O GLOBO - 11/05/12
Estava na pauta de ontem da Câmara do Rio projeto do vereador Jorge Manaia para obrigar o comércio a exibir... fotos dos peixes e dos demais frutos do mar que vende. O projeto não menciona se a foto é de frente ou de perfil.
A moda da cueca
A Receita deteve quarta no Galeão um passageiro que veio de Miami, pela TAM, com sete relógios de luxo na cueca.
Nana, neném
A Rede Cegonha, programa do Ministério da Saúde, vai ganhar 350 novos leitos de UTI neonatal até 2012. A meta é expandir os atendimento no SUS, hoje com 3.866 leitos neonatais no país. Até 2014, serão criados outros 825. O projeto foi lançado em 2011para fortalecer o atendimento a mães e crianças de até 2 anos.
Bela Adormecida
A Rocco vai lançar este mês no Brasil a mais nova obra de Anne Rice, a badalada escritora americana dos vampiros. Trata-se, acredite, de uma trilogia erótica, veja só, de “A Bela Adormecida”, em que a princesa, ao ser acordada, vira... uma escrava sexual.
No mais
A Comissão da Verdade, criada ontem por Dilma, tem tudo para fazer um trabalho notável e sereno no sentido de esclarecer as violações de direitos humanos na ditadura militar.
João em quadrinhos
João Carlos Martins, 72 anos, nosso grande pianista e maestro que, valente, duela contra uma doença degenerativa nas mãos, vai virar personagem de quadrinhos de Maurício de Souza. Na revistinha, será um músico mirim. Não é fofo?
AQUI JAZ UMA palmeira imperial, vítima de massacre da serra elétrica da construtora Fernandes Maciel, no Jardim Icaraí, em Niterói. A empreiteira ergue no terreno de uma antiga casa na Rua João Pessoa um prédio de 150 apartamentos, chamado Essence. Árvores centenárias vieram ao chão, como a palmeira, que em vida (veja aqui ao lado) se exibia formosa em 30m de altura e era morada de sabiás, curiós e maritacas. Na tentativa de salvar as árvores, moradores ligaram para a prefeitura, onde um funcionário informou que a derrubada foi autorizada. Pena
Vôlei de praia
Corre na 7+ Vara Federal do Rio pedido de indenização de R$ 1milhão feito pelo atleta de vôlei de praia Pedro Solberg contra o laboratório Ladetec/UFRJ. É que, em julho de 2011, Pedro foi suspenso após resultado positivo de exame antidoping feito ali. Mas uma contraprova, na Alemanha, desmentiu o uso de esteroide. O caso está com o advogado Armando Miceli.
Aliás...
Por causa do erro, o laboratório foi suspenso pela Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês).
Longe de Paris
O banqueiro André Esteves nega informação da revista “Poder”, reproduzida aqui, de que, não raro, reserva restaurante em Paris “e leva toda a família e alguns amigos em seu avião particular para jantar”.
Foto da Pirelli
Autor desta famosa imagem, “Menina Afegã”, o fotógrafo americano Steve McCurry visitou ontem o Morro do Cantagalo,
no Rio. Procura cenários para o Calendário da Pirelli.
Diário de Justiça
A 2+ Câmara Cível do Rio confirmou a condenação dos expresidentes da Cedae acusados de terem contratado funcionários de forma irregular, entre 2002 e 2007, e aumentou a multa para dez vezes o valor da remuneração recebida em suas gestões. São eles Celso Leitão Corrêa, Aluízio Meyer de Gouvêa Costa, Lutero de Castro Cardoso e Celso Almeida Parisi.
Poxa, Fernanda
Fernanda Venturini, nossa grande levantadora de vôlei, andou de bicicleta entre os pedestres na calçada da Rua Visconde de Pirajá, em Ipanema, ontem.
Xerife discreto
José Beltrame, arrolado como testemunha do ex-presidente da Associação de Moradores da Rocinha Willian de Oliveira no processo que envolve também o traficante Nem, prestou depoimento ontem no Fórum do Rio. O secretário entrou e saiu com discrição. Já Nem foi escoltado por uns dez agentes armados.
sexta-feira, maio 11, 2012
Identidade via boné - RUY CASTRO
FOLHA DE SP - 11/05/12
RIO DE JANEIRO - Não sei como anda a situação alhures, mas, pelo que observo nas ruas do Rio, uma importante mudança nos costumes está se processando: os rapazes estão deixando de usar bonés com a aba para trás. De repente, voltaram a usá-los com a aba para frente, que é o "normal".
Parece o fim de uma tendência que, importada dos EUA, implantou-se maciçamente nos últimos dez anos e que nunca entendi. Não sou de usar bonés, mas, no passado, examinei alguns e concluí que a função da aba é a de proteger do sol que incide sobre a testa, o nariz e os olhos. Se se usa a aba para trás, ela só protege a nuca ou o colarinho, e não me consta que nucas ou colarinhos precisem disso.
Você dirá que o assunto é irrelevante e que este espaço deveria estar sendo ocupado por temas mais momentosos, como as eleições na Europa, a queda de braço pelos juros no Brasil ou o respingo geral das denúncias sobre o Cachoeira. Pois eu responderia que, ao contrário dos temas citados, cuja importância é inegável, mas passageira, o uso de bonés com a aba para trás ou para frente define a condição humana, a nossa identidade e até o nosso senso de ridículo, ou a falta de.
Nesses dez anos, vi não apenas milhões de skatistas, cantores de pagode e malabaristas de sinal com o boné para trás, mas também homens maduros, opacos, caretas e alguns, com nome a zelar, zanzando pelos calçadões com o boné enfiado sobre as orelhas e a aba apontando no sentido contrário ao de seus narizes. Eu me perguntava que mensagens eles queriam passar com seus bonés.
Pois, assim como chegou, surgindo do azul, a moda parece ir embora, sem aviso ou explicação, e vamos todos atrás dela, em fila, como soldadinhos de corda. Na nossa pungente fragilidade, tememos tomar decisões isoladas. Precisamos do respaldo da maioria, até no jeito de usar o boné.
RIO DE JANEIRO - Não sei como anda a situação alhures, mas, pelo que observo nas ruas do Rio, uma importante mudança nos costumes está se processando: os rapazes estão deixando de usar bonés com a aba para trás. De repente, voltaram a usá-los com a aba para frente, que é o "normal".
Parece o fim de uma tendência que, importada dos EUA, implantou-se maciçamente nos últimos dez anos e que nunca entendi. Não sou de usar bonés, mas, no passado, examinei alguns e concluí que a função da aba é a de proteger do sol que incide sobre a testa, o nariz e os olhos. Se se usa a aba para trás, ela só protege a nuca ou o colarinho, e não me consta que nucas ou colarinhos precisem disso.
Você dirá que o assunto é irrelevante e que este espaço deveria estar sendo ocupado por temas mais momentosos, como as eleições na Europa, a queda de braço pelos juros no Brasil ou o respingo geral das denúncias sobre o Cachoeira. Pois eu responderia que, ao contrário dos temas citados, cuja importância é inegável, mas passageira, o uso de bonés com a aba para trás ou para frente define a condição humana, a nossa identidade e até o nosso senso de ridículo, ou a falta de.
Nesses dez anos, vi não apenas milhões de skatistas, cantores de pagode e malabaristas de sinal com o boné para trás, mas também homens maduros, opacos, caretas e alguns, com nome a zelar, zanzando pelos calçadões com o boné enfiado sobre as orelhas e a aba apontando no sentido contrário ao de seus narizes. Eu me perguntava que mensagens eles queriam passar com seus bonés.
Pois, assim como chegou, surgindo do azul, a moda parece ir embora, sem aviso ou explicação, e vamos todos atrás dela, em fila, como soldadinhos de corda. Na nossa pungente fragilidade, tememos tomar decisões isoladas. Precisamos do respaldo da maioria, até no jeito de usar o boné.
Teoria & prática do BC do Brasil - VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SP - 11/05/12
Presidente do BC explica em discurso por que e como mudou o modo de lidar com inflação e juros no Brasil
A direção do Banco Central do Brasil tem sido muito criticada pela maioria do "mercado". Por quê?
1) Porque mudou a política vigente de 1999 (início do regime de metas de inflação) a 2010, por aí;
2) Tolera inflação alta por mais tempo do que gestões anteriores;
3) Não se antecipa a altas da inflação esperadas pelo mercado; corre o risco do descontrole de preços;
4) Usa instrumentos "exóticos" a fim de reduzir a taxa de inflação;
5) Comunica suas intenções e políticas de maneira confusa.
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, respondeu indiretamente a várias dessas críticas. Foi no discurso com que abriu ontem, no Rio, o 14º Seminário Anual de Metas para a Inflação.
Tombini fez uma síntese sumária das novas teoria & prática do BC brasileiro, justificadas em parte pelas mudanças na compreensão do que seja estabilidade financeira e econômica no pós-crise de 2008.
Para resumir, e muito, a conversa, Tombini diz que os BCs têm de ser muito mais cuidadosos no controle de exageros dos mercados em períodos de bonança e estabilidade de preços, excessos que causam bolhas e colapsos catastróficos.
Parece óbvio, mas não era assim que a elite do mundo pensou entre, digamos, 1990 e 2008, pelo menos.
Mas ressalta que a atuação "prudencial" têm também efeitos macroeconômicos: sobre crédito e, pois, preços e ritmo da economia.
Não seria possível, assim, calibrar o nível de juros sem levar em conta o efeito de medidas administrativas de contenção de excessos de crédito e similares (e vice-versa).
O BC leva isso em consideração nos seus processos decisórios.
Ou seja, é possível ter juros menores se foram implementadas medidas "prudenciais" que têm também o efeito de esfriar a economia.
Mais: não é possível tomar decisões sobre juros ou limites de risco e crédito sem também considerar a política fiscal (gastos do governo).
Não se trata de novidade teórica, mas de repensar a prática do BC considerando em detalhe as relações entre medidas "prudenciais", juros e variação do gasto público.
O BC tem sido criticado ainda por variar muito e em pouco tempo os sinais que dá sobre futuras altas e baixas de juros. Entre considerações sobre o tema da comunicação dos BCs, Tombini vai direto ao ponto ao notar que o mundo está volátil demais no pós-crise. Basta ver como têm variado as previsões sobre EUA, China e Europa. Os BCs têm de se ajustar a essa biruta, diz Tombini.
O que Tombini não diz? Primeiro, se o BC pode tomar medidas "prudenciais" sem que elas se imponham devido à necessidade de reduzir riscos. Isto é, usá-las apenas como instrumento alternativo à taxa de juros no controle da inflação.
Segundo, não diz por que, mesmo com expectativas de inflação em alta, o BC não toma medidas, via juros ou outras, a fim de se antecipar a essa possível alta de preços.
Pode ser que o BC estime que o custo de esfriar ainda mais a economia não compense o resultado em termos de baixa da inflação. Pode ser que o BC preveja marasmo ainda duradouro na economia, o que impediria a tal alta da inflação, embora expectativas de mercado e previsões de modelos digam outra coisa. Sim, o pragmatismo do "novo BC" parece muito razoável. Mas, de qualquer modo, faltou explicar.
CPI em evolução - HÉLIO SCHWARTSMAN
FOLHA DE SP - 11/05/12
Se Franz Kafka (1883-1924) inovou a literatura ao fazer com que seu personagem Joseph K. enfrentasse um processo judicial sem nem mesmo saber do que era acusado, a CPI do Cachoeira revolucionou os princípios da investigação, ao criar uma situação em que os próprios investigadores não têm acesso às evidências que devem analisar.
Por mais bizarro que seja o resultado, ele tem uma explicação coerente. Essa e outras incongruências da CPI decorrem do fato de ela ter-se convertido numa arena em que duas lógicas opostas estão em disputa.
A melhor analogia vem da biologia. No nível da seleção de grupo, não interessa a nenhum dos grandes partidos uma apuração muito completa. O ideal mesmo seria encontrar meia dúzia de bodes expiatórios -de preferência, não dos mais graúdos- e sacrificá-los o quanto antes.
