O GLOBO - 05/06
Continua a briga de Rosana, a cantora do sucesso “O amor e o poder”, com os sites Google e Wikipedia, nos quais era citada, lembra?, com 58 anos de idade e não com os 44 que constam de certidão enviada pela artista. Mas agora os sites dizem que ela tem... 50. Deve ir à Justiça.
Novo xerife da Justiça
Hoje, o STJ deve eleger o sucessor de Eliana Calmom como corregedor do Conselho Nacional de Justiça. Deve ser o ministro Francisco Falcão. Toma posse em agosto.
Será?
Há quem especule que, com a Delta em recuperação judicial, o grupo JBS pode voltar a se interessar pela enferma. É que a recuperação deixa tocar a empresa sem a faca no pescoço dos credores. A conferir.
Quem se interessa?
A ThyssenKrupp vai conduzir a venda da CSA com a ajuda de um banco de investimentos estrangeiro. Espera concluir o negócio no último trimestre.
Baque no soçaite
O banqueiro Luiz Octávio Índio da Costa, dono do Banco Cruzeiro, que sofreu intervenção do BC, ontem, é frequentador das páginas de “Caras”. Ex-namorado de Daniella Cicarelli, já abriu sua casa, em São Paulo, para almoço em homenagem a Maddona e show particular de Tony Bennet.
Parceiros de alma
Jorge Mautner, parceiro desde 1970 de Nelson Jacobina, o músico que morreu subitamente, quinta passada, aos 58 anos, vai escrever uma biografia do amigo, com o qual compôs “Maracatu atômico” e “Lágrimas negras”, entre outras.
VEJA A MÁGOA do jovem torcedor do Flamengo. Domingo, na loja Espaço Rubro Negro, em Belford Roxo, Baixada Fluminense, um adolescente mostrou seu desapontamento com Ronaldinho numa fila por autógrafos dos ídolos rubro-negros veteranos Júlio César, Adílio e Rondinelli, gigantes da maior geração de craques já surgida no clube da Gávea. O garoto, repare, cobriu com adesivos o nome do jogador, que pôs o clube na Justiça e, ontem, assinou com o Atlético-MG. Que Deus ajude o sem sal Ronaldinho a ser feliz, e não desampare o Flamengo jamais
Cine Demóstenes
Demóstenes, o senador encrencado com Cachoeira, largou o blog demostenestorres.com.br. Desde abril, quem escreve é João Paulo Teixeira, um colaborador, que faz críticas de cinema.
Aliás...
Os últimos filmes citados parecem mensagens cifradas. Repare: “O delator”, “Os bons companheiros”, “Todos os homens do presidente” e “Um sonho de liberdade”. Faz sentido.
Deborah 2014
O táxi carioca KXD 2126 faz campanha para Deborah Colker, a coreógrafa. Pôs no vidro este adesivo: “Deborah Colker para coreografar as cerimônias de abertura/ encerramento da Copa do Mundo de 2014/Olimpíadas 2016. É o nosso maior talento na área”.
Eterna Gabriela
Com a nova versão de “Gabriela”, na TV Globo, o fotógrafo Antonio Guerreiro, ex-marido de Sônia Braga, que atuou na primeira versão da fogosa na TV, tem recebido pedidos de compra de fotos da bela, feitas na época da novela. Uma cópia como esta não sai por menos de R$ 15 mil.
Vai sair do papel
Ben Schneider, diretor do Programa Brasil do conceituado Massachusetts Institute of Technology, nos EUA, deve vir ao país de Dilma até o fim de junho, a mando do novo reitor do MIT, Rafael Reif. Vem acertar detalhes da implantação de um centro tecnológico
do instituto aqui.
Reage, Flamengo
Os empresários Jorge Rodrigues e Getúlio Brasil, beneméritos do Flamengo, promoverão um fórum para discutir o futuro do clube, dia 28.
Crime e castigo
Serão julgados dia 12 de julho, na Auditoria Militar, no Rio, os ex- PMs Marcelo José Leal Martins e Marcelo de Sousa, acusados de corrupção passiva no caso da morte de Rafael Mascarenhas, filho da atriz Cissa Guimarães. Rafael morreu em julho de 2010, atropelado por Rafael Bussamra, quando andava de skate no Túnel Acústico, na Gávea.
terça-feira, junho 05, 2012
Quem criou, cuide - DENISE ROTHENBURG
CORREIO BRAZILIENSE - 05/06
A política entrou esses dias na fase "cada um que trate do seu problema". Lula, da campanha de Fernando Haddad; Fernando Cavendish, da Delta; e os governadores, dos malfeitos em seus estados
Há alguns meses, os petistas cantavam, todos contentes, que o palanque de Fernando Haddad logo seria encorpado com o PR. Em janeiro, por exemplo, quando ainda não tinham a menor chance de conquistar o PSB ou o PCdoB, tudo estava certo para que o PR entrasse na campanha de Haddad pela prefeitura de São Paulo, conforme informavam seus caciques em Brasília. Passados alguns meses, o PR fecha com José Serra, do PSDB. Nos bastidores, os petistas desdenham, dizendo que não faz falta o partido do ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento e de Valdemar Costa Neto, réu no mensalão do PT. Há quem diga que é porque o PT não quis pagar o preço de escolher um integrante do PR para vice de Haddad. Pode até ser. Mas o fato mais relevante de janeiro para cá foi que Haddad, por mais que se esforçasse, não saiu do lugar.
De janeiro para cá, o único fato novo na sucessão de São Paulo foi o ingresso de José Serra como candidato. O outro foi o afastamento da senadora Marta Suplicy (PT-SP) dos atos paulistanos de seu partido. Marta, atualmente, sempre tem um “compromisso pessoal”, como anunciou ontem para justificar a ausência na convenção do PT que homologou a candidatura de Fernando Haddad a prefeito.
Ora, todos que lidam nesse ramo sabem da preferência dos políticos. Eles sempre fazem da agenda partidária um sacerdócio. Não tem batizado de neto que os afaste dos momentos importantes de suas respectivas legendas nem que seja apenas uma “passadinha”, entre o batizado em si e o almoço de comemoração. Que esposa de político não ouviu do marido: “Vou ali só fazer um discurso e já volto”. Que marido de deputada ou senadora não ouviu: “Olha, preciso dar uma passadinha ali, só para marcar presença, dizer umas poucas palavras”? Faz parte da vida deles.
Por falar em vida...Ao alegar um compromisso pessoal para faltar ao evento mais importante de seu partido este mês — ainda mais quando todos sabem da importância dela nesta campanha —, Marta deixa um recado nas entrelinhas, literalmente: a campanha de Haddad não representa prioridade para ela nem é caso de vida ou morte. E, se ela tiver outro compromisso pessoal que considere mais interessante ou inadiável, não tem nem uma “passadinha” onde quer que o candidato esteja. Portanto, quem criou Haddad que carregue a campanha dele por São Paulo afora — leia-se Lula.
E Lula, em São Paulo, jamais venceu eleição de prefeito usando apenas o prestígio pessoal. Ali, se a população não sentir firmeza no candidato, não vai. E, se nem os partidos aliados de Dilma apoiarem Haddad — caso do PR, que se diz independente, mas nem tanto —, restará a João Santana buscar o milagre da multiplicação dos votos, o que, em se tratando do PT paulista, é um desafio e tanto. Até porque, em junho de 2010, temporada das eleições presidenciais, Dilma estava empatada com José Serra em alguns institutos e à frente do tucano em outros. Agora, Fernando Haddad está atrás em todos. Assim, fica difícil até evitar que outros potenciais aliados terminem lançando candidatos próprios. Afinal, em política, a prioridade de todos é a sobrevivência. Ninguém gosta de embarcar em barco que não demonstra estabilidade na largada.
Por falar em barco...Outro Fernando que está numa canoa sem remos é Cavendish, da Delta. E a partir de hoje, é bom que ele se prepare, porque, convocados os governadores, a semana deve ser tomada por uma pressão violenta no sentido de chamá-lo a depor na CPI do Cachoeira. E, depois que a J&F desistiu de comprar a empresa, Cavendish deixou de ser o “antigo dono da Delta, empresa envolvida nos negócios de Carlos Cachoeira”. Além disso, acresceu ao título de proprietário a mensagem: “Quem criou a confusão — ou permitiu que os desvios ocorressem, sem interferir — que responda pelo imbróglio”, assim como Lula responderá pela campanha de Haddad.
Pelo visto, a política entra agora na fase do velho ditado “quem pariu Matheus que o embale”. Nesse sentido, vale ainda observar atentamente o comportamento do PSDB durante o depoimento do governador de Goiás, Marconi Perillo, na CPI, na semana que vem. E também dos petistas, no caso de Agnelo Queiroz, do Distrito Federal. A sensação que se tem é a de que, se a canoa desses governadores começar a fazer água, seus partidos vão largá-los no meio da rua. A conferir.
A política entrou esses dias na fase "cada um que trate do seu problema". Lula, da campanha de Fernando Haddad; Fernando Cavendish, da Delta; e os governadores, dos malfeitos em seus estados
Há alguns meses, os petistas cantavam, todos contentes, que o palanque de Fernando Haddad logo seria encorpado com o PR. Em janeiro, por exemplo, quando ainda não tinham a menor chance de conquistar o PSB ou o PCdoB, tudo estava certo para que o PR entrasse na campanha de Haddad pela prefeitura de São Paulo, conforme informavam seus caciques em Brasília. Passados alguns meses, o PR fecha com José Serra, do PSDB. Nos bastidores, os petistas desdenham, dizendo que não faz falta o partido do ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento e de Valdemar Costa Neto, réu no mensalão do PT. Há quem diga que é porque o PT não quis pagar o preço de escolher um integrante do PR para vice de Haddad. Pode até ser. Mas o fato mais relevante de janeiro para cá foi que Haddad, por mais que se esforçasse, não saiu do lugar.
De janeiro para cá, o único fato novo na sucessão de São Paulo foi o ingresso de José Serra como candidato. O outro foi o afastamento da senadora Marta Suplicy (PT-SP) dos atos paulistanos de seu partido. Marta, atualmente, sempre tem um “compromisso pessoal”, como anunciou ontem para justificar a ausência na convenção do PT que homologou a candidatura de Fernando Haddad a prefeito.
Ora, todos que lidam nesse ramo sabem da preferência dos políticos. Eles sempre fazem da agenda partidária um sacerdócio. Não tem batizado de neto que os afaste dos momentos importantes de suas respectivas legendas nem que seja apenas uma “passadinha”, entre o batizado em si e o almoço de comemoração. Que esposa de político não ouviu do marido: “Vou ali só fazer um discurso e já volto”. Que marido de deputada ou senadora não ouviu: “Olha, preciso dar uma passadinha ali, só para marcar presença, dizer umas poucas palavras”? Faz parte da vida deles.
Por falar em vida...Ao alegar um compromisso pessoal para faltar ao evento mais importante de seu partido este mês — ainda mais quando todos sabem da importância dela nesta campanha —, Marta deixa um recado nas entrelinhas, literalmente: a campanha de Haddad não representa prioridade para ela nem é caso de vida ou morte. E, se ela tiver outro compromisso pessoal que considere mais interessante ou inadiável, não tem nem uma “passadinha” onde quer que o candidato esteja. Portanto, quem criou Haddad que carregue a campanha dele por São Paulo afora — leia-se Lula.
E Lula, em São Paulo, jamais venceu eleição de prefeito usando apenas o prestígio pessoal. Ali, se a população não sentir firmeza no candidato, não vai. E, se nem os partidos aliados de Dilma apoiarem Haddad — caso do PR, que se diz independente, mas nem tanto —, restará a João Santana buscar o milagre da multiplicação dos votos, o que, em se tratando do PT paulista, é um desafio e tanto. Até porque, em junho de 2010, temporada das eleições presidenciais, Dilma estava empatada com José Serra em alguns institutos e à frente do tucano em outros. Agora, Fernando Haddad está atrás em todos. Assim, fica difícil até evitar que outros potenciais aliados terminem lançando candidatos próprios. Afinal, em política, a prioridade de todos é a sobrevivência. Ninguém gosta de embarcar em barco que não demonstra estabilidade na largada.
