir aço em seu quintal. Ora, aço não se produz assim, de maneira artesanal. Entre 1958 e 1960 a China, além de não lograr produzir aço algum, passou por uma grande fome, já que os braços disponíveis para a lavoura estavam todos ocupados na "siderurgia". Foi necessário que de 20 milhões a 30 milhões de pessoas morressem de fome para que os dirigentes chineses admitissem que haviam errado.
Embora nada fosse divulgado, Mao viveu um período de ostracismo imposto pela cúpula do PC chinês. Mas não tardaria a voltar ao proscênio. Em 1966 insurgiu-se contra as elites do funcionalismo público e os intelectuais, que, segundo ele, conspiravam contra os ideais originais da revolução. Para obter êxito contou com a mobilização da Guarda Vermelha, composta fundamentalmente por adolescentes radicais, em especial estudantes, camponeses e militares. Estavam todos solidamente unidos para enfrentar os que, supostamente, ameaçavam os ideais revolucionários. Como reza uma antiga lição da História, todo mundo está disposto a verter sangue pela pátria desde que não saiba precisamente por quê.
Não há indicações exatas sobre o número de vítimas da Revolução Cultural. Mas entre elas estavam, com certeza, todos os membros das elites estudadas da China. A terra do mandarins, reconhecida em todo o mundo pela excelência de seu funcionalismo público, subitamente deixou a meritocracia de lado. E pagaria alto preço por isso.
De repente não havia mais quem tivesse cultura e capacidade para dirigir a nação. Os poucos que sobreviveram aos campos de reeducação estavam velhos e desgastados demais para fazê-lo. Foi nesse cenário desolador que Deng Xiaoping, uma das vítimas da Revolução Cultural, chegou ao poder, em 1976.
Deng logo tratou de promover uma abertura econômica em grande escala. Ciente dos potenciais da China em relação às demais nações, percebeu que nada poderia ser feito sem que o tigre fosse enjaulado em definitivo. Sua intuição estava certa. Já há mais de dez anos a economia chinesa é a que mais se desenvolve no mundo.
O que muitos ocidentais se perguntam é quando e como a China se tornará uma nação democrática. A resposta mais provável é que isso nunca acontecerá. Os chineses reverenciam sua burocracia sem nenhum tipo de questionamento. Eles sabem que seus altos funcionários públicos só estão onde se encontram porque demonstraram publicamente possuir méritos para tanto. Mostram até certo ceticismo quanto à democracia. Como pode haver um mínimo de previsibilidade em nações cujos governos se alternam, digamos, a cada quatro anos? Outra questão muito frequente se refere à capacitação dos governantes: quem pode garantir que aqueles que discursam melhor são os que melhor administram?
No mais, cabe lembrar que o país tem um passado glorioso e um futuro mais promissor ainda. A monumental Muralha da China teve grande parte de sua construção iniciada dois séculos antes da vinda de Cristo. Sua extensão é de 8.851 km e tem, em média, 7 metros de altura e 7,5 metros de largura.
Quando os chineses decidiram singrar os mares, eles o fizeram com a grandiosidade que sempre os caracterizou. Sob o comando do almirante Zheng He, na dinastia Ming, criaram uma gigantesca esquadra de 300 navios, cada um com 120 metros de comprimento. Suas tripulações, somadas, passavam de 28 mil homens. Para ter um termo de comparação basta recordar que a nau capitânia de Colombo tinha 27 metros e sua tripulação não excedia 40 homens. Considere-se, também, que as expedições chinesas ocorreram quase um século antes das portuguesas e espanholas.
Que ninguém se sinta surpreso com o recente crescimento econômico chinês. O fato é que a China está apenas retomando o papel que sempre lhe coube
Os chineses eram tão ciosos de sua força que o imperador Manchu assim respondeu a uma carta do rei Jorge III da Inglaterra propondo a abertura do comércio entre as duas nações: "Possuímos de tudo. E nenhum valor dou às coisas estranhas ou engenhosas. Nada tenho a fazer com os produtos manufaturados de vosso país. É por isso que recuso o seu pedido". Isso se deu em 1792.
A Inglaterra, então, passou a traficar ópio para os chineses. Algo que o imperador Manchu jamais cogitou de produzir.
Na antiga China, uma mulher desolada praguejava contra seu infeliz destino. "Por que chora?", perguntou-lhe um viajante.
"Ah, senhor, é o malvado do tigre. Ele devorou meu pai, meus irmãos e em breve vai voltar para me devorar"
"E por que a senhora não se muda para a cidade?"
"E eu sou louca? Lá existe o governo!"
Através do século 20 a História provou que ela tinha razão. Durante esse período o tigre, embora assumindo numerosas caras, manteve sua natureza: foi sempre voraz e impiedoso.
Em 1949, quando Mao Tsé-tung assumiu o poder, houve quem acreditasse que uma nova e gloriosa era se iniciava na China. Havia ao menos uma promessa dúbia dos novos governantes: o comunismo, que eles estavam em via de implantar, seria, finalmente, o fim da "exploração do homem pelo homem". Logo ficou evidente que era isso mesmo. Apenas se cuidou de inverter os termos da equação. Ou seja, na nova fórmula, o homem continuou a explorar o homem e quanto ao tigre, ficou ainda mais voraz que antes.
Num relato histórico sucinto, primeiro se providenciou a execução em massa dos simpatizantes e colaboradores do antigo regime. Depois, uma a uma, sucessivamente, surgiram as palavras de ordem da nova China. Foi aí que o novo tigre arreganhou os dentes e mostrou a que veio. Segundo Mao, a China só se poderia tornar uma nação civilizada se promovesse uma industrialização acelerada e coletivizasse o campo. Para alcançar a primeira meta, chamada de "O Grande Salto Adiante", ele conclamou cada chinês a deixar a agricultura em segundo plano e passar a produzir aço em seu quintal. Ora, aço não se produz assim, de maneira artesanal. Entre 1958 e 1960 a China, além de não lograr produzir aço algum, passou por uma grande fome, já que os braços disponíveis para a lavoura estavam todos ocupados na "siderurgia". Foi necessário que de 20 milhões a 30 milhões de pessoas morressem de fome para que os dirigentes chineses admitissem que haviam errado.
Embora nada fosse divulgado, Mao viveu um período de ostracismo imposto pela cúpula do PC chinês. Mas não tardaria a voltar ao proscênio. Em 1966 insurgiu-se contra as elites do funcionalismo público e os intelectuais, que, segundo ele, conspiravam contra os ideais originais da revolução. Para obter êxito contou com a mobilização da Guarda Vermelha, composta fundamentalmente por adolescentes radicais, em especial estudantes, camponeses e militares. Estavam todos solidamente unidos para enfrentar os que, supostamente, ameaçavam os ideais revolucionários. Como reza uma antiga lição da História, todo mundo está disposto a verter sangue pela pátria desde que não saiba precisamente por quê.
Não há indicações exatas sobre o número de vítimas da Revolução Cultural. Mas entre elas estavam, com certeza, todos os membros das elites estudadas da China. A terra do mandarins, reconhecida em todo o mundo pela excelência de seu funcionalismo público, subitamente deixou a meritocracia de lado. E pagaria alto preço por isso.
De repente não havia mais quem tivesse cultura e capacidade para dirigir a nação. Os poucos que sobreviveram aos campos de reeducação estavam velhos e desgastados demais para fazê-lo. Foi nesse cenário desolador que Deng Xiaoping, uma das vítimas da Revolução Cultural, chegou ao poder, em 1976.
Deng logo tratou de promover uma abertura econômica em grande escala. Ciente dos potenciais da China em relação às demais nações, percebeu que nada poderia ser feito sem que o tigre fosse enjaulado em definitivo. Sua intuição estava certa. Já há mais de dez anos a economia chinesa é a que mais se desenvolve no mundo.
O que muitos ocidentais se perguntam é quando e como a China se tornará uma nação democrática. A resposta mais provável é que isso nunca acontecerá. Os chineses reverenciam sua burocracia sem nenhum tipo de questionamento. Eles sabem que seus altos funcionários públicos só estão onde se encontram porque demonstraram publicamente possuir méritos para tanto. Mostram até certo ceticismo quanto à democracia. Como pode haver um mínimo de previsibilidade em nações cujos governos se alternam, digamos, a cada quatro anos? Outra questão muito frequente se refere à capacitação dos governantes: quem pode garantir que aqueles que discursam melhor são os que melhor administram?
No mais, cabe lembrar que o país tem um passado glorioso e um futuro mais promissor ainda. A monumental Muralha da China teve grande parte de sua construção iniciada dois séculos antes da vinda de Cristo. Sua extensão é de 8.851 km e tem, em média, 7 metros de altura e 7,5 metros de largura.
Quando os chineses decidiram singrar os mares, eles o fizeram com a grandiosidade que sempre os caracterizou. Sob o comando do almirante Zheng He, na dinastia Ming, criaram uma gigantesca esquadra de 300 navios, cada um com 120 metros de comprimento. Suas tripulações, somadas, passavam de 28 mil homens. Para ter um termo de comparação basta recordar que a nau capitânia de Colombo tinha 27 metros e sua tripulação não excedia 40 homens. Considere-se, também, que as expedições chinesas ocorreram quase um século antes das portuguesas e espanholas.
Que ninguém se sinta surpreso com o recente crescimento econômico chinês. O fato é que a China está apenas retomando o papel que sempre lhe coube
Os chineses eram tão ciosos de sua força que o imperador Manchu assim respondeu a uma carta do rei Jorge III da Inglaterra propondo a abertura do comércio entre as duas nações: "Possuímos de tudo. E nenhum valor dou às coisas estranhas ou engenhosas. Nada tenho a fazer com os produtos manufaturados de vosso país. É por isso que recuso o seu pedido". Isso se deu em 1792.
A Inglaterra, então, passou a traficar ópio para os chineses. Algo que o imperador Manchu jamais cogitou de produzir.
Confusão digital na Justiça FERNANDO FRAGOSO
O GLOBO - 31/05
Fernando Fragoso é presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros
Para reduzir gastos com processos judiciais e buscar alternativas para a morosidade da Justiça brasileira, que soma atualmente 90 milhões de processos em andamento, os tribunais determinaram o cumprimento da Lei do Processo Eletrônico (nº 11.419), promulgada em 2006.
A decisão obriga os 700 mil advogados brasileiros a aprender a operar os diferentes sistemas dos tribunais do país, em todos os níveis.
Vivemos em um país com condições que variam de região para região. Muitos profissionais não têm estrutura financeira para adquirir as ferramentas tecnológicas adequadas, ou não possuem intimidade com sistemas digitalizados.
Diante disso, não podemos defender que a exigência de tal habilidade seja juridicamente correta, pois representa um obstáculo de acesso à Justiça brasileira.
Ainda que a informatização seja o futuro desejável, acredito que a sua implantação deva ser feita gradativamente, permitindo a participação das classes envolvidas.
Encaminhei, recentemente, um ofício ao presidente do Tribunal Superior do Trabalho protestando contra a distribuição de ações trabalhistas exclusivamente por meio eletrônico, iniciada no mês de março. Buscando a união de forças com o Conselho Federal e a OAB/RJ, apresentamos nossa posição em relação à dificuldade de acesso desta maneira.
Outro ponto fundamental é a necessidade de unificação do processo eletrônico.
É inadmissível que o Poder Judiciário não tenha pensado na harmonização dos sistemas já em uso.
Diversos organismos da advocacia, inclusive o Instituto dos Advogados Brasileiros, têm se manifestado nessa direção.
Para alcançarmos uma utilização eficiente do sistema é preciso que o Judiciário adote regras padronizadas e elabore um modelo único nos tribunais de todo o país.
O Poder Judiciário é um serviço público destinado à solução de conflitos entre os cidadãos e seu acesso deve ser amplo, como garante a Constituição Federal. O processo eletrônico precisa ser uma ferramenta acessível, e não mais uma dificuldade.
