domingo, agosto 11, 2013

Com a imagem em risco - JOÃO BOSCO RABELLO

O ESTADO DE S. PAULO - 11/08
Mesmo sem que as investiga­ções tenham avançado o su­ficiente para incriminar di­rigentes, o que surgiu até aqui sobre o caso da formação de cartel nas lici­tações para o metrô paulista já autori­za a conclusão de que haverá para os adversários do PSDB farta munição eleitoral. Parece não haver dúvidas quanto à denúncia essencial - do acerto entre as empresas participan­tes e o pagamento de propinas a funcionários da gestão tucana.
As informações iniciais não permi­tem uma acusação de participação direta dos governadores do período, mas politicamente mancham as ges­tões do PSDB e servem - ainda que as diferenças, por ora, sejam muitas -, para que o PT tenha um escândalo do adversário histórico em contrapartida ao "mensalão".

É o que explica os discursos contun­dentes como o do presidente do partido, Rui Falcão, que já forjou o termo "trensalão" para o caso, em contraste com a cau­tela em defender uma CPI demonstrada pela bancada do PT do Senado. As de­núncias, como se sabe, envolvem mais quatro capitais - Porto Alegre, Salvador, Recife, Belo Horizonte e Fortaleza-, po­dendo atingir ainda petistas e aliados.

Por ora, o sabido já é suficiente para constatar a existência de corrupção, com base nos e-mails trocados entre exe­cutivos da Siemens e na documentação que começa a vazar para a imprensa. Ain­da se está no plano do conluio empresa­rial com extensão a secretários de governo e funcionários de empresas públicas.

O único e-mail que menciona o nome de um governador - José Serra -, não o incrimina. O PT , no entanto, já cobra tratamento isonômico com o "mensalão", chegando a lançar mão da figura jurídica do "domínio do fato", que con­denou o ex-ministro José Dirceu, e que estabelece a responsabilidade do diri­gente maior pelos desmandos ocorri­dos sob sua gestão e no seu entorno. Um sinal do ânimo que vai orientar a campanha eleitoral daqui em diante.

O que se tem já torna legítima a ex­ploração política do fato pelo PT. Mas para a gravidade desejada pelo parti­do, implicando individualmente os governadores, falta mais: o "mensalão" levou sete anos para ser julgado, depois de uma CPI e das cassações de seus dois maiores protagonistas - Ro­berto Jefferson e José Dirceu. Produ­ziu provas numerosas e o "domínio do fato" só foi aplicado depois de avan­çado o julgamento e com base em evi­dências que pareceram suficientes aos juízes.

Tudo indica que a investigação vai se estender, alcançando o auge da campa­nha de 2014 e impondo sérios danos ao PSDB. Que começou reagindo mal, ten­tando desqualificar a denúncia ao invés de dar explicações cabais a respeito.

Pressa

A cúpula do PMDB fluminense es­tuda antecipar de abril para janei­ro a saída de Sérgio Cabral do go­verno. A decisão livraria Cabral dos protestos e daria mais exposi­ção a Luiz Fernando Pezão.

Mais uma

O Instituto MDA faz nova pesqui­sa sobre as sucessões estaduais e presidencial no fim do mês. A con­sulta abrangerá São Paulo, Rio e Minas, os três maiores colégios eleitorais.

Novos ares

O governador de Minas, Antonio Anastasia (PSDB), avalia deixar a política no final do mandato. Ad­vogado, quer ser desembargador do Tribunal de Justiça mineiro.

NO PORTAL

Blog. Compra dos 36 caças para a FAB volta à pauta

Nenhum comentário:

Postar um comentário