Por falar em barco...Outro Fernando que está numa canoa sem remos é Cavendish, da Delta. E a partir de hoje, é bom que ele se prepare, porque, convocados os governadores, a semana deve ser tomada por uma pressão violenta no sentido de chamá-lo a depor na CPI do Cachoeira. E, depois que a J&F desistiu de comprar a empresa, Cavendish deixou de ser o “antigo dono da Delta, empresa envolvida nos negócios de Carlos Cachoeira”. Além disso, acresceu ao título de proprietário a mensagem: “Quem criou a confusão — ou permitiu que os desvios ocorressem, sem interferir — que responda pelo imbróglio”, assim como Lula responderá pela campanha de Haddad.
Pelo visto, a política entra agora na fase do velho ditado “quem pariu Matheus que o embale”. Nesse sentido, vale ainda observar atentamente o comportamento do PSDB durante o depoimento do governador de Goiás, Marconi Perillo, na CPI, na semana que vem. E também dos petistas, no caso de Agnelo Queiroz, do Distrito Federal. A sensação que se tem é a de que, se a canoa desses governadores começar a fazer água, seus partidos vão largá-los no meio da rua. A conferir.
Tataranetos - BENJAMIN STEINBRUCH
FOLHA DE SP - 05/06
A Argentina continua sendo uma parceira estratégica que o Brasil precisa conservar a qualquer custo
Desde a dramática crise de 2001, escrevi cinco artigos sobre a Argentina. Todos sustentaram que os problemas do país vizinho tiveram origem numa série de equívocos de governo: a abertura precipitada do mercado, a extinção de incentivos à indústria, a política cambial desastrada e, por fim, a religiosa obediência à cartilha ortodoxa e recessiva do FMI.
Sempre critiquei também o calote da dívida externa, anunciado em 2001 e consumado em 2005, que colocou - e ainda mantém - a Argentina no acostamento do mercado financeiro internacional. Nunca, porém, deixei de defender a ideia de que, apesar dos equívocos cometidos pelos governos do vizinho, o Brasil deveria manter solidariedade ao povo argentino.
Não mudei de ideia. Novamente nossos parceiros do Sul enfrentam a escassez de divisas externas, problema agravado naturalmente pela crise internacional oriunda da União Europeia.
No início da década passada, o Brasil pouco podia fazer além de oferecer apoio diplomático nas discussões internacionais, porque enfrentava também sua crise de balanço de pagamentos. Hoje, a situação é muito diferente. O País pode e deve oferecer ajuda efetiva, não por caridade, mas porque a sustentação da Argentina nos interessa muito, como veremos a seguir.
Nos primeiros nove anos após a criação do Mercosul, de 1995 a 2003, o Brasil teve déficit sucessivos no comércio com a Argentina, acumulando no período saldo negativo de US$ 10,4 bilhões. Depois, a situação se inverteu, e o país passou a ter superávit seguidos, a ponto de contabilizar ganho de US$ 30 bilhões de 2004 até agora, incluído o primeiro quadrimestre deste ano.
Esses números mostram que a Argentina tem sido uma parceira espetacular. Que outro adjetivo pode ser atribuído a um país que proporcionou às contas externas brasileiras receita líquida de US$ 30 bilhões em pouco mais de oito anos? Com um detalhe importante: esse país compra do Brasil principalmente produtos manufaturados. No ano passado, importou US$ 20,4 bilhões em manufaturas, quase o dobro do valor das compras equivalentes feitas no Brasil pelos Estados Unidos.
É verdade que a Argentina tem aprontado algumas malcriações nas suas relações comerciais, como a criação de barreiras formais e informais, sem poupar o Brasil. É verdade também que o governo atual voltou a cometer equívocos, como a reestatização da YPF. A despeito disso, porém, a recomendação da solidariedade entre vizinhos deve prevalecer. Até porque o Brasil também costuma dar o troco com descortesias variadas.
A Fiesp, entidade da qual sou vice-presidente, tem atuado para que prevaleça o bom senso nas relações comerciais entre os dois países. Para tentar ajudar na conciliação, fez levantamento envolvendo 38 produtos argentinos de exportação considerados estratégicos pelo governo vizinho. E descobriu que, embora esses produtos tenham qualidade e competitividade, o Brasil compra apenas US$ 2 bilhões na Argentina e US$ 10 bilhões em outros países.
Isso quer dizer que há uma real oportunidade de aumentar as importações brasileiras de manufaturados argentinos sem nenhum ônus para a balança comercial brasileira, porque esses itens já são importados de outros mercados. Em contrapartida, poderá haver ganho para a Argentina, com a redução do déficit comercial que tem com seu principal parceiro do Mercosul.
Por que não compramos esses produtos dos argentinos? A pesquisa da Fiesp mostrou que a principal razão é o desconhecimento dos fornecedores e concluiu que, superada essa desinformação, o Brasil pode elevar em US$ 6 bilhões as importações da Argentina.
A despeito de todos os preconceitos mútuos, muitos deles apenas folclóricos ou oriundos de rixas futebolísticas, a Argentina continua sendo uma parceira estratégica que o Brasil precisa conservar a qualquer custo. Primeiro, pelo resultado comercial que ela nos proporciona e, segundo, pela própria exigência geopolítica da boa vizinhança. Como bem lembrou o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, “o Brasil dos tataranetos de nossos tataranetos ainda será vizinho da Argentina”
Português e competitividade - JOSÉ PASTORE
O Estado de S. Paulo - 05/06
Assisti, na sexta-feira, ao seminário Em Defesa da Língua Portuguesa, organizado conjuntamente pelas Academias Brasileira e Paulista de Letras. Acompanhei as apresentações com minha mente voltada para a notícia, publicada no dia anterior, segundo a qual o Brasil vem perdendo posições no ranking de competitividade global. Já está na 46.ª posição entre os 59 países pesquisados.
Uma das principais razões desse triste retrocesso está na má qualidade da educação e na baixa produtividade do trabalho. Nas exposições apresentadas, chamaram a minha atenção as graves consequências que decorrem da deturpação da língua portuguesa. No Brasil, uma ala crescente de professores insiste em divulgar e enaltecer o uso das corruptelas em lugar de ensinar as regras fundamentais do vernáculo. Para eles, falar certo é elitista e escrever corretamente é esnobe. Para ser do povo, é preciso falar e escrever de costas para as regras da linguagem.
É a penetração de um nefasto populismo no ambiente do ensino. Trata-se de um cenário falsamente democrático que se destaca pelo cultivo do erro e dos desvios de linguagem. Ou seja, virou politicamente incorreto seguir a gramática. Os próprios livros didáticos se afastam das normas básicas da linguagem e desorientam alunos.
Esse "politicamente correto" está causando uma grande confusão mental, para não dizer uma desorganização do espírito. Os resultados são devastadores. Basta observar o péssimo desempenho dos estudantes brasileiros no ranking internacional determinado pelos exames do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês).
O menosprezo pela linguagem adequada afeta o desempenho dos alunos nas demais disciplinas. Ninguém pode aprender bem História, Biologia,Matemática ou Física, se não dominar sua língua. Ou melhor, ninguém consegue pensar bem, se não manejar corretamente a palavra escrita e oral.
Esse é um dos maiores problemas da escola atual. A maioria dos jovens aprende, quando muito, o necessário para passar nos exames, mas não aprende a pensar.
O quadro é grave e tem reflexos ao longo de toda a vida das pessoas. Os concursos de ingresso nas carreiras públicas e os testes realizados nas empresas privadas barram 80% ou 90% dos candidatos por deficiência de linguagem. Isso mina a produtividade de toda a força de trabalho e do próprio País.
Querer vencer a corrida da competitividade nessa base é sonho de uma noite de verão. Há muito tempo se sabe que o avanço na eficiência e o progresso das nações dependem muito mais do capital humano do que do capital físico acumulado. Não há um só exemplo de país que se tenha desenvolvido sem a boa educação de seu povo.
É bom lembrar que a busca por eficiência é uma corrida em relação a um ponto móvel. A evolução das tecnologias e dos métodos de produção corre muito depressa e exige atualização constante dos trabalhadores. Para acompanhar a meteórica mudança, não basta ser adestrado. É preciso ser educado e, sobretudo, bem educado.É só com a boa educação que se consegue aprender continuamente e acompanhar a referida evolução. E não há como fazer isso sem um bom comando da linguagem. Sem isso, seremos marginalizados social e economicamente. Afinal, é a língua que explica o mundo às pessoas.
É urgente nos livrarmos do populismo defendido por atores desavisados e por corporações que menosprezam e combatemo mérito e as regras básicas do sistema de pensamento - asseguradas pela linguagem correta. O tal politicamente correto está nos colocando a caminho do economicamente ultrapassado numa hora em que os povos estão sendo desafiados a acompanhar avanços que correm a uma velocidade estonteante e jamais registrada pela história da humanidade.
Uma das principais razões desse triste retrocesso está na má qualidade da educação e na baixa produtividade do trabalho. Nas exposições apresentadas, chamaram a minha atenção as graves consequências que decorrem da deturpação da língua portuguesa. No Brasil, uma ala crescente de professores insiste em divulgar e enaltecer o uso das corruptelas em lugar de ensinar as regras fundamentais do vernáculo. Para eles, falar certo é elitista e escrever corretamente é esnobe. Para ser do povo, é preciso falar e escrever de costas para as regras da linguagem.
É a penetração de um nefasto populismo no ambiente do ensino. Trata-se de um cenário falsamente democrático que se destaca pelo cultivo do erro e dos desvios de linguagem. Ou seja, virou politicamente incorreto seguir a gramática. Os próprios livros didáticos se afastam das normas básicas da linguagem e desorientam alunos.
Esse "politicamente correto" está causando uma grande confusão mental, para não dizer uma desorganização do espírito. Os resultados são devastadores. Basta observar o péssimo desempenho dos estudantes brasileiros no ranking internacional determinado pelos exames do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês).
O menosprezo pela linguagem adequada afeta o desempenho dos alunos nas demais disciplinas. Ninguém pode aprender bem História, Biologia,Matemática ou Física, se não dominar sua língua. Ou melhor, ninguém consegue pensar bem, se não manejar corretamente a palavra escrita e oral.
Esse é um dos maiores problemas da escola atual. A maioria dos jovens aprende, quando muito, o necessário para passar nos exames, mas não aprende a pensar.
O quadro é grave e tem reflexos ao longo de toda a vida das pessoas. Os concursos de ingresso nas carreiras públicas e os testes realizados nas empresas privadas barram 80% ou 90% dos candidatos por deficiência de linguagem. Isso mina a produtividade de toda a força de trabalho e do próprio País.
Querer vencer a corrida da competitividade nessa base é sonho de uma noite de verão. Há muito tempo se sabe que o avanço na eficiência e o progresso das nações dependem muito mais do capital humano do que do capital físico acumulado. Não há um só exemplo de país que se tenha desenvolvido sem a boa educação de seu povo.
É bom lembrar que a busca por eficiência é uma corrida em relação a um ponto móvel. A evolução das tecnologias e dos métodos de produção corre muito depressa e exige atualização constante dos trabalhadores. Para acompanhar a meteórica mudança, não basta ser adestrado. É preciso ser educado e, sobretudo, bem educado.É só com a boa educação que se consegue aprender continuamente e acompanhar a referida evolução. E não há como fazer isso sem um bom comando da linguagem. Sem isso, seremos marginalizados social e economicamente. Afinal, é a língua que explica o mundo às pessoas.
É urgente nos livrarmos do populismo defendido por atores desavisados e por corporações que menosprezam e combatemo mérito e as regras básicas do sistema de pensamento - asseguradas pela linguagem correta. O tal politicamente correto está nos colocando a caminho do economicamente ultrapassado numa hora em que os povos estão sendo desafiados a acompanhar avanços que correm a uma velocidade estonteante e jamais registrada pela história da humanidade.
Vila, com amor - SONIA RACY
O ESTADÃO - 05/06
Entre as reivindicações dos moradores, está a criação de regras para a crescente verticalização comercial no bairro que, alegam, é feita sem o devido estudos de impactos.
O Pela Vila – que conta, até agora, com 1.500 assinaturas – também pede a proteção de prédios relevantes e a inclusão da região no rol de bens do patrimônio histórico da cidade.
Vila 2
Não é a primeira vez que um projeto urbanístico envolve o bairro. A ideia de se fazer um boulevard foi arquivada em 2009, pela Prefeitura, após discordâncias entre moradores, comerciantes e donos de bares.