No entanto, suas exigências extrapolam a previsão legal. A informatização do sistema é um caminho inevitável, mas não é possível implantá-la de forma imediata e sem preparação prévia, como está sendo feito. Uma fase experimental, que proporcione um prazo para que os advogados se atualizem e se preparem para a nova realidade, seria a decisão mais acertada neste momento.
O cidadão brasileiro é o verdadeiro usuário do sistema de Justiça, tendo, em seu advogado, o principal recurso para chegar até ela.
É inaceitável que estes profissionais tenham que se adequar a diferentes sistemas em cada parte do país. Isto torna a Justiça ainda mais distante e menos acessível para a sociedade.
Fernando Fragoso é presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros
Para reduzir gastos com processos judiciais e buscar alternativas para a morosidade da Justiça brasileira, que soma atualmente 90 milhões de processos em andamento, os tribunais determinaram o cumprimento da Lei do Processo Eletrônico (nº 11.419), promulgada em 2006.
A decisão obriga os 700 mil advogados brasileiros a aprender a operar os diferentes sistemas dos tribunais do país, em todos os níveis.
Vivemos em um país com condições que variam de região para região. Muitos profissionais não têm estrutura financeira para adquirir as ferramentas tecnológicas adequadas, ou não possuem intimidade com sistemas digitalizados.
Diante disso, não podemos defender que a exigência de tal habilidade seja juridicamente correta, pois representa um obstáculo de acesso à Justiça brasileira.
Ainda que a informatização seja o futuro desejável, acredito que a sua implantação deva ser feita gradativamente, permitindo a participação das classes envolvidas.
Encaminhei, recentemente, um ofício ao presidente do Tribunal Superior do Trabalho protestando contra a distribuição de ações trabalhistas exclusivamente por meio eletrônico, iniciada no mês de março. Buscando a união de forças com o Conselho Federal e a OAB/RJ, apresentamos nossa posição em relação à dificuldade de acesso desta maneira.
Outro ponto fundamental é a necessidade de unificação do processo eletrônico.
É inadmissível que o Poder Judiciário não tenha pensado na harmonização dos sistemas já em uso.
Diversos organismos da advocacia, inclusive o Instituto dos Advogados Brasileiros, têm se manifestado nessa direção.
Para alcançarmos uma utilização eficiente do sistema é preciso que o Judiciário adote regras padronizadas e elabore um modelo único nos tribunais de todo o país.
O Poder Judiciário é um serviço público destinado à solução de conflitos entre os cidadãos e seu acesso deve ser amplo, como garante a Constituição Federal. O processo eletrônico precisa ser uma ferramenta acessível, e não mais uma dificuldade.
No entanto, suas exigências extrapolam a previsão legal. A informatização do sistema é um caminho inevitável, mas não é possível implantá-la de forma imediata e sem preparação prévia, como está sendo feito. Uma fase experimental, que proporcione um prazo para que os advogados se atualizem e se preparem para a nova realidade, seria a decisão mais acertada neste momento.
O cidadão brasileiro é o verdadeiro usuário do sistema de Justiça, tendo, em seu advogado, o principal recurso para chegar até ela.
É inaceitável que estes profissionais tenham que se adequar a diferentes sistemas em cada parte do país. Isto torna a Justiça ainda mais distante e menos acessível para a sociedade.
Um novo começo. Ou não - ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 31/05
A cúpula do PMDB diagnosticou, em reunião na noite de quinta-feira com o vice, Michel Temer, que a crise entre Planalto e Congresso não é só por falta de articulação. Mas também porque Dilma não reconhece o problema, já que sai vitoriosa na maioria das votações. Temer se reunirá com a presidente segunda-feira para avisar que a situação é gravíssima e que há iminência de rebelião.
Na ponta do lápis
Alguns petistas estão pessimistas com o desempenho do PT nas eleições estaduais do ano que vem. Dizem que serão muito duras as campanhas pelas reeleições de Tarso Genro (RS), Agnelo Queiroz (DF) e Tião Viana (AC). Além disso, a sucessão de Jaques Wagner (BA) vem sendo avaliada como complicada. Lembram que o sucessor do governador de Sergipe, Marcelo Déda, será Jackson Barreto (PMDB). Os candidatos mais bem posicionados hoje são Lindbergh Farias (RJ), Delcídio Amaral (MS) e Wellington Dias (PI). A sobrevivência nos estados é um dos motivos da blindagem de Lindbergh e da manutenção de sua candidatura.
Quem diria
Considerado arrogante por senadores e deputados, o ministro Aloizio Mercadante (Educação) virou a salvação da articulação política do governo. Congressistas preferem lidar com ele a lidar com Gleisi Hoffmann (Casa Civil).
Bê-á-bá
Em debate na Comissão Mista do Orçamento, esta semana, a ministra Miriam Belchior (Planejamento) foi solicitada por deputados a dar explicações sobre as concessões do governo. Disse que não estava ali para dar aula, mas foi didática: "alugamos o apartamento (concessão) e não vendemos o apartamento (privatização)", sintetizou.
A lebre e a tartaruga
O líder do governo no Congresso, José Pimentel (PT-CE), tem desempenho criticado no governo. Tanto que sua atuação é explicada assim pelos corredores do Planalto: se ele tiver que cuidar de duas tartarugas, uma foge e a outra engravida.
Otimismo
O ex-presidente Lula adota uma postura blasé toda vez que o abordam sobre as dificuldades de negociação com PMDB e demais aliados nas disputas pelos governos estaduais. Ele pede calma e diz que o normal é que tudo se acomode no ano que vem. Lula avalia que as realizações do governo e a aprovação da presidente Dilma vão contribuir para o entendimento.
Próximo round
Projeto de lei que permite a criação de novos municípios é a bola da vez na crise entre Congresso e Planalto. A matéria deve ser votada na semana que vem. O governo diz que não tem a mínima condição de bancar novas cidades.
Bem na foto
A CBF cobra dos donos dos estádios, onde haverá jogos da Copa das Confederações, o cabeamento interno. Sem isso, a transmissão de dados e fotos não poderá ser feita. O cabeamento externo já chegou à central de distribuição das arenas.
Frase de um ministro sobre a trapalhada da Caixa no pagamento antecipado do Bolsa Família: "É a capacidade de dar um tiro no pé".
A cúpula do PMDB diagnosticou, em reunião na noite de quinta-feira com o vice, Michel Temer, que a crise entre Planalto e Congresso não é só por falta de articulação. Mas também porque Dilma não reconhece o problema, já que sai vitoriosa na maioria das votações. Temer se reunirá com a presidente segunda-feira para avisar que a situação é gravíssima e que há iminência de rebelião.
Na ponta do lápis
Alguns petistas estão pessimistas com o desempenho do PT nas eleições estaduais do ano que vem. Dizem que serão muito duras as campanhas pelas reeleições de Tarso Genro (RS), Agnelo Queiroz (DF) e Tião Viana (AC). Além disso, a sucessão de Jaques Wagner (BA) vem sendo avaliada como complicada. Lembram que o sucessor do governador de Sergipe, Marcelo Déda, será Jackson Barreto (PMDB). Os candidatos mais bem posicionados hoje são Lindbergh Farias (RJ), Delcídio Amaral (MS) e Wellington Dias (PI). A sobrevivência nos estados é um dos motivos da blindagem de Lindbergh e da manutenção de sua candidatura.
"Não gostei dos 8% de juros.
A inflação está com viés de baixa e já dá sinais de esgotamento do aumento do consumo"
Cândido Vaccarezza Deputado federal (PT-SP)
Quem diria
Considerado arrogante por senadores e deputados, o ministro Aloizio Mercadante (Educação) virou a salvação da articulação política do governo. Congressistas preferem lidar com ele a lidar com Gleisi Hoffmann (Casa Civil).
Bê-á-bá
Em debate na Comissão Mista do Orçamento, esta semana, a ministra Miriam Belchior (Planejamento) foi solicitada por deputados a dar explicações sobre as concessões do governo. Disse que não estava ali para dar aula, mas foi didática: "alugamos o apartamento (concessão) e não vendemos o apartamento (privatização)", sintetizou.
A lebre e a tartaruga
O líder do governo no Congresso, José Pimentel (PT-CE), tem desempenho criticado no governo. Tanto que sua atuação é explicada assim pelos corredores do Planalto: se ele tiver que cuidar de duas tartarugas, uma foge e a outra engravida.
Otimismo
O ex-presidente Lula adota uma postura blasé toda vez que o abordam sobre as dificuldades de negociação com PMDB e demais aliados nas disputas pelos governos estaduais. Ele pede calma e diz que o normal é que tudo se acomode no ano que vem. Lula avalia que as realizações do governo e a aprovação da presidente Dilma vão contribuir para o entendimento.
Próximo round
Projeto de lei que permite a criação de novos municípios é a bola da vez na crise entre Congresso e Planalto. A matéria deve ser votada na semana que vem. O governo diz que não tem a mínima condição de bancar novas cidades.
Bem na foto
A CBF cobra dos donos dos estádios, onde haverá jogos da Copa das Confederações, o cabeamento interno. Sem isso, a transmissão de dados e fotos não poderá ser feita. O cabeamento externo já chegou à central de distribuição das arenas.
Frase de um ministro sobre a trapalhada da Caixa no pagamento antecipado do Bolsa Família: "É a capacidade de dar um tiro no pé".
No meio do tiroteio - VERA MAGALHÃES - PAINEL
FOLHA DE SP - 31/05
Depois de mais uma troca pública de farpas entre PT e PMDB, os presidentes da Câmara, Henrique Alves (RN), e do Senado, Renan Calheiros (AL), pediram ao vice-presidente da República, Michel Temer, uma conversa com a presidente Dilma Rousseff no início da próxima semana. Peemedebistas se queixam de que Temer, em nome da manutenção da chapa para 2014, deixou de ser um interlocutor do partido no governo para agir como porta-voz do governo com o partido.
Esfinge Temer esteve com Dilma na quarta-feira, depois do bate-boca entre Renan e a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil). Em seguida, reuniu peemedebistas no Palácio do Jaburu, mas não disse nada que acalmasse os exaltados correligionários.
Encrenca... Representantes da comunidade científica estiveram com o presidente do Senado nesta semana para pedir mudanças na medida provisória 614, apresentada pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante (PT), em maio, que reestrutura a carreira dos professores de universidades federais.
... federal A proposta, que deve entrar na pauta nas próximas semanas, proíbe os professores de prestarem consultoria ou transferirem a tecnologia de suas pesquisas a empresas. Os professores afirmam que a proibição entra em conflito com a Lei de Inovação. Renan teria se mostrado favorável ao pleito.
De volta... O plenário do Senado vai analisar a recondução de Leandro Reis para a diretoria da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). Ele foi diretor da agência até novembro de 2012, quando venceu seu mandato.
... pra casa Ex-executivo da Amil, Reis foi responsável, na ANS, pela aprovação da venda da empresa para a americana United Health, graças a uma resolução que transferiu para sua responsabilidade a aprovação de "qualquer ato societário".
Copa e cozinha A ANS tem outra vaga aberta. O governo estuda indicar para a diretoria de Fiscalização Elano Figueiredo, ex assessor jurídico Hapvida, seguradora campeã de multas do Nordeste. A diretoria é a responsável na agência pelas sanções aplicadas às operadoras.
Dendê 1 O governador Jaques Wagner (PT-BA) não deve ser candidato ao Senado. Ele prefere se lançar a deputado federal para ter mais tempo de se dedicar à coordenação da campanha de Dilma à reeleição no Nordeste.
Dendê 2 Wagner está mais propenso a lançar o vice-governador, Otto Alencar (PSD), que qualquer um dos petistas cotados para sucedê-lo no governo, como forma de ampliar o arco de alianças.
