sexta-feira, janeiro 11, 2013

ESSE CARA SOU EU - ANCELMO GOIS


O GLOBO - 11/01

O personagem de Rodrigo Lombardi, o ator bonitão de Salve Jorge, a novela da TV Globo, tem inspirado mamães que fazem seus partos na Perinatal, na Barra. De dezembro passado até ontem, acredite, sete bebês receberam o nome de... Théo. Que sejam felizes!

SEGUE...
Por falar em Salve Jorge, a canção do nosso Roberto Carlos, veja só, ganhou versão de forró, axé e hip-hop, e virou febre nas areias de Ponta Negra, em Natal, RN. O rei está mais pop do que nunca.

CASO THOR
Advogados de Thor Batista conseguiram suspender, em caráter liminar, o processo que ele responde na Justiça, pelo atropelamento e morte de um ciclista, em março de 2012. Alegaram violação do direito de defesa. A decisão em favor do filho de Eike Batista foi dada pelo desembargador Antonio Carlos Bitencourt, da 5ª Câmara Criminal do Rio.

CARNAVAL ANTECIPADO
O prefeito Eduardo Paes resolveu decretar feriado no serviço público municipal dia 8 de fevereiro, sexta-feira antes do carnaval. É que este ano, o desfile do Grupo de Ouro (antigo Acesso) será dividido em dois dias: sexta e sábado.

JOVEM EMPRESÁRIO
Vinte e dois milhões de brasileiros, entre 16 e 24 anos, desejam abrir um negócio próprio, segundo pesquisa do Data Popular, de Renato Meirelles. O estudo mostra que, hoje, no Brasil, há 1,5 milhão de jovens empreendedores, mais da metade da classe média. A maioria, 36%, está no Nordeste. Depois, vem o Sudeste, com 29%, e o Sul, com 16%.


AMOR ATRÁS DAS GRADES

Este quarto, na foto acima, é uma sala de visita íntima, de uma das duas casas de custódia que o governo Cabral vai inaugurar em São Gonçalo, RJ. As novas cadeias (veja o muro de uma delas ao lado) estão praticamente prontas. Desde 2006, a legislação prevê este benefício para os presos, permitido em muitos presídios, quase sempre, em local improvisado. O quarto tem chuveiro, pia, vaso sanitário e cama de concreto, que receberá um colchão. Este será o padrão das casas de custódia que estão sendo construídas no estado. “A cadeia também está mais segura. É feita sobre base de concreto de 80cm a um metro de espessura, para impedir que os detentos façam túneis de fuga, e as paredes têm fibras de polipropileno, que prejudicam a perfuração”, conta César Campos, coordenador do Programa Delegacia Legal, responsável pelas obras.

‘FAVRE FUERA’
Esta semana, em frente ao Miraflores Park Hotel, em Lima, Peru, houve protesto contra Luis Favre, ex-marido de Marta Suplicy, com direito a cartazes com as inscrições “Favre fuera” e “Favre, Lima te repudia”.
Rivais de Susana Villarán acusam a prefeita da cidade de contratar o argentino-brasileiro por US$ 1 milhão. Favre diz que recebeu US$ 150 mil.
Ah, bom!

ALIÁS...
O ex-marido de Marta Suplicy trabalhou com Valdemar Garreta, ambos ligados ao PT brasileiro, na campanha que elegeu Ollanta Humala, presidente do Peru.

ABAIXO OS LIVROS
Em Conde, no Litoral paraibano, a nova prefeita Tatiana Corrêa, de um tal PTdoB, despejou uma biblioteca, inaugurada em dezembro. No lugar, instalou a Guarda Municipal.

OITICICA EM LISBOA
A exposição Hélio Oiticica - Museu é o mundo bateu recorde de público em Lisboa. Coordenada por Antonio Grassi, recebeu 50 mil pessoas.

Zona Franca
Henrique Meirelles esclarece que não comprou nenhum apartamento no Leblon por R$ 19 milhões, como saiu aqui. Ele tem um apartamento no Rio, mas em Ipanema, comprado há 20 anos.

Conservatória, RJ, terá batalha de confete, neste final de semana. 

Antonio Siqueira, ex-presidente da Amaerj, é o novo diretor jurídico da Sete Brasil.

Mônica Martelli estreia hoje “Os homens são de marte... e é pra lá que eu vou”, no Teatro Miguel Falabella.

A Sociedade Brasileira de Higiene e Saúde Pública faz a campanha “Lavar as mãos”.

O restaurante Salt, em Búzios, abre a alta estação com nova carta de caipirinhas.

O coleguinha Aziz Ahmed deixou o “Jornal do Commercio”, onde trabalhou por 32 anos.

Banco panorâmico
A Secretaria municipal de Conservação vai instalar, no início de fevereiro, na Lagoa Rodrigo de Freitas, este banco panorâmico, veja ao lado. O projeto é de alunos da Faculdade de Arquitetura e Artes da Universidade Santa Úrsula, e é inspirado na obra do arquiteto catalão Antoni Gaudí. Ficará perto do Corte do Cantagalo.

FORA DA LEI
William Bonfim Nobre de Freitas, um dos cinco rapazes que agrediram o universitário Vitor Suarez Cunha, que tentou proteger um morador de rua em fevereiro do ano passado, na Ilha do Governador, foi preso novamente, segunda passada.

O juiz Murilo Kieling decretou sua prisão preventiva por descumprimento de medida cautelar. Pilotando uma moto, ele furou um bloqueio policial, e acabou batendo num carro da PM.

DA ESCOLA PARA O CINEMA
O projeto Cinema Para Todos, do governo do Rio, que incentiva a ida de alunos da rede pública de ensino ao cinema, acaba de atingir, após três edições, a marca de um milhão de vales-ingresso utilizados.

RETRATOS DA VIDA
Um aluno do 6º ano de um tradicionalíssimo colégio da Zona Sul do Rio, acredite, jogou uma pedra num ônibus que passava pela rua. Um vidro foi quebrado, e uma passageira ficou ferida. A direção do colégio ligou para a mãe do garoto, que tem uns 12 anos, para contar o ocorrido, e ela:
– O que vocês querem que eu faça?! Curativo?
Meus Deus!

Ponto Final
Para quem acha que o governo não faz ajuste fiscal. No prédio do Ministério da Fazenda, onde Guido Mantega despacha em Brasília, tem faltando papel higiênico, sabão e papel-toalha. 
Como diria Tutty Vasques, isso a oposição não vê! Oh, raça!


A política, segundo Tim Maia - NELSON MOTTA

O GLOBO - 11/01


Como disse o ex-comunista Ferreira Gullar, ‘no meu tempo ser de esquerda dava cadeia, hoje dá emprego’



Sempre que perguntada, a maioria da população brasileira tem se manifestado contra a liberação do aborto, da maconha e do casamento gay, e a favor da pena de morte e da maioridade penal aos 16 anos. Sem dúvida são posições conservadoras, ou “de direita”, como diz o Zé Dirceu, e, no entanto, são esses que elegem os governos e as maiorias parlamentares ditas “de esquerda” hoje no Brasil. Como harmonizar o conservadorismo na vida real com o progressismo na política?

Talvez Tim Maia tivesse razão quando dizia que, “no Brasil, não só as putas gozam, os cafetões são ciumentos e os traficantes são viciados, os pobres são de direita”. Uma ingratidão com a esquerda que lhes dá o melhor de si e luta pelo seu bem estar. Mas tanto a maioria dos velhos pobres como dos novos, da antiga classe média careta e da nova mais careta ainda, e, claro, as elites, acreditam em Deus, na família e nos valores tradicionais, e rejeitam ideias progressistas. Discutir, apenas discutir as suas crenças, é considerado suicídio eleitoral.

Quando Abraham Lincoln, em 1862, promulgou a Homestead Law, a lei da reforma agrária nos Estados Unidos, assegurando a cada cidadão o direito de requerer uma propriedade de até 4 mil metros quadrados de terra do Estado, pagando 1 dólar e 25 centavos, criou milhões de pequenos proprietários rurais — que deram origem às grandes maiorias conservadoras de hoje, que ganharam sua bolsa-terra e não querem mudar mais nada. Uma ação politicamente progressista gerou milhões de novos reacionários.

Um século e meio depois, no Brasil, a nossa “nova classe média”, que tem casa, carro, crédito, viaja de avião e é eleitoralmente decisiva, parece ser ainda mais conservadora do que a “velha”. A ascenção social exige segurança e instituições sólidas, quer conservar o que conquistou e reage a mudanças que ameacem suas conquistas. Como Tim Maia, querem sossego.

Então por que não param de falar em esquerda e direita como se fosse de futebol e tentam entender o que está acontecendo? Como disse o ex-comunista Ferreira Gullar, “no meu tempo ser de esquerda dava cadeia, hoje dá emprego”.