Vila 3
Também não é exclusividade da Vila esse tipo de reivindicação. Moradores de Pinheiros (bairro vizinho) protestaram, na semana passada, contra a demolição de um prédio histórico na rua João Moura.
Rebeldia
Em provável tentativa de se valorizar, expoentes do PR-SP expuseram a tucanos os apelos do comando da campanha de Haddad, para evitar o apoio da legenda à candidatura de Serra. Afirmaram ter recebido oferta da vaga de vice para Aurélio Miguele que, diante da recusa, o QG haddadista tentou convencê-los a fechar com Chalita.
Rebeldia 2
Também deve crescer a pressão para que vereadores tucanos contrários à coligação proporcional na Câmara paulistana silenciem. Além do PSD, o PP, que está prestes a fechar com Serra, colocou na mesa a exigência do “chapão”.
Exigência
Já que terá mesmo de vender a TAP, o governo português sonha e diz desejar que o novo dono seja brasileiro. Entretanto, a legislação impede. A compradora terá de brotar de algum país da Europa.
Tem gente achando que German Efromovich, da Avianca, pode tentar conseguir nacionalidade europeia.
Árvore virtual
Hoje, Dia Mundial do Meio Ambiente, a Fiesp planta uma semente virtual no Facebook. Missão? Descobrir, na esteira da Rio+20, o que os internautas querem para o planeta nos próximos vinte anos.
As frases mais curtidas e comentadas se transformarão em folhas da copa de uma árvore.
Tá ligado
Novidades sobre o projeto-piloto de táxi elétrico que Kassab lança hoje em São Paulo: serão dez carros, modelo Leaf, da Nissan; e um dos pontos ficará na região da Avenida Paulista.
Privê
Antes de falar no Fronteiras do Pensamento, Cameron Sinclair vai se encontrar, hoje, com Fernando Henrique Cardoso, no Instituto FHC.
O arquiteto britânico é conhecido por soluções para lugares marcados por crises humanitárias.
Brasil, sil, sil
Enfim um brasileiro campeão do mundo. É William Galharde. Modalidade? Tosa de animais.
O rapaz acaba de conquistar o título da Intergroom, em Nova Jersey, depois de aparar, à mão, o pelo de um cãozinho terrier.
Na frente
Zizi Possi e Paula Lima fazem participação especial no musical Samba, Suor, Brasileiro. Direção teatral de José Possi Neto. Hoje, no Teatro Municipal.
Lúcia Menezes lança, hoje, o CD Lucinha. No Tom Jazz, em Higienópolis.
Renata Castello Branco abre exposição Paraisópolis – Uma Cidade Dentro da Outra. Com lançamento de livro. Hoje, no Sesc Pompeia.
A GS1 promove, dia 14, o Brasil em Código, evento sobre automação e logística. No Sheraton WTC.
O restaurante Jaú será inaugurado hoje. Nos Jardins.
A Conectas pilota o debate Internet e Revoluções: Mudar o Mundo num Click?. Dia 11, no Teatro Eva Herz.
A Shoes4you e Flávia Alessandra recebem para brunch de lançamento da coleção de sapatos assinada pela atriz. Hoje, no Baretto do hotel Fasano, nos Jardins.
Viva a república - HÉLIO SCHWARTSMAN
Folha de S. Paulo - 05/06
SÃO PAULO - Terminam hoje as celebrações do jubileu adamantino da rainha Elizabeth 2ª. Os britânicos e os súditos das outras 15 nações das quais ela é o chefe de Estado já são bem grandinhos para decidir se querem ou não mantê-la no posto. E, ao menos no caso dos ingleses, tudo indica que querem.
A pergunta que não quer calar é: de onde vem tanto fascínio com a realeza? A resposta passa pelo essencialismo, a irresistível tendência dos seres humanos de enxergar uma natureza secreta por trás das coisas.
Monarcas souberam explorar isso bem, proclamando que se sentavam no trono por direito divino. Depois do Altíssimo, eram eles que mandavam. Para reforçar a obediência, desde Homero reis reservaram para si os melhores papéis ficcionais. Todos os heróis da "Ilíada" são soberanos ou herdeiros. O mesmo vale para Gilgamesh, os reis Saul, Davi e Salomão, o ciclo arturiano, Beowulf e até as histórias infantis, povoadas por príncipes e princesas. Não é exagero afirmar que, em nossas cabeças, as noções de herói e rei se misturam.
Após 3.000 anos de doutrinação política e literária, seria uma surpresa se não víssemos a realeza favoravelmente. O problema é que, com o progresso da civilização, o princípio mesmo da monarquia se tornou moralmente injustificável. Como defender que um ser humano tenha privilégios em virtude não de seu esforço (ou, se admitirmos o direito de herança, do de seus pais), mas apenas de seu nascimento? É difícil imaginar ideia mais antidemocrática que essa.
O mais incrível é que, em tempos nos quais apenas sugerir que possa haver diferenças naturais entre raças, gêneros e grupos sociais já aciona a patrulha do politicamente correto, milhões de pessoas ainda se encantem com a mais absurda das dicotomias jamais criadas pelo homem: a divisão do mundo em soberanos e súditos. Daí que, mesmo sendo inexpressivo, o movimento republicano inglês tem toda a minha simpatia.
Hora de ampla desoneração tributária - EDITORIAL O GLOBO
O Globo - 05/06
O governo tem incluído, nos diversos pacotes de estímulo ao consumo, o abatimento de impostos, de fato um dos mais pesados componentes do chamado custo Brasil. É o reconhecimento implícito de que a carga tributária, em tendência de alta desde o início do Plano Real, em 1994, funciona hoje como importante obstáculo à retomada de fôlego da economia - praticamente estagnada no primeiro trimestre.
Em todo setor que se analise há sempre o mesmo problema de excesso de impostos. No momento, por exemplo, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, trabalha em medidas para reduzir custos na telefonia e nas telecomunicações. Em entrevista ao GLOBO, o ministro detalhou ações destinadas a aumentar a concorrência nestes segmentos, uma intenção sempre bem-vinda.
Reduzir o peso da conta dos serviços de comunicações significa dar importante contribuição a toda a economia, em fase de perigosa perda de produtividade. Diminuição no número de áreas de DDD, regulação para ampliar o compartilhamento das redes pelas diversas empresas, corte em tarifas nas ligações de telefones fixos para celulares são alguns itens alinhados pelo ministro.
Mas ele reconhece que parte crucial de um programa de redução de custos nas comunicações é de responsabilidade dos estados, cujo ICMS sobre as contas desses serviços varia entre 25% e 35%, enquanto os impostos federais são de 8%. Será preciso, então, um grande acordo com os governadores, em que a União também faça alguma concessão.
O ministro usa o conhecido - e correto - argumento de que o corte de impostos, ao reduzir o custo final para o usuário, aumenta o consumo; logo, o faturamento das empresas. E, portanto, repõe, num segundo momento, a receita tributária inicialmente perdida. Há vários exemplos concretos deste círculo virtuoso. O Estado de São Paulo atingiu este objetivo no álcool e em artefatos de couro. O ICMS foi cortado, e, depois, o volume maior das vendas ampliou a arrecadação.
A visão do ministro Paulo Bernardo para o corte de tributos nas comunicações pode ser estendida a toda a economia, envergada sob o peso de uma fatura de impostos na faixa dos 36% do PIB, a mais elevada entre as economias emergentes, no mesmo nível de países europeus, em que os serviços públicos têm uma qualidade muito acima dos oferecidos pelo Estado brasileiro. Custo muito alto para benefícios sofríveis.
A presidente Dilma tem razão quando diz que, em vez de uma ampla reforma tributária, para a qual seria necessária uma engenharia política quase inexequível, é mais realista atacar a questão dos impostos passo a passo. Sim, mas não por meio de pacotes tópicos, em que é visível o atendimento a demandas de grupos empresariais mais organizados nas pressões sobre Brasília.
No momento em que a capacidade de endividamento das famílias parece se esgotar - reduzindo o efeito de incentivos creditícios ao consumo -, fica cada vez mais evidente que o país precisa, de uma vez por todas, acionar a alternativa dos investimentos. No caso dos públicos, na precária infraestrutura. E o outro recurso são políticas horizontais, e não tópicas, de desoneração tributária. Além do mais, o momento é propício porque a redução da conta de juros da dívida, devido aos cortes na Selic, concede uma folga fiscal para a cobrança de impostos mais baixos. Não se deve perder a oportunidade.
Tropa de choque - ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 05/06
Sem cortes: cartilha da assessoria do PT
A assessoria do PT produziu documento sobre as investigações Vegas e Monte Carlo. É uma compilação de tudo o que há sobre todos os citados nas investigações. O resumão tem dois capítulos: "Demóstenes Torres" e "Os demais agentes políticos citados nas investigações". O material é recheado com comentários e informações publicadas na mídia. Há um item sobre citações ao ministro Gilmar Mendes (STF). Mas também há sobre seus pares, José Toffoli e Luiz Fux. E, ainda, sobre os governadores Agnelo Queiroz, Sérgio Cabral e Marconi Perillo. No blog deste colunista, há um link para o inteiro teor da referida cartilha.
"O PT não me pediu nada. Adotei um critério para aprovar os depoimentos. O caso do Perillo é mais complicado, mas o Agnelo também foi citado nas investigações da PF” — Ciro Nogueira, senador (PP-PI)
SÓ PENSA NA CRISE. A presidente Dilma reuniu um grupo de ministros no Planalto, ontem de manhã, para avaliar a crise. Estavam lá também o secretário do Tesouro, Arno Augustin (na foto), e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho. No final do dia, a conversa foi retomada, com a chegada dos ministros que têm obras e programas em execução: Aloizio Mercadante (Educação), Fernando Bezerra (Desenvolvimento Regional), Aguinaldo Ribeiro (Cidades) e Paulo Sérgio Passos (Transportes).
Ligando tudo
Os integrantes da CPI disputam quase a tapa o acesso ao programa "I2". Ele permite cruzar todos os dados de cada investigado. Ocorre que o Congresso só tem seis chaves de acesso ao software mais requisitado da comissão.
Bolsas
Está em negociação, na MP 559, substituir a dívida das universidades, com débito total de R$ 17 bilhões, por bolsas de estudo. Se vingar, serão 263 mil vagas em cursos integrais. É mais que o ProUni, que este ano ofereceu 195 mil vagas.
Bloqueio recorde
A Justiça federal bloqueou pagamento de R$ 169,2 milhões à Federação Brasileira de Hospitais. O bloqueio é recorde dos últimos anos e refere-se a ajuste inflacionário de cruzeiro (Cr$) para real (R$) nos repasses do SUS. A Federação dizia representar quatro mil hospitais, mas a AGU descobriu que tinha muito hospital atuando sozinho na Justiça. O bloqueio evita duplicidade de pagamento com dinheiro público.
Na contramão
O governador Eduardo Campos (PSB-PE) recebeu informe revelando que o prefeito de Recife, João da Costa (PT), virou uma espécie de herói da classe média local por ter enfrentado e derrotado os cardeais da direção nacional do PT.
Alerta vermelho
Petistas contrários à reeleição de João da Costa, em Recife, temem a reação do eleitorado de esquerda no caso de imposição da candidatura do senador Humberto Costa (PT). Seu suplente é Joaquim Francisco (ex-PFL), hoje no PSB.
O MINISTRO José Antonio Dias Toffoli (STF) comunicou ontem à presidente do TSE, ministra Cármen Lúcia (STF), que está pronto para dar seu voto no caso do Fundo Partidário do PSD. Toffoli tinha pedido vista em 24 de abril.
MAUS-TRATOS. A presidente Dilma explicou ao rei Juan Carlos: na Inglaterra os brasileiros "inadmitidos" têm acesso à embaixada, a telefone e alimentação. Na Espanha, ficam confinados e sem direitos.
O GOVERNO começou a oferecer ontem remédios para a asma gratuitamente em todas as farmácias. O Ministério da Saúde estima atingir 800 mil crianças.
Na morte do jovem padre - JANIO DE FREITAS
FOLHA DE S.PAULO, 5/6
Inocêncio Mártires Coelho logo estará no caminho da Comissão da Memória e da Verdade instituída em PE
AO MENOS um dos que conduziram os processos de acusação durante a ditadura está sob o risco, afinal, de ter pesquisada e exposta a sua parte na contribuição sórdida, e muitas vezes criminosa, desses colaboracionistas do sistema de torturas, condenações, mortes e desaparecimentos. O portador do enganoso nome de Inocêncio Mártires Coelho é, por certo, dos que mais merecem, em vida ou em memória, ser reconhecido pelo que foi e fez.