O problema com a seleção de grupo é que ela não é lá muito estável. É sempre possível encontrar entre os membros das comunidades um ou mais indivíduos particulares para os quais trair os interesses coletivos pode trazer significativas vantagens adaptativas. Seria o caso de um parlamentar que pretenda reeleger-se como paladino da CPI ou de alguém que, para safar-se de uma encrenca jurídica ou apenas evitar um dano maior à imagem, esteja disposto a romper com a lógica gregária.
A própria CPI só teve início porque as denúncias contra o senador Demóstenes Torres pareceram ao ex-presidente Lula e a alguns dos réus no mensalão uma ocasião propícia para ampliar sua aptidão inclusiva.
Para a maioria dos cidadãos que não fazemos parte de nenhum dos partidos e grupos metidos na disputa, resta torcer para que interesses individuais prevaleçam e as forças que atuam para limitar a CPI sejam derrotadas. Excluídos cenários extremos e bastante improváveis em que a governabilidade e as próprias instituições se veriam ameaçadas, quanto mais sujeira vier à tona, melhor.
Se Franz Kafka (1883-1924) inovou a literatura ao fazer com que seu personagem Joseph K. enfrentasse um processo judicial sem nem mesmo saber do que era acusado, a CPI do Cachoeira revolucionou os princípios da investigação, ao criar uma situação em que os próprios investigadores não têm acesso às evidências que devem analisar.
Por mais bizarro que seja o resultado, ele tem uma explicação coerente. Essa e outras incongruências da CPI decorrem do fato de ela ter-se convertido numa arena em que duas lógicas opostas estão em disputa.
A melhor analogia vem da biologia. No nível da seleção de grupo, não interessa a nenhum dos grandes partidos uma apuração muito completa. O ideal mesmo seria encontrar meia dúzia de bodes expiatórios -de preferência, não dos mais graúdos- e sacrificá-los o quanto antes.
O problema com a seleção de grupo é que ela não é lá muito estável. É sempre possível encontrar entre os membros das comunidades um ou mais indivíduos particulares para os quais trair os interesses coletivos pode trazer significativas vantagens adaptativas. Seria o caso de um parlamentar que pretenda reeleger-se como paladino da CPI ou de alguém que, para safar-se de uma encrenca jurídica ou apenas evitar um dano maior à imagem, esteja disposto a romper com a lógica gregária.
A própria CPI só teve início porque as denúncias contra o senador Demóstenes Torres pareceram ao ex-presidente Lula e a alguns dos réus no mensalão uma ocasião propícia para ampliar sua aptidão inclusiva.
Para a maioria dos cidadãos que não fazemos parte de nenhum dos partidos e grupos metidos na disputa, resta torcer para que interesses individuais prevaleçam e as forças que atuam para limitar a CPI sejam derrotadas. Excluídos cenários extremos e bastante improváveis em que a governabilidade e as próprias instituições se veriam ameaçadas, quanto mais sujeira vier à tona, melhor.
E Paulinho limpou a mão... - DENISE ROTHENBURG
CORREIO BRAZILIENSE - 11/05/12
Não adianta a presidente Dilma Rousseff escolher ministros ou vice-presidentes do Banco do Brasil para tentar ajudar os petistas em várias capitais. Os políticos não querem misturar essas estações, embora considerem natural trocar cargos por votos no Congresso
O tempo vai passando e o 1º de maio ainda rende histórias no plenário da Câmara. Esta semana, por exemplo, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical, pré-candidato a prefeito de São Paulo, contava uma para quem quisesse ouvir. Numa roda de deputados, comentava que, na festa paulistana para comemorar o Dia do Trabalho, o ex-ministro da Educação Fernando Haddad chegou logo lhe estendendo a mão. Paulinho, por sua vez, passou as suas duas mãos na própria camisa e nas pernas e, diante de um Haddad perplexo, foi direto: “Fernando, você nunca me deu a mão, nem me recebeu quando era ministro. Eu tinha que, agora, limpar a minha mão para apertar a sua”. Haddad sorriu amarelo naquele instante. Mas os deputados que estavam em volta de Paulinho esta semana deram risada.
A cena serve para ilustrar como não adianta a presidente Dilma Rousseff escolher ministros para tentar ajudar os petistas em vários estados. Nem mesmo nomear César Borges, do PR, para o Banco do Brasil garante que o partido fique ao lado de Haddad ou de outro nome petista nas capitais, nem mesmo Salvador. Os políticos não querem misturar essas estações, embora achem natural trocar cargo por votos no Congresso. Prova disso é que um dia depois do anúncio do nome de Brizola Neto (PDT-RJ) ser anunciado como novo ministro do Trabalho, lá estava Paulinho, deixando o pré-candidato do PT a prefeito de São Paulo constrangido e sem graça. E isso ocorreu antes de o Ibope divulgar que Haddad mantém 3% das intenções de voto paulistanas, enquanto José Serra (PSDB) aparece com 31%.
Haddad não era mesmo de dar muita atenção aos políticos, tampouco gastava solas de sapato percorrendo eventos de seu partido no período em que ficou no Ministério da Educação. Tinha o comportamento inverso ao do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que não deixa dar o ar da graça em eventos do PT, especialmente em São Paulo. Agora, ao se “enturmar” com a base, soa falso. Chegou-se a situação que, ou Lula entra logo em campo, ou o petista pode não ter tempo de virar o jogo a seu favor.
Por falar em jogo…
Líder nas pesquisas, José Serra tem entre seus aliados os maiores entusiastas da CPI que investiga as relações do bicheiro Carlos Cachoeira. Afinal, enquanto a CPI estiver dominando o noticiário, menos espaço haverá na mídia paulista para a exibição das movimentações de Haddad, que precisa de exposição.
Para completar os problemas do PT, se Haddad se mantiver concretado nos 3% por mais tempo, ficará difícil seu partido conseguir que os demais integrantes da base da presidente Dilma Rousseff desistam de lançar candidatos a prefeito, como pediu Lula no início do processo. Hoje, a sensação entre os petistas é a de que a vida de Haddad realmente não será fácil daqui para frente: uma profusão de candidatos, numa cidade onde Lula jamais conseguiu transferir prestígio para eleger candidato a governador ou a prefeito.
De quebra, ainda vem por aí o julgamento do mensalão e as agruras na CPI, hoje imprevisíveis. Nada garante que o caso ficará restrito ao senador Demóstenes Torres, aos deputados que já foram citados ou ao governador de Goiás, Marconi Perillo, como se calculava no início do processo.
Por falar em agruras e CPI…
A compra da Delta Construções pela JBS sem colocar dinheiro merece mesmo uma lupa. Não ouvi um só empresário ou político dizendo que essa compra era, digamos, um negócio da China. Vejam só a situação da JBS, por exemplo. A empresa estava lá quieta no seu canto. Bastou anunciar a compra da Delta para que ressurgissem o financiamento recebido do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e os projetos políticos de um dos sócios do grupo, José Batista Júnior, pré-candidato ao governo de Goiás. Para muita gente, a forma vapt-vupt com que o grupo controlador da JBS tomou conta da Delta terminou por fazer dos compradores um novo veio para se trilhar na busca de desvendar as intrincadas relações da política de Goiás, de onde saíram Cachoeira; o ex-tesoureiro do PT e réu do mensalão Delúbio Soares; entre outros.
Lá só não é território de Fernando Cavendish, o ex-dono da Delta que a turma da política aposta que está pronto para deixar o Brasil. Afinal, nada impede que ele viaje para onde quiser. Quem conhece desse traçado, garante que basta o empresário comprar uma rede de postos de combustíveis nos Estados Unidos, gerar empregos e, assim, solicitar um green card. Houve um tempo em que os filmes citavam o Brasil como refúgio de americanos enrascados com a justiça estadunidense. Hoje, ao que parece, a rota está a um passo de se inverter. Vamos aguardar.
Não adianta a presidente Dilma Rousseff escolher ministros ou vice-presidentes do Banco do Brasil para tentar ajudar os petistas em várias capitais. Os políticos não querem misturar essas estações, embora considerem natural trocar cargos por votos no Congresso
O tempo vai passando e o 1º de maio ainda rende histórias no plenário da Câmara. Esta semana, por exemplo, o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical, pré-candidato a prefeito de São Paulo, contava uma para quem quisesse ouvir. Numa roda de deputados, comentava que, na festa paulistana para comemorar o Dia do Trabalho, o ex-ministro da Educação Fernando Haddad chegou logo lhe estendendo a mão. Paulinho, por sua vez, passou as suas duas mãos na própria camisa e nas pernas e, diante de um Haddad perplexo, foi direto: “Fernando, você nunca me deu a mão, nem me recebeu quando era ministro. Eu tinha que, agora, limpar a minha mão para apertar a sua”. Haddad sorriu amarelo naquele instante. Mas os deputados que estavam em volta de Paulinho esta semana deram risada.
A cena serve para ilustrar como não adianta a presidente Dilma Rousseff escolher ministros para tentar ajudar os petistas em vários estados. Nem mesmo nomear César Borges, do PR, para o Banco do Brasil garante que o partido fique ao lado de Haddad ou de outro nome petista nas capitais, nem mesmo Salvador. Os políticos não querem misturar essas estações, embora achem natural trocar cargo por votos no Congresso. Prova disso é que um dia depois do anúncio do nome de Brizola Neto (PDT-RJ) ser anunciado como novo ministro do Trabalho, lá estava Paulinho, deixando o pré-candidato do PT a prefeito de São Paulo constrangido e sem graça. E isso ocorreu antes de o Ibope divulgar que Haddad mantém 3% das intenções de voto paulistanas, enquanto José Serra (PSDB) aparece com 31%.
Haddad não era mesmo de dar muita atenção aos políticos, tampouco gastava solas de sapato percorrendo eventos de seu partido no período em que ficou no Ministério da Educação. Tinha o comportamento inverso ao do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que não deixa dar o ar da graça em eventos do PT, especialmente em São Paulo. Agora, ao se “enturmar” com a base, soa falso. Chegou-se a situação que, ou Lula entra logo em campo, ou o petista pode não ter tempo de virar o jogo a seu favor.
Por falar em jogo…
Líder nas pesquisas, José Serra tem entre seus aliados os maiores entusiastas da CPI que investiga as relações do bicheiro Carlos Cachoeira. Afinal, enquanto a CPI estiver dominando o noticiário, menos espaço haverá na mídia paulista para a exibição das movimentações de Haddad, que precisa de exposição.
Para completar os problemas do PT, se Haddad se mantiver concretado nos 3% por mais tempo, ficará difícil seu partido conseguir que os demais integrantes da base da presidente Dilma Rousseff desistam de lançar candidatos a prefeito, como pediu Lula no início do processo. Hoje, a sensação entre os petistas é a de que a vida de Haddad realmente não será fácil daqui para frente: uma profusão de candidatos, numa cidade onde Lula jamais conseguiu transferir prestígio para eleger candidato a governador ou a prefeito.
De quebra, ainda vem por aí o julgamento do mensalão e as agruras na CPI, hoje imprevisíveis. Nada garante que o caso ficará restrito ao senador Demóstenes Torres, aos deputados que já foram citados ou ao governador de Goiás, Marconi Perillo, como se calculava no início do processo.
Por falar em agruras e CPI…
A compra da Delta Construções pela JBS sem colocar dinheiro merece mesmo uma lupa. Não ouvi um só empresário ou político dizendo que essa compra era, digamos, um negócio da China. Vejam só a situação da JBS, por exemplo. A empresa estava lá quieta no seu canto. Bastou anunciar a compra da Delta para que ressurgissem o financiamento recebido do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e os projetos políticos de um dos sócios do grupo, José Batista Júnior, pré-candidato ao governo de Goiás. Para muita gente, a forma vapt-vupt com que o grupo controlador da JBS tomou conta da Delta terminou por fazer dos compradores um novo veio para se trilhar na busca de desvendar as intrincadas relações da política de Goiás, de onde saíram Cachoeira; o ex-tesoureiro do PT e réu do mensalão Delúbio Soares; entre outros.