Sem gás Ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, perdeu pontos na disputa interna do PT baiano graças aos maus resultados da estatal e às críticas a investimentos como a compra da refinaria de Pasadena (EUA), feitos em sua gestão.
Estrela 1 Uma vez confirmada sua candidatura à reeleição à Câmara, Tiririca terá tratamento vip na propaganda do PR. Além de explorar sua veia cômica, a ideia é mostrá-lo como campeão de assiduidade no Legislativo.
Estrela 2 O partido quer um marqueteiro renomado para produzir o programa de TV de SP. Estão cotados Nelson Biondi e Elsinho Mouco.
Vapt-vupt A Assembleia paulista criou um grupo de trabalho para rever o regimento interno da Casa. Uma das mudanças previstas elimina a exigência de os 94 deputados votarem nominalmente durante a eleição da Mesa Diretora, mesmo quando há apenas um candidato.
com ANDRÉIA SADI e LUIZA BANDEIRA
tiroteio
"A ministra, que é senadora, desrespeita a própria Casa. A arrogância do governo Dilma afronta o Congresso, um Poder independente."
DO SENADOR CÁSSIO CUNHA LIMA (PSDB-PB), sobre Gleisi Hoffmann ter tentado atropelar a Casa na discussão de alternativa à MP da conta de luz.
contraponto
Ele ficou bestificado com a cidade
Quando era prefeito de Curitiba, na década de 1980, Jaime Lerner costumava sair todas as noites com seu motorista para visitar bairros da cidade. Ele levava uma maquete para mostrar aos moradores como ficaria a cidade depois das obras de sua gestão.
Anos mais tarde, quando era governador, o mesmo motorista o levou para o aeroporto. Lerner perguntou se ele conhecia Brasília e, diante da resposta negativa, convidou-o para acompanhá-lo. O motorista, que nunca havia andando de avião, exclamou, olhando para baixo:
--Olha! Igualzinho à maquete!
Depois de mais uma troca pública de farpas entre PT e PMDB, os presidentes da Câmara, Henrique Alves (RN), e do Senado, Renan Calheiros (AL), pediram ao vice-presidente da República, Michel Temer, uma conversa com a presidente Dilma Rousseff no início da próxima semana. Peemedebistas se queixam de que Temer, em nome da manutenção da chapa para 2014, deixou de ser um interlocutor do partido no governo para agir como porta-voz do governo com o partido.
Esfinge Temer esteve com Dilma na quarta-feira, depois do bate-boca entre Renan e a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil). Em seguida, reuniu peemedebistas no Palácio do Jaburu, mas não disse nada que acalmasse os exaltados correligionários.
Encrenca... Representantes da comunidade científica estiveram com o presidente do Senado nesta semana para pedir mudanças na medida provisória 614, apresentada pelo ministro da Educação, Aloizio Mercadante (PT), em maio, que reestrutura a carreira dos professores de universidades federais.
... federal A proposta, que deve entrar na pauta nas próximas semanas, proíbe os professores de prestarem consultoria ou transferirem a tecnologia de suas pesquisas a empresas. Os professores afirmam que a proibição entra em conflito com a Lei de Inovação. Renan teria se mostrado favorável ao pleito.
De volta... O plenário do Senado vai analisar a recondução de Leandro Reis para a diretoria da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). Ele foi diretor da agência até novembro de 2012, quando venceu seu mandato.
... pra casa Ex-executivo da Amil, Reis foi responsável, na ANS, pela aprovação da venda da empresa para a americana United Health, graças a uma resolução que transferiu para sua responsabilidade a aprovação de "qualquer ato societário".
Copa e cozinha A ANS tem outra vaga aberta. O governo estuda indicar para a diretoria de Fiscalização Elano Figueiredo, ex assessor jurídico Hapvida, seguradora campeã de multas do Nordeste. A diretoria é a responsável na agência pelas sanções aplicadas às operadoras.
Dendê 1 O governador Jaques Wagner (PT-BA) não deve ser candidato ao Senado. Ele prefere se lançar a deputado federal para ter mais tempo de se dedicar à coordenação da campanha de Dilma à reeleição no Nordeste.
Dendê 2 Wagner está mais propenso a lançar o vice-governador, Otto Alencar (PSD), que qualquer um dos petistas cotados para sucedê-lo no governo, como forma de ampliar o arco de alianças.
Sem gás Ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, perdeu pontos na disputa interna do PT baiano graças aos maus resultados da estatal e às críticas a investimentos como a compra da refinaria de Pasadena (EUA), feitos em sua gestão.
Estrela 1 Uma vez confirmada sua candidatura à reeleição à Câmara, Tiririca terá tratamento vip na propaganda do PR. Além de explorar sua veia cômica, a ideia é mostrá-lo como campeão de assiduidade no Legislativo.
Estrela 2 O partido quer um marqueteiro renomado para produzir o programa de TV de SP. Estão cotados Nelson Biondi e Elsinho Mouco.
Vapt-vupt A Assembleia paulista criou um grupo de trabalho para rever o regimento interno da Casa. Uma das mudanças previstas elimina a exigência de os 94 deputados votarem nominalmente durante a eleição da Mesa Diretora, mesmo quando há apenas um candidato.
com ANDRÉIA SADI e LUIZA BANDEIRA
tiroteio
"A ministra, que é senadora, desrespeita a própria Casa. A arrogância do governo Dilma afronta o Congresso, um Poder independente."
DO SENADOR CÁSSIO CUNHA LIMA (PSDB-PB), sobre Gleisi Hoffmann ter tentado atropelar a Casa na discussão de alternativa à MP da conta de luz.
contraponto
Ele ficou bestificado com a cidade
Quando era prefeito de Curitiba, na década de 1980, Jaime Lerner costumava sair todas as noites com seu motorista para visitar bairros da cidade. Ele levava uma maquete para mostrar aos moradores como ficaria a cidade depois das obras de sua gestão.
Anos mais tarde, quando era governador, o mesmo motorista o levou para o aeroporto. Lerner perguntou se ele conhecia Brasília e, diante da resposta negativa, convidou-o para acompanhá-lo. O motorista, que nunca havia andando de avião, exclamou, olhando para baixo:
--Olha! Igualzinho à maquete!
E agora, ministro? - CELSO MING
O Estado de S.Paulo - 31/05
Diante do PIB decepcionante do primeiro trimestre e da perspectiva de desilusões mais ou menos equivalentes nos próximos, o governo Dilma não vai ficar como está.
São duas opções: ou faz mais do mesmo ou muda tudo. Ambas incluem riscos e poucos resultados imediatos, pelo menos até as vésperas das eleições presidenciais de 2014.
Na entrevista que deu logo após a divulgação do PIB, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, indicou que há mudanças em curso. Em vez de turbinar o consumo, como fez até recentemente, a ênfase da política econômica vai para o investimento.
É um reconhecimento, ainda que tardio, de que a política econômica partira do diagnóstico errado, de que o problema era o baixo consumo. A estratégia até então determinava que, uma vez estimulado o consumo, a produção (e o investimento) iria atrás, como cachorro de mendigo.
A conversão do governo ainda não convenceu. A ideia de que o investimento ficara em segundo plano até aqui não combina com a louvação oficial ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). É bom lembrar que a então candidata Dilma Rousseff foi apresentada ao eleitorado como "mãe do PAC", num clima em que o investimento já fora escolhido como alavanca do desenvolvimento econômico. De todo modo, vai sendo reconhecido que o PAC é pouco.
Dos 18% da renda aplicados hoje em investimento, o governo detém fatia pouco superior a 1 ponto porcentual. O resto sai do setor privado. No entanto, o empresário não vem se deixando seduzir pelas convocações da presidente para liberar seu espírito animal. Ele não sente firmeza na condução da economia.
Uma opção do tipo mais do mesmo consistiria em aprofundar o regime de altas despesas públicas destinadas a transferências de renda para determinados segmentos da população, apresentada sempre como política anticíclica, embora na prática produza mais distorções do que soluções. Continuaria, também, a propiciar reajustes salariais acima da produtividade do trabalho e as tais desonerações que custam caro e não passam de paliativo. É a receita que, na atual conjuntura nacional e internacional, conduz à repetição de pibinhos, de inflação em alta e de aumento do rombo das contas externas. Em compensação, enquanto mantiver a ilusão populista, é a política que, em princípio, garante votos.
A opção por mudança de rumos consistiria em reduzir substancialmente as despesas públicas para que o governo pudesse garantir vigoroso superávit primário (sobra da arrecadação para pagamento da dívida). O fator abriria espaço para a redução dos juros, o que todos querem, e para o barateamento do crédito. De quebra, permitiria maior desvalorização do real (alta do dólar) para fortalecimento da indústria - sem produzir a inflação que alimenta a desconfiança e a retração do setor privado. É claro, esse conjunto de políticas exigiria adiamento da instalação do Estado do bem-estar social, com o qual a sociedade parece contar.
Embora em algumas ocasiões diga o contrário, o governo parece mais disposto a seguir a primeira opção, para só aplicar a terapia de choque em um possível segundo mandato de Dilma. O maior risco é de que as condições da economia se deteriorem muito rapidamente e a reputação política da presidente chegue às vésperas das eleições com sérias avarias.
Diante do PIB decepcionante do primeiro trimestre e da perspectiva de desilusões mais ou menos equivalentes nos próximos, o governo Dilma não vai ficar como está.
São duas opções: ou faz mais do mesmo ou muda tudo. Ambas incluem riscos e poucos resultados imediatos, pelo menos até as vésperas das eleições presidenciais de 2014.
Na entrevista que deu logo após a divulgação do PIB, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, indicou que há mudanças em curso. Em vez de turbinar o consumo, como fez até recentemente, a ênfase da política econômica vai para o investimento.
É um reconhecimento, ainda que tardio, de que a política econômica partira do diagnóstico errado, de que o problema era o baixo consumo. A estratégia até então determinava que, uma vez estimulado o consumo, a produção (e o investimento) iria atrás, como cachorro de mendigo.
A conversão do governo ainda não convenceu. A ideia de que o investimento ficara em segundo plano até aqui não combina com a louvação oficial ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). É bom lembrar que a então candidata Dilma Rousseff foi apresentada ao eleitorado como "mãe do PAC", num clima em que o investimento já fora escolhido como alavanca do desenvolvimento econômico. De todo modo, vai sendo reconhecido que o PAC é pouco.
Dos 18% da renda aplicados hoje em investimento, o governo detém fatia pouco superior a 1 ponto porcentual. O resto sai do setor privado. No entanto, o empresário não vem se deixando seduzir pelas convocações da presidente para liberar seu espírito animal. Ele não sente firmeza na condução da economia.
Uma opção do tipo mais do mesmo consistiria em aprofundar o regime de altas despesas públicas destinadas a transferências de renda para determinados segmentos da população, apresentada sempre como política anticíclica, embora na prática produza mais distorções do que soluções. Continuaria, também, a propiciar reajustes salariais acima da produtividade do trabalho e as tais desonerações que custam caro e não passam de paliativo. É a receita que, na atual conjuntura nacional e internacional, conduz à repetição de pibinhos, de inflação em alta e de aumento do rombo das contas externas. Em compensação, enquanto mantiver a ilusão populista, é a política que, em princípio, garante votos.
A opção por mudança de rumos consistiria em reduzir substancialmente as despesas públicas para que o governo pudesse garantir vigoroso superávit primário (sobra da arrecadação para pagamento da dívida). O fator abriria espaço para a redução dos juros, o que todos querem, e para o barateamento do crédito. De quebra, permitiria maior desvalorização do real (alta do dólar) para fortalecimento da indústria - sem produzir a inflação que alimenta a desconfiança e a retração do setor privado. É claro, esse conjunto de políticas exigiria adiamento da instalação do Estado do bem-estar social, com o qual a sociedade parece contar.