Inocêncio Mártires Coelho logo estará no caminho da Comissão da Memória e da Verdade que o governador Eduardo Campos instituiu em Pernambuco. Em suas primeiras atribuições citadas, a comissão deverá investigar autoria e circunstâncias do ocorrido ao jovem padre Antonio Henrique Pereira Neto, em 1969.
Auxiliar de dom Hélder Câmara, à época arcebispo de Olinda e Recife, padre Henrique sabia que sua função o punha na mira do bando de oficiais do Exército e usineiros que agia no Estado. Não a deixou.
Padre Henrique foi emboscado. Seu corpo ficou com as marcas da tortura brutal. E dos tiros, até seu cadáver ser largado em um ermo da periferia de Recife. A barbaridade do crime ecoou no mundo todo.
Pressões internacionais para que fosse investigado perderam-se, todas, na indiferença do governo e dos militares. Mas havia indícios, havia pistas, havia nomes. E pessoas e instituições dispostas a buscar a identidade da autoria.
Como em outros inquéritos e processos, Inocêncio Mártires Coelho foi o representante de um Ministério Público travesti, par constante do AI-5. Criou todos os embaraços e deixou livres todas as ameaças ao próprio d. Hélder, a seu grupo de fiéis e a quem persistisse no caso do jovem padre.
Inocêncio Mártires Coelho engavetou tudo. É possível que a comissão recupere esse material. Se não, a par da investigação sobre padre Henrique, é muito provável que em jornais e de sobreviventes da época obtenha, se quiser, o suficiente sobre os ainda intocados colaboracionistas do regime nas condenações e na negação dos crimes da ditadura. E Inocêncio Mártires Coelho foi aí uma eminência.
Inocêncio Mártires Coelho logo estará no caminho da Comissão da Memória e da Verdade instituída em PE
AO MENOS um dos que conduziram os processos de acusação durante a ditadura está sob o risco, afinal, de ter pesquisada e exposta a sua parte na contribuição sórdida, e muitas vezes criminosa, desses colaboracionistas do sistema de torturas, condenações, mortes e desaparecimentos. O portador do enganoso nome de Inocêncio Mártires Coelho é, por certo, dos que mais merecem, em vida ou em memória, ser reconhecido pelo que foi e fez.
Inocêncio Mártires Coelho logo estará no caminho da Comissão da Memória e da Verdade que o governador Eduardo Campos instituiu em Pernambuco. Em suas primeiras atribuições citadas, a comissão deverá investigar autoria e circunstâncias do ocorrido ao jovem padre Antonio Henrique Pereira Neto, em 1969.
Auxiliar de dom Hélder Câmara, à época arcebispo de Olinda e Recife, padre Henrique sabia que sua função o punha na mira do bando de oficiais do Exército e usineiros que agia no Estado. Não a deixou.
Padre Henrique foi emboscado. Seu corpo ficou com as marcas da tortura brutal. E dos tiros, até seu cadáver ser largado em um ermo da periferia de Recife. A barbaridade do crime ecoou no mundo todo.
Pressões internacionais para que fosse investigado perderam-se, todas, na indiferença do governo e dos militares. Mas havia indícios, havia pistas, havia nomes. E pessoas e instituições dispostas a buscar a identidade da autoria.
Como em outros inquéritos e processos, Inocêncio Mártires Coelho foi o representante de um Ministério Público travesti, par constante do AI-5. Criou todos os embaraços e deixou livres todas as ameaças ao próprio d. Hélder, a seu grupo de fiéis e a quem persistisse no caso do jovem padre.
Inocêncio Mártires Coelho engavetou tudo. É possível que a comissão recupere esse material. Se não, a par da investigação sobre padre Henrique, é muito provável que em jornais e de sobreviventes da época obtenha, se quiser, o suficiente sobre os ainda intocados colaboracionistas do regime nas condenações e na negação dos crimes da ditadura. E Inocêncio Mártires Coelho foi aí uma eminência.
Um livro impossível - VLADIMIR SAFATLE
Folha de S.Paulo, 5/6
"Ensaios sobre Cultura", de Celso Furtado (Contraponto, 198 páginas), é um livro impossível de ser escrito. Ele reúne artigos e intervenções do economista sobre as relações entre cultura e economia, assim como textos de sua autoria à ocasião de sua rápida passagem pelo Ministério da Cultura, entre 1986 e 1988.
Tal livro é impossível porque, atualmente, não é mais pensável um economista falando com profundidade sobre processos de formação cultural e sobre as relações necessárias entre desenvolvimento e criatividade.
Afundada em uma autoilusão que lhe leva a se ver como uma "ciência matemática", a economia ensinada nas universidades em nada mais se assemelha ao impressionante cruzamento entre história, teoria social e sensibilidade para os processos culturais, que fizeram a marca da experiência intelectual brasileira de Celso Furtado.
Acreditando que sua cientificidade é paga necessariamente com seu afastamento do campo das ciências humanas, a economia de hoje deleita-se com modelos de "ação racional" que nada têm a ver com o modo com que ações sociais realmente se constituem por meio da mobilização de crenças, valores e aspirações.
Dessa forma, economista algum é mais capaz de escrever algo como: "Falar de desenvolvimento como reencontro com o gênio criativo e como realização das potencialidades humanas pode parecer simples fuga na utopia. Mas que é a utopia senão o fruto da percepção de dimensões secretas da realidade, um afloramento das energias contidas que antecipa a ampliação do horizonte de potencialidades aberto ao homem? Esta ação de vanguarda constitui uma das ações mais nobres a serem cumpridas pelos intelectuais nas épocas de crise".
Mas, não contente em simplesmente escrever sobre as relações entre desenvolvimento e criatividade, Celso Furtado quis implementá-las. Sua passagem pelo Ministério da Cultura foi um dos momentos mais ousados de criação de políticas culturais no Brasil.
Por meio deste livro, descobrimos quão avançado era seu projeto original de Lei de Incentivo à Cultura. Celso Furtado sugeria que não apenas as empresas pudessem se beneficiar de isenção fiscal ao financiar atividades culturais. Também as pessoas físicas poderiam abater parte de seu Imposto de Renda ao financiar projetos que elas escolheriam a partir de uma lista fornecida pelo MinC. Dificilmente poderíamos pensar em ideia mais bem acabada de democratização da produção cultural e valorização dos impostos.
Ações ousadas como essa só são possíveis para pessoas capazes de aliar conhecimento técnico e sensibilidade cultural. Pessoas impossíveis, como Celso Furtado.
As dúvidas do mensalão - MERVAL PEREIRA
O GLOBO - 05/06
Antes mesmo de começar, o julgamento do mensalão já suscita crises políticas e polêmicas jurídicas. Se, como tudo indica, ele começar a partir do dia 1, de agosto, uma quarta-feira, ou no dia 6, uma segunda-feira, estaremos às vésperas do início da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na TV — no dia 21 de agosto.
E provavelmente o julgamento estará chegando ao final perto do dia da eleição para prefeitos e vereadores, 7 de outubro, daí a preocupação de Lula.
Isso quer dizer que, com todo o atraso já verificado, principalmente devido ao fato de que o ministro Ricardo Lewandowski ainda não entregou seu voto de revisor, os eventuais efeitos políticos do julgamento não serão evitados.
Lula e seus seguidores não estão seguros de qual será o resultado e gostariam que fosse anunciado somente depois que as urnas tivessem sido fechadas.
Mas, se ao contrário do que teme o PT, os mensaleiros forem absolvidos, esse certamente será um mote da propaganda petista com bastante apelo eleitoral.
Dependendo das penas que eventualmente receberem, 22 dos 38 réus do mensalão — entre eles o ex-ministro José Dirceu — poderão terminar o julgamento com a prescrição do crime de formação de quadrilha, o que equivale a uma absolvição.
De acordo com especialistas, especificamente para o crime de quadrilha, a prescrição se dá em oito anos, mas só se o máximo da pena for superior a dois anos (a pena máxima para esse tipo de crime é de três anos).
A prescrição pode vir a ocorrer em quatro anos se os réus, ao final do processo, forem condenados a menos de dois anos no crime de formação de quadrilha.
Como o recebimento da denúncia foi em 28 de agosto de 2007, ela já teria ocorrido no ano passado. A interpretação mais acatada é que o prazo para a prescrição do crime de formação de quadrilha é contado a partir do recebimento do processo no STF.
Outra interpretação, embora menos provável de ser adotada, é de que o momento em que cessou a associação teria acontecido em 2005, quando o então deputado Roberto Jefferson denunciou a existência do mensalão.
Se a condenação for superior a dois anos, a prescrição ocorrerá em 2015. E, mesmo na interpretação menos provável, a prescrição seria em agosto de 2013.
Com o calendário fixado em três dias da semana dedicados na parte da tarde ao mensalão — segundas, quartas e quintas —, o julgamento deverá entrar por setembro, o que fará com que o ministro Cezar Pelusotenha que se aposentar antes de seu final.
Se a proposta do presidente Ayres Britto, de fazer sessões diárias para julgar o processo, pela manhã e à tarde, tivesse vingado, esse contratempo seria evitado.
Será preciso saber se o ministro Peluso apresentará seu voto antes de se aposentar, no início de setembro. Caso não o faça, o julgamento poderá continuar com os dez juízes restantes, sem que seja necessário substituí-lo.
Pode ser, no entanto, que a maioria considere imprescindível que o plenário esteja completo para que o julgamento continue, e, nesse caso, será preciso esperar a decisão da presidente Dilma sobre o novo ministro para retomar o julgamento.
O novo ministro, por sua vez, poderá pedir vista do processo para se inteirar dele a fim de proferir seu voto, o que garantirá que o julgamento entre por 2013.
A maioria do Supremo não quer dar ao julgamento do mensalão um caráter excepcional e por isso não aceitou cortar o recesso de
julho para ganhar tempo, e da mesma maneira deve entender que o julgamento pode prosseguir sem a necessidade de um novo ministro ser indicado.
O número par pode provocar novamente situações constrangedoras como os empates acontecidos em alguns casos, mas há também a possibilidade de que o ministro Dias Toffoli se considere impedido de participar do julgamento por já ter sido advogado do PT.
Nesse caso, o julgamento entrará por setembro com nove ministros no plenário do STF. A pressão do ex-presidente Lula para adiar o julgamento a fim de que o anúncio do resultado não coincida com as eleições municipais, cujo primeiro turno é no dia 7 de outubro, também ajudou a que esse detalhe político fosse considerado irrelevante pela maioria do Supremo, que procura dar ao julgamento o ar de normalidade.
Alguns mensaleiros estão interessados diretamente no atraso do julgamento também para poderem concorrer às eleições municipais, como o deputado João Paulo Cunha, que pretende se candidatar a prefeito de Osasco.
Se for condenado no processo do mensalão, ficará impedido de concorrer, enquadrado na Lei da Ficha Limpa, que proíbe a candidatura de políticos condenados por colegiado.
Ele já conseguiu uma vantagem, pois o registro da candidatura precisa ser feito até o dia 5 de julho e é concedido de acordo com a situação do político naquela data.
Mas, ainda assim, Cunha correrá riscos, pois há interpretações de que, condenado no processo do mensalão, ele não poderá tomar posse mesmo se eleito.
Tudo indica que a Assembleia- Geral da OEA em Cochabamba não aprovará a proposta do Equador, que é apoiada por diversos outros países “bolivarianos” como Bolívia e Nicarágua, de reduzir a autonomia da Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
Apesar do discurso agressivo do presidente equatoriano, Rafael Correa, ontem, acusando a CIDH de ser dominada por ONGs e grupos econômicos ligados aos interesses dos Estados Unidos, o movimento para contê- la não tem a simpatia da maioria dos países, e a comissão continuará cumprindo seu papel de advertir contra os abusos dos direitos humanos e a falta de liberdade de expressão.
Como não deve haver uma disputa acirrada, o governo brasileiro ficará dispensado de explicitar sua posição, que tendia para o apoio aos países “bolivarianos”.
