quinta-feira, outubro 14, 2010

MERVAL PEREIRA

Boca fechando
MERVAL PEREIRA
O GLOBO - 14/10/10

A pesquisa do Ibope divulgada ontem pelo “Jornal Nacional” mostra que a diferença entre a candidata oficial, Dilma Rousseff, e o tucano José Serra se reduziu pela metade desde a eleição de 3 de outubro. De 47% dos votos válidos, Dilma aumentou 6 pontos, chegando a 53%, enquanto Serra, que teve 33% nas urnas, hoje está com 47%, tendo crescido nada menos que 14 pontos em dez dias.

A diferença de 14 pontos caiu para seis com o início da propaganda oficial e depois do primeiro debate do segundo turno, na TV Bandeirantes.

Ou, como dizem os especialistas quando a diferença entre os candidatos se estreita, “a boca do jacaré está fechando”.

É possível tirar a ilação de que o tom mais agressivo utilizado pela candidata Dilma Rousseff não surtiu efeito.

O resultado da pesquisa do instituto Vox Populi, que faz pesquisas para o PT, também divulgada ontem, que deu uma diferença de 8 pontos para Dilma, igual ao detectado pelo Datafolha depois do primeiro turno, mas antes do debate televisivo, pode ser atribuído à data em que foi realizada.

Enquanto o Ibope foi feito entre os dias 11 e 13, o Vox Populi fez a sua pesquisa no domingo e na segunda-feira.

Como estava programado o debate para a noite de domingo, a pesquisa só pegou parcialmente o efeito dele na opinião dos eleitores.

O difícil é entender por que o instituto Vox Populi fez questão de sair a campo no próprio domingo, antes do debate.

A Nuvem

A guerra santa em que está se transformando perigosamente a campanha presidencial já tem sua crítica quase em tempo real em um novo livro do acadêmico Carlos Nejar, que está sendo lançado pela editora R&F.

“A nuvem candidata à Presidência” relata em tom de crônica a atual campanha eleitoral, com todos os candidatos perfeitamente identificados, embora com outros nomes, e uma vencedora, a própria Nuvem do título.

Um ditado muito conhecido é o que diz que “política é como nuvem, cada vez que se olha está diferente”.

Nejar foi buscar a própria nuvem para falar de uma candidata nefelibata, perdida com seus sonhos no meio de uma guerra eleitoral.

A candidata oficial é Dila Mene, homenagem à amada de Camões, Dinamene, que um lapso do escrivão pôs a perder, e o presidente explica: “Dila sou eu hoje! Dila sou eu amanhã. Sou eu sempre Dila”.

A candidata oficial “mudou a aparência, os penteados, mas não se adaptou ao espetáculo, atriz novata no palco, atropelando a metade das falas ditadas da coxia”.

O opositor principal é Teodorico Serra, que detesta cães e gatos, “não tem carisma, tudo nele é forçado, (...) reúne preparo e certa tendência ao autoritarismo”.

Albertina “é filha da floresta, suave, elegante, inteligente nos debates, mas perde-se na miudeza do partido e dos programas, que é como querer chegar na Lua montada sobre um cavalo”.

Há ainda Plínio, O Velho, “trazendo os oráculos gregos e latinos, com um socialismo corroído nas ruínas e que parece novo, diante do formol ou espartilho da situação e de certa oposição que não tem ideias. Igual a seu homônimo da antiguidade, pode ser engolido pelo Vesúvio eleitoral que preserva os grandes devorando os pequenos”.

Nejar cita Laurence J.

Peter, o educador canadense autor do“ Peter principle” (Princípio de Peter) que diz que, numa burocracia de sistema hierárquico, todo funcionário tende a ser promovido até o seu nível de incompetência.

Pois Peter também definiu que “entrar numa igreja não o torna cristão, assim como entrar numa garagem não a transforma em um carro”.

Crítica que, para Nejar, poderia ser perfeitamente dirigida às súbitas aparições de candidatos ateus em igrejas, “com o rosto mais resignado e eclesial”.

E, como que já prevendo a polêmica que está instalada na campanha presidencial, ele relata as dificuldades da candidata Dila Mene para definir sua religiosidade.

Perguntada em 2007 se acreditava em Deus, uma pergunta recorrente a todos os candidatos a presidente, ela respondeu: “Eu me equilibro nessa questão.

Será que há? Será que não há?”.

Já em fevereiro deste ano, perguntada se tinha alguma religião, respondeu, respondeu peremptória: “Não, mas respeito”.

Em abril, disse na TV Bandeirantes: “Acredito numa força superior que a gente pode chamar de Deus”.

Em maio, perguntada pela revista Isto é se era católica, saiu-se com essa: “Sou.

Quer dizer, antes de tudo cristã. Num segundo momento, católica. Num terceiro, macumbeira”.

Albertina é decididamente evangélica, e Teodorico Serra é católico apostólico romano. Certa feita, em uma reunião de evangélicos, misturou “fumantes e ateus”.

Escreve Nejar: “Talvez para ele o ateu seja um fumante do nada e o fumante, um ateu do cigarro. Ou talvez o ateu seja um charuto, e o fumante, vapor engarrafado”.

Já a Nuvem, em vez da Bolsa-Família, inventou a Bolsa-Futuro, “que é a societária paz. Criando formas de as famílias, com o próprio esforço, se sustentarem”.

Letícia, o nome da Nuvem, relata Carlos Nejar, “viu cumprir-se sua vitória nas urnas sem saber ao certo onde estava. E escutava os alaridos das ruas. Não sei, leitores, se o sonho lhe pregou uma peça, ou se ela é que pregou uma peça ao sonho. O fato é que todos os dias se uniram àquele dia. Como se os sinos de muitos e muitos anos tocassem numa só vez. E a alma de repente quisesse vir para fora do corpo”.

RENATA LO PRETE - ARTIGO

Programa de combate

RENATA LO PRETE
Folha de S. Paulo - 14/10/2010


POR MAIOR que seja o contraste entre a Dilma Rousseff de domingo passado na Band e a dos debates do primeiro turno, bem como entre o tom olímpico dos programas de TV na etapa inicial e o generoso espaço agora dedicado à satanização do governo Fernando Henrique, existe lógica na comunicação da campanha petista.
O dia 3 de outubro mostrou que Dilma, sem prejuízo dos quase 47 milhões de votos recebidos, não tinha força suficiente para resistir à combinação Erenice-aborto. A força estava com Lula.
A primeira providência, portanto, foi retirar o presidente de cena e dar protagonismo à candidata -enquanto, nos bastidores, ele manda mais do que nunca, sendo o verdadeiro e único condutor da "intervenção branca" que alguns chegaram a atribuir a personagens como Ciro Gomes e José Dirceu.
Chamado a explicar o sentido de urgência de Dilma, que avançou sobre José Serra desde a primeira intervenção no debate e mais de uma vez começou a falar por cima das palavras do mediador, um integrante do comando da campanha argumenta que ali, como nunca antes, ela mostrou-se capaz de dar o "combate autônomo", longe das asas protetoras de Lula.
A propaganda negativa é fruto da realidade. Mudaram os números e, com eles, o tamanho do risco de derrota. Bate quem precisa. E quem bate, ao contrário do que diz um bordão surrado do marketing político, não necessariamente perde.
No entanto, embora façam sentido mudanças tanto no comportamento de Dilma quanto no teor do programa de TV, há algo estranho no ar. Talvez seja menos o diagnóstico do que a dosagem do remédio.
Na Band, Dilma foi tão agressiva -ou "assertiva", como prefere definir- que não lhe sobrou tempo para ser propositiva. Nos próximos debates, seguirá na mesma toada ou voltará para dentro da garrafa? Trocar de personagem é uma opção de risco na encenação eleitoral.
Na propaganda, se antes havia Lula demais, agora não há quase Lula nenhum. E as pauladas no "governo FHC-Serra", com gráficos apocalípticos projetados sobre o indefectível fundo preto, ocupam o miolo do bloco de dez minutos, quando não são desferidas em locução da própria candidata.
Tudo junto e misturado, restam duas impressões.
Primeiro, a de um certo improviso, como se os petistas jamais tivessem trabalhado a sério com a hipótese de não liquidar a fatura pela via rápida.
Segundo, a de que essa não é a campanha típica de quem está na frente -e Dilma, dizem Datafolha, Ibope e Vox Populi, está.
Ocorre que esta eleição se revelou cheia de percalços para os institutos. O Vox, que pesquisa para o PT, errou feio o prognóstico do primeiro turno. Mais do que interessada em vender ilusões aos jornalistas, talvez a campanha de Dilma esteja insegura dos próprios números.

MÔNICA BERGAMO

URSINHO, CORONEL?
MÔNICA BERGAMO 
FOLHA DE SÃO PAULO - 14/10/10

Casado com Sandra, a San, e pai de Bem, 4, e Salvador, 2 meses, Wagner Moura acha que "nada obriga duas pessoas a estarem juntas como era antigamente". "Não existe outra razão para você morar com uma pessoa que não seja o amor", diz o ator à revista "Rolling Stone", na semana de lançamento de "Tropa de Elite 2". Amanhã nas bancas.

DEUS NO PALANQUE

A equipe de marketing de José Serra (PSDB) continuará firme em sua investida religiosa. Pesquisas que orientam as duas campanhas mostram que o embate hoje está se dando em torno de um público de indecisos (cerca de 7%) formado em grande parte por mulheres de 25 a 35 anos, com média escolaridade, despolitizadas, muito religiosas e suscetíveis a mensagens de impacto emocional. Para elas, conceitos como "amor", "do bem" e "Deus no coração" podem pesar mais que qualquer outro.

