O GLOBO - 10/07
O laudo do Instituto de Criminalística da Polícia Federal sobre o vazamento de óleo da Chevron na Bacia de Campos, em março, não constatou dano ambiental.
Dado e as mulheres
Dado Dolabella foi absolvido ontem na 1+Vara de Violência Doméstica do Rio.
O ator era acusado pela ex-mulher Viviane Sarahyba de tê-la agredido em novembro de 2010. Causa ganha pelo advogado Marco Aurélio Assef.
Dado de novo
A juíza Lindalva Soares Silva, da 11+Vara Cível do Rio, marcou para dia 25 agora, às 13h30m, a audiência de conciliação, instrução e julgamento entre Dado Do-labella e a camareira Esmeralda de Souza Honório.
Em 2008, numa discussão com a então noiva Luana Pio-vani, o ator teria empurrado a funcionária quando ela tentava intervir na briga do casal.
Sumidos
Doze dos 24 operários da usina hidrelétrica de Jirau, denunciados pelo MP sob a acusação de atear fogo, em abril, nos alojamentos da obra, estão sumidos.
Coisa recatada
O COI aceitou que as jogadoras de vôlei de praia nas Olimpíadas de Londres usem ber-muda e camiseta.
Mas nossa seleção, viva!, avisou que não vai aderir à novidade. Entra em jogo de biquíni.
Open road’
“Open Road”, segundo longa dirigido por Márcio Garcia, será exibido pela primeira vez, domingo agora, no Los Angeles Brazilian Film Festival.
As estrelas de Hollywood no elenco, Andy Garcia e Juliette Lewis, confirmaram presença.
A TRÊS SEMANAS da abertura dos Jogos de Londres, Neymar, nosso craque-menino, já “chegou” à capital inglesa. Veja na foto feita pelo coleguinha Marcelo Barreto. A imagem do camisa 11 da seleção olímpica do Brasil foi estampada naqueles ônibus vermelhos, de dois andares, tradicionais na cidade, já no clima do torneio de futebol
Negócio da China
O desembargador Luciano Saboia Rinaldi de Carvalho, da 7+ Câmara Cível do Rio, revogou liminar que impedia a comercialização no Brasil do carro chinês Lifan 320.
A proibição havia sido pedida pela alemã BMW, sob a alegação de que o modelo era cópia do seu Mini Cooper.
Rita ex-Ribeiro
Rita Ribeiro, 46 anos, a cantora, depois de cinco CDs lançados e mais de duas décadas de uma carreira de sucesso, decidiu... trocar o nome artístico.
Diz que “o sagrado sinalizou” para a mudança. Agora é Rita Benneditto.
‘É miúdo, mas é meu’
A advogada K.D.B., 26 anos, de Porto Grande, Amapá, moveu ação contra o ex-marido, A.C.D., comerciante, de 53, por... “insignificância peniana”.
País das empreiteiras
O Museu do Folclore, no Rio, que reúne um grande acervo de cultura popular do Brasil, está fechado desde fevereiro.
Segundo a Rádio Cimento, uma empreiteira parou a reforma para tentar aumentar o preço.
Questão indígena
Este ano, muitos índios baianos ocuparam a Flip, vendendo cola-res e apitos na Rua do Comércio.
Quem não gostou da concorrência foram os camelôs de Pa-raty, muitos deles proibidos de trabalhar no centro histórico.
Diário de Justiça
O Órgão Especial do TJ do Rio confirmou a suspensão do pagamento de pensão especial a 57 parentes de fiscais de renda já falecidos. A Procurado-ria-Geral do Estado alegou que o pagamento, feito por uns 15 anos, era irregular, pois os servidores morreram antes da criação da tal pensão, em 1990.
O prejuízo é superior a R$ 200 milhões. Cabe recurso.
Calote real
Um jovem integrante da família imperial combinou com um taxista uma corrida de Petrópo-lis até a Lapa, no Rio, por R$ 160.
Mas, ao chegar, o rapaz abriu a porta e... zupt!... saiu sem pagar.
Corra e olhe o céu
Até dia 20 , o carioca que estiver acordado entre 5h30m e 6h poderá ver no céu, na direção do nascer do sol, uma conjunção planetária entre Vênus, Júpiter e a estrela Aldebaran.
terça-feira, julho 10, 2012
Ilha de Jersey, STF e eleições - PAULO SILVA PINTO
CORREIO BRAZILIENSE - 10/07
Começou na semana passada na Ilha de Jersey, paraíso fiscal que integra o Reino Unido, um julgamento com possíveis implicações na escolha do prefeito da cidade com mais eleitores no país. A prefeitura de São Paulo reivindica no processo ressarcimento de US$ 22 milhões.
O dinheiro está em contas bloqueadas da Durant International e da Kildare Finance, empresas que, segundo o Ministério Público, pertencem ao deputado Paulo Maluf (PP-SP) e são resultado do desvio de recursos públicos na construção do túnel sob o Parque Ibirapuera na época em que ele era prefeito.
Maluf nega que tenha desviado recursos e que seja dono dessas empresas. Mas terá de conviver com as notícias do julgamento do processo, já em fase de recurso, algo que deverá durar aproximadamente um mês. Quem também terá de lidar com isso é o candidato do PT Fernando Haddad.
Agora, em plena campanha, tende a ganhar evidência novamente a foto de Haddad, Lula e Maluf em meio aos jardins da casa do deputado, na rua Costa Rica, em São Paulo. E, com isso, surgirá edição revisitada dos argumentos que se espalharam quando, ainda na fase de arranjos das candidaturas, a deputada Luiza Erundina (PSB-SP), indignada com os afagos ao inimigo, abriu mão do posto de vice na chapa petista.
É claro que Haddad tem como se defender. Mas ter de se defender já é um problema. A prefeitura que ele pretende assumir está mais pobre em consequência, segundo a acusação, do que fez um aliado. Alguém cuja casa Haddad frequentou com desenvoltura.
Em política, apoio não se recusa, diz a velha frase pronunciada por tantos políticos, mais recentemente pelo pedetista Ronaldo Lessa, que é candidato a prefeito de Maceió com o apoio do ex-rival Fernando Collor. De fato não deveria causar comoção Haddad ter o apoio de Maluf, que amealhou 497 mil votos para a Câmara. Ele é uma das principais lideranças de um partido que se tornou aliado do PT há muito tempo e integra a base de apoio da presidente Dilma Rousseff.
A aliança, pode-se dizer, com grande chance de acerto, era algo já digerido pelo eleitor de esquerda. Mas disso a dizer que são irrelevantes seus novos contornos, tão explícitos, vai um longo caminho. Em defesa da irrelevância da foto, afirma-se que os tucanos, hoje favoritos na eleição paulistana, já se aliaram várias vezes a Maluf, em acordos fartamente fotografados. Por cuidado ou sorte, porém, só apareceram ao lado dele em atividades de campanha.
Outro argumento dá conta de que será difícil para o PSDB atacar a aproximação de Maluf com Haddad devido ao risco de, com isso, angariar mais antipatia para o próprio partido do que para o adversário. Afinal, se os malufistas ainda são muitos, os ex-malufistas são um contingente bem maior. Nem todos deixaram de votar em Maluf por discordância, mas sim porque não veem mais nele alguém capaz de liderar um projeto hegemônico. Consideram-se dispensados de votar em quem o deputado apoia, mas não deixam de se ofender com críticas ao malufismo. É inegável a necessidade de cuidado para quem quiser atacar a proximidade explícita entre Maluf, Lula e Haddad. Mas, em tempos de redes sociais, isso não é uma tarefa tão difícil.
O que suscita preocupação na aliança é a tentativa de grudar em Haddad a pecha de leniência com a corrupção. Ainda que, por todos os contra-argumentos acima, isso seja fraco, pode ganhar força se for associado a outro item: o mensalão. Os dirigentes petistas não escondem a preocupação com o julgamento que ocorrerá no STF a partir do início do próximo mês. Ora, se a exploração do processo tem peso, não se pode ignorar o risco de que a conotação moral da aliança com Maluf também tenha.
Mesmo se Haddad vencer a eleição, porém, a tese da irrelevância da foto não será necessariamente vencedora. O PT mudou muito nas últimas três décadas. Mas é exagero dizer que deixou de ser um partido que preza bandeiras. Alianças sem qualquer restrição de legenda ou, ao menos, de escopo podem transformá-lo em algo realmente indissociável dos adversários.
Advogado de porta de armário - TUTTY VASQUES
O ESTADÃO - 10/07
Em defesa do goleiro Bruno, ainda que ele não mereça, deve-se dizer que o ex-atleta do Flamengo não dá sorte com advogados - ô, raça! Tanto é que já trocou cinco vezes de defensor depois que o primeiro contratado confessou ser viciado em crack - lembra da figura?
O atual, Rui Pimenta, voltou a surpreender quem acompanha o caso pela imprensa contando dia desses a jornalistas que seu cliente é gay! Teria um caso de amor com o famigerado Macarrão, daí a sugestão ao comparsa para "resolvermos isso usando o plano B" em carta agora publicada pela Veja.
O trecho que a revista interpretou como um pedido para o amigo assumir sozinho a culpa pelo misterioso assassinato de Eliza Samudio seria, na verdade, um desejo secreto do goleiro para por fim à relação homoafetiva. Huuummm!!!
O advogado identificou "um claro caso de amor" entre os dois assim que pôs os olhos na frase "Bruno e Maka, a amizade nem mesmo a força do tempo irá destruir, amor verdadeiro (sic)" tatuada nas costas de Macarrão.
Enfim, sair da cadeia pela porta do armário pode ser uma estratégia de defesa nova em Direito Criminal, mas algo me diz que mais uma vez Bruno deu azar na escolha de seu advogado.
Fome de quê? Tão paulista quanto a Revolução Constitucionalista de 1932, o Dia da Pizza que hoje se comemora só ainda não ganhou status de feriado porque não surgiu no Brasil um movimento cívico que desse a devida conotação política à efeméride. Neste 10 de julho em especial, véspera da votação do processo de cassação de Demóstenes Torres no Senado, o Dia da Pizza merecia ser lembrado em praça pública não só pela vontade de comer.
Drummond na cabeça Em sua 10.ª edição, a Flip 2012 bateu o recorde de topadas de intelectual no calçamento pé-de-moleque das ruas do centro histórico de Paraty. Pra mais de 200 deram entrada no pronto-socorro municipal dizendo que "no meio do caminho tinha uma pedra".
Ô, raça! Nessas horas a gente torce para que não haja vida inteligente em outros planetas! Já pensou o que pensariam dos terráqueos vendo a corrida de touros do Festival de San Firmino nos telejornais de Marte?
Agenda positiva Ninguém gosta de fim de semana com chuva, mas até outubro haverá sempre o consolo de imaginar que o mau tempo também possa estragar o corpo a corpo de candidatos às eleições municipais.
Bico calado De Fernando Haddad sobre o bilhete que tirou num realejo aconselhando o candidato do PT a tomar cuidado com as más companhias: "Esse periquito é tucano!"
GenialO que a classe média mais adora nos filmes de Woody Allen são as cenas que não consegue entender direito. Sente-se até mais inteligente quando um personagem lhe escapa à compreensão. Se escangalha de rir quando acontece!
Em defesa do goleiro Bruno, ainda que ele não mereça, deve-se dizer que o ex-atleta do Flamengo não dá sorte com advogados - ô, raça! Tanto é que já trocou cinco vezes de defensor depois que o primeiro contratado confessou ser viciado em crack - lembra da figura?
O atual, Rui Pimenta, voltou a surpreender quem acompanha o caso pela imprensa contando dia desses a jornalistas que seu cliente é gay! Teria um caso de amor com o famigerado Macarrão, daí a sugestão ao comparsa para "resolvermos isso usando o plano B" em carta agora publicada pela Veja.
O trecho que a revista interpretou como um pedido para o amigo assumir sozinho a culpa pelo misterioso assassinato de Eliza Samudio seria, na verdade, um desejo secreto do goleiro para por fim à relação homoafetiva. Huuummm!!!
O advogado identificou "um claro caso de amor" entre os dois assim que pôs os olhos na frase "Bruno e Maka, a amizade nem mesmo a força do tempo irá destruir, amor verdadeiro (sic)" tatuada nas costas de Macarrão.
Enfim, sair da cadeia pela porta do armário pode ser uma estratégia de defesa nova em Direito Criminal, mas algo me diz que mais uma vez Bruno deu azar na escolha de seu advogado.