Lá só não é território de Fernando Cavendish, o ex-dono da Delta que a turma da política aposta que está pronto para deixar o Brasil. Afinal, nada impede que ele viaje para onde quiser. Quem conhece desse traçado, garante que basta o empresário comprar uma rede de postos de combustíveis nos Estados Unidos, gerar empregos e, assim, solicitar um green card. Houve um tempo em que os filmes citavam o Brasil como refúgio de americanos enrascados com a justiça estadunidense. Hoje, ao que parece, a rota está a um passo de se inverter. Vamos aguardar.
Alô, Dilma! Obama saiu do armário - BARBARA GANCIA
FOLHA DE SP - 11/05/12
Ninguém aguenta mais Dilma balançando feito joão-bobo sobre aborto e os direitos dos gays
Como na final da Copa de 70, na morte de Lennon e no choque na Tamburello, vou lembrar para sempre de onde estava na última terça-feira.
"Você não está falando sério?", foi a única frase que consegui balbuciar antes de deixar meus joelhos cederem e cair sentada sobre a cama diante da TV ligada na CNN na reprise da entrevista à rede ABC, que mostrava o presidente dos Estados Unidos dizendo abertamente ser a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Meus olhos encheram de água e eu não consegui mais emitir um pio (milagres existem) enquanto tentava absorver a enormidade do acontecimento.
Mesmo para o país que se vangloria de exportar a liberdade como commodity, a gente não imaginaria uma declaração dessa monta da boca de um presidente. Nos últimos anos, os republicanos mais radicais tentaram apresentar leis que iam do direito de despedir gays por justa causa até expulsar filhos homossexuais de casa.
"Que coragem tem esse Obama!", pensei. A comentarista da CNN aventou a possibilidade de que o presidente estivesse tentando uma jogada eleitoreira.
Hmmm. Barack diz ter agido com base em princípios e não visando a eleição. Sua ficha corrida em relação aos gays parece comprovar o que diz. Apesar de ter esperado até esta semana para sair do armário (são quase quatro anos de mandato, mas, neste caso, parecem séculos), ele tem avançado as políticas em benefício dos homossexuais. Acabou com o "Don't ask, don't tell", a solução com desvio tipicamente clintoniano para lidar com a convivência entre gays e não gays nas casernas, assinou lei criminalizando a homofobia no país, concedeu direitos de visita a casais gays em hospitais, aboliu a proibição de portadores de HIV de viajar ao exterior, passou a reconhecer gays e casais gays nos dados do censo e expandiu a ajuda humanitária a gays nas ações internacionais.
Vamos ao que nos interessa. Todas as religiões têm de ser respeitadas, mas tanto nos EUA quanto no Brasil nós estamos falando de estados laicos. E, nos dias de hoje, o obscurantismo e a manipulação não colam mais nem mesmo nas ditaduras do Oriente Médio, que dirá em países onde há presidentes que personificam a superação do preconceito e do ódio.
De nossa Dilma, tão icônica quanto Obama, todos conhecem as convicções pessoais. E é por isso mesmo que nós não podemos mais aceitar que ela balance feito um joão-bobo em questões fundamentais como o aborto e os direitos dos homossexuais.
O prestígio atual e a história da presidente conferem a ela a obrigação moral de iniciar a conversa sobre esses temas cabeludos. Não dá para voltar atrás a cada cinco minutos ou calar porque ela não quer melindrar uma bancada à qual nem mesmo pertence. Ou será que a Dilma virou uma espécie de Pelé dos anos 70 e vai nos dizer que o país não está preparado para essa discussão? Nem o Pelé pensa mais esse tipo de coisa, ora bolas!
Quando será a hora certa então? Alô, dona Dilma! A senhora está esperando o quê?
Parece que no Brasil só existem dois assuntos: corrupção e economia. Economia e corrupção. E dane-se o resto. Daí chega a eleição e não sobrou tempo para mais nada.
Nos EUA, o presidente negro e idealista está fazendo os jovens gays andarem de cabeça erguida e os pais gays saírem à luz do dia. E a senhora, dona presidente mulher e ex-prisioneira política, vai começar a combater o preconceito quando?
Ninguém aguenta mais Dilma balançando feito joão-bobo sobre aborto e os direitos dos gays
Como na final da Copa de 70, na morte de Lennon e no choque na Tamburello, vou lembrar para sempre de onde estava na última terça-feira.
"Você não está falando sério?", foi a única frase que consegui balbuciar antes de deixar meus joelhos cederem e cair sentada sobre a cama diante da TV ligada na CNN na reprise da entrevista à rede ABC, que mostrava o presidente dos Estados Unidos dizendo abertamente ser a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Meus olhos encheram de água e eu não consegui mais emitir um pio (milagres existem) enquanto tentava absorver a enormidade do acontecimento.
Mesmo para o país que se vangloria de exportar a liberdade como commodity, a gente não imaginaria uma declaração dessa monta da boca de um presidente. Nos últimos anos, os republicanos mais radicais tentaram apresentar leis que iam do direito de despedir gays por justa causa até expulsar filhos homossexuais de casa.
"Que coragem tem esse Obama!", pensei. A comentarista da CNN aventou a possibilidade de que o presidente estivesse tentando uma jogada eleitoreira.
Hmmm. Barack diz ter agido com base em princípios e não visando a eleição. Sua ficha corrida em relação aos gays parece comprovar o que diz. Apesar de ter esperado até esta semana para sair do armário (são quase quatro anos de mandato, mas, neste caso, parecem séculos), ele tem avançado as políticas em benefício dos homossexuais. Acabou com o "Don't ask, don't tell", a solução com desvio tipicamente clintoniano para lidar com a convivência entre gays e não gays nas casernas, assinou lei criminalizando a homofobia no país, concedeu direitos de visita a casais gays em hospitais, aboliu a proibição de portadores de HIV de viajar ao exterior, passou a reconhecer gays e casais gays nos dados do censo e expandiu a ajuda humanitária a gays nas ações internacionais.
Vamos ao que nos interessa. Todas as religiões têm de ser respeitadas, mas tanto nos EUA quanto no Brasil nós estamos falando de estados laicos. E, nos dias de hoje, o obscurantismo e a manipulação não colam mais nem mesmo nas ditaduras do Oriente Médio, que dirá em países onde há presidentes que personificam a superação do preconceito e do ódio.
De nossa Dilma, tão icônica quanto Obama, todos conhecem as convicções pessoais. E é por isso mesmo que nós não podemos mais aceitar que ela balance feito um joão-bobo em questões fundamentais como o aborto e os direitos dos homossexuais.
O prestígio atual e a história da presidente conferem a ela a obrigação moral de iniciar a conversa sobre esses temas cabeludos. Não dá para voltar atrás a cada cinco minutos ou calar porque ela não quer melindrar uma bancada à qual nem mesmo pertence. Ou será que a Dilma virou uma espécie de Pelé dos anos 70 e vai nos dizer que o país não está preparado para essa discussão? Nem o Pelé pensa mais esse tipo de coisa, ora bolas!
Quando será a hora certa então? Alô, dona Dilma! A senhora está esperando o quê?
Parece que no Brasil só existem dois assuntos: corrupção e economia. Economia e corrupção. E dane-se o resto. Daí chega a eleição e não sobrou tempo para mais nada.
Nos EUA, o presidente negro e idealista está fazendo os jovens gays andarem de cabeça erguida e os pais gays saírem à luz do dia. E a senhora, dona presidente mulher e ex-prisioneira política, vai começar a combater o preconceito quando?
Tentativa mensaleira de manipular a CPI - EDITORIAL O GLOBO
O Globo - 11/05/12
Continuam as manobras de facções radicais do PT, ligadas aos mensaleiros, para usar a CPI do Cachoeira com objetivos sem qualquer relação com o escândalo da montagem pelo contraventor goiano de uma rede de influência em todos os poderes da República.
Uma das intenções é constranger o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, por ser ele o responsável pelo encaminhamento da denúncia do Ministério Público Federal contra os envolvidos no esquema de troca de dinheiro sujo - inclusive público - por apoio parlamentar ao governo, na primeira gestão de Lula.
Estes grupos começaram a pressionar Gurgel quando, no estouro do escândalo, com a descoberta da proximidade entre Carlinhos Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), foi noticiado que o procurador-geral recebera em 2009 o inquérito da Operação Las Vegas, da PF, e nada fizera. Nele já havia registros da afinidade da dupla.
Instalada a CPI, as facções partiram para tentar uma convocação de Gurgel ou convite. Não importava, contanto que o procurador-geral da República comparecesse perante os holofotes da comissão, para certamente ouvir toda sorte de provocações de representantes dos mensaleiros.
O procurador já explicara ter mantido o primeiro inquérito no gabinete para que seu conhecimento público não prejudicasse as novas investigações da PF, na sequência da Operação Las Vegas. Além disso, afirmou, não havia bases sólidas para o indiciamento de Demóstenes. Não há por que rejeitar a explicação lógica de Gurgel, pois, de fato, a operação seguinte, a Monte Carlo, foi um sucesso. A CPI e o início do processo de cassação do senador são a prova.
No primeiro depoimento tomado pela comissão, o delegado da PF Raul Alexandre Marques Souza confirmou o envio do inquérito ao procurador e a decisão dele de nada fazer naquele momento. E, com isso, as pressões sobre Gurgel voltaram. Na quarta-feira, o procurador-geral foi claro: "Há protetores de réus (do mensalão) como mentores disso." Ou seja, da campanha para levá-lo à CPI.
Como o objetivo é político e de constrangimento pessoal, não adiantou, também, Gurgel explicar, antes do depoimento do delegado, que, por lei, ele não pode falar acerca de inquéritos sobre os quais se pronunciará como procurador da República. Também é de fundo político-ideológico a definição por esta facção radical, minoritária no PT, de um segundo alvo na CPI: a imprensa independente. O fato de Cachoeira ter sido fonte de denúncias publicadas pela revista "Veja" contrárias a interesses do grupo leva à tentativa de conversão da comissão num exótico tribunal de julgamento do jornalismo profissional.
Parece uma forma de buscar alguma vantagem no "tapetão" político depois que as tentativas institucionais de manietar a imprensa se frustraram. Dilma, como Lula, se mantém distante dessas aventuras, numa demonstração de maturidade.
Acima de tudo, o Brasil já demonstrou que tem instituições em pleno funcionamento capazes de defender a Constituição, na qual é estabelecido como cláusula pétrea o direito à liberdade de imprensa e expressão, entendimento reafirmado não faz muito tempo pelo Supremo.
Fariam melhor os radicais se gastassem tempo e energia fazendo a CPI funcionar para de fato mapear as conexões do crime organizado dentro do Estado brasileiro.
O cara voltou! - TUTTY VASQUES
O ESTADÃO - 11/05/12
Ao assumir a defesa do casamento gay em rede nacional de TV, Barack Obama mostrou, sobretudo, que ainda é macho o suficiente para enfrentar a ala conservadora da opinião pública americana - ô, raça! - em pleno ano eleitoral nos Estados Unidos.
Quando meio mundo já dava como certa sua transformação pela política num homem público como outro qualquer, Obama voltou a ser o cara que persegue o poder para transformar a política.
Tem ótimas chances de perder uma montanha de votos com essa mania de querer bancar o diferente num país de caretas empedernidos, mas a possibilidade de virar outra pessoa para atingir seus objetivos nas urnas foi temporariamente afastada na entrevista que o celebrizou como o primeiro presidente americano a apoiar o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
A marca pessoal de Obama foi restabelecida! A mudança de postura política proposta pelo homem mais poderoso do mundo está de novo na ordem do dia.
Se, ao longo da campanha eleitoral em curso, isso for bom para a candidatura do republicano Mitt Romney, azar da opinião pública! O atual presidente deixará a Casa Branca em paz com sua biografia.
Lados opostosEm defesa de Roberto Gurgel deve-se dizer que no comando do ataque contra o procurador-geral da República na CPI do Cachoeira se destaca o deputado Cândido Vaccarezza.
