sábado, junho 09, 2012

Poxa, Dilma - ANCELMO GOIS

O GLOBO - 09/06

Camila Pitanga, cujo brado retumbante “Veta, Dilma” se tornou movimento contra o projeto do Código Florestal aprovado no Congresso, não se contentou com a decisão da presidente de vetar só alguns pontos: “O que estava péssimo ficou apenas ruim.” A expectativa dos ambientalistas, diz, era de veto total.

Segue...

Para a querida atriz, a situação é “nebulosa”: — Parafraseando meu amigo Sérgio Besserman, melhoraram o que já estava péssimo, mas o resultado continuou ruim. Veto parcial é como aplauso com uma mão só.

Em tempo...

Camila, poucos sabem, integra o conselho consultivo da ONG ambientalista WWF.

Barriga d’água

A Fiocruz anuncia terça agora que chegou à formulação final da primeira vacina contra a esquistossomose. A doença afeta 200 milhões de pessoas em todo o mundo, e, no Nordeste brasileiro, causou um grande estrago. Desenvolvida e patenteada pela Fiocruz, a vacina põe o nome do Brasil em destaque na ciência mundial.

Morar bem

Na véspera de deixar o Flamengo, Ronaldinho Gaúcho comprou uma casa em Camboriú, Santa Catarina.

Arte moderna

A editora Zahar vai publicar no Brasil o livro “What are you looking at? — 150 years of modern art in a nutshell”, do editor de arte da BBC, Will Gompertz. A obra explica, com humor, o universo da arte. Em setembro, sai na Inglaterra; em 2013, aqui.

PORQUE HOJE é sábado, como escreveu Vinicius de Moraes no poema “Dia da criação”, a coluna, já em clima de
Rio+20, oferece aos leitores o passeio desta garça na Lagoa. Que Deus a proteja e a nós não desampare jamais

Versos de Drummond
A Flip deste ano vai estender, pela primeira vez, a “presença” de seu autor homenageado a todas as mesas da programação em Paraty. Será lido um poema de Drummond antes de cada debate na Tenda dos Autores.

Aliás...

Já toparam participar das leituras autores como o chileno Alejandro Zambra e o português José Luís Peixoto, além de brasileiros como Silviano Santiago e Carlito Azevedo.

É só compra

De Nova York, o economista Zé Roberto Afonso, parceiro, relata que a cidade, como sempre, está cheia de brasileiros: — A turma invade as lojas. Mas não vejo patrícios nos museus ou galerias de arte, lugares muitos visitados por turistas asiáticos.

Censura na praça

Veja como a chegada do metrô à Praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, continua gerando polêmica. A turma do movimento Salve a Praça, contra a obra, acusa a Comlurb de ter retirado cartazes de uma exposição com textos de Zuenir Ventura, Rubem Fonseca e Cora Rónai previamente autorizados pela prefeitura.

Coisa feia

Comer frutas é saudável. Mas a loja Hortifruti da Ilha do Governador, no Rio, segundo a Cedae, sujou. Seu esgoto foi plugado à rede pluvial.

Cárcere privado

A 7+ Turma do TRT do Rio condenou a TNL Contax por... cárcere privado. Em 2009, funcionários tentaram sair do prédio depois de um apagão, e de o alarme de incêndio ter soado, mas, acredite, foram impedidos por superiores. Em um dos processos, relatado pelo juiz Evandro Pereira Valadão Lopes, foi dada indenização de R$ 10 mil.

A vida sem R10

Apesar dos pesares, o Flamengo acaba de atingir a marca de 10 mil sócios, seu patamar histórico.

Amargo

O algodão doce é vendido por R$ 24 nos intervalos do show “Disney on Ice”, no Maracanãzinho, no Rio. Parece assalto. E é.

O quarto resgate - MIRIAM LEITÃO

O GLOBO - 09/06


A Espanha deve pedir hoje socorro à Europa, mas de forma indireta: quer que a Europa resgate seus bancos e não o país. Esse é um jeito de evitar a humilhante situação de ter as decisões políticas e econômicas monitoradas pela troica, ou seja, os burocratas do FMI, BCE e Comissão Europeia. Esta é a segunda vez que a Espanha entra no olho do furacão e o país será o quarto a ser resgatado, depois de Grécia, Irlanda e Portugal.

Os bancos estrangeiros no Brasil seguem regras brasileiras de prudência, que têm o mérito de isolar a unidade que opera aqui. Os bancos estrangeiros no Brasil não podem emprestar para as suas sedes, não podem captar aqui para aplicar lá. E têm limites muito rígidos de exposição aos riscos de suas matrizes. É importante ter isso em mente em mais uma onda de fragilidade das instituições financeiras na Europa.

A crise começou bancária, virou crise da dívida dos governos, e agora volta a abalar os bancos. A economia mundial está presa em uma espiral negativa, que já coloca em risco inclusive o supercrescimento chinês. Até agora os resgates foram para os países que eles definem no mercado como sendo "a periferia". Da Espanha não se pode falar isso: é a quarta maior economia da região.

Do ponto de vista do custo cobrado pelo mercado na rolagem das dívidas, a zona do euro está dividida em vários blocos. Numa ponta está a Grécia, isolada, na porta de saída, com seus títulos sendo negociados como juros de 28%. Depois aparecem Portugal e Irlanda, países que já foram socorridos, e têm títulos negociados com juros entre 11% e 8%. Logo após, estão Espanha e Itália, com governos que pagam 6% e 5%. Por fim, há ainda o grupo dos mais seguros, que é encabeçado pela Alemanha, e inclui a França, Áustria, Bélgica, com taxas abaixo de 3%. A Alemanha tem tido até juros reais negativos. A crise atinge os países de forma desigual.

Veja no gráfico abaixo que os juros da Espanha subiram muito e depois caíram. Parte da melhoria do humor foi induzida pela oferta de empréstimos ilimitados aos bancos feita pelo presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, logo que ele assumiu.

O calendário neste mês de junho é apertado. A Grécia tem eleições no dia 17 para tentar formar um novo governo. O resultado das urnas pode trazer novas turbulências na região.

O governo espanhol captou 2 bilhões na quinta-feira, mas pagou juros de mais de 6%, para títulos com vencimento de 10 anos. A dívida tem crescido bastante e há projeções de 82% a 90% do PIB para os próximos anos.

Se não fosse tudo o mais que distancia a conjuntura brasileira da espanhola, só esse indicador de dívida/PIB - em queda no Brasil; em alta forte na Espanha - já seria o suficiente para exibir as contradições das agências de risco. Depois de derrubar a Espanha em três níveis, a Fitch a classificou no mesmo nível que o Brasil.

A Espanha vai recorrer à cláusula de recapitalização, do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira. Essa cláusula permite ao governo receber recursos sem uma intervenção da troica - FMI, Comissão Europeia e Banco Central Europeu -, como aconteceu com Grécia, Portugal e Espanha. A diferença seria alegar que os recursos não são para o próprio governo, mas para os bancos do país.

A Alemanha é contra a injeção direta de dinheiro nos bancos. Quer que os recursos passem pelo governo espanhol, para que ele seja o fiador do seu sistema financeiro. Caso haja crise de crédito no país, quem ficará oficialmente com o mico na mão será o governo espanhol, e não o Fundo Europeu.

As estimativas para o socorro estão variando entre 30 bilhões e 150 bilhões. Somente o Bankia precisou de 19 bilhões de aporte no mês passado. Então um valor baixo seria visto com desconfiança pelo mercado, ao mesmo tempo em que uma cifra muito alta seria avaliada como a confirmação de que os problemas são sérios. De qualquer forma, as bolsas reagiriam melhor com um volume maior de recursos, que pudesse afastar a escalada do risco sistêmico no país.

Esta será a terceira rodada de injeção de recursos nos bancos, desde que a crise começou. Os bancos espanhóis já receberam 82 bilhões, de acordo com o Ministério da Economia da Espanha.

A expectativa na semana que vem será em torno do resultado dos testes de estresse feitos pelos FMI com bancos espanhóis. Esses testes fazem simulações de como os bancos absorveriam choques diante de um agravamento da crise no país.

Data marcada - EDITORIAL FOLHA DE SP

FOLHA DE SP - 09/06


Sete anos depois, é tempo de o STF julgar o mensalão, definir culpas individuais e permitir ao país superar o nefasto episódio


Se não convém aos réus que contavam com o adiamento para verem prescritos os crimes de que são acusados, a definição da data de julgamento do processo relativo ao escândalo do mensalão é boa notícia para as instituições.

A partir de 1º de agosto, o Supremo Tribunal Federal decidirá sobre o maior caso de corrupção política -pelo número de acusados e pelas funções que exerciam - das últimas décadas. Revelado em junho de 2005 nesta Folha, é mais do que tempo de uma deliberação judicial que encerre o nefasto episódio.

O cerne do escândalo é que auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva utilizavam recursos de origem suspeita para remunerar parlamentares de sua base de apoio. Isso foi admitido à época pelo próprio presidente, que pediu desculpas à sociedade, antes que a popularidade transbordante o estimulasse a negar o que é evidente.

Compete aos ministros do Supremo atribuir responsabilidades e as respectivas penas àqueles implicados de forma irrefutável nos autos. Espera-se que o façam com toda a isenção de que juízes são capazes, sobretudo quando garantida pela vitaliciedade no cargo. Tentativas de influenciar sua opinião são legítimas; cabe a cada ministro resguardar sua independência.

