sexta-feira, dezembro 02, 2011
Dilma fraquejou - EDITORIAL O ESTADÃO
O Estado de S.Paulo - 02/12/11
Faltou combinar com os "gagás", como o deputado pedetista e presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, se referiu, com a costumeira falta de compostura, aos membros da Comissão de Ética Pública da Presidência. Ao decidir manter o chefão do PDT, Carlos Lupi, no Ministério do Trabalho até a reforma do Gabinete prevista para o começo do ano, a presidente Dilma Rousseff aparentemente não levou na devida conta os riscos embutidos no exame dos malfeitos do ministro pelo colegiado que avalia a conduta dos integrantes da alta administração federal. Também não considerou que, mantendo a seu lado um tipo como Lupi, exonerou, na prática, os probos membros do Conselho de Ética Pública e afrontou a imensa maioria do povo brasileiro, cuja vida se pauta pela honestidade e pelo trabalho árduo.
Ela já tinha errado ao imaginar que poderia deixar Lupi agonizando na Esplanada apesar da multiplicação de revelações da imprensa sobre o histórico do figurão, como se a expectativa da sua demissão em prazo relativamente curto neutralizasse o noticiário que a desmoraliza por conservar na sua equipe um tipo cuja estatura moral de há muito deixou de ser motivo de controvérsia. Pior ainda para a "gerentona", com fama de controladora desde os seus tempos de ministra, foi ser surpreendida literalmente dentro de casa - a Comissão de Ética faz parte da estrutura da Presidência da República - pela mais severa condenação infligida a um membro do primeiro escalão governamental.
Podendo considerá-lo inocente, adverti-lo, censurá-lo ou, enfim, recomendar a sua exoneração, pela primeira vez desde a sua criação, em 1999, o órgão aprovou por unanimidade esta última alternativa, que conduziu a presidente a uma enrascada. Pois, se ela desdenhasse da recomendação, estaria afrontando aos olhos da sociedade o parecer de um colegiado que tem a palavra "ética" no nome. Caso seguisse o conselho, não haveria quem não se perguntasse por que ela precisou esperar por isso, quando podia fazer jus à imagem edificante de faxineira-mor do Executivo, mostrando sem demora a porta de saída para mais um ministro maracuteiro - o quinto, sem contar Antonio Palocci, que fez estranha fortuna antes de ser nomeado. Na segunda hipótese, de toda maneira, ela conservaria a dignidade política.
Mas ela preferiu não comprar mais uma briga com a sua base parlamentar, dessa vez com o PDT, nem tampouco confirmar a escrita do enfeudamento partidário do Gabinete, substituindo Lupi por outro do partido que ele controla - e do qual só não conserva formalmente o título de presidente porque dele teve de abrir mão, quando a mesma Comissão de Ética entendeu ser o cargo incompatível com a condição de ministro a que o presidente Lula o guindou em 2007. Daí, por sinal, a fúria do deputado que adotou o codinome Paulinho da Força com os "retardados que vivem perseguindo" Lupi.
A grosseria, evidentemente, não altera a verdade trazida à tona. Tão extensa e variada é a folha corrida do prepotente personagem notabilizado por dizer que, para tirá-lo, só "abatido à bala", que a comissão não tinha escolha, sob pena de cair no descrédito. O organismo presidido pelo jurista Sepúlveda Pertence concluiu o óbvio: as alegações que Lupi apresentou em sua defesa à própria comissão, ao Congresso e à imprensa para negar o envolvimento com achaques de ONGs no Trabalho foram "insatisfatórias" e "inconvincentes". Isso sem falar na mentira sobre a viagem em voo fretado na companhia do dono de uma entidade beneficiada com R$ 13,9 milhões em convênios com a pasta, a exigência de paga para o registro de sindicatos - e o fato de Lupi ter sido funcionário fantasma da Câmara dos Deputados entre dezembro de 2000 e junho de 2006, período na maior parte do qual "assessorava" um vereador do Rio de Janeiro, recebendo indevidos salários, portanto, de duas fontes públicas. Mesmo para os padrões do indigitado, é dose.
Ontem cedo, Dilma o recebeu para uma conversa. Mas a presidente durona fraquejou. Sem medo do ridículo, fez saber que resolveu aguardar novas explicações de Lupi. Completando a farsa, mandou pedir à Comissão de Ética que diga por que, afinal, sugeriu a demissão do ministro. Por que será, não?
Bota abaixo, Melo - ANCELMO GOIS
O GLOBO - 02/12/11
A coluna de quarta, lembra?, mostrou esta simulação fotográfica de como deve ficar a Praça XV com a demolição do Elevado da Perimetral, no Rio, e propôs também a derrubada do edifício anexo da Assembleia Legislativa. Assim, a área voltaria a ter só prédios antigos. Acredite. Paulo Melo, presidente da Alerj, manda avisar que já vinha estudando o tema e que a demolição deve ocorrer: “O dinheiro que gastamos a cada três anos para manter o prédio atual já é suficiente para construir um novo em outro local.”
Como eu ia dizendo...
Vamos torcer, vamos cobrar.
Rádio Livraria
O leilão dos direitos autorais da obra de Manuel Bandeira está perto do fim. A Companhia das Letras está fora. A peleja está entre a Globo Livros e a Leya. Com uma novidade: quem levar Bandeira leva também Cecília Meireles, cuja obra estava encalhada em longa briga familiar.
Entulho de Lula
De FH a um amigo, esta semana, em Buenos Aires, onde fez palestras num banco alemão: — Nos anos 1980, falávamos da necessidade de nos livrarmos do entulho da ditadura. Agora, torcemos para que Dilma se livre do entulho deixado pelo Lula, a começar por alguns ministros.
D2 Hendrix Marcelo D2, o músico, ganhou um quarto de página do “New York Times”, quarta-feira. O jornalão enche a bola do brasileiro, fala de suas influências (“Jimi Hendrix, Black Flag, Bezerra da Silva”...) e da mistura de rap e samba em seu CD.
ESTE INDISCRETO
helicóptero em miniatura, com uma câmera acoplada (veja nas fotos), espécie de aeromodelo, chamou a atenção da querida atriz Maitê Proença, terça passada. A rebimboca, comandada de terra, via controle remoto, por um suposto fotógrafo, sobrevoou um trecho da orla de Copacabana e, por um momento, ficou parada em frente à janela de Maitê. Nossa atriz usou as mesmas armas do “inimigo” e registrou a performance do brinquedo espião. “É algo esquisito. Pode ser um monte de coisas, mas e se for paparazzi?”, diz ela. “O cara pode entrar na intimidade de uma pessoa com um aviãozinho? E se alguém estiver mais à vontade em casa, namorando? Se os paparazzi resolverem fazer aeromodelismo, a vida da gente acaba.” Está coberta de razão
Isolar Chávez
Os presidentes do Peru, Ollanta Humala, e da Colômbia, Juan Manuel Santos, estão dispostos a isolar politicamente o colega da Venezuela, Hugo Chávez, e seus satélites bolivarianos. Já fizeram chegar ao governo brasileiro sinais de que, para isso, contam com Dilma.
Segue...
Eles consideram que o radicalismo político está prejudicando a região.
‘Oh, if I get you’
Essa música “Ai, se eu te pego”, do brasileiro Michel Teló, febre da vez no Brasil e até na Espanha, como saiu aqui ontem, faz tanto sucesso que, acredite, ganhou uma versão bizarra em inglês no YouTube. Chama-se “Oh, if I get you”. Veja só em http:// bit.ly/vxoLr4. Já teve umas 350 mil exibições.
Angra mais perto
O secretário Júlio Lopes acerta detalhes de uma medida que deve reduzir os engarrafamentos nos fins de semana e feriados nas estradas de acesso ao Rio. Em janeiro, a exemplo de São Paulo, caminhões e “cegonhas” não poderão trafegar em determinados horários.
Diário de Justiça
A desembargadora Gizelda Leitão, da 4a- Câmara Criminal do Rio, deu habeas corpus a um grupo de PMs do 7o- BPM, campeão em processos criminais. Neste caso, são acusados de forjarem autos de resistência para encobrir homicídios.
Segue...
Entre eles, estão Hayrton de Mattos Ferreira e Jeferson de Araújo Miranda. Só não foram soltos por causa de outros mandados de prisão. Hayrton é réu em 14 ações. Jeferson, em 12 — inclusive, na da morte da juíza Patrícia Acioli.
Sonho de Trump
Donald Trump disse ontem a Sérgio Cabral, em Nova York, que sonha em fazer um campo de golfe no Rio. Aliás, o filho do megaempresário americano, que tem o mesmo nome do pai, esteve no início do ano em Búzios, também com este papo de campo de golfe.
Quem tem... tem...
Eduardo Paes recusou a orientação do cerimonial para furar a enorme fila de autógrafos no lançamento do livro de Boni, quarta, no Copacabana Palace: — Pelo amor de Deus, gente, vamos pensar duas vezes... Deu um abraço em Boni e desistiu do autógrafo.
ANA MARIA Braga recebe a bela Luíza Brunet na gravação de seu programa número 3.000, em 12 anos de TV Globo. O especial, repleto de convidados ilustres, vai ao ar hoje
ZECA PAGODINHO, nosso sambista, e Vera Fisher, a atriz sempre bela, trocam um, digamos, pipipi-popopó no lançamento do “Livro do Boni”, sobre os bastidores da televisão brasileira, no Copacabana Palace
BIA LULA DA Silva, a neta de Lula que estreia como atriz na peça “A megera domada”, recebe flores do avô e o carinho da mãe, Lurian, no camarim do João Caetano
Emendas & sonetos - DENISE ROTHENBURG
Correio Braziliense - 02/12/2011
Um grupo de senadores tocou de ouvido ao negociar o Código Florestal, já a presidente Dilma Rousseff e a Comissão de Ética viraram as paralelas do ritmo
A negociação do Código Florestal nesses últimas dias dentro do Senado fez surgir uma espécie de comitê suprapartidário que promete dar samba no Senado. Luiz Henrique (PMDB-SC), Blairo Maggi (PR-MT), Jorge Vianna (PT-AC), Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), Valdemir Moka (PMDB-MS), Jaime Campos (DEM-MT) e Pedro Taques (PDT-MT) formaram a linha de frente das negociações, que fechou um texto que tem tudo para ser aprovado na próxima terça-feira. Os percentuais de preservação inscritos no projeto, embora não sejam o sonho de ambientalistas e, diga-se, nem dos produtores rurais, foram montados dentro de uma proposta em que todos cederam. Jorge Viana e Luiz Henrique, relatores nas comissões do Senado, trabalharam a quatro mãos, enquanto os outros correram por fora, ajudando na composição dos acordos. Foi um soneto e tanto.