DEUS NO PALANQUE 2
Entre os eleitores de Dilma há também uma faixa instável com o mesmo perfil que poderia trocar de lado.
Para segurá-los, a campanha dela também manterá conceitos religiosos e da "família brasileira" no ar, tentando resistir à investida do marketing tucano.

DEUS NO PALANQUE 3
A visita de Serra à basílica de Aparecida no dia da padroeira foi mostrada ao vivo pela TV Aparecida, emissora que tem apoio da Igreja Católica e retransmissoras em mais de 130 cidades. Além de mostrar imagens de Monica Serra levando a santa ao altar, a TV fez entrevista de 13 minutos com o tucano sobre a sua "longa carreira política" e o seu desejo de "ser presidente". Um dia antes, a emissora registrou também a visita de Dilma ao templo.

PAPEL PICADO
E o deputado Michel Temer (PMDB-SP), candidato a vice-presidente na chapa de Dilma, diz que já deu entrevistas "a mais de dez rádios e TVs" religiosas nos últimos dias para desmentir o boato, espalhado em templos e pela internet, de que é satanista (aquele que cultua Satanás).

SUBSTITUIÇÃO
Passado o segundo turno, o prefeito de SP, Gilberto Kassab, (DEM-SP) deve se reunir com o deputado federal Walter Feldman (PSDB-SP), que não foi reeleito.
Ele quer convidá-lo para reassumir ainda neste ano a Secretaria Municipal de Esportes da capital.

É UM REAL
Em cartaz no Theatro Municipal de Paulínia, no interior de SP, "Tropa de Elite 2" teve um público de 8.667 pessoas no fim de semana prolongado. Na cidade de cerca de 70 mil habitantes, os ingressos custam R$ 1, pois o longa tem subsídio da prefeitura municipal.

BANHO QUENTE
O bailarino russo Mikhail Baryshnikov, que se apresenta na terça em SP, no Teatro Alfa, fez uma única exigência à produção de sua turnê no Brasil: que houvesse uma banheira com água quente nos hotéis em que ficará hospedado.

MAIS TEMPO
A Street Biennale, bienal de artes de rua que conta com artistas fazendo intervenções em edifícios do centro de São Paulo, teve sua data de término prorrogada em mais um mês.
As obras espalhadas pelo centro ficarão expostas até o dia 30 de novembro.

QUEM SABE FAZ AO VIVO
O show que a banda Recoil, de Alan Wilder (ex-integrante do Depeche Mode) fará no Inferno Club, na rua Augusta, no dia 10, foi viabilizado por fãs brasileiros do músico. Postaram no site do grupo um vídeo em que quatro deles pediam uma apresentação em SP e entraram em contato com o empresário do conjunto. Os custos da apresentação, de R$ 25 mil (entre cachê, passagens, alimentação e aparelhagem), será bancado por nove fãs.

FERIADO ARTÍSTICO
A artista americana Laurie Anderson, mulher do músico Lou Reed, inaugurou a exposição "I in U - Eu em Tu", no Centro Cultural Banco do Brasil, anteontem, com uma performance. Marcello Dantas é o curador da mostra que tem instalações, filmes e fotos.

CURTO-CIRCUITO

A OAB-SP faz hoje, às 10h, debate sobre a obra do pernambucano Gil Vicente, exposta na Bienal, em que o artista "mata" Lula e FHC. A entidade havia pedido a retirada dos quadros da mostra.

O promotor Paulo Sérgio de Castilho autografa o livro "Ações Práticas e Propostas Legislativas de Combate à Violência no Futebol: a Criminalização é o Caminho?", hoje, a partir das 19h, na Federação Paulista de Futebol.

O musical "Avenida Q", adaptação de peça da Broadway feita por Claudio Botelho e Charles Möeller, reestreia amanhã em São Paulo, no Teatro Brigadeiro, a partir das 21h. Classificação: 14 anos.

Os cantores líricos Maria Pia Piscitelli e Federico Sacchi fazem recital, hoje, no Theatro São Pedro, a partir das 21h. Classificação: livre.

com DIÓGENES CAMPANHA, LÍGIA MESQUITA e THAIS BILENKY

EDITORIAL - O ESTADO DE SÃO PAULO

A PDVSA e a fantasia petista
EDITORIAL
O Estado de S. Paulo - 14/10/2010


Nem sequer um centavo foi investido até agora pela estatal venezuelana PDVSA na construção da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. A obra é tocada só com recursos da Petrobrás, embora tenha sido planejada e anunciada como empreendimento conjunto. A pedra fundamental foi lançada em dezembro de 2005 pelos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez. Esse projeto seria a primeira grande realização da Aliança Estratégica formalizada em fevereiro daquele ano, em Caracas, com a presença da ministra de Minas e Energia do Brasil, Dilma Rousseff. Passados cinco anos, o balanço de realizações conjuntas é irrisório. A PDVSA deveria custear 40% da refinaria. Sem cumprir sua parte, pode ser forçada a renunciar ao projeto. Outras tentativas de cooperação também fracassaram. Uma delas, já abandonada, foi o plano de atuação da Petrobrás na área petrolífera do Orinoco.

A Aliança Estratégica formalizada pelos presidentes Chávez e Lula foi uma tentativa de combinar duas bandeiras do atraso - o bolivarianismo do caudilho venezuelano e o terceiro-mundismo requentado da diplomacia petista. Nada útil poderia resultar desse acasalamento.

Atribuir a expansão do comércio bilateral a essa iniciativa é um disparate evidente. O intercâmbio do Brasil com toda a América do Sul cresceu nos últimos dez anos, como consequência da prosperidade regional e de um esforço de integração intensificado a partir dos anos 90. Empresas brasileiras já tinham interesses na Venezuela bem antes da aproximação Chávez-Lula.

A "aliança" formalizada em 2005 e reafirmada em 2009 apenas acrescentou ingredientes ideológicos à cooperação bilateral. Foi mais uma aposta errada do presidente Lula - uma entre várias escolhas estratégicas baseadas na fantasia e não no cálculo de interesses concretos.

A ampliação do comércio bilateral foi muito mais acidentada do que teria sido, certamente, se a Venezuela estivesse sob um governo democrático, sem delírios expansionistas e livre da retórica anticapitalista. Atrasos de pagamentos foram um problema frequente para exportadores brasileiros, assim como a discriminação cambial a favor de produtores de outros países.

O governo petista não só aceitou essas distorções, como ainda se esforçou para incluir no Mercosul a Venezuela do presidente Chávez. A inclusão ainda não se consumou porque não foi aprovada pelo Congresso paraguaio. Se for consumada, o bloco regional, já emperrado e com enormes dificuldades para negociar com grandes parceiros como União Europeia e Estados Unidos, ainda passará a depender dos humores e das ambições de um caudilho fanfarrão.

Esse caudilho, é bom não esquecer, não tem prazo para deixar o governo de seu país nem está sujeito a limitações de tipo democrático. A diplomacia petista notabilizou-se pela frequência de suas apostas erradas. Ao enterrar a Alca, deixou espaço para uma série de acordos bilaterais dos Estados Unidos com outros países latino-americanos. Além disso, jogou fora a chance de negociar condições preferenciais de acesso a vários mercados antes da grande invasão chinesa.

Produtores brasileiros têm perdido competitividade tanto nos Estados Unidos como na América Latina. Se o Mercosul quiser iniciar um novo entendimento com Washington, terá de negociar levando em conta regras de investimento e de propriedade intelectual já acertadas naqueles acordos.

A diplomacia petista errou também - por esquecer os interesses nacionais - ao eleger a maioria dos "parceiros estratégicos". Estados Unidos e Europa continuam sendo muito mais importantes que o Brasil para russos e chineses. Nenhum desses parceiros se afastou de seus interesses para favorecer o comércio com o Brasil. Ao contrário: as conveniências brasileiras foram preteridas, quase sempre (como, por exemplo, na atribuição, pelo governo russo, de cotas para exportadores de carne). Os africanos nunca deixaram de se aliar aos europeus nas questões comerciais. Se a coerência no erro é uma virtude, então a diplomacia petista tem pelo menos essa qualidade. A aliança com Hugo Chávez comprova esse fato.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Quebra-cabeça 
Sonia Racy 

O Estado de S.Paulo - 14/10/2010

Descoberto: Tiririca, eleito deputado federal, tem carteira nacional de habilitação. O que, teoricamente, significa que ele sabe ler e escrever. Segundo o Detran, é impossível que um analfabeto obtenha CNH. "A não ser que a carteira seja ilegal", observou um despachante à coluna. A existência do documento é uma boa forma do new-parlamentar provar ao juiz da 1ª Zona Eleitoral que não é analfabeto e que sabe interpretar as leis de trânsito.
Indagado pela coluna sobre a CNH do palhaço, o promotor Maurício Lopes avisa: o tema está sob investigação.


Quebra-cabeça 2
Para lembrar: continua sob suspeita, a autenticidade da declaração de próprio punho que Tiririca apresentou ao registrar sua candidatura. O Instituto de Criminalística concluiu que quem a redigiu tem "mais habilidade gráfica do que objetivou demonstrar".

Sala de aula
Tema sensível para Serra, Dilma quer surfar amanhã, Dia do Professor. Além de participar de ato com os mestres em SP, aproveita para lançar 13 pontos do seu programa de governo para a educação.

Cobertor
Na divisão das tarefas na campanha de Serra, Aloysio é quem está monitorando o eleitorado evangélico. Divide o trabalho com Marta Costa, sua suplente no Senado e filha do pastor José Wellington da Costa.

Ponto nobre
Está decidido onde Emanuele Garosci, dono do badalado Palazzina Grassi em Veneza, fará seu primeiro hotel no Brasil. Foi escolhida, em São Paulo, a concorrida Al. Gabriel Monteiro da Silva.