BC e BC do B - MIRIAM LEITÃO
O GLOBO - 05/06
A intervenção no Cruzeiro do Sul não é fato isolado. Faz parte do mesmo processo que levou a uma série de resgates de instituições financeiras com dinheiro do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Além do PanAmericano, que foi fraude, apareceram rombos no Schahin, Matone, Oboé e Morada. O assunto compete ao Banco Central como autoridade bancária do país, mas tem sido sempre delegado ao FGC.
Oboé e Morada foram liquidados. Schahin, Matone e PanAmericano, vendidos para outras instituições. Os compradores nada desembolsarem e ainda receberam vultosos empréstimos do FGC. A explicação do Banco Central é que esses outros tiveram "soluções de mercado", ou seja, apareceram compradores, e que o Cruzeiro do Sul não teve. É mais complicado do que isso. O PanAmericano foi o maior dos rombos e recebeu o melhor tratamento.
Como a Caixa Econômica tinha feito a insensatez de entrar de sócia no banco - que carregava essa bomba de efeito retardado - o FGC deu um empréstimo. Depois, descobriu-se novo rombo e foi dado novo empréstimo. Só depois foi encontrado um comprador, o BTG, que pagou 10% do valor da dívida do banco com o Fundo e ficou com o negócio.
Os bens dos administradores e dos antigos donos não ficaram indisponíveis, já os dos donos e administradores do Cruzeiro do Sul ficaram. Que os do Cruzeiro do Sul fiquem indisponíveis, nada mais justo, já que lidam com dinheiro coletivo e têm que responder caso não tenham feito uma boa administração. Mas na soma dos casos, o que se vê é que instituições com problemas semelhantes têm sido tratadas de forma diferente.
O Banco Central é a autoridade bancária do país, mas tem agido através do FGC como se o Fundo fosse uma espécie de BC do B. O que se explica no Fundo e no próprio Banco Central é que a Lei de Responsabilidade Fiscal proíbe financiamento do BC a bancos privados. A única possibilidade seria através do redesconto, uma espécie de cheque especial que custa caríssimo e deixa a instituição sem capacidade de se financiar no interbancário.
Sem espaço para agir, o BC está usando o FGC, que recentemente passou por uma mudança no estatuto, que autorizou, a posteriori, o que já havia sido feito nos vários casos anteriores. Só que o Fundo foi criado não para gerir banco falido, nem para resgatar instituição quebrada, nem para ser um balcão de compra e venda de banco. Foi criado para garantir o dinheiro dos depositantes.
Um banco que está com rombo deste tamanho simplesmente não pode nem pensar em comprar outro banco. Mas o Cruzeiro do Sul comprou o Prosper no fim do ano passado. O BC ainda não deu autorização, mas o negócio foi anunciado. Ao fim do primeiro trimestre, o Cruzeiro do Sul emitiu bônus externos no valor de R$ 2,8 bilhões. O FGC disse que não garantirá esses bônus.
As agências de risco Austin Rating, Risk Bank e LFRating classificavam o Cruzeiro do Sul como um banco de nota A, com perspectiva estável, que oferecia boa garantia de crédito. A Austin já tinha detectado um aumento forte de inadimplência. O total do crédito em atraso da instituição triplicou entre dezembro de 2010 e setembro de 2011. O crédito podre, com nível H, ou seja, atraso de mais de seis meses, subiu 40%. As ações do banco tinham um desempenho semelhante ao do setor, com queda de 11% até 29 de maio, última terça-feira. Daí até sexta as ações despencaram 40%.
O economista Roberto Luis Troster disse que a dinâmica do crédito piorou para todos os bancos, e não apenas para o Cruzeiro do Sul:
- Uma pesquisa recente do Ipea mostrou que 92% das famílias não querem tomar crédito por um tempo e que 31,7% delas estão com as contas atrasadas. O IBGE disse que 14,1% das famílias estão superendividadas.
Logo que começou a crise de 2008, bancos pequenos não conseguiram se financiar no mercado, e o Banco Central incentivou os grandes a comprarem carteiras de crédito dos menores. Na época, o Cruzeiro do Sul vendeu carteira, e vários outros menores, também. Depois, o FGC financiou a compra de instituições com problemas. Só no PanAmericano ele colocou mais de R$ 4 bilhões, isso sem falar no que a Caixa teve que pôr antes, durante, e depois no banco. O Banco do Brasil comprou participação no Votorantim e recentemente informou-se que os dois sócios farão aportes de capital entre R$ 2 bilhões e R$ 3 bilhões. Um dos problemas é a alta inadimplência na carteira de veículos.
Enfim, há confusão suficiente por aí e o mar não está para peixe. É preciso fiscalização mais frequente do Banco Central e preventiva. O BC tem que ter mais instrumentos para agir em situações como essa e não operar sempre através do FGC.
Se perguntado, o BC dirá que o Fundo Garantidor de Crédito é uma entidade privada, dinheiro dos bancos, e que atuou em todos esses casos porque quis. Em conversa franca com banqueiros e executivos do mercado, eles contam que o BC tem empurrado o FGC, que se deixou empurrar. Os grandes bancos, que administram o fundo, tinham emprestado para esses bancos que apresentaram problemas. Para sanar o óbvio caso de conflito de interesses, foi mudado o estatuto e nomeada outra direção para o FGC.
A intervenção no Cruzeiro do Sul não é fato isolado. Faz parte do mesmo processo que levou a uma série de resgates de instituições financeiras com dinheiro do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Além do PanAmericano, que foi fraude, apareceram rombos no Schahin, Matone, Oboé e Morada. O assunto compete ao Banco Central como autoridade bancária do país, mas tem sido sempre delegado ao FGC.
Oboé e Morada foram liquidados. Schahin, Matone e PanAmericano, vendidos para outras instituições. Os compradores nada desembolsarem e ainda receberam vultosos empréstimos do FGC. A explicação do Banco Central é que esses outros tiveram "soluções de mercado", ou seja, apareceram compradores, e que o Cruzeiro do Sul não teve. É mais complicado do que isso. O PanAmericano foi o maior dos rombos e recebeu o melhor tratamento.
Como a Caixa Econômica tinha feito a insensatez de entrar de sócia no banco - que carregava essa bomba de efeito retardado - o FGC deu um empréstimo. Depois, descobriu-se novo rombo e foi dado novo empréstimo. Só depois foi encontrado um comprador, o BTG, que pagou 10% do valor da dívida do banco com o Fundo e ficou com o negócio.
Os bens dos administradores e dos antigos donos não ficaram indisponíveis, já os dos donos e administradores do Cruzeiro do Sul ficaram. Que os do Cruzeiro do Sul fiquem indisponíveis, nada mais justo, já que lidam com dinheiro coletivo e têm que responder caso não tenham feito uma boa administração. Mas na soma dos casos, o que se vê é que instituições com problemas semelhantes têm sido tratadas de forma diferente.
O Banco Central é a autoridade bancária do país, mas tem agido através do FGC como se o Fundo fosse uma espécie de BC do B. O que se explica no Fundo e no próprio Banco Central é que a Lei de Responsabilidade Fiscal proíbe financiamento do BC a bancos privados. A única possibilidade seria através do redesconto, uma espécie de cheque especial que custa caríssimo e deixa a instituição sem capacidade de se financiar no interbancário.
Sem espaço para agir, o BC está usando o FGC, que recentemente passou por uma mudança no estatuto, que autorizou, a posteriori, o que já havia sido feito nos vários casos anteriores. Só que o Fundo foi criado não para gerir banco falido, nem para resgatar instituição quebrada, nem para ser um balcão de compra e venda de banco. Foi criado para garantir o dinheiro dos depositantes.
Um banco que está com rombo deste tamanho simplesmente não pode nem pensar em comprar outro banco. Mas o Cruzeiro do Sul comprou o Prosper no fim do ano passado. O BC ainda não deu autorização, mas o negócio foi anunciado. Ao fim do primeiro trimestre, o Cruzeiro do Sul emitiu bônus externos no valor de R$ 2,8 bilhões. O FGC disse que não garantirá esses bônus.
As agências de risco Austin Rating, Risk Bank e LFRating classificavam o Cruzeiro do Sul como um banco de nota A, com perspectiva estável, que oferecia boa garantia de crédito. A Austin já tinha detectado um aumento forte de inadimplência. O total do crédito em atraso da instituição triplicou entre dezembro de 2010 e setembro de 2011. O crédito podre, com nível H, ou seja, atraso de mais de seis meses, subiu 40%. As ações do banco tinham um desempenho semelhante ao do setor, com queda de 11% até 29 de maio, última terça-feira. Daí até sexta as ações despencaram 40%.
O economista Roberto Luis Troster disse que a dinâmica do crédito piorou para todos os bancos, e não apenas para o Cruzeiro do Sul:
- Uma pesquisa recente do Ipea mostrou que 92% das famílias não querem tomar crédito por um tempo e que 31,7% delas estão com as contas atrasadas. O IBGE disse que 14,1% das famílias estão superendividadas.
Logo que começou a crise de 2008, bancos pequenos não conseguiram se financiar no mercado, e o Banco Central incentivou os grandes a comprarem carteiras de crédito dos menores. Na época, o Cruzeiro do Sul vendeu carteira, e vários outros menores, também. Depois, o FGC financiou a compra de instituições com problemas. Só no PanAmericano ele colocou mais de R$ 4 bilhões, isso sem falar no que a Caixa teve que pôr antes, durante, e depois no banco. O Banco do Brasil comprou participação no Votorantim e recentemente informou-se que os dois sócios farão aportes de capital entre R$ 2 bilhões e R$ 3 bilhões. Um dos problemas é a alta inadimplência na carteira de veículos.
Enfim, há confusão suficiente por aí e o mar não está para peixe. É preciso fiscalização mais frequente do Banco Central e preventiva. O BC tem que ter mais instrumentos para agir em situações como essa e não operar sempre através do FGC.
Se perguntado, o BC dirá que o Fundo Garantidor de Crédito é uma entidade privada, dinheiro dos bancos, e que atuou em todos esses casos porque quis. Em conversa franca com banqueiros e executivos do mercado, eles contam que o BC tem empurrado o FGC, que se deixou empurrar. Os grandes bancos, que administram o fundo, tinham emprestado para esses bancos que apresentaram problemas. Para sanar o óbvio caso de conflito de interesses, foi mudado o estatuto e nomeada outra direção para o FGC.
Fora da curva - DORA KRAMER
O Estado de S.Paulo - 05/06
Há duas maneiras de se analisar a resistência da senadora Marta Suplicy em mergulhar fundo na campanha de Fernando Haddad para a Prefeitura de São Paulo.
Uma trata da motivação da senadora para manter distância do processo e tem alcance local.
Outra transcende a eleição municipal e diz respeito ao modo petista de atuar, com base no pressuposto de que exista uma visão santificada imutável em relação a Lula que por isso gozaria de infalibilidade papal.
A desobediência civil da senadora Marta Suplicy obviamente não pode ser atribuída a "mágoa" decorrente do veto do ex-presidente Lula à candidatura dela a prefeita de São Paulo.
Quando dizem isso, os petistas simplificam a questão, põem as coisas no plano pessoal/emocional, desqualificam as razões políticas de Marta e fingem desconhecer a natureza do temperamento dela.
A senadora não é de obedecer por obedecer, notadamente se estão em jogo sua carreira, seus interesses e seu patrimônio político.
O fato de não ter sido candidata está profissionalmente digerido. Ela não tem veleidades a acreditar que Lula possa recuar até a data da convenção. Seria uma crença excessivamente distanciada da realidade.
Ocorre que Marta Suplicy não concorda com a condução da campanha e, se é assim tão festejada como peça fundamental, gostaria de ser ouvida. Como não é porque suas opiniões fogem ao roteiro escrito por Lula, faz gestos fortes.
E com eles atrai mais a atenção do partido do que se estivesse para cima e para baixo rodando a periferia de São Paulo com Haddad a tiracolo.
E quais os erros que ela aponta? Primeiro, considera que Lula não levou a sério a hipótese de José Serra ser o candidato do PSDB e resolver fazer uma experiência.
Segundo, acha que de novo ele errou ao incentivar a aproximação com o prefeito Gilberto Kassab que, depois de provocar reação na base petista, ainda deixou Haddad no ora veja ao se aliar a Serra. Como, de resto, avisara que faria.
Em terceiro lugar, a senadora vê equívocos na política de alianças. Na opinião dela deveriam ter sido feitos investimentos mais pesados, por exemplo, na coalizão com o PMDB.
