segunda-feira, janeiro 21, 2013

O ESQUEMA DA VAGABUNDAGEM!



U M A   V E R G O N H A!


A LISTA DOS "CU" DE OURO



MP apura irregularidade em efetivação de 69 funcionários da Assembleia Legislativa;


O Ministério Público está movendo uma ação contra 69 pessoas efetivadas na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte sem que fossem aprovadas em concurso público.

A lista dos funcionários e seus vínculos foi divulgada pelo jornalista Dinarte Assunção em seu twitter. Há nomes de advogados, jornalistas, apadrinhados de políticos e de magistrados, além de ex-políticos. Nenhum desses cargos recebe menos de R$ 6 mil liquido todo mês. Confiram todos os nomes:

1 ADRIANA ANTUNES TORRES MARINHO – Esposa do Procurador de Justiça, ex- Procurador Geral de Justiça (1997-2001) e ex-Secretário de Segurança Pública (2001-2002) Anísio Marinho Neto;

2 ÁLVARO COSTA DIAS – Deputado Estadual – Presidente da Assembléia Legislativa nas legislaturas de 1997 a 2003;

3. AMARO DE SOUZA MARINHO NETO – Filho do ex-Deputado Estadual e Desembargador aposentado Amaro de Souza Marinho;

4. ANA FABÍOLA DO REGO TORQUATO – Filha da prefeita de Portalegre e sobrinha do Deputado Estadual Getúlio Rego;

5. ANA LYDIA FARIAS MONTEIRO P. GOMES – Filha da ex-Deputada Estadual Ana Maria;

6. -ANA MARIA PINHEIRO E ALVES – Mãe do Procurador da Assembléia Alessandru Emmanoel Alves;

7. ANGELINA SÁTIRO GOMES – Esposa do diretor da TV ASSEMBLÉIA;
8. ANSELMO COSTA DIAS – Irmão do Deputado Estadual ÁLVARO COSTA DIAS, que foi Presidente da Assembléia Legislativa nas legislaturas de 1997 a 2003;

9. ANTÔNIO MARZO LEITE DANTAS – filho do ex-Diretor da Assembléia Legislativa Antônio Dantas.

10. ANTÔNIO OZIK P. SOBRINHO – Vereador no Município de Lajes;

11. ARIANA MEIRELES MOTTA DE AZEVEDO – Irmã do Deputado Estadual Ricardo Motta;

12. BERNADETE BATISTA DE OLIVEIRA – Irmã do prefeito de Equador;

13. CARLOS JOSÉ PEREIRA MENDES – EX-Genro da Governadora do Estado do Rio Grande do Norte Vilma Maria de Faria e ex-esposo da Deputada Estadual Márcia Maia;

14.CELINA MARIA MARINHO RAMOS – Esposa do ex-Prefeito de Natal, Marcos Formiga;
15.CÉSAR AUGUSTO DA COSTA ROCHA – Filho do ex-Procurador Geral da Assembléia Legislativa Francisco das Chagas Rochas;
16. CLÁUDIA ALZIRA DIÓGENES NUNES MARCELINO – Ex-prefeita de José da Penha;

17. CLÁUDIO HENRIQUE BASTOS MESQUITA – Sobrinho do ex-Deputado Estadual e atual Conselheiro do Tribunal de Contas do Estado Valério Mesquita;

18. EDMILSON DE OLIVEIRA BEZERRA – Secretário do Deputado Estadual Ricardo Motta;

19. ERICK WILSON PEREIRA – Advogado, Filho do ex-Procurador Geral da Assembléia Legislativa e Ministro do Tribunal Superior do Trabalho Emanoel Pereira;

20. FRANCISCO EDSON DE CARVALHO – Secretário do Deputado Estadual Raimundo Fernandes;

21. FRANCISCO GILSON DE MOURA – Deputado Estadual;
22. FREDERICO ROSADO DO AMARAL – Ex-Deputado Estadual;

23. GEÍZA LULA DE QUEIROZ SANTOS – Irmã do Deputado Estadual NELTER QUEIROZ e filha do ex-Deputado Estadual Nelson Queiroz;

24. GEORGE QUEIROZ DA CUNHA – Cunhado do Conselheiro e Presidente do Tribunal de Contas Paulo Roberto Chaves Alves (ex-Secretário de Gabinete Civil do Governo do Estado), que também foi Secretaria Chefe do Gabinete Civil do Governo do Estado;

25. HELGA MARIA TORQUATO DE OLIVEIRA – Filha do ex-Deputado Estadual e Conselheiro do Tribunal de Contas Alcimar Torquato;

26. HELIANA MARIA COHEN COSTA QUEIROZ – EX – Esposa do Deputado Estadual Nelter Queiroz;

27. HUMBERTO COSTA DIAS – Irmão do Deputado Estadual ÁLVARO COSTA DIAS, que foi Presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Norte nas legislaturas de 1997 a 2003;

28. ISABELE DA COSTA MESQUITA – Filha do ex-Deputado Estadual e ex-Conselheiro do Tribunal de Contas Valério Mesquita;

29. JACI CABRAL DE MEDEIROS – Mãe da secretária do Deputado Estadual Getúlio Rego;

30. JARBAS LULA QUEIROZ SANTOS – Irmão do Deputado Estadual NELTER QUEIROZ e filho do ex-Deputado Estadual Nelson Queiroz;
31. JOÃO NUNES JÚNIOR – Sobrinho do Deputado Estadual Getúlio Rego;

32. JOSÉ DE PÁDUA MARTINS – Esposo da Procuradora Geral da Assembléia Rita das Mercês;

33. JOSÉ PEGADO DO NASCIMENTO – Secretário-Adjunto de Estado da Ação Social;

34. KELLY CRISTINA VERAS DIAS – Nora do ex-Deputado Estadual Amaro Marinho;

35. KIVIA PESSOA DE ARAÚJO – Esposa do Secretário de Recursos Humanos da Assembléia Legislativa Wilson Chacon;

36. KRISTINE MAY SHELMAN DE SOUZA ROSADO AMARAL – Esposa do ex-Deputado Estadual Frederico Rosado;

37. LÚCIO DE MEDEIROS DANTAS JÚNIOR – Secretário do Deputado Estadual Álvaro Dias;

38. LUIZ BENES LEOCÁDIO DE ARAÚJO – Prefeito do Município de Lajes;

39. LUÍZA DE MARILLAC RODRIGUES DE QUEIROZ COELHO PEIXOTO – Titular de cargo comissionado do alto escalão da Assembléia Legislativa e cunhada de VIcente Freire, ex-secretário no Governo Garibaldi Filho

40. MARCELO ESCÓSSIA DE MELO – Filho da Procuradora da Assembléia Jandira Escóssia;

41. MARCO TÚLIO DA COSTA ROCHA – Filho do ex-Procurador Geral da Assembléia Legislativa Francisco das Chagas Rochas;

42. MARIA AUXILIADORA NUNES REGO – Irmã do Deputado Estadual Getúlio Rego;

43. MARIA CRISTINA HUETE M. MOTTA – Esposa do Deputado Estadual Ricardo Motta;

44. MARIA DA CONCEIÇÃO ASSIS VIDAL – Ex-esposa do ex-Deputado Estadual Luiz Antônio Vidal, que foi Presidente da Assembléia Legislativa;

45. MARIA DAS GRAÇAS ALBUQUERQUE CAVALCANTI – Irmã do Deputado Estadual Poty Júnior e do ex-Deputado Estadual Alexandre Cavalcanti;

46. MARIA DE FÁTIMA DELGADO NOBRE – Irmã do ex-Ministro do STJ José Augusto Delgado (que inclusive é um dos advogados habilitados pelos agravados);

47. MARIA DO CÉO COSTA – Irmã do Deputado Estadual Vivaldo Costa, do ex-Deputado Estadual Vidalvo Dada Costa e do Conselheiro do Tribunal de Contas Tarcísio Costa;

48. NELSON HERMÓGENES DE MEDEIROS FREIRE – Ex-Deputado Estadual e ex- Presidente da Assembléia Legislativa;

49. NELSON QUEIROZ FILHO – Irmão do Deputado Estadual NELTER QUEIROZ e filho do ex- Deputado Estadual Nelson Queiroz;

50. NEWTON COELHO DE MEDEIROS – Diretor da COENGEN, empreiteira do Rio Grande do Norte;

51. OLGA CHAVES F. Q. FIGUEIREDO – Filha do ex-Deputado Estadual e ex-Conselheiro do TCE José Fernandes e esposa do ex-Deputado Estadual Patrício Júnior;

52. PAULO SÉRGIO ROSADO DE HOLANDA – Sobrinho da ex-Deputada Estadual Sandra Rosado;

53. PEDRO FERREIRA MELO FILHO – Ex-Deputado Estadual;

54. PIO MARINHEIRO DE SOUZA FILHO – Ex-Vereador de Natal;

55. RÉGIA MARIA RODRIGUES M. NUNES – Esposa do Procurador da Assembléia Israel Nunes;

56. REJANE FERREIRA DE OLIVEIRA – Cunhada do ex-Deputado Estadual e Prefeito de Assu Ronaldo Soares;

57. RICARDO JOSÉ MEIRELLES DA MOTTA – Deputado Estadual;

58. RIZZA MARIA MONTENEGRO SOARES – Ex-Esposa do ex-Deputado Estadual e mãe do Deputado George Soares

59. ROBERTO GUEDES DA FONSECA – Jornalista;

60. RODRIGO MARINHO NOGUEIRA FERNANDES – Secretário Administrativo da Assembléia Legislativa;

61. ROSANE TEIXEIRA DE CARVALHO – Ex-Esposa do Deputado Estadual ÁLVARO COSTA DIAS, que foi Presidente da Assembléia Legislativa nas legislaturas de 1997 a 2003;

62. ROSIMEIRE DE SOUZA CARVALHO – Ex-esposa de FRANCISCO EDSON DE CARVALHO Secretário do Deputado Estadual Raimundo Fernandes;

