sexta-feira, junho 18, 2010

RAPHAEL CARNEIRO DA ROCHA FILHO

Presidente pode tudo?

 Raphael Carneiro da Rocha Filho
O Globo - 18/06/2010
 
 O presidente da República pode tudo? Como primeiro mandatário da nação, decerto que ele pode muita coisa mesmo — mas não tudo. E por que não? Porque o presidente, como servidor público que é, só pode fazer aquilo que as leis (expressão da vontade do povo, por seus representantes eleitos) dizem que ele pode. Este imperativo decorre do princípio constitucional da legalidade, que determina que o agente público, seja ele qual for, se subordine, no exercício de suas funções, aos mandamentos da lei e às exigências do bem comum. Isto é próprio dos estados democráticos de direito, como o Brasil.
É por isso que o povo exige, na Constituição que adotou, que o presidente eleito, ao tomar posse, preste o compromisso de manter, defender e cumprir o Contrato Social e observar as leis da República.
Tomamos esta sábia exigência da tradição democrática americana.
Mas a que vem tudo isto? Vem a propósito de dois atos recentes e mal pensados do presidente, a saber: o mau acordo nuclear celebrado com o Irã (que não cuidou de evitar que Teerã continue a enriquecer urânio com fins militares) e o dissonante e desastroso voto, no Conselho de Segurança, em favor da liberdade atômica dos aiatolás.
Salvo o presidente Lula e seu assessor especial de política externa, Marco Aurélio Garcia, ninguém de boa-fé duvida das reais intenções do Irã atual. É geral, nas democracias ocidentais, a crença de que os fanáticos religiosos que lideram aquele país buscam, a passos decididos e ousados, dispor de armas nucleares de destruição em massa.
Daí a preventiva resolução do Conselho de Segurança — que contou, inclusive, dentre os votos a favor das salvaguardas, com os de Rússia e China, aliados tradicionais do Irã. Choca, pois, o agir do presidente, já que, como bem anotou o colunista Merval Pereira, “apoiar o Irã, uma ditadura teocrática completamente fora das leis internacionais e do respeito aos direitos humanos, é um absurdo. Não é possível aceitar que o presidente, qualquer que seja ele, possa usar o país para aventuras pessoais” (O GLOBO, 10/06).
Pois bem. A nossa Constituição expressa (art.4º) que, nas suas relações internacionais, o Brasil rege-se pelos princípios (VII) do repúdio ao terrorismo (que é patrocinado, como é notório, pelos aiatolás radicais); (VI) da defesa da paz (seriamente ameaçada pelo projeto iraniano de expansão militar, centrado na conquista de armas nucleares); e (VII) da solução pacífica dos conflitos (que o voto do Brasil contrariou, ao repudiar a solução pacífica e preventiva encontrada, na ONU, pela comunidade internacional). Ora, estes são princípios fundamentais da República, que têm eficácia jurídica, o que importa na sua aplicabilidade imediata e direta, vale dizer, eles obrigam o agente público/político.
Portanto, ao praticar tais atos em favor de uma ditadura religiosa radical, belicista, que almeja o confronto nuclear, repudiando injustificavelmente a resolução preventiva adotada pelo concerto das nações, o presidente agiu objetivamente contra a Constituição que jurou cumprir e defender, traindo, assim, a vontade do povo brasileiro nela encerrada.
Em que pese o seu desapreço pelas leis — revelado pela sua quinta condenação pela Alta Corte Eleitoral — o presidente, que as pesquisas indicam gozar da estima da ampla maioria da população, precisa ter mais cuidado com os superiores interesses, fora do comércio, cuja séria gestão lhe foi delegada nas urnas — até porque os atos desastrosos que presidiu comprometeram a dignidade da Nação (bem indisponível), já agora objeto de escárnio em sedes diversas, como tem sido amplamente noticiado, para humilhação dos brasileiros.
Do contrário, estará se expondo, em tese, à gravíssima responsabilização capitulada no art. 85 da Carta Magna, cuja efetivação poderia significar, no limite, a sua destituição, por patrocínio infiel, do nobre mandato que lhe foi outorgado.
Com efeito, em 1787, já alertava o grande Alexander Hamilton, um dos pais fundadores da América, em obra que é patrimônio da humanidade, que “não há posição fundada em princípios mais claros que aquela de que todo ato de um poder delegado que contrarie o mandato sob o qual é exercido é nulo. Portanto, nenhum ato legislativo (ou executivo) contrário à Constituição pode ser válido. Negar isto seria afirmar que o delegado é maior que o outorgante; que o servidor está acima do senhor; que os representantes do povo são superiores ao próprio povo; que homens que atuam em virtude de poderes a eles confiados podem fazer não só o que estes autorizam, mas o que proíbem”.