Concluindo, Marta não raciocina com a eficácia da transferência pura e simples de votos. Pensa que não há solução mágica, pois a identificação com o eleitorado depende do candidato.
Ou ele constrói essa identidade por meio de discurso e modo de ser, ou o eleitorado da periferia para quem, usando palavras de Haddad, "Marta é deusa", pode até ter uma reação contrária devido à sua preferida ter sido preterida.
Pelo conjunto da obra, ela prefere manter distância do processo até o início da propaganda eleitoral na televisão. Dessa, Marta já avisou que vai participar. Até lá, quanto mais o PT forçar a mão para ela obedecer, mais distante ficará dessa meta.
Nesse quadro, declarações como as do presidente regional do partido, Edinho Silva, não ajudam.
Disse ele ontem em entrevista ao Estado, vocalizando o estado de espírito petista: "A ausência (no ato de lançamento da candidatura de Fernando Haddad) materializa algo muito grave. Ela renuncia à sua liderança política no momento em que o PT mais precisa dela. Um erro gravíssimo".
Erro por quê? Se o gesto busca exatamente preservar e fortalecer a liderança, o dirigente só pode estar considerando como erro de enorme gravidade a recusa de fazer a vontade de Lula.
E aqui entramos na segunda maneira de se enxergar o episódio: à luz da servidão cega às artes e às manhas do presumivelmente infalível faro político do chefe.
Marta age diferente, posiciona-se como um ponto fora da curva ao preservar independência e nesse aspecto talvez preste um grande serviço ao PT.
No lugar de simplesmente condená-la em reação impensada e automática - movida mais a medo que a racionalidade -, quem sabe não faria muito bem ao PT aproveitar a oportunidade para rever o modo de operar em ritmo de sujeição total a uma só pessoa, cujas decisões ultimamente têm rendido dissabores a mancheias ao partido.
Perdas e ganhos da Delta - EDITORIAL O ESTADÃO
O Estado de S.Paulo - 05/06
Noventa casos de superfaturamento em execução de obras, 18 superfaturamentos em aditivos a contratos de prestação de serviços, 9 vitórias em licitações dirigidas de grande porte. Esses números, publicados na coluna Direto de Brasília, no Estado de domingo, são apenas uma amostra do que a Controladoria-Geral da União (CGU) encontrou ao passar o pente-fino nos negócios da construtora Delta com o seu cliente preferencial, a administração pública. A Delta não é a maior empresa do gênero no País, mas nenhuma das que a superam no ranking do setor recebeu nos últimos três anos tantos recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC): R$ 2,4 bilhões.
À medida que se aprofundaram as escavações em torno do modus operandi da empreiteira, a começar de suas relações com o esquema do contraventor Carlinhos Cachoeira, principalmente - mas não só - em Goiás, o império do engenheiro Fernando Cavendish passou a tremer nas bases. Um de seus diretores está preso. Outro, foragido. Os seus principais executivos foram afastados ou se afastaram, como o próprio Cavendish - que entrou pessoalmente para a história oral da compra de autoridades por empresas interessadas no que elas podem proporcionar, ao se vangloriar de que, se "botar 30 milhões na mão de um político", ele será "convidado pra coisa pra …". E na última sexta-feira desmoronaram os andaimes de uma eventual reconstrução da Delta.
O conglomerado J&F Participações, que controla, entre outros empreendimentos, o Frigorífico JBS, o maior processador de carnes do mundo, anunciou nesse dia que desistiu de comprar a construtora, menos de um mês depois de assumir a sua direção. A ideia se concretizaria se uma auditoria independente nos negócios da firma não apurasse nada que desaconselhasse a aquisição. Mas a decisão da CPI do Cachoeira de quebrar os sigilos da Delta em âmbito nacional, tomada na terça-feira, contribuiu para solapar a iniciativa - que, nos meios empresariais e no governo, poucos acreditavam que pudesse vingar. "Crise de confiança e de credibilidade", foi o motivo óbvio citado pelo presidente da J&F, Joesley Batista, para dar o dito pelo não dito.
O temor do que a devassa da intimidade das operações da Delta pudesse trazer a público talvez não pesasse tanto, não fosse a informação de que a CGU espera apenas cumprir algumas formalidades para declarar a Delta "inidônea", o que a impediria de participar de negócios com o setor público. O governo está ciente e aprova o veredicto de seu órgão fiscalizador. Tanto que prepara planos de contingência para enfrentar as consequências do banimento. Empreiteiras que ficaram em segundo lugar nas licitações conquistadas pela Delta poderão ser chamadas a substituí-la nas obras em andamento ou novas licitações serão preparadas. Nos casos mais urgentes, o Departamento de Engenharia do Exército assumirá o serviço.
Diante disso, é espantosa a notícia saída domingo neste jornal de que, no mesmo maio último que assistiu à descida da Delta aos infernos, ela continuou a arrematar novos contratos e ganhar aditivos em obras encomendadas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). A empresa é a principal prestadora de serviços do órgão. Detém 99 contratos ativos de construção, duplicação e, principalmente, manutenção de rodovias federais. Ao todo, o seu valor original, a que foram agregados R$ 172,5 milhões a título de aditivos, alcança R$ 2,5 bilhões, dos quais R$ 1 bilhão já pago. Em 16 de maio, quando desistiu de tocar o trecho baiano da Ferrovia Oeste-Leste, pelo que receberia R$ 574,5 milhões, a Delta foi aquinhoada pelo Dnit de Mato Grosso do Sul.
A superintendência local do departamento homologou uma licitação de R$ 30,9 milhões vencida pela Delta para melhorias em três BRs. Ela ainda faturou verbas federais em cinco Estados - sem falar no aditivo de R$ 16,7 milhões que a prefeitura do Rio decidiu desembolsar para a conclusão do Parque Madureira, na zona norte da cidade. Para continuar assumindo compromissos com a Delta como de costume, o Dnit alega sem corar que a CGU ainda não declarou a inidoneidade da firma. É assim que funciona.
Alvo definido - VERA MAGALHÃES - PAINEL
FOLHA DE SP - 05/06
Sob comando do PT, a CPI do Cachoeira planeja ouvir hoje o depoimento de três testemunhas ligadas a Marconi Perillo (PSDB-GO) no que promete ser o primeiro embate entre tucanos e petistas depois das denúncias que aumentaram as suspeitas sobre o governador goiano. Convocados pelo deputado Dr. Rosinha (PR) e pelo senador José Pimentel (CE), Walter Paulo, Sejana Martins e Écio Ribeiro tentarão explicar a venda da casa de Perillo, onde Carlinhos Cachoeira foi preso na Operação Monte Carlo. O STF adiou ontem o depoimento de Eliane Pinheiro, ex-chefe de gabinete do tucano que tinha linha direta com o empresário de jogos.
Dono... Integrantes das equipes que comandaram as operações Vegas e Monte Carlo, da PF, acreditam que Geovani Pereira pode ter sido avisado por funcionários do cartório da Justiça de Goiás que expediu os mandados de prisão a tempo de fugir.
...do cofre Tesoureiro do esquema Cachoeira, ele está foragido desde que a operação foi deflagrada, em fevereiro. A Polícia Federal suspeita que Geovani tenha deixado o Brasil. Se confirmada a tese, acionará a Interpol.
Espreme Além de Demóstenes Torres (GO) e de Perillo, a campanha do deputado Sandes Júnior (PP-GO) em 2010 amealhou R$ 70 mil da Bonini Alimentos, que recebeu R$ 65 mil da Alberto e Pantoja, suposta laranja da Delta, no mesmo período.
Outro lado A assessoria de Sandes Júnior informou que o congressista conhecia um diretor da Bonini interessado em efetuar doação para a campanha. Mas disse desconhecer a ligação da empresa com o grupo de Cachoeira.
Piquete Sindicatos de trabalhadores da construção civil vão à CPI na próxima terça-feira. Agendaram encontro com o relator, Odair Cunha (PT-MG), para discutir os atrasos de salários da Delta e o risco de 35 mil demissões. Antes, protestarão nos corredores do Congresso.
Pé do ouvido Durante almoço no Itamaraty em homenagem ao rei da Espanha, Juan Carlos, o presidente do conselho do Banco Santander, Emilio Botín, teve conversa a sós com Dilma Rousseff. Hoje, ele será recebido pela presidente no Planalto.
É guerra O PT recorrerá hoje à Justiça Eleitoral contra a aparição de José Serra em inserções nacionais de propaganda do PSDB na TV veiculadas no final de semana.
Nuvem "Mudam as moscas, o fedor é o mesmo". A frase, de outubro de 2011, é do Twitter de Aloysio Nunes (PSDB), artífice do acordo do PR com Serra. À ocasião, o senador analisava a troca do comando do Dnit, então chefiado pelo grupo do neoaliado Valdemar Costa Neto.
Hora extra Geraldo Alckmin e Gilberto Kassab abandonaram a habitual cautela e discursaram ontem, durante o horário de expediente, no evento em que foi selado o pacto entre PR e PSDB. Serra agradeceu: "Ele [Alckmin] deixou vários prefeitos aguardando no Palácio [dos Bandeirantes] para vir aqui".
Vaivém 1 Presidente do PSB-SP, Márcio França deixa a Secretaria de Turismo paulista amanhã. A princípio, ele se desincompatibilizará para avaliar eventual candidatura a prefeito de São Vicente.
Vaivém 2 O substituto imediato de Paulo Barbosa, que deixa a pasta do Desenvolvimento de olho na Prefeitura de Santos, será Luiz Carlos Quadrelli. O cargo é cobiçado pelo DEM e também pode entrar na equação para atender o PP, que deseja apear Silvio Torres da Habitação.
com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI
tiroteio
"O PMDB tem o vice-presidente, cinco ministros e vai lançar candidato. PRB e PDT, também. Por que o PR, que não tem nada, pagaria a conta por não apoiar Haddad?"
DO LÍDER DO PR NA CÂMARA, LINCOLN PORTELA (MG), analisando a hipótese de o governo federal retaliar seu partido, que formalizou ontem acordo eleitoral com o pré-candidato José Serra (PSDB) à prefeitura paulistana.
contraponto
Salvo conduto
Ao chegar aos estúdios da Recordnews, quinta passada, Fernando Haddad (PT) foi abordado por jornalistas, que queriam saber sobre seu traje, mais informal que os dos demais pré-candidatos que participaram da sabatina da emissora. O petista, que bate na tecla do apagão dos transportes na capital como mote da campanha, disse, lembrando que seu adversário, José Serra (PSDB), havia dito que "até uma gravata pode causar pane no metrô".
-Achei melhor vir sem gravata. Assim, espero que ninguém tente me acusar de nada!
A resposta à perplexidade é mais ação - ANTONIO DELFIM NETTO
Valor Econômico - 05/06
Uma das maiores lições do exercício da política econômica é que é absolutamente inútil brigar contra os números, por mais desagradáveis que sejam. O resultado da apuração do PIB brasileiro, 0,2% no primeiro trimestre de 2012, com relação ao quarto trimestre de 2011, não pode deixar de produzir perplexidade e preocupação.
Como insistiu o ministro Mantega, ele é "passado". Não podemos e não devemos considerá-lo como uma indicação do "futuro", porque o governo não ficará indiferente a ele. Entretanto, a situação que estamos vivendo já quase no final do segundo trimestre não é alentadora. Nada parece indicar que o PIB, com relação ao primeiro trimestre, crescerá alguma coisa muito diferente de 0,5%. O primeiro semestre parece praticamente fixado. Como terminaremos 2012?
Suponhamos, apenas para argumentar, que a resposta dos agentes econômicos às medidas já tomadas (e às que certamente virão) permita que a taxa de crescimento do PIB no terceiro trimestre sobre o segundo seja de 2% e que a do quarto sobre o terceiro, seja de 1,5%. Qual seria a taxa de crescimento de 2012? Em torno de 2,1%! O fator amenizador desse fato é que entre o quarto trimestre de 2011 e o seu homólogo de 2012 a economia estaria rodando em torno de 4%, como afirmou o ministro.
Existem infinitas combinações de taxas de crescimento para os trimestres 3º/2º e 4º/3º, que produziriam um crescimento de 2,7% em 2012, que hoje parece ser o objetivo do governo.