63. SANDRA DIAS DE CARVALHO NEGÓCIO – Nora do ex-Prefeito de Parnamirim Raimundo Marciano;

64. SÉRGIO AUGUSTO DIAS FLORÊNCIO – Primo do Deputado Estadual ÁLVARO COSTA DIAS, que foi Presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Norte nas legislaturas de 1997 a 2003;

65. SÉRGIO EDUARDO DA COSTA FREIRE – Irmão do Vereador, ex-Deputado Estadual e Vice-Prefeito de Natal Paulinho Freire e atual presidente da OAB;

66. SILVANA MEDEIROS GURGEL DIAS – Prima do Deputado Estadual ÁLVARO COSTA DIAS, que foi Presidente da Assembléia Legislativa nas legislaturas de 1997 a 2003;

67. SORAIA MORAIS DE SOUZA – Esposa do ex-Deputado Estadual Nelson Freire;

68. VALTER MIRANDA DE PAULO – Secretário do ex-Deputado Estadual Wober Júnior;

69. VICENTE ALBERTO SEREJO GOMES – Jornalista

Homens que não bancam - LUIZ FELIPE PONDÉ

FOLHA DE SP - 21/01


A questão é que homens que pegam dinheiro de mulher são vistos como maus-caracteres e ponto


Em dias de preguiça de verão, vi um filme desses de cujo nome ninguém se lembra. Férias devem ser assim: nada fazer e quando fizer, fazer nada. Mede-se a liberdade de uma pessoa pela capacidade que ela tem de fazer nada nas férias sem sentir aquele apelo de classe média de "fazer algo nas férias".

Mas eis que um filme me chamou atenção pela temática: o problema que é quando o homem vive sustentado pela mulher.

O personagem em questão pergunta para uma advogada que o está defendendo num caso: por que homens aos montes sustentam financeiramente mulheres, e o contrário é visto com maus olhos?

A questão é que homens que pegam dinheiro de mulher são vistos como maus-caracteres. E ponto final. Não seria esse mais um preconceito que deveríamos combater, assim como achar que os ratinhos não têm alma?

Antes de tudo, devo avisar às sargentas de plantão de que pouco importa que estatísticas apontem muitos casos de mulheres que sustentam famílias nas classes C e D (normalmente são mães sozinhas).

Quando eu era estudante de medicina na Universidade Federal da Bahia e dava plantão em cidades paupérrimas no interior do Estado, atendia quatro mulheres ao mesmo tempo (aquele tipo de experiência que a esquerdinha dos jantares inteligentes paulistanos morreria de medo de ter, mas mente dizendo que se importa com o sofrimento no mundo). Mulheres assim se apresentavam como "largadas de marido".

Tampouco os "inteligentezinhos" devem perder seu tempo falando que seu terapeuta corporal vive muito bem cozinhando para a esposa médica na casa deles em Cotia.

A questão do personagem merece atenção para além das modinhas. Homens assim são chamados "homens que tiram dinheiro de mulher". A questão é: por que ainda hoje homens assim são malvistos? Por que se olha para eles com suspeita de que sejam maus-caracteres?

Claro que existem exceções, isto é, casais que vivem bem com arranjos assim; mas o fato é que esses arranjos costumam ter prazo de validade curto. E muitas brigas versam sobre essa "situação".

Esse normalmente é aquele tipo de tema sobre o qual não se fala em famílias educadas ou entre pessoas que fingem que o mundo mudou depois dos anos 60. Este tipo então é muito engraçado.

A verdade é que, mesmo que bem-sucedidas, mulheres que sustentam seus parceiros sentem, no silêncio do cotidiano, ou na agonia de ter que pagar as contas no final mês, um gosto amargo de solidão na boca. Seria idiota imaginar um homem que sustenta sua mulher sofrer por se sentir "só" na função de provedor da família. Por que as mulheres se sentem sozinhas nessa situação, e os homens não?

Mas nossa heroína se pergunta: será que eu não mereço mais? Por que justo eu não consigo que meu parceiro me "banque"?

O mais duro é que mesmo em casos comuns nos quais os casais dividem os gastos, essas mulheres, que dividem os gastos, também "invejam" aquelas que têm maridos que "bancam".

Há casos em que mesmo que elas não precisem, gostariam de ter maridos que "banquem". Eis o príncipe eterno. Todas o querem.

Aliás, o verbo "bancar" (e sua ambiguidade entre "sustentar", "enfrentar situações difíceis" e o substantivo "banco", lugar de dinheiro) vem muito a calhar.

É comum dizer que, em casos nos quais a mulher tem muita grana, isso nunca é um problema. Acho que sim, mas nem tanto. Se ele não a banca financeiramente, porque ela de fato não precisa, ele terá que bancá-la em outro lugar. A mulher sempre quer "ser bancada".

O incômodo feminino com homens "que não bancam" parece passar não só pela falta de grana (essa é apenas a mais universal das referências), mas essencialmente pelo problema do homem que "não tem atitude". "Ele podia pelo menos se mexer...", diria nossa heroína. Logo ela perderá o respeito por ele. Seria a causa biológica ou cultural?

Se a mulher séria tem de provar que não dá por aí, o homem sério tem de provar que não quer pegar dinheiro de mulher. Eis dois limites do blá-blá-blá contemporâneo.

Mesmo que façam pose de bem resolvidas bancando seus homens, essas mulheres sofrem com isso e estão mentindo.

Vivo ou morto - RUY CASTRO

FOLHA DE SP - 21/01


RIO DE JANEIRO - O ex-ciclista americano Lance Armstrong, usuário confesso de doping para se tornar o maior campeão da história de seu esporte, é também um recordista da mentira. Depois de enganar milhões de torcedores ao ganhar sete vezes a Volta da França sob o efeito de substâncias proibidas -e de se submeter a transfusões de sangue para esconder o rastro delas no organismo-, mentiu repetidamente ao se dizer inocente das acusações ainda tímidas que lhe começavam a fazer.

Depois mentiu para as federações de ciclismo e para o Comitê Olímpico Internacional. Mentiu para seus colegas ciclistas e para os praticantes de todos os esportes. Mentiu para as crianças que o tinham como ídolo e queriam imitá-lo. Mentiu para os dirigentes da Livestrong, a fundação contra o câncer criada por ele -ele próprio uma vítima da doença. E, por fim, mentiu para seus biógrafos.

Na condição de praticante do gênero, sou-lhe grato: confirma minha tese de que o biografado vivo não é confiável. Vide Armstrong. Como objeto de biografia, devia parecer irresistível: campeão de um esporte solitário, que exige colossal resistência física, e capaz de derrotar também a doença cujo nome muitos nem se atrevem a pronunciar. Só lhe faltava um requisito para ser o biografado perfeito: estar morto -ou seja, sua história ter terminado.

Mas, ao contrário, Armstrong estava vivo -muito vivo.

Neste momento, os autores dos vários livros sobre suas façanhas, por mais apressados e oportunistas, devem estar com cara de cachorro que caiu do caminhão de mudança.

Armstrong os tapeou, contando-lhes a história bonita que queria ver publicada. E obrigou a que seus colaboradores -envolvidos na sua extensa rede de doping, inclusive médicos- também mentissem.

Agora, sim, Lance Armstrong pode render uma grande biografia.

Vivo ou morto.

Último pau de arara - ANCELMO GOIS


O GLOBO - 21/01


Pesquisa de Marcelo Neri, do Ipea, revela que, entre 2009 e 2012, caiu de 15% para 12% o número de brasileiros que sonham em deixar o país. Já na Europa em crise ocorre o contrário. No mesmo período, entre os portugueses subiu de 14% para 27% os que querem ir embora. Na Espanha pulou de 8% para 15%, na Itália de 17% para 26% e na Grécia de 17% para 24%.

Importar mão de obra
Para o presidente do Ipea, em época de pleno emprego “na terra Brasilis, há bela oportunidade de iluminar o chamado apagão de mão de obra qualificada”.

Ascensão social
Coordenado pela socióloga Alzira Abreu, do CPDOC da FGV, o Dicionário da Política Fluminense está pronto. Vai de 1889 a 2009. Segundo Alzira, o dicionário permite estudos e análises sobre o papel político, econômico e cultural do Estado do Rio.

Aliás...
Ela compara a atuação e o perfil dos políticos da Primeira República (1889-1930), quase todos da elite, com os da atualidade. Um exemplo: hoje é enorme o número de deputados de origem humilde que usam pseudônimos como Renato do Posto, Chiquinho da Mangueira, Dica, Zito etc, etc. “Isso pode ser um indicador da ascensão social no Brasil”, pondera Alzira.

No mais
Lula, é pena, parece não se preocupar com o impacto de certas imagens ao se deixar fotografar com Maluf ou chefiando reunião de secretários de Fernando Haddad. No primeiro caso, ele enfraquece a luta contra a corrupção. No outro, deixa o prefeito com uma imagem, injusta, acho, de pau-mandado.

ATÉ PARECE O GALEÃO
Uma das portas de entrada e saída de turistas da Cidade Maravilhosa durante a Copa de 14 e os Jogos de 16, a Rodoviária Novo Rio, veja só que triste, continua à mercê de, digamos, espertinhos. Sem fiscalização, taxistas cobram a corrida sem ligar taxímetro. Motoristas de carros de passeio estacionam em área proibida. Isso sem contar com a sujeira. E o pior, passageiros, ao chegarem no local, são aliciados, nas barbas de guardas municipais, a usar o transporte alternativo irregular. Na foto de cima, repare, o repórter Cássio Bruno flagra os servidores da prefeitura conversando, tranquilamente, enquanto os infratores agem sem serem incomodados. Alô, Eduardo Paes! 

Negro no tribunal
O mineiro Carlos Alberto Reis de Paula, conselheiro do CNJ, será o primeiro negro a ser nomeado ministro na história do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Tomará posse em 5 de março. Viva!