Apenas para refrescar a memória daqueles que não acompanharam a negociação, por exemplo, os rios que têm até 10 metros de largura têm que ter 15 metros de margem com vegetação. Em rios com mais de 10 metros de largura, metade dessa metragem terá que ser preservada na margem, mas em extensões não inferiores a 30 metros e não maiores do que 100 metros.
O grupo ficou tão satisfeito com o trabalho que não será surpresa se, no futuro, começar a tratar de outros temas. O trabalho conjunto de Luiz Henrique e Jorge Viana, ex-governadores de posições antagônicas nessa seara, mostra que, quando são deixadas de lado as vaidades políticas do "minha opinião é a melhor" e todos se voltam para o que é possível fechar, os projetos fluem.
Quanto à formação do grupo suprapartidário, o Senado permite isso. E, geralmente, no primeiro ano de mandato é que esses grupos se formam, tanto dentro como fora dos partidos. Uns emplacam, outros não. O primeiro a surgir foi o G-8, do PMDB. Inicialmente, os dissidentes tentaram tirar o poder da cúpula peemedebista, leia-se o presidente do Senado, José Sarney (AP), o líder da bancada, Renan Calheiros (AL), do governo, Romero Jucá (RR), e o presidente do partido, Valdir Raupp (RO). Logo, os senhores do PMDB trataram de cooptar alguns dos integrantes do G-8 e hoje ninguém fala mais nele.
A formação do novo bloco de senadores, uns mais ambientalistas, outros mais ligados aos produtores, deve ser acompanhada com uma lupa. Afinal, no ano que vem, vem aí a Rio+20, conferência de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas, onde o meio ambiente volta à pauta e haverá uma avaliação do novo código florestal brasileiro.
E as emendas...
Dois fatos corroboraram essa semana o velho ditado de que as emendas ficam piores do que os sonetos. Carlos Lupi encerra a semana nos estertores, como define reportagem de hoje do Correio. Dilma, ao mantê-lo, deixa a Comissão de Ética Pública na berlinda. Mas o presidencialismo é isso. Dilma manda e o ministro fica e continua no desgaste até cansar. Assim, a presidente se preserva junto ao PDT e deixa o ministro à deriva, que ou pede demissão ou vai se explicando até a reforma ministerial. Só não se sabe se Dilma conseguirá se manter da mesma forma junto àqueles que torciam pela faxina que ela promovia no governo. Se tivesse saído logo, Lupi estava mais inteiro do que hoje para regressar ao comando do partido.
Nessa semana foi ainda a posse do senador João Capiberibe, do PSB do Amapá, o segundo que consegue o mandato depois que o Supremo Tribunal Federal decidiu que a Lei da Ficha Limpa não valia na eleição de 2010. O primeiro foi Cássio Cunha Lima, tucano, ex-governador da Paraíba. Faltam agora dois do PMDB, Marcelo Miranda, do Tocantins, e Jader Barbalho, do PMDB do Pará. O processo de Miranda chegou há pouco ao Supremo Tribunal Federal. O de Jader Barbalho está lá há tempos e precisa do voto da nova ministra Rosa Maria Weber, que terá sua indicação apreciada semana que vem pelo Senado.
Muitos podem não gostar de Jader Barbalho. Ou mesmo achar que ele tem culpa no cartório e deveria responder na Justiça. OK. Mas, se o STF considerou que a Lei da Ficha Limpa não valeu para as eleições de 2010 e Jader foi eleito senador naquela eleição, não seria por isso que ele estaria impedido de assumir o mandato conquistado no Pará. Afinal, a lei não pode valer para uma pessoa. Esses são os argumentos que o PMDB escreveu numa nota oficial editada semana passada. Agora, o partido vai dedicar um tempo a levar esse tema aos ministros do Supremo Tribunal Federal.
O fato de Jader voltar ao Senado, e tudo indica que, mais dia, menos dia, ele vai voltar, pode até ser uma frustração para aqueles que assinaram a lei da Ficha Limpa e a defenderam no Congresso. Mas, ainda que isso ocorra, não estará invalidado o processo de tentativa de faxina na política nacional. O relatório do ministro Luiz Fux é claro quanto à validade da lei para o futuro. A volta de Jader pode ser a emenda que falta a esse soneto, que só será tocado na íntegra, quando o futuro chegar. Esperamos que seja logo.
Valorização - MARCIA PELTIER
JORNAL DO COMMÉRCIO - 02/12/11
A revista colombiana ArtNexus, considerada uma das mais importantes sobre arte da América Latina, está lançando na feira Art Basel Miami 2011 – que termina no domingo – uma publicação especial sobre a arte contemporânea brasileira. Trata-se da compilação de textos escolhidos pelo curador Adriano Pedrosa, que resultou em 75 artigos, totalizando um volume de 300 páginas. Serão impressos dois mil exemplares do livro – 1,5 mil em inglês e 500 em espanhol. O projeto conta com apoio da Associação Brasileira de Arte Contemporânea e da Apex-Brasil.
Dose dupla
Depois do sucesso estrondoso da noite de autógrafos de O livro do Boni no Copacabana Palace, quarta-feira, com a vendagem de cerca de 700 exemplares, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho prepara-se para mais emoções, na segunda-feira, quando fará o lançamento em São Paulo, na Livraria da Cultura da Avenida Paulista. A editora Casa da Palavra colocou nas livrarias 30 mil exemplares na segunda-feira passada – a tiragem média de um livro nacional em primeira edição é de 3 mil exemplares – e, na terça-feira, teve de distribuir mais 30 mil.
Surpresa de verdade
Os Marinho, Roberto Irineu, João Roberto e José Roberto, foram os primeiros a chegar ao hotel, quase ao mesmo tempo que João Havelange, às 18h30. Boni autografou das 19h à 1h30, só parando para receber os parabéns – era também seu aniversário – de Roberto Carlos, uma surpresa promovida pelo empresário Doddy Sirena. O Rei permaneceu ao lado de Boni, conversando, por uns 25 minutos.
Para festejar
Georgiana Guinle, que é a rainha dos trocadilhos, não resistiu a mais um ao ver a enorme quantidade de atores, empresários e personalidades do society presentes. “A festa está bonibando!”, sentenciou. Duzentas garrafas de Veuve Clicquot foram servidas, reforçadas por doses de Johnnie Walker Gold Label, de 18 anos. O bolo, que reproduzia o livro, foi assinado pela cake designer Patrícia Timótheo da Costa, e teve recheio de damasco, que Boni adora, e doce de leite. O criador do padrão de qualidade da TV brasileira esticou a noite triunfante, com Lu ao lado e na companhia dos casais Ricardo e Gisella Amaral e Liege Monteiro e Luiz Fernando Coutinho, na Pizzaria Guanabara, o único lugar aberto no Rio a essa hora. Ficaram por lá até as 3h da madrugada, depois de Boni ter pedido um frango a passarinho.
Conversa quente
O prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, abriu um espaço na sua agenda lotada para receber Sérgio Cabral esta quinta-feira, na Gracie Mansion, a residência oficial. Por isso o horário inusitado das 7h30, numa temperatura de 4ºC. Mas o papo evoluiu tão bem que a meia hora acertada durou quase uma. O americano, conhecido por fazer a linha dura, interessou-se bastante pela aplicação da Lei Seca no Rio. Ele foi convidado pelo governador para participar da Rio+20, ano que vem.
Big Mac sem queijo
Pelo quarto ano consecutivo o Mc Donald’s da Avenida Ermano Marchetti, na Barra Funda, em São Paulo, vai servir os pratos típicos da lanchonete de acordo com os preceitos judaicos este domingo. Uma das principais modificações diz respeito aos sanduíches não poderem ter queijo, pois segundo a culinária kasher, não se pode misturar carne com derivados do leite. Além disso, o gado cuja carne foi utilizada foi abatido sob a supervisão de um rabino, de modo a reduzir o sofrimento do animal. Em Buenos Aires existe o único Mc Donald’s kasher da América Latina.
Caça-talentos
A modelo internacional e também uma das co-produtoras do reality show Project Runway, a alemã Daniela Unruh, passa a semana no Brasil. Na segunda-feira, inaugura endereço da sua agência Closer na capital paulista. O escritório, todo sustentável, contará com cozinha orgânica e mini spa para atores, modelos e personalidades. Ela visita, também, o interior gaúcho para caçar novos talentos. No casting da agência estão nomes como Eliza Joenck e Juliana Imai.
Moda nacional
Para todos os bolsos. Será esta a filosofia do endereço carioca da Daslu, que inaugura na segunda-feira sua primeira maison fora de São Paulo, no Fashion Mall. As peças mais caras da loja, que só terá a linha que leva o nome da boutique, serão os vestidos de noite, que custarão em média R$ 3,5 mil. Velas perfumadas e sprays para carro são os itens mais baratos, saindo por menos de R$ 100. As marcas internacionais, por enquanto, não fazem parte dos negócios da loja no Rio.
