terça-feira, abril 10, 2012

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

FOLHA DE SP - 10/04/12



Normas da Fifa dificultam retorno para investidores

Além de inflar os orçamentos dos estádios da Copa, as novas exigências da Fifa dificultam a viabilidade financeira para manutenção dos projetos após 2014.

O valor de parte das arenas foi definido a partir da quarta versão da cartilha de recomendações da Fifa, adotada para a Copa de 2010.

Em 2011, os organizadores receberam o quinto manual com outras determinações para os estádios. Os itens mais contestados são a necessidade de a grama ser semeada no próprio campo e a utilização de drenagem a vácuo.

No caso da drenagem, os envolvidos nos projetos argumentam que a Fifa pede uma tecnologia nova.

"Os custos de manutenção serão elevados, pois poucas empresas realizam o serviço. Temos argumentado que, com nosso índice pluviométrico, não há necessidade desse sistema", diz Nilton Vasconcelos, secretário da Bahia.

A obrigatoriedade da grama ser semeada no campo preocupa os organizadores de Recife. "Pretendíamos usar grama em placas para a Copa das Confederações. Se mantivéssemos a ideia e depois a substituíssemos, teria um aditivo de R$ 5 milhões", afirma o secretário Ricardo Leitão.

A coordenadora do Comitê Paulista, Raquel Verdenacci, diz que o estádio em Itaquera foi planejado com requisitos claros. "Quando os projetos são mal feitos, pode-se colocar na conta da Fifa. Já começamos com a edição cinco."

Para Mário Celso Petraglia, que assumiu a gestão do Atlético-PR quando as obras já haviam sido iniciadas, o projeto não encareceu. "Não sabemos como foi feito o orçamento pela antiga gestão."

Em Minas, um dos primeiros Estados a iniciar as obras, o secretário para a Copa, Sérgio Barroso, diz que o custo ficará dentro do previsto. "Fixamos um valor [de R$ 666,3 milhões] e temos dito à Fifa que não ultrapassaremos."

CIDADES ESPERAVAM MUDANÇAS

A possibilidade de inclusão de novas alterações nos projetos já era conhecida pelos organizadores.

Segundo Nilton Vasconcelos, secretário estadual na Bahia, "quando aprovaram nossa proposta, disseram que era um projeto vivo e que poderia sofrer mudanças. Nós aceitamos, desde que não representassem novos aditivos contratuais".

"É um clima de terrorismo. Pelo contrato assinado, a Fifa pode tirar os melhores jogos de certos estádios" diz outra pessoa a par das negociações.

No caso dos vestiários, eles deverão ser maiores e cada divisão tem uma área mínima, o que não havia em 2010.

As salas de massagem, por exemplo, terão 40m2.

De acordo com a Fifa, "as mudanças nas normas são resultado de desafios operacionais de 2010" e têm o objetivo de "satisfazer às recomendações de técnicos, jogadores e chefes de delegações".

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