quinta-feira, dezembro 02, 2010

JOSÉ SIMÃO


Buemba! A Hillary é abelhuda!
JOSÉ SIMÃO 
FOLHA DE SÃO PAULO - 02/12/10

E o segredo do Gerson? Sexo sujo. Vai transar no Tietê então! Ele gosta de cheiro de pum de velha


BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República!
Socuerro! Todos para o abrigo! Capitão do Bope na Ana Maria Braga. Mais que droga! Ela quase deu uns pegas nele. Rarará!
Eu acho que esse pessoal do Bope assinou contrato com a Globo! E o capitão deu pra Ana Maria Brega o símbolo do Bope, uma caveira.
E ela: "Uma caveira na vida, para o bem". Mas ela é que parece o símbolo do Bope. Uma caveira EM vida! Rarará! Vão botar a foto dela no Caveirão. Eu entregava tudo e me declarava culpado! Rarará!
E o buraco por onde os traficantes fugiram dava acesso ao MORRO DO ADEUS! Não morro e digo adeus, e pimba pelo buraco! Rarará!
E esta: "PMDB exige mais três pastas". Eu daria as três pastas: Close-Up, Colgate e Sensitive!
Adoro as exigências do PMDB: "Dez pastas, frigobar lotado, caixa de Moet et Chandon, cesta de frutas exóticas e 300 toalhas brancas". O camarim da Madonna! Eles querem ficar com o dinheiro todo. PMDB quer dizer Pomos a Mão no Dinheiro do Brasil!
Predestinado: adivinha o nome do cotado para o Ministério das Relações Exteriores? Antonio PATRIOTA! Tem de ser muito patriota mesmo para encarar o King Jong e a Hillary Clinton. King Jongou a Bomba e a Hillary Chifre Mal Curado!
E o babado internacional! WikiLeaks! Site que vazou documentos secretos dos Estados Unidos. Falando mal de todo mundo.
E hoje vazaram mais documentos comprometedores: "Angela Merkel é feia pra caraca". "Chávez é louco e tem a cara inchada." "Sarkozy é baixinho, tem o pau pequeno e mania de grandeza." "Berlusconi é indecente." "Lugo é o maior comedor da América." "E a Hillary é abelhuda." Eu tô dizendo isso há meses: "A HILLARY É ABELHUDA!". E sabe por que ela é abelhuda? Porque tem o chifre mal curado.
E o segredo do Gerson? Sexo sujo. Então vai transar no Tietê! E no Twitter já tem o Gersonfacts. Sabe o que deixa o Gerson Sexo Sujo excitado? Cheiro de Big Mac. Rarará!
Cheiro de pum de velha! Xixi de traveca! E, quando vê um limpa-fossa, tem orgasmos! O sexo do Gerson sujô! Ninguém gostou!
E existe sexo limpo? Sexo limpo nem com a Margarida do Pato Donald. Reparou que os patos da Disney não têm sexo? Blusinha, barriguinha e perninhas. Rarará! Nóis sofre, mas nóis goza!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

MÔNICA BERGAMO

ESPÍRITO NATALINO 
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SÃO PAULO - 02/12/10

Mira Falchi, do Instituto Pró-Queimados, Cesar Giobbi, o executivo Paulo Zottolo e sua mulher, Patu, da ONG Lar do Caminho, promoveram jantar anteontem, em prol do evento Natal do Bem, que atende a nove instituições de caridade. Luiza Brunet e a advogada Gabriela Monteiro de Barros circularam pelo evento.

DIETA FORÇADA Lucilia Diniz, irmã do empresário Abilio Diniz e herdeira do Grupo Pão de Açúcar, acaba de ganhar processo contra a Nestlé, gigante mundial de alimentos. A empresa era responsável pela produção e distribuição de produtos da linha Good Light, de baixa caloria, criada pela empresária. A parceria foi rompida depois de desavenças e ela pediu na Justiça indenização de R$ 20 milhões.

MISTURA
Lucilia confirma a vitória e diz, por meio de assessoria: "É muito bom sentir que a Justiça está do nosso lado. O Ivan Zurita [presidente da Nestlé] tem errado muito ao misturar interesses da companhia com sua vida privada, o que acaba comprometendo a organização. Tomara que a companhia perceba logo isso e não fique querendo atrasar a Justiça com uma série de recursos". Já a Nestlé afirma que "trata-se de uma decisão em primeira instância" da qual recorrerá. A empresa informa ainda que "não se manifesta sobre processos 'sub judice'".

LONGE DO ALTAR
Silvio Santos estudou várias propostas de igrejas que queriam comprar horários na madrugada do SBT. Recusou todas. E pretende continuar, até segunda ordem, a manter distância de bispos e pastores que anseiam pelos horários noturnos da emissora.

FÉRIAS
Silvio, por sinal, está em Los Angeles estudando "novos formatos" para TV, de acordo com um interlocutor. De lá, embarca para Miami para as festas de fim de ano.

DISTRIBUIÇÃO DE ARTE
O juiz Fausto De Sanctis, da 6ª Vara Criminal de SP e recém-promovido a desembargador, está oferecendo a museus obras de arte apreendidas em investigações do colarinho branco. O Masp já aceitou duas -uma delas, um quadro de Rebolo que vai se juntar a outras duas gravuras do artista.

VAQUINHA
O PSDB fez força-tarefa na semana passada para convencer doadores a anteciparem contribuições que cobririam dívidas da campanha do presidenciável José Serra e que só estavam prometidas para 2011. Participaram o presidente do partido, Sérgio Guerra, o secretário da Cultura de SP, Andrea Matarazzo, Márcio Fortes e Sérgio Freitas. Levantaram R$ 6 milhões com cinco doadores, segundo José Gregori, tesoureiro da campanha.

DILMA LÁ
Lally Weymouth, filha da publisher Katharine Graham (1917-2001), do "Washington Post", entrevista hoje a presidente eleita Dilma Rousseff (PT) para o jornal americano. O encontro será no Centro Cultural Banco do Brasil de Brasília.

BEM-VINDA
E a senadora eleita Marta Suplicy (PT-SP) receberá Arianna Huffington, criadora do site americano The Huffington Post, para almoço em sua casa, no dia 22.

POUCOS E BONS
Um exemplar do livro "A Portrait of Oscar Wilde" , edição luxuosa e limitada de 525 exemplares, com manuscritos do escritor, está exposto na Loja do Bispo, de Pinky Wainer, em SP. A renda da venda da obra, editada por Lucia Moreira Salles, será integralmente revertida para a ONG Riovoluntário.

COFRE VERDE
O BNDES aprovou financiamento inédito de R$ 33 milhões para transformar lixo urbano em energia. A empresa beneficiada coletará até mil toneladas de resíduos por dia, nas regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas. Reciclado, o combustível será usado em fornos de usinas de cimento e álcool.

UM BRINDEVeva e Guto Quintella ofereceram uma festa no Bar Des Arts do Itaim, anteontem, para lançar a Edição Única 2010 da Cachaça da Tulha. A tiragem é limitada e a bebida é produzida na Fazenda São José do Mato Seco, em Mococa (SP). O ex-ministro Luiz Gushiken estava entre os convidados.

CURTO-CIRCUITO O livro "Lugar de Repórter Ainda É na Rua - O Jornalismo de Ricardo Kotscho", de Mauro Junior e José Roberto de Ponte, será lançado hoje, às 19h, na livraria Saraiva do shopping Vila Olímpia.

A Daspre, grife das presidiárias de SP, inaugura na segunda, às 18h, seu bazar de Natal, na rua Dr. Vila Nova, 268.

Fábio Farah lançou o livro "A Diversão dos Mortos", novo volume da série infantojuvenil "Clube dos Mistérios".