Livre Acesso
A Diretoria do Pen Clube do Brasil vai conceder ao presidente da ABL Marcos Vinicios Vilaça o título de Grande Benfeitor. A entrega do título será dia 19, às 20h, no terraço panorâmico do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Vilaça receberá a homenagem durante o jantar de confraternização natalina do Pen Clube.
O Vivo Rio irá transmitir a final de uma partida do Campeonato Brasileiro pela primeira vez. Um megatelão irá ocupar o palco durante o jogo Flamengo e Vasco, domingo. Nos intervalos, o Samba de Santa Clara e o grupo Só Pra Contrariar tocam hits dançantes. O bar será all inclusive. A segurança será reforçada por conta dos torcedores mais fanáticos.
A 16ª edição da Árvore de Natal da Bradesco Seguros terá queima especial de fogos, com duração de três minutos, todos os sábados, às 21h.
O advogado Hermann Baeta foi homenageado nesta quinta-feira, pelo seu aniversário, com almoço oferecido pelo presidente da OAB, Ophir Cavalcante, na sede da Ordem em Brasília.
Mais de 300 nadadores de todo o Brasil prestigiam o Rio neste fim de semana, na Travessia dos Bravos. A maratona aquática tem largada nas Ilhas Cagarras e chegada na Maria Quitéria. Quem assina a prova é Bernardo Fonseca.
A Fundação do Rim, organização que oferece assistência a jovens e crianças portadoras de doença renal crônica, promove de terça a quinta-feira seu bazar de Natal, das 10h às 17h na rua Real Grandeza 139, salas 605/606, Botafogo. Mais informações pelo tel: 2286-8037.
Vai ter festa no Complexo do Alemão neste sábado. O Santander vai bancar, pelo segundo ano, a Árvore de Natal da Comunidade. Com queima de fogos durante oito minutos, o evento contará com apresentação das bandas Afro Samba e Afro Lata, grupos artísticos do AfroReggae.
Com Marcia Bahia, Cristiane Rodrigues, Marcia Arbache e Gabriela Brito
Selvagem? - SONIA RACY
Ante a violência contra os guarani-kaiowá do acampamento Guaiviry, no MS, a Secretaria de Direitos Humanos resolveu agir: estuda a inclusão de líderes indígenas em seus programas de proteção, como Provita (para testemunhas), Defensores (para ativistas de direitos humanos) e PPCAAM (que defende crianças e adolescentes).
Para isso, entretanto, é preciso solicitação formal do Ministério Público.
Para se ter uma ideia, desde 2003, algo como 250 índios foram mortos na região. Anteontem, funcionários da Secretaria foram ameaçados por fazendeiros locais.
Selvagem? 2
Quem também se debruçou sobre a questão foi o Instituto Sócio-Ambiental. Como? Lançando abaixo-assinado para cobrar apuração rigorosa da ação de jagunços contra os índios.
A lista será entregue ao Ministério da Justiça.
Selvagem? 3
Cópias de Terra Vermelha, filme que mostra a situação dos guarani-kaiowá no MS, foram enviadas à Funai e ao grupo indígena de Dourados, que atuou no filme.
A obra, produzida pela Gullane, tem sido usada como instrumento de defesa dos índios.
Entrelinhas
O debate entre pré-candidato tucanos, segunda-feira, está rendendo polêmica até hoje. Consta que Serra entendeu como referência a ele as críticas veladas de Bruno Covas aos tucanos que são contra as prévias.
E ficou enfurecido.
Bruxo 5 estrelas
Sai Richard Gere, entra Paulo Coelho. O mago acaba de ser anunciado como embaixador da Relais & Châteaux para o ano de 2012.
Reforma
Miguel e Fabiana Reis vão fechar o restaurante Chakras, nos Jardins. Dia 31, com festa de réveillon.
Será substituído por um hotel-boutique “100% sustentável”.
Pertinho
Daniela Unruh, modelo alemã e produtora da Miramax, desembarca segunda em SP.
Vem lançar sua agência de model management, Closer, que ocupará mansão no Morumbi, com restaurante próprio.
Terra natal
Judith Ribeiro de Carvalho, artista plástica de Pindamonhangaba e irmã de Dona Lu Alckmin, lança livro sobre a Serra da Mantiqueira.
A obra tem patrocínio da Gerdau, por meio de incentivo do ProAc, programa de renúncia fiscal do Governo do Estado de São Paulo.
Terra 2
O livro havia sido rejeitado, em setembro de 2010, pela Comissão de Análise de Projetos. Em novembro do mesmo ano, a decisão foi revista e o benefício, liberado.
Autógrafos no dia 9, na Livraria da Vila da alameda Lorena.
Tréplica
Maria Paula Fernandes, do Movimento Gota D’Água, preparou rebate aos vídeos a favor da construção de Belo Monte, que pipocaram na última semana. Mas convocou técnicos sobre o assunto – não personalidades da mídia.
Participam da nova etapa da campanha Ricardo Baitelo, do Greenpeace Brasil, André Villas Boas, do ISA, Pedro Bara, da WWF, e Tica Minami, do Xingu Vivo Para Sempre.
Tréplica 2
André D’Elia, diretor do documentário Belo Monte, Anúncio de uma Guerra, recorreu ao sistema de financiamento coletivo para tentar editar e finalizar o filme de forma independente.
Pede R$ 114 mil. E tem apenas 20 dias para levantar o dinheiro.
Sinal amarelo - ARTHUR VIRGILIO
BRAZIL 247
O mercado começa a temer o eventual envolvimento de algum membro proeminente da equipe econômica em escândalo. Seria abalo bem maior do que os muitos anotados até aqui
Lisboa – A economia brasileira apresenta dados positivos, como a taxa de desemprego ter caído de 6% em setembro para 5,8% em outubro. Em termos dessazonalizados, foi de 6,2% em setembro para 6,1% em outubro.
Desde meados de 2010, entretanto, o rendimento real vem sofrendo deterioração, registrando queda de 0,6% na média móvel trimestral do índice dessazonalizado. No cotejo com idêntico período do ano passado, a renda real apresentou queda de 0,3%: primeira variação negativa interanual desde janeiro de 2010 (-0,4%). Nessa base de comparação, aliás, praticamente todos os setores recuaram.
O PIB do terceiro semestre variou positivamente perto de zero e não deve ocorrer a aceleração esperada pelo ministro Mantega, porque a crise externa e a valorização do dólar frente ao real tendem a pressionar os preços internos e frear o consumo. Aguardo com preocupação o PIB do quarto trimestre. Infelizmente, o governo, que deveria dedicar atenção máxima a esses graves problemas gasta sua energia com escândalos. Recentemente tivemos mais três casos: compras superfaturadas no Ministério da Defesa, negociata no Ministério das Cidades e novas acusações contra Carlos Lupi.
No plano econômico, tem prevalecido a leviandade, brincadeira com fogo. No esforço para limitar a inflação de 2011 aos 6,5% correspondentes ao elevadíssimo teto da meta, o governo faz contorcionismos: corte na CIDE e postergação do imposto do cigarro. Mesmo assim, considero difícil a inflação não romper o teto. Esses paliativos empurram o problema para 2012.
A produção industrial experimentou forte queda em setembro, na comparação com agosto (-2%), decrescendo 1,6% na comparação de ano contra ano. Isso mostra que a economia brasileira segue sofrendo a concorrência dos produtos importados e desacelerando ao mesmo tempo.
A produção industrial, por sinal, sofreu queda significativa na crise de 2008 e, de lá para cá, não se recuperou. O patamar atual é o mesmo observado antes da crise. A produção industrial apenas recuperou o nível pré-crise.
A inflação, como esperado, recuou levemente. Menos que o necessário. Na primeira semana de novembro, o IPC-Fipe estampou nova aceleração: alta de 0,53%, quando o mercado previa 0,43%. Seis dos sete grupos que compõem o índice aceleraram no cotejo mensal: alimentação (0,74%) e vestuário (0,56%).
Resultado da inflação elevada são greves pipocando. O poder de compra começa a ser afetado, as pessoas ficam insatisfeitas, os sindicatos buscam reposições mais altas, visando a se defender de uma inflação que acreditam que ainda vai piorar.
O Banco Central faz aposta arriscada, cortando juros sem se respaldar em efetivo ajuste fiscal. Sinaliza que tolerará inflação mais alta, em troca de crescimento um pouco maior. Com a credibilidade abalada pela visível perda de autonomia, a diretoria encabeçada por Tombini, que não é conhecido internacionalmente e nem é forte no PT, parece não perceber que a inflação acima dos 6,5% contrasta com o crescimento previsto pelo mercado para este ano: 3,1% e 3,5% para 2012. Já há bancos prevendo números mais apertados: 2,8% e 3%, respectivamente. Lembrem-se de que Mantega dizia que íamos crescer 5% no presente exercício.
A corrupção toma conta da cena. O mercado começa a temer o eventual envolvimento de algum membro proeminente da equipe econômica em escândalo. Seria abalo bem maior do que os muitos anotados até aqui.
O binômio corrupção-inflação suga a energia do governo e prejudica a sociedade. É de se ligar o sinal amarelo.
Arthur Virgilio é diplomata e foi líder do PSDB no Senado
Pairar acima dos partidos e por eles ser derrotado - MARIA CRISTINA FERNANDES
VALOR ECONÔMICO - 02/12/12
Inspirado por Marina Silva, já começa a circular nas redes sociais movimento pelo veto da presidente Dilma Rousseff ao Código Florestal que ainda está por ser votado.
Dada a concordância governista com a maior parte do relatório do Senador Jorge Viana (PT-AC), é pouco provável que o movimento seja bem sucedido.
A iminente derrota ambientalista na próxima semana não pode ser dissociada da neutralidade de Marina Silva no segundo turno da eleição presidencial do ano passado.
Não que o apoio de Marina a Dilma ou a José Serra fosse capaz de evitar o que já parece uma derrota certa do ambientalismo no Congresso.