TUTTY VASQUES

Pelé, Dunga, Galvão & cia

Tutty Vasques 
O Estado de S.Paulo - 18/06/10

Como se não bastasse a implicância extemporânea e recorrente do Maradona, a imprensa chinesa - quem diria! - também resolveu pegar no pé do Pelé. O site Sina.com acusa o rei de amaldiçoar a seleção da Espanha com o azar instantâneo que sempre confere a quem se destaca no papel de favorito a qualquer coisa. Como se tivesse sido ele o único a quebrar a cara com a zebra suíça que conteve a chamada "Fúria" espanhola.
Coitado! Pelé já nem estava mais na África do Sul quando Maradona dedurou "aquele senhor moreno que jogava com a 10" de ter um dia duvidado da capacidade de organização do país-sede da Copa 2010. Como se tivesse sido ele o único! É o segundo caso de bullying contra brasileiros neste Mundial. Dunga foi o primeiro a reclamar com a imprensa: "Apanho dia e noite, e quem me bate é alegre, feliz!" - quem já foi zoado na escola sabe o que é isso.
Velho frequentador do corredor polonês do mundo do futebol, Galvão Bueno está dando a volta por cima do carma. Depois que a campanha "Cala a boca Galvão" virou piada involuntária internacional no Twitter, o locutor resolveu participar das brincadeiras que sua rejeição inspira. Parece que está dando certo! Pelé e Dunga deviam seguir o exemplo.
El pinto no lixo
Lionel Messi voltou a jogar bem pela Argentina e, tudo indica, só ainda não fez gol nesta Copa com medo dos beijos que vai tomar do Maradona ao final do jogo. Se, sem marcar, o craque já sai de campo todo babado pelo técnico, imagina quando lhe der o prazer de balançar a rede.
Outro animal 
"Meu problema é que eu tenho memória de elefante" 
DUNGA, EXPLICANDO POR QUE NÃO CONSEGUE ESQUECER QUEM LHE CHAMA DE BURRO.
Ô, raça!
O que mais irritava os espanhóis ontem na Cidade do Cabo eram os suíços, para cima e para baixo, cantando "eu fui à tourada de Madri, pararatibum, bum, bum". E pensar que tem gente que reclama das vuvuzelas!
Vuvuzeiro de raiz
De um camelô de vuvuzelas chamando a freguesia no Pelourinho, em Salvador: "Sopraí, ó!"
Allez les bleus
Como costumam dizer os franceses, Brasil e México são tudo a mesma coisa! Teve torcedor por aqui, ontem, vibrando mais com a derrota da França para los hermanos do que com a vitória da seleção, na terça, sobre a Coreia do Norte.
Até que enfim!
Precisou Fátima Bernardes quase pegar uma pneumonia para William Bonner tirá-la do sereno das madrugadas na porta do hotel da seleção. Na quarta-feira, quase sem voz, ela já apresentou o Jornal Nacional dos estúdios da Globo em Johannesburgo. A jornalista promete estar inteiramente em forma antes do Kaká!
Agenda positiva
Grandes coisas dar de 4 a 1 na Coreia do Sul. Queria ver os argentinos vencerem a Coreia do Norte. 

BARBARA GANCIA

Já vai tarde, Morumbi!
BARBARA GANCIA
FOLHA DE SÃO PAULO - 18/06/10


O monstrengo úmido e poroso que atravanca a vida do hospital já deveria ter sido varrido do mapa

QUE VERGONHA, São Paulo! Minha vontade é de me enfiar no fundo do buraco do Adhemar e nunca mais sair de lá!
Em vez de vir com esse "blá-blá-Blatter" de que não podemos gastar com um estádio para a Copa de 2014, o paulistano deveria atentar para sua vocação.
Somos o principal destino de congressos e feiras do país, da América do Sul e, quiçá, do hemisfério.
São Paulo é a única cidade do mundo a receber as duas principais categorias do automobilismo, a F-1 e a F-Indy. Temos, ainda, a parada gay com o maior número de festeiros sexualmente ativos do mundo, uma bienal de arte (ou meia bienal de arte, vá), uma mostra de cinema, uma orquestra sinfônica com uma senhora sala...
Até feira de golfe nós temos. Mas estádio de futebol que se preze, até agora, não tivemos competência para construir.
Como é que o paulista, sabedor de sua condição de Estado "arrimo de família", comandante da indústria e das finanças do país, poderia se contentar em fazer a abertura da Copa remendando um mocó bolorento feito o Morumbi?
Não estou zombando do são-paulino, pelo amor de Deus. O torcedor que frequenta o Morumbi bem sabe: aquele monstrengo úmido e poroso, com seus banheiros horríveis e seus estacionamentos fantasmas, que costuma alagar no verão, atravanca a vida de um hospital inteiro. E está, ainda, encravado no meio de uma área residencial altamente valorizada. Só por isso, já deveria ter sido varrido do mapa faz tempo.
Se em vez de os cartolas de sempre o SPFC tivesse gente ousada, já teria dinamitado aquela estátua do Borba Gato deitada e construído um empreendimento imobiliário.
Com o dinheiro, o time poderia procurar um outro local para fazer seu estádio, de preferência perto de uma rodovia na saída da cidade, com ônibus que levasse e trouxesse o torcedor. Coisa linda que não seria isso? Igualzinho ao estádio dos Dolphins em Miami, com salão acarpetado e tudo. Por que não?
O Pacaembu, muito simpático, que ficasse lá fiel à sua vocação de segunda ou terceira arena da cidade -de bico calado, num canto, junto ao Parque Antarctica, esse, de preferência, mudo.
Não é preciso ser nenhum Richard Branson misturado com Steve Jobs para ver que hoje vinga o modelo que une entretenimento, turismo e negócios e que São Paulo precisa de um novo grande estádio, como precisaria de um autódromo zero bala. Mas o que mais se ouviu nos últimos dias foi: "Devemos priorizar educação, saúde e transporte e não gastar com arena esportiva". Ora, ora! Precisamos sempre fazer tudo ao mesmo tempo e agora. Esse é o desafio de quem quer se afirmar. Se fosse pela timidez, as pirâmides, a Acrópole, o Taj Mahal, nada disso teria saído da prancheta.
O Brasil deixou de ser merreca. A gente precisa, sim, gastar uma nota comprando avião francês para proteger as fronteiras, pensar na possibilidade da bomba se queremos ser grandes e investir em complexo esportivo ao mesmo tempo em que ainda há quem conviva com esgoto a céu aberto.
O problema não é construir um novo complexo esportivo. O que não se pode é deixar que estádios sejam construídos com nosso tutu e, passada a festa, acabem ficando na mão dos clubes. Não é mesmo, Zé Dirceu e Andres Sanches?