Mundo-cãoEstá cada dia mais difícil para a arte imitar a vida! Imagina se um novelista inventa personagem de travesti que rouba ossada humana em cemitério para fazer dela sopa servida a deficiente físico de rua. Foi notícia à vera dia desses em Madre de Deus, na Bahia.
Até tu, Zulu?Fãs do estilo de vida natural do modelo Paulo Zulu estão decepcionados. Como é que alguém tão saudável topa participar de um reality show com o pagodeiro Vavá, a cantora Gretchen, o mister mundo Ralph Santos e a drag queen Léo Áquila, entre outros nomes confirmados de A Fazenda?
Sem rumoApós desclassificação na Copa do Brasil, o Botafogo ficou um pouco parecido com a Grécia! Está difícil de formar governo por lá!
Pena alternativaHá um certo exagero nas sugestões de punição a Thor Batista que correm na internet. Um ano de condenação ao volante de um desses carrinhos populares chineses já seria um tremendo castigo para esse pobre menino rico! Como já dizia Che Guevara, "Eike endurecer, pero sin perder la ternura jamás"!
Mão na massaO Google está irredutível! Sabe que, se aceitar pedidos para interferir nos resultados das buscas de quem procura por Carolina Dieckmann, logo, logo o advogado da atriz, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, vai querer também tirar do ar outro seu cliente célebre, o senador Demóstenes Torres.
Ao assumir a defesa do casamento gay em rede nacional de TV, Barack Obama mostrou, sobretudo, que ainda é macho o suficiente para enfrentar a ala conservadora da opinião pública americana - ô, raça! - em pleno ano eleitoral nos Estados Unidos.
Quando meio mundo já dava como certa sua transformação pela política num homem público como outro qualquer, Obama voltou a ser o cara que persegue o poder para transformar a política.
Tem ótimas chances de perder uma montanha de votos com essa mania de querer bancar o diferente num país de caretas empedernidos, mas a possibilidade de virar outra pessoa para atingir seus objetivos nas urnas foi temporariamente afastada na entrevista que o celebrizou como o primeiro presidente americano a apoiar o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
A marca pessoal de Obama foi restabelecida! A mudança de postura política proposta pelo homem mais poderoso do mundo está de novo na ordem do dia.
Se, ao longo da campanha eleitoral em curso, isso for bom para a candidatura do republicano Mitt Romney, azar da opinião pública! O atual presidente deixará a Casa Branca em paz com sua biografia.
Lados opostosEm defesa de Roberto Gurgel deve-se dizer que no comando do ataque contra o procurador-geral da República na CPI do Cachoeira se destaca o deputado Cândido Vaccarezza.
Mundo-cãoEstá cada dia mais difícil para a arte imitar a vida! Imagina se um novelista inventa personagem de travesti que rouba ossada humana em cemitério para fazer dela sopa servida a deficiente físico de rua. Foi notícia à vera dia desses em Madre de Deus, na Bahia.
Até tu, Zulu?Fãs do estilo de vida natural do modelo Paulo Zulu estão decepcionados. Como é que alguém tão saudável topa participar de um reality show com o pagodeiro Vavá, a cantora Gretchen, o mister mundo Ralph Santos e a drag queen Léo Áquila, entre outros nomes confirmados de A Fazenda?
Sem rumoApós desclassificação na Copa do Brasil, o Botafogo ficou um pouco parecido com a Grécia! Está difícil de formar governo por lá!
Pena alternativaHá um certo exagero nas sugestões de punição a Thor Batista que correm na internet. Um ano de condenação ao volante de um desses carrinhos populares chineses já seria um tremendo castigo para esse pobre menino rico! Como já dizia Che Guevara, "Eike endurecer, pero sin perder la ternura jamás"!
Mão na massaO Google está irredutível! Sabe que, se aceitar pedidos para interferir nos resultados das buscas de quem procura por Carolina Dieckmann, logo, logo o advogado da atriz, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, vai querer também tirar do ar outro seu cliente célebre, o senador Demóstenes Torres.
Os cofres públicos - MERVAL PEREIRA
O GLOBO - 11/05/12
Até parece que o deputado Miro Teixeira, do PDT do Rio, estava adivinhando quando, antes mesmo de a CPI começar formalmente seus trabalhos, anunciou que um dos seus objetivos principais deveria ser a garantia de que o dinheiro eventualmente desviado dos cofres públicos fosse devolvido. Por isso, encaminhou proposta de indisponibilidade dos bens de pessoas e empresas suspeitas de envolvimento no escândalo.
Num país em que o dinheiro roubado dos cofres públicos quase nunca é restituído, essa seria uma decisão fundamental da CPI. Segundo dados oficiais da Controladoria Geral da União (CGU), do total de recursos desviados em casos de corrupção na esfera Federal em 2011, só 15,39% foram recuperados, num total de R$ 2,14 bilhões. A meta para este ano é aumentar para 25% essa restituição.
A lista de Miro incluía o bicheiro Carlinhos Cachoeira, o senador Demóstenes Torres, o empresário Fernando Cavendish, dono da construtora Delta, e empresas-fantasmas ligadas à empreiteira identificadas nas investigações da Polícia Federal.
Com o anúncio da venda da empreiteira para uma empresa de outro ramo de negócio que tem o BNDES como sócio - a J&F Participações é uma holding que controla a empresa de alimentos JBS, a de higiene e limpeza Flora, a de papel e celulose Eldorado Brasil e o banco Original -, Miro pediu imediatamente ao Ministério Público Federal providências para impedir a venda, com o objetivo de garantir que, em caso de condenação por corrupção, o dinheiro possa ser restituído.
Para tanto, pediu que fossem relacionados e tornados indisponíveis todos os bens da empreiteira, para evitar "essencialmente que bandidos encontrem no crime uma atividade lucrativa e vantajosa".
O procurador regional da República Nívio de Freitas Silva Filho requereu a abertura de inquérito civil público para apurar possíveis irregularidades na venda da construtora Delta ao grupo J&F, e o pedido será analisado pela área de Patrimônio Público, que pode estar sendo afetado já que o BNDES, um banco público, tem 30% da empresa.
O temor é que a venda faça parte da desconstrução da empreiteira que estava em curso desde que a CPI foi instalada, com o objetivo de tentar fazer com que ela desaparecesse do noticiário e, pelo visto, da vida real também.
A Delta já saíra das obras do Maracanã e das obras da Petrobras, como que para se desligar dos governos estadual do Rio e Federal, em que, ao final de 2011, era a principal fornecedora do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com contratos avaliados em mais de R$ 2 bilhões.
A prisão de seu diretor para o Centro-Oeste, Cláudio Abreu, fez com que o relator da CPI quisesse restringir as investigações da empreiteira àquela região do país, e, mesmo depois das evidências de que essa atitude fora rejeitada pela CPI, ele insiste em começar as investigações sobre a empreiteira pelo diretor preso.
Como o próprio deputado Miro Teixeira disse na abertura dos trabalhos, quando se discutia a organização dos depoimentos, "réu preso tem preferência". O que não quer dizer que o empreiteiro Fernando Cavendish não tenha necessariamente que ser ouvido, ainda mais agora, depois do anúncio da venda em tempo recorde.
A CPI terá condições de investigar qual a verdadeira relação do bicheiro Carlinhos Cachoeira com a empreiteira, pois a promiscuidade dos negócios de ambos sugere que Cachoeira tem mais a ver com a Delta do que os documentos demonstram.
As transferências de dinheiro da Delta para empresas do bicheiro estão sendo também investigadas, depois dos depoimentos dos delegados da Polícia Federal que atuaram nas operações Vegas e Monte Carlo.
"Se a Delta fez transações com empresas-fantasmas, se envolveu em negócios escusos, como é que a solução é vendê-la? Eles metem o dinheiro no bolso?", questiona o deputado Miro Teixeira, que pediu ao MPF o cancelamento do negócio como "medida assecuratória".
Tenho me referido aqui na coluna ao fato de que os que pretendem convocar o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, para depor na CPI o fazem por causa da denúncia do mensalão, mas essa referência genérica leva a um entendimento incorreto sobre o autor da denúncia do mensalão, que foi seu antecessor, o ex-procurador-geral da República Antonio Fernando de Souza.
Gurgel foi o autor das alegações finais do caso do mensalão, já em 2011, e terá, por decisão do plenário do Supremo, cinco horas para fazer a acusação no julgamento.
As alegações finais, também ato processual como a denúncia, são uma manifestação das partes sobre a procedência ou improcedência da acusação estampada na denúncia, e devem se limitar aos fatos narrados na denúncia, às provas coligidas na instrução criminal, questões processuais e pedido de condenação ou absolvição.
As alegações finais do MP não podem acrescentar um milímetro à denúncia, qualquer modificação só é possível através de um aditamento à denúncia.
Foi o que o então procurador-geral Antonio Rangel fez retirando do rol dos acusados o ex-ministro Gushiken, por falta de provas, mantendo todas as demais acusações.
A Comissão da Verdade anunciada ontem pelo Palácio do Planalto tem uma composição à altura da responsabilidade da sua missão, que é a de revelar detalhes históricos que foram sonegados ao cidadão brasileiro pela falta de transparência característica das ditaduras e geralmente por força da censura à imprensa.
O mesmo governo que criou a Comissão da Verdade não pode, portanto, ser responsável pela tentativa de cercear a liberdade de expressão com o projeto de um suposto "controle social da mídia", que não passa de uma tentativa de censura que não tem a coragem de assumir a intenção.
É só o começo - ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 11/05/12
Sururu na CPI do Cachoeira
A turma do deixa disso entrou em ação, ontem de manhã, na CPI. O senador Humberto Costa (PT-PE) foi contido depois de partir para cima do deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS). Tudo começou quando Onyx disse: "Isso aqui pode virar um circo". Costa respondeu: "Já virou". Onyx perguntou: "Como é que é?". Costa retrucou: "Já virou e o senhor é o palhaço". Onyx devolveu: "Sanguessuga!", referindo-se ao escândalo pelo qual Costa deixou o Ministério da Saúde. Costa, absolvido pela Justiça, reage indignado: "Como? Por que você está me chamando disso?". Onyx ainda devolveu: "Ué, só falei a palavra. Se a carapuça serviu...".
"O delegado relatou que Goiás vive uma metástase, tal a promiscuidade das relações políticas e a banalização da atividade pública. Isso me faz lembrar um pouco do Espírito Santo do passado" — Ricardo Ferraço, senador (PMDB-ES)
ARROCHO. O ministro Guido Mantega (Fazenda) levou uma dura, esta semana, do presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), na foto, do líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), e do líder petista na Casa, Jilmar Tatto (SP). Os petistas queriam fazer o substituto de Ricardo Oliveira na vice-presidência de Governo do Banco do Brasil.Mantega ouviu pacientemente e depois comunicou a eles que o cargo não ficaria com o partido.
Onda furada
Na sessão secreta, o relator da CPI, Odair Cunha (PT-MG), perguntou ao delegado da PF Matheus Mella Rodrigues se o repórter Policarpo Junior, da revista "Veja", "praticou" ou "participou" de crime? A resposta foi peremptória: "Não!".
Suspeito...
A PF descobriu que o governador Marconi Perillo (GO), quando vendeu a casa onde reside e foi preso o contraventor Carlos Cachoeira, recebeu três cheques em pagamento emitidos por Leonardo Ramos, sobrinho de Cachoeira.
PR arruma emprego para Cesar Borges
No dia 14 de março, o líder do PR, senador Blairo Maggi (MT), diante da oferta de nomeação para uma estatal, protestou diante da ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) dizendo que Cesar Borges não precisava de emprego. Agora, o PR aceita emplacar Borges na vice-presidência de Governo do Banco do Brasil, que ficará vaga com a saída de Ricardo Oliveira. Naquele dia, Ideli comunicou ao partido que o ministro Paulo Sérgio Passos seria mantido no Transportes.
Desautorizado
O presidente do PCdoB, Renato Rabelo, quer que a presidente Dilma vete o texto do Código Florestal que não atende ao acordo do Senado. O veto atinge texto aprovado na Câmara e que teve como relator o ministro Aldo Rebelo (Esporte).