Zeca Pagodinho apresenta o show "Vida da Minha Vida", amanhã e no sábado, no Credicard Hall. 16 anos.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY

EDITORIAL - O ESTADO DE SÃO PAULO

O povo sou eu
EDITORIAL
O Estado de S. Paulo - 02/12/2010

O mesmo presidente Lula que aconselhou um repórter deste jornal a fazer psicanálise para se tratar da "doença do preconceito", revelou ter dito de si certa vez algo que deveria levá-lo ao divã do terapeuta mais próximo. Não fosse a inconfidência, a sua grosseria com o jornalista Leonencio Nossa, baseado no Palácio do Planalto, mereceria ser largada no aterro onde se amontoam os incontáveis rompantes, bravatas e despautérios do mais prolixo dos governantes brasileiros. Mas o encadeamento das coisas obriga a revolver as palavras do presidente, em consideração ao interesse público.
As cenas constrangedoras se passaram quando Lula visitava as obras da hidrelétrica de Estreito, no Maranhão, para o fechamento simbólico da primeira das 14 comportas da usina. Perguntado pelo repórter do Estado se a visita era uma forma de agradecer o apoio da oligarquia Sarney ao seu governo, ele perdeu as estribeiras. Embora o presidente do Senado seja o patriarca do clã que sabidamente controla a vida política maranhense há cerca de meio século e embora seja também notória a sua sintonia com os interesses do lulismo - e vice-versa -, Lula reagiu com indisfarçada hostilidade.
A pergunta "preconceituosa", investiu, demonstraria que o jornalista não teria aprendido que o Senado é uma instituição autônoma e que, ao se eleger e tomar posse, todo político "passa a ser uma instituição". "Sarney não é meu presidente", emendou. "É o presidente do Senado deste país." Lula domina com maestria o tipo de mentira que consiste em omitir uma parte, a mais importante, da verdade. No caso, o pacto de mútua conveniência entre ambos - que se sobrepõe ao caráter institucional das relações entre dois chefes de Poderes.
Que o diga o PT do Maranhão, obrigado este ano a desistir da candidatura própria no Estado em favor da reeleição da governadora Roseana Sarney. Foi ao pai que Lula se dirigiu em dada ocasião para transmitir uma ameaça ao Congresso. Segundo a história que o presidente contou na sua fala de improviso em Estreito, no decorrer da crise do mensalão, em 2005, pediu que Sarney advertisse os parlamentares da oposição de que, "se tentassem dar um passo além da institucionalidade, não sabem o que vai acontecer". Porque "não é o Lula que está na Presidência, mas a classe trabalhadora"
Ou, mais precisamente, porque ele é "a encarnação do povo". Não há o mais remoto motivo para duvidar de que isso é o que ele enxerga quando se olha ao espelho. Luiz XIV teria dito que "o Estado sou eu". Era, de toda sorte, uma constatação política - e a mais concisa definição que se conhece do termo autocracia. Mas nem o Rei Sol, que via a sua onipotência iluminando a França, tinha a pretensão de encarnar os seus súditos. Não ousaria dizer "o povo sou eu". Em psiquiatria há diversas denominações para o que em linguagem leiga se chama mania de grandeza.
Lula disse ainda que de início tinha medo do que lhe poderia acontecer à luz de um passado que incluía o suicídio de Vargas, a tentativa de impedir a posse de Juscelino, a deposição de Jango, a renúncia de Jânio e o impeachment de Collor. A julgar por sua versão, o migrante que passou fome e privações e refez a vida sem renegar as suas origens seria um candidato natural a engrossar a lista dos governantes brasileiros apeados do poder de uma forma ou de outra, no que seria uma interminável conspiração dos descontentes. Mas "eles", teria dito naquela conversa com Sarney, "vão saber que eu sou diferente".
O que espanta, além da teoria encarnatória, são as circunstâncias que levaram Lula a invocar alguns dos momentos mais turbulentos da história nacional. Em 2005, a oposição não conspirava para "dar um passo além da institucionalidade" nem o País estava convulsionado por um confronto ideológico que se resolveria pela força. Os brasileiros, isso sim, estavam aturdidos com as evidências de que o lulismo usava dinheiro que transitava pelos desvãos da política e do governo para comprar votos na Câmara dos Deputados - o mensalão. Lula não estava nem um pouco preocupado com as instituições. Queria dar dimensão histórica ao que não passava de um caso de polícia. Encarnou uma mistificação.

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA

Cerimônia do adeus 
Renata Lo Prete 

Folha de S.Paulo - 02/12/2010

Ao final de um mês de dezembro no qual Lula comandará, em média, duas inaugurações por semana, além de "iniciar" Dilma Rousseff na visita natalina aos catadores de lixo em São Paulo, o presidente fará no dia 29, em Caetés, o último evento governamental antes de passar a faixa à sucessora.
Em sua cidade natal, Lula será homenageado e cortará a fita de uma nova agência do INSS. Em seguida, visitará regiões de Pernambuco castigadas pela chuva neste ano. O programa terminará à noite em Recife, onde o governador Eduardo Campos (PSB) promoverá um grande ato de despedida.

Cruz credo Ontem pela manhã, lembrando que se tratava de 1º de dezembro, o ministro Franklin Martins (Comunicação Social) brincou: "Presidente, hoje começa a contagem regressiva...". E Lula: "Nem me fale nisso!".

Não fui eu Em privado, Dilma usou o termo "incompreensível" para classificar a atitude de Sérgio Cabral, que anunciou no Rio de Janeiro e sem conversa prévia com Michel Temer o nome de seu secretário Sérgio Côrtes para ocupar o Ministério da Saúde. De acordo com a presidente eleita, ela havia pedido explicitamente ao governador que "costurasse" antes a indicação com seu partido.

Too much Segundo quem conhece bem Temer, o vice eleito começa a se dar conta de que dificilmente realizará todos os seus três desejos da transição: instalar Moreira Franco nas Cidades, promover o gaúcho Mendes Ribeiro a ministro, abrindo vaga na Câmara para Eliseu Padilha, e indicar Geddel Vieira Lima para uma estatal.

Caveirão De um aliado, sobre a insatisfação de Temer e Moreira diante da desenvoltura do governador do Rio nas nomeações: "Não dá para combater o Cabral no auge da popularidade. Agora que ele virou o Capitão Nascimento, aguenta".

Curinga Na Assembleia Legislativa paulista e no QG da transição, são apontados dois destinos possíveis para o ex-secretário da Segurança Pública Saulo de Abreu Filho: Transportes ou a nova supersecretaria de Governo e Gestão Pública.

Veja bem Ainda que apoie a escolha de José Agripino para presidir o DEM, num desenho concebido para encurtar em alguma medida o mandato prorrogado de Rodrigo Maia, Gilberto Kassab avisou a seus aliados no partido -o senador incluído- que essa inflexão não o faria abandonar automaticamente os planos de migrar logo mais para o PMDB.

Marcado Será as 10h do dia 17 a diplomação, no TRE, dos 172 eleitos em São Paulo -94 deputados estaduais, 70 federais, 2 senadores, 4 suplentes, governador e vice. A solenidade, na qual Geraldo Alckmin disputará os holofotes com o palhaço Tiririca (PR), acontecerá no plenário da Assembleia Legislativa.

Outro lado O superintendente da Receita em SP, José Guilherme Antunes Vasconcelos, diz que não há ineditismo na substituição simultânea de cinco delegados do órgão no Estado, tal como ocorrida num mesmo dia da semana passada. Afirma ainda que o processo seletivo imediato, pelo qual serão realizadas as substituições, é pautado por critérios essencialmente objetivos.

Visita à Folha Antonio Anastasia (PSDB), governador reeleito de Minas Gerais, visitou ontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebido em almoço. Estava com Hugo Teixeira, chefe da assessoria de imprensa.

tiroteiro

"A formação do ministério mostra que Dilma não fará o terceiro governo Lula, mas quase uma prorrogação de seu segundo mandato."

DO DEPUTADO MENDES THAME, presidente do PSDB-SP, sobre o protagonismo do presidente na escolha dos integrantes do primeiro escalão de sua sucessora.

contraponto

#transiçãofeelings


Pouco depois de Yeda Crusius postar no Twitter comentário sobre um novo aeroporto no Rio Grande do Sul, Beto Albuquerque (PSB), futuro secretário da Infraestrutura de Tarso Genro (PT) rebateu:
-A um mês de acabar meu governo, eu não estaria anunciando decisões, mas sim fazendo as malas.
A tucana rebateu sem demora:
-Ô, Beto, não te mete no meu governo, que eu não vou me meter no teu.
O deputado não se deu por vencido:
-No meu Twitter sou eu que escrevo e de forma livre dou opinião. Se serviu o chapéu, pode usá-lo!

DORA KRAMER

Sob a ótica do eleitor
 Dora Kramer

 O Estado de S.Paulo - 02/12/2010

Conversando sobre reforma política, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Ricardo Lewandowski, chamou atenção para a necessidade de a sociedade se incluir e ser incluída nesse debate, sob pena de não se contemplar o principal interessado nessa discussão que há anos não ata nem desata.

Talvez exatamente pela falta do que o ministro chama de "perspectiva da sociedade".

Por mais óbvio que isso seja, quando se fala em reforma política pensamos numa tarefa a ser executada pelo Congresso Nacional, mas nunca acentuamos que enquanto o eleitorado não entrar para valer nesse debate, dificilmente os meios e os modos da política vão se modernizar.

Na verdade, a conversa com o ministro Lewandowski era sobre a pesquisa encomendada pelo TSE ao instituto Sensus para avaliar o trabalho da Justiça Eleitoral e alguns comportamentos do público na última eleição.

O dado divulgado com destaque nos jornais foi sobre o grau de lembrança do eleitor em relação aos candidatos escolhidos por ele no primeiro e no segundo turnos - 3 e 31 de outubro respectivamente.

Quase todo mundo lembra em quem votou para presidente: 89,3% lembram. Menos um pouco, 80,6%, recordam do voto para governador. Mas 20,6% esqueceram os candidatos a senador, 21,7% não sabem mais quem escolheram para deputado federal e 23% já não fazem a mais pálida ideia quais os nomes que teclaram na urna para deputado estadual.