Fome de quê? Tão paulista quanto a Revolução Constitucionalista de 1932, o Dia da Pizza que hoje se comemora só ainda não ganhou status de feriado porque não surgiu no Brasil um movimento cívico que desse a devida conotação política à efeméride. Neste 10 de julho em especial, véspera da votação do processo de cassação de Demóstenes Torres no Senado, o Dia da Pizza merecia ser lembrado em praça pública não só pela vontade de comer.
Drummond na cabeça Em sua 10.ª edição, a Flip 2012 bateu o recorde de topadas de intelectual no calçamento pé-de-moleque das ruas do centro histórico de Paraty. Pra mais de 200 deram entrada no pronto-socorro municipal dizendo que "no meio do caminho tinha uma pedra".
Ô, raça! Nessas horas a gente torce para que não haja vida inteligente em outros planetas! Já pensou o que pensariam dos terráqueos vendo a corrida de touros do Festival de San Firmino nos telejornais de Marte?
Agenda positiva Ninguém gosta de fim de semana com chuva, mas até outubro haverá sempre o consolo de imaginar que o mau tempo também possa estragar o corpo a corpo de candidatos às eleições municipais.
Bico calado De Fernando Haddad sobre o bilhete que tirou num realejo aconselhando o candidato do PT a tomar cuidado com as más companhias: "Esse periquito é tucano!"
GenialO que a classe média mais adora nos filmes de Woody Allen são as cenas que não consegue entender direito. Sente-se até mais inteligente quando um personagem lhe escapa à compreensão. Se escangalha de rir quando acontece!
O fator ideológico - RODRIGO CONSTANTINO
O Globo - 10/07
O ano era 2002. Lula tinha sido eleito e escolhera Dilma para o Ministério de Minas e Energia. Os futuros ministros faziam reuniões com investidores para acalmar os tensos mercados. Eu trabalhava em uma grande gestora carioca. Estive em uma dessas reuniões com Dilma. Foi meu único encontro com a atual presidente.
Um dos presentes perguntou como o governo faria para atrair os necessários investimentos ao setor, uma vez que o discurso corrente era de que a rentabilidade não deveria ser elevada. Com dedo em riste e tom autoritário, Dilma disparou: "Quem foi que disse que é preciso ter alto retorno nesse setor?"
Eis o que eu queria dizer: desde então tenho como certo o fator ideológico entranhado em Dilma. Muitos falam em gestora eficiente, pragmática, mas eu só consigo enxergar ideologia.
Até mesmo o Itamaraty foi infectado pelo vírus ideológico, como ficou claro no caso do Paraguai. O Barão do Rio Branco, ao assumir o ministério das Relações Exteriores, declarou: "Não venho servir a um partido político: venho servir ao Brasil, que todos desejam ver unido íntegro, forte e respeitado." Ele não teria vez no governo Dilma, que se mostra apenas um capacho de Hugo Chávez.
O Prêmio Nobel de Economia Friedrich Hayek chamava a atenção para a "arrogância fatal" de certas ideologias. Seria basicamente a crença de que é possível controlar tudo nos mínimos detalhes, de cima para baixo. Planejadores centrais que desprezam sinais do mercado e pensam ser possível ignorá-lo para sempre: são os arrogantes. O fatal fica por conta dos estragos que costumam causar na economia.
Pois bem. A economia brasileira seguiu nos últimos anos um modelo claramente insustentável, calcado em crédito e consumo. O governo ignorou a necessidade de reformas estruturais que aumentassem a nossa produtividade. A farra foi boa enquanto durou, financiada pela acelerada expansão do crédito, possível pela alta no preço das commodities que exportamos para a China.
Esta fase de bonança se esgotou. O PIB cresceu apenas 2,7% em 2011, e este ano mal deve chegar a 2%, muito longe dos 4,5% que o ministro Mantega projetava. Para piorar, a inflação ainda segue acima do centro da elevada meta. Qual tem sido a reação do governo?
Ideológica, claro. Imbuído da falsa crença de que pode simplesmente estimular mais ainda o consumo e o crédito, o governo tem apelado para pacotes quase semanais. Os resultados são pífios ou negativos? Não tem problema. Basta aumentar a dose!
A ideia de que o consumo do governo pode estimular de forma sustentável o crescimento econômico não passa de uma falácia, que já foi refutada no século 19 por Bastiat. O economista francês citou o exemplo de uma janela quebrada para fazer seu ponto.
Algum vândalo joga uma pedra que estilhaça a janela de uma loja. Algumas pessoas tentam consolar o dono da loja alegando que ao menos ele estará gerando emprego ao consertar a janela. Afinal, se janelas nunca fossem quebradas, de que iriam viver os reparadores de janelas?
Esta linha de raciocínio míope ignora aquilo que não se vê de imediato. Sim, o conserto da janela iria propiciar um ganho para o vidraceiro. Mas o que seria feito desse dinheiro gasto caso a janela não tivesse sido quebrada? Qual o uso alternativo para este recurso escasso? Eis a questão!
O mesmo ocorre com o gasto público. O governo não produz riqueza. Para ele gastar, antes ele precisa tirar de alguém que produziu. Ele pode fazer isso por meio de impostos, emissão de dívida ou de moeda (imposto inflacionário).
De qualquer forma ele estará transferindo recursos de um lado para o outro, normalmente cobrando um grande pedágio por isso. Mas ele não estará criando riqueza. Logo, os gastos públicos não estimulam a economia: eles apenas retiram recursos do setor privado, que costuma alocá-los de forma bem mais eficiente.
Outro efeito perverso desta política é a seleção dos campeões, que deixa de ser feita pelo mercado (mérito) e passa a depender das escolhas do governo. No dia do anúncio do último pacote, o índice de ações da Bovespa caiu mais de 1%, mas as ações da Marcopolo subiram mais de 6%. O governo divulgou uma grande compra de caminhões para "estimular" o crescimento econômico. Alguém pagou por isso.
Esta ideologia centralizadora está fadada ao fracasso. Ela produz ineficiência e lobby por privilégios, mas não consegue aumentar a produtividade da economia. Infelizmente, a presidente acredita neste modelo, e vai insistir nele até quebrar a (nossa) cara. Não podemos desprezar o fator ideológico deste governo.
Plano de voo - MIRIAM LEITÃO
O GLOBO - 10/07
A crise internacional não terá solução rápida. Nenhum dos caminhos para o fim da crise, que o mercado comemora de vez em quando, é de execução simples ou de curto prazo. Os Estados Unidos têm mostrado menos dinamismo do que era de se esperar de sua economia nestes cinco anos em que tenta superar a crise. A China tem dado sinais de desaceleração. É com esse pano de fundo que tem que se pensar a estratégia para o Brasil.
A Europa vai demorar alguns anos para sair dessa crise. A alta das bolsas depois da última reunião foi provocada pela decisão de trabalhar pela união bancária e permitir o resgate dos bancos sem passar por endividamento dos Estados nacionais. A primeira decisão levará anos para ser concretizada. A segunda é um escapismo.
Que chance existe de que os bancos espanhóis sejam resgatados com dinheiro coletivo — na maior parte alemão — dos fundos de estabilização, sem que isso aumente a dívida do Estado espanhol? Acreditar nisso é apostar em cirurgia sem anestesia e sem dor. Ou em Papai Noel.
A maioria dos bancos espanhóis precisa ser capitalizada e isso vai significar aumento da dívida e aprofundamento dos seus compromissos fiscais. A economia espanhola não cresce, os ativos das famílias perdem valor com a queda do preço dos imóveis, e o mercado de trabalho não cria empregos, principalmente para os jovens. Na Itália, o problema bancário é menor, o desemprego é mais baixo, mas a dívida federal é muito maior como proporção do PIB.
A chanceler Angela Merkel tem sido contestada em sua própria coalizão. Como todos viram, recentemente, o governador da Bavária, Horst Seehofer, líder do CSU (Partido Social Cristão) fez fortes e públicas críticas a ela. E com o argumento oposto ao usado contra ela nos outros países da Zona do Euro. O governador considera que ela é condescendente demais. “Que sentido faz o parlamento alemão ficar discutindo como aplicar o pacto fiscal europeu, se no mesmo dia Merkel está concordando em flexibilizar esse pacto fiscal para outros países?”. O CSU é aliado do CDU (Partido Democrata Cristão), de Merkel. A crítica exibiu a rachadura na coalizão que governa a Alemanha.
A união bancária significa a construção de um edifício regulatório complexo que exigirá tempo, negociação, aprovação nos parlamentos, criação de seguro de depósitos conjuntos. Nenhuma etapa é simples.
No entanto, as bolsas subiram no mundo inteiro após a última reunião de cúpula da Zona do Euro, quando os líderes anunciaram um acordo no sentido de haver mais integração da Europa, tendo como primeiro passo a união bancária.
Foi, de fato, um alívio, já que a alternativa de menos Europa tem desdobramentos imprevisíveis, mas não existe qualquer solução de curto prazo para a Zona do Euro.
A China tem crescido a taxas altas há décadas. O único ano em que não cresceu foi em 1989 e, em consequência, enfrentou uma explosão de insatisfação social que foi calada pela força dos tanques sobre estudantes na Praça da Paz Celestial. Seu regime totalitário é incompatível com os projetos de potência. Mas ficando no curto prazo, a China tem dado sinais sucessivos de que está tendo dificuldades de manter seu ritmo de crescimento. A queda da inflação anunciada ontem, para inesperados 2,2%, abre espaço para estímulo monetário, mas anuncia também que o país está desacelerando.
O Brasil tem na China seu principal mercado. Foi o boom chinês que sustentou parte do crescimento brasileiro dos últimos anos, produziu o salto dos preços das commodities, elevou a Vale ao grupo das maiores empresas brasileiras em valor de mercado. No ambiente de crise que se espalhou no mundo, é até melhor depender da China do que dos outros centros mundiais. Mas bom mesmo é ter uma estrutura de comércio diversificada e não depender apenas de matérias-primas. O Brasil não sabe vender; ele é comprado. Tem uma atitude pouco agressiva no comércio internacional, depende de que o cliente procure seus produtos.
Essa é uma das mudanças a serem feitas. A outra é olhar o mercado interno com mais sabedoria e senso de construção de mudanças estruturais. Dezoito anos depois do Plano Real, o Brasil ainda não tem o projeto para o salto seguinte. Parece, inclusive, em pleno retrocesso. Discutir o fim do fator previdenciário sem ter uma reforma da previdência é uma insensatez. É preciso lidar com o fato incontornável de que a população está ficando mais velha e a previdência já tem um enorme déficit.
Maior investimento em educação é também inevitável. Não basta elevar o percentual do PIB de gastos dirigidos, é preciso saber o que se quer fazer com o dinheiro a mais dedicado à educação. É preciso ter um plano de melhoria da qualidade. Os exemplos dados aqui neste jornal, de sucesso de escolas públicas em áreas de baixa renda, mostram que em todas elas houve, na prática, um aumento da carga horária.
A lista das reformas não acaba aqui. Há muito o que fazer. E é completamente insano achar que para sustentar o crescimento basta empurrar as famílias para mais endividamento.
Ninguém comenta a gravidez na adolescência - ROSELY SAYÃO
FOLHA DE S.PAULO - 10/07
Meninas têm vidas de mulheres: vão a festas sem adultos, usam roupas provocantes, pensam em namorar
De modo geral, não temos nos preocupado muito com a gravidez indesejada entre adolescentes.
De quando em quando, vemos campanhas que alertam sobre a necessidade dos cuidados para evitar a gestação nessa etapa da vida, mas nada realmente consistente ocorre a esse respeito.
As famílias e as escolas, as maiores implicadas com a formação dos jovens, costumam ignorar o tema. É que é mesmo difícil trabalhar com essa questão. Para os pais, porque a conversa com os filhos a respeito da sexualidade e de suas consequências costuma ser ora constrangedora, ora camarada em demasia. Para as escolas, porque a educação sexual no espaço público exige preparo para ser praticada.
Temos muitos motivos para colocar o assunto em pauta. Desses, cito apenas dois: o início da vida sexual tem sido cada vez mais precoce e a ocorrência da gravidez entre garotas é uma causa importante de tentativa de suicídio. Para falar bem a verdade, com essas duas razões nem precisaríamos de outras, não é verdade? Vamos pensar a respeito delas.
Por que os jovens têm iniciado a vida sexual cada vez mais cedo? Podemos levantar algumas hipóteses.
Primeiramente, porque vivemos em uma sociedade hipersexualizada. O erotismo, inclusive, perdeu lugar porque agora o que vale é o sexo. Músicas, imagens, publicações: tudo transpira sexo.
Junto a essa estimulação exagerada, precisamos lembrar que a infância tem sido cada vez mais curta. Meninas com idade próxima dos 10 anos já têm vidas dignas de mulheres: frequentam festas sem adultos, usam vestimentas provocantes, pensam em namorar. Muitas não pensam, apenas: já aprenderam, pela experiência, a conjugar o verbo namorar.