ILIMAR FRANCO

O laranja 
Ilimar Franco 

O Globo - 18/06/2010

O candidato ao Senado que o PSDB quer lançar no Rio chama-se Silvio Lopes. Sua função será pedir votos para o candidato a presidente, José Serra.

Ele foi escolhido porque é do interior e não vai atrapalhar a campanha ao Senado do ex-prefeito da capital Cesar Maia (DEM). As direções nacionais do DEM e do PPS lavaram as mãos. O presidente do PSDB, Sergio Guerra (PE), esteve ontem no Rio para contornar resistências residuais
Tucanos vão intervir em outros estados
O PSDB está à procura de candidatos ao Senado para fazer campanha para José Serra em outros estados. “Tem que ter o 45 nas eleições regionais.

O efeito da propaganda eleitoral na TV é muito importante”, resumiu o presidente do partido, Sérgio Guerra. A exemplo do Rio, os tucanos farão o mesmo em Pernambuco, na Bahia e em Brasília.

“Temos que fazer esses ajustes.

Pesquisas feitas após as inserções regionais na televisão mostram que o Serra chega a subir dez pontos percentuais.

Alguns tucanos, preocupados com a repercussão política dessas ações, procuram se safar dizendo: “Isso é coisa do Gonzalez”. Luiz Gonzalez é o marqueteiro da campanha do tucano José Serra
Retrato
Ao falar da situação eleitoral no Paraná, o ex-governador Roberto Requião (foto), candidato ao Senado pelo PMDB, não economiza: 1. “Tá um samba do crioulo doido”; 2. “O Osmar Dias quer unanimidade. Só falta ele pedir para o Beto Richa (PSDB) desistir”; 3. “Aqui, o Lula transfere 42% dos votos e eu, 38%. Isso é um fator positivo”; 4. “Vou votar na Gleisi Hoffmann (PT) para o Senado. De quem eu não gosto é do marido dela (ministro Paulo Bernardo)”; 5. “O governador Orlando Pessutti (PMDB) mudou os rumos de meu governo e, por isso, empacou”.
Parlamentarista
Candidata a presidente, Marina Silva (PV) defendeu ontem o parlamentarismo, mas disse que é contra novo plebiscito agora. “Acho que não houve um amadurecimento da sociedade e que o presidencialismo amadureceu de lá para cá”, disse ela
Conveniência
O candidato do PSDB a presidente, José Serra, ainda não falou publicamente sobre o reajuste de 7,7% para os aposentados. O PSDB votou a favor no Congresso.

Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV) apoiaram a sanção da lei.
Mal-estar no comitê da Dilma
É grande o mal-estar no comitê da campanha de Dilma Rousseff. Depois do depoimento do policial aposentado Onézimo Sousa, seus integrantes ficaram com a certeza de que sofreram um processo de investigação interna.

Não é novidade. No primeiro mandato do presidente Lula, a Casa Civil comandou uma investigação contra assessores do governo que serviam na Secretaria-Geral da Presidência e no Ministério de Articulação Política.
PMDB intervém em Santa Catarina
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), é o mais entusiasmado defensor da intervenção no PMDB catarinense. A decisão foi tomada ontem, e a direção local tem até o dia 25 para se defender. No dia seguinte (26), haverá convenção local para decidir os candidatos do partido ao governo, ao Senado e à Câmara. “Isso é uma violência.

Conversei com Dilma, assim como também conversei com Serra”, se defende o presidente regional do partido, Eduardo Moreira

POLIVALENTE. O senador Osmar Dias (PDT-PR) continua conversando com o PT, para ser candidato ao governo, e com o PSDB, para disputar a reeleição.

O EX-PREFEITO de Salvador Antônio Imbassahy (PSDB) bateu o martelo e não vai disputar o Senado.

“Vou sair para deputado federal”, diz ele.

O DEPUTADO Bruno Araújo (PSDB-PE) também não topou concorrer ao Senado, substituindo o senador Sérgio Guerra, presidente do PSDB, que resolveu concorrer a deputado federal.