Pergunta no ar
A PGR não abriu inquérito contra o senador Demóstenes Torres (GO), em 2009, porque não haviam elementos como teria dito a subprocuradora Cláudia Sampaio? Ou por estratégia como afirma agora o procurador Roberto Gurgel?
O DEPOIMENTO do delegado Matheus Mella Rodrigues (Monte Carlo) agradou mais do que o de Raul Alexandre Marques Sousa (Vegas). Raul leu. Matheus falou na ponta da língua, foi firme e convincente.
O SENADOR Sérgio Souza (PMDB-PR), suplente da ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil), está pedindo a quebra do sigilo telefônico da subprocuradora Cláudia Sampaio, mulher do PGR Roberto Gurgel.
O GOVERNADOR Sérgio Cabral (RJ) não foi citado uma única vez nas mais de seis horas de depoimento do delegado que comandou a Operação Monte Carlo.
A cruz e a caldeirinha - FERNANDA TORRES
FOLHA DE SP - 11/05/12
Somos convidados a nos engajar, mas é preciso pensar bem; o mundo não é mais tão preto no branco
Foi-se o tempo em que as causas ganhavam força graças ao apoio de artistas. A melodramática chamada da internet com atores protestando contra a usina de Belo Monte deu mais consistência aos que defendem a obra do que ao lado que a promoveu.
Diariamente, somos convidados para nos engajar em lutas, mas é preciso pensar 20 vezes; o mundo não é mais tão preto no branco quanto costumava ser.
Com essa descrença, fui a um encontro com alguns representantes da cultura em torno da pré-candidatura do deputado Marcelo Freixo à Prefeitura do Rio. Fui como carioca. Tenho grande receio de impor minhas convicções a terceiros, se é que elas existem.
A próxima eleição será vencida por Eduardo Paes. Ele conta com uma coligação de 15 partidos, 14 minutos na TV, além de estar alinhado com o governador Sérgio Cabral, responsável pela vinda de José Mariano Beltrame para a Secretaria de Segurança Pública, pela abertura de diálogo com o Planalto e pelas promessas de capital.
A questão em outubro será a realização ou não de um segundo turno. O Rio é assombrado pelo populismo moreno do PDT e pela eterna política de interesses do PMDB.
O primeiro nos deixou reféns de Anthony Garotinho por quase uma década, e o segundo tem chances de se perpetuar no trono por merecimento. A política vive da dialética, o poder absoluto é perigoso até para os que o detêm. Se a alternativa para a oposição for a herança de Garotinho e Cesar Maia, melhor se atirar pela janela.
Marcelo Freixo surge como um político vocacionado, idôneo e obstinado, voltado para a recomposição do papel do Estado. Com grande experiência no confronto com as milícias, Freixo tem muito a dizer sobre a destituição do poder público, a corrupção eleitoral, a atividade mafiosa, o favorecimento de empresas privadas e os instrumentos para detê-los.
O deputado cobra um investimento mais consistente nas UPPs sociais, para barrar o avanço dos milicianos nas áreas ocupadas, e propõe uma investida contra os dois grandes braços da contravenção fluminense, plantados, segundo Freixo, nas áreas da saúde e do transporte.
Tudo conspira para inviabilizar a trajetória de quem não quer, ou não pode, contar com o caixa dois. A ilegalidade virou norma. Vê-se com naturalidade o anseio do empresariado de receber vantagens nas licitações de infraestrutura em troca do apoio financeiro de campanha. É assim. A árvore de Natal de atravessadores corrói as verbas e retribui com superfaturamento e hospitais fantasmas.
O PSOL, partido pelo qual o deputado pretende se candidatar, não fez alianças e não aceita apoio de grupos privados. A saída para enfrentar o custo exorbitante da máquina virá das redes sociais e do engajamento de pessoas físicas.
Não compactuo com o troca-troca de favores que rege a política, mas a militância imaculada, o isolamento por medo do contágio pode ser tão paralisante quanto a malversação. A exemplo de Marina, é preciso que Freixo e o PSOL encontrem fatias mais consistentes da sociedade alinhadas com a vontade de ver cumpridas as leis. Economistas, doutores, estudantes da PUC e da UFRJ.
Estive em uma reunião parecida com Sérgio Cabral, a propósito justamente da ocupação social nas áreas retomadas. A explanação de Cabral -apesar de e por causa de Paris- era dinâmica e positiva.
Freixo tem a difícil tarefa de fugir do papel de Cassandra, daquele que, em meio a tanta euforia, só fala em mazelas.
Sou a favor de um segundo turno e do surgimento de uma terceira via na Guanabara. Freixo é um deputado precioso, que pôs a vida em risco, enfrentando a truculência da polícia marrom.
Concordo que o Estado deva proteger setores estratégicos como a segurança, a saúde e a educação. A ideia da cidade como negócio, do privado ditando a agenda do público, faz circular o dinheiro, mas pode se revelar tão nociva quanto a morosidade das antigas repartições.
Mas a candidatura para um cargo administrativo como a prefeitura exige a abertura para o interesse privado. Não gosto da velha direita, mas tampouco me seduz a velha esquerda. O problema é que a política não tem centro.
Somos convidados a nos engajar, mas é preciso pensar bem; o mundo não é mais tão preto no branco
Foi-se o tempo em que as causas ganhavam força graças ao apoio de artistas. A melodramática chamada da internet com atores protestando contra a usina de Belo Monte deu mais consistência aos que defendem a obra do que ao lado que a promoveu.
Diariamente, somos convidados para nos engajar em lutas, mas é preciso pensar 20 vezes; o mundo não é mais tão preto no branco quanto costumava ser.
Com essa descrença, fui a um encontro com alguns representantes da cultura em torno da pré-candidatura do deputado Marcelo Freixo à Prefeitura do Rio. Fui como carioca. Tenho grande receio de impor minhas convicções a terceiros, se é que elas existem.
A próxima eleição será vencida por Eduardo Paes. Ele conta com uma coligação de 15 partidos, 14 minutos na TV, além de estar alinhado com o governador Sérgio Cabral, responsável pela vinda de José Mariano Beltrame para a Secretaria de Segurança Pública, pela abertura de diálogo com o Planalto e pelas promessas de capital.
A questão em outubro será a realização ou não de um segundo turno. O Rio é assombrado pelo populismo moreno do PDT e pela eterna política de interesses do PMDB.
O primeiro nos deixou reféns de Anthony Garotinho por quase uma década, e o segundo tem chances de se perpetuar no trono por merecimento. A política vive da dialética, o poder absoluto é perigoso até para os que o detêm. Se a alternativa para a oposição for a herança de Garotinho e Cesar Maia, melhor se atirar pela janela.
Marcelo Freixo surge como um político vocacionado, idôneo e obstinado, voltado para a recomposição do papel do Estado. Com grande experiência no confronto com as milícias, Freixo tem muito a dizer sobre a destituição do poder público, a corrupção eleitoral, a atividade mafiosa, o favorecimento de empresas privadas e os instrumentos para detê-los.
O deputado cobra um investimento mais consistente nas UPPs sociais, para barrar o avanço dos milicianos nas áreas ocupadas, e propõe uma investida contra os dois grandes braços da contravenção fluminense, plantados, segundo Freixo, nas áreas da saúde e do transporte.
Tudo conspira para inviabilizar a trajetória de quem não quer, ou não pode, contar com o caixa dois. A ilegalidade virou norma. Vê-se com naturalidade o anseio do empresariado de receber vantagens nas licitações de infraestrutura em troca do apoio financeiro de campanha. É assim. A árvore de Natal de atravessadores corrói as verbas e retribui com superfaturamento e hospitais fantasmas.
O PSOL, partido pelo qual o deputado pretende se candidatar, não fez alianças e não aceita apoio de grupos privados. A saída para enfrentar o custo exorbitante da máquina virá das redes sociais e do engajamento de pessoas físicas.
Não compactuo com o troca-troca de favores que rege a política, mas a militância imaculada, o isolamento por medo do contágio pode ser tão paralisante quanto a malversação. A exemplo de Marina, é preciso que Freixo e o PSOL encontrem fatias mais consistentes da sociedade alinhadas com a vontade de ver cumpridas as leis. Economistas, doutores, estudantes da PUC e da UFRJ.
Estive em uma reunião parecida com Sérgio Cabral, a propósito justamente da ocupação social nas áreas retomadas. A explanação de Cabral -apesar de e por causa de Paris- era dinâmica e positiva.
Freixo tem a difícil tarefa de fugir do papel de Cassandra, daquele que, em meio a tanta euforia, só fala em mazelas.
Sou a favor de um segundo turno e do surgimento de uma terceira via na Guanabara. Freixo é um deputado precioso, que pôs a vida em risco, enfrentando a truculência da polícia marrom.
Concordo que o Estado deva proteger setores estratégicos como a segurança, a saúde e a educação. A ideia da cidade como negócio, do privado ditando a agenda do público, faz circular o dinheiro, mas pode se revelar tão nociva quanto a morosidade das antigas repartições.
Mas a candidatura para um cargo administrativo como a prefeitura exige a abertura para o interesse privado. Não gosto da velha direita, mas tampouco me seduz a velha esquerda. O problema é que a política não tem centro.
Macacos, gorilas e micos - NELSON MOTTA
O Estado de S.Paulo - 11/05/12
Quando um pagodeiro, um jogador de futebol e um funkeiro, fantasiados de gorilas e cercados por popozudas de biquíni à beira de uma piscina, se divertem em um clipe do pagode Kong, e são acusados de racismo e sexismo pelo Ministério Público Federal em Uberlândia por "unir artistas e atletas em um conjunto de estereótipos contra a sociedade, comprometendo o trabalho contra o preconceito", a coisa tá preta.
Alexandre Pires não é só um pagodeiro, é cantor romântico milionário, com carreira internacional, queridíssimo do público. Funkeiro é só um pouco de Mr. Catra, figuraça da cena musical carioca, rapper famoso nacionalmente por suas letras contundentes e suas paródias. E não é só um jogador de futebol: é Neymar. Não por acaso, uns mais e outros menos, são todos negros, ricos e famosos por seu talento, ídolos das novas gerações do Brasil mestiço. Já o procurador é branco, preocupado em proteger os negros para que não façam mal a eles mesmos.
Assim como a beleza, o preconceito também está nos olhos de quem vê. Quem ousaria associar o genial Neymar, o galã Alexandre e o marrentíssimo Mr. Catra a macacos? Só um racista invejoso. Quem se incomoda com piadas e brincadeiras com jogadores de futebol, pagodeiros, funkeiros e marias-chuteira? Logo vão proibir o Criolo de usar o seu nome artístico.
O procurador ficou especialmente incomodado quando Mr. Catra, vestido de gorila, cercado por gostosonas louras, ruivas e morenas e feliz como pinto no lixo, diz ter "instinto de leão com pegada de gorila". Seria uma sugestão preconceituosa da potência sexual afrodescendente. Êpa! Elogio não é crime.
O clipe já teve mais de 3 milhões de acessos no YouTube, é muito engraçado e bagaceiro, com produção e fantasias bem vagabundas, trash brasileiro. Dá até para sentir o cheiro de churrasco. As mulheres, com seus peitões e bundões, são o sonho de consumo sexual de milhões de brasileiros e, sem preconceito, de brasileiras.
Freud explica: quando João fala de Pedro, está falando mais de João do que de Pedro. Nas falhas, defeitos e intenções que um atribui ao outro, revela-se mais de si do que do outro.
Brancaleone - DORA KRAME
O ESTADÃO - 11/05/12
Sem anteparos, desprovido de figurinos elegantes e de roteiro adaptado, deixou de lado o modelo moderado. Joga como veio ao mundo e, explícito, tem feito uma bobagem atrás da outra.
Rui Falcão na presidência do partido é apontado como o responsável pelos trabalhos, no bastidor, reconhecidamente atrapalhados. Não deixa de ser uma injustiça, por meia verdade.