Chamemos de m3 a taxa de crescimento do terceiro trimestre sobre o segundo, e de m4 a taxa de crescimento do quarto trimestre em relação ao terceiro. Dado o objetivo de 2,7%, elas estão ligadas por uma relação muito simples:
m4 = (0,08 - 2m3) / (1 + m3), que é apresentada no gráfico abaixo. No exercício, tanto m3 como m4 são números positivos (supomos que a economia vai crescer).
Isso deve necessariamente ocorrer se a soma de estímulos aos investimentos públicos e privados for significativa, se o crescimento do crédito continuar para sustentar um aumento da demanda e se a queda da taxa de juros real ajudar a manter uma taxa de câmbio em nível que melhore as exportações "líquidas", isto é, reduza o déficit em contas correntes, o que aumentará o PIB.
Situação que estamos vivendo não é alentadora
O gráfico mostra que nos extremos, com m3 = 0, o m4 deveria ser de 8%. Em português claro, para atingir um crescimento do PIB em 2012 com relação a 2011 de 2,7% (o mesmo de 2011/2010), o crescimento do 4º/3º trimestre, teria de ser de 8%, se o crescimento do 3º/2º for zero.
Por outro lado, com um crescimento de m3 = 4%, o m4 poderia ser nulo. Um resultado menos exótico é que o mesmo crescimento do PIB poderia ser obtido com m3 = 3% e m4 = 1,94%. Esses números mostram o tremendo esforço que precisará ser feito para o PIB de 2012 atingir os 2,7% de 2011. Se ele tiver sucesso, a economia estará rodando em torno de 5,8% ao ano quando compararmos o quarto trimestre de 2012 com seu homólogo de 2011, o que não será isento de alguns problemas.
Se o 0,5% for de fato confirmado (o que, infelizmente, só saberemos em agosto), o desafio para que o PIB cresça em 2012 o mesmo que em 2011 parece ter pouca probabilidade de sucesso. A ação por precaução, entretanto, recomenda uma imediata e importante mobilização dos investimentos públicos através de parcerias e concessões, com taxas de retorno palatáveis para cooptar o investimento nacional e estrangeiro, e um esforço simultâneo de mobilização legislativa para simplificar o sistema tributário, dar maior flexibilidade ao mercado de trabalho sem violar os direitos fundamentais do trabalhador, diminuir o aumento das despesas de custeio sem reduzir a inserção social, atacar os custos exorbitantes da energia (particularmente o gás e energia elétrica) e de alguns oligopólios protegidos por tarifas, reforçando a construção de um amigável ambiente de negócios.
Tais ações provavelmente reacenderiam o "espírito animal" dos empresários, hoje um pouco assustados com a tragédia que se abate sobre a economia mundial, e serviriam de contraponto à campanha, visivelmente organizada pelos agentes do sistema financeiro internacional, contra nossa política econômica. O Brasil já "não seria mais aquele": teria abandonado as "virtudes" da plena liberdade de movimento de capitais; concentra-se em medidas pontuais paliativas sem ir às "estruturais" e, pior, insiste no pecado de tentar reduzir a taxa de juros para estimular o consumo, o investimento e reduzir a supervalorização do real. No fundo, o desconforto do sistema financeiro internacional deriva apenas da circunstância que terá um pouco mais de trabalho para ganhar a vida honestamente...
Lula é contestado pela primeira vez - RAYMUNDO COSTA
Valor Econômico - 05/06
Do mensalão à campanha de Fernando Haddad para prefeito de São Paulo, deu errado quase tudo o que o PT tentou fazer, nos últimos dias. O diagnóstico é um só: falta comando para encadear as ações delineadas pelo partido. Sem falar, o que não é menos importante, na doença do ex-presidente Lula.
Menos mal que a ofensiva contra o Supremo tenha, na realidade, oferecido alguma blindagem aos ministros para o julgamento do processo do mensalão. No caso Haddad, o insperado: a senadora Marta Suplicy transformou-se no primeiro petista a "encarar" o ex-presidente da República, desde que ele deixou o Palácio do Planalto quase na condição de um semi-deus.
A festa para celebrar o lançamento da candidatura de Haddad expôs com nitidez a fratura do PT. Marta não apareceu no palanque em que se acotovelavam os dignatários petistas. Ainda assim a festa terminou com eles discutindo o Plano B: a ex-prefeita entraria com força na campanha de rádio e televisão do candidato.
Trapalhadas do PT podem ter blindado STF das pressões
Acredita quem quiser, mas os quase 2 mil convidados à festa foram embora achando que fizeram papel de bobo: ora Marta estava chegando, ora presa num engarrafamento. Ninguém conseguia falar com ela. Seu telefone celular chamava, mas ninguém atendia. Os dos principais assessores, também.
Foi quando Eduardo Suplicy teve a brilhante ideia de enviar um SMS. Nada. Haddad mudou a ordem dos discursos. Marta falaria em primeiro lugar; Lula em seguida e Haddad faria a grande apoteose.
Estava no discurso. O ex-ministro da Educação faria um histórico dos principais feitos de Marta Suplicy à frente da Prefeitura de São Paulo. Ele cortou tudo. Para os petistas, entre os quais um grande número de prefeitos, ficou a sensação de que não há volta na campanha paulistana. Marta expôs toda amargura que sentiu ao ser retirada da campanha para prefeito de São Paulo pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Sem honrarias. Da outra vez, quando queria concorrer ao governo de São Paulo e Lula impôs o nome de Mercadante, a senadora pelo menos foi homenageada com o convite para o Ministério do Turismo. Desta vez soube que estava fora por meio de uma auxiliar de Lula no instituto que leva seu nome, o antigo Instituto da Cidadania.
Não é de hoje, ou de sábado, que Marta mostra descontentamento por ter sido excluída do processo sucessório paulistano. Ela sempre argumentou que José Serra seria o candidato tucano, e que, portanto, o PT deveria sair com quem pudesse comparar o governo do PT - o dela - com o governo da dupla Serra/Kassab. Lula não deu atenção. No fundo, o ex-presidente entende que a geração do mensalão, em São Paulo, acabou e que é necessário renovar. Marta, por seu turno, acha que a renovação não é de idade, mas de ideias e de projetos para a cidade. Marta, registraram os petistas, desde que Lula saiu do governo é a primeira petista a "peitar" o ex-presidente.
Da semana, o saldo positivo que pode ficar para o país - e também para parcelas do PT - é que diminuíram as abordagens de réus, advogados e simpatizantes sobre os ministros encarregados do julgamento do mensalão. Mas mesmo entre os ministros as conversas ganharam um tom mais moderado. Ninguém quer ser o autor de algum comentário que no dia seguinte possa parecer estampado nas páginas dos jornais. Existe um clima efetivo de desconfiança entre colegas, que já se manifestou em outras ocasiões e agora voltou com intensidade.
Até o estouro da bolha na qual estavam encerrados os dois ex-presidentes dos dois Poderes (o da República e o do Supremo), o STF era um alvo cada vez mais visível para dardos arremessados algumas vezes de longe (geograficamente falando), mas com a precisão de quem estava a apenas alguns passos de distância. É certo que o presidente do PT, Rui Falcão (que passa uma parte da semana em São Paulo e outra em Brasília), arrependeu-se por ter relacionado a CPI do Cachoeira com uma tentativa do PT de provar que o mensalão foi uma farsa. Era o que todos pensavam, mas ninguém no PT reconhecia. Mas o que dizer quando o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, insiste em dizer que o ministro do STF José Antonio Dias Toffoli não tem o direito de se declarar impedido no julgamento?
Rui Falcão e Luiz Marinho apenas expuseram uma estratégia delineada no PT. O resto, é recuo tático. O bombardeio de Marinho sobre Toffoli confundiu a amizade e eventual solidariedade que o ministro deva ter pelo PT - ou com alguns dos acusados - com um voto de absolvição. Pode até ser, o que parece difícil diante da complexidade jurídica de um processo com 40 acusados, dos quais alguns devem escapar, de acordo com a análise de juristas. O certo, no momento, é que Marinho foi grosseiro, simplesmente, com Toffoli. Para dizer o mínimo.
Situação parecida é a do ministro-revisor do processo, Ricardo Lewandowski, morador de São Bernardo, amigo de Luiz Marinho e de Lula, com quem inclusive já trocou ideias sobre a conveniência de se adiar o julgamento do processo do mensalão, talvez para o próximo ano, quando os votos dos juízes podem ser proferidos sem o barulho das patrulhas partidárias no volume que certamente terá neste ano. Aliás, antes de Lewandowski apresentar seu voto, não haverá julgamento.
Pressão também sofre o ministro Ayres Brito, presidente do STF. Com a opinião pública decididamente favorável a que se ponha um ponto final à novela, o ministro tem se mostrado favorável ao julgamento ainda este ano. Mas segundo réus do mensalão, Ayres acha que, com isso, escreverá seu nome na história. Na prática, segundo criticam os que ainda podem ser considerados bons emissários junto ao revisor, em vez de passar para a história como ministro que atendeu à opinião pública, apenas se curvou diante da "opinião publicada", como o PT costuma diferenciar a rua que o aplaude daqueles que criticam o partido.
Ueba! Gretchen casa com bicho! - JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SP - 05/06
E o Neymar? Com a chapinha da Fátima Bernardes? Não consegue fazer nada
Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Voltei! Aliás, só voltei pra ver duas coisas: o Debóchenes na CPI e a Gretchen em "A Fazenda"! Criando pelanca!
Eu sei o que tem naquela fazenda: plantação de pelanca. A Gretchen vai sair da fazenda casada de novo. Com qualquer bicho! Tô preocupado com a Gretchen: faz dois meses que ela não casa. Rarará!
E a Angela Bismarchi é o espantalho da fazenda! Ela já fez tanta plástica que a perereca foi parar na testa. Nas "aquicila"! Faz xixi pelo sovaco!
E tem um juiz de futebol baiano, Diego Pombo! Pra cagar na cabeça dos outros. Rarará! E Brasil x México? A Selecinha Dormonid do Mano! Levamos dois tacos. TEQUILA! A Selecinha dos Meninos.
Diz que o Brasil perdeu porque era tudo "de menor"! E diz que a Selecinha não tem ataque, tem vertigem! E o Neymar? Com a chapinha da Fátima Bernardes? Não consegue fazer nada. Fica rodando que nem enceradeira descontrolada. Isso, o Neymar tá parecendo uma enceradeira descontrolada!
E o Hulk? O Hulk amarelou. O Hulk, em vez de ficar verde e estourar o calção, amarelou! Não adianta convocar só o Hulk, tem que convocar o Capitão América, o Homem de Ferro e o Thor! E aí entrou um tal de Nem. Nem jogou nem ganhou e nem empatou! E o México ganhou. Sem querer querendo! Rarará!
Então, aí eu voltei e fui ler as notícias. Só tem esculhambaria, misto de esculhambação com putaria. PORNOTÍCIAS! "Cícero Rola pede impeachment de Gilmar Mendes." Entendi, o Rola quer levar o ministro pro pau. Rarará!
"Ladrão rouba vibrador banhado a ouro de sex shop de Brasília." Mas o vibrador só tem 8 cm. E aí um cara escreveu no meu Twitter: "Qual mulher vai sentir prazer com um vibrador de 8 cm? Todas, porque é banhado a ouro". Rarará!
E mais duas: "Lula come a rabada do Ratinho" e "Calcinha perdida no plenário do Congresso". É mole? É mole, mas sobe!
Voltei do Japão! De olho arregalado! Tudo lindo, reconstruído. O Japão ficou pronto mais rápido que o Itaquerão! E Tóquio é sensacional, muita informação visual. O Kassab ia ter um chilique! Aliás, o Kassab ia ter um chilique porque lá o asfalto é liso!
E sabe como se chama o Viagra no Japão? AJINOMORTO! Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza.
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!
O jogo aberto dos salários públicos - GIL CASTELLO BRANCO
O GLOBO - 05/06
Nos últimos dias, a imprensa revelou quanto o Ronaldinho Gaúcho ganhava — ou deixava de ganhar — no Flamengo. A informação pode ajudar a esclarecer o que está acontecendo no mais popular clube do Brasil. Além das campanhas ruins no Campeonato Carioca e na Taça Libertadores, o rubro-negro está inscrito no cadastro dos inadimplentes (Cadin), por pendências
com a Caixa Econômica Federal e com a Procuradoria Geral do Ministério da Fazenda. Assim, tal como o atleta, o time vai mal no campo e fora dele.