EDITORIAL - O ESTADO DE SÃO PAULO

Poderia ter sido pior

EDITORIAL
O Estado de S.Paulo - 18/06/10
Em setembro do ano passado, quando uma comissão especial da Câmara dos Deputados aprovou o projeto do Estatuto da Igualdade Racial, o relator da matéria, Antônio Roberto, do PV de Minas Gerais, argumentou que a proposta era "um ponto de partida, como o bico de um arado". Com isso ele respondia aos protestos dos defensores do texto original, de autoria do senador Paulo Paim, do PT do Rio Grande do Sul, contra a eliminação de dois pontos que consideravam essenciais, na negociação para que o projeto fosse adiante, depois de mais de 6 anos de tramitação na Casa.
Os artigos afinal suprimidos previam a regularização de terras para remanescentes de quilombos e a criação de cotas de 20% de negros em filmes e programas de TV. Na quarta-feira, quando uma terceira versão do estatuto passou em votação simbólica no Senado, foi a vez de outro deputado, Edson Santos, do PT do Rio de Janeiro, acalmar os descontentes com as novas mudanças ? a começar da que excluiu a criação de cotas para negros nas universidades e cursos técnicos federais, substituída pela provisão genérica da adoção, pelo poder público, de "programas de ação afirmativa".
"Fazer um cavalo de batalha em cima das cotas, quando a ação afirmativa está assegurada, é pouco inteligente", rebateu Santos. Ele tem um ponto. Com base no texto que seguirá para a sanção do presidente Lula, o governo poderá instituir por decreto políticas de ação afirmativa em todo o espectro da administração federal. Além disso, depois que o princípio da ação afirmativa for lei, a ação impetrada no Supremo Tribunal Federal pela declaração de inconstitucionalidade das cotas poderá esbarrar no novo marco normativo. Pelo menos é o que espera o ministro da Igualdade Racial, Elói Araújo.
Para os que sustentam, como este jornal, que o estatuto dividirá em duas a sociedade brasileira, mediante a chamada "racialização" do País, o desfecho poderia ter sido pior. Os racialistas tiveram de abrir mão de diversas demandas na negociação entre o governo e o relator Demóstenes Torres, do DEM de Goiás. O substitutivo final retirou a oferta de incentivos fiscais para que empresas tenham 20% de funcionários negros. Segundo Torres, isso provocaria a demissão de trabalhadores brancos. Também caíram a criação de políticas de saúde especiais para negros e a imposição de cotas raciais às chapas dos partidos políticos.
O relator tornou-se o alvo da hora para os ativistas favoráveis a um estatuto radical. O frei David Raimundo dos Santos, da ONG Educafro, por exemplo, acusa o senador de ter "uma visão equivocada" da sociedade brasileira, o que não deve surpreender vindo de quem acha "ingenuidade" acreditar que os brasileiros são iguais. É dessas simplificações que se nutre o pensamento cotista ? uma "ideia reacionária", no entender do coordenador do Movimento Negro Socialista, José Carlos Miranda. Mais do que isso, embora invoque a correção dos efeitos de um crime histórico - o escravismo -, é uma forma de racismo reverso.
Já de si, o termo "igualdade racial" embute uma armadilha por se apoiar num adjetivo sem o menor sentido à luz da ciência. As descobertas genéticas pulverizaram o racismo dito científico do século 19 destinado a provar a inferioridade natural de certos grupos humanos.
Uma das virtudes do substitutivo de Torres foi expurgar do corpo do projeto a palavra "raça", substituída por "etnia". O senador se opôs ainda à expressão "identidade negra". "O que existe é uma identidade brasileira", asseverou. "O preconceito e a discriminação não impediram a formação de uma sociedade miscigenada com valores compartilhados por negros e brancos."
Transposta para o plano institucional, a mentalidade que transforma brasileiros negros em negros brasileiros configura "a criação de um Estado racializado", denuncia a antropóloga Yvonne Maggie, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Uma das primeiras vozes do meio acadêmico a se levantar contra o projeto, em 2006, ela considera uma aberração - e um precedente inconstitucional - "o Estado estabelecer uma lei que contém em seu título a palavra racial". Equivale, como diz, ao "ovo da serpente".

JOSÉ (MACACO) SIMÃO

Argentina Nojentina
JOSÉ SIMÃO
FOLHA DE SÃO PAULO - 18/06/10


E as partidas da Argentina são sempre de manhã. Para estragar o dia inteiro!




BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! Direto da Cópula do Mundo!
Site sensacionalista revela: sul-africano morre de tanto soprar a vuvuzela! Insuficiência respiratória! Rarará!
E a Argentina? ARRRRRGH...ENTINA! A Argentina contra a Coreia do Sul. A Argentina deu de quatro! A Nojentina ganhou!
E todo mundo é contra a vuvuzela. Menos o Maradona. O Maradona aprova a vuvuzela. Pegou a vuvuzela, enfiou no nariz e fez de canudo! Rarará! Maradona, a vuvuzela é pra soprar. Não é pra cheirar! E, em São Paulo, tem uma loja de aspirador de pó chamada Feirão do Maradona.
E os jogos da Argentina são sempre de manhã. Para estragar o dia inteiro!
E o Messi, com aquele cabelinho, tá parecendo galã de quermesse. Ops, QUERMESSI! E aquela bibinha de língua plesa, fã do Messi: "Messeu com o Messi, messeu comigo".
E a Suíça? Como os suíços conseguem jogar futebol se na Suíça só tem montanha! É o futebol de ladeira! Rarará!
E essa: "Bispos da Renascer pedem oração para salvar Kaká". Então vamos orar, todo mundo junto: ABANDONA ESSA JABULANI QUE NÃO TE PERTENCE!
Eu também quero. Renascer mais rico do que a bispa Sônia. E o Kaká nunca vai ficar 100%. Porque 10% sempre vai pra bispa Sônia. No máximo, o Kaká vai ficar 90%! O futebol do Kaká tem que Renascer! Rarará!
E sabe qual é a frase escrita no busão do Uruguai? "Gaúcho é a mãe!" Rarará!
E a França levou uma baguete! E o Maradona tá a cara do Pavarotti. Meio metro mais baixo. E dois metros mais largo. E não chores por mim, Argentina, que amanhã é tu na latrina!
E a Seleção dos Peladeiros! Sugestões dos leitores pro Dunga ter um hexa garantido! Ataque do time Alto da Igreja, de Cachoeira Paulista: Mapa do Inferno, João de Deus, Zeca Diabo e Pão com Bosta. E Mapa do Inferno é a cara do Tevez. Rarará!
E o ataque dos Papacos da Rampa do Mercado, em Santos: EM PÉ e DEITADO! Rarará!
Nóis sofre, mas nóis goza.

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Baixo desemprego é fator de maior impacto sobre a inflação, diz estudo 
Maria Cristina Frias

Folha de S.Paulo - 18/06/2010

Qual o fator de maior peso para a inflação, a capacidade ociosa ou o nível de emprego? Essa foi a pergunta que o Carlos Augusto Gonçalves, da Faculdade de Economia e Administração, da USP buscou responder.

O baixo desemprego é a variável mais determinante para o aumento da inflação porque eleva o consumo. Conta mais que o Nuci (Nível de Utilização da Capacidade Instalada), segundo estudo.

Como, em geral, quando a capacidade atinge seu nível potencial o desemprego também cai, é difícil determinar qual o fator mais relevante no aumento da inflação.

