quarta-feira, dezembro 19, 2012

O mundo está encolhendo - MARTHA MEDEIROS

ZERO HORA - 19/12


O mundo não vai acabar, mas certamente está diminuindo de tamanho.

Antes, cada país preservava sua cultura e seus costumes. Hoje, todos possuem vários McDonald’s, Starbucks, Outback, Subway – nenhum viajante se sente longe de casa, o fast food da esquina impede a sensação de estrangeirismo. O mundo encolheu.

Antes, levávamos dias para chegar a um local, semanas para atravessar um país. Hoje, para estar em qualquer lugar basta uma teclada, uma câmera virtual, e assim economizamos tempo, dinheiro e romantismo. Eliminou-se o trajeto. O mundo encolheu.

Antes, cada lar era sagrado, a intimidade era assunto de poucos, havia uma sacralidade que, mesmo informal, preservava os pecados internos. Hoje, o que nosso pai diz está no Twitter, nossa mãe tem perfil no Face, nossa casa não tem mais paredes. O mundo encolheu.

Antes, o que se escrevia era de autoria particular, indevassável. Hoje, há vários autores caçando palavras alheias, várias fontes a quem é atribuído o mesmo texto, não há mais o dono da ideia, tudo o que se diz e escreve é de quem viu primeiro, basta adotar como seu. O mundo encolheu.

Antes, os amores eram secretos, as dores eram particulares, chorava-se em silêncio e em privacidade, ninguém sabia o que você sentia, a não ser que você fosse poeta. Hoje a dor de amor é produto externo bruto, fatura-se com o coração ferido. O mundo encolheu.

Antes, a amizade era confeccionada com o tempo, era preciso meses para confiar, anos para decretar que o vínculo seria eterno, havia uma trajetória a cumprir antes do abraço indissolúvel, os padrinhos de casamento eram escolhidos entre os irmãos. Hoje, o melhor amigo é aquele de segunda-feira, que te deu uma carona. O mundo encolheu.

Antes, o conteúdo dignificava, estabelecia uma triagem natural entre quem era consistente e quem não tinha substância para fazer diferença. Sabedoria e conhecimento tinham valor. Hoje, se o sujeito concorda contigo, basta para ser teu ídolo. O mundo encolheu.

Antes, a polidez não era um fricote, e sim uma atitude honrada. Ser respeitoso não merecia escárnio, e sim retribuição equivalente: bons tratos eram recorrentes entre cavalheiros e damas. Ampliava-se a civilidade. Hoje, respeitar está fora de moda, moderno é ser cruel. O mundo encolheu.

Antes, o prazer não tinha valor diante do desprazer do outro, nada valia ser feliz à custa das infelicidades alheias, havia uma corrente silenciosa e íntegra que avisava: ou todos, ou nenhum. Hoje, restritos em nossas individualidades, é comum passarmos por cima até dos nossos afetos. O mundo encolheu.

Estamos promiscuamente embolados, sem espaço para ampliar nossa existência. O mundo encolheu e alguns vão sobrar. Já estou com meio corpo pra fora.

Linda quarta-feira pra você - Aproveite

Joelho no milho - ANCELMO GOIS


O GLOBO - 19/12


Acredite. Dias atrás, no Palácio da Cidade, numa reunião com seus secretários, Paes, meio à brinca, meio sério, abriu a porta de um cubículo nos fundos do salão e mostrou o chão. Estava repleto de grãos de milho:
— Estão vendo isso?! É para pôr secretário de castigo, com os joelhos no milho, se fizer coisa errada!!!
Há testemunhas.

Viaduto Armando Nogueira
Paes vai dar a um viaduto que inaugura amanhã perto do Engenhão o nome de Armando Nogueira (1927-2010), o grande coleguinha, que era torcedor do Botafogo. Merece.

Fator Chico Pinto
Um advogado e constituinte de 1988 discorda da decisão do STF de que é da Suprema Corte e não da Câmara o papel final de cassar mandatos.
Diz que o tema foi debatido na elaboração da atual Constituição, e a intenção era evitar, no futuro, que o STF repetisse “outro caso Chico Pinto”.

É que...
Em 1974, o STF fez um papelão, a serviço da ditadura, e condenou o deputado baiano Francisco Pinto (1930-2008) a seis meses de prisão. Tudo porque Pinto atacara Pinochet numa rádio. É. Pode ser.

Minha terra
Jorge Henrique, o jogador, cometeu, como se sabe, uma gafe na festa do título mundial do Corinthians.
Pegou a bandeira de um torcedor e se enrolou (foto). Só depois soube que não era a do Brasil, mas a de... Sergipe! Ontem, explicou no Facebook: “Sou de Resende(RJ). Mas tá valendo. Meu abraço a todos os corintianos, e um especial aos sergipanos!” Um fofo. 

Companheiro Setúbal
Não foi só uma caravana de governadores (oito) que visitou Lula, ontem, para defender o ex-presidente das acusações de Marcos Valério.
O banqueiro Roberto Setúbal também foi abraçá-lo.

Grande hotel
O grupo Sheraton, em parceria com a GJP Hotéis & Resorts, anuncia hoje o sétimo hotel de sua bandeira no Brasil.
O histórico Hotel da Bahia, em Salvador, será reaberto como Sheraton da Bahia Hotel, em fevereiro de 2013.

Memórias de Adriana
A Intrínseca fechou contrato para publicar um livro de Adriana Falcão.
É a história de amor, real e trágica, dos pais da roteirista e escritora (o pai se suicidou, e a mãe morreu de overdose).

Paz
A ONG Rio de Paz vai homenagear hoje três pessoas “fundamentais” para a extinção das carceragens no estado, anunciada aqui.
Martha Rocha, a chefe de Polícia, vai ganhar rosas; o delegado Orlando Zacone, uma camisa do Fluminense; o deputado Marcelo Freixo, uma do Flamengo.

Zona Franca
Glória Perez será homenageada sexta, na Suíça, com a Medalha de Honra ao Mérito da ONG Prevenção Madalena’s por seu trabalho em “Salve Jorge” de prevenção do tráfico de pessoas. 
Amana Mattos lança “Liberdade, um problema do nosso tempo”, hoje, na livraria FGV. CRC recuperadora festeja hoje no Barthodomeu. Joana e Aloysito Teixeira promoverão jantar de Natal para os amigos, dia 24.
Pró-Cardíaco promove o projeto Saiba Mais com palestras educativas gratuitas para o público. Amanhã, o tema será hipertensão arterial.
É hoje, no Ateliê Cortiço, o lançamento de “Extra-textos 1, Clarice Lispector, personagens reescritos”. 
O fotógrafo Marco Terranova lança seu livro “Rio em movimento”, hoje, na Argumento do Leblon. 
A designer Nelusha Araújo lança coleção de joias.

Pais e filhos
A revista “Quem” que chega hoje às bancas traz reportagem com Michelle Santos, suposta filha de Marcos Paulo.
A moça conta que vai pedir reconhecimento de paternidade. O pai do saudoso ator e diretor, Vicente Sesso, também ouvido, desconfia de Michelle: “Não é possível que a pessoa espere 30 anos para falar que é filha dele.”

Crime e castigo
O promotor Rogério Nascimento concluiu denúncia criminal contra Demerval Barbosa, prefeito afastado de Nova Friburgo, RJ, e mais 19 pessoas.
São acusados de desviar verbas federais das vítimas das enchentes na Região Serrana do Rio, de fraudar licitações, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e corrupção.

Boletim médico
Athina Onassis, a bilionária casada com nosso cavaleiro Doda Miranda, foi vista ontem no consultório do ortopedista Luiz Cláudio Schetino, na Clínica São Vicente, na Gávea, no Rio.
Como se sabe, mês passado, a ricaça caiu de um cavalo na Holanda e teria fraturado duas vértebras.

Rieu no Rio
André Rieu, o popstar da música clássica que já vendeu mais de 35 milhões de CDs mundo afora, fechou ontem três apresentações no Rio, de 12 a 14 de abril de 2013.
O violinista, maestro e compositor holandês estará no palco do HSBC Arena com coro, solistas e a Johann Strauss Orchestra.

Comichão da lua
Acredite. Semana passada, na UPA de Madureira, no Rio, um paciente chegou com reclamação de desconforto no... ânus. Disse que, volta e meia, vermes picam o seu... você sabe. A médica perguntou com que frequência isso acontece. E ele: “Só na lua cheia, doutora.”
Lá em Morro Agudo... deixa pra lá.

Mulheres desesperadas - MIRIAN GOLDENBERG

FOLHA DE SP - 18/12


Alunas competem para ver quem faz sexo com mais professores; são 'Marias-Apostilas' ou 'Marias-Lattes'

É recorrente, no discurso dos homens que tenho pesquisado, a afirmação de que o sexo está fácil demais. Eles dizem que estão se sentindo intimidados com a agressividade feminina na abordagem sexual.

Um arquiteto de 40 anos diz: "Não existe mais sedução, é tudo muito agressivo. Tenho até medo de dizer que não quero transar e ser xingado. São tão oferecidas que não dá o menor tesão".