Futebol à parte, aguarda-se a divulgação de outros salários que despertam curiosidade: os dos funcionários públicos brasileiros. Será mesmo verdade que um ascensorista da Câmara ganha mais do que um piloto da Força Aérea, como circula na Web? Graças à recente Lei de Acesso à Informação cada órgão deverá discriminar, individualmente, a remuneração e todas as vantagens pecuniárias pagas aos servidores. Argumentos favoráveis não faltam.
Afinal, existem no país 9,4 milhões de servidores públicos pagos pelos governos federal, estaduais e municipais, conforme estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) no ano passado. O time de burocratas cresceu 30,2% entre 2003 e 2010. Cerca de 4,9 milhões estão nas prefeituras e 3,5 milhões nos estados. As despesas com pessoal nas três esferas de governo representam 14% do Produto Interno Bruto (PIB). Para 2012, mais de R$ 200 bilhões estão previstos só no Orçamento da União para a rubrica “pessoal e encargos sociais”, valor cinco vezes maior do que o destinado ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Embora exista um teto salarial (R$ 32.147,90), milhares de funcionários ultrapassam o limite. Em agosto do ano passado, o site Congresso em Foco mostrou que só no Senado 464 servidores recebiam acima do valor máximo vigente à época. Na Justiça, já vieram à tona pagamentos milionários a magistrados de São Paulo e do Rio de Janeiro. A folha de pagamentos que o Tribunal
de Justiça do Rio de Janeiro divulgou, por determinação do Conselho Nacional de Justiça, mostra que, em setembro de 2011, 120 desembargadores receberam mais de R$ 40 mil. Um deles ganhou extravagantes R$ 642.962,66 entre vencimentos e penduricalhos. Um assalariado levaria 86 anos para receber este valor.
Com certeza, os que recebem cerca de meio milhão por mês para ocupar um cargo público não querem seus nomes na internet. Até porque a exposição desses megassalários nos Três Poderes provavelmente contribuirá para o fim da farra.
Apesar disso, não faltam os que jogam contra. O Sindicato dos Servidores do Legislativo, em Brasília, já anunciou que irá travar batalha judicial para impedir a divulgação dos rendimentos. A justificativa é que a publicação poderá fomentar a indústria do sequestro relâmpago.
A suposição não condiz com os fatos. Desde 2009, a prefeitura de São Paulo divulga mensalmente os salários de 165 mil funcionários sem que se tenha notícia de violências específicas contra esse segmento. Quanto à discussão jurídica, já ocorreram diversas manifestações em favor da transparência provenientes, inclusive, do próprio Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Gilmar Mendes, em 2009, manteve no ar o site da prefeitura paulista. O atual presidente da Corte, Carlos Ayres Britto, comentou: “É o preço que se paga pela opção por uma carreira pública no seio de um Estado republicano.” A ministra Carmem Lúcia foi além ao exibir o seu contracheque na internet.
A alegada “invasão de privacidade” também não se sustenta. Ninguém quer saber o que o servidor faz com o seu salário, mas sim o quanto recebe do Estado à custa dos impostos, taxas e contribuições que todos pagam.
Enfim, o maior tabu relacionado à aplicação da Lei de Acesso à Informação está por um fio. Na verdade, custamos a entrar para sócios do clube da transparência. Inúmeros países já colocam à mostra os salários dos servidores públicos como Chile, Peru, México e Paraguai, além de diversas nações europeias. Nos Estados Unidos, a própria Casa Branca divulga há anos em seu portal os nomes, os cargos e a remuneração anual de todos os seus servidores, apesar da Al- Qaeda...
O raciocínio é claro e lógico. Em qualquer empresa privada, o proprietário sabe quanto ganham os seus funcionários. No caso dos servidores públicos, os patrões somos todos nós. A solução é cada um mostrar, com trabalho, se vale o que custa. Tanto os burocratas quanto o Ronaldinho.
Nos últimos dias, a imprensa revelou quanto o Ronaldinho Gaúcho ganhava — ou deixava de ganhar — no Flamengo. A informação pode ajudar a esclarecer o que está acontecendo no mais popular clube do Brasil. Além das campanhas ruins no Campeonato Carioca e na Taça Libertadores, o rubro-negro está inscrito no cadastro dos inadimplentes (Cadin), por pendências
com a Caixa Econômica Federal e com a Procuradoria Geral do Ministério da Fazenda. Assim, tal como o atleta, o time vai mal no campo e fora dele.
Futebol à parte, aguarda-se a divulgação de outros salários que despertam curiosidade: os dos funcionários públicos brasileiros. Será mesmo verdade que um ascensorista da Câmara ganha mais do que um piloto da Força Aérea, como circula na Web? Graças à recente Lei de Acesso à Informação cada órgão deverá discriminar, individualmente, a remuneração e todas as vantagens pecuniárias pagas aos servidores. Argumentos favoráveis não faltam.
Afinal, existem no país 9,4 milhões de servidores públicos pagos pelos governos federal, estaduais e municipais, conforme estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) no ano passado. O time de burocratas cresceu 30,2% entre 2003 e 2010. Cerca de 4,9 milhões estão nas prefeituras e 3,5 milhões nos estados. As despesas com pessoal nas três esferas de governo representam 14% do Produto Interno Bruto (PIB). Para 2012, mais de R$ 200 bilhões estão previstos só no Orçamento da União para a rubrica “pessoal e encargos sociais”, valor cinco vezes maior do que o destinado ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Embora exista um teto salarial (R$ 32.147,90), milhares de funcionários ultrapassam o limite. Em agosto do ano passado, o site Congresso em Foco mostrou que só no Senado 464 servidores recebiam acima do valor máximo vigente à época. Na Justiça, já vieram à tona pagamentos milionários a magistrados de São Paulo e do Rio de Janeiro. A folha de pagamentos que o Tribunal
de Justiça do Rio de Janeiro divulgou, por determinação do Conselho Nacional de Justiça, mostra que, em setembro de 2011, 120 desembargadores receberam mais de R$ 40 mil. Um deles ganhou extravagantes R$ 642.962,66 entre vencimentos e penduricalhos. Um assalariado levaria 86 anos para receber este valor.
Com certeza, os que recebem cerca de meio milhão por mês para ocupar um cargo público não querem seus nomes na internet. Até porque a exposição desses megassalários nos Três Poderes provavelmente contribuirá para o fim da farra.
Apesar disso, não faltam os que jogam contra. O Sindicato dos Servidores do Legislativo, em Brasília, já anunciou que irá travar batalha judicial para impedir a divulgação dos rendimentos. A justificativa é que a publicação poderá fomentar a indústria do sequestro relâmpago.
A suposição não condiz com os fatos. Desde 2009, a prefeitura de São Paulo divulga mensalmente os salários de 165 mil funcionários sem que se tenha notícia de violências específicas contra esse segmento. Quanto à discussão jurídica, já ocorreram diversas manifestações em favor da transparência provenientes, inclusive, do próprio Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Gilmar Mendes, em 2009, manteve no ar o site da prefeitura paulista. O atual presidente da Corte, Carlos Ayres Britto, comentou: “É o preço que se paga pela opção por uma carreira pública no seio de um Estado republicano.” A ministra Carmem Lúcia foi além ao exibir o seu contracheque na internet.
A alegada “invasão de privacidade” também não se sustenta. Ninguém quer saber o que o servidor faz com o seu salário, mas sim o quanto recebe do Estado à custa dos impostos, taxas e contribuições que todos pagam.
Enfim, o maior tabu relacionado à aplicação da Lei de Acesso à Informação está por um fio. Na verdade, custamos a entrar para sócios do clube da transparência. Inúmeros países já colocam à mostra os salários dos servidores públicos como Chile, Peru, México e Paraguai, além de diversas nações europeias. Nos Estados Unidos, a própria Casa Branca divulga há anos em seu portal os nomes, os cargos e a remuneração anual de todos os seus servidores, apesar da Al- Qaeda...
O raciocínio é claro e lógico. Em qualquer empresa privada, o proprietário sabe quanto ganham os seus funcionários. No caso dos servidores públicos, os patrões somos todos nós. A solução é cada um mostrar, com trabalho, se vale o que custa. Tanto os burocratas quanto o Ronaldinho.
OS PÁSSAROS - MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 05/06
BILHETE PREMIADO
O Ministério Público de SP vai propor uma ação por danos morais contra a Gol por causa da pane registrada em 2010 no sistema de embarque de seus passageiros. A falha ocasionou problemas em cascata no sistema aéreo nacional. O MP deve pedir indenização por danos morais no valor de cerca de R$ 5 milhões.
BILHETE 2
O promotor do consumidor Roberto Senise Lisboa vai propor que o dinheiro de eventual indenização seja revertido para o Fundo de Direitos Difusos e aplicado em programas sociais. A Gol diz que só se manifestará nos autos do processo.
CAIXA FORTE
Fernando Haddad (PT-SP)discutiu com o ex-presidente Lula o nome do tesoureiro de sua campanha à Prefeitura de São Paulo. A escolha recaiu sobre o vereador Chico Macena (PT-SP).
NOVO
E as aparições seguidas de Lula em eventos e na TV têm um segundo objetivo, além de tornar Haddad conhecido: fixar nos eleitores as novas características do ex-presidente, com menos cabelo, mais rouco e sem barba. A ideia é que as pessoas se acostumem com a sua nova imagem antes da campanha eleitoral.
DAS CINZAS
O PT já sondou até em pesquisas o impacto das aparições de Lula. Segundo petista que viu os resultados, o novo visual reforça a ideia de que o ex-presidente "supera tudo". O mote foi explorado inclusive em vídeo no programa do Ratinho, em que o ex-presidente foi comparado a uma fênix que "renasce das cinzas".
PALCO GRUNGE
O monólogo "Aberdeen- Um Possível Kurt Cobain", de Sérgio Roveri, sobre o vocalista do Nirvana, será uma das atrações do Mês do Rock, série de eventos que a Prefeitura de São Paulo promove em julho para comemorar o Dia do Rock. O ator Nicolas Trevijano viverá Cobain.
O espetáculo, gratuito, será apresentado durante um mês, em local a definir.
POUPANÇA
A Fundação Osesp é a primeira orquestra brasileira a criar um plano de previdência social para seus funcionários. A instituição batizou o projeto de Sostenuto, adjetivo que significa "sustentado" e define a maneira de se tocar uma nota musical.
MARCADOR DE PÁGINA
O escritor Rubem Fonseca indicou 236 livros para a biblioteca que será montada dentro do projeto Humanidade 2012, no Forte de Copacabana, entre 11 e 22 de junho, paralelo à Rio+20. Entre as obras estão "Em Busca do Tempo Perdido", de Marcel Proust, "Poesia Traduzida", de Carlos Drummond de Andrade, e "Antologia Poética", de Pablo Neruda.
SOBE E DESCE
A construtora Odebrecht foi a empresa privada que mais pagou salários em 2011: US$ 1,4 bilhão. Fica atrás só das estatais Petrobras (US$ 7,3 bilhões) e Correios (US$ 3,2 bilhões). Em 2010, entre as privadas, a JBS assumia a liderança -agora aparece em 17º, com folha de pagamento de US$ 570 milhões. Somados, os cinco maiores bancos do país lucraram US$ 25,1 bilhões. O levantamento foi feito para o especial "Melhores e Maiores 2012", da revista "Exame".
NO CAMPO
Pierre Sarkozy, filho do ex-presidente francês Nicolas Sarkozy, foi DJ na festa da final da copa de polo São José, em Indaiatuba (SP), no sábado. O evento foi organizado por José Eduardo Kalil. Entre os presentes, o cavaleiro Doda Miranda.
FESTA DO BRANCO
A modelo Samira Carvalho e a atriz Leilah Moreno foram ao Skol Sensation, no Anhembi, no sábado. Antes de seguir para o evento, elas se reuniram com outros convidados na casa da promoter Alicinha Cavalcanti.
CURTO-CIRCUITO
Monica Maia e Fernando Costa Netto inauguram a galeria DOC, hoje, às 18h, na rua Aspicuelta, 662.
O livro "Folia de Reis: Imagens, Receitas e Ladainhas" será lançado hoje, às 18h30, na Livraria da Vila da Vila Madalena.
Alexandre Birman reinaugura a Schutz da rua Oscar Freire, às 17h.
A pizzaria Primo Basílico comemora 20 anos com o projeto Pizza das Meninas.
com ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER, LÍGIA MESQUITA e OLÍVIA FLORÊNCIA