Em 2008, as duas variáveis estavam presentes quando a inflação subiu, lembra ele. O Banco Central se preparava para uma aperto monetário, quando veio a crise. "Difícil separar qual o fator mais importante naquela ocasião."

Feitas as regressões com os dois fatores juntos, "o que aparece é que o desemprego domina", afirma.

O professor ressalta que é importante ter cautela na análise de dados estatísticos no Brasil, onde a série histórica é muito curta e há mudanças estruturais.

A taxa de desemprego no país estava em 7,3%, em abril, último dado do IBGE. O economista estima queda do desemprego para cerca de 6% em dezembro. Do lado da atividade e do varejo, há sinal de moderação.

"A inflação não sairá de controle, mas os juros devem estar entre 11,50% e 11,75% no final do ano", diz.
No Livro
O Bradesco conquistou o serviço de escrituração de ações dos 12 milhões de acionistas da Vivo, Telebrás, Telesp, Brasil Telecom e Tim que eram antes administrados pelo Santander.

Com isso, o Bradesco tornou-se o maior custodiante de ações do setor de telefonia do Brasil e quadruplicou o número de acionistas que já tinha de outras empresas, como a Vale e o próprio banco.

"O Bradesco, que oferece esse serviço há mais de 30 anos, passa a ser o maior em quantidade de acionistas", afirma o diretor do Departamento de Ações e Custódia do Bradesco, André Bernardino. O Itaú é o primeiro banco custodiante, em quantidade de empresas.

Para atender aos acionistas, foi estruturado um sistema eletrônico de escrituração na rede de agências. O banco investiu R$ 15 milhões para ter um sistema de ponta, diz Bernardino.
Governo faz acordo com Novartis
Um acordo entre o Ministério da Saúde e o laboratório Novartis para a compra do medicamento Glivec (que trata leucemia crônica) vai possibilitar economia de R$ 390 milhões ao SUS nos próximos dois anos. O preço do comprimido, vendido a R$ 42,00, cai para R$ 26,32. A partir de janeiro, recua ainda mais, para R$ 20,60.
Mercado Imobiliário em Alta
O mercado de imóveis novos residenciais da cidade de São Paulo fechou abril com 3.236 unidades vendidas -recorde para o mês. O número representa alta de 65,7% sobre o mesmo mês de 2009, segundo o Secovi-SP.

"As perspectivas para o final do ano, de 37,5 mil imóveis vendidos, poderão se mostrar modestas", diz Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP. As vendas de abril, porém, foram 21% menores que as de março.
À Brasileira 
A Vivenda do Camarão se prepara para fortalecer a marca no exterior. Em dois meses, a rede irá abrir uma loja na República Dominicana. "Nós é que fomos procurados pelo investidor", diz Fernando Perri, fundador da rede. O mesmo franqueado já prepara a abertura de outra loja naquele país ainda neste ano. Ao todo, a Vivenda irá fechar 2010 com três unidades no exterior -com a que já tem no Paraguai. No Brasil, são 112 lojas, com previsão de dobrar em quatro anos. "Também estamos em contato com investidores de Inglaterra, Portugal, Espanha e EUA", diz Perri. Para o processo de internacionalização, a Vivenda investiu R$ 2 milhões em certificações para conseguir exportar para os mercados norte-americano e europeu.
Cresce Venda de Caminhão 
As vendas de caminhões pesados no mercado interno quase dobraram neste ano. De janeiro a maio, foram comercializadas 21,2 mil unidades, com alta de 90,4%, segundo dados da Anfavea.

Os fatores que explicam o aumento são o crescimento da demanda pela construção, a necessidade de escoamento da safra agrícola recorde e a redução do IPI.

A Scania foi a líder de vendas no período, com 5.959 caminhões pesados, seguida pela Mercedes-Benz (5.484).

Os segmentos que impulsionaram as vendas da Scania foram o de transporte de grãos e o de carga industrial.