Custo? U$ 100 milhões.
Ufa!
Depois de assistir Tropa de Elite 2, Eduardo Suplicy saiu aliviado pelo fato do filme ter sido lançado após o primeiro turno das eleições. O longa, patrocinado pelo Estado do Rio, atinge a imagem de Sérgio Cabral de maneira explícita. "O diretor, felizmente, não se prestou a influenciar o processo eleitoral carioca", justificou.

Pertinente
No feriado, Frans Krajcberg confessou à dupla osgemeos, sua insatisfação por ser definido como "polonês naturalizado" e não brasileiro. Mesmo depois de tantos anos no País.

Racionalidade
Depois de fazer palestra na terça-feira pela manhã, em Nova York, para investidores americanos, Guido Mantega almoçou reservadamente com alguns membros do Council of the Americas -organizador do evento.

Ali, buscando tranquilizar aos presentes, fez elogios tanto a Dilma bem como a Serra. Segundo um dos convidados, o ministro da Fazenda deixou claro que os dois são muito competentes
E que tem capacidade de tocar a economia brasileira, quem quer seja o vencedor dessas eleições.

Eu voltei
Não, Geraldo Alckmin não vai repetir de ano por abandono de emprego. Voltou a comandar suas aulas de gestão de cidades, na Unimes, em Santos.
Interrompidas por causa da campanha, elas serão dadas até ele assumir o governo do Estado.

Filantropia
Em pouco mais de 15 minutos, João Doria arrecadou R$ 2,24 milhões para seu Natal do Bem que acontece em dezembro. Foi na noite de terça, finalizando o seminário do Lide, em Cartagena.
Ainda há mesas de dez lugares à venda. Por R$ 50 mil cada.

Curiosidade
Um dos mais requisitados e reconhecidos artistas da América Latina, o colombiano Fernando Botero simplesmente não tem um marchand para vender suas obras de arte.
É ele mesmo quem toca a comercialização das peças e faz a curadoria de suas exposições.


Na frente

Quem assistiu à saída dos mineiros da mina, onde sofreram temperatura mínima de 30º C e 89% de umidade, levou susto. Os chilenos Eles estavam barbeados, limpos e bem alimentados. Isto é, cumpriram com louvor o "programa" Sebastián Piñera.

Felipe Machado lança hoje, no Shopping Leblon, no Rio, seu livro Bacana Bacana.

Empresário brasileiro revela: quem contrata a consultora especializada em sustentabilidade, Solitaire Townsend, paga a neutralização de carbono da sua viagem de avião. Além da passagem, claro. Uma questão de coerência...

JOSÉ SIMÃO

Ueba! A Dilma ASSERTOU o Serra
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 14/10/10

O Serra não cabia na cápsula. Ia levar o terço, o púlpito, a santa e a réplica do altar de Aparecida!

BUEMBA! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Resgate dos mineiros! Agora só falta resgatar os mineiros do Atlético.
E a Bandnews chamou um geólogo pra comentar o resgate. E como se chama o geólogo? Hugo ROCHA! Predestinado!
Fiquei até as quatro da manhã vendo o resgate. Como disse um amigo meu: é como a chegada do homem à Lua, só que ao contrário! E a manchete do sensacionalista: "Informado que sua sogra o aguarda, mineiro se recusa a subir".
E adorei o presidente do Chile atendendo a Cristina Kirchner no celular: "MI CRISTINA!". Rarará!
E adorei a cápsula! Já imaginou se tivesse que resgatar os candidatos? A Dilma não cabia na cápsula. Aliás, o cabelo da Dilma não cabia na cápsula. Aquele cabelo: acabei de saltar de bungee jumping. UUUU! E o cabelo uuuuu!
O Serra não cabia na cápsula. Porque ele ia levar o terço, o púlpito, a santa e a réplica do altar de Aparecida! E o Lula? A barriga do Lula não ia caber na cápsula.
Aliás, aquela barriga não cabe em lugar nenhum. E em vez de três tubos de oxigênio, ia levar três tubos de 51! Rarará! E como disse a Nair Bello do Twitter: "Toda vez que ouvia que tava subindo mais um mineiro, eu achava que ia ver o Itamar". Rarará. E se eu ficar preso dentro dum buraco, não quero ninguém me filmando na saída!
E a Dilma no Dia da Criança lá em Brasília? Abraçada com as criancinhas. Sabe o que ela falava pras criancinhas? "Papai Noel não existe!" "O coelho não bota ovo!" "A fada do dentinho é mentira." "Eu vou dar uma voadora na sua mãe." Rarará!
E o Padre Serra já beijou o terço hoje? Toda vez que eu vejo o Serra dizendo que é cristão fervoroso, eu tenho vontade de rir. Bem alto. Muito alto. Rarará!
E um amigo me disse que a Dilma é o avatar mal-acabado do Lula! E por que toda vez que se fala em Paulo Preto, dá um branco no Serra? E a Dilma diz que não foi agressiva no debate, foi assertiva. Foi mesmo. Passou o tempo todo tentando assertar o Serra debaixo da linha da cintura. ASSERTOU O SERRA!
E tá todo mundo dizendo que o Serra não defendeu a sua mulher no debate. Então apanhou duas vezes: apanhou da Dilma no debate e apanhou da mulher em casa. Rarará!
Nóis sofre mas nóis goza! Deus! Ó Deus! Adeus!
Que eu vou pingar o meu colírio alucinógeno!

ANCELMO GÓIS

Mineiros chilenos 
Ancelmo Góis 

O Globo - 14/10/2010

Ontem mesmo o presidente do Comitê Organizador dos Jogos de 2016, Carlos Nuzman, acionou o Itamaraty.

Pretende trazer André Sougarret, chefe das operações de resgate dos mineiros chilenos, para ajudar na organização dos Jogos no Rio.

Mais uma chance

Mano Menezes chamou ontem Ronaldinho Gaúcho para uma conversa mano a mano, ou melhor, têteagrave;-tête.

Morro dos Macacos

A próxima UPP será no Morro dos Macacos, em Vila Isabel.

Triste Serrinha

A guerra no Morro da Serrinha, berço do querido Império, no Rio, atingiu Tia Maria do Jongo, baluarte da escola.

Por causa dos tiroteios, Tia Maria, adoentada, teve de ir para a casa de um irmão, em Bangu.

Uma mão lava a...

Um candidato a governador da Região Sul derrotado na eleição procurou o comando de Dilma, prometendo se empenhar no segundo turno, e aproveitou para pedir uma “mãozinha” para pagar suas dívidas de campanha — coisa de uns R$ 3 milhões.

Não foi o único.

Zelo pelo nome

Se quer mesmo zelar pela Petrobras, Dilma deveria começar a escrever direito o nome da empresa.

No horário eleitoral, sua campanha insiste na grafia “Petrobrás”, com acento agudo.

Há pelo menos dez anos, a estatal não usa mais o acento.

Viva Paulo José!

Paulo José voltará ao teatro — agora, como diretor.

O grande ator vai dirigir as duas filhas, Ana e Bel Kutner, pela primeira vez, em “Histórias de amor líquido”, de Walter Daguerre.

Estreia dia 4 de novembro no Teatro Poeira, no Rio.

COMO SE DIZIA antigamente, “é chique no último”. A urbanização da favela de Manguinhos, obra do PAC concebida pelo arquiteto Jorge Mário Jáuregui, foi parar no MoMa, o Museu de Arte Moderna de Nova York, o mais badalado do mundo. O projeto (veja na reprodução), no qual a Secretaria estadual de Obras investe R$ 565,6 milhões, faz parte da exposição “Small Scale Big Change” (“Pequena escala, grande mudança”), sobre tendências arquitetônicas socialmente engajadas. A comunidade popular carioca aparece ao lado de obras em Burkina Faso, Líbano, Bangladesh, Chile, Venezuela, África do Sul e até de guetos de Los Angeles e Paris

Coisas da política

O deputado Romário se meteu numa confusão no Maranhão, segundo sites de São Luís.

Teria dado festa na piscina do Hotel Rio Poty que acabou em briga e polícia. O craque nega: “Teve festa aqui no hotel e fui como convidado. Estão dizendo que um segurança meu brigou.

Não sei de nada porque fui dormir às 4h30m.” É. Pode ser.

Calma, gente

Sabe a tal página atribuída a João Gilberto no Facebook? Ontem, anunciou que sairá do ar por causa de “ameaças recebidas” depois de críticas divulgadas ali a Dilma. Mas o mestre não tem nada a ver com a tal página, como ele disse aqui.

Cade é três estrelas

Relatório da Global Competition Review apontou o Cade como a segunda melhor agência antitruste do mundo.

Em primeiro, empatadas, ficaram as da União Europeia, do Reino Unido e dos EUA.

Cidade de Noel

Raul Sampaio, 82 anos, autor de “Meu pequeno Cachoeiro”, sucesso na voz de Roberto Carlos, disse em depoimento à série “Colheitas de Memórias”, do Instituto Cravo Albin, que Noel Rosa, acredite, seria coautor de “Cidade Maravilhosa”.

Segundo ele, Noel jamais reivindicou a parceria a André Filho por ser seu amigo. Será?

Longe do teatro

Flávia Sampaio, namorada do Eike Sempre Ele Batista, disse à revista “RG Vogue” que o casal vai ao cinema de vez em quando, mas que de teatro ele não gosta.

Um maldoso poderia achar que, talvez, por isso Eike tenha derrubado o Teatro Glória

Locanda à venda

O chef Danio Braga pôs à venda seu restaurante-pousada Locanda de la Mimosa, em Itaipava, RJ. O negócio, de R$ 2,8 milhões, é intermediado pela Coelho da Fonseca.

Danio, antes de entregar o imóvel, vai retirar sua valiosa adega, de uns 500 rótulos.