Dura lex - RUY CASTRO

FOLHA DE SP - 11/01


RIO DE JANEIRO - Passei séculos ouvindo frases como "Decisão da Justiça não se discute. Cumpre-se", "A lei tarda, mas não falha" e "Dura lex sed lex" --a lei é dura, mas é a lei--, esta já com o complemento, "No cabelo, só Gumex". Não me ocorria que pudessem ser contestadas. Supunha-se que, depois de mergulhar nos milhares de páginas de um processo e ouvir todos os envolvidos, testemunhas e suspeitos de praxe, os juízes, à luz de seu conhecimento das leis, tomariam a decisão --olha só a palavra-- justa.

Com o tempo e com o cinismo circundante, aprendi outras frases que representavam rachaduras e vazamentos naquelas verdades pétreas. Uma delas: "Aos amigos, tudo; aos inimigos, a lei". Outra: "Todos os homens são iguais perante a lei. Mas alguns são mais iguais do que os outros". E a mais debochada e demolidora, proferida, quem diria, pelo homem que mais legislou neste país, Getúlio Vargas: "A lei, ora, a lei...".

O fato de que a lei não é, afinal, tão indiscutível está sendo demonstrado à exaustão no rescaldo do caso do mensalão. Ouvidas acusação e defesa, dissecados os processos, estabelecidas as condenações (ou absolvições) e determinadas as sentenças, num julgamento aberto e televisionado que durou meses, as decisões dos juízes têm sido tachadas de "tribunal de exceção" e de "condenações sem provas", influenciadas pelo "linchamento da mídia".

Um cartola do PT falou em "chicana", "truculência" e "selvageria", esta "mesmo que recoberta pelo manto do apoio da lei" --imagem que remete perigosamente à figura do relator Joaquim Barbosa. O dito cartola acusou o STF de provocar "grande insegurança jurídica" e de fazer lembrar "os piores tempos que o país já viveu". E, num ousado arroubo, falou em "fascismo e nazismo".

Com tudo isso, esqueça o Gumex. Dura lex sed lex; no cabelo, só Brylcreem.

Ode pela cidade agora do Haddad - IGNÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO


O Estado de S.Paulo - 11/01



Caro Haddad, esta é a cidade que 60 prefeitos te deixaram como legado.

Os relógios de rua estão cegos há muito.

Não dizem mais também a temperatura.

Choveu, a luz apaga.

A cidade alaga.

Os semáforos não funcionam.

A CET tem gente para multar, não para consertar.

Os buracos da Martha (Rebouças e Cidade Jardim) inundam,

o buraco do Adhemar, hoje Erundina (Anhangabaú), vira lagoa, o túnel do Maluf (Juscelino) enche.

O lixo corre com as águas (não há cestos, não há educação), os bueiros entopem.

as árvores caem.

As calçadas são armadilhas, alegria dos ortopedistas, que agradecem por tantos buracos, vãos, desvãos, onde nossos pés se encaixam quebrando ossos, rompendo ligações e articulações.

Nas ruas, asfaltadas porcamente, para que se asfalte e 'reasfalte' outra vez (superfaturando) ao desviar do buraco da esquerda, você cai no buraco do centro, isso quando não cai na cratera à direita.

Se for jantar fora, se for ao show, ao hospital, ao teatro, ao cinema, ao bar, se for a um casamento ou qualquer evento, pague ao manobrista que largará seu carro na esquina, pague ao flanelinha, perito em extorquir.

Pague a quem se aproximar, ou na volta encontrará a lataria riscada, pneus vazios.

Se entregar no estacionamento, verifique se o estepe está no lugar, se não levaram os CDs, que costuma ouvir no trânsito.

Eles não se responsabilizam por qualquer coisa que esteja dentro do carro e a lei aceita isso.

E para estacionar em noite de grande show?

Como enfrentar as quadrilhas de flanelinhas e taxistas desonestos?

Se for estacionar e for idoso, desista, alguém (não idoso) está no seu lugar, ou um não cadeirante.

Somos uma nação de mal-educados e infratores das leis do cotidiano.

Marque uma reunião de trabalho por dia, nas outras horas você estará no congestionamento.

Para ir ao trabalho ou dele voltar, ir almoçar, ir a uma festa, ir para a praia, visitar amigos, ver um doente, enfrente os que pedem esmolas nos cruzamentos, os que pedem nos bares, nos restaurantes, esquinas, porta de nossas casas, próximo aos shoppings, aos cinemas, praças, ou mesmo nas igrejas sejam quais forem, sem falar nos dízimos que devem pagar os que estão lá dentro.

Pedem com receitas médicas esfarrapadas, pedem para completar a passagem (até a esquina), pedem para o lanche (só que não aceitam o lanche), pedem porque 'acabaram de ser assaltados', pedem para pagar o pastel na feira, ou o caldo de cana, pedem no banco que você faça um titulo de capitalização, ou um seguro.

Nunca sabemos se nossos filhos voltarão vivos da balada, mesmo que não resistam.

Não sabemos se nossa mulher ou filhos não serão sequestrados no caixa eletrônico, mesmo que não resistam.

Não sabemos se nosso jantar terminará com sobremesa ou arrastão.

Não sabemos se um de nós voltará vivo para casa neste dia, mesmo que não resistamos.

Não sabemos se o nosso ônibus não será incendiado.

Se a linha do metrô estará funcionando.

Se o trem da CPTM não vai descarrilar ou bater de frente ou na traseira do outro.

Não sabemos se o alegre ciclista que corre pela ciclovia não estará morto antes do crepúsculo.

Não sabemos se o motoqueiro que leva mensagens, encomendas, comida, não será esmagado por um veiculo antes de chegar ao destino.

Não sabemos se o motoqueiro que emparelha com nosso carro não vai nos assaltar.

Andamos com vidros fechados, portas travadas, vivemos atrás de grades, protegidos por jaulas, câmeras, alarmes, cães, seguranças.

E mesmo assim somos todos inseguros, Inquietos, neuróticos, assustados.

O rico tem medo mesmo no carro blindado, o classe média tem medo,

o emergente tem medo, temos medo do bandido, da polícia, de todos.

O medo é nossa segunda pele.

Sem falar na poluição sonora, apitos, buzinas, alto falantes, etc.

Governe, prefeito, se a câmara deixar, se os partidos deixarem, se os secretários e os fiscais e a policia (que policia?) concordarem.

Se a população colaborar.

Dois irmãos num tempo de trevas - CARLOS HEITOR CONY

FOLHA DE SP - 11/01


Volta a meia, entra em discussão as relações entre o intelectual e o artista com o poder, o poder que realmente é poder, ou seja, o poder econômico e político, que geralmente estão entrelaçados.

Acredito que a questão nunca foi posta com tanta clareza durante o nascimento do nazismo na Alemanha, após a primeira guerra mundial. Destaque especial, entre outros, para os irmãos Mann, vindos de uma família do norte da Alemanha, Lübeck, que durante muito tempo foi sede da Liga Hanseática que dominou o Báltico e grande parte da Europa, com o famoso lema "Navegar é preciso", frase de Pompeu que muitos atribuem a Fernando Pessoa e até a Caetano Veloso.

Em 1925, Heinrich Mann escreveu "Intelecto e Ação", em que diz com clareza e simplicidade: "um intelectual que se liga ao grupo no poder trai o intelecto".

E em artigo seguinte, é mais explícito: "Para ser capaz de realizar, nenhuma hesitação é possível; realizar é achar-se no pleno domínio de si mesmo. De outro modo, é claro que aquele que duvida perderá sua coragem em face dos novos contemporâneos que não têm dúvidas sobre coisa alguma. A sociedade os apóia, são os seus salvadores. Não havendo esperado isso, o estado mental daquele que duvida agora lhe parece anárquico. Começa a se sentir alienado em relação ao mundo, ele, o homem que certa vez o dominou. Retira-se, sua casa se transforma numa ilha com um fosso ao redor. A atividade e os gestos da vida continuam durante alguma tempo, mas realmente só em função do passado, já são pó antes que ele os reduza a isso, ou seja, ao mesmo pó".

Heinrich sempre ficou à sombra de seu irmão mais famoso, que ganhou o Nobel e é considerado um segundo Goethe nas letras alemãs. Mesmo assim, ele emplacou um sucesso internacional que o cinema consagrou, "O Anjo Azul", adaptação de seu extraordinário romance, "Professor Unrat oder das Ende eines Tyrannen", que fez de Marlene Dietrich uma das maiores estrelas do século 20.

Por sua vez, antes mesmo de comprar briga com o poder que surgia na Alemanha depois de Versalhes (os nazistas fizeram uma pilha de seus livros para queimá-los em praça pública), Thomas Mann escreveu seu "Um Apelo à Razão":

"Há momentos de nossa vida em comum em que a arte não consegue se justificar na prática; em que a urgência interior do artista lhe falha, em que as necessidades mais imediatas de nossa existência o fazem engolir o próprio pensamento; em que a crise e a desgraça gerais o abalam demasiado, de tal modo que tudo aquilo que chamamos de arte, a feliz e apaixonada preocupação com valores eternamente humanos, chega a parecer ocioso, efêmero, um bem supérfluo, uma impossibilidade mental."