Segundo ele, está faltando mulher elegante e interessante no mercado. "A oferta de periguetes está demais, elas abusam de roupas muito curtas e justas, parecem garotas de programa, são muito vulgares."

Um engenheiro de 35 anos conta: "Estava em um restaurante com minha namorada e duas amigas dela. De repente, senti a mão de uma delas me alisando, você sabe onde, sob a mesa. Se eu fizesse isso com qualquer mulher seria preso. As mulheres estão desesperadas".

Depois das "Marias-Gasolinas" e das "Marias-Chuteiras", eles afirmam que estão sendo assediados por outras "Marias".

Um professor de cursinho de 32 anos diz receber cantadas explícitas das alunas. "Elas escrevem nas apostilas: 'Que tal um sexo gostoso, sem qualquer compromisso?' São verdadeiras 'Marias-Apostilas'", afirma.

Um professor universitário de 42 anos conta que ele recebeu a seguinte mensagem de uma aluna, pelo Facebook: "Você vai ao barzinho? Se você for, eu vou sem calcinha".

Esse professor comenta: "Elas competem para saber quem faz sexo com mais professores. São apelidadas de Marias-Lattes, em função do currículo Lattes que temos como pesquisadores".

As periguetes estão na moda: onipresentes nas telenovelas, na performance da cantora Madonna no Rio de Janeiro e nos discursos de homens e de mulheres.

No entanto, a maioria das brasileiras continua dependendo da iniciativa masculina, aguardando ansiosamente o telefonema no dia seguinte e sonhando com o marido fiel.

Algumas mulheres estão invertendo os papéis de gênero e causando muito desconforto por tomarem a iniciativa sexual.

Elas recusam o papel de objetos passivos na conquista amorosa. São chamadas de periguetes, de garotas de programa e de "Marias".

Essas acusações revelam que muitos homens não estão preparados para aceitar o fato de que eles não são mais os únicos caçadores no jogo da sedução.

E você, caro leitor, também acha que as mulheres estão desesperadas?

Fale com elas - DIANA CORSO

ZERO HORA - 19/12


Já viveu mais de meio século, mas meu marido ainda lembra do cuidado que tinha na hora de pendurar a lancheira para não se enganar. No jardim de infância, antes de conhecer as letras, cada criança tinha uma figura no cabide, a dele era um elefante, aquele era seu lugar.

A creche é o primeiro espaço de existência pública, onde se pode ser alguém fora da família. Os adultos da família nos nomeiam, definem, rotulam, e com isso vão nos modulando, mas quando saímos “por conta”, quanto se tem um cabide de elefante para chamar de seu, é que passamos a ser alguém.

A Casa dos Cataventos, nome emprestado da poesia de Quintana, não é creche nem escola, é um lugar para brincar e conversar. Lá também cada criança marca sua chegada de um jeito. Em vez do cabide, pois muitas não trazem uma mochila, ao chegar seu nome é registrado no quadro, num livro de presenças, no copinho que vai usar para tomar água.

Ela é anunciada por escrito, mesmo que ainda não saiba ler. Os adultos desse lugar estranho estão lá para falar com ela e não sobre ela. Eles se interessam sinceramente por suas fantasias, que ali são grande coisa. É bom que seja assim, a infância é incompatível com a hipocrisia. Crianças farejam a mentira, brincam de faz de conta, nunca fazem de conta que brincam.

Situada na Vila São Pedro, a casa é um projeto comum de psicanalistas e universitários, mas ali os pequenos membros da comunidade é que são as estrelas. Inspirado na Casa Verde, criada na França por Françoise Dolto, e nas Casas da Árvore, instaladas nas favelas cariocas, esse trabalho provou-se uma importante ferramenta de saúde mental.

Os profissionais se alternam: eles também devem colocar seu nome, brincar e conversar. As crianças entram e saem quando querem, seguem as regras combinadas entre todos, e brincam com dedicação. Por que adultos fazem das tripas coração para criar e manter um lugar aparentemente tão despretensioso?

A maior parte das crianças em situação de extrema pobreza cresce órfã de atenção. Em geral, passam a vida sem jamais ter conversado com um adulto sobre seus sonhos e pesadelos. Ninguém fica sabendo do que cada uma tinha medo e raiva, e isso tudo elas compreendem e expressam brincando!

O que não vira brincadeira tende a entrar em confronto com a sociedade. Dar espaço à fantasia evita a marginalização de sentimentos, pensamentos e atos, simples assim. Por isso, no Natal que se aproxima, convém lembrar que o importante não é o brinquedo, o presente. Brinque, converse com seu filho, seu neto, seu sobrinho. Acolha sua imaginação, e ele lhe dirá quem é!

NA PONTA DO LÁPIS - MÔNICA BERGAMO


FOLHA DE SP - 19/12


O prefeito eleito Fernando Haddad (PT-SP) já tem a primeira bomba de efeito retardado para desarmar: a falta de material escolar e de uniforme para alunos da rede municipal. E também um previsível atraso em parte dos kits que deveriam ser entregues aos estudantes na primeira semana de aula, em fevereiro.

ESQUADRO
A previsão da equipe do prefeito Gilberto Kassab (PSD-SP) é que só 60% dos alunos receberão o material no dia certo. Ainda assim, sem esquadro ou transferidor, que precisarão ser encomendados em licitação. Outros 40%, só em meados de março. Uniformes de inverno só serão entregues em abril.

AMPULHETA
O problema ocorre porque fornecedores da prefeitura não querem mais vender para a administração municipal. Novas licitações já deveriam estar encaminhadas, mas só agora estão sendo discutidas. As equipes de Kassab e Haddad estudam soluções emergenciais para minimizar o fato.

SOLA DO PÉ
Os tênis que são entregues às crianças, por exemplo, não foram ainda encomendados. Uma pesquisa de mercado feita pela prefeitura mostrou que os fornecedores credenciados pela administração cobrariam R$ 6 a mais por unidade do que os calçados à venda em lojas de SP. Multiplicado por 700 mil alunos, o prejuízo chegaria a R$ 4,2 milhões.

EM CASA
Ao contrário do divulgado, a ex-primeira-dama Marisa Letícia não acompanhou Lula no giro dele à Europa na semana passada.

EM CASA 2
Amigos do casal dizem que a anunciada integração de Marisa Letícia à comitiva de Lula seria excepcional.

Ela não costuma acompanhar o marido nas viagens que ele tem feito depois que deixou a Presidência da República, em 2010.

COM QUE ROUPA
Para a diplomação de Haddad a prefeito, hoje, a primeira-dama Ana Estela contou com a consultoria de Marisa Carrião. "Ela vai optar entre três vestidos que já tinha no armário", explica a empresária, dona de uma multimarcas da qual a mulher do petista é cliente há vários anos. Entre as opções para a solenidade na Sala São Paulo estão um modelo da grife Linha Pura, outro da Controvento e um terceiro da Coven.

CONEXÃO CHINESA
Criador do espetáculo pirotécnico das cerimônias de abertura e encerramento da Olimpíada de Pequim, o chinês Cai Guo-Qiang inaugura em fevereiro, em Brasília, uma mostra individual. A exposição "Da Vincis do Povo" reúne robôs, aviões, submarinos e discos voadores artesanais criados por inventores do país asiático. Ela chega em São Paulo em abril.

REPOUSO
O artista plástico Gustavo Rosa passará seu aniversário, amanhã, em recuperação no hospital Albert Einstein, no Morumbi. Ele será operado pela equipe do cirurgião Antonio Luiz de Vasconcellos Macedo para retirar um pequeno tumor no pâncreas. Rosa teve de cancelar suas férias programadas para Miami, onde passaria o fim do ano.

NATAL SERTANEJO
A apresentadora Xuxa participou do evento beneficente Natal do Bem, anteontem, no hotel Hyatt. A noite contou com shows de Paula Fernandes e de Leo, da dupla com Victor. A atriz Luiza Tomé, os empresários Marina Mantega, Daniela Zurita e Sérgio de Nadai circularam pela festa paulistana.

CURTO-CIRCUITO
O livro "Entre o Céu e a Água", com projeto do arquiteto Marcos Boldarini para a região Cantinho do Céu, será lançado hoje, no Museu da Casa Brasileira.

Alexandra Farah lança seu novo site em almoço na casa de Patrícia Cavalcanti, no Morumbi, hoje.

A banda Calypso lança loja virtual com promoções para o Natal: www.lojadacalypso.com.br.

Corte de gastos - SONIA RACY


O ESTADÃO - 19/12


Alckmin fechou a compra do prédio do Itaú-Unibanco na Praça Patriarca, centro de SP. É lá que instalará, até o final de 2013, o Tribunal de Justiça. Valor? Cerca de R$ 50 milhões.

O objetivo é livrar o governo do pagamento de aluguéis.

Corte 2
Também na mira do governador, o prédio da CEF, na Praça da Sé – onde funciona o governo de transição de Haddad.