Preocupante? O presidente do TSE não acha. Também vê com naturalidade o índice de 20% de abstenção. "Considerando que a sanção por não comparecer para votar é quase inócua, acho a presença significativa." Aliás, na mesma pesquisa mais de 80% dos consultados se consideraram muito bem preparados para votar e mais de 70% motivados a participar.

Mas, voltando ao apagão dos que já se esqueceram das escolhas para a Câmara e o Senado, Lewandowski considera o porcentual encontrado até baixo. Isso porque, com todos os defeitos do sistema proporcional, que não produz vínculo algum entre representantes e representados, ainda assim quase 70% lembram dos senadores escolhidos, 67,2% não se esqueceram dos deputados federais e 65,4% sabem quem foram seus candidatos a deputado estadual dois meses depois das eleições.

Isso sem contar que a eleição parlamentar tende a ficar em segundo plano quando é "casada" com a presidencial.

Embora não considere os esquecimentos nada de muito extraordinário, o presidente do TSE não acha que as coisas funcionam a contento no sistema político-eleitoral. É, como a maioria, um pregador da reforma.

É a favor do voto distrital misto, do financiamento público de campanha, do voto facultativo, do fim das legendas de aluguel, bem como vê necessidade de se alterar a legislação eleitoral, a propaganda, publicação de pesquisas, o tempo de duração das campanhas etc.

"Sem a pretensão de subtrair prerrogativas de quem as tem para elaborar as leis", defende a ampliação do debate para além das fronteiras do Congresso.

Lembra que a Ordem dos Advogados do Brasil já começou uma rodada e anuncia a disposição de promover a discussão na Escola Judiciária Eleitoral ao longo do ano que vem.

Professor de "Teoria do Estado" na Universidade de São Paulo, o presidente do TSE diz que os temas precisam ser muito bem esmiuçados pela sociedade antes de se chegar à proposição de mudança. Por exemplo: ele é a favor do voto facultativo, mas acha que antes de se instituir esse sistema é preciso que os partidos funcionem de fato como representantes de correntes políticas. "Estimula a participação."

Lewandowski também defende o voto distrital misto - em que o eleitor tem dois votos, um por votação majoritária no distrito e outro em votação proporcional com lista fechada -, mas considera que se não houver alteração da sistemática de decisão interna das legendas o voto em lista só alimentaria o poder das oligarquias partidárias.

Esse tipo de assunto difícil de a maioria compreender é que seria difundido com tradução popular se a reforma política deixasse de ser assunto de uso exclusivo dos partidos e dos políticos.

MERVAL PEREIRA

A rampa 
Merval Pereira 

O Globo - 02/12/2010

O vazamento de documentos sigilosos da diplomacia dos Estados Unidos pelo blog WikiLeaks revelou diversos “segredos de Polichinelo”, coisas que todo mundo sempre comentou mas que, ditas assim em tom de segredo de Estado e reveladas por vazamentos, ganham uma dimensão política que pode ser catastrófica para o Departamento de Estado americano.

É o caso, por exemplo, da relação entre o presidente russo Dmitri Medvedev e o primeiro-ministro Vladimir Putin, comparada, em um dos telegramas, à relação entre Batman e Robin, com o problema adicional de que Batman, “o macho alfa”, é Putin, ficando Medvedev no papel de submisso, sendo o Robin.

Relatei aqui na coluna, durante a campanha presidencial, uma conversa que tive com um investidor estrangeiro interessado no que aconteceria no país na sucessão presidencial, e me surpreendi com sua pergunta:

“Dilma vencendo, não pode ser como na Rússia, com Lula ficando por trás manejando os cordões?”.

Respondi que, se fôssemos uma República parlamentarista, o presidente Lula poderia fazer como Vladimir Putin, que, depois de presidir o país por dois mandatos, transformou-se em primeiroministro e indicou Dmitri Medvedev para presidente.

O que a oposição brasileira acusava como defeito da candidata oficial, ser um mero títere de Lula, era a esperança desse investidor — dos grandes — de que tudo continuaria como está na economia brasileira, com Lula dando seu suporte à sua sucessora.

O modelo chegou a ganhar um apelido que revelava a visão crítica da situação — “Dilmedvedev” —, mas foi vendido subliminarmente pela campanha de Dilma ao eleitorado como garantia de que Lula continuaria a dar as cartas.

Sem dúvida, foi essa “garantia” que pesou muito na eleição de Dilma à Presidência, mas eu achava o modelo de difícil implementação, dadas as condições brasileiras.
É mais provável, dizia, que Dilma, eleita, ficasse dependente de partidos como o PT e o PMDB do que de Lula, pois o presidencialismo brasileiro dá muitos poderes ao presidente da República.

Mas Lula, mais uma vez, está desmentindo a tradição histórica, e a dificuldade de implementação que eu via para que influenciasse a montagem do Ministério de Dilma está se transformando, na verdade, em uma facilidade surpreendente.

Talvez nem mesmo Dilma estivesse preparada para uma atuação tão contundente de seu preceptor, mas Lula não tem constrangimentos em sua ação política.

Há uma parte disso que é natural. Se a ministra Dilma Rousseff foi candidata porque Lula quis, porque Lula decidiu, e a elegeu presidente da República, nada mais natural que ele continue atuando na montagem do Ministério.

Esse é um governo de continuidade, argumentam os governistas, alegando que foi isso que foi aprovado nas urnas.

O que espanta e preocupa, no entanto, é que ela não transparece nenhuma vontade de dar marca própria ao governo que está montando.

Era exatamente essa a grande crítica que se fazia a ela, que não existe politicamente, que não tem luz própria, e seria um mero fantoche do presidente Lula.

E ela parece estar aceitando esse papel com muita resignação.

Até o momento, ela está ressaltando o que de pior há na sua indicação para presidente, que é a de ser uma continuidade no sentido de estar “esquentando a cadeira” para a volta de Lula.

Demonstra não ter capacidade de promover mudanças do governo para imprimir sua marca própria, mesmo dando continuidade às políticas.

Se manteve as mesmas pessoas nos mesmos lugares, ou em lugares semelhantes, por que mudariam de maneira de pensar e agir?

Há, porém, indicações de que algumas diretrizes poderão ser mudadas, se levarmos em conta o discurso que a presidente eleita fez logo depois do anúncio oficial de sua vitória, ou as declarações dos primeiros escolhidos para a equipe econômica.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, por exemplo, continuará no cargo, mas com uma motivação totalmente contrária à sua atuação nos últimos anos.

Ele mesmo diz que o Estado gastou muito nos últimos anos e agora chegou a hora da contenção de gastos.

A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, um nome novo no primeiro escalão, mas bastante antigo na hierarquia petista, já atuava no Palácio do Planalto.

Foi casada com o prefeito de Santo André Celso Daniel, assassinado misteriosamente em 2002, assassinato sendo julgado só agora em São Paulo e cuja motivação o Ministério Público atribui a uma estrutura de corrupção montada pelo PT nas prefeituras que administrava à época.

Pois Miriam Belchior, que continuará cuidando das obras do PAC, está anunciando que chegou a hora de fazer mais com menos recursos, o que seria uma boa novidade.

Pode ser, portanto, que, em vez de estar subjugada pela pressão de Lula e do petismo, a presidente eleita esteja só dando demonstrações de habilidade política e deixando para montar seu verdadeiro governo mais adiante, quando já estiver com as rédeas do poder nas mãos.

Há um precedente histórico, que já relatei aqui na coluna. O governo do general João Figueiredo começou com uma estrutura baseada no governo do antecessor, general Geisel, principal responsável por sua indicação.

Em pouco tempo, Figueiredo começou a montar seu governo sobre o que herdara de Geisel: Golbery, que permanecera no Gabinete Civil, acabou saindo, dando lugar a Leitão de Abreu; o economista Mario Henrique Simonsen saiu, deixando em seu lugar Delfim Neto, e assim por diante.

Golbery então comentou que, quando o presidente eleito sobe a rampa do Palácio do Planalto com todos aqueles guardas batendo continência, ao chegar no topo já está convencido de que chegou ali por méritos próprios, e terá sempre algum amigo para garantir isso a ele.

Dilma ainda não subiu a rampa como presidente eleita.