Em contexto bastante diverso, mas com as mesmas desconfianças a respeito da arte e da atividade intelectual, Jean Paul Sartre, que também ganharia o Nobel mais tarde, num estudo sobre Faulkner (outro premiado com o Nobel), declarou que "a arte é uma generosidade inútil".

Também em outro contexto, outro gigante das letras alemãs, Schopenhauer ameaçava uma linha de pensamento paralelo: "No momento em que se começa a falar, se começa a errar. Meu segundo lema é: assim que nossos pensamentos conseguiram se moldar em palavras, eles não mais são sentidos pelo coração e, no fundo, deixam de ser sérios".

Os dois irmãos, apesar da amizade que os unia, acabaram se separando, Heinrich ficou para enfrentar a Alemanha que passara a desprezar, Thomas, embalado pelo sucesso internacional de "A Montanha Mágica" e "Morte em Veneza", iniciou uma diáspora pessoal que incluiu a Itália, os Estados Unidos e, finalmente, a Suíça, onde morreu aos 80 anos em Zurique.

De qualquer forma, os dois irmãos de Lübeck marcaram o período entre as duas guerras mundiais, são referências para se compreender a natureza humana no que ela tem de mais contraditório: a aspiração do belo e do bem em confronto com a realidade que Heinrich mostrou em "Anjo Azul", mostrando a repugnante decadência física e moral do Professor Unrat.

Por sua vez, Thomas teve a lucidez para retomar o tema do "Doktor Faustus" e mostrar a humanidade enferma num sanatório suíço numa montanha realmente mágica.

Príncipe Harry por um dia - BARBARA GANCIA

FOLHA DE SP - 11/01


Pelo meu Instagram, fica a impressão de que acabamos na casa do Tyson com a turma de 'Se Beber Não Case'


AO MENOS uma coisa posso dizer que aprendi em 2012: nunca verificar o Instagram quan­do estiver de cama com febre.

Os chatos que possuem aquele outro smartphone talvez ainda não saibam, mas Instagram é o aplicati­vo de fotos originalmente criado para o iPhone e iPad que é usado por 100 milhões de pessoas e foi comprado pelo Zucker-coiso, do Facebook, no ano passado. É uma ferramenta que conta aos amigos (neste caso, "seguidores") o que vo­cê está fazendo usando fotos em vez de palavras. E todo mundo só mostra o que faz de bom. Fim de semana, então, é uma esbórnia.

Sigo no Instagram, por dever de ofício, mas também porque são meus amigos, muita celebridade, gente bem-sucedida com acesso ao bom e ao melhor. Um pessoal que chega a humilhar o seguidor comum e jornalistinhas de fim de feira como eu. Ficar de cama ou não viajar num fim de se­mana prolongado e resolver se dis­trair com as fotos do Instagram do (por exemplo) Tutinha da Jovem Pan é um convite ao suicídio.

Enquanto você está indo até a far­mácia da rua João Cachoeira, o cara já fotografou uma batata frita com trufas em Aspen, deu um pulo em Dubai (com direito a detalhes do assento da primeira classe do avião da Qatar Airways e toda a família sorrindo atrás da tigela de caviar). Você ainda está no Extra do Itaim procurando inalador, e ele já pos­tou as fotos do jantar, hambúrguer no 21 de Nova York, junto com a Sa­brina Sato, que deu uma passadi­nha depois de visitar a família em Penápolis e assistir à final do UFC em Hong Kong com a Alicinha Ca­valcanti.

Fui a Las Vegas no fim do ano, que já foi considerada a capital do peca­do, "Sin City", e hoje é chamada de "the cesspool of the world", o esgo­to do mundo. De fato, a cidade ema­na cheiro de enxofre. Antes de embarcar, pessoa estável e serena que sou, não encanei que a Al Qaeda escolheria aquele inferno como seu próximo alvo justamente no Réveillon, pois ali não estaria a escória do mundo. Claro que não. Que sentido teria um pensamento desses?

Como isso não ocorreu, descobri outra conspiração e liguei para mi­nha melhor metade, que havia fica­do para trás em solo pátrio: "Já sei onde vão parar todos os sanduíches que os americanos devoram, o sub­solo de Las Vegas tem um cheiro impressionante!". Uma brasileira arrastando uma mala com rodi­nhas passou por mim enquanto eu falava e sorriu: "Cheiro impressio­nante!", reiterou e saiu rindo.

À noite fomos ao stand up de Jerry Seinfeld. Só agora entendi porque é considerado gênio. Cada piada é tratada como ciência. O jei­to que analisa a sociedade america­na, critica seus costumes, encara o homem moderno, se distancia dele para poder cindi-lo, mas, também, a maneira como conseguiu manter contato com o americano comum, a despeito das barreiras que fama e grana devem lhe impor, fazem do material apresentado um dos monólogos humorísticos mais impressionantes que já vi. Di­fícil alguma coisa ainda ter o frescor de novidade no humor. Seinfeld é quase heroico.

Abriu destruindo a "experiência Las Vegas": falou mal das calçadas, da comida, dos engarrafamentos e das filas. Disse que a melhor parte de estar em LV é ligar aos amigos e dizer: "Sabe onde estou? Em Vegas!".

Pensando bem, no meu Instagram (@bgancia) não há congestionamento ou mau cheiro. A impressão que se tem é de que o príncipe Harry foi meu compa­nheiro de viagem e que acabamos na casa do Mike Tyson com a turma do "Se Beber Não Case".

O que me faz concluir que talvez o Tutinha tenha perdido as malas no voo de volta ou que a bata­ta frita de Aspen seja um tanto gor­durosa. E que eu posso ficar de cama em 2013 sem lamentar qualquer fim de semana desperdiçado. Feliz Ano-Novo para nós!

Burocracia asfixiante - DIANA JUNGMANN


O ESTADÃO - 11/01

Diretamente ligada às invenções e ao uso de produtos biológicos nas áreas de saúde humana, biotecnologia e produtividade agrícola, a bioeconomia tem potencial para mudar os rumos de desenvolvimento de um país. A exploração desse nicho econômico e industrial representa um desafio para o Brasil e é, ao mesmo tempo, a possibilidade de se firmar como uma potência competitiva no setor. Mais que a necessidade de avançar em pesquisas, de qualificar nossa força de trabalho e melhorar a capacidade em negócios, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) acredita que é preciso modernizar o marco regulatório nacional.

O Brasil, pela sua diversidade e avanços na produção de biocombustíveis e de alimentos, ocupa posição privilegiada no campo da bioeconomia, com capacidade de se tornar líder global. O território nacional abriga 13% do total de espécies existentes. É a nação mais megadiversa do planeta. Contudo, o país responde por 0,45% das patentes em biotecnologia, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Os Estados Unidos estão na faixa de 40%, e a União Europeia, 35%.

Entre os fatores para esse descompasso está uma legislação complexa e burocrática, que dificulta o acesso à biodiversidade e gera insegurança jurídica a empresas e centros de pesquisa. Pouco se avançou desde a publicação, em 2001, da Medida Provisória que regulamenta o acesso e a repartição dos benefícios derivados da utilização dos recursos genéticos. São mais de 40 decretos, resoluções e outros atos legais, atrofiando a inovação e a competitividade do país.

Isso se torna claro quando vemos que empresas e universidades que realizam pesquisas com uso de material biológico vêm sendo autuadas pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). Em 2011, de um total de 100 empresas que mantinham atividades de inovação nesta área, 35 estavam em desconformidade e foram multadas em R$ 88 milhões.

A maioria das empresas foi autuada por não repartir os benefícios oriundos da exploração econômica da biodiversidade brasileira. Em 11 anos, contudo, as instituições que autorizam esse acesso publicaram cerca de 600 autorizações para coleta e pesquisa com material genético. Um número inexpressivo diante da dimensão do país e de sua biodiversidade.

O Brasil ainda enfrenta outros problemas graves: a restrição para o patenteamento de substâncias extraídas da natureza e, para o pouco que é possível, a demora para a concessão desse direito. Balanço divulgado pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (Inpi) mostrou que, em média, são nove anos de espera. Esse processo precisa ser urgentemente desburocratizado em nome da nossa capacidade de gerar riqueza a partir da biodiversidade.

Ueba! Carne velha no BBB! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 11/01


E a manchete do Sensacionalista: "Chávez não aparece e prova do líder é adiada". Rarará!


Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! E o pensamento do dia no Twitter: "O Lula se finge de morto e o Chávez de vivo!". Rarará!

E a oposição venezuelana? Todos sempre moraram em Miami. Oposição Shopping Center!

