quarta-feira, fevereiro 20, 2013

Países latino-americanos representados por um genocida - RODRIGO SIAS

BRASIL ECONÔMICO - 20/02

A Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) foi criada há três anos atrás, no México, com o objetivo de constituir um novo mecanismo de integração política e econômica entre os trinta e três países da América do Sul, América Central e Caribe.

Nas entrelinhas, o propósito diplomático era excluir EUA e Canadá do novo fórum. Mas por que os dois países da América do Norte deveriam ser excluídos? Por que a Organização dos Estados Americanos (OEA) não poderia funcionar como instância de integração?

A resposta é simples: esse novo bloco político permitiria a incorporação de Cuba, estabelecendo uma espécie de "OEA alternativa", cuja intenção será isolar diplomaticamente os EUA na região.

Em 1962, Cuba havia sido expulsa da OEA por ter adotado um regime comunista e entrado na esfera de influência do bloco socialista. A resolução que havia expulsado o país foi revogada recentemente, abrindo caminho para que o país fosse reintegrado.

No entanto, a Celac também funcionará com a meta implícita de esvaziar a Organização, simbolizando uma represaria histórica contra os EUA no caso cubano. O antiamericanismo ficou ainda mais explícito no início deste ano.

Depois de estar no centro dos acontecimentos políticos do continente durante os anos 1960 e 1970, financiando guerrilhas e revoluções na região, Cuba novamente está em foco, graças uma manobra diplomática preparada há tempos.

No fim de janeiro, Rául Castro, ditador de Cuba, assumiu a presidência rotativa da Comunidade. Os discursos dos Chefes de Estados da Celac deram o tom de hostilidade ostensiva contra os EUA. Cristina Kirchner, presidente da Argentina, falou que a liderança cubana marcaria "uma grande mudança" para a região.

Mesmo para Sebastian Piñera, presidente do Chile, país com estreito relacionamento com os EUA, a passagem da presidência pro tempore da entidade para Cuba marca "os tempos em que estamos vivendo".

Houve ainda o já tradicional apoio e solidariedade a Cuba contra o embargo econômico promovido pelos EUA em uma carta-manifesto, supostamente escrita por Hugo Chávez contra o bloqueio.

Segundo essa carta, lida por Maduro, vice-presidente venezuelano, "a América Latina e o Caribe estão dizendo aos EUA com uma só voz que todas as tentativas de isolar Cuba fracassaram e fracassarão".

Mais surpreendente ainda foi a participação da União Europeia, inclusive através da chanceler alemã, Ângela Merkel, endossando a liderança de Cuba na região.

Sobre a cúpula da Celac, realizada em conjunto com a União Europeia, o presidente Pepe Mujica, do Uruguai, fez um típico comentário "anti-imperialista". Segundo ele, pela primeira vez em mais de 70 anos, os presidentes latino-americanos estariam encontrando-se com lideranças europeias sem que "o chefão do Norte" estivesse na mesa de negociações.

Ao aceitar serem representados por uma ditadura genocida que já dura mais de meio século, os países latino-americanos mostram total desprezo pelos direitos humanos e pela democracia, unindo-se em torno do ódio aos EUA.

O ódio, no entanto, jamais constrói ou construiu coisa alguma. Enquanto o fantasma de Sierra Maestra não for exorcizado, a América Latina vai continuar com as "veias abertas", sangrando não pelo suposto "imperialismo americano", mas sim pela capacidade de adular ditadores e demagogos.

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