Palhaço

Nelson Sargento, remexendo o baú de Guilherme de Brito, descobriu uma canção inédita que fez com o compositor.

“Palhaço” será gravada no próximo CD do baluarte da Mangueira, parceiro de Brito em três canções.

No mais

A situação dos táxis do Rio, mostrada pelo “Fantástico”, da TV Globo, domingo, e dos ônibus, revelada ontem pelo GLOBO, é muito grave.

Reage, Rio! É EM SILÊNCIO, como pede a moça, que devemos observar Carolina Nakamura, bailarina do “Domingão do Faustão”, da TV Globo, filha de loura com descendente de japoneses. A bela aparecerá assim na capa da próxima revista “Vizoo”

ZECA PAGODINHO e Marcelo D2 capricham no chamego com Márcia Black, mãe da cantora Juliana Diniz, num restaurante da Barra da Tijuca

PONTO FINAL

Há cápsulas que levam morte, bombas. Essa no Chile devolveu a vida e faz lembrar versos de uma velha canção de Gil, “A raça humana”, que diz: “A raça humana é uma semana do trabalho de Deus/A raça humana é a ferida acesa/Uma beleza, uma podridão/O fogo eterno e a morte/A morte e a ressurreição/A raça humana é o cristal de lágrima/Da lavra da solidão/Da mina, cujo mapa traz na palma da mão.” Que sejam felizes.

CELSO MING

A conta da crise deles 
Celso Ming 

O Estado de S.Paulo - 14/10/2010

O banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed), acaba de avisar que vai aumentar suas operações de afrouxamento quantitativo. E essa é uma notícia que provoca apreensão na economia brasileira.
Afrouxamento quantitativo é impressão de moeda (no caso, de dólares) para ser usada na recompra de títulos do Tesouro americano. O Fed, dirigido por Ben Bernanke, dá lá sua justificativa sem muita relação com os tremendos efeitos que produz. A desculpa é que o despejo de bilhões de dólares no mercado irá facilitar a retomada do crédito, estimular o consumo, ajudar a empurrar o setor produtivo e, assim, favorecer a contratação de gente.
O resultado prático será a transferência de mais e mais recursos para economias emergentes, inclusive o Brasil. Ou seja, por meio do Fed, os Estados Unidos manobram para produzir forte desvalorização do dólar e revalorizar as demais moedas entre as quais estão as dos países em desenvolvimento, cuja indústria vai sendo asfixiada pela alta dos seus preços internos e externos (em dólares).


Trata-se, em última análise, de uma gigantesca manobra monetária com o objetivo de transferir para o resto do mundo um pedaço enorme da conta da crise que é deles, dos Estados Unidos.

A China consegue defender-se melhor desse jogo porque amarrou sua moeda, o yuan, ao dólar, à proporção de 6,83 yuans por dólar. Se o dólar cai, o yuan vai junto. Essa amarração é feita por meio da mesa de câmbio do Banco do Povo da China (banco central), que compra cada dólar que chega e, assim, mantém o yuan atrelado. É por isso que a China tem hoje reservas externas de US$ 2,6 trilhões.

Adquirir moeda estrangeira nos mercados tende a produzir inflação porque os pagamentos pelas compras de dólares são feitos em moeda local. Mas a China pode fazer isso sem produzir inflação porque o chinês poupa 51% do seu salário.

O Brasil também tem comprado dólares para tentar segurar o tombo da cotação. Mas não conta com poupança própria, como a China. Tem de emitir títulos de dívida que pagam juros de 10,75% ao ano para tirar do mercado os reais gastos com esse procedimento. E estes, aplicados em títulos do Tesouro americano, rendem pouco mais de 2% ao ano. Ou seja, a operação de defesa contra a manobra dos Estados Unidos sai cara, coisa de R$ 20 bilhões por ano, sem o sucesso desejado, porque as cotações do dólar continuam mergulhando no câmbio interno.

As autoridades americanas são useiras em culpar os outros pelos problemas deles. Não param, por exemplo, de acusar Pequim de manipular o yuan. Na verdade, a China não faz outra coisa senão mandar de volta a conta que o governo dos Estados Unidos lhe está empurrando.

O Brasil vinha entrando nessa falácia de culpar a China, mas na última reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI) o ministro Guido Mantega recusou-se a engrossar esse cordão. O grande manipulador é o Fed.

Em todo o caso, esta é, em última análise, uma questão de quem pode mais e é capaz de impor seu jogo. Embora tenha perdido a exuberância hegemônica anterior, os Estados Unidos continuam sendo o galo que canta no galinheiro.

O Brasil vai sangrando nesse jogo. O melhor que tem a fazer é tratar de reequilibrar as finanças públicas para que sobrem recursos de baixo custo e não inflacionários para se defender dos turbilhões que agora vão aumentar.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Sabesp assina hoje contrato de US$ 63 mi no Japão
 Maria Cristina Frias 

Folha de S.Paulo - 14/10/2010

Executivos da Sabesp assinam hoje, em Tóquio, empréstimo de US$ 62,5 milhões (cerca de R$ 104 milhões, na cotação do dólar de ontem) com a Japan International Cooperation Agency.
O investimento, que se soma à contrapartida de igual valor da Sabesp, será direcionado ao programa Pró-Billings, que beneficia, direta e indiretamente, cerca de 5 milhões de moradores da Grande São Paulo, abastecidos pelo manancial.
O recurso será destinado à construção de 100 km de rede coletora, 30 km de coletor tronco e 72 estações elevatórias. As obras terão início em janeiro de 2011 e devem ser concluídas em 2015. O edital de contratação do primeiro trecho já foi finalizado.
"A represa é uma das principais fontes de abastecimento da região. Vamos recuperar as margens e preservar a qualidade da água", diz Rui de Britto Affonso, diretor econômico da Sabesp, que está no Japão para a assinatura do contrato.
A companhia busca recursos no país asiático para aproveitar menores taxas de juros e maiores prazos, segundo Affonso.
"O país oferece 24 anos para pagar e juros entre 1,8% e 2,5% ao ano, bem menor que no Brasil", diz.
A Sabesp também negocia com a agência japonesa o empréstimo de US$ 200 milhões para o programa Onda Limpa, de despoluição da Baixada Santista, e de US$ 360 milhões do programa de Redução de Perdas das redes de esgoto existentes.

DAS ARÁBIAS
A Agência de Investimentos Estrangeiros de Dubai fechou acordo com o escritório brasileiro Velloza, Girotto e Lindenbojm, que passa a ser o representante oficial do órgão no Brasil.
O objetivo é estreitar o relacionamento bilateral e ampliar as possibilidades de investimentos e negócios entre os dois países.
"Percebemos interesse muito grande do mundo árabe em investir na América Latina", diz César Amendolara, sócio do escritório.
O Brasil é o segundo país da região a assinar com Dubai. O primeiro foi a Argentina, segundo o advogado.
Com o Brasil, os setores de maior interesse do Oriente são os de alimentos e de geração de energia, de acordo com Amendolara.
"A principal dificuldade dos estrangeiros é entender a carga tributária e a regulação de mercado financeiro brasileiro. Também recebo demandas de investidores sobre aquisição de terras rurais", diz o advogado.
O escritório já está em contato com agências e empresas do Qatar e da Arábia Saudita.

DE MALAS PRONTAS
A Caixa Econômica Federal deve fechar hoje uma nova parceria, com agências de turismo.
O objetivo é promover financiamento de pacotes dentro das condições do Crediário Caixa Fácil Turismo, que oferece a possibilidade de pagamento da primeira prestação em até 63 dias após a contratação e prazo de pagamento em até 24 meses.
O banco direcionou cerca de R$ 3 bilhões em crédito para o setor de turismo no ano passado.
No primeiro semestre deste ano foi R$ 1,9 bilhão, volume que representa 35% de aumento em relação ao mesmo período de 2009.

SEGURO-VIAGEM CRESCE 150%
O aumento do número de brasileiros que viajam tem impulsionado o mercado de seguro-viagem ou turístico.
O segmento gerou receita de R$ 24,1 milhões no acumulado deste ano, até agosto, segundo dados da Susep (Superintendência de Seguros Privados).
Esse valor é 151% superior ao apurado no mesmo período do ano passado.
Essa é uma das carteiras que mais têm crescido no mercado brasileiro de seguros, de acordo com o órgão.
O pico neste ano foi registrado em julho, mês de férias escolares, quando a carteira gerou receita de R$ 7 milhões, com aumento de 400% na comparação com o mesmo mês do ano passado.

Indústria e... A pouco mais de um mês para a COP 16, a indústria está preocupada com os impactos das negociações. Técnicos da Fiesp participaram da última reunião preparatória na semana passada em Tianjin, na China, e levantaram pontos de atenção para o setor produtivo.

...clima O uso de combustíveis para transportes aéreo e marítimo, a relação entre comércio e mudança do clima, as negociações setoriais, como a de biocombustíveis, e os mecanismos de financiamento às ações de mitigação e transferência de tecnologia devem ganhar o centro dos debates.

Países... Editoras brasileiras presentes no estande da Câmara Brasileira do Livro, na 62ª Feira de Frankfurt, uma das maiores do gênero no mundo, venderam US$ 550 mil em direitos autorais.

...de muitos... Os principais compradores foram EUA e França, seguidos por Portugal, Reino Unido e Alemanha. A expectativa de negócios para os próximos 12 meses é de mais US$ 289,7 mil.

...leitores No total, 1.504 títulos de autores brasileiros, de 47 editoras, foram apresentados no evento a compradores de diversos países.