Sucessão na Ancine
O mandato do cineasta Manoel Rangel como diretor-presidente da Ancine vai até maio. Mas já tem gente de olho no cargo.

Viúvas de Vinicius
A coleguinha Gilda Mattoso recebeu e recusou, com o coração apertado, o convite da direção da União da Ilha, para sair no carro alegórico das viúvas de Vinicius de Moraes (1913-1980), no enredo do centenário de nascimento do saudoso compositor. A viúva do poetinha vai passar o carnaval em Salvador, trabalhando no camarote Expresso 2222, do nosso Gilberto Gil.

Dilma fora
Dilma, que era esperada no desfile das escolas de samba do Grupo Especial, não vem mais assistir ao carnaval carioca.

COI dentro
Já a marroquina Nawal El Moutawakel, a vice-presidente do COI e presidente da comissão de coordenação da entidade para os Jogos Rio-2016, vem assistir ao desfile das campeãs da Sapucaí, a convite de Eduardo Paes.

Passado condena
Em março, o navio Costa Favolosa, que sai de Santos para a Itália, vai ser palco da filmagem de “Meu passado me condena”, baseado na série de sucesso exibida no Canal Multishow, com Fábio Porchat e Miá Mello. A direção é de Júlia Rezende, filha do cineasta Sérgio Rezende e da produtora Mariza Leão.

Presente de aniversário
O Porto Maravilha já é uma realidade. Eduardo Paes marcou para 1º de março, aniversário da cidade, a inauguração do Museu de Arte do Rio (MAR), projeto da prefeitura em parceria com a Fundação Roberto Marinho. O museu vai ocupar aquele velho Palacete Dom João VI, na Praça Mauá, e o edíficio ao lado.

Descoberta da Barra
O coleguinha José Antônio Severo está escrevendo um livro sobre o empresário Carlos Carvalho, previsto para ser publicado em maio de 2014, quando o fundador da Carvalho Hosken completa 90 anos. “O Desbravador Carlos Carvalho, a descoberta da Barra e a expansão do Rio para o Oeste” é um projeto da VBM.

Pedido negado
O ministro Ricardo Lewandowski negou um pedido para que o ex-presidente da associação de moradores da Rocinha, William de Oliveira, preso há mais de um ano, responda em liberdade ao processo de associação com o tráfico. O caso reacendeu depois que uma testemunha revelou que o vídeo, onde aparecem William e o traficante Nem, foi editado a mando do tráfico.

Imagina na Copa
Após um cruzeiro, uma carioca desembarcou no Porto do Rio. Foi pegar um táxi para a Tijuca e, veja só, todos os taxistas tinham preço fechado para a corrida: R$ 100. Parece roubo. E é.

Ponto final
No Brasil é tudo junto, misturado e no final quase sempre dá certo. O padre baiano Marco Lázaro, da Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus, em Botafogo, promove dia 2 agora, Dia de Iemanjá, o Carnaval da Fraternidade. Tem trio elétrico, abadá, marchinhas, axé e forró. Eu apoio.

A Multabrás e o oportunismo fiscal do governo - RICARDO GALUPPO

BRASIL ECÔMICO - 21/01


Multa, como se sabe, é uma punição pecuniária que o Estado, por meio de seus agentes, tem a prerrogativa de aplicar para coibir desvios de conduta que vão dos mais simples (como estacionar o carro em local proibido) aos mais graves (como a sonegação de impostos).

E gera, por assim dizer, um recurso extraordinário, que entra nos cofres públicos sem estar previsto no orçamento. Pelo menos não deveria. Afinal, nem o mais onipresente dos governos é capaz de saber quantas pessoas andam fora da linha para estimar o quanto arrecadará por essa via.

Além do mais, o cidadão ou a empresa multada tem o direito de recorrer contra o ato e lutar para não pagar o valor que o agente público afirma ser devido. Até aí tudo bem.

O problema é que, no Brasil, o governo (incluindo-se aí os estados e os municípios) e as agências reguladoras resolveram fazer da multa uma fonte firme de receita e o valor acumulado já teria alcançado, de acordo com um cálculo superficial do economista Júlio Sérgio Gomes de Almeida, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, a cifra de R$ 250 bilhões. É muito dinheiro - e boa parte dele está sendo contestada pelos atingidos. Convertido pelo dólar médio de 2012, se aproxima dos US$ 130 bilhões.

Um cálculo mais preciso com toda certeza mostraria que o valor é equivalente aos US$ 150 bilhões que a Petrobras, maior empresa do país, faturou no ano passado. Ou seja, essa formidável usina de multas, a Multabrás, é um negócio muito mais lucrativo para os cofres públicos do que a Petrobras.

Um valor como esse, com toda certeza, é um atentado ao bom senso. E só pode significar uma entre as seguintes hipóteses: ou a norma legal é tão confusa que as empresas, façam o que fizerem, não conseguem segui-la ao pé da letra ou o país tem muito mais gente desonesta do que sempre se imaginou. Afinal, é muita sonegação.

Esses R$ 250 bilhões representam quase 6% do PIB brasileiro. Uma terceira hipótese seria resultado de um traço cultural que tomou conta dos fiscais brasileiros, que parecem pôr a faca na boca quando partem para fiscalizar uma empresa.

Saem dispostos a multar e multam mesmo. E as empresas, muitas vezes, pagam apenas para não ver o caso se arrastar durante anos e anos e consumir um valor que pode ser equivalente ao da multa numa aventura judicial de resultado incerto. As vítimas desse tipo de atitude dão a ela o nome de "oportunismo fiscal".

Ninguém em sã consciência pode ser contra o princípio filosófico da multa. Quando bem aplicada, ela é um recurso eficiente e que pode, perfeitamente, pôr eventuais transgressores nos trilhos.

O problema é que o recurso, quando aplicado de forma indiscriminada, acaba tirando a razão do Estado e transformando a multa em algo que, além de não ter qualquer efeito pedagógico, acaba se tornando mais um fardo fiscal e tirando ainda mais a competitividade da economia brasileira.

AVANT-PREMIÈRE - MÔNICA BERGAMO


FOLHA DE SP - 21/01

O governo vai custear a vinda de curadores dos principais festivais de cinema internacionais para estada de quatro dias no Rio. Parceria da Ancine (Agência Nacional do Cinema) com o Ministério das Relações Exteriores, o projeto Encontros com o Cinema Brasileiro trará membros de 12 mostras para assistir a filmes recém-finalizados ou em finalização.

OS ELEITOS
Devem vir curadores de Cannes, Veneza, Roma, Berlim, Toronto, Sundance, Roterdã, Xangai, Locarno, San Sebastian, Bafici (Buenos Aires) e IDFA (de documentários, em Amsterdã). Os representantes chegarão em três levas, em março, junho e novembro, de 75 a 90 dias antes do começo dos seus festivais.

SEM FILTRO
Os próprios curadores escolherão quais obras querem ver. O resto será enviado a eles em DVD. Os brasileiros poderão inscrever seus filmes no site da Ancine.

CADEIRAS
Primeiro vice-presidente da Confederação Nacional do Comércio (CNC), José Roberto Tadros permanece como interino na presidência da entidade. Desde o dia 7, ele substitui Antonio Oliveira Santos, que teve seu afastamento do cargo determinado pela Justiça do Rio na última quinta-feira, sob suspeita de irregularidades na gestão do Sesc e do Senac.

-Licenciado por razões médicas, o presidente deveria reassumir no dia 24. "Até lá, esperamos já ter derrubado a liminar", diz o vice.

CANAL FECHADO
A emissora francesa Canal+ chegará ao mercado brasileiro. O anúncio deve ser feito em fevereiro, na feira Rio Content Market.

CORDÃO
A SPTuris fez o cálculo: até agora, o Carnaval paulistano terá de 40 a 50 blocos independentes (que não recebem repasse da prefeitura).

ESSE CARA ERA EU
Nova moda na São Caetano, tradicional rua das noivas em SP: adesivos com frases para o casal fixar nas solas do sapatos e transmitir mensagens aos convidados quando ajoelhados no altar. Há colantes com dizeres como "vai, Corinthians!", "game over" (fim do jogo) e "help me!" (me ajude).

O modelo "esse cara sou eu", refrão da música de Roberto Carlos, esgotou-se em um mês. Cada um custa R$ 5.

OMELETE
Elton John quer provar pratos típicos durante sua turnê brasileira, no mês que vem. O músico, que se apresenta no Open Sounds no dia 27 de fevereiro, em São Paulo, pediu para o seu camarim ovos cozidos, pizzas, pipoca, batata frita, água e refrigerante diet. Ele também fará shows em Porto Alegre, Brasília e Belo Horizonte.

OXALÁ
O cineasta Heitor Dhalia já trabalha em novo projeto. Com a mulher, Vera Egito, escreve o roteiro de "Os Orixás", longa sobre a mitologia iorubá. Ele acabou de filmar "Serra Pelada" e corre para finalizá-lo a tempo do Festival de Cannes, em maio.

ALÉM DA REDE
Diva Depressão, personagem fictícia que é sucesso no Facebook com frases de humor, vai virar livro. A editora Matrix fechou contrato para publicar conteúdo da página que tem 360 mil seguidores.

BAIXE AQUI
O site do documentário "Muito Além do Peso", sobre obesidade infantil, disponibilizará gratuitamente o filme, a partir de hoje. O longa estreou em novembro.

CEDO & ANIMADO
As cantoras Ná Ozzetti e Juçara Marçal foram ver show do colega Rodrigo Campos, no projeto Cedo e Sentado, no Studio SP. O músico Romulo Fróes e a desenhista Tatiana Chumski também estiveram no evento, na rua Augusta, na última quinta.

Curto-circuito
Drauzio Varella entrevista Mauricio de Sousa às 19h30, no teatro Eva Herz.

Pedro Mariano toca hoje no Sesc Carmo. 16 anos.

O CasaOutlet, shopping de móveis com descontos, abrirá até junho, em SP.

O Brasilianas.org entrevista hoje, às 20h, o prefeito Fernando Haddad.