Nós estamos diante de um fato bem recente: a adolescência antecede a puberdade. Dessa forma, quando o corpo faz a passagem do infantil para o adulto, as experiências de uma vida adulta já são diversas.
Entretanto, essas experiências não são suficientes para precipitar a maturidade.
Por isso, os jovens praticam o sexo adulto de forma infantil: sem compromisso com os resultados que podem advir de seus atos. Não se previnem da gravidez, tampouco das doenças sexualmente transmissíveis. E fica bem claro o motivo: porque eles ainda não desenvolveram o que chamamos de autocuidado. Esse conceito significa a atenção que se exerce sobre si mesmo e que, para ser praticado, exige maturidade.
Pois bem: quando a gravidez acontece, a jovem, em especial, se sente perdida. O que acontecerá com a vida dela estando grávida? Já que são imaturas, a maior preocupação das garotas costuma ser a reação dos pais. E, sem saber como resolver a questão, a ideia suicida surge como a melhor solução, mesmo que a jovem não consiga ter o exato alcance desse ato.
As famílias podem ajudar a evitar que a situação com os filhos atinja esse ponto. Proteger a infância dos filhos é uma medida que costuma ser benéfica, já que a prática sexual adulta não costuma ser atraente para crianças. Além disso, manter o interesse verdadeiro pela vida do filho e manter com ele conversas significativas -conversas, e não sermões- são atitudes que podem ajudar muito.
Por sua vez, as escolas bem que poderiam elaborar projetos de educação sexual para seus alunos. Projeto significa planejamento, preparo, pesquisa de estratégias, metodologia, formação dos docentes, conhecimento dos alunos etc. Nesse assunto, trabalhos espontaneístas não produzem bons efeitos.
Por incrível que pareça, algumas escolas tentam, mas adivinhe, caro leitor: muitos pais se opõem a essa medida. Por que será?
Uma coisa é certa: não é silenciando a respeito da gravidez na adolescência que resolveremos a questão.
Meninas têm vidas de mulheres: vão a festas sem adultos, usam roupas provocantes, pensam em namorar
De modo geral, não temos nos preocupado muito com a gravidez indesejada entre adolescentes.
De quando em quando, vemos campanhas que alertam sobre a necessidade dos cuidados para evitar a gestação nessa etapa da vida, mas nada realmente consistente ocorre a esse respeito.
As famílias e as escolas, as maiores implicadas com a formação dos jovens, costumam ignorar o tema. É que é mesmo difícil trabalhar com essa questão. Para os pais, porque a conversa com os filhos a respeito da sexualidade e de suas consequências costuma ser ora constrangedora, ora camarada em demasia. Para as escolas, porque a educação sexual no espaço público exige preparo para ser praticada.
Temos muitos motivos para colocar o assunto em pauta. Desses, cito apenas dois: o início da vida sexual tem sido cada vez mais precoce e a ocorrência da gravidez entre garotas é uma causa importante de tentativa de suicídio. Para falar bem a verdade, com essas duas razões nem precisaríamos de outras, não é verdade? Vamos pensar a respeito delas.
Por que os jovens têm iniciado a vida sexual cada vez mais cedo? Podemos levantar algumas hipóteses.
Primeiramente, porque vivemos em uma sociedade hipersexualizada. O erotismo, inclusive, perdeu lugar porque agora o que vale é o sexo. Músicas, imagens, publicações: tudo transpira sexo.
Junto a essa estimulação exagerada, precisamos lembrar que a infância tem sido cada vez mais curta. Meninas com idade próxima dos 10 anos já têm vidas dignas de mulheres: frequentam festas sem adultos, usam vestimentas provocantes, pensam em namorar. Muitas não pensam, apenas: já aprenderam, pela experiência, a conjugar o verbo namorar.
Nós estamos diante de um fato bem recente: a adolescência antecede a puberdade. Dessa forma, quando o corpo faz a passagem do infantil para o adulto, as experiências de uma vida adulta já são diversas.
Entretanto, essas experiências não são suficientes para precipitar a maturidade.
Por isso, os jovens praticam o sexo adulto de forma infantil: sem compromisso com os resultados que podem advir de seus atos. Não se previnem da gravidez, tampouco das doenças sexualmente transmissíveis. E fica bem claro o motivo: porque eles ainda não desenvolveram o que chamamos de autocuidado. Esse conceito significa a atenção que se exerce sobre si mesmo e que, para ser praticado, exige maturidade.
Pois bem: quando a gravidez acontece, a jovem, em especial, se sente perdida. O que acontecerá com a vida dela estando grávida? Já que são imaturas, a maior preocupação das garotas costuma ser a reação dos pais. E, sem saber como resolver a questão, a ideia suicida surge como a melhor solução, mesmo que a jovem não consiga ter o exato alcance desse ato.
As famílias podem ajudar a evitar que a situação com os filhos atinja esse ponto. Proteger a infância dos filhos é uma medida que costuma ser benéfica, já que a prática sexual adulta não costuma ser atraente para crianças. Além disso, manter o interesse verdadeiro pela vida do filho e manter com ele conversas significativas -conversas, e não sermões- são atitudes que podem ajudar muito.
Por sua vez, as escolas bem que poderiam elaborar projetos de educação sexual para seus alunos. Projeto significa planejamento, preparo, pesquisa de estratégias, metodologia, formação dos docentes, conhecimento dos alunos etc. Nesse assunto, trabalhos espontaneístas não produzem bons efeitos.
Por incrível que pareça, algumas escolas tentam, mas adivinhe, caro leitor: muitos pais se opõem a essa medida. Por que será?
Uma coisa é certa: não é silenciando a respeito da gravidez na adolescência que resolveremos a questão.
Pressão da CUT - MERVAL PEREIRA
O GLOBO - 10/07
A ameaça que o novo presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas — o primeiro bancário a assumir o cargo —, fez ontem, em entrevista à “Folha”, de levar às ruas seus associados caso considerem que o julgamento do men-salão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) foi “político” e não “técnico”, é mais um dos vários movimentos de pressão que os petistas estão levando a cabo nos últimos meses.
A CUT e os sindicatos estão perdendo força no governo Dilma, que, segundo ele, tem sido “inflexível” nas negociações com os servidores federais, em greve há um mês por aumento de salários.
O ex-presidente Lula deve participar da posse do novo presidente da CUT, mas não está prevista a presença da presidente Dilma.
A ameaça, que certamente é um erro estratégico que já foi abandonado por José Dirceu, pode ser uma maneira de a CUT fortalecer os laços com o PT e forçar uma negociação em melhores bases com o governo federal.
Mas, em relação ao Supremo, o resultado deve ser o mesmo incômodo que Dirceu provocou ao conclamar a Juventude Socialista e a UNE a sair às ruas para defendê-lo no processo do mensalão.
Ameaçar o Supremo, especialmente com a truculência dos sindicalistas, não é a melhor posição para os réus, e isso os advogados já haviam prevenido a eles.
E o que seria um julgamento “técnico”? Um cujo resultado seja a absolvição de todos os mensalei-ros? E uma eventual condenação de petistas seria indicativo de que o julgamento foi “político”?
Lula teve uma trajetória interessante da sua fase de líder sindicalista até a Presidência da República. Ele defendia o fim da Era Vargas, dizia que a CLT é o “AI-5 dos trabalhadores” e ironizava Vargas como sendo o “pai dos pobres e mãe dos ricos”.
Hoje, a CLT e a unicida-de sindical (apenas um sindicato por categoria em cada município), marcos da Era Vargas, persistem e foram aprofundados com o reconhecimento das centrais sindicais e o aparelhamento do Estado, atualizando o pele-guismo e o corporativismo.
A lei sancionada pelo presidente Lula que reconhece as centrais sindicais teve um veto ao artigo que determinava ao Tribunal de Contas da União (TCU) a fiscalização do imposto sindical compulsório que passaram a receber, sob a alegação de que o governo respeita a autonomia e a liberdade sindicais.
Essa é apenas uma desculpa esfarrapada, pois, na medida em que as centrais sindicais passaram a receber um dinheiro da contribuição compulsória dos trabalhadores, por força de uma decisão governamental, a independência já está comprometida.
O dinheiro é público, porque ele é tirado à força a partir de um poder que só o Estado tem. O dinheiro que o trabalhador é obrigado a dar aos sindicatos deixa de ser privado, passa a ser um imposto, afirmam especialistas.
O imposto sindical é um resíduo do sindicalismo pelego, criado por Getulio Vargas, que considerava os sindicatos como entidades “auxiliares do Estado”.
Essa verdadeira “república sindicalista” foi sendo moldada à medida que decisões ampliaram o espaço de atuação e revitalizaram as finanças do sistema sindical brasileiro.
O governo Lula passou a negociar diretamente com os sindicalistas o aumento do salário mínimo, por exemplo, antes de enviá-lo ao Congresso. Autorizou também os sindicatos a criar cooperativas de créditos.
Além disso, permitiu-lhes instituir, na reforma da Previdência Social, planos de previdência complementar. Como as regras só permitem planos de previdência fechados, os sindicatos não terão muita concorrência privada.
Uma medida em especial reforçou o poder de fogo das centrais sindicais: a autorização para que empréstimos sejam dados com desconto na folha de pagamento, com a intermediação dos sindicatos, o famoso crédito consignado.
A lei 11.648/2008 ressuscitou o papel do Estado como indutor da organização sindical, criando as centrais, que não existiam legalmente. O PT e a CUT, do deputado Vicen-tinho, aliaram-se à Força Sindical, do deputado Paulinho, do mesmo PDT do ministro do Trabalho, e aprovaram a lei a título de “reconhecimento histórico” das centrais.
Na Constituinte de 1988, o modelo sindical da Era Vargas foi superado em parte, e a associação profissional ou sindical passou a ser “livre”, determinando ainda a Constituição que “a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical”.
As centrais sindicais não faziam parte da pirâmide organizacional sindical, espelhavam uma realidade (e, sobretudo a CUT, tinham grande força de coordenar os sindicatos e a ação sindical), mas não faziam parte do arcabouço jurídico que estruturara esse modelo sindical.
Pela Constituição, o Estado “não tem de legitimar ou autorizar o funcionamento de entidades sindicais e fica-lhe vedado interferir ou intervir em qualquer organização sindical”. A “legalização” das centrais sindicais foi chamada de “pelegalização”.
É nesse ambiente que o novo presidente da CUT tomará posse, já com uma vasta agenda política que se encaixaria melhor no governo Lula do que no de Dilma.
Na coluna de domingo usei a expressão “fundos de pensões”, quando o correto é “fundos de pensão”.
A ameaça que o novo presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas — o primeiro bancário a assumir o cargo —, fez ontem, em entrevista à “Folha”, de levar às ruas seus associados caso considerem que o julgamento do men-salão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) foi “político” e não “técnico”, é mais um dos vários movimentos de pressão que os petistas estão levando a cabo nos últimos meses.
A CUT e os sindicatos estão perdendo força no governo Dilma, que, segundo ele, tem sido “inflexível” nas negociações com os servidores federais, em greve há um mês por aumento de salários.
O ex-presidente Lula deve participar da posse do novo presidente da CUT, mas não está prevista a presença da presidente Dilma.
A ameaça, que certamente é um erro estratégico que já foi abandonado por José Dirceu, pode ser uma maneira de a CUT fortalecer os laços com o PT e forçar uma negociação em melhores bases com o governo federal.
Mas, em relação ao Supremo, o resultado deve ser o mesmo incômodo que Dirceu provocou ao conclamar a Juventude Socialista e a UNE a sair às ruas para defendê-lo no processo do mensalão.
Ameaçar o Supremo, especialmente com a truculência dos sindicalistas, não é a melhor posição para os réus, e isso os advogados já haviam prevenido a eles.
E o que seria um julgamento “técnico”? Um cujo resultado seja a absolvição de todos os mensalei-ros? E uma eventual condenação de petistas seria indicativo de que o julgamento foi “político”?
Lula teve uma trajetória interessante da sua fase de líder sindicalista até a Presidência da República. Ele defendia o fim da Era Vargas, dizia que a CLT é o “AI-5 dos trabalhadores” e ironizava Vargas como sendo o “pai dos pobres e mãe dos ricos”.
Hoje, a CLT e a unicida-de sindical (apenas um sindicato por categoria em cada município), marcos da Era Vargas, persistem e foram aprofundados com o reconhecimento das centrais sindicais e o aparelhamento do Estado, atualizando o pele-guismo e o corporativismo.
