quarta-feira, fevereiro 20, 2013

Uma estátua em homenagem a Yoani Sánchez - RICARDO GALUPPO

BRASIL ECONÔMICO - 20/02

Em lugar de promover as manifestações que perseguem a blogueira cubana Yoani Sánchez aonde quer que ela pise, a rapaziada do PT e de outros partidos da "base aliada" deveria era erguer uma estátua em homenagem à moça.

Afinal, nunca antes na história recente um estrangeiro com alguma notabilidade fez um elogio tão sincero à infraestrutura deste país.

Na madrugada de segunda-feira passada, ao desembarcar no aeroporto do Recife, Yoani se espantou com a rapidez com que conseguiu acesso à internet e exclamou, para espanto de quem estava por perto, mais ou menos o seguinte: "Que conexão rápida!"

É claro que a única comparação que a moça tem até agora é com a internet de seu país, que é antiquada e superfiltrada pelos órgãos de espionagem. Certamente ela mudará de ideia nas próximas escalas de seu giro internacional.

Mas que ela elogiou, elogiou, e é isso que conta. Mesmo assim, a moça vem sendo mais apedrejada pelos "ativistas" da esquerda brasileira do que a Geni do Chico Buarque. O problema é que, no caso específico do elogio feito à internet, nem o mais otimista dos apoiadores do governo é capaz de concordar com a cubana.

Até a presidente da República, Dilma Rousseff, acha que a internet brasileira não é tão rápida quanto crê Yoani.

Tanto acha que, no mesmo dia da declaração feita pela blogueira, mandou publicar o decreto que estabelece os parâmetros que as operadoras de telefonia deverão obedecer para fazer jus aos benefícios fiscais prometidos há dois anos (isso mesmo: dois anos atrás) se investirem na modernização das redes de transmissão de dados. Ainda faltam detalhes jurídicos para a lei começar a vigorar.

Se tudo correr bem, até o final do primeiro semestre deste ano, as operadoras apresentarão seus projetos, com o compromisso de concluir os investimentos até o final de 2016. Isso, claro, se não aparecer alguém disposto a melar o jogo.

A lei exigirá que as operadoras modernizem a internet com equipamentos fabricados no país. Isso, ao contrário do que pode parecer, é uma medida sensata e nada semelhante à reserva de mercado dos produtos de informática que vigorou no país até o início dos anos 1990.

Como a modernização contará com a renúncia fiscal concedida pelo governo, é natural que seja exigida alguma contrapartida que beneficie o país. E, nesse caso específico, a contrapartida exigida será o desenvolvimento de uma cadeia de fornecedores para um dos mercados que mais crescem no mundo.

Isso é muito positivo. Os novos investimentos podem fazer com que a rede local passe a receber elogios tão sinceros quanto o de Yoani - só que, daqui por diante, feitos por quem tem as informações que o governo da ilha nega a ela e a qualquer outro cubano.

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