ALBERTO TAMER

Desindustrialização virou palavrão
 Alberto Tamer
O Estado de S. Paulo - 02/12/2010

Um palavrão ronda Brasília. Desindustrialização. Há ou não há, no Brasil? Eis a questão. Os empresários afirmam que sim; em alguns setores mais do que outros, mas é indiscutível o processo em marcha de substituição de produtos brasileiros por importados. A penetração destes, no mercado interno, era de 22,7% no ultimo trimestre. O ministro Miguel Jorge nega. É absurdo dizer que há desindustrialização num país que importa US$ 125 bilhões em máquinas e equipamentos e a indústria produz a pleno vapor, afirma ele. Outros vão mais longe, é um despropósito. Mas a Associação da Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) refuta. "Estamos em um claro processo de desindustrialização diz seu presidente, Luiz Aubert Neto. O faturamento no setor aumentou 11% entre janeiro e outubro, mas está abaixo aos 15% verificados em 2008, mesmo na crise.
A coluna abriu espaço para o debate. Sim ou não?
Depende. Na verdade, tudo depende do conceito de "desindustrialização" - uma palavra feia, admitimos. O que significa? Não é, como se diz, uma "destruição" da indústria brasileira, é a sua participação menor no PIB. Em 2004, era de 30,1%. No ano passado, 25,4%. Como afirma um estudo interno do Ministério do Desenvolvimento, a desindustrialização não se caracteriza pela queda na produção física da indústria, que pode estar até aumentando. "A característica fundamental é a perda relativa de dinamismo da indústria em geração de renda e emprego." É a substituição crescente de produtos que antes eram fabricados no Brasil por similares importados, principalmente da China.
De acordo com levantamento feito pela Fiesp entre os empresários paulistas, a participação dos produtos industriais importados passou de 18,1% no terceiro trimestre de 2009 para 22,7% o terceiro deste ano! Praticamente em todos os setores, com destaque especial para máquinas, equipamentos, metais e eletrônicos. De acordo com a pesquisa, divulgada pelo diretor de Pesquisa Econômica da Fiesp, (que não integra aquele grupo de "chorões" do juro e do câmbio da entidade, liderado por Roberto Giannetti da Fonseca), o processo é mais profundo e sério. Não é só o consumidor privado que está trocando produtos brasileiros por importados.
São as indústrias também, que importam insumos e partes a preços mais baixos para se defenderem da competição chinesa e fabricarem no Brasil. Os números impressionam: 55% das fabricas já se abastecem fora, 60% buscam insumos, matérias primas, no exterior, dos quais 20% de máquinas e 23% de produtos acabados. A pesquisa mostra também que 53% dos equipamentos e máquinas vendidos no mercado interno são importados.
Mas é que. Sei. É que a produção industrial está no seu limite, 82% da capacidade instalada, não está acompanhando a demanda. A questão não é só essa. É que o aumento da produção nacional - vejam bem o "aumento" está sendo feito em grande parte por meio de "produtos importados". Ou seja, o que aparece como produção nacional, não é bem isso...
Os números do IBGE mostram que temos aí um quadro nítido, claríssimo de substituição de bens produzidos no Brasil por importados, caminho aberto para a desindustrialização...
Está crescendo! Será? Mas a produção industrial está crescendo, ela é vigorosa, afirmam os que negam a existência do processo de desindustrialização!
Será? Vamos perguntar ao IBGE? Vejam a resposta dos números oficiais: com exceção do mês de julho, quando registrou um ligeiro aumento de 0,5%, a indústria vem apresentando resultados negativos.
A produção manufatureira recuou nos últimos seis meses. Nada menos que 0,9% em abril, 0,2% em maio, 1,2% em junho, 0,2% em agosto e setembro! São taxas calculadas sempre em relação ao mês anterior e com ajuste sazonal. Nada melhor para a realidade. Querem mais um numero final e irrefutavel? De abril a setembro deste ano a queda acumulada foi de 2,1%!
E isso, atentem, com a economia crescendo a 7,5% ao ano(!!!)
"O fato é que, ao contrário de outros setores, a indústria não vem participando dos benefícios gerados por esse momento extremamente positivo do País", afirma à coluna Rogerio César de Souza, economista-chefe do Instituto para o Desenvolvimento Industrial (Ied). "É nítida a escada declinante, o declínio do crescimento do setor, trimestre após trimestre, até atingir um valor negativo no período julho-setembro."
Sim ou não? O debate continua e a coluna continua aberta para ele. Apenas uma sugestão, que tal trocar esse palavrão que é feio e assusta por outro mais aceitável em Brasília, como "desestruturação" ? Assim, fica mais fácil analisar os números do IBGE. Que, a propósito, é do governo...

CELSO MING

Não é só um saldo menor 
Celso Ming 

O Estado de S.Paulo - 02/12/2010

Não é apenas a queda do superávit (diferença entre exportações e importações), de 35,4% no comércio exterior do Brasil, que precisa ser examinada a partir dos números ontem divulgados. Há um punhado de outras coisas que precisam de mais análise.

As importações nos 11 primeiros meses deste ano dispararam 43,9%, uma enormidade num cenário geral de crise e de estagnação do comércio exterior global. O Brasil se tornou um bom porto para produtos encalhados no resto do mundo em consequência da queda do consumo e da recessão. Mas não dá para dizer que esse crescimento das importações seja apenas efeito da sobrevalorização do real (baixa cotação do dólar em relação à moeda nacional). É principalmente resultado do forte aumento do consumo (mais 10%) que, por sua vez, está relacionado com o salto da renda (mais 12%, sem desconto da inflação) e do crédito (mais 20%). E, é claro, esses fatores estão por trás, também, do recuo do saldo positivo.

O excelente desempenho das exportações não ficou muito atrás do apresentado pelas importações. Cresceram nada menos que 30,7% no acumulado do ano (até novembro), apesar da retração mundial das encomendas em decorrência da crise e também da baixa do dólar, que encareceu o produto exportado. É um resultado excepcional.

Em cada setor da indústria, há aqueles que se queixam de que essa exuberância das exportações se deve apenas ao bom momento das matérias-primas metálicas e das commodities agrícolas, em prejuízo dos produtos da indústria. É verdade que os altos preços dos produtos básicos vêm garantindo uma receita 40,4% maior com exportações nessa categoria. Mas não se pode desdenhar do que acontece com os outros segmentos. As exportações de produtos manufaturados, os mais sensíveis ao câmbio adverso, estão 19,2% mais altas. E a dos semimanufaturados (açúcar, celulose, ferro, ligas, óleo de soja, etc) avança a 38,0%.

O bom volume de exportações de manufaturados também tem a ver com as importações, na medida em que a indústria está importando cada vez mais matérias-primas, peças e componentes e, dessa forma, barateando o produto final. O mesmo se pode dizer do setor de máquinas. Na última sexta-feira, o ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge, lembrava que, em apenas quatro anos, a indústria importou nada menos que US$ 125 bilhões em máquinas e equipamentos, mais do que o dobro contabilizado no período de 2003 a 2006 (inclusive). É também fator relevante de modernização da indústria.

A indústria reduziu sua participação no PIB, de 21% nos anos 70 a alguma coisa ao redor dos 15% em 2010. Mas isso só marginalmente tem a ver com o processo de desindustrialização da qual se queixam tantos empresários. Por trás desse fenômeno está o fortalecimento relativo da agroindústria e do setor de serviços.

Argumentar que esse arranjo está produzindo desemprego não tem o menor cabimento. Hoje, apenas 6,1% da população economicamente ativa está sem trabalho. É o melhor indicador de toda a história brasileira.

Mais tempo de vida pra você
Cada ano, a expectativa de vida do brasileiro ao nascer aumenta de três a quatro meses. É a primeira observação que se pode fazer das informações ontem divulgadas pelo IBGE.

Mudanças à vista
São números que apontam para impactos enormes na economia e na política nos próximos anos. Uma população mais velha exigirá grandes mudanças no sistema de Previdência Social para garantir mais aposentadoria. É um futuro com mais geriatria do que pediatria, mais lar de velhinhos e menos creches e escolas.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Associações reclamam da falta de camarão no país 
 Maria Cristina Frias 

Folha de S.Paulo - 02/12/2010

Associações setoriais se dizem alarmadas com a escassez de camarão no Brasil.
O setor reclama que há falta do produto no mercado, devido a uma barreira sanitária e à pesca predatória.
A barreira é a norma técnica nº 39, de 1999, que proíbe importação do crustáceo de cativeiro.
O objetivo, à época, era impedir a entrada da doença mancha branca no país.
As associações afirmam que pedem ao Ministério da Pesca e Aquicultura a revogação da norma, para que o mercado interno possa competir com o internacional.
A doença chegou ao Brasil há anos e está sob controle, segundo afirmam a ABF (associação de franchising) e a ANR (de restaurantes), entre outras entidades.
A outra razão é a queda da produtividade do camarão selvagem (o pescado no mar) devido à pesca insustentável.
Sem que a oferta interna acompanhasse a demanda e com as restrições à importação, o preço subiu, principalmente neste ano.
Dependendo do tamanho, o preço pode ser de US$ 6 no exterior e US$ 13 no Brasil. Em 2002, a diferença não superava US$ 0,50.
Um dos signatários da requisição feita ao ministério, Sérgio Kuczynski, da ANR, diz que os associados estão "à mercê" do mercado nacional. "O preço fica especialmente alto na entressafra."
Fernando Perri, da Vivenda do Camarão, diz que o produto está sendo elitizado e que fechou seis lojas na Europa pois sua fábrica de congelados não pode competir com o preço internacional.
O ministério informou que não recebeu "carta ou texto formal" sobre reivindicações quanto à importação.

APETITE MENOR NO EXTERIOR

Depois de quatro anos, a Bovespa tem registrado giro financeiro maior do que os ADRs (American Depositary Receipts) negociados na Bolsa de Nova York. Os ADRs são recibos de ações de empresas estrangeiras negociados no mercado americano.
Uma das hipóteses para a movimentação superior no mercado doméstico é que o volume de aplicação em ações caiu muito no exterior, segundo analistas.
Os IPOs (oferta inicial de ações, na sigla em inglês), por sua vez, também diminuíram muito. Gestores externos relatam redução do apetite por ações.