A lei sancionada pelo presidente Lula que reconhece as centrais sindicais teve um veto ao artigo que determinava ao Tribunal de Contas da União (TCU) a fiscalização do imposto sindical compulsório que passaram a receber, sob a alegação de que o governo respeita a autonomia e a liberdade sindicais.
Essa é apenas uma desculpa esfarrapada, pois, na medida em que as centrais sindicais passaram a receber um dinheiro da contribuição compulsória dos trabalhadores, por força de uma decisão governamental, a independência já está comprometida.
O dinheiro é público, porque ele é tirado à força a partir de um poder que só o Estado tem. O dinheiro que o trabalhador é obrigado a dar aos sindicatos deixa de ser privado, passa a ser um imposto, afirmam especialistas.
O imposto sindical é um resíduo do sindicalismo pelego, criado por Getulio Vargas, que considerava os sindicatos como entidades “auxiliares do Estado”.
Essa verdadeira “república sindicalista” foi sendo moldada à medida que decisões ampliaram o espaço de atuação e revitalizaram as finanças do sistema sindical brasileiro.
O governo Lula passou a negociar diretamente com os sindicalistas o aumento do salário mínimo, por exemplo, antes de enviá-lo ao Congresso. Autorizou também os sindicatos a criar cooperativas de créditos.
Além disso, permitiu-lhes instituir, na reforma da Previdência Social, planos de previdência complementar. Como as regras só permitem planos de previdência fechados, os sindicatos não terão muita concorrência privada.
Uma medida em especial reforçou o poder de fogo das centrais sindicais: a autorização para que empréstimos sejam dados com desconto na folha de pagamento, com a intermediação dos sindicatos, o famoso crédito consignado.
A lei 11.648/2008 ressuscitou o papel do Estado como indutor da organização sindical, criando as centrais, que não existiam legalmente. O PT e a CUT, do deputado Vicen-tinho, aliaram-se à Força Sindical, do deputado Paulinho, do mesmo PDT do ministro do Trabalho, e aprovaram a lei a título de “reconhecimento histórico” das centrais.
Na Constituinte de 1988, o modelo sindical da Era Vargas foi superado em parte, e a associação profissional ou sindical passou a ser “livre”, determinando ainda a Constituição que “a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical”.
As centrais sindicais não faziam parte da pirâmide organizacional sindical, espelhavam uma realidade (e, sobretudo a CUT, tinham grande força de coordenar os sindicatos e a ação sindical), mas não faziam parte do arcabouço jurídico que estruturara esse modelo sindical.
Pela Constituição, o Estado “não tem de legitimar ou autorizar o funcionamento de entidades sindicais e fica-lhe vedado interferir ou intervir em qualquer organização sindical”. A “legalização” das centrais sindicais foi chamada de “pelegalização”.
É nesse ambiente que o novo presidente da CUT tomará posse, já com uma vasta agenda política que se encaixaria melhor no governo Lula do que no de Dilma.
Na coluna de domingo usei a expressão “fundos de pensões”, quando o correto é “fundos de pensão”.
Ueba! Bruno comeu Macarrão! - JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 10/07
E diz que a Libertadores é igual a Suelen. Todo mundo já pegou! Rarará! E ontem, 9 de julho, foi feriado em São Paulo. Revolução Constitucionalista. São Paulo brigou com o país inteiro. Deviam ser os fundadores do PSDB! Rarará! E perdemos! Perdemos a guerra, mas ganhamos um feriado. Valeu a pena!
E foi feriado porque São Paulo brigou com o país inteiro. Aí paulista vai viajar no feriado e briga com o país inteiro. "Rápido, se fosse em São Paulo essa comida já estaria pronta." "Rápido, dez horas pra fazer uma caipirinha?". "Se fosse em São Paulo, esse pneu já tava trocado há dias." "Esse macarrão tá uma droga!". Rarará! Paulista leva o stress pra passear! Rarará!
E o Neymar? O Neymar vai virar "gramólogo". Vive estatelado na grama! Ou se jogando ou chutado! Tem que ter rodízio pra chutar o Neymar! E jogou de penteado novo. O Neymar já teve três penteados: Mamute da "Era do Gelo", Pônei Maldito, Pica-pau de Chapinha e agora Índio Quer Apito! Aquilo não é mais chapinha. É chapa de padaria! Rarará. O Neymar não usa mais chapinha. Usa a chapa da padaria!
E é o mais velho do ataque do Santos. Faixa etária do ataque do Santos: bezerro desmamado. Se juntar todos, não dá a idade do Pelé! Rarará! Grau de escolaridade: maternal incompleto. Rarará! E, quando dizem que o Neymar tá no aquecimento, ele tá no secador. E depois do aquecimento tem o alisamento! Rarará! Treino de jogador brasileiro: treinamento e alisamento! Rarará! É mole? É mole, mas sobe!
Predestinados! Operadora de telemarketing: Regina Meliga! Não, por favor, não me liga não! Rarará! E o famoso proctologista em Botafogo: Fernando Pinto Bravo. Pinto antissocial! Rarará!
E tchau. Porque trabalhar em feriadão dá corcunda de computador, nó nas tripas, entojo, zumbido no zovido, inflamação na prósta e dormência numa banda do corpo! E como disse o outro: "Sábado, domingo e segunda em casa. Santa Revolução de 32!". Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza! Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
Na pressão da estreia - JANIO DE FREITAS
FOLHA DE SP - 10/07
Convém saber o que será considerado julgamento político pelo novo comando da CUT no caso do mensalão
A AMEAÇA até faz lembrar, pelo tom e pela pretensão, os últimos meses antes do golpe de 64. A carga de pressão lançada contra o Supremo Tribunal Federal, em sugestiva estreia do novo presidente da CUT, é uma caricatura das ameaças multiplicadas, a cada dia daqueles tempos, pelo sindicalismo e suas centrais.
Vagner Freitas adverte os ministros do STF de que o julgamento do mensalão "não pode ser um julgamento político", e, "se isso ocorrer, nós [a CUT] iremos para as ruas". Seria então, quando menos, um sinal de que a CUT ainda respira, depois de docilmente sufocada pelos oito anos presidenciais de Lula.
Mas Vagner Freitas não explicita os critérios pelos quais julgará o julgamento, se político ou não. Ou seja, em que circunstâncias emitirá a ordem de ação que porá a CUT nas ruas. A rigor, o problema em aberto é ainda maior: a ameaça não foi ilustrada nem sequer por algum indício, qualquer um, de que tais critérios existam no novo comando da CUT.
Não só aos ministros do Supremo, mas a todo o país convém saber o que será considerado, ou não, julgamento político e, portanto, indutor de quebra da estabilidade política e social vigente. Pois é disso que fala Vagner Freitas. "Não queremos um país desestabilizado por uma luta político-partidária" para exprimir um desejo que é geral, mas é uma frase dúbia.
Pode exprimir uma visão exagerada de um possível julgamento politizado, mas também pode insinuar reações extremadas. Ou capazes de desestabilizar o país.
Apenas por curiosidade política, ou metida a sociológica, a mim agradaria um esclarecimento especial de Vagner Freitas (jamais confundir, por favor, com Vagner Love, pacífico salvador do Flamengo, nem com outros Freitas sem poder).
De que modo e por que a contraposição de petistas e seus adversários, a propósito do julgamento, "poderia colocar em risco os avanços sociais conquistados pelo país após a chegada do PT ao poder"? [estas aspas reproduzem a repórter Mariana Carneiro ao transcrever Vagner Freitas].
É uma relação esquisita, esta entre a divergência política e a derrubada das conquistas sociais.
Como resultado preliminar da estreia do novo presidente da CUT, pode-se pôr em sua conta a provável reação lógica e natural de um ou outro ministro, ou de vários: até sem a percepção de que o fazem, calcar no rigor de tal ou qual voto, para afirmar e afirmar-se a sua indiferença a pressões e ameaças.
Convém saber o que será considerado julgamento político pelo novo comando da CUT no caso do mensalão
A AMEAÇA até faz lembrar, pelo tom e pela pretensão, os últimos meses antes do golpe de 64. A carga de pressão lançada contra o Supremo Tribunal Federal, em sugestiva estreia do novo presidente da CUT, é uma caricatura das ameaças multiplicadas, a cada dia daqueles tempos, pelo sindicalismo e suas centrais.
Vagner Freitas adverte os ministros do STF de que o julgamento do mensalão "não pode ser um julgamento político", e, "se isso ocorrer, nós [a CUT] iremos para as ruas". Seria então, quando menos, um sinal de que a CUT ainda respira, depois de docilmente sufocada pelos oito anos presidenciais de Lula.
Mas Vagner Freitas não explicita os critérios pelos quais julgará o julgamento, se político ou não. Ou seja, em que circunstâncias emitirá a ordem de ação que porá a CUT nas ruas. A rigor, o problema em aberto é ainda maior: a ameaça não foi ilustrada nem sequer por algum indício, qualquer um, de que tais critérios existam no novo comando da CUT.
Não só aos ministros do Supremo, mas a todo o país convém saber o que será considerado, ou não, julgamento político e, portanto, indutor de quebra da estabilidade política e social vigente. Pois é disso que fala Vagner Freitas. "Não queremos um país desestabilizado por uma luta político-partidária" para exprimir um desejo que é geral, mas é uma frase dúbia.
Pode exprimir uma visão exagerada de um possível julgamento politizado, mas também pode insinuar reações extremadas. Ou capazes de desestabilizar o país.
Apenas por curiosidade política, ou metida a sociológica, a mim agradaria um esclarecimento especial de Vagner Freitas (jamais confundir, por favor, com Vagner Love, pacífico salvador do Flamengo, nem com outros Freitas sem poder).
De que modo e por que a contraposição de petistas e seus adversários, a propósito do julgamento, "poderia colocar em risco os avanços sociais conquistados pelo país após a chegada do PT ao poder"? [estas aspas reproduzem a repórter Mariana Carneiro ao transcrever Vagner Freitas].
É uma relação esquisita, esta entre a divergência política e a derrubada das conquistas sociais.
Como resultado preliminar da estreia do novo presidente da CUT, pode-se pôr em sua conta a provável reação lógica e natural de um ou outro ministro, ou de vários: até sem a percepção de que o fazem, calcar no rigor de tal ou qual voto, para afirmar e afirmar-se a sua indiferença a pressões e ameaças.
Central Única dos Aloprados? - ELIANE CANTANHÊDE
FOLHA DE SP - 10/07
BRASÍLIA - Tem alguma coisa invertida nessa história: a maior central sindical do país não se mobilizou para protestar contra nenhum dos escândalos e escandalosos nacionais pós-2003 e agora fala em "ataque à democracia", ameaçando "ir às ruas" para defender os réus do mensalão. Dá para entender?
Segundo o atual presidente da CUT, Artur Henrique, "o ataque à democracia" que ocorreu no Paraguai pode se repetir no Brasil: "Ou não foi isso que tentaram neste país em 2005? Ou não tentaram depor e derrubar o presidente Lula com o apoio da imprensa?", disse ele ontem, no congresso da central. E decretou: "Não vamos permitir a volta dos tucanos, do PSDB".
Seu sucessor, Vagner Freitas, avisou, antes mesmo de assumir, que está de olho no julgamento do mensalão: "Não pode ser um julgamento político. Se isso ocorrer, iremos às ruas", disse, pronto para uma guerra, como se estivesse de dedo em riste na cara do Supremo Tribunal Federal.
São deveras curiosos esses arroubos democráticos, mas vamos ao que mais interessa: as greves. Sem falar no setor privado, os professores de universidades federais estão parados há um mês e meio e funcionários de 12 órgãos federais cruzaram os braços. Dilma acaba de mandar cortar o ponto dos faltosos. E isso não é nada, perto do que vem por aí.
A data-base de algumas das categorias mais poderosas, como metalúrgicos, químicos, petroleiros, bancários e carteiros, é no segundo semestre, a partir justamente de agosto -que vem a ser o mês do julgamento do mensalão. Vai ficar animado.
A dúvida, hoje, é se a CUT vai para as ruas a favor dos mensaleiros de Lula, contra o Supremo, ou se vai a favor dos trabalhadores, contra Dilma. Em última instância: a favor de Lula e contra Dilma?
BRASÍLIA - Tem alguma coisa invertida nessa história: a maior central sindical do país não se mobilizou para protestar contra nenhum dos escândalos e escandalosos nacionais pós-2003 e agora fala em "ataque à democracia", ameaçando "ir às ruas" para defender os réus do mensalão. Dá para entender?