Considerar válidas tais tentativas não equivale a tornar aceitável o comportamento do ex-presidente Lula nessa questão.

Embora o real teor de sua controvertida conversa com o ministro Gilmar Mendes talvez nunca venha a ser conhecido, não faltam evidências da ansiedade com que Lula deblatera contra a condenação dos réus, numa atitude a que faltam serenidade e compostura próprias de um ex-presidente.

O clima de rumores e altercações que antecede o julgamento reflete as dimensões do caso. É de perguntar, porém, se não terá sido estimulado pela ausência de regras estritas quanto à conduta dos ministros do STF e pela desenvoltura com que alguns deles se excedem em gestos e palavras, convidando ao abuso.

Julgar o mensalão vai dissipar esse ambiente. Supõe-se que boa parte dos acusados anseia pela definição, até para afastar a aura culposa que pesa sobre todos. Setores do Partido dos Trabalhadores mais associados aos desmandos da época deixarão de arrastar o governo Dilma Rousseff para a vizinhança de um problema que lhe é anterior e alheio.

E as instituições terão dado mais uma vez mostra de que funcionam como estipula a Constituição, mesmo contra as conveniências de um político popular e do partido que controla o poder federal.

A coceirinha de Lula - DENISE ROTHENBURG


CORREIO BRAZILIENSE - 09/06

Nos anos 1980, uma campanha de tônico capilar dizia que “o primeiro aviso é uma coceirinha”, referindo-se aos sintomas prévios de uma calvície. Em política, algumas cenas podem representar os primórdios de uma “calvície eleitoral”. A da última quinta-feira, no aeroporto de Recife, representa a primeira coceirinha eleitoral de Lula dentro de seu próprio partido. Nunca o país ouviu da boca de um petista, em local público, palavras de ordem do tipo, “ô Lula, decepção, no Recife você não manda não”. Os pernambucanos ligados ao prefeito da cidade, João da Costa, abriram essa porta.

As brigas internas do PT são conhecidas, contadas e cantadas em todo o território nacional. Desconheço um partido que não as tenha. Uns dirão até que a manifestação dos apoiadores de João da Costa, no aeroporto, foi coisa de claque, de menor importância. Mas, é preciso levar em conta que dentro do intrincado universo de tendências e disputas petistas, sempre que Lula falava, todos se calavam. Uns faziam aquela cara de “magoei”, “não gostei”, mas ninguém se revoltava contra aquele que dedicou a sua vida a construir o partido. Nunca houve uma palavra de ordem tirando a autoridade de Lula.

Alguns podem dizer que a revolta contra Lula por parte dos petistas pernambucanos é coisa do momento, fadada a desaparecer de modo tão rápido quanto uma estrela cadente. Mas não se pode esquecer que Pernambuco é um estado altamente politizado e conhecido por movimentos mais audaciosos quando sente que os poderosos passaram dos limites. Há vários exemplos ao longo da história, a Insurreição Pernambucana, de 1645; a Guerra dos Mascates, de 1710; a Conspiração dos Suassunas (1801); a Revolução Pernambucana, de 1817; a Revolução Praieira, de 1845. Isso para mencionar apenas algumas. Os pernambucanos detestam que alguém chegue por lá com intervenções. E, embora Lula seja pernambucano, a interferência soa coisa de forasteiro.

Por falar em intervenções…

OK, leitor, você pode estar certo ao pensar que o movimento do aeroporto é pequeno se comparado aos feitos históricos dos pernambucanos. Mas, há de convir que existem sementes revolucionárias. Essa, da turma de João da Costa, é uma sementinha que merece atenção. O PT de uns tempos para cá começa a deixar de lado suas tradições e adotar autoritárias intervenções. A primeira grande intervenção foi em 1998, quando, por ordem de Lula, o então presidente do PT, José Dirceu, decretou o fim da campanha de Vladimir Palmeira ao governo do Rio para fazer de Benedita da Silva candidata a vice numa chapa com Anthony Garotinho, à época candidato do PDT. O PT do Rio nunca mais voltou a ser o mesmo. Agora, virá nova intervenção no sentido de levar o partido a apoiar a reeleição de Eduardo Paes, do PMDB.

Em São Paulo, o fato de Lula tirar todos de cena para fazer de Fernando Haddad candidato a prefeito até hoje não foi bem digerido pelo partido, ao ponto de os petistas precisarem redigir um documento para exigir unidade na campanha. Ora, partido que se preze não precisa pedir que seus filiados apoiem um candidato natural. Mas, quando é criado em laboratório, aí sim, vem a obrigatoriedade da convocação.

Por falar em criação…

Em política, raramente o que é artificial funciona. No caso do PT, Dilma Rousseff só foi bem sucedida porque Lula passou dois anos martelando na cabeça do eleitor que ela era a tal. E, justiça seja feita, ela foi aplicada e acabou conquistando simpatias. Hoje, tem uma avaliação melhor do que a do próprio Lula quando presidente. O sucesso da então candidata Dilma levou Lula a achar que pode impor tudo aos petistas. A maioria dos paulistanos capitulou e, ainda que a contragosto, aceitou a candidatura de Fernando Haddad a prefeito. Os pernambucanos se insurgiram. Não por acaso, Eduardo Campos, o governador de Pernambuco, exonerou três secretários filiados ao PSB para fazer de um deles candidato em Recife. Diante do levante petista de 2012, Campos trabalha um antídoto para não terminar como Lula, aclamado no aeroporto da cidade como uma decepção por integrantes do próprio partido. Para um político, não existe coceirinha mais incômoda.

Fernando Pessoa e o cinema - SILVIANO SANTIAGO


O Estado de S.Paulo - 09/06


Se um grande escritor europeu não passar nos anos 1920 pela experiência vanguardista de cineclube, que concepção de cinema orientará seus escritos? A pergunta me ocorre ao ler Argumentos para Filmes (Ática, 2011), reunião dos textos de Fernando Pessoa em torno da sétima arte. Cuidadosamente pesquisada e diligentemente anotada por Patrício Ferrari e Cláudia Fischer, a primorosa edição divide-se em quatro seções. Na primeira, reproduz-se o conjunto dos sete curtos "arguments for films" (daí o título do livro) redigidos nas três línguas que o poeta domina. Seguem-se breves apontamentos críticos bibliográficos (segunda seção), projetos empresariais em que o cinema é o fundamento (terceira seção) e, finalmente, alguma correspondência onde se faz menção à arte.

No prefácio, Patrício e Cláudia acolchoam com citações poéticas do engenheiro Álvaro de Campos as ideias sobre cinema sugeridas por Pessoa e nunca desenvolvidas. No posfácio (a melhor parte do livro), Fernando Guerreiro esforça-se por resgatar o valor dos escritos especializados pela análise de frases pontuais. Ao generalizar a experiência de cinema expressa pelo poeta, Guerreiro recorre às teses defendidas pelos companheiros dele na revista presença (1927-1940). Sai-se bem teoricamente, entregando a palma de ouro ao desconhecido e influente Fernando Ferro, cujos textos críticos circularam no Brasil nos anos 1920. Embora se afirmasse como defensor de Salazar e de outros fascistas, Ferro defendia ideias afinadas com a papa-fina da vanguarda cinematográfica, haja vista A Idade do Jazz-Band (1924).

O livro Fazer pela Vida - Um Retrato de Fernando Pessoa, o Empreendedor (Assírio & Alvim, 2005), de António Mega Ferreira, talvez forneça a chave para se compreender a relação frustrada e frustrante do poeta genial com o cinema. Dois dados apontam para o empreiteiro. O primeiro está nos títulos de filmes que constam dos diferentes recortes conservados por Pessoa ao longo de sua vida. 74 dos filmes anunciados/criticados são americanos, 33 franceses, 10 alemães, 8 portugueses, etc. Todos são produções comerciais. Nenhuma alusão a Un Chien Andalou, de Buñuel/Dalí, ou a Entr'acte, de René Clair. Ivan, o Terrível, único filme soviético a comparecer, não pode ser o de Eisenstein, que é de 1944.

O segundo dado se encontra em anotações que Pessoa redige desde 1919. Idealizam a criação da empresa Cosmopolis, cujo modelo é o Touring Club da França (1906). O projeto grandioso concebido pelo poeta visa a promover Portugal na indústria do turismo, dispensando atenção a traduções de obras literárias e a trabalhos fotográficos. Nos esboços, ele se refere ao cinema como - e cito - "uma das maiores armas de propaganda que se pode imaginar". Atraem-no o aspecto industrial da arte e a vertente documentarista, puxada à divulgação junto ao grande público de acontecimentos políticos candentes. Não foram alheios ao projeto cinematográfico de Cosmopolis os vários filmes sobre o presidente Sidônio Pais (1872-1918), produzidos naqueles anos pela Companhia Lusitania Film. Como se sabe, transformado em mártir, o presidente rei é figura política da preferência do autor de Mensagem.

O cinema pegou Pessoa pelo calcanhar de aquiles. Os argumentos para filmes não poderiam ser de teor diferente. O exímio prosador arquiteta tramas teatrais onde a máxima pirandelliana, "assim é, se lhe parece", alça voo para o leitor. Desenroladas em ambientes fechados, as situações desenhadas pelas sinopses nos seduzem pelos jogos de ambiguidade na evolução dramática dos personagens. Não sugerem imagens que surpreenderiam ou chocariam o espectador, como acontece nos filmes de vanguarda. Se realizados, os filmes não seriam mostrados nos cineclubes. Seriam produções bem comportadas de estúdio, que visam ao sucesso comercial.