E atenção! Sudeste vira Chuveste! E IPI quer dizer Imposto sobre Produtos Inundados. E, lá no Rio, ICMS quer dizer Imposto Cobrado sobre Mercadorias Submersas!

E começou a alta temporada

do Datena. O Datena é o nosso Galvão Bueno das enchentes: "Alaaaaagou, alaaaagou, alaaaaagol!". Rarará!

E o Big Bagaça Brasil? O galinheiro mais vigiado do Brasil. Abriram o açougue: bíceps, tríceps e bundas! E a única novidade do "BBB": ex-BBBs! Bambam e Dhomini de novo no Big Bode Plasil? Carne velha no pedaço!

Então é o "BBB" dos usados e seminovos! O Dhomini parece um Celta e o Bambam um Chevette!

E a Nair Bello no Twitter: "Ainda não entendi porque o Bial só usa camiseta da Renner com cor esquisita". Acabou a verba do figurino. Gastaram tudo naquele galinheiro de vidro.

E a manchete do Sensacionalista: "Chávez não aparece e prova do líder é adiada". Rarará!

E o site CornetaFC, com o Bial gritando: "A prova de resistência hoje é passar um dia inteiro sem rir do Palmeiras". Todos perderam! Não há resistência humana nem desumana que consiga isso!

E eu tive muita pena de uma participante. Foi chamada de burra pelo Bambam. Ser chamada de burra pelo Bambam é fueda!

E BBB só precisa falar duas coisas: "UHUHU" e "Oi, Bial!". A próxima geração no Brasil já vai nascer falando "Oi, Bial!".

E ex-BBB tem hífen? A maioria não tem mais nem hífen e nem hímen. Como diz um amigo meu: hífen é como hímen, só atrapalha. Rarará! É mole? É mole, mas sobe!

O Brasil é Lúdico! No Brasil todo mundo escreve errado, mas todo mundo se entende. Inclusive essa placa: "VEMDE CANMA DE CASAU E ÇOUTER".

Essa escreveram em grego com aramaico e legenda em curdo. Rarará!

Nóis sofre, mas nóis goza. Hoje só amanhã!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno! E quem não tiver colírio pode pingar Veja com Ajax que dá no mesmo!

Sinal de alerta permanecerá aceso no setor elétrico - EDITORIAL O GLOBO

O GLOBO - 11/01


As chuvas de verão podem não se suficientes para afastar completamente o risco de falta de energia a preços razoáveis para o país em futuro próximo



Continuamos nas mãos de São Pedro, e, se as chuvas de verão vierem como habitualmente, o risco de racionamento de energia elétrica desaparecerá no curto prazo, como frisaram as autoridades do setor anteontem em Brasília. Mas o que ocorreu este ano é um sinal de alerta que ainda se manterá aceso, pois preocupa o fato de o nível dos reservatórios das hidrelétricas ter chegado ao piso da curva de segurança em pleno mês de janeiro. Se as chuvas não forem abundantes a ponto de os reservatórios verterem água (ou seja, se não encherem 100%), é bem provável que as usinas termoelétricas não sejam desligadas este ano, para se poupar ao máximo as hidrelétricas.

Exatamente pela existência desse parque gerador termoelétrico é que a situação hoje é diferente da que motivou o racionamento em 2001/2002. Naquela época o governo havia lançado um programa prioritário de construção de termoelétricas; tentou-se correr contra o tempo, porém as usinas não estavam prontas quando mais se precisava delas. A lição foi aprendida e desde então não mais se deixou de licenciar esse tipo de usina. Este ano várias entrarão em operação exatamente no Nordeste, onde são mais necessárias.

De qualquer forma, diante das dificuldades para licenciamento ambiental de hidrelétricas — os principais aproveitamentos agora estão na Amazônia, região sensível não só do ponto de vista da natureza, mas também aos mais variados lobbies — o funcionamento das termoelétricas tende a ser mais permanente que emergencial. Isso deve mexer com a estrutura de custos da energia elétrica no país, já considerado elevado e capaz de inviabilizar muitas atividades produtivas que antes se mostravam competitivas. É uma questão a ser discutida e que possivelmente envolve o uso mais racional da eletricidade. Programas de eficiência energética já não são conduzidos com a mesma ênfase dada logo após o racionamento de 2001/2002.

Há que se considerar que termoelétricas dependem de combustíveis fósseis, alguns mais e outros menos poluentes. O gás natural, que é a menos poluente, infelizmente ainda não está disponível em abundancia no país. O Brasil importa grande volume da Bolívia e complementa essa compra com gás natural liquefeito adquirido em outros fornecedores, a preços bem salgados. Com o pré-sal a oferta doméstica deve aumentar, mas não o suficiente para que se possa abrir mão das importações. Além disso, o gás natural não tem uso apenas térmico: é insumo para diferentes ramos de indústria e serve como combustível automotivo.

Nesse quadro, a opção nuclear precisa ser revigorada. Os planos para a construção de quatro novas usinas no Nordeste, já a partir da conclusão de Angra 3 (prevista para 2016), que tinham sido engavetados após o acidente de Fukushima, merecem ser novamente avaliados.

E por último, mas não menos importante, é crucial melhorar o gerenciamento das obras no setor, para evitar os vergonhosos atrasos existentes.

Quem socorre - LUIZ GARCIA

O GLOBO - 11/01


Pelo menos em tese e, na prática, num número considerável de países considerados civilizados, o policial é um defensor da paz, da ordem e, principalmente, da vida e da segurança da população.

Em princípio, portanto, os agentes da lei não só podem como devem socorrer cidadãos vítimas de crimes. E têm a mesma obrigação em relação a criminosos feridos em confrontos com agentes da lei. O policial tem a missão de impedir crimes e deter criminosos - mas não de puni-los.

A omissão de socorro é inadmissível em qualquer circunstância. Não importa se o ferido é cidadão pacífico ou detestável assaltante de velhinhos ou espancador de criancinhas. Policial não é juiz. E a deliberada ausência de socorro é uma forma de julgamento. Pode ser, em muitos casos, uma condenação à morte. No fim das contas, na prática a tese não funciona.

Por isso mesmo, está certo o governo de São Paulo, ao decidir que não cabe aos policiais socorrer (ou decidir se dão ou não socorro) vítimas de crimes ou criminosos feridos em duelos com policiais. Os números a respeito justificam a medida: no ano passado, mais de 1.300 cidadãos foram mortos em confrontos com policiais.

Até agora, o registro oficial dessas mortes usa linguagem pouco precisa: falam em "auto de resistência" ou "resistência seguida de morte". Isso vai mudar em São Paulo: os boletins oficiais registrarão "lesão corporal (ou morte) decorrente de intervenção policial". Mudar a linguagem, obviamente, não garante mudança no comportamento. Mas é um bom começo. Como se dizia antigamente, é sempre importante dar o nome aos bois.

Simultaneamente e é o mais importante foi decidido que policiais paulistas não poderão mais socorrer vítimas de crimes ou criminosos feridos em duelos com a polícia. Obviamente, o objetivo é duplo: tanto garantir melhor atendimento como evitar versões falsas dos episódios.

É verdade que a novidade aumentará o trabalho do sistema de saúde. Espera-se, com limitada esperança, que hospitais e prontos-socorros recebam recursos adequados ao aumento de suas responsabilidades. Também vale a pena que outros estados acompanhem as mudanças. Se der certo em São Paulo, dará certo no resto do país.

Desde que haja recursos para isso, é claro.

Os elefantes de Dilma - MONICA BAUMGARTEN DE BOLLE

ESTADÃO - 11/01


No centro comercial de Bangcoc, na interseção de dois enormes shopping centers e de um complexo de hotéis de luxo, rodeado por grandes telões luminosos da mais alta tecnologia, símbolos da supremacia asiática nesta área, está o santuário de Erawan. Visitado diariamente por milhares de turistas curiosos e habitantes locais que fazem suas rezas e oferendas ao deus hindu Brahma, o santuário é anacrônico. O grau de surrealismo é delicioso: Givenchy e Lanvin ao lado de muito incenso, guirlandas de flores e dançarinas com trajes típicos tailandeses. Erawan é o nome tailandês do mítico elefante branco de três cabeças do budismo e do hinduísmo. Para muitos povos orientais, o elefante branco é um animal sagrado, reverenciado, um símbolo de sorte e vida longa. Um sinal de bom agouro.

Pena que para nós, ocidentais, ele tenha outro significado. Para nós, "elefante branco" é uma expressão que designa a posse de algo do qual não é possível se desvencilhar, cujo custo - de manutenção, ou de se carregar - supera o seu suposto benefício ou valor. O ano de 2013 começa com o vislumbre de pelo menos um elefante branco: o oneroso sistema elétrico brasileiro, que tende a se tornar ainda mais problemático em razão das interferências recentes do governo e da dependência das usinas hidrelétricas de fio d'água, que nos submetem às variações climáticas que afetam os níveis dos reservatórios. A alta dos preços de energia no mercado livre proveniente do uso intensivo do sistema termoelétrico já tem levado os grandes consumidores industriais a considerar a hipótese de um "racionamento branco", uma redução intencional do consumo de energia.