Embora em algumas ocasiões diga o contrário, o governo parece mais disposto a seguir a primeira opção, para só aplicar a terapia de choque em um possível segundo mandato de Dilma. O maior risco é de que as condições da economia se deteriorem muito rapidamente e a reputação política da presidente chegue às vésperas das eleições com sérias avarias.
Um dia de cão na economia - LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS
FOLHA DE SP - 31/05
Hoje, os mercados financeiros vão reagir com força à decisão tomada pelo Copom sobre os juros
A última quarta-feira foi um verdadeiro dia de cão nos mercados financeiros no Brasil. Logo na abertura dos negócios, investidores e instituições financeiras sofreram um primeiro choque em suas expectativas com a divulgação, pelo IBGE, de um novo pibinho no primeiro trimestre deste ano.
O mercado esperava um crescimento da ordem de 0,9% --que corresponde a 3,6% no período de 12 meses--, sendo que alguns chegavam a prever taxas superiores a 1%. O número divulgado pelo IBGE foi de apenas 0,6%.
Para o leitor fazer uma avaliação da pobreza de nosso crescimento econômico, no mesmo dia as autoridades suíças divulgaram os números do PIB desse pequeno país dos Alpes, também no primeiro trimestre do ano: os mesmos 0,6% do Brasil.
O choque foi muito grande e o mercado de ações respondeu com uma queda de mais de 2,5% no índice Bovespa ao longo do dia.
No mercado de câmbio, os especuladores --que já vinham apostando há algum tempo em uma desvalorização do real-- aproveitaram o choque para empurrar as cotações de nossa moeda para nível recorde dos últimos meses.
O terceiro movimento especulativo dos mercados deu-se nas negociações com os juros Selic.
Respondendo às expectativas de que o BC iria responder ao PIB raquítico com moderação ainda maior no aperto da política monetária, os juros reduziram-se com força logo na abertura das negociações.
Por trás desse movimento pavloviano estava o raciocínio pelo qual a presidente Dilma não permitiria o uso dos juros no combate à inflação, como havia sido o teor de seu discurso recente na África do Sul.
Pois no início da noite, com os mercados já fechados, o Copom surpreendeu com uma aceleração na velocidade de elevação dos juros e com um comunicado ao mercado com termos duros sobre o combate à inflação neste e no próximo ano.
Reforçando esse compromisso, o BC informou a todos que a decisão havia sido unânime entre os diretores da instituição. Uma mensagem clara de que um novo Banco Central emergiu das cinzas da instituição que comandou com mão de ferro o sistema de metas de inflação nos oito anos do governo Lula.
Hoje, os mercados financeiros vão reagir com força a isso e mui- tos operadores que fizeram uma leitura errada do governo Dilma terão que voltar mais cedo de seu fim de semana alongado.
Certamente, a grande dúvida que comandará as reflexões de investidores e analistas econômicos estará centrada na extensão dessa inesperada mudança de atitude do BC.
Terá sido ela fruto de uma revolta interna --de uma instituição do Estado brasileiro com larga história e respeito de todos-- depois de um período de perda de credibilidade em função de movimentos confusos na gestão do sistema de metas de inflação, uma das âncoras importantes do equilíbrio macroeconômico dos últimos 16 anos no Brasil?
Ou as mudanças são mais profundas e chegam mesmo ao Palácio do Planalto, com a presidente entendendo, finalmente, que trazer a inflação para mais próximo do centro da meta é o instrumento mais importante para manter o crescimento brasileiro e a felicidade consumista da nova classe média que a suporta?
Ou, ainda, que aumentar os juros agora com mais vigor é o melhor caminho para que os eleitores/consumidores, em outubro do próximo ano, estejam felizes e confiantes e sufraguem nas urnas o nome de Dilma Rousseff?
Se a presidente fizer uma leitura correta dos números do PIB, verá que a frustração dos analistas --e certamente dela também-- veio principalmente da queda no consumo das famílias e que representam hoje 60% do PIB brasileiro.
Neste primeiro trimestre, a expansão dos gastos em consumo em relação ao trimestre anterior foi de apenas 0,1%, depois de ter-se expandido em média 0,9% nos três trimestres anteriores.
E o que diferencia principalmente esses quatro períodos sequenciais é a intensidade da inflação, que no início de 2013 chegou a quase 9% ao ano no comércio varejista e comeu boa parte da renda dos hoje endividados brasileiros de classe média.
Hoje, os mercados financeiros vão reagir com força à decisão tomada pelo Copom sobre os juros
A última quarta-feira foi um verdadeiro dia de cão nos mercados financeiros no Brasil. Logo na abertura dos negócios, investidores e instituições financeiras sofreram um primeiro choque em suas expectativas com a divulgação, pelo IBGE, de um novo pibinho no primeiro trimestre deste ano.
O mercado esperava um crescimento da ordem de 0,9% --que corresponde a 3,6% no período de 12 meses--, sendo que alguns chegavam a prever taxas superiores a 1%. O número divulgado pelo IBGE foi de apenas 0,6%.
Para o leitor fazer uma avaliação da pobreza de nosso crescimento econômico, no mesmo dia as autoridades suíças divulgaram os números do PIB desse pequeno país dos Alpes, também no primeiro trimestre do ano: os mesmos 0,6% do Brasil.
O choque foi muito grande e o mercado de ações respondeu com uma queda de mais de 2,5% no índice Bovespa ao longo do dia.
No mercado de câmbio, os especuladores --que já vinham apostando há algum tempo em uma desvalorização do real-- aproveitaram o choque para empurrar as cotações de nossa moeda para nível recorde dos últimos meses.
O terceiro movimento especulativo dos mercados deu-se nas negociações com os juros Selic.
Respondendo às expectativas de que o BC iria responder ao PIB raquítico com moderação ainda maior no aperto da política monetária, os juros reduziram-se com força logo na abertura das negociações.
Por trás desse movimento pavloviano estava o raciocínio pelo qual a presidente Dilma não permitiria o uso dos juros no combate à inflação, como havia sido o teor de seu discurso recente na África do Sul.
Pois no início da noite, com os mercados já fechados, o Copom surpreendeu com uma aceleração na velocidade de elevação dos juros e com um comunicado ao mercado com termos duros sobre o combate à inflação neste e no próximo ano.
Reforçando esse compromisso, o BC informou a todos que a decisão havia sido unânime entre os diretores da instituição. Uma mensagem clara de que um novo Banco Central emergiu das cinzas da instituição que comandou com mão de ferro o sistema de metas de inflação nos oito anos do governo Lula.
Hoje, os mercados financeiros vão reagir com força a isso e mui- tos operadores que fizeram uma leitura errada do governo Dilma terão que voltar mais cedo de seu fim de semana alongado.
Certamente, a grande dúvida que comandará as reflexões de investidores e analistas econômicos estará centrada na extensão dessa inesperada mudança de atitude do BC.
Terá sido ela fruto de uma revolta interna --de uma instituição do Estado brasileiro com larga história e respeito de todos-- depois de um período de perda de credibilidade em função de movimentos confusos na gestão do sistema de metas de inflação, uma das âncoras importantes do equilíbrio macroeconômico dos últimos 16 anos no Brasil?
Ou as mudanças são mais profundas e chegam mesmo ao Palácio do Planalto, com a presidente entendendo, finalmente, que trazer a inflação para mais próximo do centro da meta é o instrumento mais importante para manter o crescimento brasileiro e a felicidade consumista da nova classe média que a suporta?
Ou, ainda, que aumentar os juros agora com mais vigor é o melhor caminho para que os eleitores/consumidores, em outubro do próximo ano, estejam felizes e confiantes e sufraguem nas urnas o nome de Dilma Rousseff?
Se a presidente fizer uma leitura correta dos números do PIB, verá que a frustração dos analistas --e certamente dela também-- veio principalmente da queda no consumo das famílias e que representam hoje 60% do PIB brasileiro.
Neste primeiro trimestre, a expansão dos gastos em consumo em relação ao trimestre anterior foi de apenas 0,1%, depois de ter-se expandido em média 0,9% nos três trimestres anteriores.
E o que diferencia principalmente esses quatro períodos sequenciais é a intensidade da inflação, que no início de 2013 chegou a quase 9% ao ano no comércio varejista e comeu boa parte da renda dos hoje endividados brasileiros de classe média.
De onde não se espera - MIRIAM LEITÃO
O GLOBO - 31/05
Renan saiu de mandatos opacos na política ao embarcar no expresso que partiu de Alagoas rumo ao Palácio do Planalto pilotado por Fernando Collor. Dele se afastou em tempo hábil para salvar-se, quando o então presidente afundava no impeachment. No governo Fernando Henrique, chegou ao cargo de ministro da Justiça. Anos depois, envolveu-se numa rocambolesca história de contas íntimas pagas por empreiteira, mas também evadiu-se da presidência do Senado a tempo de evitar a Comissão de Ética. Renunciando ao posto, acabou absolvido por seus pares em uma votação secreta.
Quando iniciou sua caminhada de volta ao comando do Senado, a mídia social conseguiu, em poucos dias, coletar um milhão de assinaturas de protesto. Foram insuficientes para alterar a ordem antinatural das coisas, e ele voltou ao cargo.
Deste alto posto de comandante, ele conseguiu, na semana passada, ancorar o desgovernado navio da MP dos portos, com manobras regimentais de velocidade estonteante. Fez sete dias em uma tarde e aprovou a MP. Alertou que seria a última vez, porque daqui para diante exigiria que fosse respeitado maior prazo para que uma MP chegasse da Câmara.
Foi quando apareceu por lá, já com os dias contados, a MP 605, que dá novo destino aos recursos da Conta de Desenvolvimento Energético, para que ela pague parte da redução do preço da energia. Redução essa que ocorre quando o custo da energia para o sistema tem ficado mais caro. É mais uma MP na contramão dos fatos econômicos, mas ela morreu no Senado porque não respeitou a ordem dos dias.
Curioso, realmente, é tentar entender tanto atropelo. A presidente Dilma Rousseff tem uma vasta base parlamentar. Tão agigantada que precisou montar um governo-transatlântico, com 39 ministros.
"Algo não está muito bem", constatou o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves. O deputado, que tem tido o sol do Rio Grande do Norte por testemunha da longevidade dos Alves na política do estado, avisou que não era o caso de tapar o sol com a peneira. "Não é possível, com 420 deputados da base não conseguir colocar 257 em uma sessão decisiva." Como integrante desse grupo numeroso, ele deve dirigir essa dúvida, entre outros, a ele mesmo.
Na refrega que levou à derrota do governo na MP 605, deu-se então o esclarecedor diálogo narrado no GLOBO de ontem pelos repórteres Maria Lima, Paulo Celso Pereira e Júnia Gama. A ministra Gleisi Hoffmann teria dispensado as negociações do presidente do Senado para salvar a MP afirmando que já tinha acertado tudo com a Marta Lyra, que ocupa o cargo de assessora parlamentar do Ministério de Minas e Energia.
Ou seja, a ministra-chefe da Casa Civil estava dizendo ao presidente do Senado que dispensava sua atuação porque já havia acertado como aprovar a MP em conversa com uma assessora parlamentar. Gleisi desembarcou na chefia da Casa Civil com a experiência de ter sido assessora parlamentar na Assembleia Legislativa do Paraná e de ter sido derrotada na campanha eleitoral para a prefeitura de Curitiba. Essa primeira derrota lhe rendeu um cargo precioso: o de diretora financeira de Itaipu. De lá, preparou sua segunda campanha, que a levou ao Senado. Em pouco tempo de mandato, chegou à Casa Civil. Com tal experiência em queimar etapas, ela quis fazer o mesmo, acertando como o Senado deveria votar numa conversa com a assessora parlamentar do Ministério de Minas e Energia.