Segundo o atual presidente da CUT, Artur Henrique, "o ataque à democracia" que ocorreu no Paraguai pode se repetir no Brasil: "Ou não foi isso que tentaram neste país em 2005? Ou não tentaram depor e derrubar o presidente Lula com o apoio da imprensa?", disse ele ontem, no congresso da central. E decretou: "Não vamos permitir a volta dos tucanos, do PSDB".
Seu sucessor, Vagner Freitas, avisou, antes mesmo de assumir, que está de olho no julgamento do mensalão: "Não pode ser um julgamento político. Se isso ocorrer, iremos às ruas", disse, pronto para uma guerra, como se estivesse de dedo em riste na cara do Supremo Tribunal Federal.
São deveras curiosos esses arroubos democráticos, mas vamos ao que mais interessa: as greves. Sem falar no setor privado, os professores de universidades federais estão parados há um mês e meio e funcionários de 12 órgãos federais cruzaram os braços. Dilma acaba de mandar cortar o ponto dos faltosos. E isso não é nada, perto do que vem por aí.
A data-base de algumas das categorias mais poderosas, como metalúrgicos, químicos, petroleiros, bancários e carteiros, é no segundo semestre, a partir justamente de agosto -que vem a ser o mês do julgamento do mensalão. Vai ficar animado.
A dúvida, hoje, é se a CUT vai para as ruas a favor dos mensaleiros de Lula, contra o Supremo, ou se vai a favor dos trabalhadores, contra Dilma. Em última instância: a favor de Lula e contra Dilma?
Livre-arbítrio - DORA KRAMER
O Estado de S.Paulo - 10/07
O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, não poderia ter sido mais claro na entrevista que deu à Folha de S. Paulo neste domingo.
Por enquanto não quer briga nem rompimentos com a presidente Dilma Rousseff, muito menos com o ex-presidente Lula, só que não renuncia à sua autonomia político-partidária.
Não vincula seu destino e seus movimentos às conveniências do PT, tem uma visão bastante objetiva sobre o significado de alianças e nem de longe considera que a parceria com o governo federal inclua cláusula de submissão incondicional.
Portanto, qualquer que tenha sido o teor da conversa durante o jantar marcado para ontem com a presidente da República, certamente não se poderá dar ao encontro a conotação de "enquadramento" tão ao gosto das versões oriundas do Palácio do Planalto.
O governador pernambucano vem se destacando no cenário como um fato novo: não faz o esparramo de um Ciro Gomes, não vocifera no vazio como alguns oposicionistas, não é ladino ao molde de diversos aliados do governo e fala com todos os efes e erres exatamente o que dez entre dez políticos ditos governistas vivem resmungando pelos cantos.
E o que murmuram? Que o PT não respeita procedimentos, desqualifica os aliados (os adversários, aniquila), faz jogo duplo, atropela regras e só pensa em si. Atua com o único propósito de consolidar seu projeto de poder numa dinâmica de desconsideração total em relação aos projetos dos parceiros que são tratados como meros anexos.
Com isso, cria problemas e não constrói soluções para o governo.
Por ora Eduardo Campos não parece se apresentar como candidato a presidente da República em 2014, embora seja ótimo para ele que assim apareça nas análises do quadro político: vai configurando-se como uma opção fora da dicotomia PT-PSDB e atrai possibilidades de alianças. "Adensa o entorno", como se costuma dizer.
Se o governo se perder, a oposição não se achar, as circunstâncias permitirem e as condições objetivas estiverem postas, evidentemente o governador poderá ser uma hipótese viável de alternância já na próxima eleição.
Nada demais, não fosse o fato de o PT não lidar bem com a autonomia alheia e, por isso, enxergar em Eduardo Campos um inimigo a ser combatido.
Na perspectiva petista exibe o pior dos defeitos: tem projeto (aqui não entramos no mérito se bom ou ruim) e o executa nos limites da independência permitida a quem atua no mesmo campo em âmbito nacional sem, contudo, abrir mão do livre-arbítrio.
Assim ocorreu na decisão de lançar candidato no Recife quando enxergou o risco de se tornar refém das brigas do PT e assim, pelo jeito, Eduardo Campos atuará daqui em diante.
Politizado está. CUT promete ir "às ruas" contra a politização do julgamento do processo do mensalão.
Como não é de se supor que os sindicalistas pretendam transmitir ensinamentos legais aos ministros doSupremo Tribunal Federal nem tratar tecnicamente do conteúdo dos autos nessas manifestações, a central fará exatamente o que nega aos que pensam de forma diferente em relação ao processo: vai expor politicamente suas posições.
Tem todo direito. Desde que não pretenda se associar a ações de insurgência contra quaisquer que sejam as decisões do STF ou impor como verdade versões manipuladas dos fatos.
Caso isolado. O apoio do PMDB ao candidato do PT à Prefeitura de Belo Horizonte tem sido visto como uma tentativa de aumentar o cacife do partido junto ao Planalto, mas a decisão se baseou na conveniência local.
É como diz um dirigente pemedebista: se quisesse fazer algum gesto de impacto nacional, o vice-presidente Michel Temer teria aproveitado o momento da desistência de Luiza Erundina e tentado levar Gabriel Chalita a desistir da candidatura em São Paulo para ocupar o lugar de vice de Fernando Haddad.
MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO
FOLHA DE SP - 10/07
Setores de seguro e agrícola medem impacto climático
Uma pequena variação climática, que cause prejuízo inferior a 30% na produção de cana, pode acarretar perdas de R$ 1,4 bilhão à arrecadação federal, segundo a FenSeg (Federação Nacional de Seguros Gerais).
O mesmo desvio tem impactos de R$ 1,6 bilhão ao ano no caso da soja, de mais de R$ 700 milhões no milho e de quantidades semelhantes para o cultivo de café.
Os dados fazem parte de um novo estudo que será levado ao governo nesta semana pelo setor, de acordo com o presidente da comissão de seguro rural da entidade, Luiz Roberto Foz.
"Isso é muito maior do que o valor oferecido pelo governo em subvenções por ano. E precisamos também considerar os efeitos sociais não mensurados, como o desemprego", afirma.
Para 2015, a estimativa da FenSeg é que a subvenção ao seguro rural chegue a R$ 540 milhões.
"Para a safra 2012/2013, que se inicia em julho, estão previstos R$ 400 milhões, sendo R$ 214 milhões liberados até o fim do ano", informa a entidade.
A subvenção é um subsídio oferecido pelo governo aos agricultores para ajudá-los a bancar o custo do seguro de suas produções.
O recurso é pago diretamente às seguradoras, para cobrir prejuízos causados por danos como incêndios, chuvas excessivas, secas e outros.
O setor pressiona pela elevação do apoio do governo para a expansão da cobertura segurada no país.
Após dois anos, Brasil volta a ter deficit com Japão
Depois de dois anos com superavit na balança comercial com o Japão, o Brasil registrou deficit de US$ 629,7 milhões com o país asiático no primeiro semestre de 2012.
O principal motivo para a mudança, segundo especialistas, é a recuperação da economia japonesa após o terremoto de março de 2011.
"Nessa situação, é normal que o país diminua as suas importações", diz o professor do Insper Régis Braga.
As exportações brasileiras para o Japão no primeiro semestre deste ano atingiram US$ 3,6 bilhões, o que representa queda de 13% ante o mesmo período de 2011.
Além da diminuição das vendas, o Brasil aumentou as importações do Japão. No mesmo período, as compras de produtos japoneses passaram de US$ 3,9 bilhões para US$ 4,2 bilhões.
No ano passado, após o terremoto de março, o Brasil havia registrado deficit em apenas um dos nove meses restantes. Em 2012, só não houve deficit em abril e junho.
CLIENTE MONITORADO
A empresa de segurança eletrônica ADT-Tyco adquiriu a carteira de clientes da Alarmes Brasil, companhia com atuação concentrada na Grande São Paulo e na região de Osasco.
"O negócio acaba de ser fechado e representa aumento de cerca de 25% em nossa base de clientes. É mais um passo para o crescimento", diz Michael Roubicek, gerente-geral da ADT-Tyco.
Após a operação, a meta é elevar a atuação no segmento de residências e estabelecimentos comerciais.
A empresa, que trabalha também com grandes indústrias, acaba de fechar contrato com uma companhia de papel e celulose para montar o sistema de monitoramento por circuito fechado de TV da produção. O sistema prevê detecção, alarme e combate a incêndio da fábrica.
estaleiro no sul
Com investimento inicial de R$ 20 milhões, a gaúcha Petrosul, empresa que faz transporte de mercadorias agrícolas entre Porto Alegre e o porto de Rio Grande, construirá um estaleiro para consertar embarcações.
"A âncora do projeto é atender nossas próprias necessidades, mas é claro que também vamos oferecer o serviço para terceiros", afirma o presidente da empresa, João Alberto Difini.
O projeto da companhia prevê ainda instalações que poderão seu usadas, futuramente, na construção de barcos de cerca de 120 metros, de acordo com Difini.
A área onde o empreendimento será instalado, de 30 hectares em Guaíba (30 quilômetros de Porto Alegre), já foi adquirida.
INCENTIVO AO AGRONEGÓCIO
A isenção de impostos e a queda da taxa básica de juros têm aumentado a procura de investidores por LCA (Letra de Crédito do Agronegócio).
Em junho passado, o estoque desse tipo de título na Cetip ultrapassou a marca de R$ 20 bilhões.
"É um produto que depende do lastro de crédito rural. Os bancos têm um limite, não podem emitir quando querem", diz Claudio Amaury, gerente da Cetip.
Devido à restrição, bancos permitem que apenas parte da clientela aplique em LCA.
"Inicialmente era para quem tinha mais de US$ 1 milhão, mas agora baixaremos a taxa", afirma Rogério Lot, diretor de Private Banking do Banco do Brasil, que chegou a R$ 12 bilhões em operações do título no mês passado.
Para Charles Ferraz, superintendente de Private Banking do Itaú Unibanco, a isenção tributária torna a remuneração do título "bem interessante". "O governo abre mão de receita tributária para incentivar o setor agrícola."
LIGAÇÃO LIBERADA
Um mês após receber prazo da Justiça para parar de vender celulares a pessoas físicas, a Nextel conseguiu reverter a situação.
A operadora tem licença para comercializar apenas com empresas ou grupos de pessoas associadas por uma atividade específica (profissionais de uma mesma organização, por exemplo).
A Tim afirma que a operadora não pode formar os grupos para os quais vende.
O Tribunal de Justiça de São Paulo, porém, decidiu em favor da Nextel, cuja comercialização foi novamente liberada. Cabe recurso.
"O regulamento da Anatel não diz que as pessoas precisam ir de mãos dadas à loja para comprar o produto", diz o diretor jurídico da Nextel, Luis Fernando de Almeida.
Em nota, a Tim esclarece que irá recorrer.
Humor... A confiança do consumidor americano para julho não subiu nem um ponto em relação ao mês anterior, de acordo com índice da empresa Ipsos. Passou de 46,1 para 47,0 (em escala que vai de zero a cem).
...americano Desde o começo do ano, o índice está em torno dos 46,5. O indicador que mede a expectativa em relação ao nível de emprego subiu um ponto -de 53,5 para 54,5-, mas ainda está em patamar inferior ao registrado em janeiro.
Socorro As principais causas de chamadas de segurados quando precisam de atendimento são pane do veículo (74,3%), acidente material (14,1%), pneu furado (6,4%) e chaveiro (3,2%), diz ranking da Liberty Seguros de maio.
Prazo Com a implantação do Sped (Sistema Público de Escrituração Digital), 7% dos arquivos não foram entregues no prazo neste ano, segundo levantamento da FiscoSoft, que atua como fornecedora de informações fiscais e legais.
DIA DE ROCK - MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 10/07
CORRE-CORRE
A peça "Maratona de Nova York" teve estreia para convidados no teatro Cacilda Becker, no fim de semana. Dirigido por Bel Kutner, o espetáculo traz dois personagens (Anderson Müller e Raoni Carneiro) que se preparam para a corrida. Estavam na plateia os atores Celso Bernini, Zezé Polessa e Miá Mello.
NORAH VEM AÍ
A cantora e pianista americana Norah Jones desembarca no Brasil em dezembro com sua nova turnê. Ela fará três shows no país: no dia 12, em Porto Alegre, no dia 15, em São Paulo, e no dia 16, no Rio. Norah apresentará seu novo disco, "Little Broken Hearts". A produtora XYZ Live não confirma.
DETALHE
Teve resultado prático a iniciativa do ministro Luiz Fux, do STF (Supremo Tribunal Federal), de pedir vista e adiar o julgamento sobre as atribuições do Ministério Público em investigações criminais: impediu que eventual decisão contrária ao MP "contaminasse" o julgamento do mensalão.