O placar da Câmara (410 votos) que referendou o relatório do agora ministro Aldo Rebelo (PCdoB) já havia deixado claro que é a disposição em retirar amarras à produção agropecuária que domina os ânimos parlamentares.
Está claro que não foram 20 milhões de votos pintados de verde que Marina obteve, mas este patrimônio eleitoral a autorizava a negociar os pontos mais caros ao ambientalismo com maior grau de compromisso dos candidatos em disputa.
Tivesse anunciado apoio a José Serra, Marina Silva disporia de laços com a oposição com os quais poderia costurar um discurso alternativo ao bloco ruralista. Ainda que minoritário no plenário, esse bloco, mesmo derrotado, não amargaria o isolamento a que a votação do Código está para submeter os ambientalistas no Congresso.
O apoio de Marina a Dilma Rousseff tampouco asseguraria vitória aos verdes, mas além de lhes dar melhores condições de negociar a tramitação do projeto, também faria com que a cobrança que hoje se faz à Dilma por um veto extrapolasse as redes sociais e envolvesse um maior compromisso partidário.
Poderia ter evitado, por exemplo, que a primeira relatoria do projeto caísse nas mãos de um Senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC) que governou por oito anos o Estado cujo padrão de ocupação leva a desastres anuais de grandes proporções no período de chuvas.
A neutralidade do segundo turno ajudou a revestir a imagem de Marina da aura de quem paira acima dos partidos e daquela raivosa disputa do segundo turno. Se a decisão beneficiou a imagem da ex-candidata, talvez não se possa afirmar o mesmo da causa ambiental.
Quanto mais se aprofunda a crise mundial mais cresce o apelo para que o Brasil mantenha sua economia a salvo da turbulência com atração de investimentos, fomento à produção e ao consumo.
É, portanto, uma conjuntura desfavorável a que se discuta se a margem dos rios a ser preservada deve ser de 10, 20 ou 30 metros.
É essa rajada contrária aos ambientalistas que os obriga a ampliar seu espectro político de atuação, mas o movimento parece dominado pela ideia de que o Brasil entrou na cadeia de mobilização popular pelas causas justas que ocupa as praças, de Zucotti a Tahir.
Um desses manifestantes globais estendeu uma faixa no Congresso na semana passada com o slogan "Jorge Viana trocou Chico Mendes por Kátia Abreu".
Dercy Teles de Carvalho Cunha é presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Xapuri, fundado por Chico Mendes. Elegeu-se em 2009 quando a vasilha de 18 litros de castanha chegou a ser vendida a R$ 13 reais e o quilo de látex não conseguia mercado a preço nenhum.
Os filiados do sindicato trocaram o extrativismo pela pecuária. Hoje a reserva Chico Mendes, criada para preservar o modo de produção de seringueiros, castanheiros, quebradeiras de coco, populações ribeirinhas e todos os povos da floresta defendidos pelo líder morto em 1988, tem 10 mil cabeças de gado.
Se os manifestantes de Xapuri fossem hoje reunidos numa praça o recado que se ouviria talvez fosse bem diferente daquele que Marina gostaria de ouvir. E é possível que também fosse diferente daquele que Chico Mendes um dia verbalizou. Uma parte deles se manifestou no ano passado quando o Acre natal da candidata do PV a derrotou.
Dercy somou as multas que o Ibama aplicou a 16 dos seus produtores e chegou à conta de R$ 1, 4 milhão. Ela diz que o texto beneficia os grandes produtores e exige demais da agricultura familiar.
Até Kátia Abreu faria mais rodeios para dizer aquilo que Dercy abre de bate pronto numa conversa por telefone. Reclama que seus filiados (4 mil e poucos na última conta) não podem mais queimar a roça, a exemplo do que faziam os primeiros habitantes do país cinco séculos atrás.
Enquanto Marina acha que fizeram-se concessões demais na anistia aos desmatadores, Dercy reclama que os produtores tenham sido obrigados a recompor áreas de floresta para ficarem quites com o Ibama. E diz que ninguém cumpre a determinação de desmatar apenas 20% das propriedades rurais, tal como é exigido no texto para a região amazônica.
O sindicato de Dercy é um dos 30 signatários da Carta do Acre, que critica a coalizão política que, liderada pelo PT, governa o Acre há 13 anos. O documento a acusa de ter promovido, em nome de Chico Mendes, um capitalismo verde que só beneficia madeireiros.
Até os ambientalistas concordam que o texto que vai à voto na próxima semana no plenário do Senado é melhor para seus interesses do que aquele que saiu da Câmara. Criou, por exemplo, a obrigatoriedade de um cadastro para acompanhar se as propriedades cumprem ou não as exigências do código e restringir o acesso ao crédito daquelas que o infringirem.
Mas o código não é fruto do consenso entre ruralistas e ambientalistas, como pretende Viana. Em relação à legislação atual, quem ganha são os ruralistas.
É bem verdade que a lei hoje em vigor não é cumprida e decretos com anistias vêm sendo renovados por sucessivos governos. Mas sem rechaçar a tese do falso consenso, que sempre colocou as mudanças do país em marcha lenta, não há mobilização na política.
Os ambientalistas devem perder porque não foram souberam mobilizar uma coalizão capaz de reunir num mesmo discurso os barulhentos estudantes das galerias e os muitos brasis de Xapuri. E tão equivocado quanto apostar no código como filho do consenso é acreditar que o veto virá pelo twitter.
O PSD vai levar - ILIMAR FRANCO
O GLOBO - 02/12/11
A assessoria do TSE está recomendando ao ministro Marcelo Ribeiro, relator da consulta do PSD, que o novo partido tenha direito a receber recursos do Fundo Partidário. Com base na votação para a Câmara dos Deputados, dos eleitos ou não, ele passará a ter direito a uma fatia mensal de R$ 1,3 milhão, de acordo com o orçamento deste ano. Este dinheiro vai sair daqueles, como o DEM, que perderam deputados para o partido de Kassab.
Ladeira abaixo
O PDT reunirá sua Executiva no início da semana que vem para avaliar mais uma vez a situação do ministro Carlos Lupi (Trabalho). O quadro piorou muito com a recomendação, feita pela Comissão de Ética Pública, para que ele deixe o cargo, além da denúncia de que Lupi ocupou dois cargos públicos simultaneamente, o que não é permitido. No Planalto, os dois cargos pesam mais contra Lupi do que a recomendação da Comissão. Conforme um ministro, no caso do acúmulo de cargos, "é a primeira vez que a coisa bate nele direto". Ontem, para pedetistas, o ministro reafirmou que quer enfrentar as denúncias no cargo.
"A gente tem que fazer uma reavaliação porque o nosso desgaste é muito grande” — Brizola Neto, deputado federal (PDT-RJ) e 2º vice-presidente do partido
MUSEU A CÉU ABERTO. Vice-presidente do PSB, Roberto Amaral fez um ensaio sobre a crise econômica internacional para nortear os debates do 12º Congresso do partido, que começa hoje, em Brasília. "O que resta da Europa, se mantiver a atual boa qualidade de seus serviços, conservar seus museus e não for abalada por grandes comoções, poderá ser o que é hoje, um bom destino turístico", conclui ele, no texto de 53 páginas.
Em voz alta
Na Conferência Nacional da Saúde, ontem, o governador Jaques Wagner (PT-BA) sugeriu que, em vez de aumentar o orçamento para 10% (Emenda 29), o dinheiro da Saúde fosse reajustada todo ano pela inflação mais um ganho real.
Empurrando
O líder do PSDB, senador Álvaro Dias (PR), afirma que já tem as assinaturas (27) para apresentar emendas à prorrogação da DRU. Sendo assim, a proposta volta para a CCJ e a votação em primeiro turno pula do dia 8 para o dia 12.
Mais um guerrilheiro no governo
Ex-militante da VPR, como a presidente Dilma, o diretor financeiro da Conab, Bona Garcia, vai assumir a presidência da Conab. Diferentemente da presidente, que militou no PDT, Bona fez carreira política no PMDB, tendo sido chefe da Casa Civil no governo Antonio Britto (RS). Em 1971, na ditadura militar, ele foi um dos 70 presos políticos que foram trocados pelo embaixador da Suíça, Giovanni Enrico Bucher, se exilando no Chile.
Iluminando
A diretora da Agência Internacional de Energia, Maria Van Der Houven, disse ontem ao ministro Edison Lobão (Minas e Energia), que a agência vai internacionalizar o"Luz Para Todos". Ela pediu que o Brasil se filie ao organismo.
Pró tempore
No dia 12, a diretora Magda Chambriand assumirá, como interina, o comando da Agência Nacional do Petróleo. Ficará no cargo até que seja escolhido, pela presidente Dilma, e sabatinado no Senado o sucessor de Haroldo Lima.
REAÇÃO. Diante da possibilidade de o PSD ter direito ao Fundo Partidário, o presidente do PP, senador Francisco Dornelles (RJ), protesta: "A matemática é errada. Os três deputados que saíram receberam 187 mil votos, mas vou perder o equivalente a 420 mil".
A SENADORA e presidente da CNA, Kátia Abreu (PSD-TO), ligou para dizer que não se refere à presidente como "Dilmão", pois seria "grotesco", e que se fosse fazer uma referência desse tipo seria "Dilminha".
COMPACTO. O DEM realiza sua convenção nacional, na próxima terça-feira, na pequena sede do partido, no 26º andar do Senado. Nada de pompa, como antes.
Sentinelas da ética - LUIZ GARCIA
O GLOBO - 02/12/11
É possível que quando este artigo sair do forno o país já tenha um novo ministro do Trabalho. Possível e desejável.
A pá de cal pode ter sido a decisão da Comissão de Ética Pública da Presidência da República, quarta-feira. Por unanimidade, os sete conselheiros recomendaram a exoneração do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, acusado, com fartura de provas, de ter relações íntimas demais com ONGs que mantêm convênios com o seu ministério.