Foi quando, em surpreendente lance da novela, o senador Renan, ele mesmo, diz: "Como assim, acertou com Marta Lyra? A senhora enlouqueceu? Está confundindo as coisas, não está entendendo a dimensão do que é o Legislativo."
Numa democracia, como aprendemos, o Congresso tem enorme dimensão. O atual Executivo e o próprio Legislativo têm feito esforços para apequená-lo. A ponto de o reforço para a defesa das suas prerrogativas institucionais vir agora até de onde menos se espera.
A escolha de Dilma - DENISE ROTHENBURG
CORREIO BRAZILIENSE - 31/05
A inflação, explorada no horário político do PSDB, afeta diretamente a fatia mais pobre da população, na qual está o grosso do eleitorado petista. Segurar o eleitorado e enfraquecer o discurso do adversário dão o tom político da alta de juros decidida tecnicamente para conter a elevação dos preços
Não tem nada que tire mais o sono da presidente Dilma do que perceber que as medidas adotadas para alavancar a economia ainda não apresentaram os resultados esperados. Esta semana, então, a situação foi preocupante até mesmo para os otimistas. O crescimento do primeiro trimestre fechou abaixo do esperado pelos analistas. E, para decorar o bolo, a cerejinha foi o aumento de meio ponto percentual nos juros. Do ponto de vista político, essas duas notícias juntas — baixo crescimento e aumento de juros — ajudam a piorar o clima.
Do ponto de vista do empresariado, faz crescer o receio de captar recursos para investimentos, ou seja, ninguém quer correr o risco de pagar mais pelo dinheiro e, ali na frente, não ter o retorno. Logo, uma coisa vai alimentando a outra. Mas, do ponto de vista político e do eleitor como um todo, nem tudo está perdido.
No que se refere aos juros, a parte boa dessa história é a demonstração de uma certa independência por parte do Banco Central, que deu um sinal claro de que não hesitará na hora de controlar a inflação, o que é um bom sinal. Desde o Plano Cruzado, o país é escaldado com a história de não fazer ajustes necessários à economia para não quebrar a onda eleitoral. Para quem não se lembra ou era muito jovem, a equipe econômica à época cobrou ajustes no plano, mas a política estava tão embalada em altos índices de popularidade que esperou passar a eleição de governadores para fazer os ajustes. Deu no que deu. O plano naufragou e só nos recuperamos quase uma década depois, com o Plano Real.
A história mostrou que, quando isso acontece, os problemas se agravam e o castigo que o eleitor dá a quem descuida dos aspectos econômicos é grande. O PMDB, por exemplo, nunca mais retornou à Presidência da República, salvo agregado ao PT de Lula e Dilma.
É fato que a economia brasileira está bem melhor, e com as bases mais fortes do que nos idos de duas décadas passadas. A inflação também não é aquele dragão todo que assustava a todos. Mas isso não significa que não enseje cuidados. Há 15 dias, a presidente já havia afirmado que não deixaria de adotar as medidas necessárias para manter a inflação sob controle e, assim, o BC entendeu o recado. Se fosse necessário subir os juros, que assim agisse, pois tudo o que o PT não quer agora é virar um PMDB, e passar a viver agregado a outras siglas. Esse comportamento, aliás, está longe do código genético petista. Portanto, a ordem é tomar as duras medidas necessárias para segurar a economia logo em 2013, de forma que qualquer alívio em 2014 possa soar como uma excelente notícia.
Dilma tem plena consciência de que é melhor tomar as iniciativas impopulares agora, ainda que atrapalhe um pouco o crescimento econômico neste período, do que deixar a coisa correr frouxa e ter que agir em pleno ano eleitoral. Para completar, se a opção do Banco Central em elevar os juros ajudar a conter a inflação, os maiores beneficiados serão justamente os mais pobres. Coincidentemente — para aqueles que acreditam em coincidências na área política —, é nessa camada que está o grosso do eleitorado que vota na presidente Dilma e tem nela a imagem de protetora. As atitudes indicam que ela fará tudo o que estiver ao seu alcance para não perdê-los. Afinal, se Dilma quiser a reeleição, terá que ser popular. E, para ser popular, as classes mais pobres precisam estar satisfeitas e alimentadas. Ainda que o crescimento ande lentamente, a escolha de Dilma está feita.
Enquanto isso, no PSDB…
Foi veiculado ontem o primeiro horário político dos tucanos sob o comando do senador Aécio Neves (PSDB-MG). O programa tem objetivos múltiplos. O primeiro deles foi apresentar Aécio como alguém com mais jogo de cintura e história política do que a presidente Dilma. O segundo, reforçar os laços com os ícones do partido, daí, imagens de José Serra discursando na convenção deste mês.
Os tucanos destacaram ainda a inflação dos alimentos, que tanto preocupa o eleitor, e já havia sido tratada nas inserções do partido. Se a alta nos juros segurar a inflação, esse trecho do programa perderá o sentido em 2014. Não por acaso, Dilma e o BC lutam para conter essa elevação de preços e evitar que o eleitorado acabe concordando com o PSDB.
Não tem nada que tire mais o sono da presidente Dilma do que perceber que as medidas adotadas para alavancar a economia ainda não apresentaram os resultados esperados. Esta semana, então, a situação foi preocupante até mesmo para os otimistas. O crescimento do primeiro trimestre fechou abaixo do esperado pelos analistas. E, para decorar o bolo, a cerejinha foi o aumento de meio ponto percentual nos juros. Do ponto de vista político, essas duas notícias juntas — baixo crescimento e aumento de juros — ajudam a piorar o clima.
Do ponto de vista do empresariado, faz crescer o receio de captar recursos para investimentos, ou seja, ninguém quer correr o risco de pagar mais pelo dinheiro e, ali na frente, não ter o retorno. Logo, uma coisa vai alimentando a outra. Mas, do ponto de vista político e do eleitor como um todo, nem tudo está perdido.
No que se refere aos juros, a parte boa dessa história é a demonstração de uma certa independência por parte do Banco Central, que deu um sinal claro de que não hesitará na hora de controlar a inflação, o que é um bom sinal. Desde o Plano Cruzado, o país é escaldado com a história de não fazer ajustes necessários à economia para não quebrar a onda eleitoral. Para quem não se lembra ou era muito jovem, a equipe econômica à época cobrou ajustes no plano, mas a política estava tão embalada em altos índices de popularidade que esperou passar a eleição de governadores para fazer os ajustes. Deu no que deu. O plano naufragou e só nos recuperamos quase uma década depois, com o Plano Real.
A história mostrou que, quando isso acontece, os problemas se agravam e o castigo que o eleitor dá a quem descuida dos aspectos econômicos é grande. O PMDB, por exemplo, nunca mais retornou à Presidência da República, salvo agregado ao PT de Lula e Dilma.
É fato que a economia brasileira está bem melhor, e com as bases mais fortes do que nos idos de duas décadas passadas. A inflação também não é aquele dragão todo que assustava a todos. Mas isso não significa que não enseje cuidados. Há 15 dias, a presidente já havia afirmado que não deixaria de adotar as medidas necessárias para manter a inflação sob controle e, assim, o BC entendeu o recado. Se fosse necessário subir os juros, que assim agisse, pois tudo o que o PT não quer agora é virar um PMDB, e passar a viver agregado a outras siglas. Esse comportamento, aliás, está longe do código genético petista. Portanto, a ordem é tomar as duras medidas necessárias para segurar a economia logo em 2013, de forma que qualquer alívio em 2014 possa soar como uma excelente notícia.
Dilma tem plena consciência de que é melhor tomar as iniciativas impopulares agora, ainda que atrapalhe um pouco o crescimento econômico neste período, do que deixar a coisa correr frouxa e ter que agir em pleno ano eleitoral. Para completar, se a opção do Banco Central em elevar os juros ajudar a conter a inflação, os maiores beneficiados serão justamente os mais pobres. Coincidentemente — para aqueles que acreditam em coincidências na área política —, é nessa camada que está o grosso do eleitorado que vota na presidente Dilma e tem nela a imagem de protetora. As atitudes indicam que ela fará tudo o que estiver ao seu alcance para não perdê-los. Afinal, se Dilma quiser a reeleição, terá que ser popular. E, para ser popular, as classes mais pobres precisam estar satisfeitas e alimentadas. Ainda que o crescimento ande lentamente, a escolha de Dilma está feita.
Enquanto isso, no PSDB…
Foi veiculado ontem o primeiro horário político dos tucanos sob o comando do senador Aécio Neves (PSDB-MG). O programa tem objetivos múltiplos. O primeiro deles foi apresentar Aécio como alguém com mais jogo de cintura e história política do que a presidente Dilma. O segundo, reforçar os laços com os ícones do partido, daí, imagens de José Serra discursando na convenção deste mês.
Os tucanos destacaram ainda a inflação dos alimentos, que tanto preocupa o eleitor, e já havia sido tratada nas inserções do partido. Se a alta nos juros segurar a inflação, esse trecho do programa perderá o sentido em 2014. Não por acaso, Dilma e o BC lutam para conter essa elevação de preços e evitar que o eleitorado acabe concordando com o PSDB.
Arquivo morto - DORA KRAMER
O Estado de S.Paulo - 31/05
Assim como anunciou no início do mandato que desistia de patrocinar reformas pendentes, a presidente Dilma Rousseff tende agora a abrir mão de enfrentar temas complexos no Congresso, a respeito dos quais existam divergências difíceis de serem contornadas pelo governo.
Nessa gaveta já dorme em berço esplêndido o novo marco regulatório da mídia. Devido a interesses divergentes dos meios de comunicação com os quais o Planalto não quer entrar em conflito e à insistência de setores do PT em aproveitar o ensejo para tentar instituir o tal do controle social sobre sagrado direito dos cidadãos ao livre acesso a informações.
Na direção do mesmo escaninho do esquecimento - ainda que temporário - caminham o código de mineração, a proposta de mudanças na cobrança do ICMS e quaisquer outras que representem conflitos de interesses a serem acomodados e, no limite, arbitrados pelo Palácio do Planalto.
Algo que poderia ser visto como tática de sobrevivência em governo de maioria parlamentar apertada, no caso de uma base partidária que em tese domina mais de 80% do Congresso o recuo no enfrentamento de temas importantes traz outras informações: revela incapacidade de construir consensos em torno de assuntos de interesse nacional, impossibilidade de conciliar discordâncias e inaptidão para arbitrar soluções.
Governos, notadamente aqueles com altos índices de aprovação popular, preferem navegar a bordo da segurança da convergência por gravidade. Mas nem sempre isso é possível.
A unanimidade é um conforto, quanto a isso estamos de acordo, não obstante o conhecido fundamento de Nelson Rodrigues a respeito da concordância geral e irrestrita.
Não deixa, entretanto, de render prejuízos: denota tibieza de propósitos, carência de convicções e, sobretudo, atravanca o progresso.
Conta e risco. Se confirmada a candidatura presidencial do senador Aécio Neves, em 2014 será a primeira vez em que o governador Geraldo Alckmin concorrerá (à reeleição) sem a presença de um candidato paulista na disputa para a Presidência. Fator importante - senão determinante - para "puxar" votos na eleição estadual.
Pedra no caminho. A recente explicitação das divergências entre o governador de São Paulo e Afif Domingos - dublê de vice do PSDB e ministro do PT - tem o aval, para não dizer o incentivo, do ex-prefeito Gilberto Kassab.
O pivô é um programa de desburocratização que Afif elaborou para o Estado e fracassou por falta de interesse do governador. O mesmo projeto foi apresentado na semana passada ao prefeito petista Fernando Haddad, que se disporia a tocar o plano.
A ideia é contrapor a ação de Haddad à omissão de Alckmin. Onde entra Kassab, comandante do PSD, partido de Afif? Na condição de sócio-atleta do clube dos inimigos do governador, empenhados em criar dificuldades à sua reeleição.
