sexta-feira, novembro 02, 2012
Enem 2012 - HÉLIO SCHWARTSMAN
FOLHA DE S. PAULO - 02\11
SÃO PAULO - Espero que tudo dê certo com o Enem 2012, que acontece amanhã e depois. Não será surpresa, porém, se se registrarem problemas, como ocorreu nas três versões anteriores do exame. Não digo isso por crer em destino ou numa incompetência intrínseca do Inep. Ao contrário, o órgão é tecnicamente muito bom. O que motiva a apreensão é a escala ciclópica do teste.
O número de inscritos se aproxima dos 6,5 milhões. Se 5 milhões de fato fizerem as provas, basta que haja falhas em 0,2% delas para criar uma legião de 10 mil examinandos justificadamente furiosos que encontrarão uma imprensa ávida para relatar seus dissabores. E 0,2% não seria uma marca absurda. A título de comparação, no primeiro turno das eleições, sempre vistas como um caso bem-sucedido de logística, 0,55% das urnas eletrônicas apresentaram problemas e tiveram de ser substituídas. A diferença é que dificuldades na votação são resolvidas na hora com a troca da urna ou o sufrágio manual, mas as no teste, não.
O que me incomoda nessa história é que, independentemente de problemas, o MEC vem desperdiçando chances de aprimorar de forma significativa o Enem. Esse tipo de exame se baseia numa metodologia, a TRI, que permite comparar alunos que se submeteram a provas diferentes. Assim, seria possível promover várias edições do exame por ano. É o que ocorre com o SAT, o equivalente norte-americano do Enem.
Além de facilitar a logística e reduzir o impacto de falhas, o recurso a múltiplas sessões aliviaria a pressão psicológica que pesa sobre os alunos, que, no modelo atual, concentram em dois dias a definição sobre o próximo ano de suas vidas. Se houvesse mais de uma edição, quem não se saiu bem teria a oportunidade de tentar de novo alguns meses depois. Com isso, o próprio processo de seleção se tornaria mais preciso e justo. É pena que o MEC até hoje não tenha dado esse passo óbvio.
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