Coração de mãe Ana Luiza Martins, Fabiana Videira e Rodrigo de Castro serão os novos sócios do escritório Campos Mello Advogados, com efetivação em janeiro. O escritório passa a ter 13 sócios e mais de 60 associados em suas unidades no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Jogatina... Mais de 40% da população com mais de 12 anos joga por celular, computador ou videogame. Quase 50% dos que jogam o fazem on-line e apenas 15% compram jogos oficiais.

...na internet A conclusão é da pesquisa F/Radar, realizada pela F/Nazca Saatchi & Saatchi, em parceria com o Datafolha.

Cresce confiança do comércio no Rio de Janeiro

Em crise de segurança, o Rio de Janeiro alcança altos níveis de confiança no comércio, de acordo com a Fecomércio-RJ.
O ICC (Índice de Confiança do Comércio) do Estado do Rio de Janeiro, medido pela entidade, atingiu em outubro 144 pontos, o maior nível já apurado para esse mês, desde o início da série, em 2003.
Ante o mesmo período de 2009, o indicador registrou alta de 1%.
Na comparação com setembro, cresceu 4,2%.
O avanço foi puxado pelo subindicador da "situação presente", que cresceu 4,8%. O subindicador da situação futura, por outro lado, registrou queda de 1,8% na comparação com o mesmo mês do ano passado.
"Os empresários veem avanços em termos de renda real, emprego formal, confiança do consumidor e crédito, mas entendem que a tendência, a partir de agora, é de acomodação dos indicadores", afirma João Carlos Gomes, superintendente de economia e pesquisa da Fecomércio-RJ.
O levantamento foi realizado entre os dias 3 e 11 de novembro, com aproximadamente 2.500 gerentes e empresários de estabelecimentos do comércio de mais de 25 setores.

RUMO A 2018

A Cast, de tecnologia da informação, investirá R$ 60 milhões no próximo ano.
Serão R$ 10 milhões próprios e o restante com agência de fomento e "private equity", segundo o presidente José Calazans da Rocha. O plano é comprar empresas do setor e investir nas fábricas próprias.
"Queremos ser uma das maiores empresas do país e para isso fizemos [em 2008] um planejamento estratégico até 2018."
Nascida em Brasília, a empresa se mudou para São Paulo e cresceu para regiões como Rio de Janeiro, Fortaleza e Recife.
O plano prevê crescimento anual médio de 30% nesses dez anos.
Calazans conta que internet móvel e computação em nuvem (espalhada por vários servidores) foram adicionadas à carteira de serviços em uma das revisões de planejamento.
A empresa faturou R$ 129 milhões neste ano.

Tecido... A Première Vision, que organiza eventos têxteis, investirá R$ 6 milhões na realização da feira em janeiro de 2011. A expectativa é atrair 5.000 visitantes.

...de verão Na Première Brasil, serão apresentadas as tendências de tecidos, fibras e acessórios. Segundo o setor, o Brasil está entre os dez principais mercados têxteis.

MÍRIAM LEITÃO

Risco espanhol 
Miriam Leitão 

O Globo - 02/12/2010 

A Espanha é a porta de entrada para uma contaminação da crise europeia na América Latina. No México, 37% de todos os ativos financeiros estão nas mãos de bancos espanhóis. No Brasil, 10%. Nos próximos dois anos o governo espanhol terá US$ 341 bilhões em dívida para rolar. Isso representa 25% do PIB espanhol. Agora, até as empresas do país estão tendo que pagar mais caro para rolar as dívidas.

A desconfiança com as contas da Espanha tem feito com que o custo para a rolagem da dívida fique mais caro e, desta forma, o governo está entrando numa espiral negativa. Esta semana, esse custo bateu recorde desde a criação da Zona do Euro: chegou a 5,34% para títulos espanhóis de 10 anos, 3,11% a mais que os juros da dívida alemã. Ontem, caiu quando o Banco Central Europeu afirmou que iria continuar financiando a dívida dos países problemáticos. A crise se agrava porque a dívida do setor privado, que chega a 140% do PIB, também começou a ficar mais cara.

O PIB da Espanha representa 12% da Zona do Euro e chega a US$ 1,45 trilhão, pouco menor que o PIB brasileiro. Para se ter uma ideia do que isso significa, o PIB da Irlanda é de US$ 0,2 trilhão. Juntos, Portugal, Irlanda e Grécia somam US$ 0,75 trilhão. Daí, percebese o potencial de estrago de uma crise espanhola. O Fundo de socorro da Zona do Euro, de C 750 bilhões, pode não ter fôlego para socorrer a Espanha.

— A Espanha preocupa e precisa ser acompanhada constantemente com lente de aumento porque é lá que está o grande risco para o mundo. A situação não é fácil — afirmou o economista Alexandre Póvoa, da Modal Asset.

Assim como Estados Unidos, Irlanda e Inglaterra, a crise espanhola tem origem no mercado imobiliário. A maior parte dos empregos criados no país nos anos 2000 teve vínculo com o setor de habitação. Em 2007, enquanto o investimento em construção da Zona do Euro somava 6% do PIB, na Espanha, a taxa chegava a 9%. Isso mostra por que o estouro da bolha em 2008 teve impacto tão grande no mercado de trabalho. O desemprego disparou de 8%, em 2007, para acima de 20%, este ano. É o maior da Zona do Euro e torna a recuperação mais difícil porque tira poder de compra das famílias. Também expõe os bancos a riscos de atrasos ou calotes.

O estouro da bolha e os prejuízos bancários levaram o governo a socorrer o sistema financeiro. As contas públicas se deterioraram rapidamente. Se em 2007 elas registraram superávit de 1,9%; em 2009 marcaram déficit de 11,2% do PIB. A dívida, que era de 36,1% do PIB em 2007, deve chegar a 69,4% em 2012, segundo projeção do governo.

Num mundo globalizado em que tudo se mistura, a Espanha corre riscos também por causa de Portugal. Os bancos espanhóis têm US$ 100 bilhões de títulos da dívida do governo de Portugal, de ativos de empresas portuguesas ou imóveis comerciais no país. E Portugal tem US$ 40 bilhões de dívida para rolar apenas no primeiro quadrimestre de 2011. Isso aumenta os riscos para os espanhóis. Ontem, a S&P colocou sob avaliação negativa o rating de Portugal.

Em relatório, o banco francês BNP Paribas disse que a “Espanha é a chave para a América Latina”. Ou seja, se a crise chegar aos espanhóis, terá também impacto na região, mas o risco maior é do México porque 37% dos ativos bancários do país estão nas mãos de bancos espanhóis. No Brasil, a taxa é bem menor: 10%. Mas, segundo o Paribas, o risco no Brasil é menor porque 50% do mercado de crédito do país estão nas mãos de bancos públicos. É ironia que o mercado aponte o gigantismo do setor público no mercado brasileiro — sempre criticado — como um fator de segurança.

— O risco para o México é muito maior porque o país tem relações muito mais fortes com a economia espanhola do que o Brasil. O nosso problema seria dificuldade para o financiamento do déficit em conta corrente, que está crescente. Podemos ter menos Investimento Estrangeiro Direto e menos fluxo externo como um todo — explicou a economista Monica de Bolle, da Galanto consultoria.

Monica esclarece que os grandes bancos espanhóis privados estão bem e que os problemas estão concentrados nos bancos públicos:

— Os grandes bancos da Espanha estão bem. Entre eles, o Santander, que tem forte presença no Brasil. Inclusive a operação do Santander no Brasil é tão boa que a filial manda dinheiro para a matriz. O problema está nas chamadas cajas de ahorros, que são bancos de províncias. Muitos já quebraram e há um fundo do governo para socorrê-los — afirmou.

José Augusto de Castro, da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), vê impacto na balança comercial porque uma crise na Espanha afetaria toda a Zona do Euro:

— A Europa é grande compradora de commodities e destino de 21% de nossas exportações. Como a receita para a redução do déficit fiscal é corte de gastos, haverá menos crescimento e menos demanda por commodities. Além disso, um agravamento da crise, chegando a uma economia sólida como a espanhola, levará investidores a buscar ativos seguros e fugir do mercado de commodities. Isso terá reflexo nos preços.

O Departamento de Estudos Econômicos do Bradesco escreveu que o temor sobre os países da Zona do Euro não sairá do radar tão cedo. A preocupação também é com o financiamento do nosso déficit em conta corrente.

“Torna-se imperativo encontrar uma nova fonte de financiamento para o crescimento brasileiro”, disse.

A deterioração das contas públicas da Irlanda e da Espanha deve servir de exemplo para o governo brasileiro. É preciso sempre estar preparado para o pior, porque em caso de crise a reputação de um país vai de um extremo ao outro em curto espaço de tempo. A Irlanda demorou 15 anos para colocar as contas em ordem e apenas três anos para bagunçá-las novamente.

