quinta-feira, novembro 29, 2012

Jogos tucanos - DENISE ROTHENBURG


CORREIO BRAZILIENSE - 29/11


Ressurge o movimento para fazer de Aécio Neves presidente do PSDB, posto mais forte do que a tribuna do Senado de maioria governista, para fazer o contraponto à presidente Dilma Rousseff

Voltou a surgir com força dentro do PSDB um processo de conversas no sentido de fazer do senador Aécio Neves (PSDB-MG) presidente do partido. A ideia parte da constatação de setores da bancada de que o mandato de senador não é suficiente para projetar um pré-candidato a presidente da República. O comando partidário daria um novo patamar ao pré-candidato.

A avaliação de setores do PSDB de Minas Gerais é a de que a projeção no Senado é menor do que a esperada. Até porque, a maioria governista na Casa acaba prevalecendo. A oposição termina na maioria das votações e debates a reboque da vontade do governo Dilma Rousseff.

Além do mais, quando o assunto é tribuna, são poucos os senadores que conseguem destaque. O mais citado nesse quesito é Pedro Simon (PMDB-RS), que ficou conhecido por derrubar ministros com discursos inflamados. Quem acompanhava a política nos tempos do governo Fernando Henrique Cardoso deve se lembrar de Simon deixando o então ministro de Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros, para lá de constrangido em novembro de 1998 — tempo em que a grande crise era a privatização das telecomunicações e as suspeitas de favorecimento a determinados grupos em detrimento de outros.

Hoje, 18 anos depois da queda de Mendonça de Barros, são raros os discursos que conseguem impacto. Mas as presidências de partido têm lá seu charme. O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, por exemplo, projeta sua carreira política no cenário nacional por causa do posto partidário. Na sexta-feira, por exemplo, abrirá o seminário dos prefeitos eleitos com um discurso sobre o federalismo e a necessidade de revisão dos impostos, leia-se descentralização dos recursos e novo pacto federativo. Como presidente, será a voz dos socialistas em defesa dessa proposta.

A diferença entre PSB e PSDB é que, entre os socialistas, Eduardo Campos reina e os cearenses Cid Gomes e Ciro Gomes não têm um protagonismo partidário forte, capaz de fazer sombra internamente aos projetos do pernambucano. No ninho tucano, a história é outra. Aécio tem aliados que defendem sua presença no comando do partido. Por exemplo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Mas não há um consenso capaz de fazer dele presidente da legenda num piscar de olhos, porque o grupo de José Serra e do próprio Geraldo Alckmin não abrem mão de ter controle sobre o partido. Dentro desse contexto, para não deixar a turma de Minas com a faca e o queijo na mão, optou-se por Teotônio Vilela Filho, cordato e com trânsito por todos os grupos do PSDB.

Acontece que, dentro do PSDB de Minas Gerais, nem todos estão convencidos de que essa seja a melhor solução. Por isso, nos últimos dias, alguns integrantes da bancada voltaram esta semana a mencionar a necessidade de fazer de Aécio o presidente do partido no ano que vem. Dentro da oposição, há certeza de que a única forma de o partido ter alguma chance de sucesso em 2014 é acabando com essa guerrilha de bastidores e criando uma corrente forte em prol da pré-candidatura de Aécio Neves. E, diante do resistente “teflon” de Dilma Rousseff, em quem nenhum escândalo gruda ou deixa nódoas, há na oposição quem avalie que, se divididos, os tucanos não chegarão a lugar algum.

Enquanto isso, no Planalto…
A avaliação geral é a de que o penteado e a maquiagem da presidente Dilma Rousseff não sofreram abalos diante da sucessão de notícias sobre a ex-chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo Rosemary Noronha. Mais uma vez, a direção dos ventos sopra as labaredas desse incêndio na direção de Lula, o primeiro chefe de Rose naquele posto. É a ele que o PT se esforça para proteger neste momento. Isso dá à oposição a certeza de que Dilma é cada vez mais candidata à reeleição.

E no PMDB…
O partido do vice-presidente da República, Michel Temer, perde uma vaga para o PCdoB. O superintendente de Abastecimento da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Dirceu Amorelli, está de saída e, para o postp, deve ser nomeado o superintendente adjunto de Fiscalização, Aurélio Amaral. Amorelli é técnico, ligado ao ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Amaral é ligado ao PCdoB. Dada a disputa entre PMDB e PCdoB no Maranhão, vem curto-circuito por aí. Aos poucos, o PMDB é afastado de vários postos no governo. Diante disso, há quem duvide que venha logo ali mais algum ministério importante para o partido. Se continuar assim, será um terreno fértil para Aécio Neves pescar aliados rumo ao futuro. Mas essa é outra história.

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