segunda-feira, março 29, 2010

PAINEL DA FOLHA

No seu devido lugar
RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 29/03/10

Os líderes do partido não admitirão publicamente, mas, com a possível exceção de José Serra, ninguém está mais feliz do que o PMDB diante dos resultados do novo Datafolha sobre a eleição presidencial.
A pesquisa, que mostra a ampliação da vantagem do tucano sobre Dilma Rousseff, saiu do forno no exato momento em que, no Planalto e no PT, ganhava força o discurso segundo o qual, com a intenção de voto na ministra crescendo de vento em popa, talvez fosse possível não ceder tanto ao PMDB, especialmente na escolha do vice. Agora, a ideia de trocar Michel Temer por Henrique Meirelles deve voltar para a geladeira.


Limonada. Um auxiliar de Lula tenta enxergar aspecto positivo na surpresa provocada pela pesquisa Datafolha: "Do lado de cá, já tinha gente montando o ministério".
Vida real. No PT, há quem se preocupe com o apoio manifestado por Aloizio Mercadante aos grevistas da Apeoesp. Segundo o raciocínio dos apreensivos, a tática serve para atazanar o presidenciável José Serra, mas poderá se revelar contraproducente no confronto local com Geraldo Alckmin (PSDB), cuja folgada liderança é confirmada pelo novo Datafolha.
Supremo. Eduardo Suplicy já visitou Mercadante e hoje, munido do Datafolha no qual registra números mais vistosos que os do colega, será ouvido pela direção do PT-SP. Mas o que o senador quer mesmo, desconfiam petistas, é um encontro com Lula.
Líquido. Um dirigente partidário que conhece a vida explica por que dificilmente o presidente da Fiesp, Paulo Skaf (PSB), abdicará da candidatura ao governo: "A campanha dele já está capitalizada".
Conta outra. Nem Romeu Tuma acredita quando diz que, se lhe for negada vaga para disputar a reeleição ao Senado na chapa encabeçada por Geraldo Alckmin, o PTB não apoiará o tucano para o governo. Presidente do partido em SP, Campos Machado fará o que for possível por Tuma, mas é Alckmin e não abre.
A casa... Nota dissonante num fim de semana de boas notícias para a campanha de José Serra, as prévias do PMDB de Santa Catarina, das quais saiu vitorioso Eduardo Moreira, devem implodir de vez o palanque tripartidário que se tentava montar para o tucano no Estado em torno de Raimundo Colombo (DEM).
...caiu. A engenharia já estava ameaçada por Leonel Pavan (PSDB), que assumiu o governo com a desincompatibilização de Luiz Henrique (PMDB) e, na contramão do acertado pela direção de seu próprio partido, quer ser candidato. Agora, também Eduardo Moreira pretende se lançar. Com tamanha divisão, há quem aposte num segundo turno entre Ângela Amin (PP) e Ideli Salvatti (PT).
Concorrência. Para Luiz Henrique, candidato ao Senado, surgiu um problema adicional: o ex-governador Paulo Afonso (PMDB), hoje diretor da Eletrosul, resolveu que também quer disputar.
Jurisprudência. O deputado federal petista Domingos Dutra não acredita em intervenção da Direção Nacional no Maranhão, onde o partido rejeitou apoio a Roseana (PMDB): "Se haverá dois palanques na Bahia e no Rio, por que não aqui? Só porque tem Sarney no meio?".
À margem. Em sua próxima reunião, nos dias 26 e 27 de abril, a Frente Nacional de Prefeitos discutirá problemas específicos das quase cem cidades-dormitório que integram a entidade. O grupo, batizado de G-100, tem em comum população de mais de 80 mil habitantes, baixa atividade econômica e baixa receita pública por habitante.

com SILVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER
Tiroteio
"É fácil de entender: Serra cresceu mais no Sul porque o Sul conhece Dilma." 

Do deputado JUTAHY JÚNIOR (PSDB-BA), sobre o aumento de dez pontos percentuais na intenção de voto do governador apurada pelo Datafolha nessa região, a mesma em que a ministra recuou quatro.
Contraponto
Samba de uma nota só Um grupo de políticos se reuniu no apartamento de Demóstenes Torres (DEM-GO), na noite de quarta-feira passada, num jantar de despedida para os colegas Wellington Salgado (PMDB-MG) e Lobão Filho (PMDB-MA). Suplentes em exercício do mandato, ambos deixarão o Senado na próxima semana para dar lugar aos titulares das cadeiras.
A conversa corria tão animada que alguns dos convidados começaram a improvisar uma cantoria. Quando o microfone chegou às mãos de Edison Lobão, o ministro de Minas e Energia se esquivou rapidamente:
-Eu só canto eleitor. Não sei cantar mais nada!

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