Alckmin até já pediu ajuda do petista para tanto.

Merecido descanso
Descoberto onde Haddad passará o Natal com a família.

Embarca, amanhã, para Trancoso, e se hospedará na pousada Estrela D’Água. Volta a São Paulo no dia 26.

Última cartada
Conforme antecipado ontem no blog da coluna, Alberto Toron– defensor de João Paulo Cunha no mensalão – protocolou petição no Supremo, pedindo que a discussão sobre a prisão imediata dos réus entre em pauta hoje – última sessão do STF neste ano. Márcio Thomaz Bastos, advogado de José Roberto Salgado, também.

Tudo para evitar que Joaquim Barbosa julgue sozinho.

Torcendo…
E Barbosa não quer saber de descanso no CNJ. Determinou que os gabinetes dos conselheiros reabram em 2 de janeiro. Teve quem não gostasse.

…o nariz?
O ministro, aliás, decidirá se vai manter os quase 70 programas do órgão – criados, em sua maioria, nas gestões de Gilmar Mendes e Cezar Peluso. Os mutirões carcerários devem continuar.

Suspense no ar
Amanha é o dia D para Germán Efromovich. O governo português decide se a TAP será da Avianca. “Somos finalistas e aguardamos positivamente”, disse o dono da empresa colombiana à coluna, ontem.

Efromovich não revela números, mas fala-se em operação de 1,5 bilhão de euros.

Aspirina
Dilma está “em busca de uma equação que lhe dê menos dor de cabeça”, segundo fontes do Planalto, para resolver o imbróglio da PEC 37.

Na prática, a proposta tira do MP o poder da investigação criminal – que fica a cargo somente das polícias civil e federal.

Caminhar é preciso
Andrés Sanchez tem conversado com cartolas e dirigentes de federações pelo Brasil – de olho no comando da CBF, em 2014.

Inclusive com Juvenal Juvêncio.

Pedalada
O Grupo DIS, que detém 40% do passe de Neymar, está contrariado. A Justiça negou à empresa acesso ao contrato de renovação do atacante com o Santos – alega que as cláusulas são de interesse do clube e do jogador.

Pelo andar da carruagem, essa briga vai looooonge.

Grandes detalhes
Marcel Telles, da Inbev e Burger King, casa-se, sábado pela manhã, com Fabrizia Gouvea. No Hotel Fasano da Fazenda Boavista, em Porto Feliz.

Festa para 600 pessoas e show de Roberto Carlos.

Na frente
O viaduto que liga a Av. JK à marginal Pinheiros está pronto. Por que não inaugura? Pelo que se apurou, sua abertura está atrelada ao habite-se dos prédios em torno do shopping, a ser dado pela Prefeitura.

Bárbara Kramer recebe, hoje, no Estúdio Emme.

Alvaro de Souza, da WWF, entrega hoje o Prêmio Personalidade Ambiental do Ano para Sebastião Salgado. Pelo projeto verde que o fotógrafo mantém em Minas Gerais. No Bar des Arts.

José Ermírio de Moraes Neto, do Instituto Votorantim, também concede prêmio hoje. O de Líder Social 2012, no Hyatt.

O São Paulo apresenta Lúcio. Hoje, no Morumbi.

E a fila no terminal de embarque do aeroporto de Brasília – ontem de manhã, na única lanchonete – chegava às escadas rolantes. É, a Copa está aí…

A um passo da eternidade - RUY CASTRO

FOLHA DE SP - 19/12


RIO DE JANEIRO - Por vários motivos, não estou preocupado com o fim do mundo, prometido pelos extintos maias para esta sexta-feira em hora ainda não sabida (A hora é importante, para que as pessoas possam se programar. Imagine o vexame de passar o fim do mundo num engarrafamento!). Um desses motivos é o de que ninguém está falando do Juízo Final. E como é possível o fim do mundo sem um empolgante Juízo Final, para o qual a humanidade se prepara há séculos?

Digo isso sabendo que, se houver o Juízo, não escaparei da reprovação. Ao longo da vida, cometi boa parte dos sete pecados capitais e ainda transgrido regularmente pelo menos metade dos dez mandamentos -embora possa afirmar, a meu favor, que nunca cobicei o boi ou o jumento do próximo, mesmo quando ele me foi oferecido pela mulher do próximo.

O que me fascina é tentar prever como o Juízo será aplicado. Ele se dará em todos os países e cidades, com o povo saindo à rua ao mesmo tempo? Se for assim, será preciso um mínimo de organização. Uma voz se ouvirá das nuvens e chamará cada pessoa em ordem alfabética? Nesse caso, isso se dará pela ordem dos sobrenomes, como em quase toda parte, ou pelos prenomes, como preferimos aqui? E os homônimos, que são milhões? E se o gajo for mais conhecido como Quincas ou Janjão?

A acusação será pública, com todo mundo escutando? Será permitida a defesa? E, se vier a condenação, caberá recurso? Se sim, isso não atrasará o Juízo? E a dosimetria, como vai ser? Além da temporada no inferno ou no purgatório, também se cobrarão dias-multa?

Pensando bem, nada disso me diz respeito. À zero hora de sexta-feira, estarei na festa de aniversário do site "Bafafá", na sede do Bola Preta, em plena Lapa. Mesmo porque minha astróloga favorita, Leiloca, ex-estrela das Frenéticas, já enxergou 2026 e disse que, até lá, tudo bem.

2013 - os ventos dominantes - PAULO R. HADDAD


O Estado de S.Paulo - 19/12


Os ventos dominantes da economia nacional e internacional sinalizam que 2013 tende a ser um ano de economia com crescimento baixo, com maior taxa de desemprego e um certo grau de desalento entre os agentes econômicos. Não se pode, apenas por mero ato voluntarista dos governantes, estabelecer uma meta de crescimento futuro da economia, ainda que justifiquem este ato como uma técnica de marketing para ordenar as expectativas de investidores e consumidores.

Como se sabe, toda experiência bem-sucedida de planejamento é permeada, destacadamente, por duas instâncias formais. Uma, teleológica, onde se delimitam finalidades, objetivos e metas a serem perseguidos. E outra, processual, onde se definem os procedimentos ou o conjunto de etapas, de estágios e de módulos, de métodos a serem mobilizados tanto para tornar real ou efetiva a instância teleológica quanto para retificá-la, levando em consideração as próprias vicissitudes de sua implementação.

Ocorre que, no nível da instância processual, a eficácia dos instrumentos e mecanismos usados para concretizar as metas desejadas depende profundamente das restrições e condicionalidades a que eles estão subjugados. Neste ponto do processo de projeção dos "limites do possível" é que se diferencia uma meta de crescimento realista de uma meta de fantasia desorganizada.

É evidente que não há fatores objetivos que possam determinar esse grau de realismo. Tudo o que se propuser terá recorrentemente uma forte dose de inteligência intuitiva e de experiência informada. Em defesa de nosso ponto de vista de um cenário menos otimista para a economia brasileira, destaco três restrições e condicionalidades que impõem limites a qualquer sonho de maior prosperidade em 2013.

Iniciaremos o ano de 2013 com a atual crise econômico-financeira nos EUA, na Europa e no Sudeste da Ásia consolidando-se como a mais dramática crise depois dos anos 1930 e sinalizando que a sua superação somente ocorrerá num período muito longo. É ilusório pensar que uma crise nas economias dominantes intensa, longa e profunda possa não atingir significativamente as economias periféricas ou emergentes. Os mecanismos de transmissão se manifestam inexoravelmente por meio da queda nos fluxos de comércio internacional de bens e serviços, nos fluxos de financiamento nos mercados de capitais globalizados e numa histerese socioeconômica do espírito empreendedor.

Por outro lado, são limitados os graus de liberdade que as nossas autoridades econômicas têm para conceber e executar políticas expansionistas. Há um processo de inflação rastejante ou furtiva em andamento que constrange novas e significativas quedas nas taxas de juros. E o orçamento do setor público consolidado se encontra enrijecido por vinculações constitucionais e por comprometimentos políticos com crescentes despesas correntes, em que se destacam as políticas sociais compensatórias, que se tornarão crescentemente indispensáveis se a atual desaceleração econômica se aprofundar.

Finalmente, pesa na definição das perspectivas de uma economia o próprio estilo das políticas econômicas que o governo adota para lidar com as crises. Sabe-se que a atual administração do governo federal ainda não conseguiu estruturar e pôr em marcha um sistema de planejamento de médio e de longo prazos. O atual sistema de planejamento no Brasil tornou-se apenas o braço orçamentário do sistema fazendário, que tem preferência por ações incrementais e não estruturantes de curto prazo. De curto em curto prazo, corre o risco de se adotarem estratégias equivocadas para encaminhar soluções adequadas para a desaceleração da economia. Duas estratégias equivocadas que são altamente comprometedoras para a formação de um novo ciclo de expansão da economia: o aprofundamento do protecionismo econômico de indústrias não competitivas globalmente e a elevação da carga tributária de setores produtivos mais dinâmicos e mais bem-sucedidos no cenário mundial.

