quinta-feira, março 28, 2013

Carta misteriosa - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 28/03

João de Scantimburgo, o escritor que morreu semana passada, deixou esta carta na ABL com “subsídios” para o seu sucessor na cadeira 36.

Ao que tudo indica, será aberta pelo ex-presidente Fernando Henrique.

Só que...
Não deve ser uma decisão unânime. A Rádio Corredor da ABL diz que FH não terá o voto de Arnaldo Niskier.

Resta um
Desde que Marta Suplicy assumiu a pasta da Cultura, já demitiu 12 dirigentes. Todos do PT, que nas eleições usa o número 13.

Agora, restam cinco do ministério de Ana de Hollanda.

Aliás...
A ministra demitiu Morgana Eneile, assessora especial, por telefone. Ela estava de licença-maternidade.

E afastou João Peixe do Nascimento, secretário de articulação, logo depois dele ter feito uma cirurgia delicada.

Procura-se
A CBF busca um estádio para o último treino da seleção antes da Copa das Confederações.

O treino estava marcado para o Engenhão, agora interditado. A seleção italiana também treinaria no estádio.

Esperma da fortuna
Uma famosa empresária carioca, que já pagou mais de R$ 50 mil a um ex-funcionário que doou seu esperma para engravidá-la, em 2011, agora está sendo processada.

Apesar de não ter tido relação íntima, ele pede indenização por “ter vivido com ela uma união estável”.

Kit gay
A comunidade LGBT, animada pela declaração de Dilma, em Roma, de que o mundo pede “que as opções diferenciadas das pessoas sejam compreendidas”, organiza pela internet um abaixo-assinado.

O movimento pede a distribuição do kit gay, aquele material educativo produzido para ser usado nas escolas.

Como se sabe...
Esse kit deu o maior bafafá na eleição para prefeitura de São Paulo, no ano passado.

José Serra, candidato do PSDB, criticou a iniciativa de Fernando Haddad, do PT, que criou o kit quando era ministro da Educação.

Camisa de força
Um grupo de militantes organiza um ato simultâneo em Brasília, São Paulo e Rio, dia 2 agora. É contra o PL 7663, do deputado federal gaúcho Osmar Terra, que prevê prisão para usuários de drogas.

Os manisfestantes, que consideram o projeto um retrocesso, vão usar camisas de força e encenar uma peça durante o protesto.

Ame-o ou deixe-o
O clima entre professores e alunos do curso de Direito da PUC-Rio esquentou.

O Centro Acadêmico Eduardo Lustosa (CAEL), que se diz insatisfeito com a qualidade de ensino na faculdade, resolveu organizar o Seminário de Direito Administrativo só com professores de outras escolas, como a Uerj e a Fundação Getúlio Vargas.

Mas...
A professora Daniela Vargas, coordenadora-geral de graduação da PUC-Rio, lembrou no Facebook que “transferências para a FGV-Rio estão abertas para quem não estiver satisfeito. Idem, vestibular da Uerj”.

Calma, gente!

Dinheiro congelado
A Federação de Futebol do Rio não poderá receber os direitos de imagem pela transmissão dos jogos do campeonato carioca na televisão.

A juíza Márcia Cunha, da 2ª Vara Empresarial do Rio, determinou à TV Globo que faça o depósito direto no Fundo de Defesa do MP. O dinheiro vai ajudar a quitar os R$ 2,7 milhões que a federação foi condenada a pagar a torcedores, por ter reajustado em 100% os ingressos dos jogos em 2007.

Teste de inglês
A Prefeitura do Rio vai passar a avaliar o desempenho dos estudantes no inglês.

Eles também terão que atingir média 7 no idioma de Shakespeare para que seus professores recebam o bônus anual de desempenho. As provas serão feitas e corrigidas pela Cultura Inglesa.

Sem maldades
Totia Meireles, a vilã Wanda da novela “Salve Jorge”, vai estrelar a versão brasileira do musical “I do, I do”. Não tem nada a ver com esses grandes espetáculos em cartaz.

É coisa simples: dois atores em cena e só uma cama como cenário. As músicas embalam um texto sobre os 50 anos de vida de um casal.

Papa vai, papa vem - CONTARDO CALLIGARIS

FOLHA DE SP - 28/03

Não é muito importante que a igreja se modernize, pois seus fieis já estão se modernizando há tempo


Quando eu era criança, meu pai deixava que minha avó cuidasse de minha formação religiosa. Ela comungava todos os domingos. Querendo seguir seu ritmo, eu me preparava confessando-me no sábado, no fim da tarde. Mas eis que, na noite de sábado para domingo, um pensamento ou um sonho vagamente impuros, uma irritação, um palavrão me convenciam: eu já tinha perdido a pureza garantida pela absolvição de poucas horas antes.

Conclusão: eu precisava de uma nova confissão antes da missa de domingo. Às vezes, não tinha mais como, e eu renunciava a comungar.

Enquanto isso, eu constatava que minha avó não se confessava nunca -e olhe que, naquela época, ninguém falava em "absolvição geral" ou em "confissão uns aos outros": a única confissão que valia era a pessoal, com um sacerdote.

Tudo bem, minha avó era (ou parecia) idosa e bem-comportada. Mas, mesmo assim, eu não entendia: para mim, sem confissão (recente e por um sacerdote) não havia como acreditar no perdão divino. Criei coragem e perguntei. Ela disse que pecava pouco e, de qualquer forma, tratava do assunto diretamente com Deus. Rezo para que esse deslize herético tenha sido tratado com indulgência quando ela se apresentou no céu.

Seja como for, foi graças a essa avó muito católica que descobri precocemente o charme e alcance profundo da Reforma protestante. Ou seja, apesar da reação do Concílio de Trento com seus decretos disciplinares, seu índice dos livros proibidos e sua reorganização da Inquisição (hoje Congregação para a Doutrina da Fé, da qual, aliás, Bento 16 foi prefeito antes de ser papa), apesar de tudo isso, o espírito da Reforma protestante ganhou corações e mentes dos católicos -se não de todos, de muitos, a começar por minha avó.

Consequência: tornou-se cada vez mais possível e frequente que alguém se considere católico praticante e decida por si o que é pecado e o que não é, num diálogo privado com Deus, sem desprezar nem a igreja nem o papa, mas sem depender deles.

Conheço numerosos católicos devotos que se casaram, se divorciaram, casaram-se novamente (no civil), não confessam a sacerdote algum o "adultério" no qual eles vivem (segundo a igreja), não se arrependem e comungam, a cada missa, alegremente, considerando-se absolvidos diretamente por Deus.

Às vezes, um pároco conhecido lhes recusa a comunhão; pois bem, mudam de igreja ou, então, esperam para comungar quando viajam e encontram, no exterior ou num lugar remoto do país, uma igreja onde ninguém saiba de sua vida no "pecado".

É fácil encontrar católicos dando provas da mesma liberdade de pensamento em matéria de camisinha e de anticoncepcionais, de homossexualidade e mesmo de aborto.

Por causa desses "novos" católicos (nem tão novos assim, se minha avó estava entre eles), contemplo com um pouco de tédio as especulações mais ou menos esperançosas sobre o rumo que o novo papa imprimirá à igreja. Será que isso ou aquilo vai ser reconhecido ou permitido? E os padres, eles poderão se casar? Como se já não houvesse padres que, em segredo (de polichinelo) e sem a autorização romana, casam e seguem administrando os sacramentos para sua comunidade, a qual os aceita, satisfeita.

Em suma, para uma parte dos católicos (que é difícil medir, mas que é, no mínimo, uma boa minoria), a pauta dos comentários destes dias é irrelevante. Para esses católicos (que, sem se dar conta, foram conquistados pela modernidade da Reforma), o diálogo íntimo e livre com Deus está acima da opinião do papa, do pároco e da Congregação para a Doutrina da Fé.

Alguns deles acabam se tornando anticlericais: acham que o que importa é a mensagem cristã e o resto (a igreja) não passa de folclore, pompa, glose e vida institucional. Outros continuam gostando do ritual e de "seus" padres, embora considerem que a igreja militante é uma assembleia, não uma falange a mando de seus oficiais.