Dilma Rousseff não é obrigada a concordar com as recomendações da comissão. Ela teria dito que agirá sem pressa e sem pressão. Entende-se: quem ocupa o mais alto cargo político e administrativo do país obviamente detesta tomar decisões que não sejam de sua própria iniciativa e sim propostas - alguns diriam que, neste episódio, seria mais correto falar em exigências - de partidos políticos, com evidente apoio da mídia e da opinião pública.
Uma solução possível para o impasse seria a demissão voluntária do ministro. Mas Lupi, pelo menos até agora, tem insistido em jurar inocência, com apoio do PDT. Deputados do partido reagiram à decisão da Comissão de Ética de duas maneiras: publicamente, defenderam o seu ministro - "a comissão é muito politizada", chegou a dizer um pedetista - mas, reservadamente, lamentaram que ele ainda não tenha protegido o partido largando o ministério.
Para a presidente, obviamente a melhor solução seria a demissão espontânea de Lupi. É sabido que ele não sobreviverá à reforma do Ministério marcada para janeiro. Mas é óbvio que ele prefere sair numa reformulação da equipe por motivos políticos - e não porque foi denunciado por mau comportamento.
Se Dilma decidisse atender à recomendação da Comissão de Ética, estaria, sem nenhum prejuízo para a autoridade do Executivo, prestigiando um órgão que certamente merece ser levado a sério pelo Executivo - e sem com isso dar qualquer sinal de fraqueza do Planalto.
Afinal de contas, se Lupi está destinado a ser mandado para casa - e ninguém duvida que isso acontecerá no mês que vem - a demissão antecipada seria simplesmente o reconhecimento de que a presidente reconhece a importância da existência de sentinelas da ética em Brasília.
Sinais de alerta - MERVAL PEREIRA
No momento em que universidades tunisianas entraram em greve contra a influência islâmica, após religiosos radicais terem ocupado um campus para pedir a separação entre estudantes homens e mulheres, anuncia-se o adiamento da apuração da eleição no Egito, com informações oficiosas de que a Irmandade Muçulmana teria obtido nas urnas cerca de 45% dos votos, resultado acima do que seus próprios dirigentes previam.
Aqui em Hammamet, cidade a cerca de 40 minutos de Túnis onde se realiza a conferência da Academia da Latinidade sobre “os novos imaginários democráticos” provocados pela Primavera Árabe, dois palestrantes foram além da euforia natural com a abertura democrática na região para fazer advertências importantes.
O ex-primeiro-ministro espanhol Felipe González destacou que é preciso criar condições para que o país receba investimentos que possibilitem seu desenvolvimento.
Ele se referia especialmente à Constituinte que foi eleita em outubro e tem um ano para aprovar as novas leis do país e convocar eleições presidenciais. González ressaltou que justamente as razões que desencadearam os protestos iniciados na Tunísia devem ser objeto de cuidado dos constituintes, como criação de empregos para a juventude, melhores condições para as mulheres.
A proteção aos direitos dos cidadãos é questão ainda muito sensível, depois de anos de governo ditatorial que expôs a população ao arbítrio de qualquer autoridade, até mesmo o fiscal da esquina, cujos achaques levaram o jovem verdureiro a tocar fogo às roupas, imolação pública que foi o gatilho para a mobilização da maioria silenciosa oprimida. Ele chamou a atenção para o perigo de frustrar os cidadãos que se mobilizaram para a “Revolução de Jasmim” e hoje jogam na futura Constituição suas esperanças de um país melhor.
Felipe González lembrou que quando assumiu a Presidência do governo espanhol, em 1982, na redemocratização, levou exatos 10 anos com investimentos negativos, até que conseguisse convencer os investidores de que o projeto espanhol era estável e tinha futuro.
O ex-primeiro-ministro espanhol chamou a atenção para o fato de que a falta de liderança política é a causa da crise da democracia representativa no mundo atual, pois os governos, em que pese continuam tendo a capacidade administrativa de atuar, não têm capacidade política para implementar seus projetos. Ele se referiu especificamente à incapacidade do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de superar o impasse político que divide republicanos e democratas, paralisando o governo norte-americano.
Já o professor de Ciências Políticas Samir Nair, argelino que exerce funções de conselheiro do governo francês, destacou o perigo de as revoltas nos países árabes se transformarem em movimentos religiosos comandados por partidos islâmicos.
Na Tunísia, assim como no Marrocos e tudo indica no Egito, os partidos islâmicos tiveram a maioria dos votos, mas até o momento o discurso oficial de todos eles é que o governo será laico.
O partido islâmico Ennahda, que lidera a coalizão vencedora das eleições na Tunísia, se espelha, pelo menos nas declarações oficiais, no partido turco do primeiro-ministro Recep Erdogan, que, embora islâmico, lidera um governo laico como condição primordial para a manutenção da democracia.
Samir Nair considera que a “Revolução de Jasmim”, que deu início à Primavera Árabe, tem a responsabilidade do exemplo, pois a revolução tunisiana quebrou “o paradigma mental sobre o qual vivia o mundo árabe”.
Para ele, a Tunísia representava o elo frágil, e o Egito o elo forte do encadeamento dos países árabes antes da Primavera Árabe. Frágil a Tunísia por que o governo ditatorial transformara- se em um governo mafioso, assim como no Egito e na Síria os governos passaram a ser uma “máfia hereditária”.
Ao mesmo tempo, por ser o Estado mais forte do mundo árabe, dos movimentos do Egito dependeria a evolução dos outros países árabes. Quando houve a revolução na Tunísia, raciocina Samir Nair, o povo egípcio viu logo que era possível fazer o mesmo lá, e com maior repercussão.
Por isso ele atribui à Tunísia um papel fundamental nos movimentos que se desenrolam nos países árabes. O professor Nair deixou claro em sua palestra que não foi o islamismo que venceu o que ele classifica de “Estado autoritário degenerescente”: “Foi a totalidade da sociedade que o fez, à base de uma mobilização pacífica não-religiosa”.
Ele ressalta que tanto na Tunísia quanto no Egito, não houve reivindicações que não fossem sobre a cidadania, sem conotação religiosa: dignidade da pessoa (contra a corrupção); direitos do homem (contra a arbitrariedade policial); distribuição de rendas (contra a desigualdade); trabalho (contra o desemprego); democracia (por uma sociedade de méritos e não de privilégios).
Com os partidos islâmicos surgindo como grandes forças eleitorais nos países da Primavera Árabe, o professor Nair pergunta: “A democracia não passa de um meio de as forças islâmicas tomarem o poder para mudar as regras do jogo?”. A alternativa seria essas forças se mostrarem realmente democráticas, aceitando a alternância de poder e também o pluralismo na sociedade civil.
Para ele, a resposta não está nas declarações oficiais ou nas promessas, mas sim nas instituições que resultarem da mudança, “os únicos mecanismos reais de proteção da liberdade”.
Ou bem as instituições são republicanas, baseadas na separação público privada, ou a democracia se tornará sinônimo da hegemonia totalitária de forças religiosas, adverte Samir Nair.
A patente e suas vítimas - ROGÉRIO CEZAR DE CERQUEIRA LEITE
FOLHA DE SP - 02/12/11
"A patente é um direito outorgado pelo governo a pessoas ou companhias para impedir outras pessoas ou companhias de produzir, vender ou usar um produto ou um processo que foi inventado por outrem." Acho que foi Perelman, em seu tratado sobre argumentação, que nos ensinou que, sempre que uma afirmativa não ficar clara em sua forma positiva, é conveniente reformulá-la na forma negativa.
É o que fizeram A. B. Jaffe e J. Lerner com a definição acima de patente. E, de fato, a patente tem sido usada antes para impedir a produção de um bem do que para realizá-la.
A indústria de semicondutores, em seus primórdios, ou seja, até meados da década de 80, não tinha a patente como objetivo importante, talvez devido à crescente velocidade de obsolescência de suas tecnologias. Um filme recente exemplifica essa condição.
Após oito anos de prisão, o personagem encarnado por Michael Douglas em "Wall Street 2" recebe os pertences entregues quando ali se apresentou. Dentre eles, o seu celular, um tijolo de um quilograma que não caberia no bolso e que não seria capaz de nada a não ser chamar um outro telefone.
Ora, de que serviria patente de 20 anos se o tempo de obsolescência médio de uma inovação no setor é inferior a um ano, senão para impedir a evolução e o progresso?
Foi a "Texas Instrument" que, no início da década de 80, percebeu o maná que poderia ser a legislação patentária. Formou legião de advogados especializados em litígio, depositou uma imensidão de pedidos de patentes e logo viu suas receitas provenientes de litígios devidos à propriedade intelectual suplantarem aquelas relativas à produção.
O exemplo foi logo seguido por uma coorte de empresas, e viu-se a proliferação de advogados de patentes, firmas e consultorias. Quanto mais aplicações de patentes, mais litígio, mais legislação e, consequentemente, mais advogados, mais parasitas, constituindo um círculo vicioso cuja única consequência é o retardamento do desenvolvimento tecnológico.
Para setores em que intensivas pesquisas predominam, o benefício proporcionado pela introdução da inovação no mercado é suficiente como retribuição pelos investimentos em pesquisas e eventuais mudanças de processos de produção que possam ter exigido investimentos expressivos.
Diferentes setores têm diferentes tempos de vida de suas tecnologias, desde a área de construção civil, em que uma tecnologia resiste por séculos, até a de telecomunicação e informática, ou aeronáutica, por exemplo, em que esse período pode ser, em média, de um semestre.
É óbvio, portanto, que ter um mesmo rígido período de monopólio de 20 anos serve principalmente para retardar a evolução tecnológica e rechear os bolsos de advogados, burocratas e outros parasitas do tráfico patentário.
ROGÉRIO CEZAR DE CERQUEIRA LEITE, 80, físico, é professor emérito da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), membro do Conselho de Ciência e Tecnologia da República e do Conselho Editorial da Folha.