Confiança do consumidor aponta queda em São Paulo

A confiança do consumidor paulistano começa a arrefecer. Em outubro, o ICC (Índice de Confiança do Consumidor), medido pela Fecomercio SP, apresentou queda de cerca de 4%.
Desceu de 161 pontos para 154, patamar que ainda é considerado otimista, acima dos 100 pontos.
"Embora o indicador tenha apresentado queda, o atual nível de confiança ainda demonstra uma segurança do consumidor em termos de emprego e renda em consequência da estabilização do desemprego em patamar baixo e do aumento real das remunerações", afirma Thiago Freitas, economista da Fecomercio.
Todos os quesitos que compõem o índice registraram queda no mês. O Icea (Índice de Condições Econômicas Atuais) obteve um declínio de quase 5%.
O IEC (Índice de Expectativa do Consumidor) caiu aproximadamente 3%.
No resultado do Icea, o segmento que mais contribuiu para a diminuição do indicador foi o dos consumidores que possuem renda superior a dez salários mínimos, com baixa de 6,5%.
No IEC -que aponta a percepção do consumidor em relação ao médio e ao longo prazo- foi relevante a perda de confiança dos consumidores com idade acima de 35 anos, que apresentou variação negativa de 6,4%.

DEMÉTRIO MAGNOLI

Os falsários
Demétrio Magnoli 
O Estado de S.Paulo - 14/10/10

Carlos Augusto Montenegro, o presidente do Ibope, profetizou há muitos meses uma vitória folgada de José Serra no primeiro turno. A campanha não havia começado e o Ibope não tinha pesquisas relevantes. O Oráculo falou para bajular aquele que, presumia sua sabedoria política, seria o próximo presidente. Mais tarde, durante a campanha, de posse de inúmeras pesquisas, o Oráculo asseverou com a mesma convicção que Dilma Rousseff venceria no primeiro turno. A bajulação aos poderosos de turno obedece a uma lógica inflexível. Na mesma entrevista, ele sugeriu que a oposição atentava contra a democracia ao repercutir os escândalos no governo. Cada um fala o que quer, nos limites da lei, mas o Oráculo de araque não se limita a isso: ele vende um produto falsificado.

Pesquisas de opinião declaram uma margem de erro e um intervalo de confiança. A margem de erro expressa a variação admissível em relação aos resultados divulgados. O intervalo de confiança expressa a confiabilidade da pesquisa - ou seja, a probabilidade de que ela fique dentro da margem de erro. Na noite de 3 de outubro, o Ibope divulgou as pesquisas de boca de urna para a eleição nacional e para 16 Estados, registradas com margem de erro de 2% e intervalo de confiança de 99%. Das 17 pesquisas, 12 ficaram fora da margem de erro. O intervalo de confiança real é inferior a 30%. Um cenário similar, catastrófico, emerge das pesquisas para o Senado. Há tanta diferença assim entre isso e vender automóveis com defeitos nos freios?

O Ibope não está só. Datafolha, Sensus e Vox Populi não fizeram pesquisas de boca de urna, mas suas pesquisas imediatamente anteriores também não resistem ao cotejo com as apurações. Todos os grandes institutos brasileiros cometem um mesmo erro metodológico, bem conhecido pelos especialistas. Eles usam o sistema de amostragem por cotas, que tenta produzir uma miniatura do universo pesquisado. A amostra é montada com base em variáveis como sexo, idade, escolaridade e renda. Isso significa que a escolha dos indivíduos da amostra não é aleatória, oscilando ao sabor de variáveis arbitrárias e contrariando os princípios teóricos da amostragem estatística.

O Gallup aprendeu a lição depois de errar na previsão de triunfo de Thomas Dewey nas eleições americanas de 1948. Venceu Harry Truman e o instituto mudou sua metodologia, adotando um plano de amostragem probabilística, que gera amostras aleatórias. Quase meio século depois, os institutos britânicos finalmente renunciaram à amostragem por cotas. O copo entornou em 1992, quando as pesquisas baseadas na metodologia furada previram a vitória trabalhista, mas triunfou o conservador John Major. Na sequência, uma equipe de especialistas identificou o problema e apresentou a solução. Os institutos brasileiros conhecem toda essa história. Não mudam porque a metodologia atual é mais prática e barata. Vendem gato por lebre.

A amostragem por cotas não permite calcular a margem de erro. Os institutos "resolvem" a dificuldade chutando uma margem de erro, que exibem como fruto de cálculo rigoroso. Como as eleições brasileiras costumam ter nítidos favoritos, eles iludem deliberadamente a opinião pública, cantando acertos onde existem, sobretudo, equívocos. Não é um fenômeno novo. Jorge de Souza, no seu Pesquisa Eleitoral: Críticas e Técnicas (Editora do Senado, 1990), já registrava que 16 das 23 pesquisas Ibope referentes às eleições estaduais de 1986 se situaram fora da margem de erro - o mesmo desastroso intervalo de confiança, em torno de 30%, verificado neste 3 de outubro.

Nem todos os institutos são iguais. O Datafolha conserva notável isenção partidária, embora também utilize o indefensável sistema de amostragem por cotas. O Oráculo do Ibope anda ao redor dos poderosos, sem discriminar partidos ou candidatos, farejando oportunidades em todos os lados. Marcos Coimbra, seu congênere do Vox Populi, pratica uma subserviência mais intensa, porém serve apenas a um senhor. Durante toda a campanha, o Militante assinou panfletos políticos governistas fantasiados como análises técnicas de tendências eleitorais. Dia após dia, sem descanso, sugeriu a inevitabilidade do triunfo da candidata palaciana no primeiro turno. Sua pesquisa da véspera do primeiro turno, publicada com fanfarra por uma legião de blogueiros chapa-branca, cravou 53,4% dos votos válidos para Dilma Rousseff. Errou em 6,5 pontos porcentuais, quase três vezes a margem de erro proclamada, de 2,2%.

Pesquisas, obviamente, não decidem eleições. Mas elas têm um impacto que não é desprezível. Sob a influência dos humores cambiantes do eleitorado, supostamente captados com precisão decimal pelas pesquisas, consolidam-se ou se dissolvem alianças estaduais, aumentam ou diminuem as doações de campanha, emergem ou desaparecem argumentos utilizados na propaganda eleitoral, modifica-se a percepção pública sobre os candidatos. Os institutos comercializam um produto rotulado como informação. Se fosse leite, intoxicaria os consumidores. Sendo o que é, envenena a democracia.

Beto Richa, o governador eleito em primeiro turno no Paraná, obteve da Justiça Eleitoral a proibição da divulgação de pesquisas eleitorais que não o favoreciam. A censura é intolerável, principalmente quando solicitada por alguém que se comprazia em dar publicidade a pesquisas anteriores, nas quais figurava à frente. Ele poderia ter usado o horário eleitoral para expor a incúria metodológica dos institutos e o lamentável papel desempenhado por alguns de seus responsáveis, como o Oráculo e o Militante. A opinião pública, ludibriada a cada eleição, encontra-se no limiar da saturação. Mais um pouco, aplaudirá o gesto oportunista de Richa e clamará pela censura. Que tal os institutos agirem antes disso, mesmo se tão depois do Gallup?

Ah, por sinal, qual é mesmo a taxa de aprovação do governo Lula?

SOCIÓLOGO, É DOUTOR EM GEOGRAFIA HUMANA PELA USP.

JOSÉ ISRAEL VARGAS


O País real e a candidata
José Israel Vargas 
O Estado de S.Paulo - 14/10/10

Externei recentemente, neste espaço, preocupações sobre a ciência e a tecnologia brasileiras, a meu ver, obstáculo maior ao desenvolvimento econômico e social almejado para o nosso país. Verifico agora que perplexidade de índole ainda mais ampla vem de ser retratada, em manchete de primeira página, por um de nossos grandes jornais diários, ao questionar: Quem vai administrar o País real?

Estou convencido de que, a despeito do inegável progresso econômico e social ocorrido em continuação ao trabalho realizado pelas administrações passadas, o angustiante grito de alarme reflete a insegurança quase generalizada no País sobre a qualidade da liderança atual e da que pode emergir do segundo turno do pleito eleitoral. De um lado, acabamos de assistir, no primeiro turno, ao desempenho tíbio da oposição, talvez devido à influência oportunista de marqueteiros, deixando de oferecer, na ocasião, soluções para os graves e abrangentes problemas do País real. De outro lado, a possível reassunção do poder de vasta aliança articulada entre opções políticas díspares, sob o guante do chefe inconteste tanto do partido "social-nacionalista" quanto da antiga súcia, sempre ávida em aderir ao eventual poder do dia.

A força do líder da aliança afirmou-se paulatinamente pela prática de contrafações sistemáticas de fatos bem sabidos de nossa História recente. Transmudadas em "herança maldita", elas são ostentadas como sólidas verdades para engodo de suas audiências, mobilizadas a um só tempo em despeito e autolouvação ostensiva. Nessa trajetória, vem posando de autor exclusivo de grandiosas obras e iniciativas políticas, executadas ou em curso de execução, "jamais dantes" testemunhadas pela humanidade embasbacada, em ilustração eloquente do desprezo que o líder vota ao saber e à verdade. Infeliz e antiga atitude, genialmente retratada pelo Bardo: "O prêmio com que mais se alevanta o engenho, não o dá a Pátria, não, que está entregue ao gosto da cobiça..."

A candidata escolhida exclusivamente pelo líder da aliança, a então poderosa ministra da Casa Civil, levou a Copenhague (COP 15) a proposta brasileira sobre medidas destinadas a mitigar o clima, usurpando desta feita, no grande encontro, as atribuições da ministra Marina Silva, de fato a responsável pela área... É fácil imaginar as razões que levaram o presidente da Republica à inusitada preterição: as eleições! O propósito era expor a candidata em fórum internacional, armada de batuta de comando erguida discricionariamente até mesmo por sobre os profissionais da área e do próprio Itamaraty.