FONTES
Caso o STF decidisse que o MP não pode realizar investigações, advogados dos réus poderiam pedir a anulação de todos os procedimentos enquadrados nesta conduta. E a anulação de todas as provas obtidas por procuradores. Um dos defensores de réus do mensalão consultado pela coluna concordou. Mas ponderou que boa parte das principais evidências foi obtida pela polícia e na CPI.
MADE IN BRAZIL
A Fundação Biblioteca Nacional vai lançar uma revista no exterior para promover autores brasileiros lá fora. Serão edições trimestrais, em inglês e espanhol, num projeto que mobiliza também Itamaraty, Imprensa Oficial e Itaú Cultural.
MADE IN BRAZIL 2
Segundo Galeno Amorim, presidente da Biblioteca, um conselho editorial está sendo formado para bater o martelo sobre os primeiros escritores traduzidos, entre nomes clássicos e contemporâneos. Os custos da publicação "virão um pouquinho" de cada entidade envolvida.
BANDEIRA
A ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos) pretende apresentar em agosto o plano de trabalho para comitês nacional e estaduais de combate à homofobia, durante reunião do Conselho Nacional LGBT.
Uma das ideias é ampliar e promover nos Estados o disque-homofobia, usado para relatar casos de violência contra homossexuais.
É MEU
Daniel Filho decidiu que ele próprio vai dirigir o filme "Confissões de Adolescente", projeto de sua produtora, a Lereby. Chamou Cris D'Amato, com quem já trabalhou em "Chico Xavier", para codirigir. Um primeiro roteiro foi escrito por Ana Maria Moretzsohn (de "Fera Ferida" e "Malhação").
UM BOLÃO
"Neymar Game" é um sucesso na Finlândia e na Suécia, onde ocupa o 7º lugar entre os jogos mais baixados para celular. No Brasil, está na segunda posição em número de downloads entre aplicativos de esporte, desde o lançamento na sexta.
Para fazer embaixadas virtuais com o craque, o internauta paga US$ 0,99 na App Store e no Google Play (para iOS e Android).
'FIQUEI FELIZ POR DILMA NÃO ENCONTRAR AHMADINEJAD'
A ativista iraniana Mina Ahadi, porta-voz do Comitê Internacional Contra o Apedrejamento de Mulheres, participou na semana passada do Fórum Mulheres Reais que Inspiram, organizado por Ana Paula Padrão. Ela falou à coluna por e-mail.
Folha - Quais os exemplos de violência contra mulheres nos países ocidentais?
Mina Ahadi - No ocidente existem formas de violência à mulher como a doméstica, a prostituição e o estupro. Não há apedrejamento. Entretanto, os governos ocidentais têm ajudado aqueles que defendem o apedrejamento a ganhar o poder. Eles não ajudam a conter o avanço da política contra a mulher nos países de regime islâmico. E eles têm mantido o silêncio sobre esse e outros crimes, como o apartheid de gêneros.
É possível pensar em um mundo sem apedrejamento de mulheres?
Sim, claro! Com a campanha contra a execução de Sakineh Ashtiani [condenada por adultério], o Comitê Internacional Contra Apedrejamento conseguiu suspender o ato contra ela. Os aiatolás da República Islâmica começaram a pensar em formas alternativas de punição. Esse é o começo do fim dessa violência por outros governos islâmicos. O apedrejamento é uma vergonha para a humanidade e precisa se tornar algo do passado. A Organização das Nações Unidas deveria propor um documento que condene e proíba crimes religiosos como apedrejamento, apartheid de gêneros, circuncisão de mulheres e uso de véus.
Foi certo convidar o presidente Mahmoud Ahmadinejad para a Rio + 20?
Eu fiquei mais feliz pelo fato de a presidente Dilma Rousseff e outras autoridades brasileiras não terem se encontrado com ele. Ahmadinejad vai a essas conferências para fazer de conta que tudo é normal no Irã. E que ele pode agir como um presidente de um outro país qualquer. Mesmo que a situação ambiental no Irã seja preocupante e vergonhosa -e esse era o tema central da Rio +20-, o objetivo do regime islâmico nessas visitas é completamente político.
Qual sua opinião sobre Dilma Rousseff? O Brasil deveria cortar relações com o Irã?
Estou certa de que o governo brasileiro pode cortar relações diplomáticas com o regime islâmico e dar o exemplo para outros países ocidentais. Não se pode manter relação com um regime que apedreja pessoas e mata milhares por razões políticas.
CURTO-CIRCUITO
Parte da renda do Dia da Pizza, na Piola dos Jardins, será doada para a ONG Adote um Gatinho.
Alexandre Lacava lança o livro "Pai, Você É o Cara", na Saraiva do shopping Higienópolis, às 19h.
com LÍGIA MESQUITA (interina), ELIANE TRINDADE (colaboração), ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER e OLÍVIA FLORÊNCIA
Mal das pernas - CELSO MING
O Estado de S.Paulo - 10/07
Os economistas tentam agora explicar por que a indústria está mergulhada na estagnação, mesmo depois de nove pacotes de estímulo, redução dos juros de cerca de 20% e de desvalorização cambial, também de 20%, num ambiente de crescimento do consumo da ordem de 5% a 6% ao ano e de fase inédita de quase pleno emprego.
Depois de ter alardeado que a economia brasileira passaria relativamente incólume pela crise global, a presidente Dilma Rousseff e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, insistem agora em que o mau desempenho da indústria é consequência da paradeira global, que sufocou o espírito animal dos empresários brasileiros.
Tanto essa explicação não satisfaz que o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, apelou para um diagnóstico psicanalítico. Em entrevista publicada domingo pela Folha de S. Paulo, atribuiu a paradeira ao comportamento ciclotímico do empresário. Mas ele também debita a baixa competitividade da indústria a bloqueios estruturais que começam a ser removidos, embora muito lentamente: excessiva carga tributária, juros e preços da energia elétrica altos demais, precariedade da infraestrutura - enfim o velho custo Brasil, excessivo demais.
Em artigo publicado ontem no jornal Valor, o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, David Kupfer, também reconheceu que a questão não é nem conjuntural (crise externa) nem de falta de apoio do governo. O mal das pernas de que sofre a indústria tem a ver com "rigidez estrutural", apontou ele. É outro jeito de dizer que o problema está no custo Brasil, cuja solução consiste em "colocar em marcha um firme processo de mudança estrutural".
Na análise publicada em coluna no Estado de domingo, o ex-presidente do Banco Central Affonso Celso Pastore adverte que o contágio da crise mundial explica apenas parte da prostração.
Ele mostra que dois dos fatores que o governo mais exalta na economia brasileira - o forte crescimento do consumo e o pleno emprego - trabalham hoje em círculo vicioso contra a indústria.
O crescimento do consumo contribuiu para a expansão do setor de serviços, que passou a empregar cada vez mais gente - daí o pleno emprego. O mercado de trabalho aquecido, por sua vez, puxa para cima os custos da mão de obra industrial. A indústria não investe por não conseguir repassar seu aumento de custos para os preços, porque enfrenta concorrência ainda mais feroz do produto importado. Uma desvalorização mais intensa do real poderia resolver esse problema porque encareceria o produto importado, mas esbarra em limites macroeconômicos - porque produziria mais inflação.
Dá para acrescentar outro limite de uma eventual desvalorização mais forte do real: o do aumento proporcional de custos da indústria caso houvesse essa acentuada alta do dólar. Hoje a indústria depende cada vez mais de suprimentos externos, pagos em moeda estrangeira, como insumos, matérias-primas, componentes, peças, conjuntos e capital de giro.
É um quadro de adversidades que vai persistir durante muito tempo. Não dá para embarcar na aposta da presidente Dilma e do ministro Mantega, de que basta esperar mais algumas semanas ou, vá lá, mais alguns meses, para que a situação complicada da indústria se reverta. A saída implica a derrubada do custo Brasil, empreitada que precisa ser atacada o quanto antes.
Demagogia e voluntarismo - RUBENS BARBOSA
O GLOBO - 10/07
A desastrada presidência argentina do Mercosul nos últimos seis meses, concluída na reunião de Mendoza, serviu para enterrar o grupo regional, tal como como concebido inicialmente. O número de países membros foi acrescido, e consagrado o desrespeito aos objetivos de abertura dos mercados.
O Mercosul como instrumento de integração vinha sendo gradualmente enfraquecido pelos seguidos descumprimentos de suas regras e pela tendência de cada pais a desenvolver suas próprias restrições comerciais e a tomar outras medidas como a nacionalização da Repsol, que só fizeram aumentar a insegurança jurídica no bloco.
A suspensão do Paraguai e o ingresso da Venezuela abrem uma nova etapa do Mercosul, que o Brasil terá de administrar durante a presidência semestral que lhe toca ocupar.
Embora o Brasil corretamente não tenha se associado ao embargo econômico, proposto pela Argentina e executado pela Venezuela com a suspensão do fornecimento de petróleo ao Paraguai, no tocante ao ingresso pleno de Caracas ao Mercosul a posição brasileira aparentemente foi a de seguir a ação de Buenos Aires, ou, segundo o governo uruguaio, a de pressionar para efetivá-lo.
Mais uma vez prevaleceram a velha demagogia e o voluntarismo latino-americanos. Apesar de o governo brasileiro ter-se municiado de um parecer jurídico encomendado à Advocacia Geral da União (ao invés de ao consultor jurídico do Itamaraty), a decisão dos três sócios do Mercosul, conforme anunciado, deverá ser contestada pelo Paraguai, porque o pais não foi expulso, mas apenas suspenso por prazo determinado. O artigo 12 do Protocolo de Adesão - documento que estabelece as condições de entrada da Venezuela - prevê que ele só entrará em vigor depois de 30 dias do depósito do quinto instrumento de sua ratificação. Por outro lado, o artigo 37 do Protocolo de Ouro Preto - que criou a união aduaneira - diz que as decisões dos órgãos do Mercosul serão tomadas por consenso e com a presença de todos os Estados partes.
Com esse ato arbitrário e ilegal, os três países decidiram colocar um fim ao Mercosul econômico-comercial concebido nos idos de 1991, e instaurar um Mercosul que obedece a prioridades políticas, não mais técnicas. Um exemplo disso são as elevações das tarifas externas comuns de 100 produtos adicionais, que poderão mesmo ser aplicadas contra o Brasil. Por outro lado, apesar de os congressos de Argentina, Brasil e Uruguai terem aprovado o Protocolo de Adesão da Venezuela por razões políticas, ignorando as deficiências técnicas, foi necessária a suspensão do país, cuja voz era destoante, para que fosse decidida a entrada de Hugo Chávez.
Os compromissos assumidos pela Venezuela no Protocolo de Adesão, como a tarifa externa comum, o acervo normativo do Mercosul e os acordos negociados com terceiros países deverão ser incorporados à nova política comercial da Venezuela.
Do ponto de vista estratégico e econômico, será importante a incorporação da Venezuela ao subgrupo regional. O Mercosul se estenderá da Patagônia ao Caribe, e seu mercado aumentará. O que se discute agora é o preço que os países membros deverão pagar a curto prazo. Não custa lembrar que Hugo Chávez, que agora celebrou a entrada da Venezuela "como uma derrota do imperialismo e das burguesias lacaias", já havia declarado publicamente que pretendia "mudar totalmente o Mercosul", a seu ver, "muito neoliberal".
O governo de Dilma Rousseff, no tocante a política externa, foi saudado por seu pragmatismo e ausência das influências ideológicas que tanto caracterizaram o governo Lula, sobretudo no segundo mandato. As decisões sobre o Paraguai e a Venezuela não deixam de ser um retrocesso na linha inicial de conduta do governo brasileiro. A percepção prevalecente é a de que o pais, na melhor das hipóteses, ficou a reboque da Argentina. O Brasil, cuja política externa tanto brilhou na Rio+20, interpretou equivocadamente esses acontecimentos regionais, e se submeteu ao eixo Buenos Aires-Caracas.
A política externa, mais uma vez, nos últimos dez anos, desviou-se de sua tradição de defesa dos interesses do Estado e se rendeu a interesses partidários.
Flores de obsessão - JOÃO PEREIRA COUTINHO
FOLHA DE SP - 10/07
A obra-prima de Woody Allen não se resume a um filme ou dois; ela é retocada ao ritmo de um por ano
WOODY Allen tem 47 filmes no currículo. E quando lhe perguntam se existe um único que ele compare aos melhores de Ingmar Bergman, Woody é modesto: nem um.
