segunda-feira, agosto 22, 2011

GEORGE VIDOR - Alucinações


Alucinações
GEORGE VIDOR
O GLOBO - 22/08/11

Motivos não faltam para preocupações reais com os rumos das economias no chamado mundo desenvolvido, mas os mercados, que vivem de expectativas, estão sofrendo alucinações e passaram a ver chifres em cabeça de cavalo o tempo todo. Sequer se sensibilizam com os lucros fantásticos registrados pelas empresas que puxam as bolsas de valores americanas e a Bovespa.

Na lista das companhias com maiores lucros nos Estados Unidos encontram-se quatro bancos (JP Morgan, Citi, Wells Fargo e Bank of America), uma seguradora (Berkshire Hathaway, do grupo do bilionário Warren Buffett), cinco companhias de tecnologia da informação (Apple, Microsoft, IBM, Oracle e Google), três petrolíferas (ExxonMobil, Chevron e Conoco), uma fabricante de equipamentos (General Electric) e uma empresa de varejo (Walmart). Sinal de que nem tudo vai tão mal assim. No Brasil, Petrobras e Vale tiveram os maiores lucros de sua história no primeiro semestre.

Ou seja, os acionistas ganharam dinheiro como nunca nos negócios das próprias empresas, e nas bolsas perderam uma barbaridade por causa das alucinações com o fantasma da recessão que anda assombrando o mundo.

É inútil tentar encontrar alguma lógica ou racionalidade quando os mercados mergulham nessa fase. É comum alternarem euforia e profundo pessimismo. Nos indivíduos, diz-se que é um comportamento maníaco-depressivo.

A Alemanha cresceu a um ritmo de quase 5% no primeiro trimestre. A França cresceu em ritmo considerável no período (cerca de 3,5%). Os especialistas sabiam que esse ritmo não seria mantido diante das dificuldades enfrentadas pela União Europeia e pelos Estados Unidos. Mas quando os números do segundo trimestre foram revelados, confirmando a queda no ritmo de crescimento, os mercados reagiram muito mal, como se fosse uma surpresa. Como foi dito, os mercados são ciclotímicos. Têm fases que andam à cata de boas notícias. Agora, só reagem às más.

A associação das empresas concessionárias de terminais de contêineres (Abratec) espera, para este ano, um crescimento de 10% a 11% no movimento do setor. Os portos brasileiros movimentam anualmente cerca de oito milhões de contêineres. Até minério de ferro (de alta qualidade, relativamente em pequenas quantidades, para fins especiais da indústria) e açúcar já têm sido transportados nesses cofres de carga.

Sérgio Salomão, que preside a Abratec, diz que, mesmo com toda a ameaça de crise lá fora, as empresas que administram os terminais não podem postergar investimentos, pois precisam estar preparadas, com razoável antecipação, para qualquer aumento de demanda não previsto. O maior desafio é a busca pela produtividade: a média brasileira de carga e descarga de contêineres está em 50 unidades por hora. Mas já se chega a atingir números bem maiores, como é o caso do Santos Brasil, que recentemente bateu na casa de 110 contêineres movimentados por hora. No passado, quem chegasse a 40 contêineres por hora era merecedor de palmas...

Na avaliação de quem entende do ramo, o álcool hidratado tem pouca possibilidade de voltar a ser competitivo na maior parte do país enquanto a gasolina permanecer nos patamares atuais (R$1,70 por litro, na refinaria, sem adição de etanol). As usinas produtoras de etanol não esperavam que os preços da gasolina ficassem inalterados por tanto tempo.

No caso do álcool anidro, que é misturado à gasolina, na proporção de 25%, o preço do derivado do petróleo não causa o mesmo impacto sofrido pelo álcool hidratado, pois não é um combustível concorrente.

Enquanto as vendas de álcool anidro crescem no mesmo ritmo do consumo de gasolina, as de álcool hidratado tendem a minguar, até que esse combustível volte a ser competitivo no Brasil.

O restaurante pousada Locanda della Mimosa, no Vale Florido, em Petrópolis, um dos poucos do país a figurar em renomados guias gastronômicos internacionais, esteve para fechar. Depois que o casal proprietário se separou, ficou difícil tocar o negócio, pois havia necessidade de renovação até mesmo de conceitos do restaurante e tudo ficou meio parado. Mas apareceu um comprador, no caso o escritor Aguinaldo Silva (autor da novela "Fina Estampa", da TV Globo, que estreia hoje). Ele adquiriu 100% da propriedade e 70% do negócio, mantendo somente Lilian Seldin como sócia - Danio Braga vendeu toda a parte que detinha, deixando, no entanto, vários bons vinhos na adega do restaurante.

Lilian permanece à frente do Locanda e de imediato está levando adiante algumas mudanças combinadas com Aguinaldo. A pousada terá mais dois quartos, além dos seis já existentes, e haverá uma área reservada para festas e recepções. O cardápio, mais enxuto, ainda é de de tirar o chapéu; está mais para a cozinha brasileira, porém sem abandonar o vínculo original com a italiana (massas e risotos). E os preços estão adequados para um restaurante estrelado na serra. Como novidade, no jantar de uma sexta-feira por mês o Locanda voltará a servir apenas pizza. E também mensalmente haverá um brunch aos domingos. O Locanda, que não recebia crianças, agora tem até um menu especial para as que não desejarem se aventurar em pratos menos infantis.

Especialistas em propriedade intelectual se reúnem de sexta a domingo no seu XXXI Congresso Internacional, em um hotel na Barra da Tijuca. O tema central do evento é a inovação, mas o debate dificilmente fugirá de uma questão do momento que é o direito autoral nesse meio incontrolável que é a internet. A legislação tem sido atropelada pela realidade e o congresso discutirá o que se pode fazer para neutralizar os novos piratas.

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