Se esses católicos forem o futuro do catolicismo (um futuro que já começou), a igreja de amanhã será variada e plural. Haverá católicos condenando o aborto em qualquer situação e haverá outros admitindo o aborto nas situações em que lhes parece justificado aos olhos de Deus. E eles conviverão na mesma igreja.

Ou seja, não é muito importante que a Igreja Católica se modernize. Pois seus fieis já estão se modernizando há tempo, optando pela liberdade de sua consciência, sem deixarem de ser católicos.

Uma relação mais leal - SONIA RACY

O ESTADÃO - 28/03

Meses depois de ter vivido a “empreguete” Maria da Penha na novela Cheias de Charme, sucesso de audiência no horário das sete na TV Globo, Taís Araújo acompanhou de perto a aprovação da proposta que amplia os direitos das empregadas domésticas em todo o País. Em conversa com a coluna, a atriz conta que, durante as gravações, começou a pagar o FGTS de sua funcionária.

O que achou da aprovação da PEC?

Achei ótimo. A partir de agora, patrões e empregados terão uma relação mais leal. No Brasil, temos uma maneira muito diferente de nos relacionar com as empregadas domésticas – há uma relação de afeto também. Por isso, as novas regras ganham ainda mais importância.

Para você, quais são os pontos mais relevantes da proposta?

O FGTS é fundamental. Bem como a hora extra e o adicional noturno. Concordo que não dá para onerar tanto o patrão, mas não dá também para as empregadas terem uma situação tão à deriva como têm hoje. O número de carteiras assinadas é pequeno perto do total de domésticas no Brasil.

Como as novas regras podem mudar a vida dessas funcionárias?

Hoje, elas estão muito esclarecidas. Conhecem seus direitos. Mas os patrões têm de entender que será uma mudança boa para eles também. A partir de agora, também estarão amparados pela lei. Só lamento que alguns pontos ainda tenham de ser regulamentados antes de começarem a valer. E acho que isso, infelizmente, levará um tempo.

Como é na sua casa?

Temos uma relação de honestidade. A Célia está comigo há 19 anos e, durante a novela, adotei o FGTS. Ela trabalha com carteira assinada e faço questão de pagar o plano de saúde – para ela e a família. A Célia se dedica à minha casa e ao meu filho. Por isso, quero que esteja assegurada caso aconteça algo com ela ou com seus filhos. Que sejam tão bem cuidados quanto eu. /THAIS ARBEX

Verde que…
A Prefeitura quer montar um portal para mapear os parques de SP. E monitorar, em tempo real, a situação de cada um deles. Para isso, estuda fechar parceria com a USP.

…te quero verde

“A ideia é atrair mais pessoas para esses locais, principalmente durante a semana”, explica Ricardo Teixeira, secretário municipal do Verde e do Meio Ambiente.

Eu ou ele?
Tem gente de peso no PT justificando a campanha antecipada de Aécio Neves e Eduardo Campos para 2014 de forma ‘diferenciada’: “Estão disputando prévias”.

Só um deles encarnará a oposição na corrida ao Planalto.

Não, obrigado
Jean Wyllys tem resistido firmemente. Foi procurado pela Rede Sustentabilidade e pelo PT para mudar partido.

Disse não aos dois. Mesmo sabendo que sua reeleição pelo PSOL do Rio será difícil.

Me dê motivo
A Andrade Gutierrez está interessada em entrar no estaleiro de Eike Batista.

Já houve conversas.

Cinco estrelas
Jaques Wagner está feliz. Salvador ganhará um Hotel Fasano, no prédio onde já funcionou o jornal A Tarde.

Sem coelhinho
Dilma optou: passará a Páscoa em Brasília. Não viaja ao Rio Grande do Sul, bem como Paula e seu neto não irão à capital.

Start
Os jogos eletrônicos brasileiros vão ganhar um selo – garantindo que game também é cultura. Mais uma tentativa do setor para pressionar o governo a incluir os produtos no escopo do Vale Cultura.

Contrária à ideia, Marta Suplicy ganhará, da Acigames, kit com jogos e livros.

Demanda
Desde a edição da MP dos Portos, em dezembro, atracaram na Antaq 15 pedidos para novos terminais de uso privativo.

Vitrine
A O2 está mesmo levando a sério o uso do espaço público em frente à produtora. Exibe aos pedestres, em pequenas vitrines na Rua Baumann – sede da empresa em SP –, objetos e adereços usados nas filmagens de seus longas.

Abraçando
Caetano Veloso não recebeu ninguém nos três primeiros dias de seu show Abraçaço, no Rio.

Para poupar a voz. Depois, abriu as portas a amigos – entre os xodós, Lenine e Baby do Brasil.

Abraçando 2
Doze dias separam os irmãos Veloso do mesmo palco em São Paulo. Maria Bethânia se apresenta sábado, no HSBC Brasil; já Caetano está programado para dia 11.

Gugu, dadá
O Grupo Vierci resolveu desembarcar no Brasil. Com a grife Baby Cottons, de roupas para bebês. Depois do shopping Iguatemi, os paraguaios abrirão outras seis lojas nos próximos seis meses em SP – a próxima em abril, no JK.

Rio, Brasília e Curitiba também estão na mira da companhia.

Canarinho
E a seleção brasileira vai ganhar um filme para chamar de seu. Documentário que aborda os 100 anos do time (completados em 2014) está em análise na Ancine.

O longa pretende compilar entrevistas com alguns ícones da seleção, como Pelé, Ronaldo, Zagallo e Taffarel. Além de jogadores que estarão na Copa das Confederações, em junho.

Esquenta
E a Billboard arma festa em homenagem ao Lollapalooza – evento que começa amanhã, no Jockey Club. Hoje, no Hotel Unique.

Indenização simbólica - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 28/03

José Serra ganhou indenização de R$ 1.000 por danos morais pelo "oportunismo eleitoral" do livro "A Privataria Tucana", de Amaury Ribeiro Júnior. O autor e a editora Geração Editorial foram condenados pelo juiz André Pasquale Scavone, da 10ª Vara Cível, em sentença publicada em 1º de março.

INDENIZAÇÃO 2
Na decisão, o juiz declara que "não é este o juízo que vai dizer se os fatos narrados são ou não verdadeiros". Diz, no entanto, que é "inequívoca a intenção dos réus de atingir a imagem de Serra". Scavone considera "curioso" o caráter indenizatório da ação. "Se o interesse era preservar a imagem, o pedido deveria ser de impedir a venda do material ofensivo."

INDENIZAÇÃO 3
Ao fixar a indenização, o juiz afirma ser o valor "simbólico (para fins de paraísos fiscais)", uma referência às denúncias do livro, lançado às vésperas das eleições de 2010, contra o candidato tucano à Presidência.

INDENIZAÇÃO 4
Serra e os réus devem recorrer da decisão. "O livro foi considerado ofensivo, mas entramos com recurso para ampliar a condenação", afirma Ricardo Penteado, advogado do tucano. "Também vamos recorrer. Para nós, R$ 1.000 é muito", diz o editor Luiz Fernando Emediato.

CHECK IN
A Associação Brasileira de Motéis aproveitará a Equipotel, feira hoteleira marcada para setembro, no Anhembi, para tentar emplacar os estabelecimentos do gênero como alternativa de hospedagem, principalmente durante a Copa e a Olimpíada.

Segundo a entidade, que tem 5.000 associados, 30% dos motéis no país estão aptos a receber turistas que viajam para diversão e negócios. É a primeira vez que a associação participa da feira.

A MINA DO NEYMAR
A atriz Bruna Marquezine, 17, é capa da "RG" que chega às bancas amanhã. A Lurdinha da novela "Salve Jorge" (Globo) está em evidência desde o Carnaval, quando assumiu o namoro com o jogador Neymar. À revista ela confessou ser ciumenta. "Nunca dei crise de ciúme, mas a gente tem de tomar conta. De vez em quando é bom, senão parece que tá largando mão Mas ninguém precisa saber do meu ciúme, só ele." E Bruna avisa que não é mais criança. "Mas também não sou uma mulher. Sou uma jovem adulta. Cada vez mais as coisas estão nas minhas mãos."