A frase sempre me pareceu excessiva: "Crimes e Pecados" (1990) está ao nível de "Morangos Silvestres" (1957). E "Zelig" (1983) não tem paralelo como comédia nos últimos 30 anos. O problema de Woody não é falta de obra-prima. É falta de obra-prima recorrente. Depois de "Crimes e Pecados", há coisas boas aqui e ali. E algumas joias antigas, como "Manhattan" (1979) ou "Hannah e Suas Irmãs" (1986).
Mas Bergman, admito, era capaz de fazer cinco filmes seguidos que mudavam a cultura de uma época. Quem começa com "Mônica e o Desejo" (1952) e termina o festim com os referidos "Morangos" sabe que não minto.
Por isso assisti a "Para Roma com Amor" sem expectativas homéricas. Os cínicos dirão que Woody Allen deixou de dirigir filmes. É hoje guia turístico que vai para onde lhe pagam: Londres, Barcelona, Paris. Quem sabe o Rio.
O próprio alimenta o mito: tempos atrás, de passagem por Portugal, perguntaram-lhe quando filmaria ele em Lisboa. Woody foi honesto: "E você consegue o dinheiro?"
Certo. Sem dinheiro, não há obra. Mas "Para Roma" não é mera encomenda italiana. É, como sempre acontece, um pretexto para revisitar os temas que são caros ao "autor" (e uso a palavra com o seu significado clássico).
O próprio Woody, aliás, assume essa condição metacrítica no filme. Por exemplo, quando os personagens contemplam as ruínas romanas e confessam sofrer de "Melancolia de Ozymandias".
Trata-se de uma referência erudita ao poema de Percy Shelley (1792-1822) sobre a estátua de Ozymandias, "rei dos reis", e testemunho material da inutilidade da existência quando a morte é certa.
Shelley escrevey "Ozymandias" em 1818, mas o poema deixou de lhe pertencer em 1980 quando foi apropriado por Woody "himself", em seu incompreendido "Stardust Memories - Memórias" (1980). É a primeira vez que um personagem seu é diagnosticado com a doença.
O cinema de Woody Allen é feito de evocações eruditas que se repetem de filme para filme. A tribo é a mesma: Shelley, Yeats, Rilke, sobretudo as linhas finais de "O Torso Arcaico de Apolo", presente neste filme pela boca pedante da personagem de Ellen Page (e presente em "A Outra", com força dramática decisiva).
Mas não são apenas as evocações eruditas que se repetem. Todo o resto retorna, a começar pelo amor romântico, pelos equívocos do amor romântico, pela tensão constante entre a razão e a emoção -a perpétua batalha em que a última vence temporariamente o confronto.
São incontáveis os filmes de Woody Allen em que os personagens (masculinos) se jogam pela janela amorosa, mesmo que o salto seja efêmero e suicidário. O ator Jesse Eisenberg representa em "Para Roma" o mártir sentimental da história. Eisenberg nasceu em 1983.
Mas, antes de ele nascer, muitos outros já tinham pulado pela mesma janela. A começar pelo próprio Woody Allen, como Alvy (em "Annie Hall") ou Isaac (em "Manhattan").
Não temos cura. E, para um longo cliente da psicanálise, nem o divã nos salva: haverá paciente que tenha dedicado à terapia tantas linhas de irrisão? "Se você encontrar Freud, peça-lhe o meu dinheiro de volta", diz ele à mulher psiquiatra (Judy Davis).
Finalmente, o melhor do filme: a história do cantor de ópera que só funciona no chuveiro. E que é levado para os palcos italianos com o chuveiro atrás.
É preciso ter passado décadas nas páginas da "New Yorker", a casa de S.J. Perelman ou Robert Benchley, para escrever uma gag dessas. Uma gag comparável ao casal que só conseguia transar em espaços públicos (em "Tudo o que Você queria Saber sobre Sexo"). Ou ao ator que estava fora do foco na vida real (em "Desconstruindo Harry").
Sim, são 47 filmes. Um ou dois não fazem má figura quando Bergman está por perto. Mas a obra-prima de Woody Allen não se resume a um filme ou dois. Na verdade, ela ainda está a ser retocada, ao ritmo de um filme por ano.
Um dia, quando olharmos para o conjunto, veremos que a repetição também é uma arte. E que os gênios são, como dizia Nelson Rodrigues, flores de obsessão.
Tenho saudades da 'alma' do cinema - ARNALDO JABOR
O Estado de S.Paulo - 10/07
Muita gente chega para mim e diz: "Como é? Não vai fazer outro filme?" "Sei lá", respondo. E penso: "Que cinema? Comercial, metafísico, político, experimental? O quê?" Às vezes, me dá vontade de filmar alguma coisa tênue, poética, não mergulhada no labirinto de produção e distribuição. Nos anos 60, buscávamos um cinema essencial, o chamado "específico fílmico", que estaria talvez nos filmes de Eisenstein, ou em Murnau, ou em Dreyer, sei lá. Os cinéfilos pensavam: "Qual é a alma do cinema? O que é o cinema?" Isso me faz lembrar uma famosa frase do grande cineasta fundador Humberto Mauro que, aliás, já contei aqui nesta coluna. E repito.
Na verdade, tenho saudades do cinema, sim, justamente na época atual, em que as imagens inundam nossos olhos e ouvidos. Mas, tenho saudades de outro cinema, da fragilidade dos filmes antigos e da ideia do "objeto único" a que eles almejavam. Pouco antes de sua morte, conversei com Louis Malle sobre isso, no Rio - falamos do sonho, da utopia dos anos 60, alimentada pelo Cahiers du Cinéma, pelos círculos de fumaça dos "Gitanes" sem filtro, saudades do frisson culto das cinematecas.
Atualmente, a 'cinefilia' soa quase como um vício sexual; talvez tenha sido. Há um mundo secreto, próprio do cinema, que só alguns ainda conhecem. Hoje o cinema é nu. Está exposto nas lojas, feiras e bancas de jornais, está nos hotéis, na ponta dos dedos dos insones, está nas TVs, está rodando bolsinha nas ruas. Mas, se eu reclamo desta profusão, dizem: "Ah, qual é a tua, cara? Isso é bom para o cinema, aumenta a difusão no mercado, etc. e tal.!" Talvez, talvez, mas tenho saudades da sala escura, do cinema segredo, do cinema dos pobres tímidos e solitários, do cinema como realidade alternativa que analisávamos noite adentro nos bares. Como era bom esperar um filme do Fellini, e o novo Antonioni, e o novo Godard... Não chego a ser um cinéfilo puro. Falta-me o gosto arquivista, o detalhe das fichas técnicas remotas, o mundo das fofocas de Hollywood. Mas tive e tenho amigos que me calam de respeito. Cinéfilo era, por exemplo, o Manuel Puig, o escritor e roteirista argentino que morou no Rio. Ele sabia tudo de qualquer filme. Outro dia, li um artigo sobre os últimos dias de Puig em Cuernavaca, no México. O relato era uma cena digna dos melodramas B que ele amava. Em sua vida, Puig tinha adotado dois "gays" jovens que ele chamava de suas "filhas". Uma delas era Yasmin, "filha" dele com o Ali Khan -, pois Puig brincava com a fantasia de ser a Rita Hayworth; a outra, (esqueci o nome) era "filha" dele (dela) com Orson Welles.
Pois bem, uma noite, velando por sua agonia, à beira do leito do hospital, a "Yasmin" achou que Puig já estava em coma. Mas, na esperança de uma melhora, resolveu testar os sinais vitais de sua "mãe". Segredou-lhe: "Mamãe... ontem eu vi Stella Dallas do King Vidor na TV... chorei tanto..." Eis que a "mãe" Puig balbuciou-lhe do leito: "É... a Barbara Stanwyck está ótima... mas o John Boles nunca me emocionou muito." Yasmin, a bichinha cinéfila, caiu em prantos e ligou eufórica para a "irmã": "Mamãe está melhorando!"
Nesta época, o cinema ainda tinha a tal "alma" que hoje desapareceu nos supermercados e videoclubes. Por isso, me lembrei do Humberto Mauro, que conheci já velhinho. Quando ele fazia seus filmes dos anos 20/30 nos fundos de quintal em Cataguazes e, depois, na Cinédia, todo amigo que ele encontrava na rua dizia para ele: "Humberto, meu querido, você precisa ir no meu sítio filmar a cachoeira que tenho lá! Você vai ver que cachoeira!" E o Humberto Mauro ficava com aquilo na cabeça: "Por que querem que eu filme cachoeiras?" Toda hora era isso: "Rapaz, eu vi uma cachoeira incrível pra você filmar num lugar assim, assim!" Humberto Mauro não entendia por quê. Um dia, ele deu uma palestra num cineclube do interior quando, na volta, já na estação, atrasado para pegar o trem, um dos garotos agarrou-o pelo paletó e suplicou-lhe que decifrasse o grande enigma: "Seu Mauro, afinal de contas, diga, qual é a 'essência', a 'alma' do cinema?" E o velho Mauro, em meio à fumaça da locomotiva, teve a grande intuição e deu-lhe a resposta inapelável: "Cinema, meu filho, é cachoeira! É cachoeira!" Esta frase ficou famosa entre os então "amantes da Sétima Arte". E ela me remete a outra definição, do filósofo Henri Bergson, a quem os irmãos Lumière mostraram sua recente invenção: "Creio que o cinematógrafo será útil para sabermos, no futuro, como os antigos se moviam..."
Talvez seja esta a "essência" do cinema: registrar a morte comendo a vida. Hollywood é um lancinante cemitério de estrelas. São beijos e olhos e corpos embalsamados no tempo da película. Fred Astaire dança no ar do nada, James Dean anunciava a morte em sua melancolia trágica. Sei como dói amar uma morta - eu que me apaixonei por Brigitte Helm em Metrópolis e amei as pernas perfeitas de Louise Brooks e Cid Charisse, na necrofilia da sala escura.
Por isso, a ideia de cachoeira é a metáfora melhor. Só o movimento tem de ser filmado. Só as cachoeiras devem ser retratadas na busca de alguma verdade. A grande desilusão do século 20 foi a tentativa de capturar a vida incessante em fórmulas que a esgotassem.
Não há uma realidade que se congele. Buscá-la, tanto no cinema quanto na ideologia e política, é fracasso certo.
Hoje, vemos que quanto mais aberta a máquina do mundo, mais vazia e misteriosa ela se torna. A fome de decifrá-la, digitalizá-la, descrevê-la não a condensa nem explica; ao contrario, dá em tragédia. Hoje, tanto no fanatismo do Oriente, quanto na monolítica massificação ocidental, vemos este perigo e desejo.
Na verdade, somos uma cachoeira olhando a outra e nossas ações têm este fracasso fundamental: por mais que olhemos no fundo das coisas, nunca veremos fim ou início. A cachoeira é a melhor definição do cinema ou da vida.
Para além de Édipo - VLADIMIR SAFATLE
FOLHA DE SP - 10/07
Há 40 anos, as livrarias francesas recebiam "O Anti-Édipo", de Gilles Deleuze e Félix Guattari. Provavelmente, nenhum outro livro conseguiu sintetizar tão bem as expectativas libertárias do Maio de 68, com suas demandas de reinvenção de nossas formas de vida. No entanto dificilmente encontraremos na história da filosofia contemporânea um livro, ao mesmo tempo, tão comentado e tão pouco lido.
Por sinal, esse é um dos problemas mais graves que acometem aqueles que gostam de criticar a filosofia francesa contemporânea com um simples gesto soberano de mão.
Eles simplesmente não leram os textos. Quando leem, eles o fazem como quem entra em um ringue munido de luvas de boxe. Afirmam que o estilo é impenetrável, que tudo é uma grande impostura e acham que, com isso, resolveram tudo.
Um grande professor de filosofia da Universidade de São Paulo, Oswaldo Porchat, costumava aconselhar seus alunos a esperarem antes de refutar algum filósofo. "Deixem-no falar com calma, procurem seus melhores argumentos, falem, por um instante, sua língua." Aqueles que seguirem tal conselho com a leitura de Deleuze não se decepcionarão.
De fato, "O Anti-Édipo" é resultado de um longo movimento feito anteriormente por Gilles Deleuze no interior da história da filosofia. Seu objetivo era fornecer a cartografia de modelos de subjetividade (cujos nomes principais eram Hume, Spinoza, Bergson e Nietzsche) que não poderiam ser reduzidos à figura do indivíduo moderno, com suas ilusões de autonomia e unidade.
Mas longe de ser um mero passatempo historiográfico, tal esforço visava mostrar como a experiência social da vida moderna era corroída pela força do que, no interior dos sujeitos, não se deixa pensar sob a forma da pessoa.
Há algo que procura ser reconhecido para além das figuras institucionalizadas da pessoa e do indivíduo. Algo cuja impossibilidade de reconhecimento só pode produzir experiências profundas de sofrimento social.
