quinta-feira, março 28, 2013

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 28/03

Política de resíduo sólido se ressente da falta de incentivo
Depois de mais de dois anos da aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos, fabricantes e comerciantes ainda encontram dificuldade em articular acordos setoriais de cooperação e se ressentem da falta de incentivos para recolher e reciclar.

"A ideia da política é muito boa, mas os incentivos fiscais ficaram de fora dela. A indústria foi onerada com a medida e o custo do descarte está embutido no preço do produto", diz Nelson Pereira dos Reis, da Fiesp (federação paulista das indústrias).

Como incentivo, poderia ser estabelecido um crédito presumido na aquisição do resíduo que fosse possível abater no imposto de saída do produto, afirma Reis.

"Sem benefício fiscal, as empresas estão com o ônus de todo o processo de reciclagem. As prefeituras precisam implantar as coletas seletivas para facilitar a compra de resíduos", acrescenta.

"Há um crescimento do engajamento das empresas. Todos queremos reciclar 100%, mas há desafios de custo e não há como superar isso se não houver trabalho cooperativo. Como em um clube, deve haver um compartilhamento de benefícios e custos", diz Kami Saidi, da HP Brasil.

"A legislação precisa ser aprimorada", afirma. A movimentação de resíduos ainda encontra burocracia e atravessar alguns Estados para reciclar no Sudeste chega a ser uma tarefa muito difícil. "Quanto maior a demanda, maior o custo. Trazer um produto para reciclar custa mais que entregar produto novo na mão do cliente, e estamos em um mercado com muita concorrência", diz Saidi.

Para Marcio Quintino, da Philips, o modelo praticado na Europa deveria ser copiado: "Lá, quando o consumidor compra o produto novo, uma parte do preço é destinada à logística reversa."

"A ideia da política é boa, mas incentivos fiscais ficaram de fora. A indústria foi onerada; o custo do descarte está embutido no preço do produto"
NELSON PEREIRA DOS REIS
da Fiesp

Fábrica de reciclar
Um dos setores que avançam na coleta de resíduos é o de fabricantes de agrotóxicos. A indústria começou em 2002 e criou o Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV), que consegue recolher e encaminhar entre 90% e 95% das embalagens vendidas.

O instituto promove a reciclagem de produtos com parceiros e em uma unidade em Taubaté (SP). Com capacidade para processar 6.000 toneladas de plástico, a Campo Limpo está sendo ampliada.

"Hoje 25% dos custos do sistema são financiados pela reciclagem que gera de conduíte a novas embalagens. Queremos chegar a 45% em dois ou três anos, mas pode se tornar autossustentável", diz João Rando, presidente do inpEV. Um dos maiores desafios está na tributação.

"O problema é a bitributação a que são submetidos os produtos reciclados no Brasil, que já pagaram imposto na sua forma original", afirma o executivo.

Indústria do cimento manterá desaceleração
A indústria do cimento deverá crescer menos neste ano, na comparação com 2012, de acordo com o Snic (Sindicato Nacional da Indústria do Cimento). Em 2013, a elevação deve ser de 5,5% ante os 7% do ano anterior.

"A tendência para este ano é de expansão, mas haverá desaceleração, assim como aconteceu no ano passado", diz José Otávio Carneiro de Carvalho, presidente do Snic.

Na comparação trimestral em 2012, as vendas do produto registraram alta em relação ao mesmo período de 2011, mas confirmaram a perda de força no consumo.

"Começou o ano [2012] com aumento de 13,7%, foi reduzindo o crescimento para 5,9%, 4,7% e fechou o último trimestre em 4,4%. A retração é evidente, mas ainda com resultados positivos", afirma o presidente da entidade.

Foram vendidos no ano passado, somente para o mercado interno, cerca de 68,3 milhões de toneladas de cimento, um aumento de 6,9% na comparação com 2011.

"A maior demanda em 2013 continuará para a construção civil, que corresponde a 75% do consumo."