FABIO GIAMBIAGI

A grande oportunidade
Fabio Giambiagi
O Estado de S. Paulo - 02/12/2010

O cenário básico com o qual cabe trabalhar nos próximos anos é que o País tenderá a caminhar na direção de ter, nas eleições de 2014, um Fla-Flu da política, um "clássico" de resultado difícil de prever e disputado entre dois campeões de voto: o PT - com ou sem Lula -, de um lado; e Aécio Neves, do outro.
Do lado governista, qualquer pesquisa que for feita a dois anos das eleições - quando as candidaturas começam a ganhar corpo - vai dar Lula na liderança das intenções de voto. Se o novo governo tiver um bom desempenho, não se pode descartar a possibilidade de que a futura presidente Dilma Rousseff se apresente como candidata à reeleição, mas neste caso Lula ocupará novamente um lugar de destaque nos palanques, atuando em sintonia com a presidente.
Do lado da oposição, cabe lembrar que em 1999 havia dois ou três candidatos do partido a suceder a FHC. Depois o PSDB foi, desde o começo do governo Lula, presa do dilema entre as alternativas de Alckmin e Serra. E, entre 2007 e 2009, ficou em dúvida entre Serra e Aécio Neves. O resultado foi uma espécie de paralisia, combinada com uma dissipação de energias que, em vez de serem dirigidas a atividades típicas da oposição, se concentraram muitas vezes nas disputas internas. Já olhando para 2014, quando as recentes disputas pós-eleitorais entre paulistas e mineiros tiverem sido esquecidas, assumindo que Alckmin teria todas as credenciais para ser candidato a presidente mas terá chances muito grandes de se reeleger em São Paulo, é razoável imaginar que Aécio Neves tenderá a assumir a primazia da fila e se perfilar como candidato, com chances de atrair os aliados tradicionais do PSDB.
Nesse caso, daqui a quatro anos o Brasil assistiria ao embate entre os dois maiores políticos surgidos no Brasil desde a redemocratização. Fernando Henrique Cardoso foi um verdadeiro estadista, mas ele se elegeu na euforia do Real e se reelegeu com base no medo ao desconhecido, não tendo sido nunca - nem pretendido ser - um político típico. Já Lula - que, sendo ou não candidato, será personagem do embate eleitoral em 2014 - e Aécio combinam o carisma e o ofício da profissão com a característica de saber ganhar adeptos exercitando o carisma e a arte da conversa.
A estratégia do PT será tentar reeditar a campanha vitoriosa de 2010, agregando o mesmo leque de apoios, combinando a adesão dos movimentos sociais, dos partidos de esquerda, de partidos menores e, obviamente, do PMDB. Aécio, por sua vez, teria a base do eleitorado "tucano" tradicional de São Paulo e tentaria "fechar" Minas Gerais, além de aspirar a contar com a possível simpatia do eleitorado fluminense. Com isso, ele poderá ter uma "plataforma de lançamento" no Sudeste com a qual negociar a ampliação da aliança PSDB/DEM/PPS para incluir alguns dos partidos médios que marcharam divididos nas eleições de 2010 - PTB ou PP - e talvez algum partido de esquerda que não se julgue devidamente contemplado no esquema de poder vigente na época.
Se essa análise estiver correta, o fato de a próxima disputa presidencial se dar - direta ou indiretamente - entre dois líderes com grande capacidade de atração de apoios e que cultivaram um bom diálogo entre si em tempos em que um era presidente e o outro, governador, abre uma oportunidade rara para avançar, nos próximos anos, com algumas reformas que deveriam ser encaradas como políticas de Estado.
A percepção de que algumas medidas interessam ao País em perspectiva, independentemente de quem ocupar o poder na segunda metade da década, cria espaço para que se aprove uma agenda de reformas que não chegou a ser contemplada nos últimos anos. É um erro avaliar que não há espaço para reformas constitucionais. Quem define a agenda e o espaço é o Executivo. É ele que tem a possibilidade de "dar as cartas" para um possível entendimento entre forças partidárias diferentes - sem considerar o fato de que o governo conquistou uma maioria parlamentar folgada. Resta saber se o País irá revelar o amadurecimento político que isso implica.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Não funciona 
Sonia Racy 

O Estado de S.Paulo - 02/12/2010

A ideia de Dilma de abrir o capital dos aeroportos brasileiros, mantendo o controle acionário nas mãos da União, não teve o menor eco na iniciativa privada. Pelo que se apurou, ninguém quer ser sócio minoritário da Infraero.
Terão de arrumar outra saída para viabilizar a urgência em reformar e ampliar a infraestrutura aeroportuária para a Copa de 2014.
Como bem diz Ricardo Teixeira, da CBF, são três os graves problemas para a realização do evento no Brasil: "o primeiro é aeroporto, o segundo, aeroporto, e o terceiro, aeroporto".

Minguando
A decisão da CEF em assumir as rédeas do Banco Panamericano não acalmou os acionistas da Bovespa. A cotação da ação do banco na bolsa, no meio do dia de ontem, era de R$ 4,45. Valor menor que os R$ 5,17 registrados um dia depois da descoberta das fraudes.
Em meados de outubro, o papel valia R$ 9.

Freezer
Corre pelos corredores da prefeitura paulistana a notícia de que Kassab congelou nomeações e exonerações de cargos até dia 15, data da votação para eleger o presidente da Câmara. Com isso, o prefeito evitaria desagradar algum vereador e atrapalhar a eleição de seu predileto, José Police Neto.
A assessoria de imprensa do prefeito nega que isso esteja acontecendo.

Irmãos coragem
Presidente da Câmara Brasil-China, o embaixador Sergio Amaral contabilizou, até agora, 42 empresários chineses confirmados para seminário sobre investimento na Copa e nas Olimpíadas. O encontro será realizado segunda-feira, no Rio.
Não houve desistências por causa da recente guerra contra o tráfico.

Em bons lençóis
Enquanto se estuda a aquisição de um Aerodilma, Lula renova o enxoval das aeronaves presidenciais.
Comprará 16 jogos de lençóis 600 fios, metade em cetim e os demais em seda. Ainda colchas matelassê 400 fios, também de seda. Para as suítes, 12 toalhas de rosto com fios egípcios, 12 de banho 600 fios em cetim, e três tapetes para os pisos.

Quanto dará essa conta? Calcula-se em mais de R$ 8.300.


Arruda nela
Marina Silva, que ficou 15 dias de cama por causa de uma infecção intestinal, levou outro susto. Sua caçula, Mayara, pegou uma catapora brava. Está sendo cuidada desde segunda pelos pais, que voaram para Campinas, onde a jovem cursa jornalismo.

Escudo
Enquanto Sérgio Cabral dobrou o contingente de seguranças para sua família e a de ex-governadores do Rio, Alckmin anda bem tranquilo nesse sentido. Reduziu o grupo pela metade, e agora tem 150 militares para cuidar das autoridades paulistas.
No Rio, eles são 600.

Vida real
Cacá Diegues e Renata Amaral colocaram ponto final na produção do documentário 4X UPPs. Momento mais do que propício porque, afinal, são programas de 30 minutos que explicam como atuam as Unidades de Polícia Pacificadora do Rio. A direção é assinada pelo grupo de 5X Favela.

I love Rio
Manoel Carlos, que costuma instalar os protagonistas de suas novelas no Leblon, está animado com a ação da polícia nas favelas cariocas. "O Rio continua lindo e, para nossa felicidade, agora menos violento. Vivo aqui há 40 anos e vejo, pela primeira vez, um projeto de paz firme e competente", afirmou à coluna.


Na frente
Abre as portas para o público amanhã a boate Container, no Baixo Augusta. A apresentará performances de personagens como Kirsti Soisalo, concierge da casa, e Alexandra Valença, musa da pole dance.

Gabriel Nehemy inaugura a mostra Atelier Aberto em seu espaço na Vila Madalena. Quarta-feira.

Flavio Marujo e Andrea Castrucci abrem a Paralelo Gallery com a mostra Índios Kayapós. Quarta.

Paula Corrêa lança As Calotas Não me Protegem do Sol. Sábado, na Dconcept.
Patricia Broggi autografa Falando de Grana. Hoje, na Livraria da Vila do Itaim.

Sarkis Sergio Kaloustian lança Jardim Japonês. Dia 11, no Instituto Tomie Ohtake.

Gilda Mattar autografa livro que retrata personagens da vida paulistana. Segunda, na Livraria da Vila dos Jardins.

Bob Wolfenson e Boris Kossoy lançam, hoje, seus livros Apreensões e Boris Kossoy: Fotógrafo. No Centro de Cultura Judaica.

E os ingressos para o show de Amy Winehouse, em janeiro, estão no fim. Será que os produtores brasileiros devolverão os bilhetes?