Mais um arremedo - MIRIAM LEITÃO
O GLOBO - 02/12/11
O problema do conjunto de medidas de ontem do Ministério da Fazenda para estimular a economia é que ele é desconjuntado. Há algumas iniciativas inteligentes, há velharias, há revogações de decisões tomadas e a mesma tendência de atender aos lobbies. A pior de todas as medidas é o “Reintegra”, que dará, segundo a Fazenda, R$ 4,5 bilhões por ano aos exportadores.
Esse benefício já havia sido anunciado antes: exportadores de manufaturados receberão 3% do valor das suas exportações. Segundo o secretário-executivo-adjunto do Ministério da Fazenda, Dyogo Oliveira, o programa Reintegra somará R$ 372 milhões em dezembro.
A medida é muito parecida, até no nome, com o “Reintegro”, da Argentina; lembra também o crédito-prêmio de IPI com o qual o Brasil premiou exportadores nos anos 1970. O instrumento foi condenado pela OMC e suspenso. Alguns empresários acharam que tinham direito vitalício a ele e entraram no Supremo requerendo o pagamento de uma suposta dívida do Tesouro com eles. O Supremo derrubou o pedido dos exportadores.
É uma velharia sem tamanho. Os seus defensores dizem que é desoneração das exportações, mas se for isso tinha que ter sido feita de forma mais sofisticada: tirando-se mesmo os impostos ainda incidentes sobre as vendas ao exterior. Do jeito que foi desenhada pode enfrentar de novo problemas na OMC.
Política industrial eficiente é aquela que reduz o Custo Brasil e prepara o país para os desafios futuros. Esse monte de remendo é apenas o atendimento aos lobbies que batem sempre em Brasília. Alguns governos são mais vulneráveis a essas pressões; outros, mais insensíveis. O atual faz parte do primeiro grupo.
O Brasil precisa de reduções mais fortes da carga de impostos através de uma verdadeira reforma tributária — sempre adiada. Precisa cortar custos que incidem sobre a folha salarial. Precisa dos investimentos certos na infraestrutura que aumentem a eficiência logística do país. A lista é longa, é sempre a mesma. Está terminando o primeiro ano do governo Dilma e não há agenda de reformas no Congresso. O capital político do início do mandato foi queimado sem que se soubesse qual é o projeto do governo.
Algumas medidas fazem sentido, como as reduções ou eliminação do IOF sobre investimento estrangeiro, seja em ações seja em títulos públicos de longo prazo. Num período em que o mundo se aproxima do risco de um travamento global do crédito (Credit Crunch), nada melhor do que atraí-los para cá. Como as bolsas estão voláteis e com tendência negativa no mundo, não faz sentido taxar os investidores que escolham a Bovespa ou negócios com papéis de empresas brasileiras. É inteligente retirar o IOF de 6% sobre o capital estrangeiro que aceite comprar títulos públicos de quatro anos. Assim, o Brasil induz o alongamento da dívida e barra o capital que vem por pouco tempo apenas para fazer a arbitragem de juros.
A redução do IOF de 3% para 2,5% para as operações de crédito para pessoas físicas é boa mas moderada. Os juros já são altos demais no Brasil, os spreads bancários, abusivos, os impostos sobre intermediação financeira são excessivos. Tudo isso faz com que o Brasil tenha o dinheiro mais caro do mundo. Em algumas modalidades, como a do crédito rotativo do cartão de crédito, as taxas são bizarras e, além disso, perigosas. O Banco Central recuou recentemente de uma medida acertadíssima que era elevar o pagamento mínimo exigido para o cartão de crédito. O Ministério da Fazenda e o Banco Central deveriam estimular as modalidades mais baratas de crédito e, aos poucos, ir desestimulando o endividamento mais perigoso.
Afinal, como lembrou ontem a economista Monica de Bolle, em texto da Galanto Consultoria, foi o modelo de medidas de incentivo ao consumo e estímulo ao endividamento excessivo que levou os EUA à bancarrota.
O pacote não é pacote, disse o ministro da Fazenda. É um conjunto de medidas e outras poderão ser tomadas —“agora que a inflação está controlada” — para se atingir o objetivo de crescer entre 4,5% e 5%.
O ano que vem deve ser o inverso de 2011, em que a economia entrou acelerada e foi perdendo fôlego. O país iria crescer 5% em 2011, na previsão feita por Mantega no começo do ano. O melhor cenário agora é de que termina em 3%. No ano que vem o país entrará com a economia mais fria e pode aumentar o ritmo ao longo do ano se a situação externa não se deteriorar ainda mais. A inflação ainda está acima do teto da meta, deve cair nos próximos meses e as previsões para 2012 estão sendo reduzidas porque foi mudado o sistema de pesos do IPCA.
A propósito, alguns dos itens beneficiados ontem, como bens de consumo duráveis e os que já haviam sido beneficiados em outro momento, como automóveis, passarão a ter maior peso no IPCA. Se a queda do imposto permitir o reajuste menor de preço isso ajudará no cálculo da inflação.
A queda das taxas de juros pelo Banco Central e algumas das novas medidas ajudam a manter o crescimento num momento de crise externa profunda. Mas a solução não é uma nova gambiarra, nem uma velha benesse. O país precisa de reformas com efeito permanente.
A placa teutônica - MONICA B., DE BOLLE
O ESTADÃO - 02/12/11
E se a Alemanha sair do euro? A pergunta, imponderável há poucos meses, está agora na mente de muitos analistas, economistas, investidores, gestores de política econômica e, talvez, mais importante do que tudo e todos, do povo alemão. Não é muito difícil imaginar o motivo. Pensem numa senhora de meia-idade, nascida nos tempos da cortina de ferro da Alemanha Oriental. Chamemo-la de Angela. Angela conhece bem a penúria daqueles anos, seja porque viveu diretamente a experiência da dominação soviética, seja porque morava bem ao lado. Com essa vivência, Angela consegue imaginar as dificuldades que assolam muitos países da região. Porém, ela também sabe que, se o seu país continuar na camisa de força do euro, o futuro das gerações mais jovens de sua família estará comprometido. Será que terão acesso à saúde gratuita, à educação de boa qualidade, ao mercado de trabalho? Ou será que terão de pagar impostos elevados e repartir as suas minguadas economias com os habitantes de outros países, enquanto penam nas filas dos hospitais e assistem à corrosão da renda pela inflação?
Eurobônus ou emissão de moeda pelo Banco Central Europeu (BCE) para salvar os países que já não conseguem mais se financiar? Pouco importa. A conta é da Alemanha, das diversas Angelas, angustiadas pelas dúvidas crescentes em relação ao futuro. É por isso que a outra Angela, a Merkel, a chanceler do país, insiste em rechaçar as propostas de "socialização das perdas" implícitas nos eurobônus ou no uso do BCE como emprestador de última instância. Mas o que tem a oferecer em troca é difícil, leva tempo, mais tempo do que os mercados estão dispostos a dar. A "barganha" de Merkel é a convergência para uma união fiscal entre os países do euro, que exige a aprovação dos diversos Parlamentos para ter legitimidade. E não é qualquer união fiscal. Tem de seguir os princípios da Alemanha, com regras claras e rígidas para os limites de déficit público e endividamento e que, se infringidas, submeteriam o transgressor a duras penalidades.
Não fosse a Europa uma região marcada por um histórico tão turbulento, pelos rancores das guerras, talvez a barganha de Merkel tivesse alguma chance de sucesso - afinal, faz todo o sentido. No entanto, a opinião pública de vários países já se mostra refratária às propostas de "germanização", encaradas com grande desconfiança, trazendo à lembrança memórias dolorosas de outro tipo de "germanização". Para muitos, a Alemanha já é a "vilã" do euro. Portanto, os argumentos de que o capital político investido pelo país na criação do euro e de que o custo da percepção negativa dos demais membros, se resolvesse sair da união monetária, impediriam esse desdobramento têm menos peso hoje do que tiveram até recentemente.
Outros argumentos usados para refutar a possibilidade de saída da Alemanha são o de que isso não interessaria ao país, já que o marco alemão se valorizaria muito diante das demais moedas, prejudicando a indústria exportadora, e o de que a própria saída da maior economia da eurozona desmantelaria a moeda única. No primeiro caso, vale lembrar que, embora a economia alemã seja forte, as contas públicas do país não são muito melhores do que as da França - a razão dívida/PIB é bem semelhante -, o que limitaria a valorização do marco. Já no segundo, a saída da Alemanha removeria os obstáculos às intervenções do BCE e à desvalorização mais acentuada do euro, ambas necessárias para auxiliar os países remanescentes.
Enquanto a crise europeia se agrava, os argumentos, os limites de tolerância, os custos políticos e econômicos de diversos cenários se alteram. O antes inimaginável cenário da placa teutônica se desgarrando das terras da moeda única tornou-se possível, quiçá até provável.
Gerhard Schröder, chanceler da Alemanha entre 1998 e 2005, disse certa vez que "a Alemanha é a favor da integração precisamente porque a dominação não interessa". Hoje, não há uma contraposição entre os dois conceitos. Integração com a Alemanha tornou-se sinônimo de dominação. Será isso realmente aceitável para todos os envolvidos?
Depois da transfusão, ressaquinha - VINICIUS TORRES FREIRE
FOLHA DE SP - 02/12/11
Um dia após a transfusão de dólares para a Europa, volta a ansiedade sobre asfixia do sistema financeiro
Como de costume, uma rotina, aliás, cada vez mais perigosa, passou a euforiazinha a respeito da "ação coordenada dos bancos centrais" do mundo rico para dar um copo de dólares para a banca europeia, sob risco de sede terminal.
Não podia ser de outro modo. O problema emergencial de financiamento em dólares dos bancos europeus é apenas um sintoma.
A doença vai continuar a piorar a não ser que as lideranças políticas e econômicas da União Europeia tomem alguma medida mais decisiva, nas reuniões que terão na semana que vem.