Cervejaria em novas mãos
Nelson Morizono, que já foi dono de marcas como Monange, Doril, Benegrip e Biotônico Fontoura, comprou a Companhia Brasileira de Bebidas Premium (CBBP), fabricante da cerveja Proibida.

Até então, a empresa vinha sendo administrada por João Carlos Noronha, herdeiro do grupo João Santos, fabricante dos cimentos Nassau. Noronha havia deixado a companhia da família para criar, em 2011, a cervejaria.

Valores do negócio não foram divulgados.

Morizono concluiu algumas obras na fábrica da cerveja, no Ceará, e deverá distribuí-la em toda a região Nordeste do país.

A cerveja Proibida ficou famosa pela estratégia de marketing adotada à época de seu lançamento.

A CBBP infiltrou duas atrizes estrangeiras no programa Pânico na TV! sem que a direção do canal Rede TV!, que então veiculava a atração, soubesse do que se tratava.

O programa era patrocinado pela concorrente Skol. A cervejaria foi processada pelo canal de televisão.

Barrados
A Associação Brasileira das Indústrias de Ferramentas e Abrasivos trabalha com o Inmetro para barrar produtos importados que não obedecerem às normas técnicas de qualidade.

O setor discute atualmente, em um comitê da Associação Brasileira de Normas Técnicas, os padrões que os equipamentos deverão ter.

"O país permite a entrada de produtos com preço 30% menor e que colocam em risco a integridade física dos usuários", diz Milton Menezes, presidente da Abfa.

Esses importados exigem que parte da indústria brasileira reduza a qualidade da produção para ser competitiva, segundo Menezes.

Criada no final de 2012, a entidade reúne grandes empresas como Tramontina, Saint-Gobain e Starrett.

Menezes relata que a quantidade de importados em artigos como chaves de fenda, martelos, alicates e chaves usadas no setor automotivo saltou de 15%, em 2007, para 50%, no ano passado.

Em 2012, o faturamento do setor caiu 3% ante 2011.

Crédito cooperado
Os ativos das cooperativas de crédito paulistas aumentaram 15,6% em 2012, de acordo com levantamento do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo de São Paulo (Sescoop/SP).

Eles cresceram de R$ 13,8 bilhões, registrados em 2011, para cerca de R$ 16 bilhões no ano passado.

No mesmo período, houve incremento de 15,1% no volume de depósitos, que atingiu R$8,4 bilhões. No ano anterior, o número era de aproximadamente R$ 7,3 bilhões.

O Estado tem hoje 272 cooperativas de crédito e cerca de 618 mil cooperados.

As cooperativas são equiparadas a instituições financeiras e o serviço delas é regulamentado pelo Banco Central. Normalmente, elas não têm fins lucrativos.

Números
15,6%
foi o crescimento dos ativos das cooperativas de crédito do Estado de São Paulo em 2012

R$ 13,8 bilhões
era o volume de ativos das cooperativas em 2011

R$ 16 bilhões
era o volume de ativos no ano passado

15,1%
foi a alta registrada em 2012 no volume de depósitos das cooperativas de SP

Marca própria O grupo Pão de Açúcar vai lançar uma marca exclusiva de produtos de cozinha, cama, mesa, banho e decoração, a Finlandek. As mercadorias serão vendidas em todas as lojas Extra no país. Essa é a sexta marca própria do grupo.

Reciclagem A Braskem, que atua nos setores químico e petroquímico, pretende elevar sua taxa média de reúso de água para 36% neste ano. Em 2012, o índice foi de 23,8%. Para atingir a meta, a empresa implementou dois projetos de tratamento de água -um em São Paulo e outro na Bahia.

Cromossomos A Mendelics, empresa de medicina genômica no Brasil, vai adquirir dois sequenciadores para análise de genoma humano que permitirá fazer o diagnóstico de doenças raras. O investimento total é de cerca de R$ 8 milhões.

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