Um ato jurídico perfeito - EDITORIAL O ESTADÃO


O Estado de S.Paulo - 19/12


Em algum momento de 2013, o Supremo Tribunal Federal (STF) oficiará à Mesa da Câmara dos Deputados para que dê curso à decisão da Corte, tomada na segunda-feira, ao término do julgamento do mensalão, de cassar os mandatos dos parlamentares João Paulo Cunha (PT), Pedro Henry (PP) e Valdemar Costa Neto (PR). A decisão alcançará o suplente José Genoino, também do PT, quando assumir. Todos foram condenados por sua participação no escândalo. Àquela altura, depois da publicação do acórdão, resumindo o caso que consumiu 53 sessões plenárias e do exame, em seguida, dos embargos que vierem a ser apresentados pelos defensores dos 25 réus inculpados, o histórico processo chegará efetivamente ao fim, iniciando-se o cumprimento das sentenças.

Bem antes, o atual presidente da Câmara, o petista Marco Maia, terá sido sucedido, ao que tudo indica, pelo peemedebista Eduardo Alves, conforme o revezamento acertado entre os respectivos partidos, os principais da Casa. É de esperar que este não imite o antecessor na contestação politicamente motivada de um ato de incontestável legitimidade do mais alto tribunal do País ao qual a Constituição atribuiu a prerrogativa e o dever de dar a última palavra sobre a aplicação do seu texto. Numa interpretação no mínimo equivocada do mandamento constitucional, ele acusa o Supremo de "interferir" na autonomia do Legislativo, ao determinar que os citados parlamentares sejam destituídos de seus mandatos em consequência das penas recebidas, que acarretam a suspensão automática dos direitos políticos dos condenados.

Maia entende que a cassação, para se consumar, dependeria da concordância da maioria absoluta do plenário, em escrutínio secreto. Não é verdade. Como explicou o ministro Celso de Mello, decano do STF, no seu voto decisivo, a condenação de um parlamentar a mais de quatro anos de prisão produz efeitos incontornáveis. "Não se pode vislumbrar o exercício de mandato parlamentar", sustentou, "por aquele cujos direitos políticos estão suspensos." É fato que, em certas circunstâncias, a Constituição confere à Câmara ou ao Senado a prerrogativa de decidir o destino daquele de seus membros passível de perder a cadeira. Por exemplo, quando sofre condenação criminal, conservando porém os seus direitos políticos - o que faz todo sentido. A Carta deliberadamente deixou de incluir entre as hipóteses de votação casos de perda ou suspensão desses direitos. A omissão, além de lógica, é eloquente.

Bastaria o mero bom senso para caracterizar a situação aberrante de um político preso com o mandato preservado. Em regime fechado, simplesmente não poderia exercê-lo. Em regime prisional semiaberto, como o que tocará ao ex-presidente do PT José Genoino, seria surrealista - e desmoralizante para o Congresso - ele ter de deixar o recinto, a cada sessão, para se recolher ao estabelecimento penal em que deverá pernoitar. Argumenta-se que, apaziguada com a ratificação de sua autonomia, a Câmara acabaria cassando ela própria os mensaleiros. Mas a questão de fundo é outra - a da inviolabilidade do poder decisório do Supremo em matéria constitucional, base do Estado Democrático de Direito brasileiro. Tampouco se pode invocar que as cassações foram aprovadas por um único voto de diferença (5 a 4). Aliás, não tivesse o então ministro Cezar Peluso que se aposentar, a margem seria de 2 votos, a julgar pela única sentença que proferiu, condenando o deputado João Paulo Cunha e privando-o do mandato.

Enquanto a decisão não for revista, se é que isso ocorrerá, no exame dos chamados embargos infringentes que serão interpostos pelos advogados dos réus, ela representa a voz do Supremo - de todo coerente com os veredictos que devolveram a confiança da população na capacidade do Judiciário de punir exemplarmente a corrupção nos círculos dirigentes do País. E isso no âmbito da mais complexa ação penal que o STF já teve de destrinchar ao longo de sua existência. É inconcebível que a Câmara dos Deputados deixe de fazer a sua parte na consolidação institucional da República. O respeito pela Casa não virá de arroubos corporativos de confrontação. E sim do acatamento limpo e sereno de um ato jurídico perfeito.

Ueba! Rodízio de corintianos! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 19/12


E em homenagem ao Guerrero, neste Natal os corintianos não vão matar peru. Só porco!


BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Direto do País da Piada Pronta: "Corinthians chega a São Paulo e é recepcionado no quartel da Rota". No quartel da Rota? Isso é emboscada!

E trio elétrico é para os fracos! O Corinthians devia desfilar de Caveirão do Bope! Aliás, o Corinthians devia desfilar em carro semiaberto! Rarará! A gente tenta ser politicamente correto, mas as piadinhas ficam aí quicando na área, não dá pra evitar! Rarará!

E ontem foi o Dia do Atestado 2! Os manos pediram atestado médico de novo! Nunca estiveram tão doentes na vida! Rarará! E o Marin, com aqueles óculos Ambervision, parecia motorista da Cometa!

E a manchete do Piauí Herald: "Governo de São Paulo implementa rodízio de corintianos". Funciona assim: "Torcedores da Fiel cujos nomes começam com A, B e C devem ficar em casa na segunda. E, no resto da semana, todos os torcedores chamados Wesley". Rarará!

E com medo do apocalipse corintiano, o Alckmin mandou construir 666 abrigos nucleares na Oscar Freire! E reparou que corintiano adora mandar os outros chupar? Venderam tudo, pediram demissão, foram até o outro lado do mundo no Japão só pra estender a faixa "Chupa, porco". E o Emerson em cima do trio elétrico, em vez de gritar "Vai, Corinthians", ficava gritando "Chupa, Leo!". Rarará!

E em homenagem ao Guerrero, neste Natal os corintianos não vão matar peru. Só porco! Leitão à pururuca! Os perus são pros bambis caírem de boca! Corintiano neste Natal só vai comer Chester! Aliás, corintiano quando tá com fome come até vaca de presépio! Rarará!

E adorei a charge do Duke: "Principais assuntos do dia! Política: Corinthians é campeão mundial! Economia: Corinthians é campeão mundial. Cultura: Corinthians é campeão mundial!". Polícia: "Corinthians é campeão mundial!". Não aguento mais o Corinthians. Vou ter um calipso cardaico! Agora só falo no Timão em 2013! É mole? É mole, mas sobe!

O Brasileiro é Cordial! Olha a placa na porta da garagem: "Esqueça o Cão! Dona Feroz! Murcho os quatro pneus! Chamo a polícia e guincho. Entendeu ou preciso desenhar?". E eu que fui escrever torcida corintiana e escrevi "trocida". Rarará! Trocida corintiana. Nóis sofre, mas nóis goza! Hoje só amanhã!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Sem chuvas, o risco de apagão se transformará em certeza - RICARDO GALUPPO

BRASIL ECONÔMICO - 19/12


Um espectro ronda o Brasil - o espectro da falta de energia. Quem reconhece o perigo é o presidente do Operador Nacional do Sistema, Hermes Chipp.

Ontem, em Brasília, ele disse que o país precisa conviver com as falhas no sistema de transmissão de eletricidade. Ou seja, com a possibilidade de apagões como os que já vêm acontecendo dia sim, dia não em alguma parte do país.

E, o que é pior, se não chover o suficiente para manter os reservatórios das hidrelétricas com água suficiente para girar as turbinas, o risco de falhas eventuais se transformará na certeza absoluta de racionamento.

O país já viu esse filme (ou, se não viu foi porque faltou luz no momento da exibição) no final do governo de Fernando Henrique Cardoso - e, ali, todo mundo se deu conta do estrago que um apagão pode causar na imagem de um político.

A crise de energia que escureceu o país em meados de 2001 foi uma das responsáveis pela erosão acelerada do prestígio eleitoral do PSDB. Até porque, o PT teve, nas eleições de 2002, a competência de se apoiar no problema e transformá-lo numa eficiente escada eleitoral.

A questão é mais séria do que parece. Em seus dez anos no governo, o PT adotou a estratégia de manter nas alturas o tom das críticas ao problema de energia que houve no final do governo do antecessor de Luiz Inácio Lula da Silva.

E fez questão de atribuir ineficiência a um problema causado, principalmente, pela incompetência tucana, não por escassez de chuva. Só que de suas mãos não saiu a solução prometida.

No poder, o PT deu início à construção das usinas de Santo Antônio, Jirau e Belo Monte - mas os cronogramas dessas obras sofrem atrasos sucessivos. E ninguém é capaz de dizer com segurança quando elas entrarão em funcionamento.

Mesmo se essas três usinas já estivessem em operação, o problema não estaria totalmente resolvido. As necessidades de investimentos em geração, transmissão e distribuição de energia se acumularam de tal maneira ao longo dos últimos dez anos que, se todos as obras necessárias para resolver o problema fossem contratadas, o preço da energia iria parar na estratosfera.