Pessoa pouco se inquietou com os manifestos surrealistas de André Breton, daí que detectamos certa boa vontade no crítico Patrick Quillier quando examina duas das sinopses mais instigantes (uma delas escrita em francês). Destaca o texto em que a mudança brusca de décors e o desencontro temático nas situações anotadas "apontariam para um cinema onírico, de tonalidade surrealizante", inspirado por Buñuel/Dalí.

Desenvolvida aqui e ali na escrita poética de Pessoa, a sintaxe de inspiração cinematográfica teria origem indireta na apreciação do filme como manifestação de nova linguagem dramática. No fundo, a sintaxe fragmentada de Pessoa deriva das "palavras em liberdade" e da "imaginação sem fios", preconizadas por Filippo Marinetti no Manifesto técnico da literatura futurista (1912). É inegável que muitas das teses desenvolvidas pelo sensacionismo, movimento literário de inspiração futurista de que é figura maior o heterônimo Álvaro de Campos, propõem uma linguagem ajustada tanto ao "agitar-se do teclado de um piano mecânico" quanto, no filme, à "dança de um objeto que se divide e se recompõe sem a intervenção humana".

Tomados ao citado manifesto, esses princípios estéticos acentuam a análise nuançada dos prefaciadores da edição: "A insistência na velocidade e na vertigem, por um lado, e a multiplicidade das sensações, por outro, remetem evidentemente para as estéticas futurista e sensacionista de que está imbuída a poética de Álvaro de Campos, mas estas, por sua vez, jogam aqui com o tópos da brevidade, da rapidez e da vertigem também verbalizadas no discurso vigente sobre cinema". Na obra de Pessoa, a estética do cinema é parte de um jogo em andamento. No espelho do texto se reflete menos a estética do filme e mais a própria literatura de vanguarda e a moderna indústria do entretenimento e da publicidade.

Na quarta-feira, dia 13 de junho, não serão os escritos sobre cinema que acenderão a vela definitiva no bolo de aniversário do poeta.

Cotas e ilusões - HÉLIO SCHWARTSMAN


FOLHA DE S.PAULO - 09/06


SÃO PAULO - Tramita no Senado um projeto que reserva 50% das vagas em universidades federais para egressos de escolas públicas. A proposta pode até ser justa, mas, se efetivada, representaria um golpe na excelência dessas instituições.
Se há um campo onde somos vítimas de nossas ilusões cognitivas, é a educação. É que, em nossas cabeças, escolas servem para ensinar; assim, atribuímos todos os progressos observados no aluno ao colégio em que ele está, deixando de ver que a qualidade de uma instituição se deve muito mais ao nível de seu corpo discente do que a qualquer outro fator.
Quem primeiro mostrou isso foi James Coleman, em 1966. No que provavelmente é o maior achado do "Coleman Report", o autor mostrou que a extração familiar e a condição socioeconômica do estudante eram fatores muito mais importantes para explicar seu sucesso (ou fracasso) do que variáveis mais específicas como a qualidade dos professores, o gasto médio por aluno etc.
De lá para cá, inúmeras pesquisas em diferentes lugares do mundo confirmaram o peso das variáveis família e status socioeconômico, a ponto de alguns estudiosos chegarem perto de afirmar que matricular o filho nas melhores escolas é irrelevante.
É preciso um pouco de cuidado na interpretação desses achados, pois há uma assimetria fundamental. Alunos brilhantes se saem bem não importando muito qual escola tenham frequentado. Mas, para os que estão na faixa mediana ou abaixo dela, há benefício significativo em estudar com alunos mais preparados, que os "puxam" para cima.
Democratizar-se e manter a qualidade são objetivos até certo ponto contraditórios. Não que seja impossível conciliá-los, mas existe um número ótimo de alunos menos preparados que uma instituição pode incorporar antes de comprometer a qualidade. Um corte linear de 50% em todas as universidades federais dificilmente é a melhor resposta.

Bombando? - SONIA RACY


O ESTADÃO - 09/06

Enquanto o México enxerga no etanol brasileiro de cana-de-açúcar uma solução energética limpa (senadores estiveram por aqui em maio para ver de perto nosso sistema produtivo), o clima anda quentíssimo em Brasília.

É que o País bate recorde atrás de recorde na importação de etanol de milho dos Estados Unidos. E vê sua produção cair a cada ano.

Fonte da coluna na Secretaria de Comércio Exterior admite que já passou da hora de o governo rever a política para o álcool etílico. E teme que o assunto se torne “uma vergonha nacional” durante a Rio+20.

Caderninho
Comando da campanha de Serra tem anotado cada gafe de seus adversários na corrida à Prefeitura paulistana.

A última registrada foi de Chalita. Em entrevista, terça, à rádio Band News FM, ele afirmou que a avenida Celso Garcia ficava na zona sul da cidade.

Caderninho 2
Haddad também está na lista por ter chamado em reunião no Itaim Paulista,o bairro de Itaim Bibi. E, em sabatina do Terra/ SBT, não soube dizer o endereço correto da Prefeitura.

Planos
O assunto é vetado dentro do PCdoB. Entretanto, Netinho de Paula manifestou, a interlocutores, que, se não for mesmo disputar a Prefeitura, prefere ficar de fora da corrida à reeleição para vereador.

Planos 2
Apesar de ser um potencial puxador de votos, uma das hipóteses que circulam é que o músico gostaria de se dedicar à carreira na TV até 2014 – quando sairia para deputado federal.

Dignidade
Dráuzio Varella aceitou convite do Médicos Sem Fronteiras. Vai escrever prefácio da versão brasileira do livro Dignidade! – que será lançado pela editora Leya, em junho.

Na obra, nove escritores – entre eles o peruano Mario Vargas Llosa e a brasileira Eliane Brum – contam histórias comoventes que se passam nos projetos do MSF em diversos lugares do mundo.

Passarinho
Chefes de Estado, diplomatas e ativistas serão modelos dos fotógrafos do Imagens do Povo–programa sediado na Favela da Maré,que capacita jovens de comunidades carentes. Com câmeras na mão, eles farão ensaios durante a Rio+20.

Fala, Fabuloso!
Apesar de fora do clássico de amanhã contra o Santos (por causa de um cartão amarelo que lhe rendeu até multa), Luís Fabiano está voltando à velha forma - – após meses lutando contra contusões. Ao lado da mulher, Juliana (que está grávida de cinco meses), e das filhas, Giovana (8 anos) e Gabriela (5), o atacante tricolor recebeu a coluna em sua casa.

•Sente saudade da Europa? 

Quem sente falta mesmo são as minhas filhas.

•São muito ligadas ao país? 

Têm dupla cidadania. E até pouco tempo só falavam do Sevilha (risos). Mas hoje já cantam o hino do São Paulo.

•Elas vão ao Morumbi? 

Sempre.

•O que faz no tempo livre? 

Geralmente, saio para jantar com a família. Cinema é mais complicado, porque o assédio é muito grande.

•É bom garfo?

Só não curto jiló. Também gosto muito de vinho, aprendi a apreciar. Joguei na França, em Portugal e na Espanha... (risos).

•Depois da cirurgia e das contusões, o que você espera daqui pra frente?

Títulos. Vim pensando nisso. Temos a Copa do Brasil, que é a chance de voltar rapidamente à Libertadores. Quero ganhar muita coisa, incluindo o Mundial.

•Acha que dá tempo de voltar à seleção?

Vou estar com 33 anos, sou um cara regrado, não engordo (risos). Mas até lá é imprevisível.

•Aos 31, já pensou em parar? Em se aposentar?

Já pensei, sim. Estou convivendo com um monte de jogadores de 18 anos...

•Estão te chamando de tio? 

(risos) Ainda não. Acho que consigo jogar em alto nível por mais uns cinco anos. Queria fazer uma última temporada na Ponte Preta – que era o time do coração do meu avô. Uma despedida, talvez. Até para agradecer tudo que o clube fez por mim. Mas, depois de parar, ficarei ligado ao São Paulo. É o desejo do clube... e o meu também.

•Quem é o melhor do mundo hoje?

Messi, com certeza.

•Tem medo dele na Copa? 

Não (risos). Sério, nunca perdi para o Messi jogando pela seleção.

•Neymar tem mesmo de ir para a Europa?

Olha, para mim foi muito bom. Cresci muito. Na Europa, você amadurece rápido, aprende a tomar decisões. Não defendo que tenha ou não de ir... Mas, na Europa, você é reconhecido de outra maneira, né?

