domingo, outubro 14, 2012

O DOMINGO É... - ANCELMO GOIS


O GLOBO - 14/10


...de Alinne Moraes, 29 anos, a talentosa atriz paulista que excede em beleza. A formosa voltará à tela da TV Globo como Kátia, em “Como aproveitar o fim do mundo”, série de Alexandre Machado e Fernanda Young, que estreia dia 1 de novembro. A personagem, avoada e exuberante, acredita na profecia Maia e tem certeza de que o mundo vai acabar dia 21 de dezembro. Ao lado de Ernani (Danton Mello), Kátia vai viver uma linda e divertida história de amor, sem abandonar sua lista de pendências e desejos que tentará realizar até o “fim do mundo” 

Camarada Dolores
Dolores Duran (1930-1959), a grande cantora e compositora, foi, poucos sabem, comunista.
A ponto de descontar de seus cachês um percentual para o velho PCB. Em 1958, chegou a integrar uma turnê de artistas brasileiros pela finada URSS (1922-1991), num tempo em que o Brasil sequer tinha relações diplomáticas com o mundo socialista.

Mas...
A artista se decepcionou com o que viu na URSS: mulheres trabalhando na construção civil, muita pobreza e nenhuma liberdade. Na volta, ao ver seu amigo Sérgio Porto numa boate, mandou-lhe um bilhete em que dizia apenas: “Desertei legal.”
A história está na biografia de Dolores que Rodrigo Faour lançará em novembro pela Editora Record.

Tudo de Vinicius
A Nova Fronteira prepara um volume com a obra completa de Vinicius de Moraes (1913-1980).
Chegará às livrarias em 2013, quando o Poetinha faria 100 anos.

A classe C a bordo
O setor aéreo trabalha com a perspectiva de crescimento de 7% a 8% até o fim do ano.

‘Speak portuguese’
Deu na badalada revista americana “Monocle” que o idioma do momento é o... português.
A capa traz o título: “Geração lusofonia: por que o português é a nova língua do poder e dos negócios.”

Oi, oi, oi
O julgamento do mensalão pega fogo, mas, até no STF, só se fala em... “Avenida Brasil”, a novela-sensação da TV Globo.
Piadinha que circula entre alguns políticos: “A ministra Cármen Lúcia é a... Carminha do bem.”

Cueca do marido
Pesquisa do instituto Data Popular sobre a influência feminina no consumo, com 2.006 entrevistas, em 53 cidades brasileiras, em setembro, mostrou que 62% das mulheres compram as roupas dos maridos.
E mais: 78% dos homens preferem mudar de opinião para não brigar com elas, e 77% têm certeza de que a mulher tem dinheiro guardado sem ele saber.

Vinho caro
A escola de samba paulista Vai Vai, cujo enredo em 2013 é sobre vinho, foi autorizada a captar R$ 3.206.400.

Salve Jorge
“Salve Jorge”, a próxima novela das 21h da TV Globo, que vai falar do tráfico internacional de pessoas, já tem gravados 13 depoimentos de vítimas reais deste crime.
— Só na década de 1980, entre dois e três mil bebês foram sequestrados para serem adotados em Israel — conta Glória Perez, autora da trama.

O violoncelo do Villa
Este violoncelo, fabricado em 1779, pertenceu a Villa-Lobos (1887-1959) e será uma das atrações do festival que leva o nome do grande maestro brasileiro, a partir de 9 de novembro, no Rio.
O instrumento, restaurado pelo luthier Túlio Lima, vai ser usado no recital de Hugo Pilger com a pianista Lucia Barrenechea.

Forró in Rio
Vem aí, no Rio, o Festival Mundial de... Forró.
A carioca JMoreno Produções Artísticas foi autorizada a captar R$ 2.073.030 pela Lei Rouanet para o evento, que acontecerá na Feira de São Cristóvão.

Novo CD de Carlinhos
Carlinhos Vergueiro prepara um CD autoral, que incluirá duas parcerias inéditas com a filha Dora Vergueiro.
“Vida sonhada” chega às lojas no fim do mês pela Biscoito Fino e será lançado com show no Casarão Ameno Resedá, no Rio, dia 23 de novembro.

Novo CD de Zélia
Zélia Duncan vai lançar um CD em homenagem a Itamar Assumpção, produzido por Kassin.

Cufa models
A Central Única das Favelas criará uma agência especializada em descobrir nas favelas brasileiras meninas com talento para modelos.
Vai se chamar Cufa Models.

Cutuca e compartilha
Surgiu em Ricardo de Albuquerque, Zona Norte do Rio, a lanchonete Faceburger, cujo slogan é... “Quem curte, compartilha”.
Serve sanduíches com nomes como “hambúrger cutuca”, “x-búrguer compartilha”, “egg-bacon curti” etc.

DITADURA E CULTURA EM TRANSE
Vem de longe a relação de intelectuais e artistas com o poder. Ao longo da história da Humanidade, desde tempos imemoriais, representantes da chamada turma da cultura estiveram em todos os governos. Ou, vá lá, quase todos. Até nas... ditaduras — senão apoiando integralmente, mas cumprindo um duplo papel.

Ou um “pensar duplo”, como defende a professora Tatyana de Amaral Maia na tese de doutorado “Cardeais da Cultura Nacional: o Conselho Federal de Cultura na ditadura civil-militar (1967-1975)”, defendida na Uerj, em 2010, e premiada pelo

Instituto Itaú Cultural, que acaba de de lançá-la em livro.

Tatyana lembra que o CFC, sigla do conselho de que trata sua tese, foi criado em 1966 pelo general-presidente Castelo Branco, que o instalou no ano seguinte sob a presidência de Josué Montello (1917-2006), jornalista, professor, teatrólogo, escritor e renomado imortal da ABL.

Integraram o CFC baluartes da cultura e intelectualidade brasileiras como Ariano Suassuna, Cassiano Ricardo, Guimarães Rosa, Rachel de Queiroz, Gilberto Freyre, Afonso Arinos de Mello Franco, Dom Marcos Barbosa, Pedro Calmon e outros. Nem todos eram considerados “de direita”, ou bem poucos, mas acabaram arregimentados pelo regime de exceção no ideal de formatar no país um “sentimento de brasilidade” que resguardasse a cultura nacional da “ameaça alienígena”.

“Tratava-se de uma dupla ameaça: somava-se à perda da memória a presença de padrões culturais estrangeiros na cultura. Era preciso resgatar do abandono as obras da literatura; os conjuntos arquitetônicos ( ... ); as personagens históricas ( ... ); a herança cultural das três raças que formavam a sociedade”, escreve Tatyana.

Neste sentido, cabia ao CFC, por exemplo, a distribuição de recursos para produção cultural. Tudo começou a dar errado com a censura à criação artística — filmes de Gláuber Rocha, como “Terra em transe”; de Júlio Bressane, como “Cara a cara”; peças do próprio Suassuna, como “O santo e a porca”, etc. Suassuna, aliás, foi quase voz isolada contra qualquer tipo de censura.

Alguns conselheiros, como o conservador Montello, ainda tentaram convencer os militares a entregar aos intelectuais o papel de censores. Mas foi em vão — e o CFC foi naufragando aos poucos, nos anos 1970, até ser extinto na democracia, já sem expressão, função e prestígio, em 1990, para ser substituído, um ano depois, pela Lei Rouanet, que estabeleceu no país o (às vezes polêmico) sistema de incentivos fiscais à cultura, que vigora até hoje. Mas aí é outra história.

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