ILIMAR FRANCO

Vale quanto pesa 
Ilimar Franco 

O Globo - 02/12/2010

O PMDB está prestes a perder o comando do Ministério da Saúde no governo Dilma Rousseff. Os petistas estão exultantes com o “barata voa” no principal aliado. A presidente eleita quer o médico Sérgio Côrtes na Saúde, mas desde que tenha o aval do PMDB. A cúpula peemedebista mandou um recado para o futuro governo: prefere agradar ao deputado Anibal Gomes (CE) do que administrar o maior orçamento da Esplanada dos Ministérios.

Os dois PMDBs
Enquanto o PMDB da Câmara vive o caos, o do Senado acerta os ponteiros. Está praticamente definido que o senador Edison Lobão (MA) voltará para o Ministério de Minas e Energia e que Garibaldi Alves (RN) assumirá o Ministério dos Portos, com ou sem aeroportos. Pontos para o presidente do Senado, José Sarney (AP), e os líderes Renan Calheiros (AL) e Romero Jucá (RR). A rebelião da bancada do PMDB na Câmara revela desarticulação e arranha o comando do líder Henrique Alves (RN) e do vice eleito, Michel Temer (SP). Os petistas já questionam o apoio do PMDB a Henrique Alves para a presidência da Câmara.

Em maus lençóis
Não foi só o PMDB. O futuro secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, e o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) ficaram enfurecidos com o anúncio feito pelo governador Sérgio Cabral (RJ) de que o ministro da Saúde seria Sérgio Côrtes. Para eles, houve falta de respeito com a presidente eleita, Dilma Rousseff, e um erro político, já que a indicação de Côrtes ainda tinha que ser costurada no PMDB.

Tempos difíceis
Ao encontrar ontem a senadora Ideli Salvatti (PT-SC), cotadíssima para o Ministério da Pesca, o senador eleito Humberto Costa (PT-PE) disparou: “E aí, vai pescar?”. E ela respondeu: “Por enquanto, não pesquei nem fui pescada”.

Turismo
Os líderes do PTB no Congresso conversaram com o presidente do PT , José Eduardo Dutra, na quinta-feira passada. Querem retomar o Ministério do Turismo. O partido, que deu apoio a Serra, alega que é preciso “virar a página”.

Clima quente
Uma assessora do Instituto Nacional do Câncer (Inca) foi posta para fora da Comissão de Assuntos Sociais do Senado pela polícia legislativa ontem. Estava em debate na Comissão o projeto que torna lei federal a proibição ao fumo em locais fechados. O senador Jayme Campos (DEM-MT) pediu vistas ao projeto, adiando sua votação. A ass e s s o r a d o I n c a a c u s o u Campos de atuar em favor da indústria do tabaco. As normas da Casa não permitem essas manifestações.

O SENADOR Eunício Oliveira (PMDB-CE) não será ministro no próximo governo Dilma. Ele não perdoa seu suplente, Waldemir Catanho (PT), por ter feito campanha para o senador eleito José Pimentel (PT).

O REPRESENTANTE do PMDB na coordenação da campanha presidencial petista, Moreira Franco, é nome forte para comandar uma estatal.

O MINISTRO da Cultura, Juca Ferreira, foi homenageado por artistas e intelectuais ontem durante almoço em um restaurante na Lapa (RJ).

EUGÊNIO BUCCI

O símbolo sexual e a guerra civil
Eugênio Bucci 


O Estado de S.Paulo- 02/12/10
A arte inspira a vida - Não faz um mês, o ator Wagner Moura estrelou a capa da revista Veja, em trajes de capitão Nascimento, seu personagem em Tropa de Elite. A chamada, em letras alaranjadas, falava bem dele: O primeiro super-herói brasileiro.
Falava muitíssimo bem, e com razão. O primeiro Tropa de Elite foi um sucesso histórico. O segundo, agora, caminha para alcançar 10,7 milhões de espectadores e bater o recorde de público do cinema brasileiro - recorde que pertenceu, por décadas, a Dona Flor e seus Dois Maridos, de Bruno Barreto, lançado em 1976. O capitão Nascimento é tão adorado quanto sádico. No filme de estreia, torturava seus prisioneiros, enfiando-lhes a cabeça em sacos plásticos até fazê-los sangrar pelo nariz. No longa-metragem deste ano, o capitão foi promovido a coronel e, munido da nova patente, espanca políticos corruptos até nocauteá-los, ou quase. Fora isso, Nascimento é um herói que inspira derretimentos femininos: bonitão, voz grave, coração machucado (a mulher trocou-o por um ativista dos direitos humanos), o homem é o símbolo sexual da temporada.
A notícia imita a arte - Não faz uma semana, um policial de verdade ganhou a capa da mesma revista. É um militar do Batalhão de Operações Policiais Especiais, o Bope, como do Bope é o Nascimento da ficção. Há um detalhe: o combatente real, na capa, não vem identificado por seu nome próprio. Com o rosto besuntado pela tinha negra da camuflagem, ele é descrito, na legenda, apenas como um "policial do Bope". É um genérico. Traja um colete à prova de balas sobre farda escura. Suas luvas pretas, lustrosas, de couro, talvez sintético, deixam de fora as pontas dos dedos, que seguram uma metralhadora bojuda, cascuda como um besouro, um botijão de projéteis mortais. Outra vez, a manchete na capa é consagradora: O dia em que o Brasil começou a vencer o crime.
A figura cesarista do militar, fotografada de baixo para cima, herda a aura que, poucas edições antes, fez luzir o semblante do fictício Nascimento. Dele herda certos atributos. O policial sem nome não devia estar pensando nisso quando a foto foi clicada, mas, com seu olhar metálico e a fisionomia retesada, ele também está ali como símbolo sexual da temporada. Mas ele é real como um rolo de arame farpado.
A crítica não dá conta de entender - Sem o êxito arrebatador desses filmes hiper-realistas sobre o narcotráfico - de Cidade de Deus a Tropa de Elite -, a nossa sociedade não teria recursos narrativos para relatar, compreender e, em boa medida, estimular a guerra que tomou conta da Cidade Maravilhosa. O imaginário funciona assim mesmo: primeiro produz os signos, que nascem de esforços estéticos, ficcionais ou religiosos, a partir de demandas que brotam das perguntas, dos vazios e das aflições da vida material das sociedades; só depois lança mão desses signos para, num movimento de retorno, descrever e, assim, ordenar a realidade bruta, que desafia os limites da representação.
Primeiro, o cinema nacional inventou o seu grande ídolo fardado (não tínhamos um assim desde O Vigilante Rodoviário da TV), depois, os policiais de verdade tiveram seus dias de glória. Há muito tempo os militares não eram tão festejados como o são agora.
Na Cidade Maravilhosa, a guerra civil desenrola-se como num roteiro de filme de ação, e isso talvez não tenha sido devidamente registrado. Durante esses tiroteios todos, falou-se muito de reality show, mas quase nada se disse sobre a narrativa e sobre o roteiro que dá encadeamento a todas as ações. O roteiro não foi urdido pelos jornalistas, nada disso. Ele floresce do repertório social, de sentimentos, desejos e aspirações disseminadas na linguagem e na imaginação correntes. Não foi a tal da "mídia" que inventou, de repente, de bater palmas para as forças militares - é a sociedade, em seus diversos segmentos, que legitima os aplausos. As pessoas aplaudem as forças de ocupação porque não aguentam mais viver sob a tirania dos bandidos, sem dúvida alguma. Mas elas também aplaudem porque, agora, dispõem da narrativa dentro da qual o homem veste bem o papel do mocinho. Foi assim que Tropa de Elite mudou o lugar da polícia no imaginário carioca - e brasileiro.
A realidade dança ao ritmo dos mitos compartilhados pelos viventes. Vem daí a sensação de que a vida imita a arte. Vem daí, também, a sensação que a gente tem de vez em quando de que o jornalismo fala dos filmes como se os filmes fossem fatos - e dos fatos como se eles fossem cenas de um grande filme.
Uma foto que ganhou enorme visibilidade nestes dias vem ilustrar o mesmo fenômeno. No alto de um morro carioca, policiais circundam duas bandeiras que acabam de ser hasteadas. Uma é do Brasil. A outra, do Rio de Janeiro. O fato fotografado é novo, mas a fotografia é antiga, ou melhor, é a reedição de uma imagem clássica, absolutamente mítica, registrada por Joe Rosenthal, em fevereiro de 1945, em Iwo Jima: soldados americanos erguem a bandeira americana após a tomada da ilha.
Aquele flagrante, depois ficou provado, foi encenado. Mesmo assim, virou símbolo da conquista do Pacífico pelos Aliados. Agora, como os Aliados no Pacífico, a força bruta do Bope invade territórios para ocupá-los ou libertá-los, dependendo do discurso da vez. Uma guerra total, agora bem pertinho de você. As balas do bem hão de dizimar o mal e abrir o terreno para o nosso estandarte.
O Rio de Janeiro vive sua saga mítica, sua epopeia de reabilitação. O Rio, ponta de lança do imaginário nacional, levanta-se contra os bandidos. Aqui, nessa carga simbólica, mora a potência da violência que varre o horizonte incerto de rochas dilatadas, que são, como avisou o sambista, uma concentração de tempo. E de mistérios. O desfecho das sagas reais não costuma ser tão feliz como no cinema.
JORNALISTA, É PROFESSOR DA ECA-USP E DA ESPM 