WASHINGTON NOVAES

O sofrimento da África e o impasse no clima


WASHINGTON NOVAES
O ESTADO DE SÃO PAULO - 18/06/10
São estranhos os caminhos que impediram o Prêmio Nobel da Paz Nelson Mandela de estar presente à cerimônia de abertura da Copa do Mundo, em Johannesburgo. Afinal, ninguém lutou mais do que ele para a África do Sul ser a sede do evento. Mas não resistiu à tristeza de ver a bisneta morta num acidente em que o motorista do carro estava embriagado. Ele que, segundo uma neta, "quando a Fifa deu o Mundial à África do Sul, chorou como uma criança" (Estado, 10/6).
Mas o sofrimento é uma constante na vida dos sul-africanos, desde que o colonialismo europeu retalhou o país, misturou as 11 etnias que ocupavam o território, levou umas a lutarem contra outras e ainda implantou o apartheid. Lutar contra ele custou a Mandela 27 anos na prisão - de onde saiu para liderar a luta pacífica de seu povo contra a discriminação racial autorizada por lei. Vitorioso, ensinou à sua gente o que todos repetem hoje: "Perdoar, sim; esquecer, jamais."
E é nesse território onde a separação legal acabou, mas na prática continua, que ocorre a Copa, com a televisão levando para todo o mundo a imagem - aparentemente paradoxal - de pessoas que riem muito, cantam muito e dançam na rua sempre que se juntam três ou quatro sul-africanos. Em 2002, na Cúpula Mundial do Desenvolvimento, em Johannesburgo, o autor destas linhas perguntou a um jovem negro, motorista de táxi, onde seu povo, tão sofrido, encontrava tanta alegria. E ele, empertigado atrás do terno e da gravata: "O sofrimento nos ensinou que a nossa alegria tem de ser só nossa, vir de dentro; nada pode tirar nossa alegria."
Não faltariam razões para tristeza. O modelo do passado, banido da lei, continua na prática. Johannesburgo é dividida entre bairros ricos de brancos europeus (ou seus descendentes) e bairros pobres, como Soweto, com seus muitos milhões de negros. Só funcionam ônibus no começo da manhã, levando negros para o trabalho nos bairros e no comércio ricos, e antes de cair a noite, para levá-los de volta. Brancos visitantes são aconselhados a não andarem sozinhos nas ruas.
A África do Sul, segundo relatórios da ONU, é um dos dez países com maior desigualdade de renda no mundo, parte dessa África subsaariana que tem 555 milhões de habitantes (eram 292 milhões em 1981). No território sul-africano são 79,8% de "nativos" e 9,1% de brancos, além de 8,9% de "mestiços" e 2,1% de hindus e asiáticos; 44% da população vive em zonas rurais nesse país com 1,22 milhão de km2. Mas 5,7 milhões de pessoas (mais de 10% da população) são vítimas da aids, que atinge 350 mil a cada ano. Uma das consequências está nas estatísticas sobre órfãos (1,4 milhão), crianças de 0 a 14 anos vítimas da doença (280 mil), parte delas fruto dos inacreditáveis números de estupros (só os registrados na polícia, 36 mil em dois anos), que favorecem a disseminação da aids. A cada ano são 500 mil novos casos, 20% deles entre crianças. Por esse caminho, são mil mortes por dia.
Outro drama grave está no desemprego, que atinge 27% da população (22% segundo os números oficiais), mas com participação muito maior na faixa abaixo de 35 anos: 65%. Parte da violência está explicada aí: são 28 mil assassinatos/ano (o dobro do número brasileiro), a maior parte entre as pessoas mais pobres - 34% dos sul-africanos vivem com menos de US$ 2 por dia (menos de R$ 4), segundo o Banco Mundial. E só 5% dos negros conseguem chegar à universidade.
A África do Sul não é caso único nem isolado dessa herança do colonialismo no continente, que em muitos lugares provoca guerras terríveis entre etnias, frequentemente em disputa de recursos naturais de que algumas foram privadas pelas divisões impostas de fora. Para citar apenas alguns casos, a guerra interminável entre Ruanda, Burundi e Congo já deixou milhões de mortos; no Sudão, 200 mil pessoas foram expulsas de suas moradias, dezenas de milhares, assassinadas; Nigéria e Angola ainda não curaram suas feridas das guerras.
Não bastasse, a África (e a África do Sul) é uma das regiões que mais sofrem com "desastres climáticos", principalmente secas acentuadas. De 1995 para cá, a África do Sul já viu diminuírem em 4% seus recursos hídricos, num quadro extremamente difícil, já que foram vendidos "direitos" sobre parte deles - o que impede que as pessoas mais pobres tenham acesso. Os números sobre falta de saneamento são quase inacreditáveis em alguns lugares - no Chade, por exemplo, menos de 10% das casas têm instalações sanitárias; 90% fazem parte da terrível estatística que a Organização Mundial da Água repete e repete e já foi mencionada aqui: mais de 1 bilhão de pessoas no mundo defecam ao ar livre.
Sobram razões, assim, para a África subsaariana e os sul-africanos serem das vozes mais contundentes nas reuniões da Convenção do Clima - como ocorreu ainda nas últimas duas semanas, em Bonn. Ali, de pouco adiantaram as pressões de sul-africanos, dos demais subsaarianos, dos representantes dos países-ilhas (ameaçados de desaparecer com a elevação do nível dos oceanos). No texto lá discutido - na tentativa de chegar a um acordo para a reunião de novembro, em Cancún -, o G-77 e China disseram que "a ênfase foi colocada incorretamente nos cortes das emissões pelos países pobres, e não pelos ricos" (Estado, 12/6). Mesmo EUA e Europa, entretanto, também fizeram restrições à meta de corte global de emissões de gases de efeito estufa até 2050, situada "entre 50% e 85%" (calculados sobre as emissões de 1990, que eram menores que as de hoje).
Uma discussão tão empacada que o próprio secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, já anda dizendo que não considera provável que se chegue a acordo este ano. Pior, o demissionário secretário da convenção, Yvo de Boer, agora afirma que a discussão pode "levar ainda uma década".
Então, é preciso fazer como os sul-africanos: cada pessoa buscar dentro de si mesma razões para alegria.