O autor desse raciocínio é o próprio presidente do ONS.

Como se vê, o cenário é complexo. Sua solução pode gerar um problema que caminha na direção oposta às necessidades atuais da economia. A solução seria a aceleração dos investimentos. O problema gerado por ela seria a elevação das tarifas. E as necessidades atuais exigem a redução dos preços da conta de luz.

Como se vê, estamos diante de questões que só se resolverão com muita negociação, muito dinheiro para investir, respeito aos contratos, muita seriedade política e pouca tentativa de ser o dono da verdade. Muita chuva nos lugares certos também ajudaria.

Mas isso, como já ficou provado em épocas passadas, não depende do governo.

FLÁVIA OLIVEIRA - NEGÓCIOS & CIA

O GLOBO - 19/12


Boa nota
A Moody’s confirmou ontem o rating “Baa2” do Rio. O município é o único do país a ter a mesma classificação de risco da União. A agência mudou de estável para positiva a perspectiva de nota. Significa que pode haver elevação em 18 meses. O Rio também é grau de investimento (baixo risco de calote) para S&P e Fitch.

Imagina na Copa
A Apolo Higiene e Beleza, fabricante de algodão hidrófilo, investiu R$ 20 milhões em fábrica na cidade de Barra do Piraí (RJ). Inaugura a unidade nesta sexta, com previsão de gerar 300 empregos. Quer atender ao Sudeste e, em particular, ao Estado do Rio. Está de olho nas oportunidades com os eventos esportivos.

Emperrou 1
Falta estrutura às prefeituras da Região Metropolitana do Rio para fazer decolar os projetos do Minha Casa Minha Vida, de habitação popular. Cláudio Martins, homem da Caixa na Baixada, diz que faltam até quadros técnicos para elaborar as ações. Ele esteve na reunião na Ademi, com prefeitos do entorno da capital, ontem.

Emperrou 2
Desde o lançamento do programa federal, em 2009, foram construídas 55 mil moradias na cidade do Rio. Em São Gonçalo, Duque de Caxias e Nova Iguaçu, não foram erguidas nem 1.500. A intenção é montar um plano para destravar as ações.

ESGOTO TRATADO VAI IRRIGAR LAVOURAS NO ESTADO
Fecam aprovou projeto piloto de uso dos efluentes de estações de tratamento da Região dos Lagos em áreas rurais

O conselho do Fundo Estadual de Conservação Ambiental do Rio (Fecam) aprovou, na semana passada, a implantação de projeto piloto para irrigar propriedades rurais da Região dos Lagos com a água que sai das estações locais de tratamento de esgoto (ETEs). Se vingar, a iniciativa reduzirá o despejo de efluentes das ETEs na Lagoa de Araruama e, ao mesmo tempo, oferecerá solução barata de fertilização agrícola. “É um projeto inédito, que pode aumentar a produtividade das lavouras e despoluir as águas”, diz Carlos Minc, secretário estadual do Ambiente. O governo fluminense, as prefeituras locais e as concessionárias Pró-Lagos e Águas de Juturnaíba são parceiros no projeto, que começa por São Pedro D’Aldeia e Iguaba. Hoje, os resíduos do esgoto tratado na Região dos Lagos são lançados na Lagoa de Araruama. Estima-se que 80% dos dejetos são retirados. Mas os efluentes, além de reduzirem a salinidade das águas, têm grande concentração de fósforo e nitrogênio. Na Lagoa, são substâncias indesejáveis, por ajudarem na proliferação de algas. Mas são a base dos fertilizantes, que custam caro para os produtores rurais e podem sair de graça, se o projeto decolar.

MILHÕES
É o valor que o Fecam vai destinar ao projeto de irrigação em propriedades rurais de São Pedro D’Aldeia e Iguaba. A água das estações de esgoto, hoje despejada na lagoa, será levada por canais.

CENTRO DE COMPRAS
O grupo europeu Design Resorts fará aporte de R$ 40 milhões no polo comercial Uptown, na área do Vetor Norte da Região Metropolitana de BH. O projeto, dentro da Reserva Real, tem valor de vendas de R$ 3,5 bilhões. Serão dez mil metros quadrados de área, estacionamento para 296 carros e até 30 lojas. Projeto do arquiteto Gustavo Penna, deve gerar 300 postos de trabalho. A entrega está prevista para dezembro de 2014.

DE VENTO EM POPA
O estaleiro italiano Sessa Marine investiu em fábrica própria em Palhoça, em Santa Catarina. Quer atender a demanda por barcos com até 50 pés, que chegam a custar R$ 2,8 milhões. O parque industrial será inaugurado em janeiro, com área total de 9.500 m2. A empresa fecha o segundo ano no Brasil com lucro de R$ 23 milhões. É alta de 43,7% ante 2011.

R$1 bilhão
A Labes Melo lançará condomínio com 1.600 unidades no Recreio, ano que vem. Vai ocupar terreno de 52 mil metros quadrados e deve bater R$1 bilhão em vendas. Um 2º projeto da construtora, no mesmo bairro, terá mil apartamentos de quarto e sala e cerca de R$ 450 milhões de valor geral de vendas. Ainda não tem data de lançamento.

Vezes quatro
A Leduca fecha o ano com 467 unidades lançadas. Somam R$ 140 milhões em vendas. É quatro vezes mais que em 2011. A previsão para o ano que vem é chegar a R$ 435 milhões, o triplo de 2012. Semana passada, abriu nova sede, na Barra.

Livre Mercado
A Brahma renovou a parceria com o Esporte Interativo na gestão da marca nas redes sociais. Hoje, as ações incluem a seleção e 17 times de RJ, SP, MG, BA e PE. Em 2013, entram mais quatro de CE e RS. 

O Café Pilão lança cappuccino em versão sachê. Deve somar 10% das vendas de Pilão Senseo em um ano.

O Vita Check-Up Center investiu R$ 200 mil em novos equipamentos. A demanda por exames cresceu 50% entre clientes executivos este ano.

A Ampeb, de microempresários da Baixada, terá plano de qualificação profissional de jovens em 2013. Quer formar 300 em eletricidade predial e segurança eletrônica.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso será homenageado hoje, na ACRJ. O almoço está com lotação esgotada: 350 convidados.

SUPERLATIVA
A Odara, grife de joias das designers Isabela Drummond e Rachel Sabbagh, põe no ar o catálogo virtual da coleção “Superlativá nesta sexta-feira. A modelo Marcella Bruno posou para Isabel Becker. É a primeira linha lançada após a mudança da marca de Ipanema para Leblon. Prevê crescimento de 50% nas vendas.

‘Honre care’
A Amil fez acordo com o MP do Trabalho do Rio este mês. A empresa de planos de saúde se comprometeu a não contratar cooperativas de honre care com situação trabalhista irregular. Até junho de 2013, todas as que não formalizarem os funcionários serão afastadas.

É Natal
A temporada natalina dobra a venda de embalagens para presentes no Walmart Brasil no último bimestre do ano. Em 2012, a rede quer vender 30% mais que em 2011.

É réveillon
A dez dias da virada do ano, o Ipanema Plaza está com 80% de ocupação. Sete em dez hóspedes virão de fora.

É carnaval
A Amebras bateu 200 mil visitantes no estande do Sambódromo. A entidade vende obras das artesãs da oficina de carnaval.

Ineficiência
As empresas brasileiras são pouco produtivas, segundo pesquisa da Symantec. Pelo levantamento, mais de 50% dos dados estão duplicados. A ineficiência faz quase 60% das companhias gastarem, a mais, US$ 100 mil em armazenamento a cada ano.

Tecnologia 1
A CN Management, australiana de sistemas informatizados, investirá US$ 10 milhões no Brasil. Trará ao país o CVRS, plataforma que permite acompanhar projetos em tempo real. A empresa detém US$ 46 bilhões em negócios em Austrália, Reino Unido, EUA e Chile.

Tecnologia 2
A Sonda IT, de TI, está levando práticas do seu núcleo de business intelligence às regionais de Rio de Janeiro, Minas e Rio Grande do Sul. As soluções vêm da matriz em São Paulo. Investe R$ 2,5 milhões.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO


FOLHA DE SP - 19/12


Setor farmacêutico espera crescer 14% neste ano
A indústria farmacêutica instalada no Brasil espera fechar o ano com faturamento aproximado de R$ 49 bilhões, segundo o Sindusfarma, sindicato do setor.

O número representa um aumento de 14% na comparação com o ano passado.

Em unidades vendidas, o incremento deve ficar em 10%, com 2,5 bilhões de caixas comercializadas.

"Houve um aumento da base de captação de dados neste ano, mas, em geral, o crescimento deve ser atribuído ao maior acesso da classe média", afirma Nelson Mussolini, presidente-executivo do Sindusfarma.

O impulso veio do avanço na categoria dos medicamentos genéricos, segundo ele.

O segmento, entretanto, cresceu com menor intensidade em 2012, de acordo com a presidente da Pró Genéricos, Telma Salles.

