segunda-feira, outubro 29, 2012

Caminhos diversos - PAULO GUEDES

O GLOBO - 29\10


Na longa estrada de melhoria institucional que conduz à Grande Sociedade Aberta, o Brasil segue devagar na direção certa



A grande crise contemporânea se abate sobre os países da América Latina de forma assimétrica. De um lado, no cinturão do Pacífico, estão Chile, Peru, Colômbia e México. Transformando a crise em oportunidade, aprofundam reformas de modernização e mergulham suas economias nos mercados globais, em busca de uma integração competitiva à nova ordem mundial. De outro lado estão Cuba, Venezuela, Bolívia, Equador e Argentina, na rota equivocada das pequenas sociedades política e economicamente fechadas. Do trágico peronismo do século XX ao socialismo bolivariano do século XXI, acumulase a evidência empírica de um grande desastre causado por ideologias obsoletas.

Os países colhem prosperidade ou pobreza de acordo com as instituições que plantam. O Brasil tem rumo certo. O caminho brasileiro é o de uma Grande Sociedade Aberta. Democracia, ainda que emergente. Mercados, ainda que imperfeitos. Estado de direito, embora cego muitas vezes. Redes de solidariedade social, ainda que precárias. Imprensa livre, mesmo entre a cenoura e o chicote dos poderes políticos e econômicos. Moeda decente, apesar das indefinições nos regimes monetário e fiscal. Marcos regulatórios em construção, embora ainda instáveis. A estrada é longa. O histórico julgamento do mensalão, demarcando a independência do Poder Judiciário, é uma etapa fundamental nessa jornada.

Enquanto retrocedem institucionalmente os peronistas e os bolivarianos, capturados por uma inadequada visão de mundo, avançam celeremente os países da Aliança do Pacífico. O Chile, a exemplo do que acontece hoje na China e ao contrário do que ocorreu no Brasil e na Rússia, executou sua abertura econômica antes da abertura política. Seu extraordinário sucesso econômico inspirou históricos rivais, os peruanos, a aprofundarem suas reformas de modernização. E a Colômbia, notável por seu histórico democrático na região, mergulha também na Aliança do Pacífico em busca da prosperidade. O México, que já participa do Nafta, a zona de livre comércio com os Estados Unidos e o Canadá, amplia seus acordos comerciais com as economias mais dinâmicas da América do Sul. Tudo isso no vácuo de uma liderança geopolítica não exercida pelo Brasil. Somos agora os retardatários.

Nenhum comentário:

Postar um comentário