MÔNICA BERGAMO

Como a Fifa quer 
Mônica Bergamo 
Folha de S.Paulo - 18/06/2010


Apesar das negativas do prefeito Gilberto Kassab (DEM-SP), a licitação para a construção do centro de convenções do Piritubão pode, sim, prever arena para abrigar partidas da Copa de 2014. O secretário Marcos Cintra, do Trabalho, um dos responsáveis pela concorrência, admite: "O edital terá que contar com as especificações de um estádio adequado às normas da Fifa".
Depois das Férias
Mas Kassab "ainda trabalha com outras possibilidades para a Copa", diz Cintra. O edital, que escolherá o grupo que construirá e explorará o Piritubão, sai em agosto.
"Maracutaia"
Caio Luiz de Carvalho, presidente do comitê paulista para a Copa 2014, sobe o tom em relação à possibilidade de construção de um estádio novinho em folha só para a Copa 2014, agora que o Morumbi foi vetado pela Fifa. "Será que algum grupo privado vai investir nisso para ter prejuízo? Só se for [para fazer] lavagem de dinheiro ou maracutaia." A Fifa exige estádio de 65 mil lugares, público bem maior do que o que costuma ir aos estádios.
Licença Para Matar
Diante das informações de que Kassab trabalharia nos bastidores contra o Morumbi e pela construção de um estádio no Piritubão, Carvalho telefonou para ele anteontem: "Tem algum fundo de verdade nisso?". O prefeito negou -e Carvalho saiu atirando.
Ele É Divertido
O governador Alberto Goldman (PSDB-SP) também sobe o tom, mas em relação ao ministro do Esporte, Orlando Silva, que diz estar "decepcionado" com SP: "Eles [governo federal] é que foram irresponsáveis de atrair a Copa sem dar condições às cidades de sediá-la". Caio Carvalho emenda: "O Orlando é divertido, mas só está fazendo politicalha".
Mordomos Públicos
Reafirmando que não colocará dinheiro público num novo estádio, Goldman disse que, "se fosse gastar R$ 500 milhões, eu construiria um centro olímpico". Num evento em SP, logo depois do veto ao Morumbi, ele chegou a dizer que muitas das exigências da Fifa não passam de "mordomias" para convidados que a entidade quer trazer para o Mundial de 2014.
Cama e Mesa e Banho
Confiante de que, apesar de toda a confusão, SP sediará jogos em 2014, a prefeitura envia nos próximos dias à Câmara projeto que autoriza flats a oferecerem serviços de hotelaria -cumprindo mais uma das exigências da Fifa.
Mais Um
Candidato ao Senado pelo Maranhão, o tucano Edson Vidigal diz que dirigentes do PSDB pediram seu currículo para que ele ficasse de "stand-by" para a possibilidade de ser vice do presidenciável José Serra. Ele desembarca em SP nos próximos dias para "conversas".
Peça Sem Fim
Depois de vários adiamentos, o Iphan, instituto do patrimônio histórico nacional, marcou para a próxima quinta-feira a reunião em que discutirá o tombamento do Teatro Oficina, em SP, pelo governo federal.
Irmãos Villas Bôas
Os atores Caio Blat, Felipe Camargo e João Miguel serão os protagonistas de "Xingu", nova produção da O2 Filmes, de Fernando Meirelles. O longa, que fala sobre os irmãos Villas Bôas, será rodado em julho em Palmas e no Parque Indígena do Xingu. A direção é de Cao Hamburger.
Verde
A Natura, de Guilherme Leal, candidato a vice-presidente na chapa de Marina Silva (PV-AC), é uma das patrocinadoras do longa orçado em R$ 13 milhões.
Para o Dunga
A atriz Deborah Secco diz torcer para que Nilmar, atacante reserva da seleção brasileira, "entre mais vezes" em campo -jogou 12 minutos contra a Coreia do Norte. "Quando morei em Porto Alegre, ele e a mulher, Laura, que agora está grávida, viraram meus grandes amigos."
Linguagem Oficial
O cerimonial da TAM, responsável pelo evento de reabertura do museu da empresa em São Carlos, no sábado, diz que Geraldo Alckmin (PSDB-SP) foi chamado de "governador" por ser um tratamento formal previsto para ex-autoridades públicas.
Traços da História
O Centro da Cultura Judaica abriu na segunda-feira a exposição "Portinari em Israel", com obras do artista feitas no período em que ele viveu na Terra Santa.
Cultura no Parque 
A primeira-dama do Estado, Deuzeni Goldman, inaugurou anteontem o centro cultural Tattersal, no Parque da Água Branca. O local, que abrigava exposições de gado, foi reformado para receber atividades artísticas.
Curto-circuito
A exposição "Rubens e seu Ateliê de Gravura" será inaugurada hoje, às 19h, na Caixa Cultural da av. Paulista.

A festa Kill Yoko, com os DJs Mura e Chantal Sordi, acontece hoje, às 23h30, no clube Alley. Classificação: 18 anos.

A mostra "Celebrando" acontece de hoje até o dia 26 na loja Roberto Simões Casa da avenida Cidade Jardim.

Bruno Chateaubriand realiza festa junina hoje, às 21h, no Espaço Lamartine, no Rio de Janeiro.

CELSO MING

Fazendão Brasil 
Celso Ming 

O Estado de S.Paulo - 18/06/2010

Em pronunciamento no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o ministro Guido Mantega lembrou ontem os críticos que exportar produtos primários é coisa boa e não o contrário.

Por uma incorporação deformada das análises da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), elaboradas nos anos 50, tomou corpo entre economistas brasileiros a ideia de que a exportação só é boa quando tiver o máximo de valor agregado. Ou seja, só é boa quando o produto incorporar alto grau de transformação. Para estes, em vez de minério de ferro, o País deveria exportar máquinas e veículos; no lugar de café em grão, produtos bem mais elaborados. Por trás desse ponto de vista está a avaliação de que, enquanto for exportador de produtos básicos, um país permanecerá subdesenvolvido porque produto primário emprega pouca mão de obra e incorpora escassa tecnologia. "Enquanto continuar assim, o Brasil não passará de um fazendão", dizia na década de 80 a professora Maria da Conceição Tavares.

Recentemente, a esses males inerentes à condição de grande exportador de produtos primários, alguns economistas acrescentaram outro: o da doença holandesa. Trata-se da forte valorização da moeda nacional (baixa do dólar no câmbio interno) provocada por altas receitas com exportação de produtos primários, cuja principal consequência é a queda da competitividade do produto industrializado. Para o professor Luiz Carlos Bresser-Pereira, por exemplo, como resultado desse mal está em curso uma rápida desindustrialização no Brasil.

Há equívocos nesses pontos de vista. O primeiro deles é o de que exportar produto primário é coisa de país pobre e atrasado. Não é verdade. Os Estados Unidos, país mais rico e mais desenvolvido do mundo, são os campeões das exportações de produtos agrícolas.