FESTA DOS BICHOS
A versão brasileira do musical "O Rei Leão" teve estreia para convidados, anteontem. O jogador Alexandre Pato, do Corinthians, os atores Leona Cavalli, Daniel Boaventura, Yanna Lavigne, Bruno Gissoni, Marisa Orth e Daniel Rocha estavam na plateia do teatro Renault. A atriz Danielle Winits foi acompanhada do namorado, o jogador Amaury Nunes, e o filho mais velho, Noah, do casamento com Cássio Reis.

TUDO AZUL
No Dia Mundial de Consciência do Autismo, comemorado na próxima terça, a Basílica de Aparecida será iluminada com a cor azul. Outros monumentos em várias cidades brasileiras receberão a mesma iluminação. A iniciativa da ONG Autismo & Realidade pretende conscientizar sobre a doença.

CÂMERA, AÇÃO
Luciano Huck vai transformar em filme os dez anos do Instituto Criar, sua ONG que ajuda jovens de baixa renda a se profissionalizarem em áreas técnicas de cinema e TV. O longa de ficção será baseado em histórias de alunos da instituição. A direção é de Fernando Grostein Andrade ("Quebrando o Tabu"), irmão de Huck.

POESIA CANTADA
Os músicos e compositores José Miguel Wisnik, Estrela Leminski, Téo Ruiz e Swami Jr. farão aula-show no Itaú Cultural, no dia 8. O evento marcará o lançamento do livro "Toda Poesia", que reúne a obra de Paulo Leminski.

AMAZÔNIA FRANCESA
Neta do oceanógrafo francês Jacques Cousteau, Céline Cousteau desembarca em São Paulo na próxima semana para acertar os detalhes para o início das filmagens do documentário que fará sobre os graves problemas de saúde dos índios do Vale do Javari, na Amazônia.

A "National Geographic" é umas das apoiadoras do projeto internacional.

ESCAPADA
Adriane Galisteu e Alexandre Iódice levaram o filho, Vittorio, dois anos e meio, à pré-estreia do musical "O Rei Leão" anteontem, em SP. O trio, no entanto, deixou o espetáculo de 2 h e 40 min antes do intervalo.

ESCAPADA 2
"O Vittorio não aguenta assistir a algo por mais de 50 minutos e já era muito tarde. Ele não chorou, mas fiquei com medo que começasse a incomodar as pessoas. Quero voltar numa sessão à tarde, mas vamos retormar de onde paramos", disse Galisteu.

CURTO-CIRCUITO
A peça "Maria Miss", com direção de Yara de Novaes, inicia temporada no Sesc Ipiranga, às 21h. 14 anos.

A festa de indie-rock Propaganda estreia no Cine Joia, hoje, às 23h. 18 anos.

A artista plástica Lucia Koch lança hoje instalação da série "Matemática Espontânea" na vitrine do Ritz da alameda Franca.

A Oi divulgou os resultados do seu programa de patrocínios culturais de 2012. Foram selecionados 103 trabalhos.

A banda Memórias de um Caramujo toca hoje às 23h no Studio SP. 18 anos.

Nicósia hoje - GILLES LAPOUGE

O Estado de S.Paulo - 28/03

Com angústia Nicósia, a capital da minúscula ilha do Chipre, aguardava, hoje, a reabertura dos bancos do país, fechados desde 16 de março, temendo que o governo cipriota, alarmado pela ideia de um "tsunami bancário", adiasse a volta à normalidade.

Os outros países europeus se comportam como os cidadãos de Nicósia.

Estão com medo. De fato, embora o Chipre seja um país minúsculo, 0,1% apenas do Produto Interno Bruto (PIB) da Europa, sua posição é estratégica. Um colapso cipriota poderia ter o efeito de uma banana de dinamite acesa no coração da União Europeia e, especialmente, no coração da moeda comum, o euro.

Sobretudo, os europeus temem que o plano aplicado no caso do Chipre, pela míope ordem de Angela Merkel, pelo Fundo Monetário Internacional, pelo Banco Central Europeu e por Bruxelas, crie um precedente e os senhores de Bruxelas tenham a ideia de aplicar as mesmas receitas a outros países. De acordo com o objetivo essencial desse plano, Chipre receberá uma ajuda de 10 bilhões, com a condição de que os bancos cipriotas (o Banco de Chipre principalmente) retenham parte dos depósitos. Trata-se de uma retenção enorme aplicada aos clientes ricos: as perdas de um cliente rico poderão chegar a 45% do que ele tem depositado.

Foi assim que um princípio fundamental, que constitui a espinha dorsal da esfera financeira, foi desprezado, pervertido e pisoteado pelo plano de ajuda a Chipre: o respeito rigoroso pelas somas confiadas a um banco. Violar essa regra de ouro pode abrir uma rachadura no sistema bancário, pelo qual somas gigantescas poderão escapar a fim de buscar refúgio em outros lugares.

Os temores europeus são consideráveis, chegaram mesmo à histeria, depois da desastrada declaração do funcionário que ocupa um cargo essencial no edifício do euro, o novo chefe do Eurogrupo, que gere a zona do euro.

Essa delicada função foi desempenhada até agora com habilidade por Jean-Claude Juncker, do Luxemburgo, que acaba de ser substituído por um holandês. Sua estreia foi catastrófica. Saudando com ênfase o acordo sobre o Chipre, ele disse o que jamais deveria ter dito: "Se um banco correr o risco de não se recapitalizar por conta própria, discutiremos com os acionistas e com os credores obrigatórios, e pediremos a sua contribuição. E, inclusive, se necessário, a pediremos aos detentores de depósitos não garantidos".

Ele não poderia ter sido mais infeliz! Nos minutos seguintes, o euro perdeu 1% em relação ao dólar. Bruxelas teve uma crise de nervos. O holandês culpado por essa besteira recebeu imediatamente um apelido humilhante. Seu nome é impronunciável, Jeroen Dijsselbloe. Mas agora ele é chamado Dijsselbourde ("bourde" em francês significa "cretinice").

Mas será que ele cometeu realmente uma cretinice? Temo que não. Muitos acham que, na realidade, ele traduziu sem sutileza as convicções e os desejos da verdadeira "patroa" da Europa, a alemã Angela Merkel, com sua obsessão pela austeridade, pelo rigor e pelas contas exatas.

Assim, embora a ação adotada há dois anos contra a crise europeia por Merkel e seu ex-assistente, o francês Nicolas Sarkozy, tenha resultado em desastres e num declínio dramático da Europa, a linha imposta é sempre a mesma: Merkel continua governando a zona do euro. E ela se recusa a levar em conta o tremendo fracasso que seu pequeno arsenal de medidas rigorosas exibiu até agora. / Tradução de Anna Capovilla.

Retratos dos Brics - EDITORIAL O ESTADÃO

O Estado de S.Paulo - 28/03

Se quiserem ter mais influência no cenário mundial, os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) precisam, para começo de conversa, organizar com mais eficiência as reuniões de seus dirigentes. O "chá de cadeira" que o presidente da África do Sul, Jacob Zuma, aplicou à presidente Dilma Rousseff é mais um efeito da desorganização desses países, que almejam ser um grupo de defesa de seus interesses comuns, mas até agora não conseguiram ser mais do que uma mera sigla.

Sem ter nada de concreto a apresentar passados cinco anos de sua primeira reunião de cúpula e vendo frustradas as expectativas dominantes no encontro anterior, de que se tornariam mais relevantes no cenário mundial depois da crise, os Brics ainda procuram algo tangível para se justificar. Na reunião na cidade de Durban, encerrada na quarta-feira, limitaram-se a anunciar a criação de um fundo de reserva que socorrerá seus integrantes em caso de crise de liquidez.

O volume de recursos teoricamente mobilizados para esse fundo - um acordo de reserva de contingência, ou CRA, na sigla em inglês - impressiona. Seu patrimônio inicial é de US$ 100 bilhões. Nenhum dos participantes, porém, terá de transferir dinheiro de suas reservas. Trata-se, na verdade, de um compromisso de que, se um dos membros tiver problemas nas contas externas, os demais colocarão recursos à sua disposição.

Um anúncio desse tipo certamente evitou que a reunião de Durban ficasse marcada como uma espécie de fim de festa dos Brics. Até o início do ano passado, esses países eram apontados como os de maior resistência à crise, mas hoje sentem seus efeitos. A velocidade de crescimento se reduziu em todos, e em particular no Brasil, que cresceu apenas 0,9% em 2012.

