O GLOBO - 03/12
Confirmação de que a Fazenda continua a usar a estatal na contenção artificial da inflação faz desabar ações da empresa no Brasil e exterior. E a prática vai além
Frustrou-se quem esperou que na sexta passada começaria nova fase na política de reajuste de combustíveis, envolta em denso nevoeiro desde que a atualização dos preços passou a depender da necessidade de o ministro da Fazenda, Guido Mantega, segurar a inflação por meio da contenção artificial de tarifas remarcadas pela caneta oficial.
O conselho de administração da estatal chegou a emitir nota com a informação de que aprovara fórmula de definição dos preços, proposta há semanas pela presidente da empresa, Graça Foster, segundo a qual um dos fatores a serem considerados nos reajustes seria o custo internacional do petróleo. A solução daria previsibilidade à receita da companhia — bom para a Petrobras, mercados e acionistas — e a livraria de ser usada pela Fazenda como simples instrumento de combate à inflação. Mas os aumentos anunciados desmentiram a própria nota do conselho: 4% para a gasolina e 8% no diesel, longe de eliminar a defasagem existente em relação ao custo do petróleo importado. A diferença ficou em 10%, no caso da gasolina, e 12% no diesel.
Mantega vencera a queda de braço com Graça Foster. E a Petrobras já pagou um preço: ontem, as ações ordinárias da estatal tiveram forte baixa na Bolsa de São Paulo (10,37%), a maior do pregão. E os títulos preferenciais, 9,2%, a segunda maior baixa. No mercado de Nova York, os ADRs da companhia, equivalentes a ações, desabaram 12,17%.
De janeiro a outubro, estima-se que a Petrobras perdeu R$ 3,3 bilhões por, na prática, subsidiar o consumo de gasolina e diesel ao importar a um custo superior ao preço cobrado nas bombas dos postos de abastecimento. A política é duplamente ruinosa: desestabiliza financeiramente uma empresa com um programa de investimentos pesados (US$ 236,7 bilhões até 2017, e, por isso, já mal avaliada pelas agências de análise de risco), ainda agrava a crise do setor alcooleiro e ajuda a acabar com a vantagem comparativa brasileira de contar com um combustível alternativo limpo. Um completo desastre. Subsidiado, o preço da gasolina continua em parte do país mais vantajoso que o álcool.
Os problemas da Petrobras são apenas a parte mais visível de uma política anti-inflacionária suicida, porque apenas reprime preços e, com isso, engatilha uma explosão tarifária para o futuro. Certamente, para depois das eleições do ano que vem. Mesmo assim, a inflação ronda perigosamente os 6%, a quase meio ponto do limite superior da meta de 4,5%.
Os chamados preços livres sobem, na média, a mais de 7% ao ano, contra apenas 1,5% dos administrados pelo poder público — tarifas de transporte, energia elétrica, combustíveis etc. E há previsões de que será impossível evitar que eles rodem em 2014 entre 3,8% e 4,5%. Como os gastos em custeio não são mesmo contidos, a bomba-relógio está no colo do Banco Central. É cada vez mais difícil mascarar a inflação real.
Não há porque se preocupar!
ResponderExcluirFoi mandado buscar o "pajarito" na Venezuela, que tem aparecido para o presidente daquele país, Nícolas Maduro.
Com a sua chegada no Brasil tudo se resolvera!
BRAZIL, PAÍS RICO...DE "PAJARITOS"!