Reagan era um Keynesiano - PAUL KRUGMAN

FOLHA DE SP - 09/06

O declínio econômico que ele enfrentou era muito diferente do atual e muito mais fácil de lidar

Não resta dúvida de que a recuperação dos EUA após a crise financeira tem sido frustrante.
Na verdade, venho argumentando que seria melhor olhar a era desde 2007 como uma "depressão", um período prolongado de fraqueza econômica e desemprego elevado que, como a Grande Depressão na década de 1930, persiste apesar de fases em que a economia cresce.
Os republicanos adoram contrastar a atuação do presidente Barack Obama com a de Ronald Reagan, que, a esta altura da sua Presidência, de fato comandava uma forte recuperação econômica. Poder-se-ia pensar que a comparação mais relevante é com George W. Bush, que, neste estágio da sua gestão, ainda tinha -ao contrário de Obama- uma grande perda de empregos no setor privado.
E o declínio econômico que Reagan enfrentou era muito diferente da nossa atual depressão, e muito mais fácil de lidar. Ainda assim, a comparação Reagan/Obama é reveladora sob alguns aspectos.
Em pelo menos uma dimensão, a dos gastos públicos, houve uma grande diferença entre os dois, com os gastos públicos totais, ajustados conforme a inflação e o crescimento populacional, aumentando muito mais rapidamente sob uma do que sob a outra.
Reagan, e não Obama, foi o grande gastador. Embora tenha havido um breve surto de gastos governamentais no começo da gestão Obama, isso já passou faz tempo. Na verdade, a esta altura, o gasto público está caindo rapidamente, com o gasto real per capita encolhendo ao longo do último ano em um ritmo que não era visto desde a desmobilização que se seguiu à Guerra da Coreia.
Por que o governo gastava muito mais sob Reagan do que na atual crise? O "keynesianismo bélico" -a grande expansão militar de Reagan- teve um papel. Mas a grande diferença eram os gastos reais per capita em níveis estadual e local, que continuaram crescendo sob Reagan, ao passo que caíram significativamente desta vez.
Em suma, se você quer ver o governo reagindo a épocas de dificuldades econômicas com as políticas de "taxar e gastar" que os conservadores sempre denunciam, deveria olhar para a era Reagan -e não para os anos Obama.
Então a recuperação econômica da era Reagan demonstra a superioridade da economia keynesiana? Não exatamente. Porque, como eu disse, a verdade é que a crise dos anos 1980 foi muito diferente da nossa atual depressão, causada por excessos do setor privado: acima de tudo, a explosão das dívidas familiares durante os anos Bush.
A crise da era Reagan podia ser e foi rapidamente encerrada, quando o Fed decidiu amolecer e cortar os juros, desencadeando um gigantesco boom imobiliário.
Essa opção não está disponível agora, porque os juros já estão próximos de zero.
A questão, então, é que estaríamos em situação muito melhor se estivéssemos seguindo o estilo Reagan de keynesianismo. Reagan pode ter pregado um governo pequeno, mas na prática comandou um grande aumento nos gastos -e neste momento é exatamente disso que os EUA precisam.
Tradução de RODRIGO LEITE

Fora de compasso - VERA MAGALHÃES - PAINEL


FOLHA DE SP - 09/06


Resolução aprovada no ano passado e ratificada em maio pelo Diretório Nacional do PT é mais um elemento de tensão na relação do partido de Dilma Rousseff e Lula com o PMDB, principal partido da coalizão governista. A decisão, que proíbe apoio do PT a chapas das quais façam parte PSDB, DEM ou PPS, está inviabilizando alianças já costuradas com o parceiro país afora.

Em retaliação, o PMDB também está retirando apoio a candidatos petistas em cidades importantes, como Franca e Campinas, em São Paulo. Só em Minas houve mais de 100 atritos entre diretórios municipais petistas, prejudicados pela regra, e a direção nacional da sigla.

Onde pega Em conversas reservadas, Marta Suplicy mostra-se incomodada com a aposta do marqueteiro João Santana no conceito de "novo" na campanha. A senadora, que administrou São Paulo entre 2001 e 2004, vê no slogan haddadista viés depreciativo ao seu legado.

Tela quente 1 Enquanto a campanha de José Serra celebra as adesões de PR e PP, que darão ao tucano a maior fatia do tempo de TV, petistas fazem outra conta para atenuar a desvantagem de exposição de Fernando Haddad.

Tela quente 2 Para o PT, a propaganda televisiva, que começa em 22 de agosto, será rigorosamente equilibrada num ponto importante: terá pouco mais de 12 minutos para candidatos pró e contra a gestão de Gilberto Kassab.

Questão de fé Fernando Haddad se reuniu previamente com os organizadores da Parada do Orgulho GLBT por recomendação do comando da campanha, que temia ruído com as igrejas evangélicas se ele comparecesse ao evento de amanhã.

Hoje... O PT conta com o ministro Leônidas Christino (Integração) para convencer seu padrinho Cid Gomes (PSB) a apoiar Elmano Freitas na sucessão de Fortaleza. O candidato petista foi indicado pela prefeita Luizianne Lins, à revelia do governador.

... e amanhã Christino, que é pré-candidato ao governo em 2014, se beneficiaria da garantia dada por Luizianne de apoiar o nome de Cid, sem se lançar. Em sintonia com a estratégia, o ministro tem se manifestado a favor da aliança PSB-PT.

Magnetismo A greve dos professores da Bahia, que já dura 60 dias, preocupa Nelson Pellegrino (PT) na disputa de Salvador. ACM Neto (DEM) tenta colar a encrenca no escolhido de Jaques Wagner. Geddel Lima (PMDB) mantém em seu blog vídeo com o líder do movimento atacando o petista.

Octógono Após saber que os grevistas recusaram a proposta do governo, Wagner subiu o tom contra o grupo pela "indiferença" e o "descaso". Pouco antes, havia recebido em seu gabinete o lutador de MMA Júnior Cigano.

Dividir... Balanço recém-fechado com base no recolhimento da contribuição sindical, em março, dará R$ 39 milhões à CUT, R$ 34 milhões à Força Sindical, R$ 21 milhões à UGT, R$ 15 milhões à Nova Central e R$ 7 milhões à CTB.

... e multiplicar Excluída, a CGTB coloca sob suspeita o expressivo aumento de filiações sobretudo a sindicatos ligados à UGT. A central, dirigida pelo coordenador sindical do PSD, Ricardo Pattah, quase duplicou os associados em um ano.

Lado B Os peemedebistas Paulo Skaf e Michel Temer inaugurarão, segunda-feira, o espaço "Humanidade 2012", no Forte de Copacabana. O ciclo de seminários será paralelo à Rio+20.

com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI

tiroteio

"A paralisação mostra o 'novo' que Haddad quer trazer para São Paulo: vai ensinar aos paulistanos como sucatear a prefeitura a exemplo do que fez com as universidades."

DO PRESIDENTE DO PSDB-SP, PEDRO TOBIAS, associando a greve dos professores das universidades federais à gestão do pré-candidato petista à prefeitura paulistana à frente do Ministério da Educação.

contraponto

Segredo da longevidade

Durante solenidade que homenageava instituições de inovação na área de saúde, Geraldo Alckmin discorria sobre os avanços tecnológicos do setor:

-Nos últimos 50, 60 anos, mudou o mundo e nós devemos isso à ciência, aos medicamentos. Meu secretário, por exemplo, me dizia que sua mãe tem 103 anos. Lúcida e bem. E ainda toma uma cervejinha no domingo.

Um espectador, na plateia, perguntou:

-Resta saber se a fórmula que dá vitalidade a essa senhora veio mesmo dos fármacos ou da cevada...

Otimismo do Copom tem bases muito frágeis - EDITORIAL O ESTADÃO


O Estado de S.Paulo - 09/06


Não se esperavam grandes novidades na ata da 167.ª reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que reduziu a taxa Selic para 8,50%.

O que se percebe no documento é uma visível preocupação com o clima internacional, especialmente com a Europa, e que agora pode se agravar pelo recuo da economia chinesa. É um quadro que afeta o comércio exterior do Brasil, reduz o ingresso de capitais e dificulta os empréstimos externos.

Tem-se a impressão de que, no texto, as autoridades monetárias tiveram a preocupação de justificar a afirmação de que a situação econômica já melhorou no primeiro trimestre e será melhor no segundo semestre. A base para essa expectativa repousa na presumível melhora da confiança dos consumidores e dos empresários, embora o texto não repita a ata anterior que se referia a um nível elevado da confiança destes, fundamentado no aumento das transferências públicas e na expansão do crédito para as famílias e para as empresas, na situação excepcional do emprego e na queda do descasamento entre demanda e oferta, que durante anos preocupou o Copom em razão de se constituir em fonte de inflação.

Trata-se de uma visão muito otimista. Concordamos com o Copom em que a transferência de recursos públicos, se for para realizar investimentos, teria um efeito altamente benéfico sobre a atividade econômica. Todavia, como já se verificou nos últimos meses, não basta querer realizar investimentos na infraestrutura, pois cabe saber administrar esses projetos e a um custo razoável.

A excelente situação do emprego pode mudar rapidamente, e já estamos registrando um aumento do desemprego. Existe a ilusão de que basta aumentar o crédito (o que em certas circunstâncias é um perigo) para que as famílias aumentem suas compras. Estamos, porém, diante de um quadro novo em que o aumento excessivo do endividamento conduz as famílias a reduzir seus gastos e a evitar novas dívidas, situação que pode se prolongar.

A mesma dose de otimismo aparece quando a ata afirma que "a contribuição do setor externo tem sido desinflacionária". Se isso é verdade até agora, podemos perguntar até que ponto vai durar. Hoje há uma desova do excesso de estoques de bens adquiridos a uma taxa cambial bem diferente da atual. Quando esses estoques se esgotarem, quais serão os preços exigidos? O Banco Central poderá intervir ainda para manter a nova taxa cambial a que se fixou?

A inflação deveria merecer muito mais cuidado da parte do Copom.

Para constranger - ILIMAR FRANCO

O GLOBO - 09/06

Polícia Federal aproveitará a Rio+20 para fazer manifestações contra o governo Dilma. Com o slogan “A PF dá o sangue pelo Brasil”, delegados e agentes farão panfletagem no Galeão dia 18, auge da chegada de estrangeiros para a Conferência e, nos dias seguintes, percorrerão locais próximos ao evento criticando as condições de trabalho. Dia 20, quando Dilma chegará ao Rio, se concentrarão no Riocentro, onde funcionará seu gabinete.