Mas o ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que os Brics liderarão o crescimento mundial. "Vamos continuar crescendo, temos um dinamismo maior, temos de aproveitar melhor nossos mercados e nosso comércio", disse. Se o Brasil repetir neste ano o desempenho dos dois anos anteriores, pouco contribuirá para isso.

Para justificar as reuniões do grupo, seus dirigentes tentaram implementar a ideia de criação de um banco de desenvolvimento próprio, o "Banco dos Brics", para apoiar os investimentos nos países em desenvolvimento. Proposta pela Índia no início do ano passado, a criação desse banco vem sendo discutida desde então por representantes dos cinco países.

"Fizemos proposta para que o Banco dos Brics seja constituído em 2014", disse o ministro Guido Mantega. Não parece provável, porém, que os cinco países consigam superar suas divergências em tão pouco tempo.

Além da data de início das operações, as divergências incluem, entre outras questões, o local onde o banco se instalará, o sistema de escolha de sua diretoria e como serão selecionados os países aptos a receber seus financiamentos. O que está certo é que o capital do banco deverá ser fornecido pelos países do Brics, mas muitos deles enfrentam problemas internos que limitam sua capacidade de capitalizar a nova instituição. A Rússia, por exemplo, resiste à proposta de aporte inicial de US$ 10 bilhões de cada país, por considerá-la insuficiente.

A constituição do banco seria um avanço importante dos Brics e contribuiria para consolidar o grupo. Mas as questões que dividem os cinco países a respeito dessa instituição são apenas parte de suas muitas divergências. Em foros internacionais, como a ONU e a OMC, esses países têm assumido posições até conflitantes. Uma simples sigla está longe de ser suficientemente forte para levá-los a superar esses conflitos.

Apesar da descortesia do anfitrião, à qual respondeu retirando-se do local onde se reuniria com ele, a presidente Dilma Rousseff parece ter ficado satisfeita com os resultados do encontro de Durban. Segundo ela, o anúncio do fundo de contingência e a decisão de criar o Banco dos Brics foram "realizações" do Brasil, isto é, de seu governo. É bem possível que sejam, pois, como outras "realizações" de seu governo, também estas continuam no papel.


Anna - LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO

O GLOBO - 28/03
Emma Bovary e Anna Karenina são as adúlteras mais famosas da literatura, e as duas tiveram o mesmo fim. Foram vitimas da sua época, da hipocrisia das sociedades em que viviam - mas também do moralismo disfarçado dos seus autores, que as criaram para se destruírem. Flaubert e Tolstoi condenaram a hipocrisia, mas não deixaram de castigar as suas duas transgressoras, ou de permitir que elas se castigassem. Enfim, foram homens, com sua misoginia à mostra, antes de serem artistas defendendo a transgressão.

Ainda não fizeram, que eu saiba, um bom filme de "Madame Bovary" (o último que tentou sem sucesso foi o falecido Claude Chabrol), mas o filme definitivo de "Anna Karenina" está nas telas, deslumbrando todo o mundo. A explicação talvez seja que Flaubert nunca encontrou um colaborador à sua altura para fazer o roteiro, enquanto Tolstoi encontrou o Tom Stoppard. E os dois contaram com um diretor aventureiro como Joe Wright, que conseguiu fazer um filme altamente estilizado, na sua redução dos cenários - até o de uma corrida de cavalos - a um teatro e seus bastidores, sem que isto parecesse preciosismo vazio ou atrapalhasse o drama. O filme é teatro sem ser teatral, como escreveu o Xexeo. E se tivesse sido filmado de forma convencional não teria a metade do impacto visual que tem. Com pouquíssimas tomadas externas, sem sair dos confins de um teatro, o filme mostra a Rússia imperial em todo o seu esplendor e miséria. O vasto exterior só aparece como contraponto para o claustrofóbico pequeno mundo da corte.

Joe Wright, para quem não se lembra, é o diretor, entre outros, do filme "Atonement" ("Desejo e reparação", se não me engano), baseado num romance de Ian McEwan. O filme contém o que é provavelmente o mais longo travelling ininterrupto da história do cinema, toda a confusão na praia de Dunquerque, onde tropas inglesas fugindo dos alemães no começo da guerra esperavam para serem retiradas, captada numa única e interminável tomada de tirar o fôlego. Podia ser exibicionismo técnico gratuito, mas mostrava a audácia de um diretor, que agora se confirma com este entusiasmante "Anna Karenina". Olho nele.

Mesmo para quem acha que nunca haverá outra Anna como a Greta Garbo, ou faz restrições a um ou outro incisivo da Keira Knightley, o filme é uma experiência imperdível. Ganhou só um Oscar, o que também o recomenda.

O filme definitivo de "Anna Karenina" está nas telas.

A explicação talvez seja que Flaubert nunca encontrou um colaborador à altura para o roteiro e Tolstoi encontrou o Tom Stoppard

Ueba! Feliciano sai do armário! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 28/03

E como eu alerto todo ano, eu não vou comprar ovo pra ninguém porque tô devendo até os ovos!


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Socuerro: "Após prejuízo bilionário, só água será gratuita nos voos da Gol!". GOL CONTRA! Muda de nome pra Gol Contra!

E a água deve ser da torneira do banheiro! E sabe por que só vendem sanduíche? Pra você comer na vertical! Você fecha os braços e come na vertical. Se abrir os braços, bate na boca do cara ao lado!

E a última vez que fiz check-in, a atendente perguntou: "Qual poltrona o senhor prefere?". "A poltrona da minha casa!". E GOL quer dizer Grande Ônibus Lotado! Rarará!

E atenção! Manchete do "Piauí Herald": "Para se manter na Comissão, Feliciano sai do armário". E vai se casar com o Silas Malafaia. E passar a lua de mel em Mykonos. Com show da Cher! Cher e chapinha!

E essa: "PSC diz que Feliciano é ficha limpa e decide mantê-lo em comissão". Ficha limpa e cabeça mais suja que pau de galinheiro. E gostei desse pedaço da declaração: "mantê-lo em comissão". Eu acho que o Feliciano não desgruda do cargo porque se chama Comissão!

E Chipre tá tão encrencado que olha o nome do porta-voz cipriota: CHRISTOS Stylianides! A Europa tá levando uma chiprada na testa!

E ontem eu tava assistindo a Portugal x Azerbaijão! E os jogadores do Azerbaijão: Izmailov e Abishov. Devem tá de caso! "Passa a bola Izmailov". " Não passo, Abishov". E esse Izmailov não deve valer nem R$ 1,99!

E a Páscoa? E como disse o tuiteiro Paulo Tigre: "se ovo de Páscoa simboliza a vida, pelo preço deve ser a vida do Silvio Santos". Rarará!

E essa é a história da Semana Santa através dos tempos, de Roma aos tempos modernos: o leão comeu o cristão, e o cristão comeu o bacalhau. Cadeia alimentar.

E como eu alerto todo ano, eu não vou comprar ovo pra ninguém porque tô devendo até os ovos!

Se alguém me pedir um ovo de Páscoa, eu vou me fingir de surdo: "O que? Ovo? Não tô ovindo nada! Não ovo nada!".

E um amigo disse que vai passar a Semana Santa rezando "porque se Deus fez aquilo com o filho dele, imagine comigo que ele nem conhece". Rarará!

E hoje é Endoenças! Semana Santa era assim: Trevas, Endoenças, Paixão, Aleluia e Páscoa. Atualmente é ovo, ovo, ovo. Ovo, bacalhau e praia. Rarará! Nóis sofre mas nóis goza. Hoje só amanhã!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

A volta do mercado - CARLOS ALBERTO SARDENBERG

O GLOBO - 28/03

Quase não apareceu no noticiário, mas foi um sinal importante. Faz alguns dias, o governo americano informou que vendera mais um lote de ações da GM, papéis que havia adquirido em 2009 para capitalizar a companhia e, assim, impedir o colapso da indústria automobilística. A General Motors se tornara Government Motors, no feliz achado da revista “Economist”. Agora, está sendo reprivatizada, e isso depois de ter passado por uma dura reestruturação imposta pelo acionista então dominante, o governo.

Considerando que a administração federal também adquiriu ações de bancos e companhias seguradoras à beira da falência e sem esquecer que o Federal Reserve (Fed, o banco central) saiu comprando todo tipo de títulos, inclusive podres, não há dúvida: o governo interveio, gastou dinheiro do contribuinte e controlou a crise, que teria sido muito pior sem a intervenção estatal na economia.