Rob Faris, de Harvard, falará no Seminário Políticas de (Tele)Comunicações, ao lado do ministro Paulo Bernardo, em fevereiro.

Dilma tem muito a fazer antes do forró da reeleição - EDITORIAL VALOR ECONÔMICO

Valor Econômico - 21/01


A viagem da presidente Dilma Rousseff ao Piauí, na última sexta-feira, confirmou ao país o que muitos desconfiavam e o Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor, adiantou na quarta-feira da semana passada: o governo já está empenhado - e nem faz questão de disfarçar - na campanha de reeleição da presidente da República.

Não só o governo, que cola a agenda da governante com a da candidata, como também o PT e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um mestre na arte de criar e eleger candidatos, como comprovaram eleições recentes. Dilma só não contava com o "apagão" de 30 minutos que antecedeu sua chegada a Teresina. Não chegou a estragar a festa, mas serviu para advertir o governo do muito que precisa ser feito, efetivamente, antes de 2014.

Dilma chega a 2013, véspera do ano sucessório, sem ter uma grande obra a apresentar. E as obras da "herança bendita" que recebeu do governo Lula, na área de infraestrutura, ainda estão à espera do esforço governamental para serem concluídas. Obras que contribuíram para a reeleição do próprio Lula, em 2006, e a eleição de Dilma, em 2010, como a transposição do rio São Francisco.

Trata-se de uma obra-símbolo da falta de pejo de governantes petistas para transformar projetos de grande anseio popular em produtos de marketing eleitoral. O fim da seca do Nordeste está no imaginário de qualquer nordestino, como também de todos os brasileiros.

As evidências mostram que as férias devolveram uma Dilma Rousseff diferente no modo de governar. Mais solta, buscando a iniciativa em ações de grande visibilidade, como os encontros que manteve nas duas últimas semanas com os maiores empresários do país.

Obviamente, é impossível afirmar que o objetivo da presidente era o de produzir ações de marketing com vistas à campanha. Mas é difícil ignorar as cenas de Dilma com chapéu de vaqueiro e aplaudindo, sorridente, os sanfoneiros que animaram a entrega de retroescavadeiras e apartamentos em Teresina, ao som de Asa Branca e de outros hits da região. Parecia o forró da reeleição.

Num momento sensível do processo econômico em que a inflação mostra os dentes, ameaça de racionamento de energia elétrica e de dúvidas sobre a capacidade de o país assegurar os encargos que assumiu para sediar a Copa do Mundo de 2014, o que menos se espera de Dilma é a mistura da governança com o processo da sucessão presidencial do próximo ano.

São grandes os desafios que aguardam a presidente em 2013. Antes de pensar na reeleição, Dilma deve pensar em enfrentar e resolver esses desafios. Ou pelo menos deixá-los encaminhados, até porque uma coisa levará à outra.

É quase uma inevitabilidade. O mesmo não se pode dizer se as coisas acontecerem de modo contrário.

Há muito a ser efeito, projetos que de maneira alguma podem entrar na fila das "obras prioritárias" só em véspera de eleição, como parece ser o caso da transposição do rio São Francisco. Afinal de contas, os problemas do fornecimento de energia elétrica estão mesmo equacionados, sob o controle das autoridades responsáveis, ou continuarão a se repetir "apagões-relâmpagos" como o que recepcionou a presidente na viagem a Teresina?

Os aeroportos, tão necessários para receber eventos como a Copa do Mundo quanto para atender um país em crescimento, ficarão prontos no tempo necessário ou correm o risco de ficar na situação da refinaria Abreu Lima - outra promessa de Lula na campanha da reeleição -, projeto cujo orçamento já aumentou quase sete vezes? E as obras de mobilidade urbana, essas sim um autêntico legado da Copa?

Para Dilma se eleger presidente da República, as agendas da chefe da Casa Civil com a de Lula foram embaralhadas. Não justifica, mas a ideia era tornar conhecida uma candidata retirada do bolso do colete do então presidente e que nunca antes disputara uma eleição. A popularidade de Dilma agora ronda os 62%. O desconhecimento não é argumento para transformar atos de governo em campanha. É natural que o PT esteja no palanque. Mas o PIB de 2012 mostra que o momento atual é delicado e requer a atenção integral da presidente da República.


Radiografia da imprensa - CARLOS ALBERTO DI FRANCO

O Estado de S.Paulo - 21/01


A virada do calendário é sempre um convite à reflexão. Muitos leitores, aturdidos com a extensão do lodaçal que se vislumbra nos escândalos reiteradamente denunciados pela imprensa, me pedem um balanço do desempenho da mídia. Todos são capazes de intuir que a informação tem sido a pedra de toque da tentativa de moralização dos nossos costumes políticos.

Perguntam-me alguns, em seminários, debates e e-mails, se o jornalismo de denúncia não estaria extrapolando as suas funções e assumindo tarefas reservadas à polícia e ao Poder Judiciário. Outros, ao contrário, preocupados com reiterados precedentes de impunidade, gostariam de ver repórteres transformados em juízes ou travestidos de policiais.

Um balanço sereno, no entanto, indica um saldo favorável ao esforço investigativo dos meios de comunicação. O despertar da consciência da urgente necessidade de uma revisão profunda da legislação brasileira, responsável maior pelo clima de imoralidade nos negócios públicos, representa um serviço inestimável prestado pelo jornalismo deste país. Basta pensar na ruptura da impunidade inaugurada com o julgamento do mensalão e na esperança despertada com a Lei da Ficha Limpa.

A imprensa não tem ficado no simples registro dos delitos. De fato, vai às raízes dos problemas. Alguns poderosos desta República, não obstante o mar de cinismo e de mentira em que navegam, não têm conseguido impor seu projeto autoritário de poder. A democracia funciona. E a imprensa, fundamento básico dos sistemas de liberdade, não tem dado trégua aos caciques de plantão.

A exposição da chaga, embora desagradável, é sempre um dever ético. Não se constrói um país num pântano. Impõe-se o empenho de drenagem moral. E só um jornalismo de denúncia, comprometido com a verdade, evitará que tudo acabe num jogo de aparência. Sabemos que há muito espaço vazio nas prisões do colarinho-branco. É preciso avançar, e muito, no jornalismo de buldogues. Os meios de comunicação existem para incomodar. Um jornalismo cor-de-rosa é socialmente irrelevante. A imprensa, sem precipitação e injustos prejulgamentos, está desempenhando importante papel na recuperação da ética na vida pública.

O jornalismo de qualidade, numa rigorosa prestação de serviço, pode ir ainda mais longe. Resgato hoje, neste espaço opinativo, uma sugestão editorial que venho defendendo há anos. Não seria má ideia inaugurar o Placar da Corrupção. Mensalmente, por exemplo, a imprensa exporia um quadro claro e didático dos principais escândalos: o que aconteceu com os protagonistas da delinquência, as ações concretas ou as omissões dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Não se trata de transformar jornais numa espécie de contrapoder, mas numa instância de uma sociedade frequentemente abandonada por muitas de suas autoridades.

Inauguremos, também, o Mapa das Promessas. É muito fácil. Basta recorrer aos arquivos e bancos de dados. Os políticos, pródigos em soluções de palanque, não costumam perder o sono com o rotineiro descumprimento da palavra empenhada. Afinal, para muitos deles, infelizmente, a política é a arte do engodo. Além disso, contam com a amnésia coletiva. Cabe ao jornalismo assumir o papel de memória da cidadania.

O jornalismo público não pode ser pautado pelas assessorias dos governantes ou candidatos, mas pelo interesse do cidadão. Precisamos falar do futuro, dos projetos e dos planos de governo. Mas devemos também falar do passado, das coerências e das ambiguidades. E, sobretudo, não podemos sucumbir às estratégias do marketing político que ameaçam transformar coberturas jornalísticas num show de chavões demagógicos e num triste espetáculo de inconsistência. O marketing político trata de vender uma imagem bem produzida. Cabe a nós, jornalistas, rasgar a embalagem e mostrar o produto real. Com suas virtudes e seus defeitos. É assim que se edifica a democracia.

Precisamos, no entanto, examinar com lupa a qualidade do nosso trabalho. De algum tempo para cá, setores da mídia manifestam preocupante ambiguidade ética. O que é sensacionalismo barato numa publicação popular é informação de comportamento nas respeitáveis páginas de alguns veículos da chamada grande imprensa. Biografias não autorizadas (ou difamação politicamente correta) e síndrome do boato compõem um retrato de corpo inteiro da indigência editorial. Best-sellers de ocasião, apoiados no marketing da leviandade e sustentados pela repercussão da mídia, ganham status de seriedade. O que interessa não é a informação. O que importa é chocar. Ao tentar disputar espaço com o mundo do entretenimento, alguns setores da imprensa estão entrando num perigoso processo de autofagia. Esquecem que a frivolidade não é a melhor companheira para a viagem da qualidade. Pode até atrair num primeiro momento, mas depois, não duvidemos, termina sofrendo arranhões irreparáveis no seu prestígio.

O leitor que confia na integridade dos jornais é o mesmo que em inúmeras pesquisas qualitativas nos envia alguns recados: quer menos frivolidade e mais profundidade. Não podemos sucumbir às regras ditadas pelo mundo do espetáculo. Não podemos perder a capacidade de sonhar e a coragem de investir em pautas criativas. Existe espaço, e muito, para o jornalismo de qualidade. Basta cuidar do conteúdo.

O Brasil depende da qualidade técnica e ética da sua imprensa. Não cabem, portanto, atitudes amadorísticas. A opinião pública espera que a mídia, apoiada no crescente aprimoramento dos seus recursos humanos e nas balizas éticas, prossiga no seu ânimo investigativo.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


FOLHA DE SP - 21/01


Fábrica da Kalunga deixará capital paulista
A Kalunga vai fechar sua fábrica localizada no bairro da Mooca, na capital paulista, e abrirá uma nova planta no município de Itaquaquecetuba, na região metropolitana de São Paulo.