Aluga-se para temporadaNão haverá operação padrão durante a Rio+20, garante a PF. Mas os protestos serão a forma de expor as dificuldades que enfrenta. Por exemplo: o valor da diária dos que foram deslocados de outros estados para trabalhar na Conferência será de R$ 400. A presidente Dilma assinou decreto esta semana aumentando o valor, que era de R$ 200. Sem hotel disponível a poucos dias do evento, policiais e agentes estão correndo para alugar apartamentos e dividir as despesas. Em reunião com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, policiais brincaram que, para engordar o orçamento, iriam abrir tendas na beira da praia.

“Não serei conduzido por paixões ou truculência. Não adianta fazer texto contra o governo. Será vetado”
 — Luiz Henrique, senador (PMDB-SC), sobre a MP do Código Florestal

GOVERNO RENEGOCIARÁ DÍVIDAS 
O governo fechou esta semana o pacote de renegociação das dívidas de 230 mil agricultores atingidos pela seca no Norte e Nordeste. Serão refinanciados os débitos dos que contrataram empréstimos que chegam a R$ 100 mil até 2006.O volume já em execução judicial supera R$ 1,5 bilhão, de acordo com o senador Walter Pinheiro (PT-BA). Para garantir o benefício, os agricultores precisam aderir à proposta até dezembro deste ano.

Complexo
Uma das grandes dificuldades que a Comissão da Verdade enfrenta é a marcação das oitivas de militares da reserva que atuaram no período da ditadura. A comissão pediu ajuda ao ministro Celso Amorim para intermediar.

Conversa
A presidente Dilma irá a Belo Horizonte, terça-feira, para lançar obras do PAC. Aproveitará para conter os ânimos de petistas que querem o PSDB fora da chapa PSB-PT à reeleição do prefeito Marcio Lacerda.

Balcão de negócios em SP
Peemedebistas que atuam na coordenação da campanha do deputado Gabriel Chalita a prefeito de São Paulo estão irritados com o uso das máquinas federal, estadual e municipal para empurrar as candidaturas de Fernando Haddad (PT) e José Serra (PSDB). Há um “balcão de negócios” em funcionamento, segundo informaram ao presidente nacional do PMDB, senador Valdir Raupp (RO).

DJs
Os ministros Paulo Bernardo e Alexandre Padilha trocavam impressões musicais, ontem, via twitter. Bernardo elogiou o relançamento de “Cabeça Dinossauro”, dos Titãs, e prometeu presentear Padilha, que retribuirá com Beatles.

Demissão
O desvio de R$ 100 milhões pelo Banco do Nordeste, investigado pela Polícia Federal, leva o governo a apressar as mudanças no comando da instituição. O atual presidente, Jurandir Vieira Santiago, será demitido na próxima semana.

DESFORRA: Rejeitado pelos senadores para um novo mandato na ANTT, Bernardo Figueiredo assumirá a Etav (Empresa do Trem de Alta Velocidade), sem necessidade de ser referendado pelo Congresso.

O VETO: O MEC
 esclarece que Carlos Abicalil não foi para o Conselho Nacional da Educação porque a presidente Dilma vetou acúmulo de funções.

EQUÍVOCO: 
A coluna cometeu um erro e chamou o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) de deputado.

É hoje! Neymar x Neymessi! - JOSÉ SIMÃO

FOLHA DE SP - 09/06


E o Ronaldinho no Galo é patrocinado pelo BMG. Então BMG quer dizer Baladas em Minas Gerais!



Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!

É hoje! Amistoso Brasil x Argentina! Amistoso?! Não existe jogo amistoso contra a Argentina. Ops, AAAARGH...entina! E atenção! No estádio em New Jersey existe um "código de conduta".

É verdade. Não pode xingar! Que saco! Não pode xingar ninguém de argentino? Rarará! E não pode vuvuzela. Ainda bem. Já imaginou vuvuzela mais o Galvão? Tecla MUTE.

Diz que o Galvão é um cruzamento de vuvuzela com trio elétrico! E conhece a Mulher Vuvuzela? Aquela que, quando vai pra cama com o marido, o prédio inteiro fica sabendo! Rarará!

E um amigo meu não está nem otimista nem pessimista, está peronista: vai torcer pra Argentina!

É hoje! Duelo de titãs! Neymar x Neymessi! Pica-pau Encapetado x Galã de Quermesse! Será que o Neymar vai ficar rodopiando mais do que enceradeira descontrolada?!

E um amigo meu viaja tanto de avião que o cartão de crédito dele tá parecendo o currículo do Messi: GOL, GOL, GOL, GOL!

E ego de jogador argentino? Jogador argentino é assim: estoura um relâmpago, ele arruma o topete pensando que é flash! Rarará!

E diz que Deus fez o mundo em seis dias e no sétimo foi interrompido pelo Galvão! E o Casão tá parecendo um leão-marinho. O Leôncio do Pica-Pau! Brasil x AAAARGH...entina! Hoje a plástica do Galvão despenca! Rarará!

E o Ronaldinho no Galo é patrocinado pelo BMG. Então BMG quer dizer Baladas em Minas Gerais! Rarará! E a melhor história do Ronaldinho. Pegaram ele com uma periguete na concentração e ele alegou que desceu no andar errado. Adorei! Bela desculpa! "Não, amor, em vez de descer no sexto, desci no quinto, a porta tava aberta e eu comi a vizinha." Rarará! É mole? É mole, mas sobe!

O Brasil é Lúdico! Olha a tabela do Bar da Tonha: "Número 1: 1,50. Número 2: 3,00. Lavar aquicila: 2,00. Lavar as partes: 5,00. Contonete: 0,50. Duração banho: 20 minutos. Não se permite homem com homem. Mulher com mulher pode". Ueba! Tô achando que essa Tonha é sapa. Da Turma do Rala Coco!

E como é o plural de coco? Cócos? Eu tinha uma tia que dava receita assim: rale dois cócos! Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza!

Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

Suprema velocidade - FERNANDO RODRIGUES

FOLHA DE SP - 09/06


BRASÍLIA - Nada impede nem tampouco garante que o veredicto do mensalão seja dado no início de setembro, como acaba de anunciar o Supremo Tribunal Federal.

O caso tem 38 réus num processo com mais de 50 mil páginas. O STF deseja começar o julgamento em 1º de agosto. Até o dia 14 desse mês pretende ouvir as defesas e a acusação feita pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel.

Como o tempo é inelástico e imprevistos acontecem, algo não fecha nessa conta. Cada um dos dez dias úteis separados pelo STF terá sessões de cinco horas, das 14h às 19h. Serão 50 horas de trabalho para ouvir a acusação e as defesas.

O primeiro dia será consumido com os procedimentos iniciais e a leitura do relatório da acusação. Restarão 45 horas para a defesa de todos os 38 réus ao longo de nove dias.

Quanto tempo terá cada um dos acusados para expor seus argumentos? De acordo com o STF, cada réu terá o direito a até uma hora.

Julgamentos não são como churrascarias rodízio. Não existe "espeto corrido de defesa". É ingenuidade imaginar que 38 réus só consumirão as 38 horas previstas.

Haverá intervalos, pausas decorrentes de questões de ordem e até as conhecidas manobras protelatórias. Alguém sempre pode adoecer.

Os 11 ministros do STF estarão atentos. Vão repelir chicanas. Ainda assim, parece óbvio que as defesas dos 38 réus excederão 38 horas.

Nenhum ministro pode votar antes das defesas. Ocorre que um deles, Cezar Peluso, faz 70 anos em 3 de setembro. Aposenta-se alguns dias antes. A corte fica desfalcada no final de agosto. Com dez ministros, pode haver empate. Nessa hipótese, os mensaleiros se salvam.

Tudo considerado, o STF está sob pressão. É positivo tentar liquidar esse caso insepulto. Mas é cedo para saber se o Brasil verá o espectro do mensalão sendo eliminado de fato até o início de setembro.

O favor indecoroso - ROBERTO ROMANO


O Estado de S.Paulo - 09/06


Sobre o diálogo secreto dos srs. Luiz Inácio da Silva, Gilmar Mendes e Nelson Jobim, muito foi dito ou escrito. Poucos analistas sublinharam, nele, a prática do favor. Ninguém se reúne em sigilo para trocar nonadas. Se é impossível que o povo soberano tenha acesso ao tema do simpósio, existe, no entanto, a certeza, trazida pelos relatos dos envolvidos, de que houve favor para facilitar a conversa. Nelson Jobim foi bondoso ao emprestar salas para que os dois outros discutissem o sexo dos anjos? O favor, no caso, quebrou hierarquias e competências (se o trato fosse legítimo, haveria audiência formal) e abalou ainda mais a confiança nas instituições. Pensemos a origem do favor em nossa vida política.