Caso não façam nada, ou empurrem o problema com a barriga, como o têm feito desde dezembro de 2009, o caldo vai engrossar mesmo.
O mal europeu vai contaminar de vez negócios como, por exemplo, financiamento do comércio mundial, espalhando a crise ainda mais rapidamente pelo resto do mundo.
Isso, claro, se não se fizer uma bobagem ainda maior, como deixar alguma grande instituição financeira mergulhar no vinagre.
Os bancos estão secos de dinheiro porque: 1) governos europeus, devedores da banca, estão quebrando. Logo, bancos podem quebrar;
2) parte da "riqueza" dos bancos, de seus ativos, está valendo cada vez menos (trata-se dos papéis da dívida desses governos);
3) depositantes dos bancos europeus estão fugindo deles;
4) as autoridades supervisoras europeias estão exigindo mais capital dos bancos (isto é, os bancos podem fazer menos negócios, dado um certo patrimônio; logo, eles "emprestam" menos, inclusive entre eles mesmos, os próprios bancos);
5) ninguém quer emprestar dinheiro a bancos que sofrem de sangria de dinheiro, sob risco de calote de seus grandes devedores e numa economia arrochada.
O que, se espera, que se faça? Que o Banco Central Europeu (BCE) baixe sua taxa de juros (que havia elevado neste ano, de modo espantosamente idiótico). Que o BCE expanda e barateie seus empréstimos para os bancos asfixiados. Além do mais, que passe a aceitar quase qualquer coisa dos bancos como garantia para esses empréstimos.
A esperança maior é a de que o BCE financie, quase sem mais, governos e bancos. A esperança é a última que morre. Mas morre.
Tal solução, até agora rejeitada pelos "donos" do BCE, os alemães, dependeria, de qualquer modo, de um esquema de "calote organizado", de refinanciamento dos governos quebrados ou semiquebrados e da expansão do fundo de socorro a governos quase falidos.
Nada disso ainda está arrumado ou nem mesmo acertado. Para piorar, o BCE apenas assumiria o papel de "emprestador-mor e geral de última instância" caso a União Europeia tivesse poderes de intervenção sobre despesas e dívidas dos governos da eurozona. Mario Draghi, presidente do BCE faz apenas um mês, deu essa dica de novo, ontem. Mas foi vago e, no fim das contas, não se sabe se vai ouvir um "nein" furibundo dos alemães.
Segunda-feira alemães e franceses se encontram para discutir o que vão apresentar na cúpula europeia de sexta-feira. Na quinta, o BCE decide a taxa de juros. Não se trata de dizer que o mundo acaba na segunda, dia 12, se nada for feito. Mas a crise vai se espalhar com uma mancha de óleo pela economia mundial.
Funeral da Ética - ELIANE CANTANHÊDE
FOLHA DE SP - 02/12/11
BRASÍLIA - O embaixador Marcílio Marques Moreira deu adeus à presidência da Comissão de Ética Pública depois que Lula e Carlos Lupi não deram a menor bola para o parecer do órgão contra o acúmulo de funções -Lupi era, simultaneamente, ministro e presidente do PDT. É proibido, mas só depois de meses ele se licenciou do partido.
Perguntei na quarta-feira ao atual presidente da comissão, Sepúlveda Pertence, que já presidiu o Supremo:
"E se Dilma fizer como Lula e não acatar a recomendação da comissão para exonerar Lupi?"
"Eu não sei, mas estou preparado para enfrentar o que der e vier. A recomendação é o máximo que podemos fazer. O poder é da presidente, não da comissão. Ela é que vai sopesar a conveniência ética e política de manter o ministro."
Pois é. Dilma "sopesou" e decidiu manter Lupi mais um pouco, sabe-se lá até quando, apesar...
...do parecer da comissão;
...das acusações de que o Ministério do Trabalho cobra propinas, repassa recursos para ONGs desaconselhadas por órgãos do próprio governo e desvia verbas para o partido e para partidários;
...de o próprio Lupi ter mentido sobre o jatinho e as relações com um empresário esquisitão;
...de ter sido duplo funcionário-fantasma, na Câmara, em Brasília, e na Câmara Municipal do Rio;
...da falta de compostura: "Só saio abatido a bala", "Te amo, Dilma!". (Isso pesou particularmente na recomendação da comissão.)
A decisão da presidente da República mata a Comissão de Ética, enterra a autoridade dos seus integrantes e realça o quanto os órgãos de controle (e a própria CGU) são tratados como balangandãs.
A opinião pública sabe perfeitamente por que a comissão pediu a demissão, mas não por que a presidente insiste (ou insistia até ontem, pelo menos) em manter o ministro. A faxina acabou, mas o lixo continua.
O impasse em Durban, as dúvidas na Rio+20 - WASHINGTON NOVAES
O ESTADÃO - 02/12/11
Com os impasses na Convenção do Clima - que a própria ONU havia antecipado - já confirmados na reunião de Durban, na África do Sul, em andamento, a esperança de muita gente se volta para a Rio+20, programada para junho do ano que vem no Rio de Janeiro. E como se sabe que os grandes temas da Rio-92 praticamente em nada avançaram nestas duas décadas - biodiversidade, clima, Agenda 21 mundial, redução do desmatamento -, o temário da reunião de 2012 já foi modificado pela ONU. Agora, centra-se na "economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza" e no "marco institucional para o desenvolvimento sustentável". Temas nos quais cabe praticamente tudo, sem necessidade de balanços das duas décadas ou de definir metas mensuráveis. Mas já com profundas divergências manifestadas nas discussões prévias por ONGs, comunidades tradicionais e indígenas, corporações transnacionais.
No mesmo momento em que em Durban se discutiam as questões relacionadas com as mudanças climáticas, um relatório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) já punha em foco muitas das dificuldades do "desenvolvimento sustentável", relacionadas principalmente com a agricultura. A degradação progressiva e a escassez dos recursos terra e água, afirma o documento, "põem em perigo os sistemas-chave da produção de alimentos no mundo, na hora em que já se discute como se fará para alimentar 9 bilhões de pessoas em 2050". O relatório ressalva que houve muitos êxitos nessa área em 50 anos, mas também associados a muitas práticas que degradaram terras e sistemas hídricos. E isso ameaça a própria expansão da produção. O problema vai das terras americanas às estepes da Ásia Central, da Austrália à região central dos Estados Unidos, da Europa mediterrânea à África. E inclui no problema a expansão da pecuária e da produção de alimentos, assim como a produção de biocombustíveis - e ainda com a possibilidade de novos problemas gerados pelo aumento da temperatura planetária, por chuvas e alterações no fluxo dos rios.
O próprio uso intensivo de recursos contribuiu - uma vez que entre 1961 e 2009 a superfície agrícola mundial cresceu 12% - para um aumento da produção de 150%. Mas já há lugares onde ocorre um decréscimo, com a produção reduzida à metade do que foi no início da "resolução verde". Por isso mesmo, 25% das terras no mundo estão altamente degradadas e 8% em nível moderado, ante 36% estáveis e 10% melhorando a situação. A agricultura ocupa 1,6 bilhão de hectares (Estado, 29/11).
A FAO enfatiza ainda que é preciso reduzir a dependência do sistema da alimentação em relação aos combustíveis fósseis, em toda a cadeia, que vai da produção de insumos e plantio ao processamento, transporte, comercialização e consumo. Ao longo dessa cadeia se consomem 30% da energia produzida no mundo e se geram 20% das emissões que contribuem para mudanças do clima. É preciso trabalhar com energias "alternativas", diz. Além disso, nos países ditos em desenvolvimento será indispensável investir pelo menos US$ 100 bilhões para aumentar a produção de alimentos. Chegar ao aumento de 70% na produção exigirá o consumo de mais 36% de energia só até 2035.
Tudo fica ainda mais difícil quando se lembra, como o Banco Mundial (Estado, 24/7/2010), que 35 dos países que mais sofrem com falta de alimentos estão na África, onde os recursos são mais do que escassos. Pode-se chegar a 2015 com 1,8 bilhão de pessoas sofrendo com a escassez, se somado o aumento da população aos problemas da degradação de recursos. A agricultura, ressalta, consome hoje cerca de 70% de toda a água no mundo. Mas com investimento anual de US$ 198 bilhões no setor hídrico, assegura o Relatório da Economia Verde lançado pela ONU na Conferência Mundial da Água em Estocolmo (agosto de 2011), pode-se reduzir a escassez de água e reduzir pela metade o número de pessoas sem acesso ao líquido de boa qualidade, assim como baixar em 50% o número de pessoas sem saneamento básico.
No Brasil, que faríamos? Poderíamos começar reduzindo as perdas nos sistemas de distribuição de água nas cidades, onde mais de 40% da que sai das estações de tratamento se perde pelo caminho, por causa de furos e vazamentos em redes antigas e sem conservação. Uma das poucas cidades onde as perdas estão sendo reduzidas é São Paulo, com financiamentos até do Japão. Mas as águas que serão transpostas do Rio São Francisco irão em boa parte para abastecimento de cidades onde a perda é até maior que a média (e com alto custo, pois a água desviada do rio terá de subir centenas de metros). E o maior problema está - como já se comentou neste espaço - em que até recentemente não havia um só sistema de financiamento para recuperação de redes.
Outro problema está na defasagem de grande parte dos equipamentos de irrigação no País, ainda antigos e que desperdiçam mais de 50% da água espargida a grande altura. A consequência é a perda de boa parte por evaporação, enquanto outra parte, com seu próprio peso, contribui para a compactação do solo, a erosão e o carreamento de sedimentos e insumos químicos para os rios, onde são a principal fonte de poluição (no mundo, 100 milhões de toneladas/ano de nitrogênio chegam por esse caminho aos oceanos e são a maior causa de perda de sua biodiversidade, diz o Pnuma). Bastaria que se proibisse, por portaria dos bancos oficiais, o financiamento a esses equipamentos obsoletos para que o problema diminuísse muito.