Estão vendo? Eis a prova da falência do mercado bem no coração do capitalismo — foi o comentário comum na ocasião.

Segue a crise, passa o tempo e o que se passa? Hoje, quando se pergunta quem pode ameaçar a recuperação da economia americana, a resposta sai na hora: o governo ou, melhor, Washington na acepção ampla do conceito, incluindo a Casa Branca e o Congresso.

Durante meses, os políticos americanos deixaram o mundo em suspense. Sucederam-se datas fatais. Se o Congresso não votasse até amanhã esta ou aquela lei, o governo ou daria calote nos seus títulos da dívida, estocados nas reservas financeiras de todos os países; ou não poderia gastar um centavo a mais, e assim daria o cano nos funcionários e fornecedores; ou ainda entraria em vigor um drástico corte de gastos e aumento de impostos. Era o abismo fiscal, lembram-se?

É verdade que Congresso e Executivo nunca deixaram a coisa acontecer. No último momento, deputados e senadores, republicanos e democratas, mais os assessores do presidente Obama, conseguiam um arranjo. Foram tantas datas fatais superadas que o mundo até se acostumou.

Mas é verdade também que nada está resolvido. Foi tudo empurrado para mais uma data fatal. As questões estruturais, os crescentes e insustentáveis gastos públicos com aposentadorias e saúde, mal têm sido tocadas. Segue o impasse entre republicanos e democratas sobre como lidar com os contas governamentais.

Ainda recentemente, o Fed reduziu suas previsões de crescimento, citando a falta de um programa de ajuste de médio e longo prazo.

E entretanto, a economia americana continua apresentando o melhor desempenho entre os desenvolvidos. O Produto Interno Bruto se expande ao ritmo pouco acima de 2% ao ano, podendo alcançar 3% em 2014, com o desemprego em queda. Pode não ser brilhante, mas comparem com a Europa.

O que explica isso? “A América que funciona” — diz a capa da “Economist” da semana anterior.

O setor privado funciona. No meio dessa confusão toda, produziu, por exemplo, uma mudança drástica — a extração comercial de petróleo e gás das rochas de xisto. É um clássico do empreendedor privado: investimento em pesquisa, transformação de conhecimento em tecnologia efetiva e a capacidade de colocar o negócio para funcionar.

Isso já trouxe uma novidade global e, pois, geopolítica: a China ocupou o lugar dos EUA como a maior importadora mundial de óleo.

Outro fator da recuperação americana está nos governos estaduais e prefeituras. Como cita a reportagem de “Economist”, administrações locais tratam de ajustar suas contas e turbinar investimentos em infraestrutura. Alguns estados aplicaram reduções expressivas de impostos para atrair empresas e trabalhadores qualificados. Outros combinaram cortes e aumentos de impostos e tarifas (como pedágios e contas de água e luz). Para financiar investimentos, encontra-se de tudo: privatização direta, Parcerias Público Privadas e gasto estatal, ora com fundos privados, remunerados, claro, ora direto com o dinheiro do contribuinte.

Tem coisa que dá certo, coisa que não funciona, mas parece que o conjunto de iniciativas locais cria um movimento nacional no sentido de mais intensa atividade econômica.

Certamente, há questões estruturais que continuam dependendo da política de Washington, mas há uma lição a tirar do que já se viu. Primeiro, que o governo é decisivo em determinados momentos. Segundo, que é no setor privado que se encontra o tal “espírito animal”. E terceiro, que vale especialmente para o Brasil de hoje, o governo não pode querer dizer aos empresários quando, onde e como devem investir. Se os negócios dependem do governo, o empreendedor esquece essas coisas de inovação, risco, aplicação de capital próprio, para buscar o favor oficial. Não decola.


Dilma é Dilma - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 28/03

A direção nacional do PT intercedeu pedindo que o pré-candidato ao governo do Rio, senador Lindbergh Farias, acalme-se. O governador Sérgio Cabral (PMDB) alertou o ex-presidente Lula de que não é prudente dividir o vértice da aliança que administra o país. Um aliado de Cabral adverte: "Deixa o PT lançar candidato em todo lugar para ver o que acontece. Lula era Lula!"

Falta comover a sociedade
Em recente conversa com integrantes da Comissão da Verdade, a presidente Dilma criticou a escassez de depoimentos de familiares de desaparecidos políticos com capacidade de comover o país, servindo como espécie de catarse nacional. Citou como exemplo as experiências da Argentina e da África do Sul. Disse que está se produzindo documentação importante, mas que a comissão precisa garantir espaço aos que querem chorar seus mortos. O depoimento dado ao órgão por seu ex-marido Carlos Araújo, dia 17, em que acusou empresários brasileiros de financiar órgãos da repressão, foi considerado importante por exorcizar fantasmas do passado.

Agora vai
O presidente chinês, Xi Jinping, disse à presidente Dilma que está disposto a importar mais produtos de valor agregado do Brasil, uma das principais reivindicações na área comercial. E falou em apoiar Roberto Azevêdo na OMC.

Discrição
Ele é contido em suas declarações públicas e não faz questão de se exibir. Mas, no governo Dilma, o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, foto, tem peso maior a cada dia. A presidente Dilma confia nele, e, por isso, é acionado para todas as reuniões que tratam da liberação de recursos para estados e municípios.

O Planalto quer faturar
O governo ficou exultante com a aprovação da PEC das Domésticas. A presidente Dilma disse que foi uma votação histórica e vai citá-la no pronunciamento de 1º de Maio. Ela também planeja fazer evento em apoio à medida.

Virou o jogo
As pesquisas de opinião que jogam lá em cima a popularidade da presidente Dilma e garantem conforto à reeleição fizeram com que ela pisasse no freio. Está vendo com outros olhos as negociações com PSD, PR e PTB. Avalia que, se os três quiserem se aproximar do PSB e do PSDB, o problema é deles. Os partidos se movem pela perspectiva de poder e, nesse quesito, por enquanto, reina absoluta.

Questão de gosto
O vice-governador de São Paulo, Afif Domingos (PSD), anda dizendo por aí que, se tiver que optar entre seu atual cargo e a Secretaria da Micro e Pequena Empresa, prefere ficar onde está. Não aceita a ideia de ter que renunciar.

Má gestão
A despeito da demissão da cúpula das Indústrias Nucleares do Brasil, que responde à pasta da Ciência e Tecnologia e era ligada ao PSB, o governo diz que ocorreu por pura má gestão. Autossuficiente em urânio, o Brasil passou a importar o mineral.

Atendendo a apelo da cúpula do PSD, o deputado Ricardo Izar (SP) deve desistir da candidatura a presidente do Conselho de Ética da Câmara.

Passando a régua - VERA MAGALHÃES - PAINEL

FOLHA DE SP - 28/03

Será na segunda-feira a conversa de Dilma Rousseff com representantes do PR e do PTB, os dois partidos ainda não contemplados na reforma ministerial. A presidente deve dizer ao senador e ex-ministro Alfredo Nascimento (PR-AM) que está disposta a nomear o baiano César Borges para o ministério, mas não aceita discutir outros nomes. Com Gim Argello (PTB-DF) Dilma vai discutir vagas em estatais e autarquias, já que a sigla dá sinais de que não apoiará sua reeleição.

Proveta O PTB, no entanto, levará um pedido de espaço no primeiro escalão. O alvo é o Ministério de Ciência e Tecnologia, e o nome é o do senador João Vicente Claudino (PB). A chance de êxito é considerada remotíssima.

Digestivo Em jantar oferecido pelo deputado Izalci Ferreira (PSDB-DF), Aécio Neves falou anteontem à noite a 25 integrantes da bancada tucana na Câmara dos Deputados. Os serristas Vaz de Lima (SP), Jutahy Júnior (BA) e Antonio Carlos Mendes Thame (SP) faltaram ao evento.

Lembra? Quem leu com lupa a entrevista concedida por Lula ao "Valor Econômico" ontem sublinhou a referência que o ex-presidente fez à amizade com a mãe de Eduardo Campos, Ana Arraes, eleita com apoio do PT para o Tribunal de Contas da União.