Se a indústria reduzir a demanda por energia elétrica, insumo fundamental para a produção, o ritmo da atividade no setor poderá ser menor, influenciando as perspectivas para o crescimento econômico de 2013. Ou seja, o racionamento branco derivado de um sistema de geração e distribuição de energia descorado pode gerar uma expansão econômica sem o grau de pigmentação desejado pelo governo, ano em que se espera algo com mais vivacidade do que o pálido 1% de crescimento de 2012.

O elefante branco da energia elétrica tem outras implicações. Como alertam os peritos do setor, ele pode impedir a redução das tarifas - os 20% almejados pela presidente -, que tanto bem faria para a inflação de 2013. Diante das ameaças para a atividade e para o rumo dos preços neste ano que se inicia, sobretudo depois de resultados pouco auspiciosos nos seus primeiros dois anos de governo, não surpreende que Dilma tenha decidido convocar uma reunião de emergência para avaliar a situação energética do País. Tomara que não tenha sido tarde demais.

Mas a manada de elefantes de Dilma não é totalmente desprovida de cor. As infelizes manobras contábeis para garantir o cumprimento da meta de superávit primário em 2012 (o resgate antecipado de R$ 12,4 bilhões do Fundo Soberano e a antecipação de dividendos do BNDES e da Caixa) pisoteiam a credibilidade fiscal como um imenso elefante vermelho que estraçalha um dos pilares fundamentais da estabilidade macroeconômica. Não há estabilidade sem credibilidade na política econômica, uma lição que já deveríamos ter aprendido. E uma das razões para o superávit mais baixo foi justificada: a ampliação das desonerações, das ações do governo para diminuir os custos das empresas. A ofuscação deliberadamente tosca dos efeitos disso sobre as contas públicas é mais um motivo para que os periódicos internacionais que nossas autoridades não mais acompanham continuem a publicar matérias jocosas sobre as trapalhadas do governo brasileiro.

Enquanto crescem os riscos econômicos de curto e de médio prazos, o ministro da Fazenda, em fase zen, promete mais calma e serenidade em 2013, afirmando que a maioria das medidas para reanimar a economia brasileira já foi tomada. A ver.

Uma coisa, porém, parece certa: a saraivada de medidas adotadas em 2012 é uma manada de elefantes brancos e vermelhos que entra em 2013 para fiel nenhum - budista ou hindu - pôr defeito.

O chavismo de toga - EDITORIAL O ESTADÃO


O Estado de S.Paulo - 11/01


Quando se noticiou, dias atrás, que setores da oposição venezuelana pediram que o mais alto tribunal do país se pronunciasse sobre a alegação chavista de que a presença do caudilho na Assembleia Nacional em 10 de janeiro para assumir o seu quarto mandato não passava de uma "formalidade dispensável", mais de um perplexo observador há de ter perguntado se os proponentes da manifestação do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) tinham perdido por completo a noção do que o autocrata Hugo Chávez fizera com as instituições do Estado na Venezuela, a começar do Judiciário, desde que chegou ao poder, há 14 anos.

Nesse período, ciente dos passos estratégicos que devia dar para assenhorear-se plenamente das instâncias estatais, ele aparelhou o TSJ, escolhendo a dedo 32 de seus integrantes, enquanto afastava os juízes que ousassem dar provas de independência diante do Palácio Miraflores, sem falar nas perseguições que levaram um deles à prisão e outro ao exílio. Pois essa corte de cartolina fez anteontem tudo que o chavismo queria - e mais. Torturou até que se amoldassem aos desígnios oficiais os artigos da Constituição que tratam do exercício da presidência e acrescentou uma barbaridade jurídica que seria hilária se não fosse uma pedra a mais na construção da "ditadura perfeita", como se dizia do arremedo de democracia no México de tempos idos, agora na sua encarnação bolivariana.

A Carta ordena que os presidentes venezuelanos tomem posse no décimo dia de janeiro do primeiro ano de seus mandatos, mediante juramento perante a Assembleia Nacional ou, se não puderem fazê-lo na Casa, no TSJ - na mesma data. No entanto, para acomodar os interesses do regime, a presidente do tribunal, Luisa Estella Morales, mansamente seguida por seus pares, preferiu entender que não há prazo nem local preestabelecido para o cumprimento do rito, quando obstado de início por um "motivo imprevisto", como se o câncer que obrigou o caudilho a voltar a Havana em dezembro para uma quarta cirurgia - e possíveis complicações pós-operatórias - fosse o proverbial raio em céu azul.

Além disso, decidiu o TSJ, tendo sido Chávez reeleito, nada muda na condução do governo, com o primeiro escalão respondendo ao vice Nicolás Maduro - uma razão a menos para Luisa Estella levar em conta o que considera filigranas constitucionais. Por fim, apenas o próprio presidente poderia pedir ao Legislativo que declarasse a sua "ausência temporária" - abrindo caminho para uma licença de 90 dias prorrogáveis por outro tanto. Só então, caso não reassumisse, seria decretada a sua "ausência absoluta", com a convocação de novas eleições (ou a investidura definitiva do vice, se o problema ocorresse nos dois anos finais do mandato). A exigência surrealista de que a solicitação seja feita de próprio punho induziu o oposicionista Cipriano Heredia, a imaginar, ironicamente, como o presidente faria isso se tivesse sido sequestrado.

Outro opositor, Julio Borges, foi ao fundo da farsa. "O que o TSJ acabou de dizer é que o presidente pode permanecer indefinidamente em Cuba, quando está claro que, ao menos neste momento, ele não está capacitado a governar", resumiu. Ou seja, enquanto estiver vivo, em qualquer condição clínica, Chávez continuará titular do governo. "É uma sentença típica de um Judiciário sequestrado por um partido político", diz o constitucionalista Pablo Álvarez. Ou seja, o TSJ deu ao Partido Socialista Unificado Venezuelano o tempo de que necessita diante de uma conjuntura cujo desfecho mais provável não se sabe quando virá.

O tempo é essencial também para que o vice Nicolás Maduro consolide, no aparato chavista de poder, a posição para a qual foi ungido pelo líder enfermo na sua fala de despedida de Caracas, e ainda para mobilizar os venezuelanos em torno da figura do eventual sucessor que não prima pelo carisma nem teve, sob Chávez, oportunidade de se achegar às massas. No país cujo Numero Uno falava pelos cotovelos e se esparramava pelas redes sociais, ele nem sequer tem conta no twitter.

Baixa ambição - MIRIAM LEITÃO

O GLOBO - 11/01


Seria bom o Banco Central ter em mente que 5,84% não é a meta de inflação. Ela é 4,5%, ponto ao qual esta diretoria jamais conseguiu chegar. Além disso, essa meta é alta para países com economia estabilizada, o que é o nosso caso. Por fim, deveria considerar que uma taxa de quase 6% num ano em que não houve crescimento econômico é um resultado muito ruim. Mas o BC comemora.

O Banco Central comemorou a inflação dentro da margem de tolerância, da mesma forma que em 2011 comemorou aquele bater na trave, com golpe de mão, que foi o 6,5%. A inflação está alta para as circunstâncias, para o padrão atual do mundo, para um país que tem uma história áspera em relação a esse problema. Seria bom se as autoridades tivessem maiores ambições, o que poderia levar a novos ganhos no futuro.

Esse cenário de baixo crescimento com inflação alta pode ser resumido em uma palavra que causa apreensão nos economistas: estagflação. O professor José Márcio Camargo, da PUC-Rio, explica que a inflação de serviços está em 9%, enquanto os preços industriais estão com alta de apenas 1,5%. Ou seja, a inflação de serviços contamina a inflação como um todo e tira competitividade da indústria.

- O Brasil já vive um cenário de estagflação, porque temos crescimento baixo por dois anos - este ano projetamos 0,9% - e uma inflação alta para os padrões internacionais. A inflação de serviços vira custo industrial porque os salários sobem em função do IPCA - explicou Camargo.

Preocupa muito a insistência da inflação num nível alto por longo período. Ela só não está maior porque o governo tem tomado vários tipos de medidas pontuais para segurar os preços, como se estivesse tapando buracos de uma panela de pressão. Na visão de Camargo, sem isso, a inflação teria fechado o ano em 6,7%.

- De uma certa forma, a política monetária está invertida, em relação ao que a economia brasileira viveu de 1994 a 2010. Os juros viraram o último instrumento para combater a inflação - disse o economista.

Em 2011, a inflação não estourou a meta porque alguns reajustes e elevações de impostos foram postergados. Em 2012, o preço da gasolina continuou congelado, apertando as contas da Petrobras. Houve também uma mudança de fórmula de cálculo do IPCA, que tirou 0,5 ponto percentual da inflação. Isso sem falar nas reduções de IPI para automóveis, itens de linha branca e materiais de construção. Ainda assim, a taxa fechou 2012 próxima de 6%.