"Até setembro, se compararmos com o ano anterior, houve aumento, mas foi menos expressivo. Após o fechamento do ano, pretendemos entender melhor que fatores impactaram", diz Salles.

A menor rentabilidade identificada pelo setor neste ano se deve à elevação de custos, segundo o sindicato.

"O aumento do preço internacional das matérias primas, a questão cambial e a tributária geraram a pressão sobre os custos", afirma Mussolini.

"Além disso, por causa de uma escassez de mão de obra no setor, a média de aumento salarial da indústria tem sido muito superior ao reajuste de preço dos produtos. Todos esses fatores afetam o investimento em inovação."

ALONGAMENTO
A rede de academias Fórmula, do grupo Bodytech, mudou seu plano de expansão. Quando foi criada, no ano passado, a empresa previa entrar em cidades com pelo menos 350 mil habitantes. O número, no entanto, caiu para 200 mil.

Essa alteração no projeto modificou também a meta da companhia. O planejamento inicial era atingir cem franquias e 40 unidades próprias até 2015. Agora, o objetivo é ter 180 lojas franqueadas.

"Existe a possibilidade de revisarmos também o número de próprias. Percebemos que conseguimos operar em cidades menores", diz o CEO da rede, Mario Esses.

"O custo de locação nessas regiões ajuda a manter a mensalidade mais barata."

A empresa tem hoje oito academias, sendo duas próprias. Em 2013, serão inauguradas pelo menos outras 23 (12 próprias).

Do total, cinco serão em Santa Catarina, onde Gustavo Kuerten é o franqueado.

"Não vejo restrição em pensar em mais dez unidades no Estado, sendo conservador, ou até 15, considerando uma postura mais agressiva", diz o ex-tenista.

Luciano Huck, sócio da rede, afirma que entrou no setor porque acredita que quem "tiver algum dinheiro sobrando irá investir em qualidade de vida".

R$ 3 milhões é o aporte em cada unidade própria

R$ 1,5 milhão é investido pelo franqueado em cada academia (o franqueador é responsável pelos equipamentos)

Ampliação... 
A Oi deve fechar este ano com 200 lojas próprias no Brasil, sendo 83 no Estado de São Paulo. Para 2013, a previsão é chegar a 250 unidades próprias no país, segundo a empresa.

...das linhas 
A TIM, por sua vez, aumentou em quase 70% sua rede de lojas próprias no ano e terminará 2012 com 134 unidades administradas diretamente pela operadora. A empresa prevê, para 2013, a abertura de 30 novas unidades próprias.

Preço... 
O etanol ficou 2,64% mais caro em novembro para o motorista da capital paulista, segundo o índice Ticket Car. O preço médio do litro ficou em R$ 1,81.

...para abastecer 
A gasolina ficou estável, com o litro custando R$ 2,64.

PROFISSIONAIS NO TOPO
Entre os profissionais que serão mais demandados na capital e no interior do Estado de São Paulo no próximo ano estão os de private equity e de private baniking, de acordo com levantamento da consultoria Michael Page, especializada em recrutar profissionais de média e alta gerência.

Também aparecem na lista executivos de marketing para a indústria farmacêutica e "gerentes de impostos", que são responsáveis por acompanhar as alterações na legislação tributária e fazer o planejamento tributário de companhia.

Esses profissionais deverão receber, em 2013, entre R$ 10 mil e R$ 20 mil por mês, segundo a consultoria.

"Até setembro, se compararmos com o ano anterior, houve aumento, mas foi menos expressivo. Após o fechamento do ano, pretendemos entender melhor que fatores impactaram"

TELMA SALLES
presidente da Pró-Genéricos

Dependência - CELSO MING


O Estado de S.Paulo - 19/12


O governo Dilma está traumatizado com o fiasco do PIB. O crescimento da atividade produtiva do Brasil, neste ano, ficará abaixo de 1%. Mas o essencial para reverter o jogo não está sendo feito.

Mesmo que em 2013 a aposta do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de um avanço do PIB em torno de 4%, se confirme, não há garantia de que esse ritmo se sustente nos anos seguintes.

Isso tem a ver com o baixo nível de investimento. Para que a economia cresça a uma média superior a 3% ao ano, é preciso que o investimento seja de ao menos 22% do PIB.

Como o brasileiro poupa pouco, não mais que 17% do PIB, também investe reduzidamente. É a situação do camponês que colhe pouco porque come quase toda a produção de alimentos e lhe sobram poucos grãos para semear.

Somado ao proporcionado pelo capital estrangeiro, o investimento no Brasil raramente ultrapassa os 20% do PIB. Apenas para comparar, o padrão asiático gira em torno dos 35% do PIB.

Ou seja, a economia brasileira é altamente dependente do ingresso de capital estrangeiro para suplementar o investimento interno. No ano passado, o Investimento Estrangeiro Direito (IED) atingiu US$ 66,6 bilhões (2,7% do PIB), volume que deve ser repetido neste ano – como confirma o relatório do Setor Externo ontem divulgado pelo Banco Central.

Nem todo IED pode ser contabilizado como investimento. Boa parte desse volume entra no País para comprar empresas já existentes, não para ampliação da capacidade de produção. Em todo o caso, um vigoroso afluxo do IED reflete a disposição do investidor externo em aplicar seus capitais de longo prazo aqui no Brasil.

Como esta Coluna comentou em outras ocasiões, a dependência da entrada de capital estrangeiro impõe condições e consequências. Uma delas é que haja um rombo mais ou menos nas mesmas proporções em outro segmento das contas externas, o das Transações Correntes (que soma fluxo de mercadorias, serviços e transferências). Caso não houvesse, sobraria moeda estrangeira no câmbio interno. E as cotações do dólar tenderiam a despencar, para estremecimento da indústria.

Outro resultado também significativo dessa dependência é que a política econômica nacional não pode dar-se a caprichos tupiniquins que afugentem o capital estrangeiro.

A economia brasileira ficaria mais equilibrada se o pedaço do PIB destinado aos investimentos aumentasse. No momento, está acontecendo o contrário. O governo federal estimula mais o consumo do que o investimento e, de quebra, corre o risco de ver as aplicações baixarem porque a inflação está mais alta do que o retorno financeiro.

Para elevar o investimento e, portanto, garantir mais crescimento futuro não necessariamente é preciso distribuir subsídios e incentivos fiscais. Mais importante são regras firmes de jogo – o que não combina com um governo que se mete em tudo e está sempre disposto a mudar as condições, como está acontecendo com os programas de expansão da infraestrutura.

Produtividade - ANTONIO DELFIM NETTO

FOLHA DE SP - 19/12


A presidente Dilma Rousseff explicitou em Paris um programa sobre o qual é difícil encontrar algum economista que não esteja de acordo. Disse ela: "Como as questões macroeconômicas estão resolvidas, o desafio agora é elevar a produtividade do país. Temos dívida pública sob controle e austeridade fiscal, o juro caminha para um patamar internacional. O desafio é aumentar a competitividade e a taxa de investimento no Brasil".

E completou: "Reduzir gargalos na infraestrutura é o nó górdio que o Brasil tem que desatar (...) com concessões no setor de infraestrutura (...) que devem ajudar o país a reforçar as exportações de produtos manufaturados".

Não deixou de sugerir um esforço especial para reduzir os custos dos insumos fundamentais para a eficiência produtiva. Foi agradável ver o ministro Fernando Pimentel mencionar especificamente o gás e mostrar-se antenado com as possíveis consequências do extraordinário desenvolvimento do "shale gas" para o setor petroquímico, que certamente terá de ser levado em conta no programa do pré-sal.

É claro que pode haver alguma divergência sobre a primeira afirmação ("A macroeconomia está resolvida"). Quanto ao resto, o diagnóstico chega perto da unanimidade. A dúvida é se o governo possui quadros com adequada neutralidade ideológica e expertise para fazê-lo, uma vez que é óbvio que tal programa só pode ser realizado com a cooptação e a cooperação entusiasmada do setor privado.

É inegável que, nos últimos 18 anos, o poder incumbente não violou qualquer contrato. Ainda agora, a presidente Dilma arrosta a ira dos Estados não produtores de petróleo por ter vetado um dispositivo que poderia ser interpretado como uma "quebra de contrato".

Certo ou errado, nas discussões com os agentes públicos que representam o governo, os empresários veem um viés ideológico acompanhado por uma relação de arrogância/expertise inadequada. O que "sentem" é a sua realidade. Assim, de acordo com o teorema de Thomas, as circunstâncias serão reais em suas consequências.

A situação é simples. Não envolve ideologia ou o julgamento moral do que aconteceu no passado, quando as circunstâncias eram diversas. A macroeconomia "não estava resolvida" e os riscos eram imensos, o que exigia taxas de retorno hoje inaceitáveis.

O poder concedente é um monopolista que deve entregar uma concessão bem especificada. O seu "preço" será determinado pela demanda dos potenciais concessionários, nacionais ou estrangeiros, e estabelecido em leilões bem concebidos e regulados por agências independentes. Nesse campo, o governo precisa socorrer-se da competência profissional esquecida na academia.