O projeto faz parte de um investimento de aproximadamente R$ 100 milhões, que inclui um centro de distribuição anexo.

"Gostaríamos de inaugurar neste ano, mas acho mais provável que o centro esteja funcionando em 2014", diz Paulo Garcia, sócio da rede.

O carro-chefe continuará sendo a produção de cadernos, mas estão previstos outros itens de papelaria.

No mesmo local, o centro de distribuição atenderá tanto a operação de comércio eletrônico como o abastecimento dos lojistas.

"Teremos tudo em um mesmo local. Isso gera economia em expedição e transporte, principalmente", acrescenta Garcia.

Recursos adicionais serão destinadas à abertura de 20 lojas em cidades como Uberaba (MG), Cabo Frio (RJ), Vila Velha (ES), Goiânia (GO), Campos de Goytacazes (RJ), Salvador (BA), Recife (PE), Rio de Janeiro, São Paulo capital e interior, além de Curitiba (PR) e Londrina (PR).

"O investimento das novas lojas será de R$ 25 milhões, podendo chegar a R$ 50 milhões se contabilizarmos o valor dos estoques. São cidades com mercado em expansão", afirma o executivo.

Salário Real
O Brasil será o segundo país das Américas com maior aumento real dos salários em 2013, segundo pesquisa da ECA International, especializada em gestão de funcionários. O país terá aumento de 2,6% nos salários neste ano, descontada a inflação.

No continente, o único à frente do Brasil é a Argentina (14,8%). Pelo estudo, o vizinho brasileiro terá o maior crescimento real entre os 65 países pesquisados.

O cálculo é a diferença entre a alta nominal dos salários e a inflação oficial dos países; de 10,8% na Argentina. O estudo pondera que a inflação no país pode ser de 25% por cálculos independentes.

Executivos na... 
O varejo está entre os setores que mais deverão aquecer o mercado de contratações neste ano, de acordo com análise da empresa especializada em recrutamento Fesa.

...gôndola 
Entre as principais demandas estarão os profissionais das áreas comercial, marketing e planejamento, segundo a empresa. Em 2012, as áreas de vendas, finanças e cadeia de suprimentos foram responsáveis por mais de 60% das posições realizadas pela Fesa para o varejo.

Novos... 
A rede de franquias Supersan, especializada em controle de qualidade de ar, irá abrir sua primeira unidade no exterior, em Angola. A unidade começa a operar em fevereiro.

...ares 
A companhia escolheu Angola para começar sua internacionalização por causa do idioma e da semelhança ao mercado brasileiro. Há planos para entrar em outros países de língua portuguesa, como Moçambique e Portugal. No Brasil, a empresa tem hoje 63 unidades.

MÁQUINA DE PAPEL
A Cenibra, empresa de celulose controlada pela Japan Brazil Paper, vai elevar em 75% os investimentos previstos para 2013. Os US$ 80 milhões investidos nos últimos anos pela empresa aumentarão para US$ 140 milhões.

Segundo o diretor-presidente da Cenibra, Paulo Brant, os novos valores serão usados para tornar a colheita das árvores totalmente mecanizada até o final do ano. Hoje 35% da madeira é colhida manualmente com a ajuda de serras elétricas.

Serão adquiridas 50 máquinas a um preço de

US$ 600 mil cada. As unidades vão fazer a colheita em áreas montanhosas de 54 municípios do Leste de Minas Gerais, onde a empresa atua. O restante dos recursos será usado para contratações e cursos para o uso das máquinas, além da renovação da floresta de eucaliptos.

A meta, segundo ele, é reduzir os custos de produção frente aos concorrentes, que já fazem todo o processo de colheita por máquinas.

"Nossa alternativa é essa, já que o preço da celulose no mercado está estagnado há dez anos, e sem tendência de melhora, devido a grandes empreendimentos lançados nos últimos meses. Aumento de produção nessas circunstâncias é arriscado", afirma Brant.

Protestos... 
Foram protestados 62,5 mil títulos em dezembro, segundo levantamento feito pelo instituto de estudos de protestos da seção São Paulo com os dez tabeliães da capital paulista. A queda foi de 4,6 % em relação a novembro.

...em baixa 
As duplicatas caíram para cerca de 45,6 mil em dezembro, ante um total de 47,5 mil registrado em novembro. As promissórias, por sua vez, atingiram 3.700 ante 4.100 no mês anterior, segundo a pesquisa.

Compra... 
As vendas no comércio eletrônico subiram 29% em 2012, com movimento de R$ 24,12 bilhões, segundo a ABComm (associação do setor). Também são consideradas as vendas de conteúdo digital, como e-books.

...no mouse 
Os setores que possuem público-alvo feminino são os que registraram o maior crescimento nas vendas, como as categorias de roupas, acessórios, cosméticos e eletrodomésticos, aponta o levantamento.

A política dos curativos - JOSÉ ANÍBAL


BRASIL ECONÔMICO - 21/01

As desconfianças em relação à capacidade do setor elétrico de prover o abastecimento de energia com segurança ajudam a explicar por que a expectativa de investimento do setor produtivo, revelado pela pesquisa da CNI na semana passada, é a mais baixa em quatro anos. Perigo de desabastecimento, atrasos em obras de infraestrutura  descapitalização recente das empresas do setor, tudo colabora para que o tal instinto animal dos empresários siga hibernado.

Temos buscado oferecer contribuições e alternativas para o enfrentamento deste momento negativo. Afinal, os brasileiros precisam do crescimento econômico para consolidar suas conquistas sociais. No entanto, a falta de interlocução do governo federal e sua insistência em políticas equivocadas seguem ali mentando as projeções mais pessimistas quanto ao ambiente econômico do setor energético.

O governo federal perdeu também uma excelente oportunidade de cobrar contrapartidas do setor industrial

Ninguém consegue explicar por que as bioenergias de cana permanecem sem uma política setorial estratégica. Com regras de mercado justas e estáveis, linhas de crédito adequadas e aperfeiçoamentos no modelo de leilões de energia, o setor sucroenergético poderia desanuviar a pressão sobre o mercado interno de combustíveis automotivos e contribuir decisivamente para a segurança energética no período de baixa nos reservatórios das usinas hidrelétricas. Falta estimular a oferta.

O governo federal perdeu também uma excelente oportunidade de cobrar contrapartidas do setor industrial, maior consumi dor de energia e, teoricamente, principal beneficiário da MP 579. O governo poderia ter condicionado a proposta à garantias de investimento e manutenção de empregos, mas também fixa do metas de ganho em eficiência energética. O setor desperdiça 30% dos custos com energia. Para produzir um dólar, gastamos duas vezes mais energia do que a indústria britânica.

Ainda assim, mesmo com prejuízos crescentes na balança de combustíveis, pressões inflacionárias e riscos de desabasteci mento, a inflexibilidade do atual planejamento energético segue intocada. Como todos os apertos momentâneos são atribuídos a quimeras irrepetíveis, e como todos os problemas atuais já estarão solucionados no futuro, tem se a impressão, a julgar pelo discurso oficial, que tudo vai as mil maravilhas no setor, como se a hesitação dos investidores fosse mera questão de mau humor.

Há uma extensa agenda para o setor a ser implementada. No entanto, a imagem transmitida pelos órgãos da área energética do governo federal é de que não há verdadeiramente um plano ou uma linha de raciocínio clara, mas movimentos táticos quase sempre reativos e atrasados, a mercê da urgência do momento. Aos entes federativos e associações setoriais, que poderiam enriquecer sobremaneira o planejamento do setor, resta observar de longe esta política de curativos do governo federal. Sabe se lá onde ela ainda vai nos levar.

Brincando com fogo - MARCELO DE PAIVA ABREU


O ESTADÃO - 21/01

A inflação persistente, que ronda o limite superior do regime de metas, começa a ser encarada com naturalidade.Embora esse regime, com todas as suas limitações,tenha assegurado que a inflação fosse mantida razoavelmente sob controle, tornam-se frequentes os comentários de analistas pretensamente "desenvolvimentistas" alegando que ele foi abandonado nas economias desenvolvidas. A sugestão é que, mais uma vez, em nome do crescimento e em meio à crescente permissividade fiscal, o controle da inflação seja flexibilizado. A dificuldade em aprender com o passado é chocante.

Quase 20 anos depois de a inflação em 12 meses ter beirado 5.000%, tal imprudência parece despropositada. O livro de Miriam Leitão, Saga Brasileira - A longa luta de um povo por sua moeda (Record, 2011), alcançou sucesso estrondoso de crítica e de público ao combinar a análise do processo decisório que marcou as sucessivas tentativas de estabilização, entre o início da década de 1980 e o Plano Real, como relato rico e detalhado das agruras da população coma inflação e as tentativas de contê-la até 1993-1994. De fato, o livro supre uma surpreendente lacuna na produção literária brasileira. A despeito do longo processo inflacionário que se acelerou a partir de 1980, não há registro de produção literária significativa que resgate o impacto desse processo sobre o cotidiano dos brasileiros. Ao que tudo indica, por enquanto, a vontade de exorcizar a longa experiência tem impedido tais reminiscências.

É interessante buscar comparações com outros países onde as experiências inflacionárias foram significativas. O caso da Alemanha é paradigmático: a atração de combinar as reminiscências da hiperinflação com a humilhação da ocupação da Renânia serviu de pano de fundo para obras influentes,com enredos centrados em 1923.

Hans Fallada, em Lobo entre lobos (Melville House, 2010), registra como Wolfgang Pagel e Petra Ledig, massacrados pela crise de 1923 em Berlim, encontram redenção na vida rural pós inflação. Muitos trechos terão eco em leitores brasileiros com memória longa e menos entorpecida: "Os salários vão ser pagos no fim do mês, dentro de uma semana. Qual será a cotação do dólar? Vai ser suficiente para comprar comida para a quinzena? Para dez dias? Três dias? Depressa mulher, eis mais 10 mil marcos. Compre alguma coisa- um quilo de batatas, abotoaduras, o disco Sim, não temos bananas ou uma corda para nos enforcarmos - não interessa o quê. Mas seja rápida, não perca um segundo".