Carona Na esteira da PEC das domésticas, Roberto Requião (PMDB-PR) apresentou projeto que permite abatimento dos salários pagos no IR dos empregadores. O texto passou pela Comissão de Assuntos Econômicos do Senado e aguarda votação na Comissão de Assuntos Sociais.

Bê-a-bá Chamou a atenção da oposição o fato de terem vindo da base de Dilma 12 dos 24 votos a favor da emenda de Álvaro Dias (PSDB-PR) que reduzia de oito para seis anos "a idade ideal" para alfabetização nas escolas públicas. A sugestão é do Pacto pela Alfabetização na Idade Certa, editado pelo governo.

Pai da matéria Durante a tensa reunião de líderes sobre o caso Marco Feliciano, na quinta-feira à noite, Anthony Garotinho (PR-RJ) discorreu sobre o partido do presidente da Comissão de Direitos Humanos: "Conheço bem o PSC, pois fui eu que o criei. Conheço tanto que saí de lá".

Sintonia... Cobrado por entidades ligadas às TVs públicas, Paulo Bernardo (Comunicações) foi ontem à Câmara. O ministro tentou tranquilizar Henrique Alves (PMDB-RN) sobre o espaço reservado às emissoras legislativas e comunitárias no espectro após a digitalização.

...fina Bernardo assinou consignações de três novos canais para a TV Câmara. O presidente da Casa, contudo, quer aval do governo para operar mais sete no país.

Fora do ar Preocupa os dirigentes das associações do setor a cessão da faixa dos 700 MHz para uso das operadoras de telefonia. O governo diz que a medida não afetará canais já em operação, mas congelará liberação de novos em pelo menos 800 cidades.

Pau... Chamuscado por desvios de verba feitos por prefeituras para bancar as festas juninas em anos passados, o Ministério do Turismo resolveu financiar os "arraiás" por chamada pública.

... de sebo Quem quiser abocanhar parte dos R$ 12 milhões destinados pela pasta terá de comprovar que seu São João atrai turistas e aumenta a ocupação dos hotéis.

Abstenção A prefeitura de São Paulo não divulgou até ontem quantos dos 136 convidados para o "Conselhão" de Fernando Haddad participaram da reunião inaugural, anteontem. Auxiliares falavam em "cerca de cem", sem revelar a lista dos ausentes.

Tiroteio
Já que Haddad 'enxugou' suas promessas de campanha, o eleitor já tem motivo de sobra para fazer a votação do prefeito secar.
DO LÍDER DO PSDB NA CÂMARA PAULISTANO, FLORIANO PESARO, sobre o programa de metas da gestão de Fernando Haddad, enviado ontem à Câmara.

Contraponto


Efeitos especiais

Quem chegava na segunda-feira à sede do PSDB em São Paulo para evento que aclamaria Aécio Neves candidato à presidência do partido era recebido com o jingle da campanha presidencial de José Serra, em 2010. No telão instalado do lado externo do prédio, aparecia o slogan "Serra é do bem", com imagens do ex-governador.

Um deputado do grupo de Aécio brincou, referindo-se à tensão com a ala de Serra, que preferiu viajar aos EUA a participar do ato em favor do mineiro:

-É bom chegar com Serra dando boas-vindas assim, pelo telão. É mais uma maravilha dos tempos modernos.

O país do faz de conta - RENATO MORAES

O GLOBO - 28/03

A História registra os fatos e acontecimentos em que o Brasil, por romper contratos, esquecer as leis e abusar dos "jeitinhos" acaba se saindo mal, cultuando o falso e as maracutaias.

Os episódios se sucedem. Mas pegou mesmo a frase atribuída erradamente ao general Charles de Gaulle, presidente da França: "Le Brésil n"est pas un pays serieux" ("O Brasil não é um país sério"). Até este erro histórico comprova o quanto subvertemos os fatos e as regras no esforço de agradar a todos, mesmo que seja decretando o óbito da verdade e da lei.

Quem cunhou a célebre frase foi o embaixador brasileiro na França em 1962, Carlos Alves de Souza e Filho, em conversa com De Gaulle. Genro do ex-presidente Artur Bernardes, o diplomata se esforçava pata evitar que a pesca de lagosta por embarcações francesas na costa brasileira se transformasse numa verdadeira batalha entre o Brasil, governado por João Goulart, e a França do general.

O caso deu em nada, mas acabou conhecido por Guerra da Lagosta, embora nenhum tiro tenha sido disparado.

O embaixador Alves de Souza, observa o jornalista Antônio Ribeiro, repôs a autoria da frase em seu livro "Um embaixador em tempos de crise" (Livraria Francisco Alves Editora, 1979) e lembrou: "A História está cheia desses equívocos."

No Brasil, desacertos assim proliferam a tal ponto que faz sucesso no Facebook o endereço "Brasil, o país da gambiarra". As gambiarras, aliás, imperam por aqui, como os "gatos" que infestam comunidades carentes, instituindo o furto a céu aberto e às claras de energia, com o risco de curto-circuito e incêndios.

E, especialmente, encontram espaço para crescer e prosperar no Congresso. A sessão em que deputados e senadores votaram a derrubada do veto da presidente Dilma Rousseff à "Lei dos Royalties" revela não apenas a força da maioria, que sempre deve ser respeitada, mas a prevalência de interesses políticos regionais sobre pilares básicos da Constituição, afetando a imagem do país mundo afora e atualizando a frase do embaixador que a História espalhou na voz de De Gaulle.

Sem entrar no mérito de outros vícios de natureza constitucional, fica a mensagem preocupante do Parlamento: dá para acreditar em um país que não honra compromissos previamente acertados?

Ministra Cármen Lúcia, ao conceder liminar na Ação direta de inconstitucionalidade ajuizada pelo Governo do Rio, recolocou a questão no trilho traçado pela Constituição de 1988.

Assegurou os direitos dos Estados produtores. Pelo menos até o julgamento do mérito pelo plenário do Supremo Tribunal Federal. E, se o pacto federativo prevalecer, com a confirmação da decisão da ministra, ficarão inalteradas as regras de distribuição dos royalties e participações especiais devidos pela exploração do petróleo.

O Brasil, então, se firmará como um país confiável e sério.

Quem vai pagar a conta? - PAULA CESARINO COSTA

FOLHA DE SP - 28/03

RIO DE JANEIRO - Mais surpreendente do que o próprio fechamento do Engenhão -menos de seis anos depois de sua inauguração- é o que se anuncia como inevitável. Tudo indica que mais dinheiro público será colocado numa obra que já custou seis vezes a previsão inicial.

O Estádio Olímpico João Havelange, bela obra arquitetônica encravada no bairro de Engenho de Dentro, zona norte, é visível de longe e do alto. Principal legado dos Jogos Pan-Americanos de 2007, tem uma história de malfeitos, da construção à concessão. A novela é rocambolesca.

O valor inicial era R$ 60 milhões. Custou R$ 380 milhões. A data prevista para a entrega era o final de 2004. Ficou pronto em 2007, só duas semanas antes dos Jogos. Houve três licitações, dois consórcios executantes, várias empreiteiras trabalhando.

Uma delas, a Delta, alegou que não tinha tecnologia para fazer a junção da cobertura. Sobrou para a OAS-Odebrecht. Anos depois, a Delta estaria no centro de escândalo com bicheiros, corrupção e licitações arranjadas. Desde 2007, a prefeitura tem recebido relatórios sobre problemas estruturais. Há cerca de dois anos, Eduardo Paes descartou riscos.

Em 2010, o então diretor do BNDES Elvio Gaspar disse: "Queremos evitar que os estádios se transformem em um estorvo para as cidades. Não podemos repetir o Engenhão".

Estorvo é o que os torcedores enfrentam no entorno do estádio sem infraestrutura alguma. Tragédia é o que pode ter sido evitado com a interdição. Mas escândalo é o termo mais adequado para o que virá.

A prefeitura ainda não sabe se "houve problemas de projeto ou de execução". Só depois será decidido "quem vai pagar a conta". Alguém desconfia? Algum agente público ou empresário vencedor de licitação de milhões de reais será responsabilizado? Quem vai ressarcir os cofres públicos? Respostas mais soltas do que a cobertura do Engenhão.