Os itens que mais caíram de preço no ano foram os que tiveram algum tipo de ajuda da Fazenda. Os televisores ficaram 13,25% mais baratos, com a redução do IPI. A mesma coisa aconteceu com o automóvel usado, -10,68%; automóvel novo, -5,71%; e motocicletas, -2,59%. A gasolina caiu 0,41%, o que puxou para baixo o etanol, que caiu 3,84%.

Tudo isso seria bom se a lista de itens que estão pressionados não fosse enorme. As passagens aéreas subiram 26% no ano. As despesas pessoais aumentaram 10,17%. A inflação de serviços fechou em 8,74%. O gasto com empregado doméstico aumentou 12,7%. Os aluguéis subiram 8,95% e os planos de saúde, 7,79%. O grupo alimentação subiu 9,86%, não só pela quebra de safras em vários países, mas também porque os restaurantes brasileiros estão pagando mais por aluguéis e mão de obra.

O governo passou os últimos dois anos estimulando o consumo. A expansão do crédito continua em um ritmo nada moderado, na casa de 15%, e o superávit primário não foi cumprido. Isso ajudou a pressionar os preços. Quatro das 11 capitais onde o IBGE calcula o IPCA estouraram o teto da meta: Belém, 8,31%; Rio de Janeiro, 7,34%; Recife, 6,79%; Fortaleza, 6,7%. O INPC, que mede a inflação para a população de baixa renda, fechou em 6,2%.

O projeto tem que ser crescer com inflação baixa, de 2% a 3%, por um longo período. Em 2011, derrubamos os juros - o que foi ótimo -, mas houve piora no déficit nominal, o PIB não cresceu e a inflação ficou acima do centro da meta. Essa política de poucas ambições tem apresentado baixo desempenho, mesmo assim é motivo de comemoração no Ministério da Fazenda e Banco Central. Na Fazenda, é pior, porque lá há quem defenda publicamente a convicção de que a inflação não deveria cair.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


FOLHA DE SP - 11/01


Rio Grande do Sul terá usina de arroz para produzir etanol
Seis usinas de etanol que produzirão a partir de cerais, principalmente do arroz, serão construídas no Rio Grande do Sul.

O projeto receberá R$ 720 milhões e será viabilizado por meio de uma parceria entre a empresa Vinema e produtores rurais ligados à Federarroz (Federação das Associações de Arrozeiros do Estado do Rio Grande do Sul).

Do total investido, 30% será desembolsado pelos produtores. O restante deverá vir de financiamento.

Quando todas as refinarias estiverem em operação, elas demandarão até 20% do arroz produzido no Estado.

O empreendimento está sendo desenvolvido há quatro anos e acabou fazendo parte de uma campanha dos produtores por um uso alternativo do grão para elevar seu preço.

"Em 2011, a saca chegou a R$ 17,quando o custo de produção era de R$ 30", diz o presidente da federação, Renato Rocha. Hoje, o valor é de cerca de R$ 35.

O etanol produzido nas refinarias será todo consumido no Rio Grande do Sul, que hoje importa o combustível de São Paulo, de Mato Grosso e do Paraná.

"Poderemos abastecer até 46% da demanda do Estado. A capacidade de produção será de 600 milhões de litros por ano", diz o CEO da Vinema, Vilson Machado.

As obras da primeira usina, na cidade de Cristal, começam em abril e devem ser concluídas no final de 2014. A previsão é que os seis empreendimentos estejam em operação até 2020.

Construção fecha mais de 42 mil postos no país em novembro
Mais de 42 mil postos de trabalho na construção civil brasileira foram fechados no último mês de novembro, segundo pesquisa do SindusCon-SP (Sindicato da Indústria da Construção Civil) em parceria com a FGV.

O recuo é superior ao registrado em novembro de 2011, quando foram fechadas 19,6 mil vagas em todo país.

"O cenário é de retração dos investimentos. Não sabemos quando a economia voltará a se aquecer, mesmo com as medidas adotadas pelo governo. Isso causa incerteza na hora de o empresário investir", disse Sergio Watanabe, presidente do SindusCon.

No Estado de São Paulo, o número de contratações na construção caiu 0,99% em novembro, com o fechamento de 8.500 mil vagas.

O desempenho representa uma leve queda em relação ao igual período do ano anterior, quando foram fechadas 5.500 mil vagas (-0,68%).

No acumulado de 2012 até novembro, o índice apresentou alta de 4,2%, com a contratação de 34,2 mil pessoas no Estado de São Paulo.

CONTA EM DIA
Cerca de 40% dos consumidores brasileiros pagavam algum tipo de parcelamento em dezembro, de acordo com levantamento da Fecomércio-RJ. Entre 2009 e 2012, o nível variou de 41% a 43%.

A taxa de inadimplência também caiu.

Aproximadamente 12% dos brasileiros estavam com alguma prestação atrasada, a menor percentagem da série para o último mês do ano.

Em relação ao tipo de parcelamento que está sendo pago, o carnê lidera com 58%, seguido pelo cartão de crédito, com 25%.

Os empréstimos em financeiras e em bancos subiram dois pontos percentuais em dezembro, em comparação ao mesmo mês de 2011.

40% dos brasileiros pagavam parcelamentos em dezembro

12% estavam com alguma prestação atrasada no mesmo mês

58% das parcelas foram feitas no carnê

25% delas foram feitas no cartão de crédito

URGÊNCIA
Representante da marca de lingeries La Perla no Brasil há quase dez anos, a empresária Tatiana Monteiro de Barros vai começar a distribuir o produto em multimarcas a partir de fevereiro.

Seu outro projeto para este ano, que deve começar em março, será trazer uma marca americana de itens para "urgências femininas".

"São mais de 140 tipos de produtos como adesivos para barra de calça, ombreiras, protetores para calçados e outras coisas que a brasileira nem conhece", diz.

"A ideia é abrir um novo mercado. É uma cultura que ainda precisa ser colocada aqui", afirma Barros.

Os itens serão vendidos em redes de farmácias, cabeleireiros, lojas de calçados. A meta é alcançar mil pontos de venda. "Nos EUA, eles estão em 6.000 pontos."

A empresária também negocia parcerias com algumas marcas, de moda praia, sapatos e roupas.

"Teremos uma segunda linha, mais barata, e estamos estudando venda por catálogo", afirma.

140 é a quantidade de produtos diferentes

1.000 é o número de pontos de venda em que a empresária pretende que a marca esteja presente, como farmácias e lojas de calçados

Playcenter de SP leva "Noites do Terror" a outras cidades do país
Após a decisão de fechar o parque em São Paulo no ano passado, o Playcenter vai transformar o seu tradicional "Noites do Terror" em uma versão itinerante.

Serão produzidos, pela própria empresa, três ou quatro eventos todos os anos, com a equipe de artistas que trabalhava na versão original.

O primeiro deles será realizado no Yupie Park, em Curitiba, neste ano.

A expectativa de público é de até 70 mil pessoas, segundo Marcelo Gutglas, presidente da companhia.

"A próxima parada deve ser Salvador", afirma.

As festas serão sempre realizadas em um parque de diversões de cada destino.

O restante do roteiro ainda está sendo negociado. Estão previstos entre 30 e 45 dias em cada local.

A capital paulista está fora dos planos por enquanto, segundo Gutglas. Mas a empresa não descarta o Estado.

Eleição Manuel Enriquez Garcia, professor da FEA/USP, será o novo presidente do Corecon-SP (Conselho Regional de Economia de SP). Afonso Arthur Neves Baptista assume a vice-presidência.

Consumidor... O Fragata e Antunes Advogados, escritório especializado em direito das relações de consumo, inaugura neste mês um centro de serviços administrativos e de qualidade, em Salvador, na Bahia.

...baiano Em prédio próprio de quatro andares, em cerca de 1.500 m², a unidade recebeu investimentos de R$ 6,1 milhões. Aproximadamente 350 advogados atuam na defesa de fornecedores de bens e serviços no escritório.

Infraestrutura no tubo A Armco Staco, companhia fabricante de produtos metálicos, se prepara para começara a produzir tubos de polietileno de grandes diâmetros e alta densidade no Brasil, de acordo com a empresa.