No último capítulo do livro, intitulado O milagre do Rentenmark, que marcou o fim da inflação, o parentesco com o Plano Real é óbvio: "Para começar, as pessoas olhavam para as novas notas algo estupefatas. Havia apenas o dígito um, ou dois, ou o número dez; se havia dois zeros depois do número, então era uma nota de valor muito alto. Estranho, para quem se havia acostumado a contar milhões e bilhões... e desses números baixos, dessas moedas e notas de baixa denominação, surgia algo mágico. As pessoas começavam a calcular e, subitamente, percebiam que suas contas fechavam. Agora o dinheiro não iria mais fugir deles".

Mais cáustico é Erich Remarque, em O obelisco negro (Civilização Brasileira, 1957), que, depois de mais de 30 anos, reviveu o ano de 1923 na sua cidade natal. O herói, Ludwig Bodmer, trabalha numa empresa, propriedade dos irmãos Kroll, que vende monumentos funerários. Um dos irmãos tem dificuldade em entender os efeitos da inflação. Georg Kroll, o irmão esperto, é autor de frase lapidar ao insistir em que "vivemos numa época em que vender empobrece", ao criticar o irmão iludido por lucros imaginários, por não saber deflacionar preços nominais. Ludwig e Georg o sabem, e buscam sobreviver com o uso de expedientes como comprar carnês de refeição baratos no início de 1923 e usá-los todo o ano. Malandragem aparentada ao congelamento da correção monetária cobrada nos empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social( BNDES) no início dos anos 1980...

Depois de grandes esforços, Ludwige Georg conseguem convencer o veterano suboficial Knopf,especialista na classificação e ingestão de Schnapps, a comprar um túmulo.Como fim da inflação, Knopf enlouquece: "Exijo 8 trilhões, grasna". Ludwig responde: "Senhor Knopf,o senhor ainda não acordou de um sonho que durou muito tempo. A inflação acabou.Há 15 dias poderíamos ter pago 8 trilhões pelo monumento tumular pelo qual havia pago 8 bilhões. Hoje, vale 8 marcos". Knopf se indigna: "Canalhas, fizeram de propósito... acabaram com a inflação. Para me roubar. Mas não vou vender. Espero a próxima inflação". Diálogo pedagógico.

Na ânsia de garantir algum crescimento e na esteira de desempenho medíocre da economia, o governo brasileiro, de olho nas eleições do ano que vem, ficará tentado a ter ainda maior leniência com a política fiscal e a inflação.É algo que poderá resultar na pior combinação possível: crescimento ainda medíocre e abandono do compromisso de longo prazo com a estabilização. Será oneroso, se for preciso tudo isso para caracterizaras limitações da atual política econômica.Como em medicina, o ideal é que se comprove que o tratamento é equivocado antes que se agrave o estado do paciente.

Prioridades de fato - VINICIUS MOTA

FOLHA DE SP - 21/01


SÃO PAULO - O maior Estado de Bem-Estar Social possível com renda per capita abaixo de US$ 15 mil ao ano seguiu seu curso na primeira metade do governo Rousseff. O gasto federal elevou sua participação no PIB -e cresceu mais na educação, na saúde e na assistência.

A redemocratização do país, a partir de meados da década de 1980, estabeleceu progressivamente as regras desse jogo.

Atenuar a desigualdade norteou uma série de decisões de gasto e arrecadação do poder público. Da Carta de 1988 (gestão Sarney) à aplicação da lei de assistência (Collor). Do impulso no salário mínimo aos programas de transferência direta de renda, sob FHC, Lula e Dilma.

Criou-se um colchão ao mesmo tempo universal e precário. Efetivo ao impedir a desagregação do tecido social, clássico alimento de aventuras autoritárias. Eficaz, também, ao favorecer a reversão da própria desigualdade, no bojo da recuperação do mercado de trabalho, desde a segunda metade da década passada.

Mas essa rede de proteção social é limitada pela nossa renda apenas média. Os serviços públicos são ruins, apesar de custeados com uma fatia da produção nacional bem maior que a dos outros países no mesmo estágio de desenvolvimento.

Há pouca discordância sobre a necessidade de mudar o padrão do gasto e da arrecadação do poder público, a fim de que o país fique mais competitivo e possa elevar mais depressa seu nível de renda. A despesa pública tem de crescer menos que o PIB, e a fatia do Orçamento destinada à infraestrutura precisa aumentar.

A dificuldade é como modificar um arranjo que, além da inércia favorável, possui histórico de eficácia eleitoral. A chave está em compreender que o mercado de trabalho tende a sustentar níveis recordes de emprego mesmo se a economia continuar crescendo em ritmo medíocre.

Ainda assim, Dilma vai arriscar?

Cresce o suspense em torno de 2014 - RENATO JANINE RIBEIRO


Valor Econômico - 21/01


No começo do ano, há poucas semanas, parecia certa uma tranquila reeleição de Dilma Rousseff em 2014. O candidato do PSDB seria Aécio Neves, que concorreria não tanto para vencer, mas para marcar posição com vistas a 2018 - renovando também as lideranças do partido de oposição, após três derrotas sucessivas de grandes nomes seus, ambos paulistas. Esse roteiro continua provável, mas já não é tão certo. As chances de Dilma e Aécio diminuíram.

Dilma se enfraqueceu porque os problemas na economia - vale dizer, no crescimento econômico - começam a preocupar. A economia é o segredo do sucesso dos governantes, numa época em que a confiança dos eleitores neles se reduz ao crédito que se pode ter na compra de bens a prazo, o que por sua vez resulta da irrigação de dinheiro, do aumento da produção e da inclusão social. Essas condições podem ser fruto da competência do governante - de sua "virtù", como diria Maquiavel - mas também podem decorrer de uma conjuntura de sorte, que o pensador florentino chamava de "fortuna". Lula mostrou "virtù" não se apavorando ante a crise mundial de 2008, não reagindo (como fariam os tucanos) com um forte aumento da taxa de juros - mas também se beneficiou de um quadro afortunado, porque não enfrentou a série de crises mundiais que se abateu sobre seu antecessor FHC.

Aécio se enfraqueceu porque, segundo a "Folha de S. Paulo", Serra radicaliza na sua intenção de disputar, mais uma vez, as eleições presidenciais: ele até deixaria o PSDB, se não lhe derem a candidatura. Essa notícia mostra um partido potencialmente dividido, porque Aécio teria ainda menos razões para retirar o nome em favor de quem já foi duas vezes derrotado no pleito presidencial. Com isso se enfraquecem Serra, Aécio, o partido.

A economia é o terreno movediço da fortuna

Dilma estaria fraca, o que é muito curioso, não por seu desempenho na política, mas na economia. Ora, é sabido que ela gosta da economia; que prefere uma visão técnica, gerencial, das questões a uma visão política. Política aparece para Dilma em seu pior sentido: o do toma-lá-dá-cá, o da construção da governabilidade mediante concessões. Aliás, é dessa mesma forma que a maior parte da população vê a política; talvez a popularidade presidencial se deva a essa coincidência do seu modo de ser com o da maioria do povo. Presidenta e povo convergem numa certa repulsa aos políticos. "Política", aqui, é a submissão do melhor e mesmo do bom ao possível. Quem tem valores fortes geralmente sente repugnância por isso. Parece ser o caso dela. E, mesmo assim, neste momento Dilma está melhor no quadro político do que no econômico. Não tem um rival forte à sua direita, a oposição de esquerda é microscópica e a causa ecológica muito fraca, dois anos apenas depois da avalanche de votos em Marina Silva.

Já a economia é a praia de Dilma Rousseff. A presidenta representa uma visão que, curiosamente, está perto do modo que, anos atrás, era a marca registrada de José Serra, na oposição interna ao governo FHC: o ideal de uma economia desenvolvimentista, pondo a regulação do Estado e o apetite dos atores privados a serviço de uma estratégia que aumente o crescimento e reduza a pobreza. (Não por acaso, jogo com o título do best-seller de 1975, que projetou o Cebrap de FHC e Serra, "São Paulo: crescimento e pobreza"). Não por acaso, me ocorreu escrever este artigo depois de ler uma entrevista do economista de esquerda Carlos Lessa, que foi professor de Dilma mas também padrinho de casamento de José Serra, e declara ter votado no candidato tucano.

Em suma, Dilma vê a economia não como fim em si, mas como o melhor instrumento técnico para fazer uma política que só é chamada de esquerdista porque, em nosso país, o mero propósito de construir uma nação de classe média soa radical - e talvez seja mesmo. Ora, é essa agenda que poderia ser comum ao maior número possível de pessoas, que poderia ser o ponto de encontro dos "homens de boa vontade", superando as pautas político-partidárias de interesses mesquinhos - essa agenda das pessoas que "pensam no Brasil", para usar uma expressão do então presidente Fernando Henrique Cardoso, numa crítica a uma sentença do Supremo Tribunal Federal - que está em risco. E está em risco porque a economia é uma caixa-preta.

Fala-se tanto em competência a respeito da economia mas, na verdade, ela é o movediço terreno da fortuna. Não se diz que os mercados "estão nervosos"? Nervosismo é o contrário da racionalidade. Daí que, apesar do cabedal de simpatia e da vantagem política em que está Dilma, com o PIB baixo as coisas se tenham tornado delicadas para ela. Não há melhor sinal disso do que a possível crise no abastecimento de energia. Esqueçam o sinônimo "luz" e pensem no sentido forte da palavra "energia": é isso que pode nos faltar. Simbolismo forte, não é? E pode faltar caso faltem chuvas, que não dependem de nenhum político, mas da sorte. Se Dilma se enfraqueceu, foi devido a golpes da fortuna.