O Brasil renunciou ao privilegio conferido pelo Tratado do Rio (1992) a ele e a outros países em desenvolvimento, que consistia na isenção de reduzir suas emissões de gases causadores do efeito estufa, por terem iniciado tardiamente sua industrialização, geradora das referidas agressões ambientais.

Tanto a China como a Índia, à vista de suas contribuições importantes para o efeito estufa e submetidas a fortes pressões internacionais, comprometeram-se a reduzir em 30% suas emissões poluentes até o ano de 2020 e vincularam as reduções paulatinas a frações bem definidas de seu produto interno bruto (PIB) anual.

Já o Brasil adotou meta de reduzir as suas emissões, até aquele ano, em cerca de 39%, sem, contudo, especificar, até agora, o ritmo anual e as práticas necessárias à promoção das reduções anunciadas. O País comprometeu-se também a observar a meta (parcial) de reduzir em 80% o desmatamento, em relação ao ano de 2005. Tal fração, somada à da agropecuária, constitui 58% do total das nossas emissões, mas nosso governo igualmente deixou de apontar os valores anuais das ações indispensáveis ao cumprimento dessas obrigações.

É, pois, duvidoso que esses compromissos sejam cumpridos, tanto mais que o seu cumprimento envolverá profunda reestruturação do sistema agropecuário nacional, bem como intenso reflorestamento compensatório do desmatamento decorrente tanto da expansão da infraestrutura na região amazônica (usinas hidrelétricas, linhas de transmissão e estradas) quanto das demandas de madeira para a construção civil e outras obras pelo País afora. De fato, a correlação entre o aumento do PIB nacional e o desmatamento é hoje bem conhecida, e o "sucesso" alardeado para sua redução seria, pois, devido antes à recente crise econômica do que às medidas adotadas pelo governo.

Da mesma lavra surgiria projeto de lei sobre direitos humanos, enviado ao Congresso Nacional "sem ler", justificou-se a atual candidata oficial. Diante dos protestos da opinião pública em defesa das liberdades democráticas, esse projeto foi retirado. Entretanto, renasceu das cinzas, reapareceu no programa para o futuro governo petista e teve - talvez provisoriamente - o mesmo destino da iniciativa anterior, também lançado no limbo por falta de leitura... Hábito que parece ser a marca deste governo.

Registre-se que o mesmo governo do qual se tornou figura central a digna candidata se alinha também com um acordo sobre direitos humanos estabelecido entre o Brasil... Cuba e China! A tanto vai o nosso amor pela justiça. Vamos, assim, manter relações mais do que amistosas com governos apontados pela comunidade internacional como criminosos.

Finalmente, o apoio dado à candidatura de um assumido queimador de livros ao alto cargo de diretor da Unesco, organização das Nações Unidas dedicada à promoção da educação, da cultura, da ciência, da informação e da comunicação, bem ilustra que essas atividades são cada vez mais estranhas ao atual governo brasileiro.

PH.D. PELA UNIVERSIDADE DE CAMBRIDGE, PROFESSOR EMÉRITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS E DO CENTRO BRASILEIRO DE PESQUISAS FÍSICAS, FOI MINISTRO DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA 

EDITORIAL - O GLOBO

Munição anti-Dilma é do próprio lulismo 
EDITORIAL
O GLOBO - 14/10/10

Para usar uma imagem do boxe, é como se, numa luta de dois rounds, uma esmagadora maioria previsse a vitória de um dos lutadores por nocaute.

Porém, um golpe inesperado daquele marcado para perder jogou o adversário favorito, zonzo, nas cordas, enquanto soava o gongo do intervalo. É assim que parece a candidata Dilma Rousseff, que tenta se refazer do susto de não ter acabado com a eleição no primeiro turno, e parte para o ataque, na campanha do segundo, aposentando o manual de boas maneiras usado no início da luta.

Se vai funcionar, não se sabe. A primeira pesquisa do segundo turno, do Datafolha, registrou grande estreitamento na vantagem que Dilma ostentava em relação a Serra. Os 54% a 46% dos votos válidos levantados pela sondagem refletiram um importante sangramento de votos dilmistas iniciado na última semana de campanha do primeiro turno. Ontem, foi a vez do Ibope, divulgado no "Jornal Nacional": 53% a 47%. Confirma-se a aproximação de Serra. A julgar pelo primeiro debate do segundo turno, domingo na TV Bandeirantes, uma das armas sacadas pela candidata oficial, como fizera Lula no segundo turno de 2006, o "fantasma" das privatizações, encontra um candidato tucano rápido no gatilho da réplica, ao contrário de Geraldo Alckmin naquela ocasião. Além disso, os quatro anos de governo lulopetista concedidos a mais pelo eleitorado demonstraram que sacrossantas estatais terminaram privatizadas, mas de maneira deletéria: privatizadas pelo fisiologismo político, caso do setor elétrico; pelo aparelhamento, em que se destaca a Petrobras; e para a criação de dificuldades a fim de se venderem facilidades, como ocorrido nos Correios sob a influência de Erenice Guerra e herdeiros.Dilma Rousseff e o PT se apresentam como vítimas de torpes acusações espalhadas pela internet.

O ponto nevrálgico dos ataques tem sido a lembrança de que a candidata já defendeu a legalização do aborto, tema que, infelizmente, tem servido para contaminar o debate político por crenças religiosas. Até aqui, a campanha tem servido de alerta ao PT, alvejado por uma artilharia conhecida por militantes do partido: textos e filmes distribuídos pela internet. Outro aspecto de todo este tiroteio é que parte da munição de que se valem grupos para atacar Dilma Rousseff é obtida em documentos oficiais. Neste sentido, não se pode, a rigor, entender como calúnias algumas mensagens que circulam na rede de computadores. Afinal, como o governo Lula é um conglomerado de correntes ideológicas, com várias capitanias hereditárias distribuídas pela máquina pública, e algumas delas controladas por agrupamentos de esquerda autoritária, não é difícil encontrar propostas radicais, emanadas de dentro do governo, contrárias à Constituição. Quem consultar a terceira versão do "Plano Nacional de Direitos Humanos", assinado pelo próprio Lula, encontrará muito daquilo de que a candidata quer manter distância: descriminalização do aborto, censura à imprensa, ataque ao direito constitucional de propriedade etc. A própria Dilma chegou a encaminhar à Justiça eleitoral parte desse plano como programa de seu governo. Diante da má repercussão, voltou atrás. Haja o que houver, Lula paga hoje um preço por ter abrigado no governo correntes cujo projeto de país nada tem a ver com as aspirações das classes médias que aumentam de peso na sociedade brasileira.

DORA KRAMER

Maioria cativa 
DORA KRAMER
O ESTADO DE SÃO PAULO - 14/10/10


Os partidos governistas, assim compreendidos os que são aliados do governo Luiz Inácio da Silva, elegeram maioria expressiva no Congresso Nacional: mais de 60% dos deputados federais e quase 60% dos senadores, numa conta que considera 7 senadores e 66 deputados “independentes”.

As pesquisas indicavam que os governistas seriam em maior número, cerca de 70%, até um pouco mais, tanto na Câmara como no Senado. De qualquer modo, um quadro muito diferente daquele desenhado pela eleição de 2002, quando Lula chegou ao poder.
Em 2003 tomaram posse 254 deputados tidos como governistas e 259 considerados oposicionistas. No Senado o cenário era ainda mais favorável à oposição: 31 governistas para 50 oposicionistas.
A situação não demorou a se alterar e, principalmente na Câmara, na eleição seguinte a correlação de forças estava não só invertida, como era de impressionantes 353 governistas para 160 oposicionistas.
No Senado, apesar de o governo ter se fortalecido (49 senadores para 32 da oposição) a vida continuou difícil para o Palácio do Planalto, notadamente por causa do comportamento do PMDB.
Para 2010, Lula tinha um plano: dizimar os oposicionistas no Senado. Conseguiu parcialmente, ao trabalhar para derrotar adversários como Tasso Jereissati, Marco Maciel e Artur Virgílio, mas não “fez” os 58 senadores previstos.
Ficou com 48 das 81 vagas, sem contar as cadeiras do PP, PV, PSOL e sem partido, enquanto à oposição ficaram reservados 26 lugares.
O PMDB agora bem mais firme do lado lulista porque o presidente do partido será vice-presidente da República, se Dilma Rousseff for eleita presidente. 
E se o resultado for outro, e se José Serra ganhar?
Problema nenhum. Ficará em minoria no Congresso algumas semanas até que os partidos antes aliados a Lula se tornem aliados ao novo presidente.
Os analistas estrangeiros terão algum trabalho para explicar aos respectivos públicos o fenômeno, por aqui sobejamente conhecido e absolutamente lamentável, da formação de maiorias no entorno no poder, qualquer que seja ele.
Caso seja Serra e não Dilma o vencedor, tais partidos terão adaptação rápida, uma vez que migraram para a seara petista vindos exatamente de onde agora se prontificariam a voltar em nome do patriotismo e da governabilidade.

Sinuca - Os líderes religiosos exigem de Dilma praticamente um rompimento público com causas caras ao PT - casamento entre homossexuais e descriminalização do aborto, entre outras - quando pedem que ela divulgue uma carta aberta se comprometendo a não mexer com esses assuntos.
Se for preciso, o partido aceitará calar até a eleição, mas é difícil acreditar que aceite a situação, uma vez ganha a Presidência. Inclusive porque é o presidente do PT quem chama de “medieval” o debate dos temas de caráter religioso.