Daí porque o livro se voltava para essas matrizes de formação da individualidade moderna, como a família com seus conflitos edipianos, o Estado com seu ordenamento jurídico e o capitalismo com suas ilusões de livre escolha e de livre afirmação de seus interesses.
Nessa passagem da filosofia à teoria social, ficava claro como a verdadeira crítica filosófica da razão só poderia ser uma clínica de nossas formas de vida. Ela é reflexão sobre como certas formas de pensar que organizam nossas vidas produzem experiências de profundo sofrimento social.
Esse projeto de articulação entre crítica filosófica e crítica social foi, certamente, um dos grandes legados do livro. Ele ainda espera continuidade.
'‘Coisa do Padilha’' - ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 10/07
Quando a presidente Dilma foi informada da existência de carta, enviada por sua campanha, nas eleições de 2010, em que se comprometia com a redução da jornada de trabalho dos enfermeiros de 42 para 30 horas semanais, ela comentou com um grupo de ministros: “Isso é coisa do Padilha. Nunca soube da existência dessa carta.” O ministro Alexandre Padilha (Saúde) foi da coordenação de sua campanha. O governo é contra as 30 horas.
Desacerto com Planalto adia votação
A culpa recaiu sobre os ruralistas, mas o relatório da MP do Código Florestal não foi lido ontem por determinação do governo. O senador Luiz Henrique (PMDB-SC) suspendeu a leitura depois de receber dois telefonemas. O primeiro, da ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente), que pediu que ele esperasse; e o segundo, da ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil), mandando que ele adiasse Os telefonemas ocorreram com menos de cinco minutos de diferença. O Planalto avalia que não havia “segurança” para fechar o texto. Depois, foi a vez de a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) ligar para Luiz Henrique para acertar reunião, com vários ministros, para resolver os desacertos.
"A direção técnica da seleção brasileira está muito mal. O Brasil é o décimo primeiro no ranking do futebol mundial”—Jorge Viana, senador (PT-AC)
RECONCILIAÇAO. Os senadores Fernando Collor (PTB-AL) e o líder do PMDB noSenado, Renan Calheiros(AL), estão apoiando o mesmo candidato à prefeitura de Maceió, o ex-governador Ronaldo Lessa (PDT). Desde 1992, quando romperam durante o processo de impeachmentdoex-pre-sidente Collor, que eles não se alinhavam. O adversário de Lessa é o deputado federal Rui Palmeira (DEM), filho do ex-senador Guilherme Palmeira, que concorre com o aval do governador Teotônio Vilela Filho (PSDB).
Puxão de orelhas Cachimbo da paz
Presidente do Parlasul, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) criticou a Mesa do Senado. A agência de viagens da Casa retirou passagem para Montevidéu por R$ 3.414. O mesmo trecho custa R$ 1.645 para qualquer cidadão comum.
E reina a paz entre a presidente Dilma Rousseff e o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS). Depois de desativarem a pauta-bom-ba de votações, Dilma o convidou para acompanhá-la à abertura dos Jogos Olímpicos de Londres.
Demóstenes ensina a abrir o voto
O advogado do senador Demóstenes Torres (GO), Antonio Carlos de Almeida Castro, diz que irá ao STF se algum senador abrir o voto. Mas foi exatamente isso que Demóstenes fez em 2007 ao votar no caso do senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Ele declarou: “Vou votar da mesma forma que votei da outra vez, pela perda do mandato do senador Renan. Se não serve para ser presidente, não serve para ser senador”, discursou na tribuna, antes de votar, dia 5 de dezembro de 2007.
Disparada
O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), secretário nos governos Serra e Alckmin, abandonou a CPI do Caso Cachoeira na quinta-feira, quando foi convocado Paulo Preto (Dersa). Ele foi substituído por Cyro Miranda (PSDB-GO)
Enfrentando a crise
Quando se reunir pela terceira vez com os 30 grandes empresários do Brasil, o que deve ocorrer em 7 de agosto, a presidente Dilma espera ter em suas mãos uma proposta concreta de redução das tarifas de energia elétrica.
CALENDÁRIO ELEITORAL. O Senado terá nove dias de votações até 7 de outubro (6 a 9 de agosto; 20 a 23 de agosto; e 17 a 20 de setembro). Na Câmara, serão duas semanas em agosto e duas em setembro.
O SINDIFISCO esclarece: os auditores fiscais federais querem aumento salarial de 30,18%; são 11,5 mil ativos (e oito mil inativos); e os salários estão congelados desde 2010.
O LÍDER DO PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), fez um discurso em defesa do golpe que depôs o ex-presidente do Paraguai Fernando Lugo.
Quando a presidente Dilma foi informada da existência de carta, enviada por sua campanha, nas eleições de 2010, em que se comprometia com a redução da jornada de trabalho dos enfermeiros de 42 para 30 horas semanais, ela comentou com um grupo de ministros: “Isso é coisa do Padilha. Nunca soube da existência dessa carta.” O ministro Alexandre Padilha (Saúde) foi da coordenação de sua campanha. O governo é contra as 30 horas.
Desacerto com Planalto adia votação
A culpa recaiu sobre os ruralistas, mas o relatório da MP do Código Florestal não foi lido ontem por determinação do governo. O senador Luiz Henrique (PMDB-SC) suspendeu a leitura depois de receber dois telefonemas. O primeiro, da ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente), que pediu que ele esperasse; e o segundo, da ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil), mandando que ele adiasse Os telefonemas ocorreram com menos de cinco minutos de diferença. O Planalto avalia que não havia “segurança” para fechar o texto. Depois, foi a vez de a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) ligar para Luiz Henrique para acertar reunião, com vários ministros, para resolver os desacertos.
"A direção técnica da seleção brasileira está muito mal. O Brasil é o décimo primeiro no ranking do futebol mundial”—Jorge Viana, senador (PT-AC)
RECONCILIAÇAO. Os senadores Fernando Collor (PTB-AL) e o líder do PMDB noSenado, Renan Calheiros(AL), estão apoiando o mesmo candidato à prefeitura de Maceió, o ex-governador Ronaldo Lessa (PDT). Desde 1992, quando romperam durante o processo de impeachmentdoex-pre-sidente Collor, que eles não se alinhavam. O adversário de Lessa é o deputado federal Rui Palmeira (DEM), filho do ex-senador Guilherme Palmeira, que concorre com o aval do governador Teotônio Vilela Filho (PSDB).
Puxão de orelhas Cachimbo da paz
Presidente do Parlasul, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) criticou a Mesa do Senado. A agência de viagens da Casa retirou passagem para Montevidéu por R$ 3.414. O mesmo trecho custa R$ 1.645 para qualquer cidadão comum.
E reina a paz entre a presidente Dilma Rousseff e o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS). Depois de desativarem a pauta-bom-ba de votações, Dilma o convidou para acompanhá-la à abertura dos Jogos Olímpicos de Londres.
Demóstenes ensina a abrir o voto
O advogado do senador Demóstenes Torres (GO), Antonio Carlos de Almeida Castro, diz que irá ao STF se algum senador abrir o voto. Mas foi exatamente isso que Demóstenes fez em 2007 ao votar no caso do senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Ele declarou: “Vou votar da mesma forma que votei da outra vez, pela perda do mandato do senador Renan. Se não serve para ser presidente, não serve para ser senador”, discursou na tribuna, antes de votar, dia 5 de dezembro de 2007.
Disparada
O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), secretário nos governos Serra e Alckmin, abandonou a CPI do Caso Cachoeira na quinta-feira, quando foi convocado Paulo Preto (Dersa). Ele foi substituído por Cyro Miranda (PSDB-GO)
Enfrentando a crise
Quando se reunir pela terceira vez com os 30 grandes empresários do Brasil, o que deve ocorrer em 7 de agosto, a presidente Dilma espera ter em suas mãos uma proposta concreta de redução das tarifas de energia elétrica.
CALENDÁRIO ELEITORAL. O Senado terá nove dias de votações até 7 de outubro (6 a 9 de agosto; 20 a 23 de agosto; e 17 a 20 de setembro). Na Câmara, serão duas semanas em agosto e duas em setembro.
O SINDIFISCO esclarece: os auditores fiscais federais querem aumento salarial de 30,18%; são 11,5 mil ativos (e oito mil inativos); e os salários estão congelados desde 2010.
O LÍDER DO PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), fez um discurso em defesa do golpe que depôs o ex-presidente do Paraguai Fernando Lugo.
Teleguiados - VERA MAGALHÃES - PAINEL
FOLHA DE SP - 10/07
Com as candidaturas registradas, o PT organiza aparições de seus ministros no palanque eletrônico, sobretudo nas praças em que Dilma Rousseff optar por participação discreta. A primeira rodada de gravações ocorre no fim do mês e terá Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Aloizio Mercadante (Educação) enaltecendo os feitos do governo. A ofensiva ministerial na TV servirá para compensar a subexposição da presidente em redutos onde aliados estão em campos opostos.
Holofotes Prognóstico de um dirigente petista sobre a exposição de auxiliares de Dilma e candidatos da sigla na propaganda eleitoral televisiva a partir de agosto: "Será uma guerra de vaidades".
Multidisciplinar O QG de Fernando Haddad entende que o único ministro que pode colaborar na TV é Mercadante, mais conhecido do eleitorado paulistano. Outros participarão da redação do plano de governo, como Miriam Belchior (Planejamento) e Alexandre Padilha (Saúde).
Álbum Impossibilitado de cumprir extensas agendas no interior paulista, Michel Temer pediu ao PMDB que reúna seus 410 candidatos a prefeito e vice no Estado para sessão de fotos e gravações na quinta-feira. Será a participação do vice-presidente na largada da campanha peemedebista em São Paulo.
Divã Ainda preocupado em debelar o fogo amigo em sua campanha, José Serra chamou Sidney Beraldo, chefe da Casa Civil de Geraldo Alckmin, para uma conversa no final de semana. Depois da escolha do vice do PSD, serristas desconfiam do empenho do governador e sua equipe na eleição da capital.
Inflação Balanço fechado ontem pelo Tribunal Superior Eleitoral mostra que 531 mil candidatos a prefeito e vereador foram registrados neste ano em todo o país. A Justiça esperava o cadastro de 440 mil nomes. Em 2008, o número chegou a 380 mil.
A fonte... Além do término do prazo legal para liberação de recursos federais por causa da eleição e da queda nos repasses do FPM, prefeitos reclamam que o Tesouro Nacional atrasa a remessa de verbas para obras e projetos que já estão em andamento.
... secou Técnicos do governo admitem, reservadamente, que pequenas e médias cidades vêm sendo prejudicadas pela prioridade dada à execução do PAC e do Minha Casa, Minha Vida.
Troco 1 Senadores do PMDB, liderados por Renan Calheiros (AL), afirmam que não entrará hoje na pauta da Comissão de Constituição e Justiça o projeto que beneficia servidores da área ambiental. O motivo: a recusa do órgão em conceder licença para estaleiro em Alagoas.
Troco 2 Peemedebistas lembram ainda que, há 15 dias, a Funai criou obstáculos para a instalação de uma refinaria em Pecém (CE). A fundação retardou a emissão de documento relatando a inexistência de população indígena no entorno do futuro empreendimento.
Dois em um Com a posse do bancário Vagner Freitas na CUT, a central passa ao comando da ala ligada ao deputado Ricardo Berzoini (PT-SP). O braço operacional da entidade, contudo, ficará a cargo de Sérgio Nobre, atual presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e muito próximo do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho.
Acareação Recém-instalada, a Comissão da Verdade da Câmara paulistana convidará, para depoimento, o coronel da reserva Carlos Alberto Brilhante Ustra. O requerimento é do vereador Gilberto Natalini (PV), que afirma ter sido torturado pelo militar quando preso político.
com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI
tiroteio
"Parece um equívoco imaginar que o STF, com vários indicados por governos do PT, cometa desvio de imparcialidade contra o partido."
DO PRESIDENTE DA ACADEMIA BRASILEIRA DE DIREITO CONSTITUCIONAL, FLÁVIO PANSIERI, sobre a CUT temer "julgamento político" do mensalão.
contraponto
Prevenção é tudo
Em audiência na Câmara para discutir a renovação da isenção do ICMS para preservativos, o diretor do departamento DST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Dirceu Greco, aproveitou para fazer rápida propaganda da produção nacional do setor:
-Quando levamos o material para o exterior, ele faz um sucesso danado, pois está escrito na embalagem: "fabricado com látex natural da Floresta Amazônica".
Para atestar a qualidade do produto, Greco deixou até uma amostra grátis para os congressistas.
-Trouxe uma caixa. Contribuição para a Câmara!