E Serra? Seu jogo é arriscado. Fernando Henrique, que apoia Aécio, e Alckmin, que não apoia ninguém, parecem cansados de avalizar suas pretensões presidenciais. O pior para Serra será assumir o rótulo de ingrato, em relação aos correligionários, de desleal ao partido e de egoísta na aspiração ao Planalto. Com isso, ele pode tirar votos de Aécio, mas dificilmente conseguirá a candidatura tucana e, se a obtiver, sofrerá um intenso fogo amigo. Por hábil que seja Serra, que movimenta o xadrez político como poucos - dotado que é de muita "virtù" -, ele pode estar batendo no teto. Hoje, Dilma ainda vence Aécio, mas os dois enfraquecidos.


Mágicas fiscais e orçamentos da União - GIL CASTELLO BRANCO


O ESTADÃO - 21/01

O filósofo Marco Túlio Cícero disse, 55 anos antes de Cristo, que"o orçamento nacional deve ser equilibrado e as dívidas públicas devem ser reduzidas...". O pensamento volta à tona por ocasião do fechamento, meio Mandrake,das contas públicas de 2012. Para quem não se recorda, Mandrake, o mágico, é um personagem de história em quadrinhos que os tentava uma capa vermelha e se valia de uma técnica de hipnose instantânea. Quando preciso, transformava ameaças em flores.

No caso da política fiscal brasileira, o truque é outro. Quando conveniente,o governo faz dinheiro aparecer. De forma simplificada, o Tesouro se endivida, envia o dinheiro para os bancos públicos e,depois,extrai deles recursos antecipados, justificando serem dividendos de balanços que nem sequer foram fechados. Os recursos são registrados como arrecadação e o governo passa a ilusão de que "cumpriu a meta" que havia estabelecido para o superávit primário. Algo como uma "corrente da felicidade" em que a dívida é empurrada para terceiros.

De fato, acompanhar a execução fiscal e orçamentária da União está se tornando mais difícil a cadadia. Em 2013,por exemplo, são, no mínimo, "três orçamentos". O primeiro é o Orçamento-Geral da União (OGU), que ninguém sabe exatamente quando será aprovado no Congresso Nacional. O segundo é proveniente dos R$ 42,5 bilhões de uma medida provisória editada no apagar das luzes do ano passado. E o terceiro resulta de aproximadamente R$ 175 bilhões de restos a pagar.

Quanto ao OGU, é otimista a expectativa de que seja aprovado nos primeiros dias de fevereiro. Afinal,assim que o Legislativo reiniciar suas atividades, haverá eleições internas. Além disso, serão retomadas as discussões sobre os 3 mil vetos, a distribuição dos royalties e a cassação, pelo Supremo Tribunal Federal, dos mandatos dos três deputados condenados no mensalão.Independentemente da data de aprovação, a verdade é que houve grande retrocesso na transparência do Orçamento de 2013,pela redução do detalhamento das informações e o "esvaziamento do significado das ações orçamentárias", já que os títulos perderam" conteúdo e força descritiva", como concluiu nota técnica conjuntadas consultorias de orçamento da Câmara e do Senado.

Também é notório que diversas iniciativas governamentais,como Brasil sem Miséria, Brasil Carinhoso, Mais Educação,Saúde da Família, Rede Cegonha,Brasil Sorridente, entre outros"nomes fantasia", não estão discriminadas no Orçamento, o que impede o seu acompanhamento pela sociedade.

O "segundo orçamento" decorre da Medida Provisória 598, publicada no Diário Oficial da União em 27/12/2012, que abriu créditos extraordinários de R$ 42,5 bilhões. Na prática, remanejou recursos, anulando e criando dotações, principalmente nas estatais, atropelando as prerrogativas do Legislativo - a quem compete aprovar o Orçamento.O curioso é que o artigo 167 da Constituição Federal restringe a abertura de crédito extraordinário a despesas imprevisíveis e urgentes, como as de correntes de guerra, comoção interna ou calamidade. Convenhamos, não é o caso.

O terceiro orçamento a ser monitorado é o dos R$ 175 bilhões de "restos a pagar". A situação chega a ser esdrúxula. Em 2012,considerados os investimentos da administração direta da União (excluídas as estatais), os valores pagos como Orçamento do exercício somaram R$ 21,6 bilhões, enquanto os restos a pagar pagos totalizaram R$ 25,3 bilhões. Assim,o total desembolsado em 2012 (Orçamento do ano + restos a pagar pagos) foi de R$ 46,9 bilhões.Paradoxalmente, teremos cerca de R$ 71,8 bilhões de restos a pagar de investimentos inscritos/reinscritos para 2013.

A estimativa é de que sejam também transferidos para 2013 cerca de R$ 77 bilhões de restos a pagar de "outras despesas correntes" e aproximadamente R$ 23 bilhões de "inversões financeiras".O "estoque" global de restos a pagar só não chegará aos R$ 200 bilhões porque o governo, nos primeiros dias deste ano,anulou empenhos, sobretudo de "outras despesas correntes",reduzindo a bolada de anos anteriores transferida para 2013.Se já não bastasse a"contabilidade criativa", há, ainda, a "contabilidade retroativa".

Desta forma,o Orçamento é administrado pelo retrovisor.O Legislativo a provará o de 2013, mas o Executivo tocará, prioritariamente, as pendências de anos anteriores. Como não há dinheiro suficiente para ambos, os gestores continuarão a viver a "escolha de Sofia". Se for muito urgente, quitamos restos a pagar. Se for politicamente interessante, tocam as novas iniciativas.

Com essas práticas o governo fere diversos princípios orçamentários clássicos, como os da prévia autorização, anualidade, clareza, especificação e publicidade. Esse conjunto de proposições orientadoras deve balizar os processos orçamentários com o objetivo de dar-lhes estabilidade e consistência, sobretudo no que se refere à sua transparência e ao seu controle pelo Legislativo e pelas demais instituições da sociedade.

Diante desta "babelorçamentária" e de tantas maquiagens, o governo corre o risco de transformar em pó a credibilidade da execução orçamentária e da política fiscal. Como aconselhava Cícero há 2 mil anos, as contas públicas precisam ser equilibradas e o endividamento, contido.De preferência, sem mágicas e abracadabras.

2010: o ano que ainda não terminou - LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS


Valor Econômico - 21/01



Como o chamado ano civil é apenas uma referência temporal criada artificialmente pelo homem, muitas vezes passamos de um ano ao outro sem que haja uma descontinuidade real em acontecimentos importantes que dominam a vida de todos nós. O jornalista Zuenir Ventura escreveu um livro, no já longínquo ano de 1968, - que marcou muito a minha geração - no qual explora essa ideia de não descontinuidade. Para mim, é o que acontece agora na economia mundial. A mera passagem de 2012 para 2013 não mudou em nada o processo de normalização que vem ocorrendo já há algum tempo.

Radicalizando o conceito usado por Zuenir Ventura em seu livro, cheguei ao título desta coluna de hoje. Tomando a dinâmica das principais economias do mundo como referência temporal, esta imagem é totalmente válida. Foi em 2010 que os governos das economias mais importantes saíram de um estado catatônico e passaram a agir para evitar o pior. Um pouco mais tarde, foram os bancos centrais que deixaram de lado verdadeiros tabus ideológicos e começaram a modificar sua ação com o objetivo de aumentar o poder de fogo das políticas fiscais - heterodoxas e expansionistas - que estavam sendo executadas pelos governos. A partir de 2011 essa conjugação de ações acabou por criar um processo de normalização em várias economias importantes do mundo.

A liderança clara desse processo veio do Federal Reserve (Fed, banco central americano) e de seu corajoso presidente. Posteriormente, ao longo dos anos seguintes, vários outros bancos centrais foram deixando de lado conceitos ortodoxos sobre sua função e se juntaram ao Fed. O último deles foi o Banco Central Europeu (BCE), já na parte final de 2012, com seu agressivo programa de compra de bônus soberanos dos países mais frágeis da zona do euro. Foi essa verdadeira bazooka - para usar uma expressão a gosto do mercado financeiro - que reverteu de forma muito forte os riscos de ruptura na Europa e devolveu ao euro seu status anterior de moeda forte e confiável.

Uma coisa é certa: um novo modelo de ação na política monetária deve surgir nos próximos anos

Embora a crise deva terminar mais adiante, a importância destes anos para o estudo e entendimento das coisas da economia vai continuar por muitas décadas. Ainda que hoje os debates sobre essas lições estejam restritos a espaços menores na mídia mundial, não tenho dúvida que ao longo dos próximos anos eles ocuparão o centro das reflexões na academia e na imprensa. Um dos itens mais importantes desta agenda será a forma como os bancos centrais deverão conduzir a política monetária em seus espaços nacionais. Trago hoje ao leitor uma primeira reflexão interessante nesse sentido. Em uma das últimas edições do "Financial Times", a colunista Gillian Tett publica uma coluna - que ela denominou independência do Banco Central do governo pode não ser sempre uma boa coisa - com algumas ideias desenvolvidas por um ex-funcionário qualificado do Banco da Reserva Federal de Nova York em parceria com um ex alto executivo da maior administradora de investimentos (Pimco).

A ideia central dessas reflexões é a de que, da mesma forma que a crise financeira está obrigando a uma revisão profunda sobre as regras que governam os mercados financeiros, com a crise da economia teremos que repensar a forma de agir dos Bancos Centrais, principalmente em relação à sua independência operacional. Não se trata de questionar os objetivos de controle da inflação, mas sim de modular suas ações tendo em vista a política fiscal dos governos e, principalmente, ao ciclo de crédito que prevalece na economia a cada momento. Para tanto criam um gráfico, dividido em quatro quadrantes, fazendo variar a política fiscal e a forma como o setor privado se coloca em relação à expansão de seu endividamento. Em cada um deles a ação do Banco Central deve seguir objetivos diferentes.