ROBERTO MACEDO

Nobel Argentina 5 x 0 Brasil

Roberto Macedo 


O Estado de S.Paulo - 02/12/10
Ao examinar a outorga do Nobel segundo a cidadania dos premiados, deparei-me com esse placar, que reafirma o atraso do País no plano científico e o não reconhecimento internacional de personalidades brasileiras em outras áreas cobertas pelo prêmio. Em ciências ele é outorgado em Física, Química e Fisiologia ou Medicina, e há também uma láurea para Economia. Além disso, há os prêmios de Literatura e Paz.
Essa contagem pela cidadania envolve dificuldades, pois às vezes se confunde com avaliações que consideram o país de nascimento. Mas, mesmo contando dessa forma, os argentinos ganhariam de goleada.
O que fazer? Em várias áreas o Brasil vem avançando na formação de doutores e de outros pesquisadores. Publicações de seus artigos em revistas científicas no País e no exterior também aumentaram em número. Mas sabe-se também que recursos para o dia a dia das pesquisas continuam escassos e há outras dificuldades, como as burocráticas na importação de insumos indispensáveis ao trabalho em laboratórios.
Como outros, nós, economistas, temos um olhar focado em processos e resultados. Mais que muitos, entretanto, acreditamos que estímulos econômicos favorecem o alcance de resultados, até porque contribuem para acelerar processos. Esses estímulos podem ser em dinheiro ou em outros valores atribuídos a esforços realizados e ao reconhecimento deles.
Nessa linha, pode-se constatar que a premiação em dinheiro para avanços científicos e tecnológicos tem tradição secular e vem se acelerando nos últimos anos. Assim, a edição de 7/8 da revista The Economist destaca que os resultados de prêmios dessa natureza são avaliados como satisfatórios. A reportagem mostra que a sua concessão vem crescendo internacionalmente. O número dos que têm valor de US$ 100 mil ou mais aumentou de cerca de 50 em 1995 para perto de 300 em 2009. A mesma revista menciona estudos que encontraram relações entre as pesquisas premiadas e patentes subsequentes.
A propósito, vale registrar que recentemente o professor José Goldemberg, conhecido cientista brasileiro, recebeu a edição de 2010 do Prêmio Ernesto Illy Trieste de Ciência, no valor de US$ 100 mil, outorgado a eminentes cientistas de países emergentes por significativas contribuições à ciência e a desenvolvimentos nela baseados. Soube da notícia num encontro casual com o próprio premiado, que, aliás, com razão, demonstrava evidente satisfação por ter sido contemplado.
Baseado em considerações como essas e outras resultantes de discussões no âmbito da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), o senador Alfredo Cotait (DEM-SP), que recentemente assumiu a cadeira do senador Romeu Tuma (PTB-SP), apresentou no Senado projeto de lei que cria o Prêmio César Lattes, assim proposto: "Ao cidadão brasileiro que, por atividades realizadas individualmente ou em instituições localizadas no Brasil, inclusive empresas, receber o prêmio ou láurea internacionalmente conhecidos como Nobel, o governo federal brasileiro lhe outorgará também o Prêmio César Lattes, de valor em reais equivalente ao recebido em coroas suecas." Com a "guerra cambial" que valorizou essa moeda, hoje o Prêmio Nobel envolve cifra perto de US$ 1,5 milhão.
O mesmo projeto propõe também o Prêmio Santos Dumont, "a ser conferido em cinco categorias, à razão de um em cada caso, a cidadãos brasileiros que trabalhando individualmente ou em instituições localizadas no Brasil, inclusive empresas, criarem inovações capazes de resolver determinados problemas cuja solução seja de interesse nacional e gere benefícios para a população e/ou para as atividades econômicas brasileiras".
Quanto ao mesmo prêmio, o projeto estabelece que "o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) definirá os primeiros cinco problemas para cuja solução será oferecido o prêmio", e que "vigorará o prazo de três anos para que os candidatos apresentem suas propostas de solução e o prêmio seja outorgado. Caso a premiação ocorra ou esse prazo se esgote sem que o prêmio seja conferido, um novo problema com igual prazo será proposto em substituição. As soluções serão avaliadas não apenas pela suas características científicas e tecnológicas, como também pela viabilidade de sua aplicação prática com ênfase na relação entre seus custos e benefícios". O valor do prêmio seria de R$ 1 milhão em cada categoria.
Como exemplo de um problema cuja solução poderia ser estimulada por esse prêmio, a exposição de motivos do projeto menciona uma vacina contra a malária e/ou a criação de novos medicamentos contra essa doença, que minimizem ou eliminem os maus efeitos colaterais dos já existentes. A íntegra do projeto pode ser encontrada em www.se
nado.gov.br/atividade/materia/detalhes.asp?p_cod_mate=98439.
A denominação dos prêmios homenageia o físico César Lattes, considerado o mais importante da história do País e o cientista brasileiro que mais perto esteve da premiação do Nobel, de Física. E Santos Dumont, pela sua engenhosidade como pioneiro da aviação.
Espero que o projeto seja aprovado no Congresso e sancionado pela futura presidente Dilma, que por outros engenhos e artes vai receber o prêmio Lula na solenidade de sua posse.
Evidentemente, não cabe esperar que os prêmios propostos sejam capazes de resolver as grandes carências brasileiras em avanços científicos e tecnológicos. Mas, inegavelmente, poderão contribuir para as pôr em discussão e para agilizar processos e resultados. E, ainda, para estimular pessoas e equipes a se empenharem com maior vigor nesse outro jogo que disputamos com outros povos, o de "bolar" significativos avanços dessa natureza em benefício da humanidade, e ter seu mérito reconhecido sobretudo no seu próprio país.
ECONOMISTA (UFMG, USP E HARVARD), PROFESSOR ASSOCIADO À FAAP, É VICE-PRESIDENTE DA ACSP 

EDITORIAL - FOLHA DE SÃO PAULO

Um país caro
EDITORIAL
FOLHA DE SÃO PAULO - 02/12/10


Novo governo precisará reduzir custo Brasil para recuperar dinamismo da atividade industrial e ampliar capacidade de crescimento

Já se tornou lugar comum constatar que, a despeito do bom momento da economia, o Brasil enfrenta dificuldades para manter o dinamismo do setor industrial.
O país tem colecionado estatísticas que refletem a deterioração da pauta de comércio exterior. É o único dos grandes emergentes a registrar deficit comercial com os EUA (US$ 7,5 bilhões nos doze meses encerrados em outubro), o mercado mais aberto do mundo. O superavit com a União Europeia, que era de US$ 12,5 bilhões em 2007, caiu para US$ 3 bilhões nos últimos 12 meses.
Apenas as relações com a China apresentam dinâmica diferente -de um deficit de US$ 1,8 bilhão em 2007 passou-se a um saldo de US$ 4,2 bilhões nos últimos 12 meses, resultado explicável pela predominância de commodities, que representam mais de 90% das vendas ao país asiático.
Não se trata apenas de perda de oportunidades externas. Enquanto a indústria produz praticamente o mesmo que em setembro de 2008, o consumo interno já é 17% maior. E a diferença é suprida por produtos importados.
Há benefícios nesse processo, como o incremento da concorrência e a contenção de pressões inflacionárias. Em contrapartida, observa-se o recuo de setores que seriam competitivos se os custos de produção estivessem mais próximos do patamar internacional.
O contraste com a realidade da China é notável. Não se trata de fazer comparações ligeiras -e em geral enganosas- entre modelos econômicos, mas de considerar alguns resultados práticos no que tange ao dinamismo industrial. Enquanto no Brasil parece estar ocorrendo uma incipiente desindustrialização, especialmente nos setores mais sofisticados, na China há um vigoroso processo de incorporação de tecnologia nas cadeias produtivas.
Nesta semana, por exemplo, foi noticiada pela imprensa internacional a intenção da Caterpillar, maior fabricante mundial de máquinas pesadas para a construção civil, de transferir pelo menos 25% de sua rede de fornecedores de peças mais sofisticadas do Japão para a China. A empresa atribui esta intenção não à mão de obra barata, mas à maturação do setor manufatureiro chinês.
O nó da questão é que o Brasil é um país que se torna cada vez mais caro para a atividade produtiva. Em parte esse efeito decorre da valorização cambial, que não se explica apenas pela perda de força do dólar no cenário internacional. Fragilidades da política econômica também respondem pelo problema -caso da ainda elevada taxa de juros. Há também muitas carências na infraestrutura e irracionalidades no sistema tributário, que incidem sobre os custos de produção, tornando as empresas menos competitivas.
Em termos de facilidades de logística e transportes, por exemplo, um recente estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra o Brasil em último lugar na comparação com 14 países.
É preciso que o próximo governo promova um sério esforço de redução do custo Brasil, caso contrário o país só tenderá a perder competitividade e a acumular desequilíbrios -reduzindo suas perspectivas de crescimento.