Direto ao ponto. Não há, como se sabe, consenso no Supremo Tribunal Federal sobre o cabimento dos embargos infringentes que visam a tentar alterar as penas dos condenados que receberam ao menos quatro votos pela absolvição.
Entre os que concordam que sejam aceitos, argumenta-se que não haverá na prática uma reabertura do julgamento, mas apenas a discussão sobre pontos específicos do dissenso. Ademais, não alterariam as condenações, mas o regime de cumprimento das penas.
Assim como anunciou no início do mandato que desistia de patrocinar reformas pendentes, a presidente Dilma Rousseff tende agora a abrir mão de enfrentar temas complexos no Congresso, a respeito dos quais existam divergências difíceis de serem contornadas pelo governo.
Nessa gaveta já dorme em berço esplêndido o novo marco regulatório da mídia. Devido a interesses divergentes dos meios de comunicação com os quais o Planalto não quer entrar em conflito e à insistência de setores do PT em aproveitar o ensejo para tentar instituir o tal do controle social sobre sagrado direito dos cidadãos ao livre acesso a informações.
Na direção do mesmo escaninho do esquecimento - ainda que temporário - caminham o código de mineração, a proposta de mudanças na cobrança do ICMS e quaisquer outras que representem conflitos de interesses a serem acomodados e, no limite, arbitrados pelo Palácio do Planalto.
Algo que poderia ser visto como tática de sobrevivência em governo de maioria parlamentar apertada, no caso de uma base partidária que em tese domina mais de 80% do Congresso o recuo no enfrentamento de temas importantes traz outras informações: revela incapacidade de construir consensos em torno de assuntos de interesse nacional, impossibilidade de conciliar discordâncias e inaptidão para arbitrar soluções.
Governos, notadamente aqueles com altos índices de aprovação popular, preferem navegar a bordo da segurança da convergência por gravidade. Mas nem sempre isso é possível.
A unanimidade é um conforto, quanto a isso estamos de acordo, não obstante o conhecido fundamento de Nelson Rodrigues a respeito da concordância geral e irrestrita.
Não deixa, entretanto, de render prejuízos: denota tibieza de propósitos, carência de convicções e, sobretudo, atravanca o progresso.
Conta e risco. Se confirmada a candidatura presidencial do senador Aécio Neves, em 2014 será a primeira vez em que o governador Geraldo Alckmin concorrerá (à reeleição) sem a presença de um candidato paulista na disputa para a Presidência. Fator importante - senão determinante - para "puxar" votos na eleição estadual.
Pedra no caminho. A recente explicitação das divergências entre o governador de São Paulo e Afif Domingos - dublê de vice do PSDB e ministro do PT - tem o aval, para não dizer o incentivo, do ex-prefeito Gilberto Kassab.
O pivô é um programa de desburocratização que Afif elaborou para o Estado e fracassou por falta de interesse do governador. O mesmo projeto foi apresentado na semana passada ao prefeito petista Fernando Haddad, que se disporia a tocar o plano.
A ideia é contrapor a ação de Haddad à omissão de Alckmin. Onde entra Kassab, comandante do PSD, partido de Afif? Na condição de sócio-atleta do clube dos inimigos do governador, empenhados em criar dificuldades à sua reeleição.
Direto ao ponto. Não há, como se sabe, consenso no Supremo Tribunal Federal sobre o cabimento dos embargos infringentes que visam a tentar alterar as penas dos condenados que receberam ao menos quatro votos pela absolvição.
Entre os que concordam que sejam aceitos, argumenta-se que não haverá na prática uma reabertura do julgamento, mas apenas a discussão sobre pontos específicos do dissenso. Ademais, não alterariam as condenações, mas o regime de cumprimento das penas.
Terrorismos eleitorais - ELIANE CANTANHÊDE
FOLHA DE SP - 31/05
BRASÍLIA - A semana do feriado está sendo de lascar para o governo, com pibinho, mais uma alta de juros e derrota da articulação política no Congresso. Nada, porém, pior que a lambança do Bolsa Família.
Na primeira versão, a Caixa mudou o calendário de liberações depois e por causa do corre-corre, dos saques e depredações. Confrontada com reportagem da Folha, a própria Caixa teve de voltar atrás e reconhecer que, primeiro, mudou o calendário e só depois (e por causa disso?) houve corre-corre, saques e depredações. Caso típico em que a ordem altera, sim, o produto.
O primeiro erro foi a mudança estapafúrdia do calendário. O segundo foi a dimensão do tumulto que Dilma Rousseff classificou de "desumano". O terceiro foi a mentira, a inversão do que ocorreu de fato. O quarto foi governo e PT tirando casquinha do episódio "desumano" para fazer política e acusar a oposição.
Ao dizer que houve "terrorismo eleitoral", o presidente nacional do PT, Rui Falcão, remeteu sem querer a um terrorismo eleitoral real, em 2006, quando a campanha de Lula difundiu a versão de que os tucanos, com quem disputavam o segundo turno, privatizariam a Petrobras.
A versão colou e até gente bem informada que oscilava entre uma e outra candidatura desceu do muro para Lula, diante da certeza de que o PSDB venderia a empresa-símbolo do Brasil --e a preços módicos.
Agora, se os repórteres Aguirre Talento e Daniel Carvalho não tivessem descoberto e publicado na Folha que a origem do tumulto tinha sido na própria Caixa, a versão de que havia uma conspiração oposicionista teria certamente se imposto, antes do resultado da PF. Até porque o PT, mais do que o governo, é excelente em massificar suas versões.
Ou seja: se não fossem repórteres atentos e um jornal independente, aí é que haveria "terrorismo eleitoral" de verdade. Deve ser por isso que se fala tanto em "controle social" e "regulamentação" da mídia.
BRASÍLIA - A semana do feriado está sendo de lascar para o governo, com pibinho, mais uma alta de juros e derrota da articulação política no Congresso. Nada, porém, pior que a lambança do Bolsa Família.
Na primeira versão, a Caixa mudou o calendário de liberações depois e por causa do corre-corre, dos saques e depredações. Confrontada com reportagem da Folha, a própria Caixa teve de voltar atrás e reconhecer que, primeiro, mudou o calendário e só depois (e por causa disso?) houve corre-corre, saques e depredações. Caso típico em que a ordem altera, sim, o produto.
O primeiro erro foi a mudança estapafúrdia do calendário. O segundo foi a dimensão do tumulto que Dilma Rousseff classificou de "desumano". O terceiro foi a mentira, a inversão do que ocorreu de fato. O quarto foi governo e PT tirando casquinha do episódio "desumano" para fazer política e acusar a oposição.
Ao dizer que houve "terrorismo eleitoral", o presidente nacional do PT, Rui Falcão, remeteu sem querer a um terrorismo eleitoral real, em 2006, quando a campanha de Lula difundiu a versão de que os tucanos, com quem disputavam o segundo turno, privatizariam a Petrobras.
A versão colou e até gente bem informada que oscilava entre uma e outra candidatura desceu do muro para Lula, diante da certeza de que o PSDB venderia a empresa-símbolo do Brasil --e a preços módicos.
Agora, se os repórteres Aguirre Talento e Daniel Carvalho não tivessem descoberto e publicado na Folha que a origem do tumulto tinha sido na própria Caixa, a versão de que havia uma conspiração oposicionista teria certamente se imposto, antes do resultado da PF. Até porque o PT, mais do que o governo, é excelente em massificar suas versões.
Ou seja: se não fossem repórteres atentos e um jornal independente, aí é que haveria "terrorismo eleitoral" de verdade. Deve ser por isso que se fala tanto em "controle social" e "regulamentação" da mídia.
Dose dupla de dilmismo - EDITORIAL O ESTADÃO
O ESTADO DE S. PAULO - 31/05
No mesmo dia, quarta-feira, a presidente Dilma Rousseff deu duas provas de que acredita irrestritamente no que costuma dizer aos seus subordinados: "Eu sou a presidenta, eu posso". De um lado, ela mandou fazer, ou autorizou, uma gambiarra para preservar a redução das tarifas de energia - a "bondade" com que inaugurou, em janeiro, a sua campanha à reeleição. De outro, solidarizou-se com a direção da Caixa Econômica Federal (CEF), responsável pela barbeiragem que levou ao pânico os beneficiários do Bolsa Família, que acharam que o programa estava para ser extinto.
Na véspera do duplo espetáculo de dilmismo explícito, erros primários de articulação política, pelos quais o Planalto só tem a si para culpar, tolheram a aprovação da medida provisória (MP) das contas de luz, cuja validade expira na próxima segunda-feira. Combinando soberba e irresponsabilidade, o governo desdenhou da recente promessa do presidente do Senado, Renan Calheiros, de que só poria em votação as MPs que a Câmara dos Deputados remetesse à Casa pelo menos sete dias antes de caducarem.
Por isso, a MP das tarifas de energia, a 605, teria de ser aprovada na Câmara até a última segunda-feira. A descoordenação entre as ministras responsáveis pela interlocução com o Congresso - Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, e Ideli Salvatti, das Relações Institucionais -impediu que o cronograma fosse cumprido. Tarde daquela noite, por falta de quórum, o presidente da Câmara, Henrique Alves, encerrou a sessão. Ele comentaria: "Precisamos entender por que, de 420 deputados da base aliada, o governo não consegue colocar 257 em uma sessão decisiva". A aprovação se deu na terça.
Calheiros, por sua vez, foi ainda mais contundente ao rebater a acusação governista de que teria sido inflexível. "As pessoas próximas da presidente", apontou, "precisam ter um pouco (de consciência) da dimensão do funcionamento das instituições." A primeira autoridade a não tê-la é a própria Dilma. No afã de salvar a redução das contas de luz, e tendo em vista que uma medida provisória não convertida em lei não pode ser reapresentada no mesmo ano, a finada MP será enxertada em outra, a 609, que desonera a cesta básica.
O contrabando é um escândalo - idêntico ao dos políticos que enfiam em MPs emendas alheias ao seu assunto para servir a suas clientelas. Ao mesmo tempo, a presidente convocou o ministro da Educação, ex-senador Aloizio Mercadante, para dar um jeito na desastrosa interação do Planalto com o Congresso. Faz sentido: com a educação no melhor dos mundos possíveis, o ministro tem tempo de sobra para se desincumbir de todos os encargos adicionais que a sua chefe resolver transferir-lhe.
Já em relação ao vexame do Bolsa Família, a presidente que se acha todo-poderosa imitou o seu patrono Lula, que não se cansava de afagar membros do seu governo e políticos aliados suspeitos de malfeitorias. Diante dos fortes indícios de que os boatos sobre o fim do programa não foram fabricados para desgastar o governo, mas com toda a probabilidade surgiram por combustão espontânea -depois que, sem aviso prévio, a Caixa Econômica liberou de uma só tacada todos os pagamentos do mês de maio -, Dilma saiu em defesa da cúpula da instituição, até agora incapaz de se explicar ao País.
Em nota, a presidente desmentiu que pretendesse mexer na sua diretoria, formada por técnicos íntegros e comprometidos com as diretrizes da CEF, com seus clientes e com os beneficiários de programas tão importantes para o Brasil como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida". Pode ser. Mas, estranhamente, um vice-presidente do banco disse que os recursos foram liberados quando começou a corrida às agências. A liberação se deu na véspera. Pior ainda, o presidente da Caixa, Jorge Hereda, esperou uma semana para falar a verdade. E, quando falou, saiu-se com uma explicação inverossímil para a origem do problema.
É uma história mal contada do começo ao fim, com tintas de acobertamento de uma derrapagem. Melhor teria feito a presidente se deixasse para se manifestar mais adiante.
Na véspera do duplo espetáculo de dilmismo explícito, erros primários de articulação política, pelos quais o Planalto só tem a si para culpar, tolheram a aprovação da medida provisória (MP) das contas de luz, cuja validade expira na próxima segunda-feira. Combinando soberba e irresponsabilidade, o governo desdenhou da recente promessa do presidente do Senado, Renan Calheiros, de que só poria em votação as MPs que a Câmara dos Deputados remetesse à Casa pelo menos sete dias antes de caducarem.