O ponto da carne - MIRIAM LEITÃO

O GLOBO - 19/12


É difícil entender os erros do governo no caso da carne. Um dos projetos mais explícitos de incentivos tem como beneficiárias as empresas produtoras e exportadoras de carne. O dinheiro tem jorrado do BNDES para os frigoríficos. Neste episódio do animal encontrado com o agente causador do mal da vaca louca, estamos correndo risco de perder reputação como fornecedor.

O fato aconteceu em 2010 e foi anunciado no fim de 2012. O governo garante que não há risco algum de haver o problema no Brasil e que a vaca teve morte súbita. A dúvida é: por que o comprador tem que acreditar nisso?

Japão, África do Sul e China não ficaram para ver e suspenderam importações. Foram seguidos por Egito, Arábia Saudita e Coreia do Sul. Em nota, o secretário-executivo do Ministério da Agricultura, José Carlos Vaz, disse que "é natural, ao tomar conhecimento via imprensa, que a reação de alguns países seja de cautela". O governo deveria ter se antecipado ao problema para minimizar o dano à nossa imagem. A Rússia já manteve um embargo, por 18 meses, de carnes de três estados. Só voltou atrás depois da visita da presidente Dilma ao país.

O saldo comercial de carne foi positivo em US$ 11 bilhões de janeiro a outubro. Para se ter uma ideia, na balança de exportação de grãos, o saldo é de US$ 17 bi. Em petróleo e derivados, há déficit de US$ 10 bilhões.

Ao contrário do que se pensa, não foi a ajuda do BNDES que permitiu o saldo. O Brasil já era o maior exportador do mundo quando a atual administração do banco decidiu comandar um processo de benefício aos escolhidos e de fusão entre frigoríficos. O banco virou um dos maiores sócios do setor.

Mas já que era para ajudar com tantos bilhões os frigoríficos, seria coerente zelar pela imagem do setor. Consultores do mercado de carne dizem que o Brasil tem a melhor classificação em termos sanitários. Segundo Hyberville D’Athayde, da Scot Consultoria, o Brasil tem o nível de "risco neglicenciável" pelo mais respeitado selo sanitário internacional, o BSE.

Alguns anos atrás, o Brasil não era considerado área livre de febre aftosa. Agora é. Isso é resultado de esforços de produtores e órgãos fiscalizadores. Mas a conquista ficará em risco se o governo continuar neglicenciando o dano à imagem que esse assunto tem causado.

O tema não pode ser avaliado apenas pelo percentual de compra dos países que suspenderam a importação. Mais relevante é o impacto que isso pode causar em toda a clientela. A economia internacional está em crise e barreiras estão sendo levantadas contra os principais fornecedores de qualquer produto. O melhor é não dar argumento.

A carne brasileira tem outros pecados. Nunca foram totalmente afastadas acusações de que os maiores produtores - inclusive os que têm o governo como sócio - compram bovinos de área desmatada ilegalmente ou até de produtores que já tiveram casos de trabalho escravo. O pacto da Carne Legal do Ministério Público e a pressão de ONGs produziram avanços, mas não eliminaram os problemas.

Se a carne é tão importante para o Brasil, a ponto de o setor receber bilhões entre empréstimos e capitalizações do BNDES - até a Caixa entrou na farra de transferência de dinheiro para frigoríficos -, então que se evite o risco de perder mercado. Não basta dizer que o Brasil não tem vaca louca ou que a tal vaca morreu não de loucura mas de morte súbita. Isso não convence ninguém. É preciso que os órgãos responsáveis, a diplomacia, e as empresas demonstrem aos compradores - de grande ou pequeno volume - que o Brasil não é louco de jogar tanto dinheiro público em um setor e depois se descuidar da fiscalização sanitária. Ou é?

É bom olhar além de 2013 - ROLF KUNTZ


O Estado de S.Paulo - 19/12


A economia brasileira vai melhorar no próximo ano, mas a exportação continuará em marcha lenta, segundo as primeiras projeções oficiais das contas externas de 2013, divulgadas na terça-feira pelo Banco Central (BC). O superávit comercial deverá diminuir de US$ 19 bilhões neste ano para US$ 17 bilhões em 2013, porque o valor importado ainda crescerá mais velozmente que a receita das vendas ao exterior. Mesmo sem detalhes, o recado parece claro: o aumento da demanda interna será em boa parte coberto por produtores de fora, embora o mercado brasileiro ainda seja um dos mais fechados do mundo. A indústria nacional crescerá, mas em ritmo ainda moderado e com muita dificuldade para enfrentar a concorrência estrangeira. O otimismo exibido pelos dirigentes do BC, em suas manifestações públicas, fica um tanto murcho quando se examinam as novas projeções do balanço de pagamentos publicadas pela instituição.

Os economistas do BC elevaram de US$ 18 bilhões para US$ 19 bilhões o superávit comercial estimado para este ano. O valor previsto para as exportações foi reduzido de US$ 248 bilhões para US$ 245 bilhões. No caso das importações, o corte foi um pouco maior, de US$ 230 bilhões para US$ 226 bilhões. A revisão parece compatível com as últimas informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. De janeiro até a segunda semana de dezembro, o País exportou US$ 233,1 bilhões e importou US$ 215,1 bilhões.

Se os búzios, cartas e bolas de cristal do BC estiverem bem regulados, o valor exportado pelo Brasil neste ano será 4,3% menor que o de 2011. O valor da importação praticamente se repetirá. No próximo ano, a receita será 9,4% maior que a deste ano e apenas 4,7% superior à de 2011. A despesa será 11,1% maior que a de 2012. O superávit encolherá 10,5% em 2013, depois de já ter diminuído 36,2% neste ano.

Faltam, na tabela do BC, detalhes sobre a evolução das vendas de produtos básicos e de manufaturados. De toda forma, os autores das projeções parecem pouco ou nada otimistas quanto aos efeitos da depreciação cambial. Nos 12 meses terminados em outubro, houve um ajuste de 11,9% na taxa de câmbio real efetiva (ponderada pela participação dos 15 maiores parceiros nas exportações brasileiras). Em relação ao dólar americano, a depreciação da moeda brasileira chegou a 11%. Os empresários industriais aplaudem o ajuste cambial realizado até agora, mas defendem uma desvalorização maior. Segundo o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, a cotação de equilíbrio deve estar na faixa de R$ 2,30 a R$ 2,40 por dólar.

Enquanto isso, o BC intervém no mercado para manter a taxa abaixo de R$ 2,10 e eleva de US$ 1 bilhão para US$ 3 bilhões o limite das posições vendidas dos bancos. Superado o teto, passa a valer o depósito compulsório de 60%. O objetivo, também nesse caso, é conter a alta do dólar. Falta ver como será a política depois de encerradas as pressões da virada de ano. Mas o pessoal do BC parece disposto, pelas indicações dos últimos dias, a tomar cuidado para evitar mais pressões inflacionárias. Isso deve restringir tanto o afrouxamento monetário quanto a depreciação cambial. O presidente do BC, Alexandre Tombini, também mencionou, num encontro com jornalistas em Brasília, na segunda-feira, as perspectivas de moderação nos aumentos salariais e na expansão do crédito nos próximos meses.

Se essas condições forem confirmadas, os estímulos à expansão do consumo privado serão menos intensos do que foram até este ano, mas a preservação de um bom nível de emprego ainda poderá proporcionar às famílias a segurança necessária para ir às compras. De toda forma, será indispensável uma taxa maior de investimento para garantir um crescimento mais veloz, provavelmente no intervalo de 3% a 4%.

Se governo e setor privado investirem o equivalente a uns 20% do Produto Interno Bruto (PIB), 2013 estará quase certamente salvo. Mas será preciso mais que isso para impulsionar uma expansão na faixa de 4% a 5% por vários anos. Além disso, será necessário cuidar da eficiência e da qualidade do investimento, dois itens amplamente negligenciados no setor público. Não basta, por exemplo, gastar bilhões de dólares numa refinaria mal planejada, num petroleiro lançado muito antes de ter condições de navegar ou em instalações de geração de energia sem linhas de transmissão. A médio e a longo prazos, são esses os detalhes realmente importantes, muito mais que a taxa de câmbio. Moeda depreciada e barreiras protecionistas nunca serão suficientes para compensar as ineficiências do sistema produtivo. Curiosamente, alguns empresários e economistas parecem acreditar nisso.

Jogo dos sete erros - ALEXANDRE SCHWARTSMAN

FOLHA DE SP - 19/12


Secretário de Política Econômica consegue rara proeza: errar tanto na teoria quanto na prática


Das desculpas para o crescimento lamentável deste ano, poucas soam tão esfarrapadas quanto as oferecidas pelo secretário de Política Econômica em entrevista ao "Valor Econômico" nesta semana.

Segundo ele, a queda do investimento, fator principal do triste desempenho do PIB, resultou da redução da taxa de juros e da desvalorização da taxa de câmbio.

