terça-feira, dezembro 14, 2010

NIZAN GUANAES

Natal virtual e real
NIZAN GUANAES
FOLHA DE SÃO PAULO - 14/12/10


Uma lista e uma conexão são tudo o que você precisa, além do cartão de crédito, para fazer compras

O COMÉRCIO eletrônico chegou para acabar com o seu pavor de ir às compras nesta época do ano. Uma lista e uma conexão são tudo o que você precisa, além do cartão de crédito, para fugir do corre-corre e do empurra-empurra e se dedicar somente ao compra-compra.
A internet, com sua capilaridade e onipresença, é o ambiente natural do varejo, uma relação que, mesmo já avançada, está apenas começando. Ainda nem conseguimos enxergar as possibilidades tanto para os varejistas como para os consumidores. Será um ganha-ganha, isso eu sei.
A última grande coisa do comércio on-line são os sites de compras coletivas. Eles juntam pessoas ávidas por compras com desconto a empresas que oferecem produtos com preços muito abaixo dos de mercado.
Os consumidores ganham o desconto; os sites de compras, uma suculenta comissão; e os fabricantes dos produtos, uma exposição de alta intensidade na internet, em sites de relacionamento e em mecanismos de buscas.
Para esses fabricantes, oferecer produtos a preços abaixo dos de mercado (os descontos chegam a até 90%) nesses sites parece muito mais, por enquanto, uma ação de marketing do que de venda, já que o resultado da operação não se justifica na maioria dos casos pela aritmética varejista, mas somente pela lógica da propaganda.
E a lógica da propaganda na internet é outra lógica.
Aliás, na internet, qual é a lógica?
Digo qual é a lógica: Andrew Mason, de apenas 30 aninhos, recusou uma oferta do Google de US$ 6 bilhões recentemente pelo seu GroupOn, o maior site de compras coletivas, fundado há dois anos nos Estados Unidos.
Sim, com uma grande ideia e muito trabalho, Mason e seus colegas criaram US$ 6 bilhões desde 2008. É de diminuir até publicitário.
Numa entrevista ao "New York Times", na verdade, ao blog do "Times" sobre negócios, o DealB%k, Mason mostrou serenidade diante da montanha de dinheiro do Google e comemorou a fama adicional trazida pelo intenso noticiário, rapidamente quantificado e valorizado.
"Acho que as últimas notícias elevaram nossa popularidade a um novo nível. Acrescentamos 3 milhões de assinantes na semana passada.
Antes, estávamos acrescentando cerca de 1 milhão de assinantes por semana", disse Mason.
Você leu direito? É um negócio que cresce, segundo seu fundador, a um ritmo de 3 milhões de clientes por semana.
E é um negócio simples, como tudo que dá certo. Intermediação sempre será o nome do jogo no varejo. O Groupon descobriu uma nova mina.
Basta se inscrever no site e receber as ofertas de compras coletivas. Não é o único -já existem, como tudo na web, vários repetidores da fórmula de sucesso.
No Brasil, fissurados que somos em relacionamentos, redes de compras coletivas com desconto, inclusive um site brasileiro do GroupOn, mordem já fatia expressiva do faturamento do varejo on-line.
O poder da web é devastador -e não para de crescer.
Alguém já disse que a rede mundial é o que mais chega perto do divino.
Essa é a conexão que mais gosto. De várias formas. E ela aflora nesse coletivo natalino.
Deus é como Fernando Pessoa. Tem um monte de nomes diferentes. Viajo o mundo inteiro e sempre encontro um heterônimo dele. Mas sempre o reconheço, independentemente do nome.
Nos dias de hoje, em que as pessoas estão tão descrentes, acreditar é um ato de rebeldia e vanguarda.
Sem Jesus, Papai Noel seria ridículo. O Natal não nasceu na Macy"s, nasceu em Belém. E as pessoas que acreditam em Jesus e em Deus de uma forma geral pedem presentes simples, porque elas acreditam que a alegria do Natal basta.
E nós temos motivos para alegria neste tempo que termina. Ganhamos Copa do Mundo, Jogos Olímpicos, moeda, estabilidade, confiança no presente e no futuro.
Feliz Natal a todos.
*NIZAN GUANAES, publicitário e presidente do Grupo ABC

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