Não foi (só) ele quem andou espalhando que a ideia de montar uma CPMI a partir da Operação Monte Carlo teve origem no intuito do ex-presidente Lula de se vingar de adversários envolvidos nas denúncias e socializar prejuízos políticos decorrentes do julgamento do mensalão.
Foram parlamentares e ministros do partido. Emergiu desses personagens também a versão de que a revista Veja seria "sócia" do esquema criminoso de Carlos Augusto Ramos, vulgo Cachoeira, na conspiração para derrubar ministros.
Apressados, nem notaram a tolice: Dilma os demitiu. Então, se maquinação houve, a presidente esteve a ela associada.
Rui Falcão assume as operações atabalhoadas um pouco depois, quando faz convocação pública à "sociedade e movimentos sociais" no apoio à CPMI para "desmascarar" os autores da "farsa do mensalão".
Entre os quais não se incluíam José Dirceu e companhia, que levaram a imagem do PT à lama, mas a imprensa, parlamentares que atuaram na CPI dos Correios e ministros do Supremo Tribunal Federal cujos votos foram especialmente rigorosos na aceitação da denúncia.
Aquilo que era para ser executado na sombra veio à luz. Não satisfeito, Falcão fez-se porta-voz do propósito de se aproveitar do momento para "enfrentar o poder da mídia que contrasta com nosso governo desde a subida de Lula". Isso era dito aos sussurros por petistas que asseguravam ter o apoio de parlamentares de outros partidos "loucos para pegar a Veja".
Agora, a pressão sobre o procurador Roberto Gurgel que era apenas insinuada, gestada nos atos dos integrantes da CPMI, tornou-se explícita porque Gurgel reagiu apontando claramente a existência de uma ofensiva urdida por quem deve e por isso teme: os réus do mensalão.
Ficou tudo às claras, restando aos feiticeiros buscarem a cada lance um jeito de não ser atingidos pelos efeitos do feitiço.
Indisposição
Um detalhe na pesquisa Ibope sobre a Prefeitura de São Paulo chama atenção. Dos 11 candidatos citados, só um não tem índice de rejeição superior ao porcentual de aprovação.
Por ordem de preferência a escala é a seguinte: José Serra tem 31% de votos positivos, mas 35% dizem que não votariam nele de jeito nenhum; Celso Russomanno é exceção, mas quase empata com 16% de aceitação e 13% de rejeição; Netinho recebe 8% dos "sim", mas é campeão do "não", com 38%.
Soninha Francine é escolhida por 7% e rejeitada por 17%; Gabriel Chalita tem 6% das preferências e 11% das opiniões negativas; 5% escolhem Paulinho da Força e 18% o repudiam; Fernando Haddad atrai 3% de simpatia e 12% de antipatia.
Os lanternas são Carlos Giannazi, Luiz Flávio D"Urso, com 1% cada, e Levy Fidelix sem nada, zero. No quesito rejeição dos dois primeiros recebem respectivamente 9% e 11% e o último vai a 19%.
Perna curta
O pedido – negado pelo ministro relator Joaquim Barbosa – da defesa para desdobrar o processo do mensalão a fim de que 35 dos 38 acusados fossem julgados em tribunal de primeira instância e não do Supremo Tribunal Federal, era clara manobra de procrastinação.
Um dos beneficiados pela volta à estaca zero seria o deputado cassado José Dirceu, justamente o réu que proclama o desejo de ser julgado o mais rápido possível.
Não basta ter juros baixos e câmbio alto - CLAUDIA SAFATLE
Valor Econômico - 11/05/12
Um economista em viagem pelo interior do país queria conhecer a estratégia de municípios muito pobres para prover educação sob condições adversas. Numa pequena cidade, marcou encontro com a secretária de Educação. Em meio à conversa, perguntou-lhe qual era a média de filhos por família ali. A secretária respondeu: "Olha, depende do casal. Tem família com média de três filhos, tem família com média de cinco e tem família até com média de nove filhos nessa cidade."
A história acima é contada pelo também economista Marcio Gold Firmo, amigo do personagem citado, no trabalho intitulado "Educação: de fusquinha no mundo da F-1". O texto de Firmo é um dos 11 capítulos do livro "Além da Euforia", que será lançado no dia 15 pela editora Campus-Elsevier, de autoria de dois outros conhecidos economistas, Armando Castelar e Fábio Giambiagi.
Nos últimos 30 anos o Brasil teve avanços notáveis. Tornou-se uma democracia madura, estabilizou a economia, colocou ordem nas contas públicas, distribuiu melhor a renda e ficou exposto à concorrência externa com todos os benefícios que isso traz para a produção e para o consumo. Os autores reconhecem os imensos progressos, mas alertam para o fato de que a tarefa de colocar o país na rota do crescimento sustentável está longe de acabar e a "euforia" do momento, quando o país apresenta bons indicadores macroeconômicos e o mundo vê melhor o Brasil, não deve mascarar os desequilíbrios que permanecem.
Eles esmiúçam os problemas, atrasos e gargalos que se acumulam e que, às vezes, são obscurecidos pelo bom desempenho do emprego, da renda e de demais dados econômicos. A defasagem na educação, com as falhas em todos os atores da engrenagem - secretários de Educação, diretores das escolas, professores - é o caso mais dramático, mas há vários outros que também impõem limites ao desenvolvimento.
Os escassos investimentos públicos em infraestrutura, os gastos ainda crescentes em custeio, a baixa taxa de poupança interna, o lento crescimento da produtividade, a desatenção com as oportunidades dadas pelo "bônus demográfico" são alguns deles. E é notória a enorme dificuldade de se reverter esse quadro. Basta ver o esforço do governo federal para aumentar o investimento público e trazer junto o investimento privado.
Por todas as formas de medição da qualidade da educação pública no Brasil o resultado é ruim. O país avançou nas quantidades, pôs as crianças na escola, aumentou os investimentos no setor de 2,4% do PIB em 1980 para 5% do PIB atualmente e criou bons sistemas de avaliação. Mas a qualidade segue sofrível.
Embora o debate político ainda se concentre em aumentar os recursos para a educação, esse não é mais o cerne do problema, sustenta Firmo. Como proporção do PIB o Brasil gasta hoje o mesmo que a média dos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e mais do que gastam o Canadá, a Austrália, o Japão, a Coreia do Sul, os Estados Unidos e vários outros países.
Considerando que a população em idade escolar (6 a 18 anos) decrescerá em cerca de 20% nas duas próximas décadas, mantido o padrão de financiamento atual o problema da educação não é nem será falta de dinheiro. Mas falta capacidade de transformar as verbas públicas em aprendizado para os alunos. O epíteto adequado para a despesa pública no Brasil seria: "Gasta-se muito, mas gasta-se mal."
Num momento em que as fábricas digitais, as impressoras 3D, a nanotecnologia, marcam a terceira revolução industrial, a defasagem do país na área da educação pode pôr a perder a chance de o Brasil ser competitivo no mundo. Os dados sobre o lento crescimento da produtividade evidenciam essa dificuldade. Desde a crise global de 2008/2009, a produtividade no país cresce pouco, menos de 1% ao ano. As fontes que nos anos anteriores impulsionaram a produtividade estão se esgotando sem que se tenha obtido novos ganhos tecnológicos.
A infraestrutura é deficiente e cara. Embora o país tenha uma das maiores redes de estradas do mundo, apenas 13% dos 1,6 milhão de quilômetros são pavimentados e a qualidade dessa pavimentação é ruim. O congestionamento nos portos eleva os custos. O volume de contêineres movimentados só nos terminais de Santos aumentou 215% na primeira década deste século, mas o comprimento do cais teve apenas 6% de expansão. "Na infraestrutura, a fotografia é melhor do que o filme", assinalam os autores, para quem "a situação está piorando".
Estimativas do BNDES para o período 2011-2014 são de que o investimento no setor deverá permanecer na casa dos 2,33% do PIB, dos quais 0,18% são relativos ao trem de alta velocidade. Praticamente a mesma média de 2,23% do PIB registrada entre os anos 2001-2010.
Tradicionalmente, o Brasil é um país que poupa pouco. Nos bons períodos, a taxa de poupança chegou a 20% do PIB. Não está claro para os economistas se a poupança determina o crescimento ou se a relação de causalidade é inversa. O certo é que existe uma associação entre ambas. O acesso barato à poupança externa tem driblado as restrições geradas pela escassa poupança doméstica, mas ele não é permanente. A alternativa seria o Estado poupar mais e, ainda, aproveitar o "bônus demográfico" - em que a população ativa cresce mais rapidamente que a população total - para se preparar para os tempos mais difíceis do futuro, quando o país terá que sustentar um contingente maior de idosos.
Até 2050 a população de 60 anos ou mais vai se multiplicar por cerca de 3,5 vezes e a de 80 anos ou mais, por cinco vezes. Não está claro como será custeada a velhice. Os prognósticos indicam que a população economicamente ativa (PEA), em 2050, será a mesma de 2010.
Até agora o crescimento econômico foi sustentando pela forte expansão do consumo, movida a crédito, o que não é garantia de que o país está mais próspero. Os investimentos patinam e a queda dos juros e a desvalorização da taxa de câmbio são necessários, mas insuficientes para sustentar o crescimento.
MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO
FOLHA DE SP - 11/05/12
Mercado de animal de estimação eleva receita
O faturamento da indústria de produtos para animais de estimação deve alcançar R$ 13,7 bilhões neste ano, com crescimento de mais de 12% com relação ao ano passado, segundo dados da Abinpet, associação do setor.
O aumento, porém, não se explica apenas pela ampliação do mercado consumidor, segundo José Edson Galvão de França, presidente-executivo da entidade.
"Houve alta nos preços para o cliente, por causa da elevação do custo de matéria-prima, como milho, arroz e carne. Também se reflete na nossa margem de lucro."
O aumento da demanda foi de 5,4% no ano passado, segundo a Abinpet.
O principal impulso para o setor ainda está no consumo das classes C e D, que, segundo França, representam cerca de 70% das vendas.
O investimento se mantém agressivo entre os distribuidores para absorver a demanda do novo público.
No Pet Center Marginal, a ideia é abrir três unidades ao ano, enquanto houver mercado. Serão investidos entre R$ 2,5 milhões e R$ 3 milhões por unidade, segundo Hélio Freddi Filho, diretor.
A empresa, que atualmente tem 14 lojas, acaba de abrir um centro de distribuição em São Paulo, com capacidade para atender até 50 unidades.
"A classe C continua chegando a esse mercado. Primeiro vamos atender o interior do Estado, depois, com logística, pensaremos em outras regiões", afirma.
TETO NA OLIMPÍADA
O preço médio das diárias de hotéis para o período da Olimpíada em Londres subiu 97% no primeiro trimestre deste ano em comparação ao mesmo período de 2011, de acordo com dados do site Hoteis.com.
O valor médio de hotéis no destino, para o período de 27 de julho até 12 de agosto, é de £ 208, cerca de R$ 656.
A procura por hotéis em Londres pelo site cresceu em média 86% entre janeiro e março de 2012 em relação ao mesmo intervalo de 2011.
O Brasil é o sétimo entre os dez países que mais têm procurado hospedagem em Londres no período. O primeiro lugar é da China.
FARMACÊUTICOS
Cerca de 10 milhões de pessoas retiraram medicamentos gratuitos para hipertensão e diabetes em farmácias desde fevereiro de 2011, segundo o Ministério da Saúde.
Até então, o governo arcava com 90% do custo dos remédios e os consumidores com 10%.
Um acordo com a indústria e o varejo farmacêuticos garantiu a gratuidade sem aumentar o custo unitário pago pelo governo, de acordo com o ministério.
Neste ano, a pasta planeja investir R$ 836 milhões no programa intitulado "Saúde Não Tem Preço".
NOVA EDIÇÃO
A editora Manole, que começou há mais de 40 anos, quando o fundador Dinu Manole levava livros de medicina para vender no interior do país, redireciona sua estratégia para enfrentar a pirataria on-line, que cresceu nos últimos anos.
A empresa, que edita livros técnicos e científicos, principalmente de medicina e jurídicos, entrará no segmento de cursos.