É um argumento curioso, principalmente vindo de quem sempre defendeu o oposto, a saber, que tais medidas levariam à aceleração do crescimento.

Na verdade, a justificativa do secretário refere-se ao que ele chama de efeitos de "curto prazo" dessas medidas.

De acordo com ela, os agentes carregavam papéis de curto prazo, que perderiam valor com a redução das taxas de juros (o chamado "efeito riqueza"), além de terem dívidas em moeda estrangeira, cujo valor em moeda local se eleva com o enfraquecimento do câmbio.

A piora do balanço das empresas, por conta disso, seria a responsável pela queda dos investimentos.

Com essa afirmação, o secretário consegue rara proeza: errar tanto na teoria quanto na prática.

Em primeiro lugar, ao contrário do que alega, o valor dos títulos sobe quando a taxa de juros cai.

Esse efeito é grande no caso de papéis de longo prazo (prefixados e indexados à inflação) e modesto no caso dos mais curtos (indexados à taxa Selic), mas não é negativo em nenhuma alternativa.

Isso dito, os prefixados (e indexados à inflação) representaram pouco mais de 57% dos títulos públicos em 2012, enquanto a parcela indexada à Selic atingiu 42% do total.

Em 2009, porém, essas participações eram, respectivamente, 46% e 53% da dívida. Em outras palavras, se o argumento do secretário fosse válido, a queda da taxa de juros teria sido menos efetiva em 2009 (quando a parcela de títulos longos era menor) do que em 2012, mas o que se observa é precisamente o oposto: a economia respondeu melhor à redução dos juros naquele momento do que agora.

A segunda parte da justificativa refere-se ao efeito da depreciação do real, que teria elevado o valor da dívida externa das empresas em moeda nacional, com efeitos negativos sobre seu balanço.

Isso é, obviamente, verdadeiro, mas omite que as receitas de exportações do setor privado em moeda local também aumentam na mesma proporção.

No caso, as empresas nacionais deviam em outubro US$ 248 bilhões e haviam exportado US$ 246 bilhões nos 12 meses até aquele momento (sem contar US$ 40 bilhões em exportações de serviços).

Falta explicar, portanto, por que as empresas reagiriam tão mal a uma medida cujo impacto positivo sobre suas receitas é praticamente idêntico (senão maior) ao efeito negativo sobre a sua dívida...

A maior omissão, porém, não é sequer essa. Questionado se a desvalorização da moeda não teria encarecido os bens de capital, o secretário afirmou que "[a] taxa de câmbio (...) foi corrigida para um nível que não afeta o custo de importação dessas máquinas".

Bastam, porém, cinco minutos com os dados da Funcex em mãos para constatar mais uma afirmativa sem qualquer parentesco com a realidade.

Desde o terceiro trimestre de 2011 os preços em dólares dos bens de capital importados recuaram 1%, mas a depreciação da moeda, 24% no período, implicou uma elevação de 23% no preço em reais desses bens (19% descontada a inflação).

Essa não é, provavelmente, a única causa da queda do investimento, mas é difícil comprar a ideia de que um aumento dessa magnitude no preço dos bens de capital não representa um impacto negativo na decisão de investir, ainda mais sabendo que o secretário não tinha feito a conta ao responder a pergunta.

A entrevista, enfim, só confirma o argumento que tenho apresentado neste espaço: o diagnóstico da equipe econômica acerca da estagnação econômica está equivocado, não só por falta de uma base teórica mais sólida, mas principalmente pela obstinação em ignorar aquilo que os dados insistem em proclamar.

Esse eu conheço! - ROBERTO DaMATTA


O Estado de S.Paulo - 19/12


A reta, como diria o Oscar Niemeyer, é o real. Mas o ideal é a curva, o arredondado sedutor da montanha onde morre o Sol; ou o suave declive da fonte que jorra por entre as suas frestas e mata a nossa infindável sede como viram, cada qual a seu tempo e à sua maneira, Ary Barroso e Schopenhauer.

Platão, inventor da oposição entre real e ideal, afirma que como tudo neste mundo está sempre se fazendo, as coisas reais não conferem nenhum conhecimento definitivo, pois são relativas e variáveis. Sujeitas, como revela sem cessar o nosso frustrante dia a dia, a redefinições. O ideal é único porque as ideias não morrem. O resto, como disseram Shakespeare e Erico Verissimo, é silêncio...

Estou, como o mundo inteiro, chocado com esse novo massacre ocorrido em Newtown, Estados Unidos. Penso nos pais forçados por um louco a entrar nesse triste clube ao qual eu, infelizmente, pertenço: a sociedade dos que perderam filhos. Empresto a todos eles a minha humilde solidariedade. Aprendi como as palavras, que deixam ver, por um instante, o todo no qual vivemos como inocentes, são importantes nesses momentos.

Estive no Estado de Connecticut umas duas ou três vezes e fiz palestras na sua universidade, no famoso Connecticut College (fundado em 1911 quando o Brasil fazia, como as máquinas, múltiplas revoluções) e na sua admirável Universidade Yale (fundada em 1701 quando, para muitos, o Brasil ainda não era Brasil), onde jaz um pedaço da alma do querido e saudoso Richard Morse, o americano mais brasileiro que conheci em toda a minha vida. Como explicar o massacre de crianças num lugar tão "adiantado" e "rico" sem uma lógica bíblica ou messiânica - sem um sistema de espoliação dos miseráveis e sem um Herodes agora armado, ele próprio, de pistolas automáticas, perguntou-me um jovem jornalista?

Inocente, pois não tenho a menor ideia do meu futuro nem da minha vida, a qual eu tento cuidar e honrar com o devido egoísmo por ela determinado, só posso falar de uma importante contradição. Nós odiamos a violência, mas a admitimos em certas circunstâncias. Na guerra, por exemplo. Sobretudo, nas guerras santas que jamais saíram de moda. Ou na luta ideológica contra a famosa "direita", hoje propositalmente confundida no Brasil com o "direito": o ético, o meritório e o correto.

No caso dessa tragédia americana, há uma contradição trivial. O real manda, no mínimo, discutir, como disse o presidente Obama, a venda de armas. Mas o ideal que tende a virar tabu trata a aquisição de armas como um direito.

No Brasil, criminalizamos o jogo, mas a Caixa Econômica Federal banca pelos menos sete ou oito jogos de azar. Ademais, condenamos o jogo e todo tipo de patifaria, mas compreendemos o canalha. Sobretudo quando ele é amigo. "Esse não! Esse eu conheço! Com ele eu não admito, ouviu? Não admito que sua reputação e sua figura à qual o país tanto deve sejam postas em questão!!!"

Somos todos contra a jogatina, mas entendemos quando o primo faz uma "fezinha na borboleta" ou no "burro" - esse totem de um Brasil que tenta sem sucesso livrar-se das asnices de uma visão de mundo na qual a lei teria a virtude de corrigir o mundo por reação e não por prevenção. "Mas isso é crime capitulado no artigo tal da lei X! Não há mais o que discutir." Exceto, é claro, se o capitulado for meu amigo!

O problema é o que fazer com os criminosos depois de devidamente classificados como culpados. No nosso caso, a penalidade não é apenas uma decorrência do crime, é uma ciência e eu até diria, com todo o respeito, uma nobre arte. Afinal, como ouvi muitas vezes nesses meses afora, "são vidas humanas em jogo".

Condenamos também a droga, mas tomamos o nosso vinhozinho, a nossa cervejinha e a nossa cachacinha com os amigos sem problema. Aceitamos até que um conhecido goste de uma "fileirinha", no seu caso, inocente, porque: "Esse eu conheço e sei que é boa pessoa! Não é um indivíduo qualquer a ser espancado pela polícia e depois exposto e escrachado na mídia!!!"

Batemos de frente com as contradições entre o real e o ideal, a menos que ela comprometa o patrão, o amigo e o correligionário a quem devemos carreiras, favores e cargos. "Esse não! De modo algum! Esse eu conheço!" Gritamos com obrigatória veemência.

Uma ética de condescendência - esse pouco discutido valor brasileiro de muitos quilates - nos leva a relativizar o ideal. Como não é fácil equilibrá-los, pois o concreto sempre desafia o ideal, personalizamos e, com isso, impedir que X, Y ou Z sejam apreciados em suas faltas e velhacarias. E como "roupa suja só se lava em casa", ferimos o ideal (e a ética) dando um golpe personalista. "Esse não pode!", falamos, tirando do âmbito do crime ou da patifaria o amigo dileto ou o personagem poderoso.

Mas quem inventa os fatos?

Como esse bárbaro massacre ocorrido nos Estados Unidos; como esse inacreditável mensalão; como os vínculos de terna intimidade entre o ex-presidente e uma alta funcionária que representava a Presidência em São Paulo e lá montou uma quadrilha? Quem inventou um partido como o PT, que iria exterminar os ratos da corrupção nacional - como bolou o publicitário do grupo, o sr. Duda Mendonça - e acabaram metidos no maior escândalo da República? É o jornal que forma a quadrilha ou é a quadrilha que faz o jornal?