Declarações e desmentidos - CELSO MING

O Estado de S.Paulo - 28/03

Em entrevista aos jornalistas brasileiros em Durban (África do Sul), onde se encontrava para a cúpula dos Brics, a presidente Dilma Rousseff fez declarações sobre a inflação e sobre a estratégia de contra-ataque do governo que trombavam frontalmente com o que vem sendo dito pelo Banco Central.

Foram afirmações feitas horas antes da divulgação do Relatório de Inflação (que sai hoje), documento trimestral pelo qual o Banco Central transmite seu diagnóstico da inflação e diz como pretende controlá-la.

Depois que o conteúdo da entrevista foi conhecido pelo mercado financeiro e que já fazia estragos no mercado futuro de juros, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, em nome da presidente Dilma, reafirmou a disposição do Banco Central em combater a alta da inflação com a veemência devida: "Não há tolerância em relação à inflação".

Horas depois, a própria presidente voltou a convocar os jornalistas brasileiros para denunciar a "manipulação da notícia" e deixou claro o que não tinha ficado antes: que, para ela, "o combate à inflação é um valor em si".

Nas declarações que entendeu terem sido manipuladas, Dilma dissera que o aumento da inflação que aí está é produto de choques externos e que seu governo não vai adotar nenhuma política que sacrifique o crescimento econômico e o emprego. Ficou entendido, assim, que o recuo da inflação viria espontaneamente e que a política monetária (política de juros) não deveria ser acionada pelo Banco Central para empurrar a inflação para dentro da meta.

A ênfase dada pela presidente Dilma às causas externas da inflação não explica por que esses choques de oferta de alimentos, gerados pela seca que derrubou as safras dos Estados Unidos no ano passado, só provocaram toda essa inflação no Brasil - e não também em outros países emergentes.

De todo modo, não é esse o diagnóstico do Banco Central. Em seus documentos (Relatório de Inflação e atas do Copom) vem denunciando mais causas internas do que externas para a inflação, que atualmente ultrapassa o nível dos 6% em 12 meses.

São elas fundamentalmente três: (1) descompasso entre uma "demanda robusta" e uma oferta fraca, ou, em outras palavras, incapacidade da produção interna de dar conta do forte consumo; (2) política de gastos públicos frouxa demais; e (3) mercado de trabalho excessivamente aquecido.

O Banco Central tem também repisado que não há incompatibilidade entre as políticas de combate à inflação e a criação de condições para o crescimento econômico - como pareceu sugerir a presidente Dilma Rousseff. Tem enfatizado o contrário. No parágrafo 32 da última Ata do Copom, por exemplo, deixou dito que "taxas de inflação elevadas reduzem o potencial de crescimento da economia, bem como de empregos e de renda".

As declarações estão gravadas e aparentemente a presidente disse o que não deveria ter dito. Talvez a questão mais relevante para o acontecido seja o fato de que, apesar das explicações e dos desmentidos, Dilma tem dado motivos para que os agentes econômicos tendam a achá-la mais tolerante com a inflação do que admite ser. E, também, de que não gosta de que a política de juros seja usada para enquadrar a inflação dentro da meta.

O contraste da bolsa - MIRIAM LEITÃO

O GLOBO - 28/03

A queda de 8% do Ibovespa está em contraste com a projeção de alta de 3% do PIB. A aceleração da economia deveria impulsionar as ações, mas o índice caiu abaixo de 55 mil pontos esta semana, o menor patamar desde julho. Grandes empresas perderam valor. A Petrobras cai 5% e já chegou a cair 15%. A Vale despenca 17%. O grupo X está em xeque: OGX, -45%; MMX, -48%; MPX, -13%; LLX, -9%.

O primeiro trimestre chega ao fim com a bolsa no vermelho e isso é mau sinal. Os investidores, quando estão confiantes num ritmo mais forte de crescimento, tentam antecipar a tendência com maior movimentação de negócios e compra de ações. Crescimento gera lucro. Segundo o economista Álvaro Bandeira, da Órama Corretora, esse resultado está surpreendendo porque outros mercados estão em alta, inclusive na América Latina:

- Ninguém imaginava, há seis meses atrás, que se pudesse ter o Ibovespa no negativo com as outras bolsas do mundo em alta. Ninguém previa esse descolamento. Achávamos que o Brasil acompanharia o cenário internacional. Até as bolsas da Europa, foco da crise, estão com desempenho melhor que o nosso.

Os índices americanos sobem forte no ano e alguns quebraram recordes. O Dow Jones tem alta de 10%; o S&P, 9,3%; Nasdaq, 7,7%. Na Europa, a bolsa da Irlanda sobe 15%. A da Inglaterra, 10%. O principal índice da Alemanha, o DAX, sobe 2,4%; o CAC, da França, sobe 1,5%. Até mesmo as bolsas da Itália, Grécia e Espanha, que estão no vermelho, têm quedas menores que a nossa. Grécia cai 6,4%; Itália, 5,6%; Espanha, 3,2%.

Para tentar entender o que aconteceu, portanto, é preciso olhar para problemas internos, não dá para culpar a crise internacional. Segundo Álvaro Bandeira, uma parte da explicação está na mudança do olhar de investidores estrangeiros sobre o Brasil. Depois de um longo período surfando no bom momento, o país perdeu atração em relação a latino-americanos, principalmente México, Chile, Colômbia e Peru.

- O Brasil já tem dois anos de baixo crescimento com inflação alta. Há outros emergentes em situação melhor, inclusive na América Latina. Se olhar para a Ásia, nem se fala. Além disso, houve mudanças regulatórias em vários setores ao mesmo tempo, o que aumentou a insegurança. O setor de energia não é mais das viúvas, no sentido de que era considerado de proteção para fundos de pensão internacional. Virou setor de alto risco.

A análise setorial diz muito. O setor de petróleo e gás ficou cinco anos sem rodadas de licitação. A Petrobras sofre influência política; e a OGX vive momento de desconfiança sobre sua gestão. Isso derruba outras ações do grupo de Eike Batista. Na mineração, o preço do minério de ferro está abaixo do recorde e há incertezas regulatórias. O governo estuda subir a taxação sobre a exploração.

A aviação civil tem problemas no mundo todo e aqui houve aumento de custos pela desvalorização do real. A construção civil está arrumando a casa, depois de um forte período de lançamentos. As três maiores construtoras com peso no Ibovespa estão em queda. A MRV cai 29%; PDG Realty, 5%; Cyrella, 7%. A siderurgia vive um cenário ruim desde 2008, porque há sobra de aço no mundo. As ações da Gerdau caem 14% no ano, a Usiminas cai 15%.

Até empresas ligadas ao consumo, que tiveram desempenho espetacular, como a Ambev, estão com ligeira queda. Ela subiu mais de 400% desde março de 2009. Este ano, cai 1%. A Hypermarcas cai 0,7%. O aumento do endividamento das famílias é um entrave para que se mantenha o ritmo. Bandeira chama atenção para a queda na concessão de crédito a pessoas físicas em fevereiro, divulgado pelo Banco Central.

Há explicações setoriais, mas o fato é que o desempenho da bolsa como um todo desafina nessa expectativa de uma economia mais aquecida em 2013.

Detesto lucro... dos outros - ANTENOR DE BARROS LEAL

O GLOBO - 28/03

É comum se ouvir no Brasil a expressão "sem fins lucrativos" como um qualificativo para a instituição referida. A lógica nos leva (ou aos ignorantes) a crer que aquele que tem lucro não presta. Na verdade, quase sempre é o contrário. Até poderiam usar algo como "não distribui dividendos a ninguém" para algumas ONGs se mostrarem mais simpáticas a seus pretensos patrocinadores.

Lucro é como mulher bonita. Quem não tem, quer a do vizinho. Trabalhar, progredir, ganhar mais, comprar um carro, uma casa, uma aliança, viajar, são desejos humanos atávicos. Imutáveis. A mesma roupa e o sapato recomendados por Mao não resistiram a dois dias de liberdade. Todos foram para o lixo e as grifes encheram as ruas de Shanghai.

Já foi pecado ter lucro. Hoje a Igreja reza e luta para que seus euros e ouros sejam bem empregados a fim de fugir do prejuízo destruidor. Entrar no céu era privilégio dos pobres. Hoje está mais compreensível, para a alegria dos listados na Forbes.