"Nos congressos pelo país, onde íamos divulgar os livros, os médicos pediam para interagir, então criamos um sarau de cardiologistas e começamos a oferecer programação", diz a sócia Amarylis Manole.
Agora a empresa criou uma divisão que espera que passará a representar 50% de seu faturamento nos próximos anos.
Além de um espaço para as aulas, que será inaugurado em Tamboré no segundo semestre, os cursos desenvolvidos com base no conteúdo editorial serão dados em outras instituições pelo país e também pela internet.
NÚMEROS
50% é a parcela do faturamento que a nova área de cursos deve ocupar no futuro
2.000 é o número de alunos que a empresa pretende atender no primeiro ano
FLEXIBILIDADE
O Brasil ficou em quinto lugar entre os países da América do Sul que têm maior capacidade de se adaptar a mudanças, de acordo com pesquisa da consultoria KPMG.
Foram consideradas mudanças econômicas e políticas e eventuais crises, como de alimentos ou de petróleo, segundo Iêda Novais, diretora da empresa no Brasil.
O Chile ficou em primeiro lugar no ranking. O mercado financeiro eficiente e a competitividade interna e externa foram alguns dos fatores que contribuíram para colocar o país no topo da lista.
O estudo também afirma que a percepção internacional de corrupção coloca o Brasil em situação pior enquanto eleva a avaliação do Chile.
Para elaborar o índice, foram analisadas as capacidades econômica, social e de governança de países emergentes e subdesenvolvidos.
Carreira... A Fundação Estudar (instituição sem fins lucrativos que financia o estudo de brasileiros de alto potencial no país e no exterior) registrou, neste ano, recorde de candidatos ao seu programa de bolsas.
...financiada Ao todo, 5.891 jovens se inscreveram para receber bolsas de graduação e de pós-graduação. O número é 18% maior que o registrado no ano anterior. A fundação já investiu US$ 8,3 milhões em seus programas.
Morte digna - ELIANE CANTANHÊDE
FOLHA DE SP - 11/05/12
BRASÍLIA - Apesar de ferozmente divididos em votações que comportam tendências ideológicas e preferências partidárias, os ministros do Supremo Tribunal Federal têm sido majoritariamente, quando não unanimemente, a favor de avanços nos delicados temas de comportamento e de contemporaneidade.
Um deles bate à porta do Brasil, depois de entrar na Colômbia e agora na Argentina: o direito à morte digna. Não se trata ainda de eutanásia, em que os médicos podem agir ativamente para apressar a morte e abreviar o sofrimento de pacientes terminais, sem chance de cura. Trata-se da possibilidade de retirar tubos, agulhas e toda a parafernália que não serve para salvar uma vida, mas para postergar uma morte inevitável.
Quem viu uma pessoa muito querida sendo submetida a uma verdadeira tortura em nome de nada sabe do que se fala aqui e entende perfeitamente a "lei da morte digna", aprovada por unanimidade pelo Senado argentino anteontem, seguindo a trilha aberta pela Colômbia.
A pessoa quer ir, precisa ir embora. A tecnologia, aliada a dogmas, imposições legais e códigos arcaicos, não deixa. É de uma crueldade atroz, que martiriza o paciente e os que o amam. Neste caso, anos a fio, assombrando sonhos e noites insones.
Médicos são treinados para salvar vidas e gastam-se milhões mundo afora com o objetivo de curar, recuperar, garantir a sobrevivência. Necessário e louvável. Mas esses objetivos tão nobres não podem ser usados e servir de pretexto para resultados cruéis, porque inúteis.
Pacientes com doenças incuráveis e os que os amam devem ter o direito, inclusive legal, de decidir com os médicos até quando lutar e resistir e a hora em que a guerra está perdida.
Que os brasileiros debatam esse princípio como legítimo, os legisladores encampem a sua formalização e os juízes confirmem que, apesar dos pesares, o Brasil avança para um futuro melhor -e mais digno.
BRASÍLIA - Apesar de ferozmente divididos em votações que comportam tendências ideológicas e preferências partidárias, os ministros do Supremo Tribunal Federal têm sido majoritariamente, quando não unanimemente, a favor de avanços nos delicados temas de comportamento e de contemporaneidade.
Um deles bate à porta do Brasil, depois de entrar na Colômbia e agora na Argentina: o direito à morte digna. Não se trata ainda de eutanásia, em que os médicos podem agir ativamente para apressar a morte e abreviar o sofrimento de pacientes terminais, sem chance de cura. Trata-se da possibilidade de retirar tubos, agulhas e toda a parafernália que não serve para salvar uma vida, mas para postergar uma morte inevitável.
Quem viu uma pessoa muito querida sendo submetida a uma verdadeira tortura em nome de nada sabe do que se fala aqui e entende perfeitamente a "lei da morte digna", aprovada por unanimidade pelo Senado argentino anteontem, seguindo a trilha aberta pela Colômbia.
A pessoa quer ir, precisa ir embora. A tecnologia, aliada a dogmas, imposições legais e códigos arcaicos, não deixa. É de uma crueldade atroz, que martiriza o paciente e os que o amam. Neste caso, anos a fio, assombrando sonhos e noites insones.
Médicos são treinados para salvar vidas e gastam-se milhões mundo afora com o objetivo de curar, recuperar, garantir a sobrevivência. Necessário e louvável. Mas esses objetivos tão nobres não podem ser usados e servir de pretexto para resultados cruéis, porque inúteis.
Pacientes com doenças incuráveis e os que os amam devem ter o direito, inclusive legal, de decidir com os médicos até quando lutar e resistir e a hora em que a guerra está perdida.
Que os brasileiros debatam esse princípio como legítimo, os legisladores encampem a sua formalização e os juízes confirmem que, apesar dos pesares, o Brasil avança para um futuro melhor -e mais digno.
O golpe dos mensaleiros - EDITORIAL O ESTADÃO
O Estado de S.Paulo - 11/05/12
É de todo verossímil o argumento do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, segundo o qual "pessoas que estão morrendo de medo do processo do mensalão" estão por trás das tentativas de convocá-lo a depor na CPI do Cachoeira. A razão invocada é a demora de Gurgel em pedir ao STF abertura de inquérito contra o senador goiano Demóstenes Torres por suas ligações com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Na realidade, o procurador está na mira do PT e do ex-presidente Lula pelo menos desde que começou a ganhar corpo a possibilidade de iniciar-se em breve o julgamento dos 38 réus, a começar pelo ex-ministro e deputado cassado José Dirceu, do esquema de corrupção que Gurgel considera "o maior atentado à democracia brasileira". O intento de intimidá-lo e, no limite, desmoralizá-lo antecede o escândalo que levou à CPI - e foi uma das razões por que o PT se bateu por sua criação.
Ainda que os parlamentares que defendem a convocação de Gurgel se movessem exclusivamente pela busca da verdade, ela esbarra em dois obstáculos substanciais. O primeiro é de natureza jurídica. Se viesse a depor, ele ficaria inabilitado a conduzir a ação contra Demóstenes. Ninguém, decerto, é insubstituível, mas a mudança reduziria as chances de sucesso da ação. Na CPI, há quem sugira, para contornar essa dificuldade, que se convoque no seu lugar a subprocuradora Cláudia Sampaio Marques. Foi ela quem recebeu o relatório da Operação Vegas, da Polícia Federal, que poderia incriminar o senador há mais tempo. Cláudia é casada com Gurgel.
Mas a manobra não eliminaria a segunda barreira, de natureza política: a CPI foi constituída para investigar os elos de Cachoeira com agentes públicos e privados - funcionários, políticos, empresários e outros profissionais -, não para investigar o procurador-geral ou a subprocuradora. Se o fizesse, não só se descaracterizaria, como as suas conclusões dificilmente poderiam produzir efeitos práticos no âmbito da Justiça. Qualquer iniciativa contra Gurgel deve se radicar no foro apropriado, o Conselho Nacional do Ministério Público. A questão de fundo, de todo modo, são as dúvidas sobre a sua conduta no caso.
Em 15 de setembro de 2009, chegou à Procuradoria o relatório da Operação Vegas. Segundo disse à CPI o delegado Raul Alexandre Marques Souza, da Polícia Federal, Cláudia informou ao órgão que não havia encontrado no texto elementos que justificassem uma investigação sobre Demóstenes. Passados dois anos e meio, em 27 de março último - cinco dias depois de O Globo publicar as primeiras degravações de conversas entre ele e Cachoeira -, Gurgel foi ao STF contra o senador. "Não há argumento", reagiu o deputado Onyx Lorenzoni, do DEM catarinense, insuspeito portanto de se acumpliciar com o PT. "Ele (Gurgel) estava com a bomba atômica e nada fez."
Na linha da subprocuradora, Gurgel alega que o material de que dispunha inicialmente não sustentaria um pedido de inquérito. Além disso, o procedimento poderia se revelar contraproducente, prejudicando eventuais investigações contra outros suspeitos. "Não fosse essa opção", afirma, "não teríamos a Operação Monte Carlo, não teríamos todos esses fatos que acabaram vindo à tona." Pode ser. Mas na representação aparentemente tardia contra Demóstenes, ele incluiu uma vintena de conversas interceptadas no curso da Operação Vegas. O procurador replica que o material obtido pela Monte Claro deu àquelas degravações uma importância que por si sós não teriam.
Salvo evidências em contrário, a boa-fé de Gurgel não está em jogo - a menos que se queira desqualificá-lo com segundas intenções, como é o caso do PT.
É sobre isso que ele fala em entrevista a O Globo: "A atividade do Ministério Público tem como uma das suas características a de desagradar a muitos, se não a todos. Portanto, faz parte do nosso ofício saber que vamos ser alvos de pessoas que já foram alvos, e alvos notórios do Ministério Público, e que agora têm chance de tentar uma retaliação. E é isso que se está fazendo", concluiu.
Saindo das cordas - VERA MAGALHÃES - PAINEL
FOLHA DE SP - 11/05/12
O Supremo Tribunal Federal recebeu da Procuradoria-Geral da República novos indícios do envolvimento do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) com o esquema de Carlinhos Cachoeira. Segundo membros da CPI, o material está sendo periciado pela Polícia Federal e depois será enviado pelo Supremo à comissão.
Desde janeiro, quando foi retomado o monitoramento dos acusados de pertencer ao grupo de Cachoeira, a PF interceptou 260 mil ligações e 5.000 emails.
Ao municiar o STF e a CPI com novas informações, o procurador-geral, Roberto Gurgel, tenta se livrar da acusação de omissão que setores do PT lhe fazem.
Reação Gurgel tem se aproximado de alguns ministros do STF e integrantes da CPI para tentar se blindar. "Alianças começaram a ser feitas entre membros dos Três Poderes para impedir a impunidade da quadrilha'', afirma um parlamentar.
Infiltrado Aliados do procurador-geral temem os desdobramentos de eventual representação do PT ao Conselho Nacional do Ministério Público. Luiz Moreira, conselheiro indicado pela Câmara, é ligado a José Genoino, réu no processo do mensalão.
Intimidade O delegado Matheus Mella Rodrigues, que comandou a Monte Carlo, contou aos membros da CPI que o governador Marconi Perillo (PSDB-GO) ligou no celular pessoal de Cachoeira para dar parabéns no seu aniversário, e não no Nextel.
Sorte grande Rodrigues relatou também que o prefeito de Águas Lindas (GO), Geraldo Messias (PP), ganhou de Cachoeira uma viagem à meca da jogatina, Las Vegas, com direito a cartão de crédito com gastos liberados.
Zen Com a CPI chegando a cenas de quase pugilato, foi comemorada no Congresso a sanção da presidente Dilma Rousseff ao Dia de Buda, a ser celebrado junto com o Dia das Mães, sempre no segundo domingo de maio.
Surpresa O PR afirma que foi o último a saber da indicação de César Borges (BA) para uma vice-presidência do Banco do Brasil. Foi o ex-senador que informou os caciques Alfredo Nascimento e Valdemar da Costa Neto do convite da presidente.