Por isso, a MP das tarifas de energia, a 605, teria de ser aprovada na Câmara até a última segunda-feira. A descoordenação entre as ministras responsáveis pela interlocução com o Congresso - Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, e Ideli Salvatti, das Relações Institucionais -impediu que o cronograma fosse cumprido. Tarde daquela noite, por falta de quórum, o presidente da Câmara, Henrique Alves, encerrou a sessão. Ele comentaria: "Precisamos entender por que, de 420 deputados da base aliada, o governo não consegue colocar 257 em uma sessão decisiva". A aprovação se deu na terça.
Calheiros, por sua vez, foi ainda mais contundente ao rebater a acusação governista de que teria sido inflexível. "As pessoas próximas da presidente", apontou, "precisam ter um pouco (de consciência) da dimensão do funcionamento das instituições." A primeira autoridade a não tê-la é a própria Dilma. No afã de salvar a redução das contas de luz, e tendo em vista que uma medida provisória não convertida em lei não pode ser reapresentada no mesmo ano, a finada MP será enxertada em outra, a 609, que desonera a cesta básica.
O contrabando é um escândalo - idêntico ao dos políticos que enfiam em MPs emendas alheias ao seu assunto para servir a suas clientelas. Ao mesmo tempo, a presidente convocou o ministro da Educação, ex-senador Aloizio Mercadante, para dar um jeito na desastrosa interação do Planalto com o Congresso. Faz sentido: com a educação no melhor dos mundos possíveis, o ministro tem tempo de sobra para se desincumbir de todos os encargos adicionais que a sua chefe resolver transferir-lhe.
Já em relação ao vexame do Bolsa Família, a presidente que se acha todo-poderosa imitou o seu patrono Lula, que não se cansava de afagar membros do seu governo e políticos aliados suspeitos de malfeitorias. Diante dos fortes indícios de que os boatos sobre o fim do programa não foram fabricados para desgastar o governo, mas com toda a probabilidade surgiram por combustão espontânea -depois que, sem aviso prévio, a Caixa Econômica liberou de uma só tacada todos os pagamentos do mês de maio -, Dilma saiu em defesa da cúpula da instituição, até agora incapaz de se explicar ao País.
Em nota, a presidente desmentiu que pretendesse mexer na sua diretoria, formada por técnicos íntegros e comprometidos com as diretrizes da CEF, com seus clientes e com os beneficiários de programas tão importantes para o Brasil como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida". Pode ser. Mas, estranhamente, um vice-presidente do banco disse que os recursos foram liberados quando começou a corrida às agências. A liberação se deu na véspera. Pior ainda, o presidente da Caixa, Jorge Hereda, esperou uma semana para falar a verdade. E, quando falou, saiu-se com uma explicação inverossímil para a origem do problema.
É uma história mal contada do começo ao fim, com tintas de acobertamento de uma derrapagem. Melhor teria feito a presidente se deixasse para se manifestar mais adiante.
Debelar a inflação é a escolha correta - EDITORIAL O GLOBO
O GLOBO - 31/05
É feliz a coincidência da divulgação do PIB trimestral com uma reunião do Copom de definição da taxa de juros básica (Selic). Isso pelo fato de a economia se encontrar em delicado momento, com riscos, como registrou o jornal inglês "Financial Times", de ficar prisioneira no pior dos mundos, numa "estagflação", mistura de baixo crescimento com inflação em alta. A coincidência permitiu ao Banco Central - a julgar pela decisão unânime de seus diretores, reunidos no Conselho de Política Monetária - sinalizar que isso não acontecerá, se depender dele. A elevação da Selic em 0,5 ponto percentual, para 8%, foi a melhor alternativa que poderiam escolher, independentemente de um PIB trimestral fraco, divulgado pelo IBGE na mesma quarta-feira.
A importância da decisão do Copom é grande, pois pode ajudar a melhorar as expectativas de formadores de preços e investidores, embaralhadas nos últimos tempos por erros do próprio governo, cometidos, entre outros, em atos cujo resultado foi elevar a insegurança regulatória diante do futuro. Um exemplo, a intervenção no setor elétrico.
Outro ruído nas expectativas, e em elevados decibéis, foi causado pela perigosa sinalização (ou má interpretação) de que o governo Dilma é leniente com a inflação, em nome da ilusória suposição "desenvolvimentista" de que preços em alta poderiam ajudar no crescimento. Quando é o contrário.
Certo ou errado, Dilma concluirá o mandato, ano que vem, sem ter mantido a inflação na meta dos 4,5%, até mesmo incluído no currículo o estouro do limite superior do alvo, 6,5%, em alguns meses. Especulou-se, inclusive, que haveria uma nova meta, informal, acima dos 5%, próxima dos 6%. Se confirmado, seria algo inflamável num país ainda com vários mecanismos de indexação e persistente memória da era da superinflação. Ao primeiro sinal de que o passado pode voltar, a sociedade aciona sistemas de defesa que levam à mais inflação, no mínimo ao seu enrijecimento.
Elevar os juros no dia em que se sabe que a economia, no primeiro trimestre, continuou a gerar um "pibinho" é forte e bem-vinda mensagem do BC. Afinal, por trás do insuficiente 0,6% de expansão de janeiro a março, em relação ao último trimestre de 2012, identificam-se efeitos da própria inflação elevada, na faixa dos 6,5%.
O comportamento do setor de serviços, uma desaceleração de 0,7% para 0,5%, é sugestivo, pois a inflação do segmento roda na faixa dos 8%, bem acima da média de 6,5%. Não é por acaso. A evolução do consumo das famílias praticamente estagnou (alta de apenas 0,1%), e a relação do resultado com a alta de preços também é óbvia, além de ser uma reafirmação do esgotamento do modelo de crescimento.
Boa notícia é a ampliação, acima do consumo, dos investimentos (4,6%), única alternativa viável de retomada da expansão em bases equilibradas.
Mas, para isso, o BC precisará ser coerente com a decisão que tomou quarta-feira.
A importância da decisão do Copom é grande, pois pode ajudar a melhorar as expectativas de formadores de preços e investidores, embaralhadas nos últimos tempos por erros do próprio governo, cometidos, entre outros, em atos cujo resultado foi elevar a insegurança regulatória diante do futuro. Um exemplo, a intervenção no setor elétrico.
Outro ruído nas expectativas, e em elevados decibéis, foi causado pela perigosa sinalização (ou má interpretação) de que o governo Dilma é leniente com a inflação, em nome da ilusória suposição "desenvolvimentista" de que preços em alta poderiam ajudar no crescimento. Quando é o contrário.
Certo ou errado, Dilma concluirá o mandato, ano que vem, sem ter mantido a inflação na meta dos 4,5%, até mesmo incluído no currículo o estouro do limite superior do alvo, 6,5%, em alguns meses. Especulou-se, inclusive, que haveria uma nova meta, informal, acima dos 5%, próxima dos 6%. Se confirmado, seria algo inflamável num país ainda com vários mecanismos de indexação e persistente memória da era da superinflação. Ao primeiro sinal de que o passado pode voltar, a sociedade aciona sistemas de defesa que levam à mais inflação, no mínimo ao seu enrijecimento.
Elevar os juros no dia em que se sabe que a economia, no primeiro trimestre, continuou a gerar um "pibinho" é forte e bem-vinda mensagem do BC. Afinal, por trás do insuficiente 0,6% de expansão de janeiro a março, em relação ao último trimestre de 2012, identificam-se efeitos da própria inflação elevada, na faixa dos 6,5%.
O comportamento do setor de serviços, uma desaceleração de 0,7% para 0,5%, é sugestivo, pois a inflação do segmento roda na faixa dos 8%, bem acima da média de 6,5%. Não é por acaso. A evolução do consumo das famílias praticamente estagnou (alta de apenas 0,1%), e a relação do resultado com a alta de preços também é óbvia, além de ser uma reafirmação do esgotamento do modelo de crescimento.
Boa notícia é a ampliação, acima do consumo, dos investimentos (4,6%), única alternativa viável de retomada da expansão em bases equilibradas.
Mas, para isso, o BC precisará ser coerente com a decisão que tomou quarta-feira.
Certo, só que errado - EDITORIAL FOLHA DE SP
FOLHA DE SP - 31/05
Defesa da independência do Congresso pelo senador Renan Calheiros convenceria mais se interesse fisiológico do PMDB não falasse tão alto
Estaria sendo vítima de grave surto alarmista quem dissesse que a democracia corre perigo no Brasil. Mesmo assim, e este parece ser um dos paradoxos políticos do país, as instituições democráticas passam por um constante e gradativo processo de desmoralização.
Chega a tal ponto o desgaste mútuo entre Legislativo e Executivo, por exemplo, que mesmo quando agem corretamente tudo se dá como se estivessem, ao mesmo tempo, sempre errados.
Veja-se o caso das últimas manifestações do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Tradicional aliado do governo Dilma Rousseff --como tem sido dos anteriores, aliás--, o senador protagoniza agora um momento de rebeldia, a que emprestou considerável ar de elevação soberana do Poder que preside.
Por decisão sua, deixou de ser incluída na pauta de votação no Senado a medida provisória que reduz as tarifas de energia elétrica. A iniciativa, anunciada pela presidente Dilma em janeiro, vinha sendo posta em prática desde o mês seguinte --mas dependia do aval definitivo do Congresso.
Aprovada apenas na última terça-feira pela Câmara dos Deputados, foi levada às pressas ao Senado, com prazo dos mais exíguos para ser analisada. Perderá validade, com efeito, se não for aprovada até segunda-feira.
Como presidente do Senado, Calheiros recusou a votação de afogadilho. "A questão não é política", declarou. "O governo não pode apequenar o Senado." Embora relevantes, MPs "não são mais importantes do que as instituições, do que a democracia".
Calheiros se referia, também, a um acordo entre governo e lideranças da base parlamentar, pelo qual só aceitaria a votação de propostas do Executivo se chegassem ao Senado pelo menos sete dias antes de seu prazo de vencimento.
O compromisso vinha na esteira das dificuldades criadas na Câmara com a votação da MP dos Portos. Na ocasião, o desafio ao Executivo proviera do líder do aliado PMDB na Casa, Eduardo Cunha.
Agora, foi a vez de seu correligionário no Senado impor ao governo mais desconfortos. Tanto no caso dos portos quanto no das tarifas de eletricidade, são abundantes os argumentos no sentido de que as iniciativas do Planalto atendem a um claro interesse público.
Acerta o Executivo em lutar pela sua aprovação. Acerta, em teoria, o Legislativo quando se recusa a aprovar automaticamente as medidas do governo.
Fala com nobreza o presidente do Senado, Renan Calheiros, ao defender as prerrogativas da instituição. O problema é que outro Renan Calheiros, o peemedebista, fala uma língua diferente --a que traduz, como na Câmara, os reclamos fisiológicos por trás de toda rebeldia da base parlamentar.
Defesa da independência do Congresso pelo senador Renan Calheiros convenceria mais se interesse fisiológico do PMDB não falasse tão alto
Estaria sendo vítima de grave surto alarmista quem dissesse que a democracia corre perigo no Brasil. Mesmo assim, e este parece ser um dos paradoxos políticos do país, as instituições democráticas passam por um constante e gradativo processo de desmoralização.
Chega a tal ponto o desgaste mútuo entre Legislativo e Executivo, por exemplo, que mesmo quando agem corretamente tudo se dá como se estivessem, ao mesmo tempo, sempre errados.
Veja-se o caso das últimas manifestações do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Tradicional aliado do governo Dilma Rousseff --como tem sido dos anteriores, aliás--, o senador protagoniza agora um momento de rebeldia, a que emprestou considerável ar de elevação soberana do Poder que preside.
Por decisão sua, deixou de ser incluída na pauta de votação no Senado a medida provisória que reduz as tarifas de energia elétrica. A iniciativa, anunciada pela presidente Dilma em janeiro, vinha sendo posta em prática desde o mês seguinte --mas dependia do aval definitivo do Congresso.
Aprovada apenas na última terça-feira pela Câmara dos Deputados, foi levada às pressas ao Senado, com prazo dos mais exíguos para ser analisada. Perderá validade, com efeito, se não for aprovada até segunda-feira.
Como presidente do Senado, Calheiros recusou a votação de afogadilho. "A questão não é política", declarou. "O governo não pode apequenar o Senado." Embora relevantes, MPs "não são mais importantes do que as instituições, do que a democracia".
Calheiros se referia, também, a um acordo entre governo e lideranças da base parlamentar, pelo qual só aceitaria a votação de propostas do Executivo se chegassem ao Senado pelo menos sete dias antes de seu prazo de vencimento.
O compromisso vinha na esteira das dificuldades criadas na Câmara com a votação da MP dos Portos. Na ocasião, o desafio ao Executivo proviera do líder do aliado PMDB na Casa, Eduardo Cunha.
Agora, foi a vez de seu correligionário no Senado impor ao governo mais desconfortos. Tanto no caso dos portos quanto no das tarifas de eletricidade, são abundantes os argumentos no sentido de que as iniciativas do Planalto atendem a um claro interesse público.
Acerta o Executivo em lutar pela sua aprovação. Acerta, em teoria, o Legislativo quando se recusa a aprovar automaticamente as medidas do governo.
Fala com nobreza o presidente do Senado, Renan Calheiros, ao defender as prerrogativas da instituição. O problema é que outro Renan Calheiros, o peemedebista, fala uma língua diferente --a que traduz, como na Câmara, os reclamos fisiológicos por trás de toda rebeldia da base parlamentar.
COLUNA DE CLAUDIO HUMBERTO
DILMA PAGA PARA VER O PMDB NA CPI DA PETROBRAS
A adesão da maioria dos deputados do PMDB à CPI da Petrobras deixou a presidente Dilma Rousseff muito irritada. Em encontro com políticos aliados e auxiliares, ela desabafou, em tom desafiador: “Eles querem CPI da Petrobras? Pois eu quero ver se eles aguentam uma CPI”. O projeto de Leonardo Quintão (MG), a serviço do líder, Eduardo Cunha, foi assinado por 52 dos 82 deputados do PMDB (64% do total).
PREJUÍZO BILIONÁRIO
A CPI investigaria escândalos como a compra e a venda de ativos da refinaria de Pasadena (EUA), com prejuízo bilionário à estatal.
SABE DE TUDO
Dilma conhece os negócios e as fragilidades da Petrobras: na era Lula, presidiu o conselho de administração, e foi ministra de Minas e Energia.
APOIO FÁCIL
Sem esforço, em pouco tempo Leonardo Quintão obteve a adesão de 120 deputados governistas e 76 da oposição à CPI da Petrobras.
CHANCE ZERO
Quem conhece bem a Câmara acha que a CPI da Petrobras não sairá do lugar: está em 23º na fila de propostas de comissões de inquérito.
BOLSA FAMÍLIA VIROU FONTE DE DOAÇÕES NO INTERIOR
A denúncia da coluna de que beneficiários do Bolsa Família doam para campanhas eleitorais pode virar nova dor de cabeça no Ministério do Desenvolvimento Social: em Goiás, uma “bolsista” será investigada e a outra, “em expressiva vulnerabilidade social”, ignorava ter doado para um candidato a vereador, segundo o ministério, que prometeu apurar outras denúncias de doação eleitoral em Alagoas.
MAIS DO MESMO
Uma auditoria do Tribunal de Contas da União, em 2009, encontrou família de políticos recebendo Bolsa Família e donos de carros de luxo.
NEGÓCIOS LATINOS
Lula visita semana que vem a Colômbia, o Peru e o Equador com os habituais seguranças. Volta antes das quadrilhas das festas juninas.
ALKA-SELTZER
Ainda bem que ele tem azia lendo jornais: o italiano Corriere della Sera publicou a matéria: “O fim do modelo Lula: crescimento de 1%”.
COPIA E COLA
Mais da metade do embargo declaratório apresentado pelo deputado José Genoino (PT), contestando sua condenação no processo do mensalão, é idêntico às alegações finais apresentadas em 2012.
SORRIA, MEU BEM
O Brasil ultrapassou o México no índice de qualidade de vida da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, mas os mexicanos têm mais renda líquida. Ambos estão no fim da lista.
ATÉ O MESTRE CUCA
Conhecido por garantir o rango nas longas votações da Câmara, Fábio Ramalho (PV-MG) ameaçou partir para oposição na Comissão Mista de Orçamento: “As obras estão inacabadas, o governo não libera nada”.
PODE DEIXAR
Segundo o deputado Lúcio Vieira Lima (BA), o PMDB está “em plena articulação e votará unido” para aprovar a redução da energia elétrica, que o Senado deixou de apreciar devido ao prazo estourado da MP.
O QUE SERÁ QUE SERÁ?
Prefeito de Aracaju, João Alves (DEM) nega que deixará o cargo para disputar contra o vice-governador Jackson Barreto (PMDB) em Sergipe em 2014, mas aparece em todas as pesquisas de intenção de voto.
VAI DAR IBOPE
Para o quarto-secretário da Câmara, Biffi (PT-MS) será “enriquecedora” a exibição do documentário Mais Náufragos que Navegantes, que reunirá o pastor Feliciano e o presidente da frente LGBT, Jean Wyllys.
COMO DISSE?
Teoria do presidente do PT, no Twitter: “quatro monopólios precisam ser quebrados: financeiro, da terra, voto e o da mídia”. O último, ele precisa combinar com o eleitor, cujo voto é, por enquanto, secreto.
MUY COMPANHEIRO
Ex-presidente do PT e ex-maluquete, José Eduardo Dutra celebrou no Twitter a demissão de trabalhadores: “estou andando pra notícias de demissão de jornalistas em grandes jornais. Fazem todo tipo de m...”.
AMAR É...
Com a falante Dilma muda até agora, no episódio do Bolsa Família, o governo inaugura nova fase: “governar é não ter que pedir desculpas”.
PODER SEM PUDOR
QUEM TINHA VOTOS
Quem narrou o seguinte episódio ao então repórter Murilo Melo Filho foi o senador conterrâneo Dinarte Mariz: "o presidente Castelo Branco chamou-me ao Palácio das Laranjeiras para conversar sobre a sucessão no Rio Grande do Norte. Começou dizendo que quem realmente tinha votos lá no Estado era o meu adversário, Aluízio Alves. Ponderei-lhe:
- Vossa Excelência me perdoe. Mas, se o critério é este, quem devia estar aí no seu lugar era o Juscelino, que tem votos. Muitos, aliás".
A adesão da maioria dos deputados do PMDB à CPI da Petrobras deixou a presidente Dilma Rousseff muito irritada. Em encontro com políticos aliados e auxiliares, ela desabafou, em tom desafiador: “Eles querem CPI da Petrobras? Pois eu quero ver se eles aguentam uma CPI”. O projeto de Leonardo Quintão (MG), a serviço do líder, Eduardo Cunha, foi assinado por 52 dos 82 deputados do PMDB (64% do total).
PREJUÍZO BILIONÁRIO
A CPI investigaria escândalos como a compra e a venda de ativos da refinaria de Pasadena (EUA), com prejuízo bilionário à estatal.
SABE DE TUDO
Dilma conhece os negócios e as fragilidades da Petrobras: na era Lula, presidiu o conselho de administração, e foi ministra de Minas e Energia.
APOIO FÁCIL
Sem esforço, em pouco tempo Leonardo Quintão obteve a adesão de 120 deputados governistas e 76 da oposição à CPI da Petrobras.
CHANCE ZERO
Quem conhece bem a Câmara acha que a CPI da Petrobras não sairá do lugar: está em 23º na fila de propostas de comissões de inquérito.
BOLSA FAMÍLIA VIROU FONTE DE DOAÇÕES NO INTERIOR
A denúncia da coluna de que beneficiários do Bolsa Família doam para campanhas eleitorais pode virar nova dor de cabeça no Ministério do Desenvolvimento Social: em Goiás, uma “bolsista” será investigada e a outra, “em expressiva vulnerabilidade social”, ignorava ter doado para um candidato a vereador, segundo o ministério, que prometeu apurar outras denúncias de doação eleitoral em Alagoas.
MAIS DO MESMO
Uma auditoria do Tribunal de Contas da União, em 2009, encontrou família de políticos recebendo Bolsa Família e donos de carros de luxo.
NEGÓCIOS LATINOS
Lula visita semana que vem a Colômbia, o Peru e o Equador com os habituais seguranças. Volta antes das quadrilhas das festas juninas.
ALKA-SELTZER
Ainda bem que ele tem azia lendo jornais: o italiano Corriere della Sera publicou a matéria: “O fim do modelo Lula: crescimento de 1%”.
COPIA E COLA
Mais da metade do embargo declaratório apresentado pelo deputado José Genoino (PT), contestando sua condenação no processo do mensalão, é idêntico às alegações finais apresentadas em 2012.
SORRIA, MEU BEM
O Brasil ultrapassou o México no índice de qualidade de vida da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, mas os mexicanos têm mais renda líquida. Ambos estão no fim da lista.
ATÉ O MESTRE CUCA
Conhecido por garantir o rango nas longas votações da Câmara, Fábio Ramalho (PV-MG) ameaçou partir para oposição na Comissão Mista de Orçamento: “As obras estão inacabadas, o governo não libera nada”.
PODE DEIXAR
Segundo o deputado Lúcio Vieira Lima (BA), o PMDB está “em plena articulação e votará unido” para aprovar a redução da energia elétrica, que o Senado deixou de apreciar devido ao prazo estourado da MP.
O QUE SERÁ QUE SERÁ?
Prefeito de Aracaju, João Alves (DEM) nega que deixará o cargo para disputar contra o vice-governador Jackson Barreto (PMDB) em Sergipe em 2014, mas aparece em todas as pesquisas de intenção de voto.
VAI DAR IBOPE
Para o quarto-secretário da Câmara, Biffi (PT-MS) será “enriquecedora” a exibição do documentário Mais Náufragos que Navegantes, que reunirá o pastor Feliciano e o presidente da frente LGBT, Jean Wyllys.
COMO DISSE?
Teoria do presidente do PT, no Twitter: “quatro monopólios precisam ser quebrados: financeiro, da terra, voto e o da mídia”. O último, ele precisa combinar com o eleitor, cujo voto é, por enquanto, secreto.
MUY COMPANHEIRO
Ex-presidente do PT e ex-maluquete, José Eduardo Dutra celebrou no Twitter a demissão de trabalhadores: “estou andando pra notícias de demissão de jornalistas em grandes jornais. Fazem todo tipo de m...”.
AMAR É...
Com a falante Dilma muda até agora, no episódio do Bolsa Família, o governo inaugura nova fase: “governar é não ter que pedir desculpas”.
PODER SEM PUDOR
QUEM TINHA VOTOS
Quem narrou o seguinte episódio ao então repórter Murilo Melo Filho foi o senador conterrâneo Dinarte Mariz: "o presidente Castelo Branco chamou-me ao Palácio das Laranjeiras para conversar sobre a sucessão no Rio Grande do Norte. Começou dizendo que quem realmente tinha votos lá no Estado era o meu adversário, Aluízio Alves. Ponderei-lhe:
- Vossa Excelência me perdoe. Mas, se o critério é este, quem devia estar aí no seu lugar era o Juscelino, que tem votos. Muitos, aliás".