Pesos - Compreende-se que o PT queira “inflar” o personagem Paulo Preto, procurando criar correspondência no PSDB com o caso Erenice Guerra. Trata-se, porém, de uma comparação militante.
A acusação ao Paulo Preto é de ter desviado R$ 4 milhões doados à campanha de José Serra. Questão a ser resolvida pelo PSDB, por suposto.
Já as denúncias envolvendo Erenice dizem respeito a desvios públicos engendrados a partir da Casa Civil da Presidência da República, cuja acusada um dia antes de ser orientada a pedir demissão ainda recebia crédito de confiança por parte da candidata Dilma.
Querer que o episódio tucano tenha agora o mesmo efeito que teve o caso petista no primeiro turno é apostar alto no poder da manipulação dos fatos. 
Ou querer produzir imparcialidade de maneira artificial.

Egotrip - De um tucano “coordenador” de campanha sobre a possibilidade de vitória no segundo turno: “Vai depender do psiquiatra do Serra”.

RENATA LO PRETE - PAINEL DA FOLHA

Agora é comigo
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 14/10/10
 
A mudança de tom da propaganda eleitoral de Dilma Rousseff resulta essencialmente da decisão de Lula. Foi o presidente quem cobrou a produção de programas mais politizados. Antes mesmo de a disputa ir para o segundo turno, ele queria ver o vice José Alencar exposto na TV, o que ocorreu na terça e ontem. 
Partiu ainda de Lula a pressão para que o marketing dilmista passasse a explorar, sem rodeios, o confronto com José Serra via legado de FHC. É creditado também ao presidente o movimento que expandiu as decisões da campanha para além do trio formado por João Santana, Antonio Palocci e José Eduardo Dutra.
Nova fase - Mesmo negando crise com o triunvirato coordenador da campanha no primeiro turno, petistas dizem que Dilma está menos cordata. Agora, nada é decidido sem o seu crivo. 
Verticalização - O bispo de Lorena, Benedito Beni dos Santos, achou por bem manter Gabriel Chalita (PSB-SP) afastado da programação de rede católica Canção Nova até o final do segundo turno. Aliado de Dilma, o deputado federal eleito comanda o “Papo Aberto”, exibido às segundas-feiras pela emissora. 
O céu é o limite - Dirigentes evangélicos que se encontraram ontem com Dilma querem que a candidata se comprometa a, caso eleita, vetar qualquer iniciativa cerceadora da liberdade de culto. O temor é a aprovação, no Congresso, de projeto que criminaliza a homofobia. 
Flashback - No QG dilmista, há quem compare os ataques religiosos sofridos pela candidata petista à campanha da Liga Eleitoral Católica contra Getúlio Vargas, na década de 50. 
Causa e efeito - O PT pretende colar o carimbo do “Estado mínimo” em José Serra. Vai questioná-lo sobre eventual corte de servidores, para os quais promete dar prioridade caso eleito, em setores como saúde e educação. 
Padrinho - O senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO) é citado nos depoimentos dos ex-diretores dos Correios Marco Antonio Oliveira e coronel Eduardo Artur Rodrigues à Polícia Federal como responsável pelas indicações de ambos ao Ministério das Comunicações. 
1001 utilidades - Mesmo após abandonar o púlpito que a mantinha afastada dos jornalistas nas entrevistas, Dilma recorreu ao “equipamento” em viagem ao Rio. Virou degrau improvisado no carro aberto que a levava. 
Só ele - Embora fosse desejo de Alberto Goldman (PSDB) substituir toda a cúpula da Secretaria de Transportes quando assumiu o governo paulista, o único exonerado na pasta, à época, foi Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, então diretor da Dersa a agora personagem da campanha eleitoral. 
Café... - O PSDB quer evitar a reedição do fiasco eleitoral na região de Campinas, onde Serra perdeu em 12 das 19 cidades no primeiro turno. A tarefa de melhorar a performance tucana nesse ‘cinturão vermelho’ é coordenada pelo presidente da Assembleia, Barros Mu­nhoz. 
...com leite - Em Minas, o mutirão tucano se concentra na Zona da Mata, base de Itamar Franco (PPS), e no Triângulo, área do agronegócio.
Epílogo - Após recomendar, em fevereiro, a anulação da ação em que Daniel Dantas foi acusado de corrupção na Operação Satiagraha, o subprocurador Eduardo Dantas Nobre terá sua aposentadoria publicada hoje. 
Tiroteio
Serra entendeu o recado e recuperou a memória. Percebeu que todo o cuidado com as derrapagens no Rodoanel é pouco. 
DO DEPUTADO ESTADUAL SIMÃO PEDRO (PT-SP), sobre o fato de o candidato tucano ter defendido Paulo Vieira de Souza um dia depois de dizer que desconhecia as denúncias contra o ex-diretor da Dersa. 
Contraponto
Plantão médico 
Durante passagem de Michel Temer por Canoinhas (SC), em setembro, Moreira Franco pisou em falso e caiu do palanque. Enquanto várias pessoas da plateia socorriam o ex-governador do Rio, Antonio Aguiar, médico ortopedista e candidato a deputado estadual pelo PMDB, teve de assistir à cena toda sentado, pois convalesce de um acidente de trânsito. 
Em seu discurso, o vice de Dilma brincou: 
- Vivemos aqui uma situação típica do ditado ‘casa de ferreiro, espeto de pau’. O Moreira caiu, e o deputado Aguiar, que poderia ajudar, ficou só olhando.

ANDRÉ LUIZ DOS SANTOS e SILVIO DE CILLO LEITE LOUBEH

Impunidade para traficantes
ANDRÉ LUIZ DOS SANTOS e SILVIO DE CILLO LEITE LOUBEH
FOLHA DE SÃO PAULO - 14/10/10


Ao permitir que traficantes tenham penas substituídas por medidas alternativas, o STF passou por cima da manifestação do Legislativo


Lugar de traficante não é mais na cadeia. É na escola, prestando serviços. Pelo menos é essa a decisão do STF, que, em setembro, julgou inconstitucional dispositivo da Lei de Drogas que proibia a aplicação das chamadas penas alternativas àqueles condenados pelo crime de tráfico de entorpecentes.
A decisão, proferida no julgamento de um habeas corpus, produz efeitos apenas para o caso específico, mas indica um entendimento que poderá ser repetido em outros julgamentos.
O fundamento para o reconhecimento da inconstitucionalidade da norma foi o princípio constitucional da individualização das penas.
Ora, é a própria Constituição Federal que prevê tratamento mais rigoroso para os autores dos crimes hediondos e equiparados, como é o caso do tráfico.
Também é a Constituição que remete ao Congresso a regulamentação das penas alternativas, que já o havia feito, inclusive criando restrições à sua aplicação, sem que se falasse em ofensa ao referido princípio da individualização das penas.
É certo que o legislador não pode tratar, de forma diversa, situações idênticas. Não é o caso do traficante, o que traz correção à decisão do Poder Legislativo na vedação de pena alternativa para o tráfico.
Ao permitir que traficantes tenham suas penas substituídas por medidas alternativas, o STF passou por cima da soberana manifestação do Poder Legislativo, que, de forma legítima e atendendo ao espírito da Constituição, impôs a estes criminosos um tratamento mais severo.
A Lei de Drogas, não com nosso aplauso, já havia criado diferença no tratamento para pequenos e grandes traficantes, permitindo àqueles redução drástica na pena.
Ou seja, o Poder Legislativo já tinha estabelecido uma política criminal favorecendo os criminosos de menor gravidade, com menos tempo de cárcere e possibilidade de reinserção rápida à sociedade, com a progressão de regime.
Nesse sentido, um traficante primário e não integrante de organização criminosa é condenado, em regra, a pena de um ano e oito meses.
Com a progressão, permanece apenas oito meses no regime fechado, passando ao semiaberto, com possibilidade de trabalhar fora do presídio, e depois para o aberto.
Isso já nos parece por demais brando, tratando-se de crime que a própria Constituição Federal considerou hediondo.
Não podemos nos esquecer, ainda, que Justiça criminal não se confunde com justiça social. Os malefícios decorrentes do tráfico de entorpecente são amplamente conhecidos pela sociedade brasileira e precisam ser reprimidos duramente.
A experiência mostra que, direta ou indiretamente, a maior parte dos crimes violentos (homicídios, latrocínios, roubos) está relacionada ao comércio e ao consumo de drogas.
A recente decisão do Supremo Tribunal Federal representa grave prejuízo para a repressão do tráfico de drogas e um incentivo para o envolvimento de nossos jovens no comércio de entorpecentes.

ANDRÉ LUIZ DOS SANTOS, 34, mestre em direito constitucional, é promotor de Justiça em Guarujá (SP). Trabalhou no Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) em Santos.
SILVIO DE CILLO LEITE LOUBEH 35, é promotor de Justiça em Cubatão (SP). Trabalhou no Gaeco em Guarulhos.

MÍRIAM LEITÃO

Viver de minas 
Míriam Leitão
O GLOBO - 14/10/10


O Chile é um país sacudido por grandes eventos trágicos, naturais ou causados pela ação humana: terremotos, vulcões, elevação do mar, minas que desmoronam. O terremoto de 2010 foi um dos cinco maiores da História. Do seu subsolo, em minas como a de San José, o país tira o grande motor de sua economia, o cobre. Com a riqueza construiu uma garantia para tempos incertos.

As últimas 24 horas mantiveram bilhões de pessoas no mundo inteiro eletrizadas, de olho na fina fatia de terra chamada Chile, que se alonga na parte sul da América do Sul. O caso do Deserto de Atacama, com o resgate dos 33 mineiros soterrados por 69 dias, está destinado a ter inúmeras repercussões econômicas, políticas e diplomáticas.

A tecnologia de resgate de pessoas em situações de extremo risco deu um salto com o esforço chileno de retirar os mineiros soterrados em uma inacreditável profundidade de quase 700 metros. A gestão de risco ganhou um caso extraordinário de estudo. A indústria de seguros fará de novo suas revisões do custo de garantir a atividade, naturalmente arriscada, mas que esteve nas últimas horas expondo ao mundo as entranhas de suas precariedades.