O Estado depende da ética social que o envolve. Na sociedade brasileira governa o favor, obstáculo que impede a autonomia dos eleitores e distorce a vida parlamentar. O favor dissolve os traços igualitários da vida pública. No mercado, nos partidos, em igrejas e seitas religiosas, ele define alianças que tornam as doutrinas irrelevantes. Em todas as sociedades, antigas ou modernas vigora o favor. Mas países democráticos o regulam em prol de procedimentos impessoais e abstratos. Aqui ele é "mediação universal", como afirma Maria Sylvia de Carvalho Franco em Homens Livres na Ordem Escravocrata. No Brasil, poderoso é o político que mais auxilia os amigos, os aliados e, não raro, os próprios inimigos. O favor alimenta alianças, rebaixa ministros, ordena as pautas legislativas e atormenta o Executivo. Ele ordena redes de interesses obscuros, lobbies disfarçados, corrupção de agentes públicos por empresas privadas, achaque de empresas por funcionários estatais. Somos a antirrepública do favor, assumido como técnica predileta de oligarcas como José Sarney e similares. E não existe favor gratuito: a censura à imprensa (como a aplicada ao jornal O Estado de S. Paulo) retribui obséquios prestados pelos nossos oligarcas. Não surpreende, pois, o sigilo usado pelos que controlam o poder.

O favor tem origem na República Romana e na sociedade do Antigo Regime. Nascemos sob o absolutismo que se firma no século 16. Nele o favor impera na corte e nos elos entre os nobres. Como enuncia o historiador Joël Cornette, o rei sustenta aliados e os liga à venalidade na administração pública. A ascensão política é feita pelos grupos e indivíduos numa imensa rede de favores. Os interessados (rei e nobres) precisam de intermediários e nasce o "é dando que se recebe". No absolutismo, diz outro historiador (Jean Petitfils), o favor define a rede de interdependência em que o nobre se insere desde o nascimento, se casa e sustenta a reputação de sua família. O alvo é atingir conexões em estratos mais altos, nas redes de interesse. É o arrivismo geral. Entre os pactos tácitos está o que enuncia que alguém "pertence" a um outro, é sua "criatura". Tais cadeias prendem o patrão, o cliente e os brokers (os intermediários). No corrupto Antigo Regime, "quem precisa de um outro é indigente e se curva. (...) O ministro dá seu passo de cortesão, bajulador, serviçal ou mendigo diante do seu rei. A massa dos ambiciosos dança as posições de cem maneiras, umas bem mais baixas do que as outras, diante do ministro" (Diderot, O Sobrinho de Rameau). Pantomima pior é exibida nos palácios brasileiros de hoje.

Mas o invento da clientela é de Roma. Como no Antigo Regime, as relações políticas romanas são praticadas segundo o favor. O consulado foi possível por causa do trato obsequioso das famílias nobres com os clientes. Os cargos maiores de Roma eram gratuitos, porque os ocupantes, ricos e poderosos, não viam como adequado à sua dignidade receber para administrar. Os salários no governo marcam regimes que fornecem acesso ao poder a todos os cidadãos. Roma não é uma democracia. Nela a eficácia política depende da fratura entre quem governa e a massa dos que obedecem. O cimento que os une é o fauor (favor). Favere tem o sentido de "ser favorável", na língua comum e política. Fauor significa o próprio voto, mas não a campanha política, que tem por nome officium. O favor manifesta-se por sinais externos : laude, plausus, clamor (louvação, aplauso, clamor). A partir do teatro, aqueles termos são aplicados à política. E o favor indica "popularidade". Fauere significa "trabalhar para o aumento da posição política de alguém". Se o cliente tem o dever moral de votar no patrão, este último deve protegê-lo. Como na República existe a fictícia soberania popular (a Monarquia caíra com Tarquínio), o favor do voto tem o nome eufêmico de beneficium. Tal relação se cristaliza no obsequium (indulgência, complacência) e na ambitio, palavra para caracterizar os candidatos quando eles perdem a vergonha na caça aos votos. O favor é ambição indecorosa.

Voltemos ao bafafá gerado por nossos homens ilustres. Entre Luiz Inácio da Silva e Gilmar Mendes, Nelson Jobim operou como "broker", intermediário que, na clientela política, aproxima favorecidos ou fontes de obséquio. Houve ausência do necessário decoro na cena ocorrida. Decoro e prudência definem o que é permitido às pessoas públicas: roupas, modos de falar, tratamentos, lugares e ocasiões. Spinoza diz que se o governante "corre, ébrio e nu (...) nas praças, faz o papel de histrião ou despreza abertamente as leis que ele mesmo estabeleceu, é impossível que ele conserve a majestade do poder (...), pois tais coisas transformam o respeito em indignação e o estado civil em estado de guerra" (Tratado Político). O decoro não é "simples formalidade" porque a pessoa pública representa o Estado. Suas excelências não viram o "detalhe". Os agrados anteriores e os insultos posteriores falaram mais alto do que o respeito à cidadania. E agora José Sarney executa o favor de "apaziguar os ânimos" dos poderosos. Triste e indecoroso Brasil.

Disputa de poder - MERVAL PEREIRA


O GLOBO - 09/06


Quando estourou a tentativa de pressão do ex-presidente Lula sobre o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes, o deputado federal Miro Teixeira comentou: "Imagine se um ex-presidente dos Estados Unidos fosse a um escritório de Wall Street se encontrar com um ministro do Supremo. O mundo cairia."

De fato, é impensável um Jimmy Carter ou Bill Clinton fazendo lobby junto a um ministro da Suprema Corte dos Estados Unidos, mas, nas democracias, que têm no Supremo a última instância da defesa da Constituição, não é incomum uma disputa por influência sobre seus ministros.

Diego Werneck Arguelhes, professor da Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas e especialista no Judiciário americano, diz que, "em seus mais de 200 anos de história constitucional, o país foi um verdadeiro laboratório de maneiras pelas quais a política pode pressionar e até disciplinar o Judiciário".

Outro jurista, Luis Roberto Barroso, lembra que, nos Estados Unidos, é comum a Suprema Corte mandar ouvir a opinião do Executivo, mesmo quando não seja parte no processo. "E, no geral, se considerar que a questão é predominantemente política, segue a posição do Executivo."

Barroso, que é professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, lembra que o Executivo interfere, de maneira legítima, na composição do STF, com a indicação dos ministros pelo presidente da República, seguida da aprovação pelo Senado.

"Nos 24 anos de vigência da Constituição de 1988, pode ter havido um ou outro ponto fora da curva, mas a regra geral é a de que prevalece o critério técnico sobre o político nessas indicações", afirma.

Mas Barroso lembra que há diversos tipos de tentativa de influência, sendo que um que é praticado de maneira aberta - "e, portanto, tido como legítimo" - é a visita aos ministros feita por membros do governo quando há interesse especial em determinada questão.

"Exemplos notórios envolvem os planos econômicos, com seus cadáveres no armário", lembra Barroso. Outro exemplo dado por ele: no caso em que se discutia a subsistência do monopólio postal - "penoso anacronismo no mundo da internet" -, o ministro das Comunicações visitou ministros do Supremo para pedir votos em favor da manutenção do privilégio da ECT.

"A verdade é que, para bem e para mal, a nossa cultura admite certa dose de diálogo informal entre os Poderes", analisa Barroso, aceitando que "talvez seja assim em toda parte dos países nos quais a Suprema Corte tenha um papel proeminente."

No Brasil, nos períodos autoritários, houve intervenções arbitrárias, sendo que duas delas ocorreram no regime militar: o Ato Institucional n 2, de 27 de outubro de 1967, aumentou o número de ministros de 11 para 16.

Luis Roberto Barroso assinala que a modificação teve "a clara pretensão de diminuir a independência do Supremo Tribunal Federal e aparelhá-lo com juízes alinhados com a linha ideológica do governo. Ainda assim, em mais de um episódio, o Tribunal deu mostras de altivez contra atos arbitrários do regime".

Em janeiro de 1969, com base no Ato Institucional n 5, foram aposentados compulsoriamente - isto é, cassados - os ministros Vitor Nunes Leal, Hermes Lima e Evandro Lins e Silva. Em protesto, também renunciou ao cargo o então presidente do STF, ministro Gonçalves de Oliveira. Na sequência, o Ato Institucional n 6, de 12 de fevereiro de 1969, reduziu o número de ministros para 11, voltando ao quantitativo que permanece até hoje.

É dentro desse quadro de "disputa de poder" que se deve levar em conta a atitude de Lula, ou dos dirigentes do PT, que deveriam ter mais cuidado com as críticas que fazem ao Supremo Tribunal Federal às vésperas do julgamento.

Se é possível entender-se quase como "natural" a tentativa do Executivo de influir nas decisões da última instância do Judiciário, o mensalão é um caso fora da curva, pois se trata, segundo a definição do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, do "mais grave atentado já praticado contra a democracia brasileira".

A tentativa de adiar o julgamento tem como principal objetivo a prescrição das penas, o que tornaria o julgamento uma formalidade inócua, dando aos mensaleiros um resultado equivalente a uma absolvição moral. O que, aliás, não é eficaz em muitos casos, sendo o mais notório o do ex-presidente Collor de Mello, que, mesmo absolvido pelo Supremo por insuficiência de provas, nunca recuperou a credibilidade política, mesmo agora eleito senador.

Ao mesmo tempo, quando o secretário de Comunicação do partido, André Vargas, alega que marcar o julgamento do mensalão próximo à eleição municipal - mesma tese defendida pelo ex-presidente Lula junto a vários ministros do Supremo - é prejudicial ao PT, ele parte do princípio de que os principais réus do PT serão condenados, que o resultado do julgamento será contrário ao seu partido, e que a oposição vai usar isso durante a campanha eleitoral.

Mas, se eles afirmam que o mensalão não existiu, que é uma farsa, foi uma tentativa de golpe contra o governo de Lula, deveriam estar tranquilos com o julgamento.