O segundo equívoco está em achar que produto primário não incorpora tecnologia. Hoje há tanta tecnologia aplicada numa tonelada de soja ou de suco de laranja quanto numa tonelada de aço.

O terceiro equívoco é acreditar que há mais mercado lá fora para produto transformado do que para produto básico. Também não é verdade. Se em vez de exportar minério de ferro o Brasil transformasse tudo em aço, não teria para quem vender. E o que mais poderia fazer com o açúcar em vez de exportar? Produzir doces e Coca-Cola? O Brasil é um dos maiores exportadores de frango do mundo. E o que é carne de frango senão soja e milho (proteína vegetal) transformados (em proteína animal)?

O quarto equívoco está em pretender que acrescentar valor a um produto ajuda a criar emprego. Derivados de petróleo, por exemplo, incorporam pouca mão de obra à cadeia produtiva. E muitas vezes é mau negócio porque esbarra em enorme ociosidade internacional nas refinarias ou na indústria petroquímica.

Engenhocas eletrônicas, automóveis e geladeiras não estão entre os produtos que despertarão interesse estratégico no futuro. Entre estes estarão alimentos, energia (petróleo) e metais. E, nos países avançados, a indústria de transformação deixou de ser o polo dinâmico da economia. É o setor de serviços.

SONIA RACY - DIRETO DA FONTE

Franco, o Shakespeare de Gustavo? 
Sonia Racy 

O Estado de S.Paulo - 18/06/2010

Logo no começo de sua palestra, anteontem, em SP, onde relacionou Shakespeare à política brasileira, Gustavo Franco avisou antes que carapuças fossem vestidas: tratava-se de uma homenagem à universalidade de Shakespeare, um exercício metafórico que não deveria ser tomado como literal. E iniciou explicação de seu brilhante artigo publicado na revista Dicta&Contradicta, anfitriã do encontro no Shopping Villa-Lobos.

Em complexa interligação, Serra seria Ricardo III, personagem controvertido que chegou a rei mesmo sendo o sétimo na linhagem real. Aliás, a descrição feita pelo dramaturgo foi alvo, em 1997, de contestação na Suprema Corte Americana, que inocentou Ricardo III dos diversos crimes que William lhe atribuiu. "O público sempre se encanta com versões romanceadas de intrigas palacianas (...), sobretudo nas plantações jornalísticas amiúde associadas impropriamente, na maior parte das vezes, a José Serra", escreve Franco.
Shakespeare 2
Dilma e Marta, por sua vez, seriam as irmãs Goneril e Regane, filhas do Rei Lear. Personagens descritas como estridentes, "sem consciência, apenas apetite". E Cordélia, a terceira filha banida do reino em benefício das outras duas, o ex-BC encontra em Marina Silva.
Shakespere 3
Lula, entretanto, não seria Lear. E sim, Falstaff que "carismático, cometeu tantas gafes e pronunciou tantos ditos espirituosos". E Aécio é associado ao Príncipe Hal, parceiro de Falstaff.
Shakespeare 4
A Estabilidade monetária expressaria-se em Gertrudes, mãe de Hamlet, príncipe dos sociólogos. Já Ofélia, é a virtude em política públicas e também esposa ideal para o filho da Estabilidade. "Lula cansa de dizer que a Estabilidade lhe pertence, pois com ela se casou", analisa o economista.
Shakespeare 5
São múltiplos, os personagens que passeiam nas dez páginas da revista. Entre eles, Guido Mantega é Polônio, mestre das platitudes. Zé Dirceu, um Macbeth interrompido e sem remorsos. Delfim Netto, por assoprar nos ouvidos de Lula a história da herança maldita, assemelharia-se a Iago. E Henrique Meirelles?
A Shylock, dono de contrato perfeito que não foi honrado.
Catraca
A segurança da Casa Brasil, em Johannesburgo, não perdoa ninguém. Nem Orlando Silva escapou. Só entrou no espaço, anteontem, depois que tirou do bolso a credencial de ministro.
Grande Família
Robinho driblou a linha dura de Dunga. Levou o filho, a mulher e a mãe para assistir à Copa.
Time completo
Está definido. Rogério Menezes será o vice de Fábio Feldmann, na chapa do PV.

Ricardo Young tenta o Senado.
Time parcial
E para vice de Mercadante, volta a ser cotadíssimo o nome de Manoel Antunes, do PDT, e ex-prefeito de São José do Rio Preto.

Martelo a ser batido na segunda.
Sem álcool
O Rio de Janeiro fez a lição de casa. Tanto é assim que José Gomes Temporão escolheu a cidade para divulgar hoje o primeiro balanço da Lei Seca.
Pastéis de Belém
Arthur Nestrovski e José Miguel Wisnik desembarcaram em Lisboa com uma surpresa no bolso: o poema Tenha Dó das Estrelas, de Fernando Pessoa, musicado. Apresentam hoje em show no Festival Culturgest.
Sogra é família
Rosangela Lyra sai em defesa do genro Kaká, lembrando que ele esteve machucado e ficou parado muito tempo. "Ele errou passes como os demais colegas. Não ouço ninguém falar do Luís Fabiano, que mal tocou na bola."
Na frente
Prestes a completar um ano da morte do rei do pop, chega hoje às livrarias Michael, dos Editores da Rolling Stone, pela Spring. Com entrevistas de Michael Jackson.

Percival Maricato e Mario Ernesto Humberg apresentam, segunda, os novos coordenadores do PNBE.

Neymar e Vagner Love se jogaram no pagodão, terça, no Rio. Ao som do grupo Revelação, o preferido de Robinho.

Presente da coluna ao presidente da Coreia do Norte, país que conseguiu fazer ao menos um gol contra o Brasil. Um adesivo escrito: "Yes, we..Kim".