Os que se intitulam de "esquerda" por sua vez, adoram dizer: "Eles só pensam em lucro." Mas querem salários maiores, às vezes, até dezessete por ano, e reclamam, aos gritos, quando não recebem dividendos de suas ações da estatal de seu coração ou de algum banco mais lucrativo.

A geração legítima de lucros - significando o resultado positivo da atividade econômica, sem ajudas e apadrinhamentos oficiais, contando apenas com a capacidade empresarial de disputar o mercado, com produtos onde preço, qualidade e serviço são definidores das escolhas do consumidor - é o motor principal da sociedade moderna e globalizada.

A simples e ideológica posição contra o lucro, na maior parte das vezes, traduz a incapacidade do indivíduo de gerar resultados ou, pior ainda, movida pela inveja (na definição clássica do Zuenir Ventura) daqueles que, por profissionalismo, o fazem.

Arguir contra o lucro, sobre o qual incidem impostos que devem ser aplicados corretamente em benefício da população, também serve para o discurso falso e oportunista destinado a agradar, enganando as multidões com linguajar incendiário contra os "empresários gananciosos" e aqueles que "só pensam em lucros" Mas a história tem dado às nações que respeitam, estimulam e engrandecem os que são capazes de gerar lucros posições de liderança e, a seus povos, mais dignidade.

FLÁVIA OLIVEIRA - NEGÓCIOS & CIA

O GLOBO - 28/03

Projeto vai regulamentar cruzeiros marítimos
Texto do PL 449/2012 foi retirado da pauta do Congresso para sofrer ajustes de redação, a pedido do Sindmar

Saiu da pauta do Congresso Nacional o Projeto de Lei 449/2012, que regulamenta o trabalho dos tripulantes de embarcações na costa brasileira. A pedido do Sindmar, dos oficiais de Marinha Mercante, o senador Paulo Paim (PT-RS) retirou o projeto da pauta para ajustes de redação. Há preocupação, em particular, com a regulamentação dos cruzeiros marítimos, segmento que cresceu muito no país nos últimos anos. A atividade enfrenta uma espécie de vácuo regulatório, uma vez que não foi incluída na Lei 9.432/1997, que trata da navegação no Brasil. A expectativa é que o projeto sofra alterações e seja reapresentado em um mês. A principal reivindicação do Sindmar é a isonomia entre empresas brasileiras e estrangeiras. Hoje, as principais companhias de cruzeiros que atuam no país são do exterior. Mas elas não estão obrigadas a cumprir as mesmas regras impostas às de bandeira nacional. "Não submetem suas rotas previamente às autoridades brasileiras, nem cumprem normas ambientais e de segurança locais", afirma o Sindmar em nota. A brecha regulatória estaria relacionada à série de incidentes e problemas sanitários de cruzeiros marítimos na costa brasileira.

900 mil passageiros
Por ano, quase um milhão de pessoas fazem cruzeiros no Brasil. A temporada vai de novembro a abril. Há 280 roteiros de viagens disponíveis. As cinco principais companhias são estrangeiras. 

Ganho real 1
O Sinduscon Rio fechou o acordo salarial de 2013. Trabalhadores da construção civil fluminense terão reajuste de 9%, a partir de 1º de março. É o quarto ano seguido de correção acima do INPC, índice de inflação que é referência nos acordos coletivos. Este ano, o ganho real chegou a 2,27%.

Ganho real 2
O piso salarial dos trabalhadores passa a R$ 1.045. É o que ganham serventes e contínuos. Em 2012, também houve reajuste de 9%; em 2011, de 7,5%; em 2010, de 7%. 

Má ideia
Pesquisa do Conselho Mundial de Turismo colocou o Brasil em 51º lugar em ranking de competitividade. Dois pontos merecem atenção, aponta Paulo Senise, superintendente do Rio Convention & Visitors Bureau: a malha terrestre e as tarifas aéreas.

Fidelidade
O Itaú assinou termo de ajustamento de conduta (TAC) com o MP do Rio ontem. Passará a comunicar sobre mudanças em programa de fidelidade por telefone e e-mail. Clientes reclamavam de não ter recebido carta com aviso sobre as alterações.

Em Minas
A Partage inaugura, em abril, o Metropolitan Shopping Betim (MG). Aporte de R$ 250 milhões, terá 278 lojas.

‘Top ten’
O Porto de Itaqui, em São Luís (MA), deve receber aporte de R$ 1,4 bilhão para ampliação de armazenagem e infraestrutura nos próximos três anos. Quer estar entre os dez mais importantes do mundo até 2031, movimentando 150 milhões de toneladas de cargas. Ano passado, foram 15,7 milhões.

Seguro em alta
Saltou 154% a carteira de seguros de cascos de navios do Grupo BB e Mapfre em 2012. Ficou com 19,4% de participação no mercado. O volume em prêmios foi de R$ 254 milhões. Este ano, prevê crescimento puxado pelo setor off-shore.

Design do Brasil em vitrine italiana
O Salão Internacional do Móvel, em Milão, será vitrine para produtos fabricados no Brasil. A multimarcas A Lot of lançará linha própria, batizada de A Lot of Brasil, no evento, que será realizado de 9 a 14 de abril. O objetivo é apresentar peças com preços competitivos produzidas com matérias-primas nacionais e sustentáveis. Serão 17 produtos criados por 12 designers, Fabio Novembre, Nika Zupanc, entre eles. O italiano Vanni Pasca assina a curadoria. “Nosso objetivo é aumentar o faturamento em 800% e chegar a 110 pontos de vendas no Brasil e no exterior”, diz o designer Pedro Paulo Franco, sócio da marca. O investimento total no projeto deve bater os R$ 5 milhões.

Já a Secretaria estadual de Desenvolvimento do Rio levará, pela quinta vez, a mostra Rio + Design à cidade italiana. Vai reunir 27 expositores e mais de 60 produtos em espaço de 230 metros quadrados, na Via Tortona. Entre os lançamentos, está a linha para casa do designer Gilson Martins, que inclui relógio e porta-objetos para parede. A curadoria do projeto, aporte de R$ 700 milhões, é de Guto Indio da Costa, Cláudio Magalhães e Zanini de Zanine. Deve receber 25 mil visitantes.

O designer carioca Rafael Miranda também estará em Milão no período. Vai participar da Brazil S/A. Ele procura parceiros para produzir a linha de relógios de borracha Copacabana. Quer arrecadar US$ 50 mil através de site de crowdfunding.

FRIOZINHO
A Monnalisa, italiana de roupa infantil, lança hoje campanha de inverno. As imagens, assinadas pelo fotógrafo Kirk Edward, circularão em mídias sociais. A grife inaugurou loja no Rio(Shopping Downtown) no fim do ano passado. Planeja chegar a Porto Alegre, Brasília e Goiânia em 2013. Prevê crescimento de 30% nas vendas.

SORVETE CARIOCA
O Sorvete Itália estreia hoje a campanha “Rio é uma delícia”. Quer chamar atenção para as belezas da cidade com vídeo para web e ação no Instagram. A DPZ assina, em parceria com Grito, Aquarela Filmes e Sonido. A sorveteria investiu R$ 330 mil e prevê faturar 30% mais.

DE PETRÓPOLIS
A cerveja Bohemia volta à mídia em campanha assinada pela AlmapBBDO. O comercial, que estreia hoje, foi filmado na Cervejaria Bohemia, em Petrópolis. A ideia é aliar os conceitos de tradição e qualidade. A marca, líder do mercado premium, existe desde 1853.

Livros 1
O Clube de Autores, plataforma de publicação de livros independentes, recebeu aporte do Fundo SC, da FIRCapitalBZPlan. Prevê dobrar o número de livros vendidos para 350 mil/ano.

Livros 2
A Alta Books investiu mais de R$ 2 milhões para modernizar a área editorial. Prevê vender R$ 10 milhões este ano, alta de 25%.

Livre Mercado
A clínica Otolife será inaugurada na Barra, na próxima terça. É aporte de R$ 800 mil.

A grife Wöllner reabre hoje loja no Shopping Leblon. Investiu R$ 500 mil em reforma. Espera aumento de 35% nas vendas.

A MOB vai distribuir mil kits da Océane Femme para cliente mês que vem. Terá cosméticos como lenço para tirar maquiagem.