Por exemplo, quando a política fiscal é expansionista e o setor privado está em fase de aumento de seu endividamento, os BCs tem que seguir obrigatoriamente uma política de contração de crédito. Aqui a independência em relação aos governos centrais deve ser exercida na sua plenitude. No caso oposto, quando a política fiscal é contracionista e o setor privado está reduzindo sua alavancagem financeira - como foi o caso entre 2011 e 2012 nos Estados Unidos - a autoridade monetária precisa agir no sentido de expandir a liquidez e o crédito ao setor privado. Mais ainda, nas situações extremas, como viveu a Europa na primeira metade do ano passado, é obrigação dos BCs chegar a situações limite como as políticas de compra de ativos financeiros para evitar um colapso dos mercados de crédito e títulos. Nestes casos, a independência operacional dos Bancos Centrais deve ficar de lado, e as várias políticas devem ser sincronizadas com outras autoridades. Nas situações intermediárias, a política monetária a ser seguida pela autoridade monetária deve ser construída a partir de avaliações ad hoc de seus dirigentes e técnicos.

Mas, segundo o autor destas reflexões, uma coisa é certa: um novo modelo de ação na política monetária deve surgir nos próximos anos, e a independência sem qualificações não fará parte dele. Por mais que estas observações possam chocar os monetaristas mais radicais elas certamente vão se incorporar aos manuais de operação dos Bancos Centrais pelo mundo a fora.


Atos falhos - GUSTAVO PATU

FOLHA DE SP - 21/01


BRASÍLIA - Detalhes da retórica das autoridades podem ser presságios de estratégias do governo, suas motivações e sua solidez.

O ministro Guido Mantega tem repetido que o governo conseguiu reduzir sua principal despesa, o pagamento de juros da dívida pública, o que finalmente permitirá a tão demandada redução da carga de impostos do país, sem riscos para a solidez fiscal. Seus auxiliares acrescentam que, com os credores tranquilos e a economia andando devagar, não faz mais sentido promover tanto aperto nas contas do Tesouro.

Tudo parece muito razoável, mas, começando do começo, os juros da dívida pública não são a principal despesa do governo federal.

Há mais de uma década, o posto, com folga, é da Previdência Social, e o quadro de pessoal disputa a segunda colocação; se considerados também os governos estaduais e municipais, o custo dos servidores ativos e aposentados é muito maior que o dos encargos financeiros.

Truques e brechas já embelezavam os resultados orçamentários no final de 2009, quando a revista britânica "The Economist" publicou a célebre capa de louvação ao Brasil, marco da lua de mel entre o país e o mercado global. As manobras chegaram ao ápice no ano seguinte, mas a repercussão negativa se limitou a um pequeno grupo de analistas locais.

A relativa impunidade de antes provavelmente encorajou a embrulhada promovida para fechar a contabilidade do ano passado. A Fazenda se saiu com o argumento de que nada foi feito de irregular -como se o cumprimento das metas fiscais não passasse de formalidade legal.

Em sinal de que a desoneração tributária pode ser radicalizada, propôs-se reduzir os rigores da Lei de Responsabilidade Fiscal, pela qual queda de receita deve ser compensada por corte de despesa. O artigo foi incluído em um projeto sobre outro tema e enviado a um Congresso em recesso. E ninguém falou.

Faltam os olímpicos - PAULO GUEDES

O GLOBO - 21/01


Experiente jornalista alerta deputados e senadores quanto à escolha de suas novas elites dirigentes, uma articulação de forças titânicas no Congresso.


A coluna de Elio Gaspari deste fim de semana é uma advertência a senadores e deputados quanto às novas elites dirigentes do PMDB e do PT no Congresso. "A cúpula do Parlamento tem algo como 20 posições de destaque. Sempre houve casos esparsos em que foram escolhidos parlamentares com mais prontuário que biografia. Mas nunca se chegou ao que se está armando agora.” Gaspari menciona as escolhas de Renan Calheiros (PMDB-AL) para a presidência do Senado, Henrique Alves (PMDB-RN) para a presidência da Câmara, André Vargas (PT-PR) para a vice-presidência da Câmara, José Guimarães (PT-CE) para a liderança do partido na Câmara, bem como Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Sandro Mabel (PMDB-GO), que disputam a liderança da bancada do PMDB na Câmara. O experiente jornalista descreve também os malfeitos associados a cada um deles, incluindo os 100 mil dólares encontrados na cueca de um assessor.

A mitologia grega nos conta de uma guerra dos deuses no início dos tempos. As narrativas primeiras da civilização ocidental estão no poema "Teogonia” de Hesíodo, no século VII a.C. Mais parece o mito de origem do Congresso de uma democracia emergente. "No início, era o caos. Amais completa desordem e a mais total escuridão dominavam. As forças primitivas da desordem foram desencadeadas e, para construir um mundo viável, é preciso dominá-las e civilizá-las. Pois os primeiros deuses, em vez de cheios de sabedoria, eram mal-educados e tomados por paixões brutais, travando guerras terríveis entre si” relata Luc Ferry, em "A sabedoria dos mitos gregos” (2008).

"Violentos ao extremo, nasceram nas profundezas da Terra e conservam traços de sua origem. Seres titânicos, pela força extraordinária, trazem desordem e destruição, mais do que ordem e progresso. Apenas a geração seguinte, com Zeus à frente dos deuses olímpicos, acabará se impondo contra as forças do caos. Este é o ponto crucial na mitologia: é sempre a justiça que acaba vencendo, pois apenas uma ordem justa é viável’^ registra o filósofo francês. Ao contrário do Supremo Tribunal Federal, que exibiu lideranças à altura dos nossos desafios de aperfeiçoamento institucional, o Congresso continua nos devendo uma forma decente de fazer política. Temos os titânicos, faltam-nos os olímpicos.

Road show - FÁBIO ZAMBELI - PAINEL


FOLHA DE SP - 21/01


Instado a acelerar projetos de visibilidade do governo paulista até 2014, Guilherme Afif (PSD) viaja a Londres no domingo com a missão de captar R$ 42 bilhões de fundos de investimento que operam na Europa para tirar do papel oito PPPs, entre elas a da linha 6 do metrô e as que preveem a construção de três presídios e quatro hospitais. A comitiva liderada pelo vice-governador terá cinco gigantes da construção civil no Brasil, além de dirigentes do BTG e do Banco Mundial.

Capital... Em dois dias de eventos na sede da City, o principal centro financeiro londrino, Afif apresentará os projetos e ouvirá propostas dos grupos interessados. O roteiro consta na agenda oficial do governo britânico, parceiro da expedição.

... de risco A caravana inaugura ofensiva de Geraldo Alckmin, pré-candidato à reeleição em 2014, com o objetivo de angariar recursos no mercado de capitais europeu diante da margem estreita para investimentos diretos.

Olheiro 1 Em sua primeira viagem após deixar a prefeitura, Gilberto Kassab inspeciona instalações e equipamentos públicos de duas das cidades que disputam com São Paulo a sede da feira mundial Expo 2020.

Olheiro 2 O ex-prefeito esteve em Dubai (Emirados Árabes) e visita na quarta-feira Esmirra (Turquia), oponentes mais competitivas da candidatura paulistana. Kassab prepara relatório com informações colhidas "in loco" sobre as duas cidades e entregará o material a Fernando Haddad (PT) e secretários.

Afinidades O petista Luiz Marinho será o primeiro prefeito a ser recebido por Dilma Rousseff em agenda oficial no Planalto em 2013. Pedirá hoje à presidente ajuda federal para programa de urbanização de favelas em São Bernardo do Campo. A cidade é uma das campeãs em repasses do PAC.

#tamojunto Recebido ontem por plateia dividida entre vaias e aplausos em sua primeira participação num congresso da UNE como ministro, Aloizio Mercadante (Educação) lembrou logo no início do discurso sua trajetória no movimento estudantil e elogiou a criação da comissão da verdade da entidade.

Aí, não Em almoço com deputados da bancada fluminense, Henrique Alves (PMDB-RN) contou que, nos anos 90, foi liderado pelo então deputado Tarcísio Delgado e que, se o pai de seu adversário, Julio Delgado (PSB-MG), estivesse na Câmara, votaria nele para presidente.

Meu garoto No mesmo dia, a provocação chegou a Tarcísio, que rebateu em seu blog: "Julio é jovem, competente e compromissado com os princípios morais e éticos que recebeu do berço".

Dobradinha O PT ampliará a sinergia entre o Instituto Lula e a Fundação Perseu Abramo, agora presidida por Márcio Pochmann, para lastrear com dados estatísticos a agenda de defesa do legado de 10 anos do partido no comando da Presidência.

Lista... Embora a eleição do novo presidente ocorra apenas em dezembro, três candidatos deflagraram, nos bastidores do TJ-SP, a corrida pela sucessão de Ivan Sartori.

... tríplice Estão no páreo os desembargadores Walter de Almeida Guilherme, Sérgio Guerrieri Rezende e Hamilton Elliot Akel, que encabeçam a lista de antiguidade.

Onde pega Sartori, que postula indicação para o STF, tem poucas chances. Conselheiros de Dilma consideram que pesa contra ele o fato de ter assumido, em nota oficial, a responsabilidade pela desocupação do Pinheirinho.

TIROTEIO
"Como sempre teve uma queda por grandes obras, Maluf quer uma combinação perfeita: atuar na habitação de ponta a ponta."
DO DEPUTADO IVAN VALENTE (PSOL-SP), sobre a pressão de Paulo Maluf (PP-SP) para controlar a Habitação nos governos federal, municipal e estadual.

CONTRAPONTO


O infiltrado


Em visita ao Palácio dos Bandeirantes, na quinta-feira passada, Henrique Alves (PMDB-RN), Michel Temer e Gabriel Chalita aguardavam o início da reunião com Geraldo Alckmin, quando um dos presentes quis saber se poderia iniciar a reunião. O governador disse:

-Falta o Julio. Cadê o Julio?

Assustado, já que seu rival na briga pela presidência da Câmara é Julio Delgado (PSB-MG), Alves perguntou:

-Como assim? O Julio?

Percebendo a confusão, o tucano esclareceu:

-É o Julio Semeghini, meu secretário de Planejamento!