São, todas as mencionadas, questões importantes no caminho do "desenvolvimento sustentável", quase todas entrelaçadas com lógicas financeiras difíceis de abandonar - especialmente num momento de crise econômico-financeira que, a julgar pelos acontecimentos até aqui, pode inclusive agravar-se.
Tudo isso leva muitos analistas a até mesmo duvidar de que a ONU mantenha o calendário e os temas para a Rio+20.
Compre, mas reclame - RENATA LO PRETE
FOLHA DE SP - 02/12/11
Depois das medidas de incentivo ao crédito, com expectativa de repercussão nas compras de Natal, Dilma Rousseff prepara pacote de proteção ao consumidor. Dois projetos já avalizados pela Casa Civil estão na mesa da presidente: um confere aos Procons estaduais poderes para finalizar acordos entre compradores insatisfeitos e fornecedores, sem necessidade de recurso judicial, e outro dá autonomia aos órgãos regionais para aplicação de multas coletivas e por reincidência.
O Planalto também planeja tirar do papel a Secretaria Nacional de Defesa do Consumidor, acoplada ao Ministério da Justiça e fruto da reformulação do Cade.
Nem um... A conversa de Dilma com Carlos Lupi, ontem, versou mais sobre a revelação do duplo emprego fantasma do que sobre o sinal vermelho dado pela Comissão de Ética ao ministro. De início, a presidente nem queria recebê-lo. Estava concentrada na pauta econômica.
...nem outro Mesmo estando farta de Lupi, Dilma reprovou as conclusões da comissão no conteúdo (a seu ver exagerado) e na forma (o Planalto soube do resultado da reunião pela imprensa).
Espectros Do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), sobre os vários papeis de Lupi: "Em Brasília ele era o Gasparzinho. No Rio, o Pluft".
Abafa o caso É grande o desconforto na CEF com o "convite", aprovado na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara, para que o presidente do banco, Jorge Hereda, e os vices Marcio Percival (Finanças) e Marcio Vasconcelos (Ativos de Terceiros) expliquem aos deputados a encrenca do PanAmericano.
Twist De um colega de Supremo, sobre o fato de Luiz Fux ter recuado, no julgamento da Ficha Limpa, do entendimento de que seria aceitável a candidatura de quem renunciou para fugir da cassação: "O ministro consultou o Ibope e voltou atrás".
Domínio Está registrado em nome do PCO, aquinhoado com recursos do fundo partidário, o site "USP Livre", porta-voz dos invasores da reitoria, que prega a saída de João Grandino Rodas.
Mais um Lula receberá o prêmio "Democracia e Liberdade", a ser entregue pela CUT no dia 13, data em que a central sindical lembrará no Tuca os 43 anos do AI-5.
Antimancha Na esteira do vazamento no campo de Frade (RJ), o secretário estadual de Energia, José Aníbal, pediu à Petrobras que o foco do centro de pesquisa a ser montado pela estatal em SP seja a prevenção de acidentes em bacias de exploração.
Extra Deputados governistas avisaram Geraldo Alckmin que proporão emendas para turbinar o Orçamento das secretarias de Esporte, Turismo e Trabalho, controladas, respectivamente, pelos aliados PTB, PSB e PPS.
Melhor idade O deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP) apresentará PEC que exige experiência mínima de oito anos para auditores indicados aos tribunais de contas. A medida visa evitar que recém-aprovados em concursos virem conselheiros.
Visitas à Folha Guilherme Afif Domingos (PSD), vice-governador de São Paulo, visitou ontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebido em almoço. Estava com Viviane Cardoso de Sá, assessora de imprensa.
Ricardo Tripoli, deputado federal (PSDB-SP), visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Renata Freitas, assessora de imprensa.
com LETÍCIA SANDER e FÁBIO ZAMBELI
tiroteio
"Paulinho perdeu mais uma chance de ficar calado. Ele deveria saber que Churchill assumiu o poder na Inglaterra com 70 anos. E que Nero botou fogo em Roma aos 27."
DO SENADOR PEDRO TAQUES (PDT-MT), condenando o ataque de seu correligionário aos integrantes da Comissão de Ética Pública, chamados pelo deputado de "gagás" e "retardados" por terem recomendado a saída de Carlos Lupi.
contraponto
Bullying ministerial
Em recente viagem com Dilma ao Nordeste, Wagner Bittencourt (Aviação Civil) comentou que até o próximo dia 15 estarão prontos os editais de licitação para ampliar Cumbica e Viracopos. A presidente interrompeu na hora:
-Quando, ministro?
-15 de dezembro!- ele repetiu prontamente.
-Quando mesmo?
_15 de dezembro...
Dilma arrematou:
-Vocês todos ouviram, né? Ele falou 15 de dezembro!
MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO
FOLHA DE SP - 02/12/11
Código de barras bloqueará venda de produtos vencidos
A Apas (Associação Paulista de Supermercados) desenvolve um novo modelo de código de barras que impossibilitará a venda de produtos fora do prazo de validade.
A iniciativa, que deve começar a ser utilizada em 2013, prevê a instalação de um software nas balanças e nos caixas dos supermercados.
"Quando o cliente chegar ao caixa, a tecnologia acusará que o produto está vencido", diz o presidente da entidade, João Galassi.
Hoje o controle é manual, o que acarreta em mais produtos vencidos nas prateleiras dos supermercados.
Em pesquisa feita nos últimos 40 dias, 56,2% dos estabelecimentos registraram reclamações sobre mercadorias fora do prazo de validade.
As principais ocorrências são de alimentos perecíveis (35,6%) e produtos de mercearia (24,7%).
"É uma estatística que precisa melhorar. Alguns supermercados dão mais atenção para itens com prazo menor, como pães e carnes, e deixam outros itens de lado", afirma o diretor-executivo do Procon-SP, Paulo Góes.
O novo tipo de código de barras, que é desenvolvido com a empresa de balanças Toledo, também facilitará o controle de vendas dos supermercados do país.
"O sistema mostrará quantos itens foram vendidos de cada lote. Os estabelecimentos saberão o que está dentro da loja, mesmo que o consumidor tenha pegado o produto e deixado em outra prateleira", diz Galassi.
NÚMERO
56,2%
dos supermercados do Estado de São Paulo registraram reclamações de consumidores sobre mercadorias fora do prazo de validade nos últimos 40 dias
RISCO NA INDÚSTRIA
A insuficiência de capital para as empresas de energia renovável é apontada como o risco mais grave do setor.
Problemas com clima, políticas regulatórias e velocidade com que as tecnologias ficam obsoletas também foram apontados como riscos.
A pesquisa mostra ainda que 70% dos entrevistados conseguem identificar os problemas, mas só 61% conseguem reduzi-los.
Um dos principais obstáculos a uma gestão mais eficiente dos riscos é a falta de dados sobre a indústria, segundo o levantamento.
A maioria das empresas opta por adquirir seguros para transferir os riscos a terceiros. O mercado de capitais também é usado, através de "títulos catástrofes".
Para a realização da pesquisa, 284 pessoas foram ouvidas. O levantamento estudou a produção de energia
renovável na Europa ocidental, nos Estados Unidos e na Austrália.
Produção e vendas do setor químico caem em outubro
A indústria de produtos químicos deu os primeiros sinais de desaquecimento em outubro, segundo relatório da Abiquim (Associação Brasileira da Indústria Química).
Após três meses de altas consecutivas, as vendas recuaram 7,9%. No acumulado do ano, a queda é de 4%.
A instabilidade gerada pela crise internacional é apontada como causa da redução na comercialização de produtos químicos.
Além do recuo nas vendas, a fabricação de químicos também diminuiu (0,16% no mês de outubro).
A maioria das empresas que registraram índices de produção menores atribuiu o fato à elevada concorrência com os importados.
O alto custo de matérias-primas diminuiu a competitividade das empresas, de acordo com o relatório.
Apesar do desaquecimento, os preços se mantiveram em alta. O setor, porém, acredita que pode haver uma queda diante do crescimento dos excedentes mundiais e do modo operacional das fábricas.
A indústria química trabalha em processo contínuo e não consegue reduzir a produção no mesmo ritmo que a demanda diminui.
Lanche O McDonald's abrirá 30 unidades no país até o fim deste ano. Haverá inaugurações em todos os Estados da região Sudeste.
ALTERNATIVA BRASIL
O Brasil é um dos dez países mais atraentes do mundo para investimento em energia renovável, segundo estudo da Ernst & Young.
É a melhor posição que o Brasil ocupa desde 2008, quando a companhia começou a produzir o levantamento que analisa o potencial de energias eólica, solar, geotérmica e de biomassa.
"O Brasil deve subir ainda mais no ranking nos próximos anos, principalmente devido ao avanço do segmento eólico", diz Luiz Claudio Campos, sócio da empresa de auditoria e consultoria.
Em 2012, os investimentos em energia alternativa no Brasil crescerão 20% ante este ano, segundo Campos.
"Se incluíssemos no estudo os grandes projetos hidrelétricos, que causam algum impacto ambiental, como Itaipu e Belo Monte, o Brasil estaria em uma posição ainda melhor."
CADE PRÉ-CHEQUE
A lei que cria o "Super-Cade", sancionada ontem, muda a forma de as empresas irem às compras de concorrentes. Agora, antes de assinar o cheque, a compradora terá de comunicar o negócio ao órgão. "Por lei, as empresas vão ter de esperar para concluir a operação e colocá-la em prática", diz Amadeu Ribeiro, sócio do Mattos Filho Advogados. O contrato entre as partes terá cláusula que sujeitará o negócio à sua aprovação. "Caberá à empresa convencer a autoridade, não o contrário, como antes", afirma. "O Apro [acordo que prevê a reversibilidade do negócio] só existirá em casos excepcionais. Na prática, deixa de existir."
com JOANA CUNHA, VITOR SION e LUCIANA DYNIEWICZ