Ao contrário, o PT teria, na campanha eleitoral, um mote muito forte a seu favor com a proclamação do Supremo Tribunal Federal de que o mensalão de fato foi uma peça de ficção oposicionista.

O que está em jogo, em termos políticos, portanto, não é a data do julgamento, mas o resultado do julgamento. E isso não deve influir no voto de cada um dos 11 ministros do STF.

É bobagem considerar que o PT já está condenado ou absolvido, pois cada ministro, especialmente depois do episódio envolvendo a pressão feita pelo ex-presidente Lula sobre Gilmar Mendes a fim de adiar o julgamento para depois das eleições, terá mais que nunca a obrigação de dar um voto que seja isento de influências políticas, que se sustente nos autos e nas provas conseguidas.

Formidável, no momento, é verificar que, embora os governos petistas tenham nomeado nada menos que oito dos 11 ministros atuais do Supremo, não há um sentimento de que o Tribunal seja tendencioso a favor dos petistas, a começar pelas dúvidas dos próprios.

Mais importante que o resultado será o julgamento ser respeitado pela opinião pública. (Continua amanhã)

A crucificação e a democracia - WALTER CENEVIVA


FOLHA DE SP - 09/06

Pilatos ouviu a voz do povo, da qual se diz que é a voz de Deus. Negou, porém, a essência da democracia


O DIA santo do Corpo de Cristo, seguido pela sexta-feira, inspira a prorrogação do descanso de aulas e trabalho, mesmo nas atividades da Justiça. A possibilidade do descanso me sugeriu a leitura da obra de Gustavo Zagrebelsky "A crucificação e a democracia" (Saraiva, 155 páginas). A linha adotada pelo escritor consistiu em avaliar a conduta de Pilatos entre o clamor do povo e o conceito da verdade sabida, ao que parece trazido por sua mulher, quando teve de resolver o destino de Cristo.

O clamor, invocado nos fatos mais espetaculosos do processo criminal, é, com alguma frequência, o aproveitamento do escândalo gerado. Já era assim ao tempo do Cristo. Apenas vem ampliado ao atingir toda a população com novos meios de comunicação, cujo desenvolvimento técnico parece interminável. Não é mais a multidão diante do palácio governamental, mas todo o povo. Seu efeito possibilitou, no século 20, a implantação da ditadura nos cinco continentes, de direita e de esquerda, desde 1918, quando terminou a Primeira Guerra Mundial até 1945, ao acabar a segunda.

A narrativa de Zagrebelsky é exemplar, o que não surpreende num juiz como ele, que presidiu a Corte Constitucional da Itália, a contar da versão da Bíblia, feita em 1641, por Giovanni Diodati. Sai agora na boa tradução de Mônica de Santis, para a Saraiva. Entre Barrabás e o Cristo, o povo salvou o primeiro. Pilatos foi um democrata no sentido estrito de que ouviu a voz do povo, da qual se diz que é a voz de Deus. Negou, porém, a essência da democracia. Deixou de lado a avaliação crítica da conduta dos dois condenados, sob ameaça da crucificação.

Na narrativa dos fatos cruciais desse momento histórico, surge a entrega de Jesus para que fosse sacrificado. Daí a frase em que a voz do povo foi divinizada para justificar a punição. Zagrebelsky considera totalitária tal concepção da democracia. Vê nela a marca da "ausência de procedimentos e de garantias". Não de uma amostra da democracia, mas sim de um jogo de adulação da multidão para criar a impressão de que o caminho do poder havia dependido do povo.

Assim, tomar a expressão "a voz do povo é a voz de Deus", no contexto da condenação do Cristo, é uma insensatez, estranha à democracia crítica. Na avaliação desta é essencial, em primeiro lugar, reconhecer e saber que "todos os homens são necessariamente limitados e falíveis". A contradição é aparente. Zagrebelsky logo esclarece: "a democracia critica é fundamentada em um ponto essencial: o de que as virtudes e os defeitos de um indivíduo são também os de todos". Se for assim, há o risco de se querer predominância para os melhores, por mérito. "O ponto de referência da democracia que aspira a melhor não é, porém, um ideal verdadeiro e justo, pelo qual ela seria esmagada e, assim, irremediavelmente condenada."

Na democracia crítica, a soberania popular subsiste, mais ainda agora, ao ser negada a infalibilidade do povo e ser reconhecida a crise dos partidos políticos. Nem há certeza de que seja possível superá-la. "Na política, a mansidão, para não parecer imbecilidade, deve ser uma virtude recíproca. Se assim não for, a certa altura, antes do fim, é preciso quebrar o silêncio e agitar para não tolerar mais."

A ameaça da inflação - JOSÉ MILTON DALLARI


O Estado de S.Paulo - 09/06



É válida a cruzada do governo para tentar baixar o juro no País. Os números falam por si mesmos: um brasileiro que recentemente parcelasse suas compras com cartão de crédito em 12 vezes pagaria juro de mais de 200% ao ano. Se usasse o cheque especial pelo mesmo prazo, desembolsaria só de juro uma vez e meia o preço do produto. São patamares que não existem em nenhum outro lugar do mundo. E explicam por que muita gente que se endividou nessas modalidades de crédito não conseguiu pagar e foi parar na lista dos inadimplentes.

Numa primeira tacada, o governo usou os bancos públicos - Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal - para provocar um efeito cascata de redução das taxas nas instituições privadas. Em seguida, mudou as regras de remuneração da poupança - que vai render um pouco menos - e abriu caminho para que o Banco Central (BC) pudesse reduzir a Selic, a taxa básica de juros, a patamares históricos. Atualmente, ela está em 8,5%. Mas o mercado já especula que ela possa chegar a 8% em dezembro.

A questão que se coloca é: o que vai acontecer com a inflação? Com juro neste novo patamar, a atividade econômica é estimulada, assim como o consumo. E é preciso lembrar que o Brasil vive um cenário de quase pleno emprego, com reajustes reais de salário. O efeito colateral pode vir numa elevação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o índice oficial de inflação. Em abril, o IPCA deu um susto: saiu de 0,21%, em março, para 0,64% - a maior taxa em um ano. Mas, segundo previsões do mercado, deve arrefecer nos próximos meses, ficando ao redor de 5% este ano.

Segundo o Banco Central, a inflação vinha declinando com a menor elevação nos preços agrícolas por atacado e a retração de preços dos produtos industriais. Mas, em abril, o efeito da alta do dólar já aparece na conta do supermercado. Os artigos de limpeza ficaram mais caros, em parte, por causa do dólar mais valorizado (insumos dessa indústria são importados). E há indícios de que o óleo de soja tenha tido influência do câmbio, já que o dólar mais alto estimulou a exportação do produto, reduzindo a oferta interna.

O aumento de preços se dá pelo aumento da demanda, mas também pode ocorrer pela valorização do dólar em relação ao real. A lógica é que os produtos importados fiquem mais caros. E o próprio governo vem estimulando a alta da moeda americana como forma de beneficiar os exportadores e impulsionar o crescimento econômico. Só em abril, o BC comprou dólares no mercado 16 vezes.

Além disso, o cenário internacional será determinante para a inflação no Brasil. Se a crise na Europa se agravar e se a China e os Estados Unidos crescerem menos, a chance de o dólar subir ainda mais é real.

O governo diz que a alta do dólar não preocupa. Mas preocupa, sim. Como o efeito das reduções da taxa básica de juro leva até seis meses para ser sentido na economia, é provável que o próximo ano comece com a inflação em ritmo ascendente. As estimativas para o IPCA em 2013, que giravam ao redor de 5,5%, agora se aproximam de 6%. Portanto, mais longe do centro da meta, de 4,5%, e mais perto do teto, 6,5%.

Cabe, pois, ao Banco Central calibrar as próximas quedas de juro para evitar, no futuro, o recrudescimento inflacionário. Com a possibilidade de a inflação romper os 6% no ano que vem, o BC teria de voltar a elevar a Selic. Isso mostra que, para que o País alcance o equilíbrio entre juro baixo e inflação sob controle, o governo precisa também promover um esforço fiscal mais forte.

Não se pode colocar todo o peso do ajuste cíclico sobre os ombros do Banco Central. O governo deve reduzir os gastos públicos de forma a evitar aumentos adicionais de juro. Por enquanto, não se vê nenhum movimento nesse sentido.

A família, o trabalho, a festa - DOM ODILO P. SCHERER


O Estado de S.Paulo - 09/06


No domingo dia 3 de junho foi concluído, em Milão, na Itália, o 7.º Encontro Mundial das Famílias, com a missa celebrada pelo papa Bento XVI diante de mais de 1 milhão de pessoas. A série desses encontros foi iniciada em 1994, em Roma, pelo papa João Paulo II, com o objetivo de trazer novamente a família para o centro das reflexões da sociedade e da própria Igreja Católica. Penso que esse objetivo tenha sido mais uma vez alcançado amplamente.

O tema Família: o Trabalho e a Festa é de indiscutível atualidade e o evento contou com a participação intensa de milhares de casais do mundo inteiro, além de estudiosos das temáticas familiares, representantes da hierarquia da Igreja e do próprio papa Bento XVI. Tratando-se de uma iniciativa da Igreja, sob a responsabilidade do Pontifício Conselho da Família e da Arquidiocese de Milão, o tema pode ter surpreendido, por não enfocar uma questão especificamente religiosa ou moral. Acontece que a família é, antes de tudo, uma realidade humana, social e economicamente significativa. E o propósito era falar da família a partir da sua fundamentação antropológica e das relações interpessoais.