FLÁVIA OLIVEIRA - NEGÓCIOS & CIA

O GLOBO - 11/01

GOVERNO ESQUECE EFICIENCIA ENERGETICA
País lançou plano para o setor em 2011, mas medidas não avançaram. Só indústria consome 40% da energia
Nas ações do governo para lidar com restrições na oferta de energia, em razão do nível baixo dos reservatórios das hidrelétricas nos últimos meses, faltou referência a programas de eficiência. Autoridades já falaram da esperança de chuva ao acionamento permanente do parque termelétrico. Trataram de acelerar obras de linhões de transmissão e antecipar a entrada em operação de usinas eólicas e da hidrelétrica de Jirau, no Rio Madeira. Nada sobre medidas que podem aumentar a oferta de eletricidade, reduzir custos e elevar a competitividade da economia. O país publicou em 2011 o Plano Nacional de Eficiência Energética. Para 2013, a previsão é economizar 2.919 GWh. É a quantidade fornecida por uma usina com 700 MW de capacidade de geração, algo comparável a Angra 1, no Rio, com 640 MW. A produção atenderia a 1,675 milhão de residências, calculou um técnico do setor. Sozinha, a indústria responde por 40% do consumo de energia do país. São aproximadamente 15 GWh, segundo as contas da EPE. Mais da metade da demanda industrial é para movimentar sistemas motrizes. Uma ação de apoio à eficiência energética dos motores cairia bem agora.

35 GWh DE ECONOMIA DE ENERGIA
Foi o resultado do Procel Indústria, de 2002, quando foi criado, a 2011. É a quantidade de energia consumida no Brasil por um mês. Um plano de eficiência em motores industriais se paga em 15 meses.

É recorde
Bateu recorde histórico a arrecadação da Procuradoria do Município do Rio na dívida ativa, em 2012. Foram R$ 780 milhões, alta de 65% sobre os R$ 475 milhões do ano anterior. O resultado tem a ver com a cobrança aos grandes devedores.

Expansão
A GVT, de telefonia, TV por assinatura e internet, vai investir R$ 150 milhões na ampliação da rede no Estado do Rio este ano. A Zona Oeste da capital e a Baixada Fluminense estão entre as áreas prioritárias.

Concentrado
Os dez maiores fornecedores de material esportivo, caso de Adidas, Nike e Puma, ficaram com mais da metade (57,1%) dos contratos com times de futebol em 2012, mostra estudo da Jambo Sport Business. Outras 139 marcas atenderam a apenas 24,6% das equipes.

Seguros 1
A seguradora Mongeral Aegon cresceu 25% ao ano nos últimos oito anos. Em 2013, planeja avançar 30%. Uma das estratégias é o investimento em marketing esportivo. Vai gastar
R$ 2 milhões até 2014.

Seguros 2
Estudantes de MBA da Harvard Business School vieram ao Brasil conhecer operações da Liberty Seguros. Passaram a semana em imersão sobre o mercado segurador local.

Pré-sal
A Usiminas vendeu 400 toneladas de chapas CLC para a TenarisConfab. O destino é a produção de tubos para o pré-sal. A siderúrgica investiu R$ 539 milhões só para criá-las. As peças foram usadas no fim de 2012 na maior coluna da exploração petrolífera do país. Tem 1.650 metros; 50 deles no pré-sal.

Resíduos
O programa Jogue Limpo, do Sindicom, recebeu aporte de R$ 9 milhões de fabricantes e distribuidoras de óleo
lubrificante em 2012. O setor foi o 1º a assinar acordo com o Ministério do Meio Ambiente na Lei de Resíduos Sólidos.
É a tal logística reversa.

Economia
A fabricação do amaciante Comfort concentrado rendeu à Unilever economia de 22,2 milhões de litros de água por ano. É quantidade capaz de abastecer 2.040 lares no Brasil durante um mês.

É carnaval 1
A Cidade do Samba vai sediar um leilão de cavalos, dias 18 e 19. Serão 25 lotes de embriões e 35 animais, todos da raça
Mangalarga Marchador, enredo da Beija-Flor em 2013. Os lances largam de R$ 20 mil.

É carnaval 2
A bateria da Mangueira vai desfilar com tênis da Nike, nas cores verde e rosa.
A Grendene criou modelo especial de sandália Ipanema para os 15 anos do Expresso 2222, camarote de Gil no carnaval de Salvador.

PAINÉIS DA FOLIA
Nestlé (foto) e Bradesco, habituais patrocinadores do carnaval carioca, já instalaram seus painéis publicitários na Marquês de Sapucaí. Cada peça, produção da gráfica Stamppa, tem 1.308 metros quadrados. Custaram R$ 500 mil e são consideradas as maiores do Brasil. Após a folia, a lona do painel da Nestlé será reciclada, em parceria com a Tem Quem Queira.
A ONG fabrica bolsas e acessórios.

CERVEJA E CHURRASCO
Pelo quinto ano consecutivo, o sambista Neguinho da Beija-Flor será o interprete do jingle da campanha de carnaval dos supermercados Mundial. O filme estreia domingo em TVs, rádios e jornais. Criação da agência Unlike, foi gravado em um bar na Lapa, capital da boemia carioca. Durante a folia, a rede quer elevar a venda de bebidas em 15%. Com o calorão na cidade, aposta nas cervejas. No setor de açougue, base dos churrascos, estima aumento de 10% sobre o ano passado.

QUANTA SAÚDE - MÔNICA BERGAMO


FOLHA DE SP - 11/01


Chegou a 48,66 milhões o número de beneficiários de plano de saúde no Brasil. O dado é de setembro de 2012 e, comparado com o mesmo mês de 2011, apresenta um crescimento de 2,9%. Só no terceiro trimestre do ano passado, 240 mil novos contratos foram fechados -alta de 0,5%. O levantamento é do IESS (Instituto de Estudos de Saúde Suplementar), com base em dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar.

FIRMA QUE CUIDA
Para Luiz Augusto Carneiro, superintendente-executivo do IESS, o balanço anual deve seguir o mesmo ritmo, com crescimento no total de beneficiários em 2012 entre 2,5% e 3%. Os planos coletivos empresariais apresentaram alta ainda maior: 5,3% em setembro de 2012 ante o mesmo mês de 2011.

FECHANDO O CERCO
O governador Geraldo Alckmin assina hoje termos de cooperação técnica com o Tribunal de Justiça de SP, o Ministério Público e a OAB que vão viabilizar a internação compulsória de dependentes químicos. As parcerias preveem, entre outras medidas, a construção do anexo do Tribunal de Justiça no Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas, em regime de plantão, e promotores e advogados voluntários.

NÃO PAGO
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) reitera que "não ajuda de forma alguma financeiramente" o italiano Cesare Battisti no aluguel de um apartamento nos Jardins, onde o ex-ativista agora vive. "Apenas falei que eu o conhecia para a corretora de imóveis. O Cesare deverá viver de seus próprios proventos como escritor e de um futuro trabalho", diz.

TOSSE
E Suplicy está internado no Sírio-Libanês para tratar uma pneumonia. A previsão de alta era hoje. O senador havia passado alguns dias no hospital no final do ano

ADAPTAÇÃO PLENA
Nelson Motta, autor do romance que originou "O Canto da Sereia" diz estar "extasiado" com o resultado. "Gostei mais da minissérie [da Globo] do que do livro."

ADAPTAÇÃO PLENA 2
Ele diz que ligações entre política e axé são ficção, mas admite que o personagem do governador baiano tem inspiração óbvia. "É claro que tem coisas de ACM e de outros desses. É um arquétipo", afirma. "Imagina a ligação de uma megaestrela, tipo a Ivete Sangalo, com um político desses. Se houvesse isso, seria nitroglicerina pura. Deus me livre!"

O PULO DA SEREIA
Motta mandou e-mail à protagonista, a atriz Isis Valverde, dizendo que ela foi corajosa de aceitar o papel. "Já passa para outro patamar, de protagonista."

ECONOMIA
Está faltando papel higiênico no Ministério da Fazenda. Banheiros de vários andares também estão sem toalha papel e sabonete -funcionários têm levado de casa os itens de higiene pessoal.

SEM EMBARGO
Fernando Morais lança no dia 29 versão cubana de "Os Últimos Soldados da Guerra Fria". O livro conta a história dos cinco agentes de Cuba que espionavam organizações de extrema-direita nos EUA. Presos pelo FBI, cumprem penas que chegam a prisão perpétua. O autor participa de debate com presidente da Assembleia Nacional cubana, Ricardo Alarcón.

'TODO MUNDO NAMOROU'
Débora Falabella, 33, diz que penou com o assédio da mídia no fim da novela "Avenida Brasil", após começar a namorar Murilo Benício, 41. "Passei por coisas que achei tão absurdas e, ao mesmo tempo, dava uma vergonha... Tão ridículos", diz à "Rolling Stone". Ela conta não ligar para um rótulo de Benício: o de se apaixonar por colegas de elenco. "Não sou uma idiota, tenho confiança em quem sou. É muito chata essa associação. Problema de cada um. Eu também namorei, todo mundo namorou todo mundo na vida."

É FESTA OU DESFILE?
A festa Lux encheu o clube Yacht de modelos, anteontem: estavam na pista Marta Bez, Camila Lemes e Thelma Alves. A maquiadora Sandra Alves e a estilista Aline Quevem também foram à balada, comandada pelo DJ Johnny Luxo, na Bela Vista.