A medicina e a psicologia terão elementos para estudos dos limites e sequelas de pessoas expostas a condições que parecem estar além da capacidade humana de resistência.

O Chile é um país precavido do ponto de vista fiscal. Há anos tem uma política fiscal responsável e sólida, uma verdadeira política anticíclica que fez o país construir uma reserva extra com o excesso de arrecadação quando o cobre está em alta. As exportações equivalem a 25% do PIB, e dois terços são de commodities. O cobre produz um terço das receitas fiscais do país. Quando o preço cai, o país entraria em crise se não se cuidasse.

O preço caiu fortemente em 2008 e 2009, mas já subiu 170% desde o piso. A soma das reservas cambiais e do fundo contra crises é quatro vezes maior que sua dívida externa. Essa solidez, numa economia do tamanho do estado do Rio, foi construída durante os 20 anos do governo de esquerda, da Concertación, e foi mantida pelo governo conservador que o sucedeu este ano.

Em fevereiro, o país foi sacudido por um terremoto quase tão forte quanto o do Haiti, mas que teve um impacto infinitamente menor, ensinando mais uma vez que as grandes tragédias são causadas pelos desatinos humanos, não pela natureza. A economia sentiu um impacto imediato pelos estragos materiais, perdas imobiliárias e quedas das ações de empresas diante da perspectiva de um faturamento menor. O prejuízo foi calculado em 17% do PIB. No segundo trimestre, o país cresceu 6,5% em relação ao segundo trimestre do ano anterior.

Deve crescer entre 5% a 6% este ano, apesar do terremoto. Foi exatamente essa capacidade de resistir a choques, criada por uma política fiscal austera e sensata, que fez a Moody's elevar a classificação de risco do país. Ele está agora a três pontos do topo, e a seis pontos acima da classificação do Brasil.

O país tem uma taxa de investimento invejável: 26,8%. No Brasil, é 18%. Está com superávit em transações correntes. Com alta popularidade, a então presidente Michelle Bachelet, presidiu a eleição de forma olímpica sem transformar o cargo num palanque para seu candidato. Seu grupo perdeu a eleição, mas a política econômica foi mantida assim como os esforços para a redução da pobreza que vêm tendo sucesso há anos.

Essa sabedoria o Chile aprendeu dolorosamente.

Fora de qualquer controle humano, a placa tectônica Nazca já se deslocou algumas vezes com trágicas consequências. Em 1906, o terremoto de Valparaíso aconteceu logo depois do de São Francisco. Os dois juntos provocaram uma crise mundial. O Chile empobreceu.

Em 1939, o terremoto de Chillán deixou 30 mil mortos e um rastro de pobreza que levou o país a pedir socorro aos Estados Unidos. No de 2010, eles se levantaram sozinhos e em tempo recorde. Na política, os chilenos enfrentaram a pior das ditaduras latinoamericanas.

Isso talvez explique o cuidado do país em preservar as instituições democráticas.

O presidente Sebastián Piñera apesar da vitória convincente nas eleições perdeu rapidamente popularidade.

A gestão da crise dos mineiros está devolvendo a ele alto grau de aprovação.

Ontem, no centro dos acontecimentos, ele foi visto pelo mundo inteiro ao lado do presidente Evo Morales, da Bolívia, país que tem com o Chile uma velha inimizade causada pela guerra que tirou dos bolivianos uma saída para o mar. Os dois juntos receberam telefonemas dos outros líderes da América do Sul. Aumentaram as chances de uma saída pacífica para o velho conflito. Enquanto as cenas cinematográficas se repetiam diante do mundo, muitos desdobramentos já estavam em curso. Esse definitivamente não é um evento simples.

Viver de mineração hoje é estar exposto aos danos ambientais num mundo cada vez mais preocupado com isso. O impacto da mineração vai desde os enormes buracos e as construções abandonadas quando as reservas se esgotam, à contaminação de águas, concentração de metais e produtos tóxicos no ambiente, erosões de terra, desmatamento e risco de acidentes. Hoje, a nova concepção da mineração é que ela é uma indústria que faz gestão de resíduos: 95% do que é escavado é descartado. Em tempos de crescente sensibilidade ambiental e administrando um território exposto às intempéries, viver de minas é administrar riscos. É o que o Chile está mostrando saber fazer.

CLÁUDIO HUMBERTO

“É um fim de semana em troca de quatro anos de governo”
ÍNDIO DA COSTA, VICE DE JOSÉ SERRA, PEDINDO PARA A CLASSE MÉDIA NÃO VIAJAR NO DIA 31

POLÍCIA INVESTIGA FALSA ACUSAÇÃO CONTRA AGNELO 
A Polícia Civil de Goiás investiga um caso de falsificação grosseira de uma “autuação” policial com o objetivo de atingir o candidato ao governo do DF Agnelo Queiroz (PT). O falso documento, datado de 1985, tenta vincular o petista a um caso de “pedofilia”, na “4ª Delegacia de Polícia Civil de Aparecida de Goiânia”, que na época nem sequer existia, conforme certidão da Secretaria de Segurança goiana.

OBRA DE FICÇÃO 
Os policiais citados no falso “documento de 1985” são fictícios, assim como o logotipo da Secretaria da Segurança, criado anos depois.

A QUEM INTERESSA? 
O candidato Agnelo Queiroz decidiu pedir à Polícia Federal, nesta quinta, para entrar no caso e descobrir os autores do falso inquérito.

CRIME DÁ CADEIA 
Crime eleitoral é considerado crime federal, por isso o PT espera que a PF prenda figurões ligados à campanha da adversária Weslian Roriz.

CENTRAL DE BAIXARIAS 
Mais banditismo eleitoral: advogado ofereceu R$ 200 mil a ex-servidor do Ministério do Esporte para fazer na TV falsas acusações a Agnelo.

EX NAMOROU DILMA QUANDO ELA AINDA ERA CASADA 
Ao relatar sua paixão por Dilma Rousseff a Maria Lima e João Guedes, do Globo, domingo, o ex-marido Carlos Araújo acabou dando munição para que os adversários a acusem de adultério. Eles se conheceram em 1969 (“Era linda, um espetáculo!”) e logo passaram a ter encontros amorosos. “Mas ela era casada (com Cláudio Galeno Linhares)”, ponderou o jornal. Ele reconheceu: “Mas só formalmente, o casamento já estava se desfazendo, não conviviam mais, viviam foragidos”.

BEBA COM MODERAÇÃO 
O risco é de overdose de cafeína: o Ministério da Saúde vai comprar 30 toneladas de café torrado e moído. Em janeiro, muda o governo. 

DEBATE NO DF 
Em Brasília, os candidatos ao governo Agnelo Queiroz (PT) e Weslian Roriz (PSC) têm debate marcado hoje, na Band, a partir das 22h.

VI PRIMEIRO 
O senador eleito Ciro Nogueira (PP) já pediu preferência para ocupar o cobiçado gabinete de Heráclito Fortes (DEM) que ele derrotou no Piauí.

NO BURACO 
Se operação-resgate de mineiros fosse no Brasil, o governo faria “licitação emergencial”, vencendo os de sempre (mais 6% de comissão, claro). A cápsula emperraria e Lula discursaria na boca do buraco. 

NERVOS À FLOR DA PELE 
Chamou a atenção, do debate da Band, o bate-boca que se repetia a cada intervalo entre o marqueteiro João Santana, Antônio Palocci e o presidente do PT, José Eduardo Dutra. Quase se estapeavam para impor a Dilma sugestões ao bloco seguinte. Nunca havia consenso.

NINGUÉM MERECE 
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, foi assaltado pela terceira vez. A primeira foi no Rio, com Ellen Gracie, perto do Galeão, as outras em Fortaleza, a última delas domingo passado.

VENCIDO PELA DOR 
Advogados que atuam no Supremo Tribunal Federal dão como certa, até o fim do ano, a aposentadoria do ministro Joaquim Barbosa, em razão dos problemas na coluna. As dores que sente são insuportáveis.

PAI DOS POBRES 
O governo Lula doou US$ 300 mil em alimentos para os 170 mil Saharaui refugiados no sul da Argélia, após o ex-colonizador espanhol abandoná-los no Saara Ocidental, invadido por Marrocos e Mauritânia. 

CABEÇA DE FORA 
O astronauta-camelô Marcos Pontes ganhou espaço na Record ontem, explicando como é o confinamento dos mineiros no Chile. Garoto-propaganda de travesseiros “da Nasa”, ele não é mineiro, é paulista.

NO FORNO 
Deve ser o tal “repartir o pão” de que fala o vice de Dilma, Michel Temer sobre a divisão de cargos num eventual governo. O Alvorada terá uma minipadaria compacta para produzir 550 pães por hora.

SAI DA FRENTE 
Ficou para novembro a audiência pública na Câmara dos Deputados que discutirá o prejuízo de R$ 70 milhões do ataque de javalis selvagens às lavouras no Sul. O Ibama proibiu a caça dos bichos. 

IMAGEM E SEMELHANÇA 
Lula nunca pensou que na campanha teria concorrente à altura: Deus.

PODER SEM PUDOR 
SÓ CALÍGULA PODIA 
O ex-ministro e deputado paranaense Rafael Greca se solidarizou certa vez com Mirlei Oliveira, a “Baronesa do Sexo”, grande cafetina do Sul, presa pela polícia. Ele disse que o delegado a prendeu só para ficar com suas agendas, interessado em “instalar o próprio bordel”.
– Só o imperador Calígula montou um bordel – advertiu Greca – e entre Mirlei e o poderoso delegado, eu fico com ela, que entende do ramo!...