Trabalho e festa são essenciais à família. A ausência de um emprego ou o trabalho excessivo tornam difícil a formação e a sustentabilidade da família. Quando as relações familiares e o casamento são postos em segundo plano, diante da pressão econômica, torna-se necessário parar, para avaliar e redefinir prioridades.

Também a reflexão sobre a festa, no contexto das questões familiares, é muito significativa. Festa significa encontro de pessoas, gratuidade, partilha, alegria, esperança, vida... A festa tem um significado antropológico importante e aponta, em última análise, para a razão da existência da família e da própria vida humana. Podemos afirmar, com certeza, que a motivação para constituir família não é o cultivo da tristeza, da dor, de pesadelos e frustrações, mas o contrário de tudo isso: a alegria, a felicidade, a festa. Embora a vida em família também inclua dor, cruz e frustrações, como tudo o que é deste mundo, vale afirmar que a sua inspiração essencial é a felicidade, a alegria do convívio, a doação da vida, o amor, a festa. Na concretização dessas aspirações é que as famílias encontram a fonte de novas energias e esperanças para a vida. Não deixa de ser significativo o fato de que, no cristianismo, a felicidade e a vida bem-aventurada são descritas com as imagens e a linguagem das bodas, do convívio familiar, do banquete de irmãos, da festa...

Talvez alguém se pergunte: como falar em festa, quando tantas famílias enfrentam cada dia a crua realidade da doença, dos conflitos e da pobreza? É inegável que muitas famílias vivem diariamente situações dramáticas e precisam ser ajudadas a superá-las, mediante ações concretas de solidariedade e ajuda fraterna. Também é preciso evitar a projeção de uma felicidade irreal para a família, realizável apenas na abundância de tudo, na ausência de qualquer dor ou problema. Toda família enfrenta algum tipo de problema e precisa fazer as contas com suas limitações naturais. Mas isso não impede a valorização das alegrias próprias da vida conjugal, do convívio familiar, dos momentos marcantes, como o nascimento de um filho, aniversários, refeições em comum, o perdão dado e recebido, o descanso, o encontro com amigos e parentes... Coisas assim iluminam a vida e reacendem a esperança também lá onde parece haver apenas motivos de tristeza. Na festa renascem as aspirações mais genuínas e profundas do coração humano, feito para a alegria e a felicidade.

Muitos se perguntam se ainda há um futuro para a família. E qual futuro. O encontro tratou com realismo as situações novas que a família contemporânea enfrenta: o maior senso de autonomia das pessoas, em particular da mulher; a pressão sobre o padrão tradicional de família e a tentativa de reconfigurar o próprio conceito e identidade da família; a diluição do papel educativo e até da responsabilidade dos pais em relação aos filhos; a progressiva mudança dos costumes e de alguns parâmetros éticos da vivência da sexualidade; enfim, a pressão determinante do fator econômico... Tudo isso poderia levar a pensar que a família dificilmente vai conseguir sair da crise em que se encontra atualmente.

Há, no entanto, esperança. Nas reflexões do encontro de Milão ficou claro que, apesar de tudo, a família continua sendo uma grande "reserva de humanidade" e tem muita capacidade e energia para contribuir para o futuro da sociedade. Os discursos alarmistas e negativos sobre a família não devem apagar a esperança; há muitos jovens querendo casar, formar família estável e ter filhos, embora estejam bem conscientes das dificuldades atuais. Isso foi confirmado por uma pesquisa recente entre jovens universitários de Florença. E a Igreja manifestou, mais uma vez, que acredita no futuro da família e a promove, incentiva e defende.

Houve também sinalizações para o mundo político: que a família seja reconhecida como um sujeito social, econômico e político importante; que ela não seja abandonada, como um barco à deriva, à sua própria sorte. Ao contrário, que ela seja amparada, protegida e promovida com legislações adequadas; e a família natural, que resulta da união de um homem e de uma mulher, veja devidamente reconhecido e apoiado o seu papel social e humano insubstituível.

Numerosos problemas humanos e sociais, que acabam onerando a sociedade como um todo e o próprio Estado, poderiam ser evitados, ou melhor, solucionados, se houvesse maior atenção política em relação à família. Uma sociedade que descuida da família descuida de suas próprias bases.

O próximo Encontro Mundial das Famílias ficou agendado para 2015, na cidade da Filadélfia, nos Estados Unidos.

NESSA LONGA ESTRADA DA VIDA - MÔNICA BERGAMO

FOLHA DE SP - 09/06

Walter Salles lança em julho o filme "Na Estrada", adaptação da obra de mesmo nome de Jack Kerouac. O longa ficou em quarto lugar nas cotações da revista inglesa "Screen". O cineasta é capa da revista de bordo "Gol" e fala sobre duas paixões: cinema e automobilismo. "Nos dois casos você tem que saber traçar objetivos, motivar uma equipe e estar no topo de sua forma a cada volta -ou a cada plano", diz. "Os filmes de estrada são quase sempre sobre personagens que se interessam mais pelo que ainda não conhecem. Na estrada, à medida que você ganha distância do ponto de partida, é mais fácil entender de onde vem."

AULA COLORIDA

Quatro mil servidores do Estado se inscreveram neste ano para o curso "Conquista da Cidadania LGBT: a política da diversidade sexual em SP", oferecido pela coordenadoria de políticas para a diversidade sexual da Secretaria da Justiça. Duas turmas já concluíram o ciclo, de 30 horas. "Era uma demanda da sociedade que nossos servidores fossem capacitados a lidar com esse público", diz Heloisa Gama Alves, da coordenadoria.

AULA 2
No ano passado, 2.000 funcionários assistiram às palestras e aulas, ministradas à distância. Heloisa diz que um dos principais conceitos que os servidores aprendem é o de que não se deve falar opção sexual, e sim orientação. O outro: travestis devem ser tratadas com o artigo feminino (a travesti, e não o travesti).

GAY TOUR
A Embratur investiu R$ 750 mil nos cinco primeiros meses de 2012 para promover o Brasil como destino de turismo para o segmento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros).

PARA TODOS
Uma das patrocinadoras principais da Parada Gay, amanhã, em SP, com R$ 200 mil, a Petrobras fez um levantamento dos benefícios já estendidos a funcionários homossexuais: 123 deles (71 homens e 52 mulheres) têm o direito de incluir companheiros no plano de saúde.

CANTA COMIGO
A cantora Ana Carolina gravará dueto com Tony Bennet em Nova York.

PLANO B
Com o "abre-não-abre" do shopping JK Iguatemi, eventos marcados no local já procuram plano B. A pré-estreia do longa "E Aí, Comeu?" teve de se mudar para o Cinemark Iguatemi, na segunda.

DÁ LICENÇA
A jornalista Mara Conti pretende entrar com ação contra o PSDB de SP. Ela diz que trabalhou dois anos como prestadora de serviços e que foi dispensada sem receber "nenhum tostão". O PSDB afirma que a jornalista "jamais foi funcionária do partido, não tendo qualquer vínculo empregatício". E que, acionado, "prestará esclarecimentos" à Justiça.

NO PARQUE
A grife Neon, de Rita Comparato e Dudu Bertholini, apresentará seu desfile na São Paulo Fashion Week, que começa na segunda-feira, fora da Bienal do Ibirapuera. A passarela será montada em uma área do parque ao lado do viveiro Manequinho Lopes. O tema da coleção, segundo Bertholini, "é um piquenique numa tarde de verão, com múltiplas etnias, lenços e amarrações".

BETTY, A LINDA
Betty Boop será o novo rosto de uma marca francesa de cosméticos.

A personagem, criada nos anos 1930 à moda das coquetes da época, aparecerá em campanhas publicitárias com a modelo ucraniana Daria Werbowy.

PÉ NO FREIO
Personagens do livro "Como Viver em São Paulo Sem Carro" se reuniram no restaurante Spot, na avenida Paulista. Entre eles, a novelista Maria Adelaide Amaral, "pedestre convicta há anos", e a chef Rita Lobo. Também estiveram lá o arquiteto Candido Malta e a apresentadora Lilian Pacce. A obra é parceria do jornalista Leão Serva com o presidente da Vitacon, Alexandre Lafer Frankel.

BALADA DO LOKI

O músico paulistano Arnaldo Baptista apresentou o show "Sarau o Benedito?" no Sesc Vila Mariana, anteontem. No espetáculo, cantou músicas como "Cê Tá Pensando que Eu Sou Loki?", da fase solo, e também da época do Mutantes, como "Balada do Louco".

CURTO-CIRCUITO

O trompetista Guizado e o músico Maurício Takara farão apresentação hoje, às 12h40, no Parque da Independência, no Ipiranga.

A Pinacoteca abre a mostra "Do Retrato Interior ao Retrato Exterior", de José Esteve e Aracy Esteve Gomes, hoje, às 11h.

Chris Ayrosa assina a cenografia do BMW Jazz Festival, no Via Funchal.

A Galeria + Coletivo Amor de Madre inaugura a mostra de design "Pronto para Usar", hoje, nos Jardins.

Marcelo Mansfield apresenta hoje o espetáculo "Nocaute", no Grande Hotel Senac, em Campos de Jordão, às 20h. 16.

O Festival de Arte Serrinha acontece entre os dias 7 e 29 de julho, com curadoria de Fábio Delduque.

com ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER, LÍGIA MESQUITA e OLÍVIA FLORÊNCIA