LUA CHEIA DE ARTE
O multiartista francês Vincent Moon veio ao Brasil para a inauguração de mostra com vídeos seus no Sesc Pompeia. O produtor cultural Cosmo Brown e a cantora Dona Inah foram à abertura, na terça. A exposição, gratuita, fica em cartaz até 27 de janeiro.

CURTO-CIRCUITO
A comédia "Amigas, Pero No Mucho", com direção de José Possi Neto, volta hoje ao teatro Renaissance, nos Jardins. 14 anos.

Pedro Lourenço realiza liquidação com até 80% de desconto em sua loja na rua dos Cariris.

O projeto Peep Classic - Ésquilo reestreia hoje, às 20h30, no Club Noir. Classificação: 16 anos.

A peça "Batalha de Arroz num Ringue para Dois", com Nívea Stelmann, estreia hoje no teatro das Artes. 12 anos.

A marca Uma promove saldo até 10 de fevereiro.

O deputado estadual Fernando Capez (PSDB) conversa com PMDB e PSB para eventual troca de sigla.

O risco sem Chávez - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 11/01

Enquanto a oposição no Brasil debate a legalidade da posse do vice na Venezuela, o governo Dilma está preocupado em saber "como será o governo Chávez sem (Hugo) Chávez" O grande temor no Ministério das Relações Exteriores não é com a ruptura democrática, mas com a volta da linha de governos passados, quando a Venezuela dava as costas para a América Latina e o Brasil.

De olho em São Paulo
Os especialistas em marketing político e eleitoral estão com os olhos voltados para São Paulo. Neste ano, haverá um confronto de imagens entre o recém-empossado prefeito da capital, o petista Fernando Haddad, e o governador Geraldo Alckmin, que está iniciando o 17º ano de reinado tucano. Setores até então aliados do PSDB, como o ex-prefeito Gilberto Kassab, fizeram a opção por distanciar-se desse projeto. Eles avaliam que há "fadiga de material" depois de quase duas décadas no poder e que os paulistas querem sangue novo. Na equipe de Kassab se diz, claramente, que a eleição de Haddad foi um aviso de que a tendência dos eleitores é pela renovação e que o PSD deve subir e surfar nessa onda.

"Vamos trabalhar para fazer um acordo de votação cronológica dos vetos presidenciais"
José Guimarães
Líder do PT na Câmara dos Deputados (CE)

Costura conhecida
Sobre o PMDB abrir mão de sua segunda vaga na Mesa, o candidato a presidente da Casa, Henrique Alves (PMDB-RN), diz: "Isso já é tradicional. Foi assim com Arlindo Chinaglia (PT), Michel Temer (PMDB) e Marco Maia (PT)."

Dizem por aí
O ministro do STF Celso de Mello está avisando aos colegas do Supremo e a amigos que deixará o órgão no primeiro trimestre deste ano. Ainda longe da aposentadoria compulsória (ele tem 67 anos), tem dito que está cansado, com problemas de saúde e precisando de um tempo para si. Mello é o mais antigo ministro do STF. Está no cargo desde 1989.

A corrida ao Supremo
Pelo menos quatro ministros do STJ estão em campanha para serem escolhidos pela presidente Dilma para o STF. Chegaram ao governo pedidos por Nancy Andrighi, Luis Felipe Salomão, João Otávio de Noronha e Benedito Gonçalves.

Sem munição para o "bico"
Veto da presidente Dilma ao uso de arma fora do horário de trabalho pélos 70 mil agentes penitenciários gerou polêmica, mas ela não volta atrás. O governo trabalha pelo desarmamento e pesou na decisão o fato de que os agentes folgam três dias a cada dia trabalhado. Nesse período, muitos fazem "bico" como seguranças privados e usariam arma do Estado para outros fins.

Uma no cravo, outra na ferradura
Tradicional aliado dos tucanos, o presidente do PTB em São Paulo, Campos Machado, enviou carta ao presidente do PT, Rui Falcão, protestando contra a inclusão do ex-presidente Lula "como investigado no processo do mensalão"

Em busca do dinheiro roubado
A despeito da agenda negativa em que a AGIJ se meteu no final do ano passado, a instituição conseguiu reaver R$ 32,6 bilhões aos cofres públicos. Esse é o resultado do trabalho de combate à corrupção realizado durante 2012.

CANDIDATO A PRESIDIR A CÂMARA Júlio Delgado (PSB-MG) esteve com o prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet (PDT), e o governador tucano Beto Richa (PR).

Terceiro tempo - FÁBIO ZAMBELI - PAINEL

FOLHA DE SP - 11/01


Debruçados sobre os elementos que consideram frágeis nos votos dos ministros, advogados de personagens do mensalão finalizam os extensos embargos que protocolarão no STF tão logo seja publicado o acórdão do julgamento, o que deve ocorrer em fevereiro. A defesa de José Genoino questionará as razões pelas quais o deputado petista foi condenado seis vezes por corrupção ativa, enquanto, segundo alega, a acusação sustentou apenas quatro vezes o crime continuado.

Eu avisei Durante o julgamento, o defensor do petista, Luiz Fernando Pacheco, fez a ressalva em memorial endereçado à ministra Rosa Weber, que levantou o tema. O plenário, contudo, consolidou a condenação que ele espera rever, diminuindo a pena, estipulada em seis anos.

Prova dos nove A apreciação dos embargos de declaração e infringentes será o primeiro teste para Teori Zavascki, que não votou no julgamento, e para o substituto de Ayres Britto, a ser indicado por Dilma Rousseff.

Petit comité O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), ofereceu anteontem almoço ao ex-ministro José Dirceu. O encontro, que ocorreu na casa do peemedebista, foi reservado.

Daqui... Após sua condenação consumada, João Paulo Cunha (PT-SP) usou em dezembro R$ 10 mil de sua verba de gabinete para contratar empresa especializada em marketing nas redes sociais.

... não saio A contratação da MPI Digital, que já havia sido usada nos meses que antecederam o julgamento do mensalão, está registrada sob a rubrica "divulgação da atividade parlamentar''.

Pé na porta Do candidato à presidência da Câmara Júlio Delgado (PSB-MG), sobre a eleição de Ana Arraes, mãe de Eduardo Campos, para o TCU em 2011: "Henrique Alves diz que ajudou a elegê-la, mas o PMDB rifou a candidatura de Átila Lins para despejar votos em Aldo Rebelo".

Sacolinha Roberto Cláudio (PSB) irá hoje ao MEC. O novo prefeito de Fortaleza apelará a Aloizio Mercadante na tentativa de reaver R$ 10 milhões em repasses federais que o município perdeu por falha na prestação de contas.

PowerPoint Dilma deve iniciar na próxima semana rodada de reuniões interministeriais. Cobrará o cumprimento das metas de execução dos programas por pasta. Como ala expressiva da Esplanada estava em férias, ministros anteciparam retorno e correm contra o tempo para preparar os relatórios.

Oremos Ex-secretário de Gilberto Kassab, Marcos Cintra deixou o PSD. O economista, entusiasta do Imposto Único, acertou ontem ingresso no PRB. Assumirá a presidência paulista do partido ligado à Igreja Universal.

Quem paga... Presidentes dos comitês estadual e municipal da Copa, o secretário Júlio Semeghini (Planejamento) e a vice-prefeita Nádia Campeão sentam hoje à mesa pela primeira vez para tratar da agenda conjunta de São Paulo para o Mundial.

... a conta? Além de dissecar os preparativos para a inspeção da Fifa, prevista para o dia 25, os auxiliares de Geraldo Alckmin e Fernando Haddad discutirão as responsabilidades do governo paulista e da prefeitura sobre o chamado "overlay" (estrutura temporária) do evento, que consumiria R$ 50 milhões.

#tamojunto Dirigentes do Instituto Lula querem negociar com sem-teto que invadiram área no centro paulistano doada para a construção do Memorial da Cidadania. A ideia é contemplar os movimentos sociais de moradia em seção do novo espaço.

com ANDRÉIA SADI e DANIELA LIMA

tiroteio
"A possibilidade da perda de uma vida fulmina a resolução do governo proibindo socorro às vítimas por parte de policiais."
DO DEPUTADO CAMPOS MACHADO (PTB), sobre a determinação da Secretaria de Segurança de São Paulo proibindo a PM de socorrer feridos.

contraponto


Apagão verbal


Em meio à crise no setor energético, jornalistas aguardavam com ansiedade o pronunciamento do ministro Edison Lobão (Minas e Energia), anteontem, após reunião com representantes do setor em Brasília.

Foi quando a assessoria da pasta decidiu que seriam feitas apenas oito perguntas a Lobão na entrevista coletiva. E resolveu ainda que a escolha seria feita por sorteio. Houve reclamação generalizada. Um dos presentes disse:

- Já foi decretado o racionamento, gente!

Ante a perplexidade de todos, concluiu:

- Calma, por ora, racionamento apenas de perguntas.