Vias tortas Apesar do desejo do PT, congressistas do PR negam que a nomeação vá levar o partido imediatamente para a campanha de Fernando Haddad em São Paulo. "Gesto do avesso, né?", ironiza um senador.
Biodiversidade Com a adesão formal do DEM à coalizão de José Serra, o secretário Rodrigo Garcia (Desenvolvimento Social) será incorporado à coordenação da campanha tucana. Aliados já oficializados, PV e PSD também terão assentos no QG serrista.
Preventivo Com a antecipação da convenção que lançará Serra para 17 de junho, tucanos pretendem sobretudo assegurar base legal para eventuais recursos à Justiça com pedido de direito de resposta em caso de ataques ao ex-governador.
Novos ares Mozart Vianna, que foi secretário-geral da Câmara por 20 anos, deixou a chefia de gabinete do senador Aécio Neves (PSDB-MG) para assumir a gerência de relações institucionais da TV Globo em Brasília.
Chão de fábrica Róbson Andrade, presidente da CNI, conhecerá hoje projeto que cria acordos coletivos especiais para trabalhadores no Sindicato dos Metalúrgicos e numa montadora do ABC. Força Sindical e UGT são contra a ideia, enviada à Secretaria-Geral da Presidência.
com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI
tiroteio
"Ele é parecido com o Jô Soares, mas não precisa fazer da sua atividade um talk-show, colocando sob suspeição seu comportamento nesses processos que tem de analisar."
DO DEPUTADO FEDERAL FERNANDO FERRO (PT-PE), criticando o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, por ter atribuído a réus do mensalão ataques sobre sua conduta na Operação Vegas.
contraponto
Andar com fé
Durante suas atividades de pré-campanha, a ex-vereadora Soninha Francine (PPS) seguiu da Marcha do Axé, que reúne adeptos de umbanda, candomblé e espiritismo, diretamente para evento na igreja evangélica Brasil para Cristo. Depois de dez minutos posando para fotos, a pré-candidata à Prefeitura paulistana, que é budista, foi avisada por um dos evangélicos sobre um adesivo em seu peito com a frase: "Marcha do Axé - eu fui".
Um pastor brincou com a saia-justa religiosa:
-Nota-se que sua candidatura é ecumênica...
Paris, reine du monde - FERNANDO GABEIRA
O ESTADÃO - 11/05/12
Paris, reine du monde / Paris c'est une blonde. Depois de tantas denúncias sobre as viagens de Sérgio Cabral e suas relações com o dono da Delta, Fernando Cavendish, tenho vontade de cantar.
De que adiantaram tantos argumentos racionais? Algumas imagens de uma única de cem viagens de Cabral ao exterior bastaram para convencer milhares de pessoas, antes indiferentes às denúncias, de que algo realmente singular acontece no Rio. Posso até parar de fazer sentido ou, então, buscar outro sentido na coleção de imagens que nos chegam de Paris. Cantarolando, cheguei à conclusão de que existe até uma loura na história.
Paris c'est une blonde. Na festa da cúpula do governo Cabral, a loura estava lá, corpo atlético e imenso decote nas costas tatuadas. Ela aparece dançando com Cavendish: ele está levemente inclinado e as costas da loura dominam o quadro. Não consegui decifrar a tatuagem. Uma borboleta, talvez. Um fragmento da imagem mostra um microfone, sugerindo que alguém canta, talvez a loura faça parte do show. Ela reaparece em outra foto, diante do grupo com guardanapos na cabeça, e mobiliza com sua presença toda a energia masculina.
Seria uma Joana d'Arc moderna? Estariam os homens com guardanapo na cabeça, alinhados piratas, saudando a heroína e prometendo guerra à pérfida Albion? Duvido. Nem o pós-modernismo seria capaz de criar uma Joana d'Arc tão animada nem os piratas de linho branco estariam preocupados com a sorte da França.
Há um momento, dizia o poeta, em que todos os bares se fecham e todas as virtudes se negam. No caso deles, não se trata de uma conjunção fortuita em certo instante da madrugada. Primeiro, eles fecham os bares, depois, então, é que negam todas as virtudes.
"Let's win some money", diz Cavendish nessa mistura de inglês e português nascida do florescente turismo brasileiro no exterior. Ele disse a frase quando uma das festas estava no fim. O bar, no caso, o Salão Luís XV, do restaurante de Mônaco parecia fechado para eles. Se tivesse de escrever os gritos dos piratas de linho branco, colocaria só esta frase, tal como foi dita: Let's win some money. Eles saudariam a loura como se fosse um bezerro de ouro.
Let's win some money é o lema de um partido que se formou dentro e fora do governo, ao mesmo tempo que surgia uma nova classe C no País. As quatro mulheres exibindo belos sapatos com sola vermelha de Christian Louboutin não podiam só estar na rua diante de um fotógrafo. Elas são o coro ideal para o grito dos piratas. A cena ficaria assim: eles, avançando pelas mesas de um restaurante vazio, gritariam: "Let's win some money". E elas ergueriam os sapatos em passos de can-can.
Se quisermos falar a verdade na ficção, precisamos tomar certas liberdades. Por exemplo, a sola do sapato da mulher do secretário de Saúde devia ter só uma cruz vermelha sobre fundo branco. Isso daria um toque social à festa. "Estamos no melhor Alain Ducasse do mundo", segundo Cabral. "Melhor que os EUA, melhor que o..." A voz dele vai sumindo. Não sabemos qual é o terceiro. Só sabemos que no melhor Alain Ducasse do mundo ele marca o casamento de Cavendish e espera a meia-noite para celebrar o aniversário de sua mulher, próspera advogado de concessionárias do governo.
"O casamento tem de ser no sábado. É festa", diz Cavendish. "Podemos ir para Mangaratiba ou Itaipava", sugere a mulher de Cabral. Nesse ponto é necessário um corte para quatro mansões de Mangaratiba, espaço paradisíaco que a primeira-dama visita com filhos e babá num helicóptero do governo. Ali três piratas de linho branco têm casas ao lado de Cabral: Cavendish, Sérgio Côrtes e George Sadala. O quarteto de Mangaratiba é apenas uma linha de roteiro: a história de cada um e como se entrelaçam os destinos no melhor Alain Ducasse do mundo.
"Abra essa boca", diz Cabral à mulher de Cavendish no momento em que selam a data do casamento. Cabral sabe que há modo de beijar não beijando, como os atores. Mas quer a realidade molhada de um beijo real. Para quê? Se imaginasse que a imagem cairia nas mãos de Garotinho, passaria mal e, com o perdão do melhor Alain Ducasse do mundo, os guardanapos teriam outro uso. A cena só seria possível quando recebesse a notícia, anos depois, no segundo Alain Ducasse, ou no terceiro, quem sabe. Garotinho divulgou as imagens num fim de semana.
Não se despreze a contribuição dos coadjuvantes. Quando Cavendish propõe "let's win some money", uma voz feminina, quase imperceptível, responde: "Só se for muito, porque dá trabalho". É uma boa frase. Se considera que dá muito trabalho ganhar dinheiro em cassino, o que pensará de quem trabalha oito horas por dia e sofre quatro horas se deslocando nas grandes cidades? A frase não tem a mesma força do "então, comam brioches" de Maria Antonieta. É mais ou menos assim: então, comprem um helicóptero.
Let's win some money não é um slogan qualquer. É um estado de espírito que anima estes anos no Brasil. No melhor Alain Ducasse do mundo jantavam alguns personagens do maior plano de infraestrutura do mundo, o PAC. Na boca de Cavendish, que aparece numa gravação dizendo que compra políticos de acordo com a necessidade de seus negócios, ele soa diferente. E se complementa assim: Let'win some money para comprar políticos que compram vinhos, fecham restaurantes e usam sapatos Louboutin.
O livro de Alain Riding Paris, a Festa Continuou é um relato minucioso de como a cultura francesa sobreviveu à invasão alemã e conviveu com os ocupantes. Um dos sonhos dos nazistas era tornar a cultura francesa irrelevante e, na definição dos Goebbels, dominada pelo kitsch. Para o quarteto de Mangaratiba, a luta continua. Em Mangaratiba embarcavam os resistentes, algemados no porão, rumo ao presídio da Ilha Grande. Nise da Silveira e Graciliano Ramos passaram por lá, em outras épocas. Como o Brasil mudou! Que tal defini-lo com a frase de um coadjuvante do jantar, referindo-se ao restaurante: "Pô, isso é um upgrading"?
Esses fantasmas tropicais não surgiram por acaso no Salão Luís XV. Eles falam uma nova língua, encarnam um novo tempo.
É COMIGO? - MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SP - 11/05/12
PISO MÍNIMO
A ANS (Agência Nacional de Saúde) deve anunciar até o fim do mês o reajuste para os planos de saúde individuais. Como ocorre todos os anos, o índice deve ficar acima da inflação registrada nos último 12 meses, que chegou a 5,1% em abril.
CONTA
O reajuste tem que ser antes aprovado pelo Ministério da Fazenda.
Os técnicos da pasta já analisam os números.
ALERTA GERAL
Os réus do mensalão já começaram a ser avisados por seus advogados que, em caso de condenação, é grande a probabilidade de serem presos logo depois do julgamento. Pelo menos três deles estão nessa condição: José Dirceu, Delúbio Soares e o publicitário Marcos Valério.
ÚLTIMO RECURSO
A probabilidade é maior no caso deles porque, se condenados, dificilmente as penas pelos crimes a que respondem (formação de quadrilha, corrupção ativa) ficariam abaixo dos quatro anos, hipótese em que é possível a conversão para punições alternativas. E, depois de uma condenação no STF, não há outra corte à qual recorrer.
DIA A DIA
Caso se confirme o calendário que o presidente do STF, Carlos Ayres Britto, pretende adotar para o julgamento no STF, eventuais prisões ocorreriam em plena campanha eleitoral.
GRANDE CONFUSÃO
Um ministro do STF diz que, em caso de condenação, a definição das penas deve causar turbulentas discussões entre os magistrados. É que a definição do tamanho das penas "não tem delimitação matemática rigorosa", obedecendo a critérios "objetivos, mas também subjetivos de cada um dos juízes do caso".
NO LUGAR
A pesquisa Ibope que mostrou os pré-candidatos estacionados em relação a sondagem anterior, do Datafolha, foi um balde de água fria entre partidários de Gabriel Chalita (PMDB-SP). É que ele teve grande exposição de TV no período e imaginava-se que daria um salto.
AUTOBIOGRAFIA
O músico Caetano Veloso começou a gravar anteontem depoimentos em vídeo sobre sua vida e obra. O resultado vai para um site comemorativo de seus 70 anos, em agosto, idealizado pela gravadora Universal. A estreia ainda não tem data.
As gravações estão sendo feitas no Rio de Janeiro, na casa de sua ex-mulher e empresária, Paula Lavigne.
DINHEIRO NA MÃO
O Ministério da Saúde vai lançar hoje uma portaria para aumentar os incentivos aos hospitais privados que atendam apenas pelo sistema público, como as Santas Casas. Eles passarão a ter um aporte financeiro fixo caso reservem 100% de seus leitos para o SUS -o valor não está definido. Atualmente, as instituições podem ter renúncia fiscal e ressarcimentos dos atendimentos feitos, mas ainda não contam com repasses diretos de dinheiro.
PAVILHÃO DAS ARTES
O artista Tunga, o empresário Abilo Diniz com a mulher, Geyze, e o galerista Andrew Klug, entre outros convidados, foram anteontem ao pavilhão da Bienal, no parque Ibirapuera, para a abertura da feira SP-Arte 2012, dirigida por Fernanda Feitosa.
CURTO-CIRCUITO
Lua Reis abre hoje a festa Saborosa, às 23h30, no Centro Cultural Rio Verde, na Vila Madalena. 18 anos.
Domingos Meirelles fala sobre o livro "1930: Os Órfãos da Revolução" hoje, em Foz do Iguaçu.
O espetáculo "Slavianski Bazaar" estreia hoje no Espaço dos Satyros Um, às 23h59. 14 anos.
O Prêmio Contigo! de Televisão será entregue na segunda, no Copacabana Palace, no Rio.
com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY