segunda-feira, junho 20, 2011

ROBERTO ZENTGRAF - Sem a menor cerimônia


Sem a menor cerimônia
ROBERTO ZENTGRAF
O GLOBO - 20/06/11
E então, meu querido amigo-leitor, aconteceu com você também? Fui todo animado consultar o site da Receita Federal se minha restituição do IR tinha sido restituída (!) e dei de cara com a mensagem lacônica "Sua declaração está na base de dados da RFB". Fazer o quê, né? Já me acostumei, pois mesmo tendo sempre enviado as minhas declarações antes do prazo final e sem erros ou trapaças fiscais, nunca peguei o dinheiro que paguei a mais de imposto antes do quinto lote, que este ano será pago em 17 de outubro (o cronograma da Receita está disponível na internet, no endereço http://bit.ly/2oJMj7). Mas pensemos pelo lado positivo: tendo me acostumado à demora, passei a me planejar sem incluí-la em meu orçamento! Entretanto, sei que muitos - infelizmente! - não têm a mesma opção e, assim, pensei em abordar no artigo de hoje algumas opções para você usar a sua restituição. Vamos a elas!

1. Como investimento: Enquanto a restituição não chega, a receita aplica a Taxa Selic sobre o saldo. Caso você não esteja pendurado em dívidas e aceite a poupança forçada imposta pelo governo, isso vira uma excelente alternativa de investimento, pois não paga taxa de administração e é isenta de impostos. Posto de outra forma: funciona como uma caderneta de poupança com a rentabilidade bruta do CDI. Que tal? Como ilustração: quem está com a restituição de 2010 pendente irá receber 12,14% de correção caso ela saia em 16 de junho, e quem já foi incluído neste primeiro lote conta com correção de 1,99%. Nada mau, não é mesmo?

2, Para liquidar dívidas: Para aqueles que já a receberam e estão pendurados em dívidas com cartões de crédito ou cheques especiais, o momento é este: usar o total da restituição para diminuir ou, quem sabe, eliminar os saldos devedores que mensalmente sangram orçamentos pessoais a uma velocidade abusiva de mais de 10% ao mês. A dica vale para as demais dívidas caras também, mesmo que isso signifique renunciar ao consumo imediato: adiar a compra do objeto do desejo até a chegada do décimo terceiro pode servir de consolo, não?

3. Como garantia de empréstimos: Em uma rápida pesquisa on-line, observei que os maiores bancos oferecem a antecipação da restituição (nome pomposo para o velho e conhecido empréstimo!). As taxas são até baixas quando comparadas às demais praticadas no mercado - oscilam entre 2,35% e 3,38% - mas, como o seguro morreu de velho, eu adicionalmente recomendaria a você: (a) verificar junto ao banco qual o valor que ele utilizará para liquidar a dívida: o constante na declaração ou o valor corrigido pela Selic, o que aumentará a taxa paga no empréstimo; (b) planejar como liquidará o empréstimo bancário caso sua restituição demore mais do que o planejado, pois, a 3,38%, sua dívida dobrará em menos de dois anos; (c) refletir porque está optando em pagar juros (os bancários) em vez de recebê-los (a Selic do governo). Vale se for para liquidar as dívidas citadas no item (2) e, mesmo assim, só no caso em que a taxa cobrada pela antecipação do IR for menor do que a taxa da sua atual dívida. Do contrário, peça ao seu gerente um minutinho e caia fora da operação. !

Um grande abraço e até a próxima semana!

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