segunda-feira, março 29, 2010

MARIA CRISTINA FRIAS - MERCADO ABERTO

Banco menor quer carteira de crédito maior

 
FOLHA DE SÃO PAULO - 29/03/10


Bancos pequenos e médios, depois da secura de crédito do final de 2008 e começo de 2009, em decorrência da crise financeira, estão bem agora, com expectativa de crescer a carteira de crédito mais que os bancões, segundo analistas.
O segmento de pessoas jurídicas será o destaque do ano. "Vamos aguardar para ver se o aumento do compulsório irá pressionar o custo de captação do sistema e se os bancos médios serão obrigados a subir a taxa de remuneração do CDB", afirma Luís Miguel Santacreu, consultor da Austin Rating.
Por enquanto, não há expectativa de faltar dinheiro na praça, o que levou o Banco Central a enxugar a liquidez que já se mostrava alta.
O mercado externo de captação para os bancos médios tem sido uma alternativa para levantar recursos, mas está seletivo. O BC manteve a possibilidade de emitir CDBs com a garantia do FGC, o que dá tranquilidade às instituições médias de captar junto a investidores mais exigentes.
No lado do crédito, a concorrência pode encadear uma redução dos "spreads".
As empresas têm buscado mais crédito de curto prazo e para investimento. "Talvez o aumento da taxa Selic esperado não seja plenamente repassado às taxas de juros na ponta", diz.
A expectativa é que a inadimplência recue. As provisões para créditos em atraso seriam menos acentuadas. Analistas projetam lucro mais expressivo para os médios que em 2009.

China concentra características para bolha 

A expectativa de uma possível bolha na China tem contribuído para aumentar um sentimento de alerta no mercado, cuja aversão ao risco tem sido crescente devido à tensa situação da Grécia.
O gigante asiático apresenta hoje algumas das características essenciais para a formação de uma bolha, de acordo com Edward Chancellor, membro do comitê do fundo GMO, considerado um especialista em bolhas.
Crescimento exagerado, crença na ação das autoridades, aumento geral do investimento, da corrupção e da especulação, crescimento desenfreado do crédito, risco moral, entre outros fatos já conhecidos de crises históricas estão hoje na China.
Medidas como a apreciação da moeda chinesa e o aumento da taxa de juros são necessárias para administrar a inflação e conter o risco de bolha no setor imobiliário, segundo o Banco Mundial.
Apesar das recentes afirmações do presidente do BC, Henrique Meirelles, de que o câmbio chinês não afeta muito as operações comerciais brasileiras, e que esta não deve ser a maior preocupação para o Brasil no curto prazo, há quem diga que, assim como a China, o Brasil também pode ser uma bolha, como outra qualquer e, como toda bolha, deve explodir.

DEPOIS DA CRISE

"Começamos o ano prevendo um crescimento de 35% a 40% para este ano. Encerramos o primeiro trimestre com alta de 14%, o que representa um crescimento anualizado de 50%", diz José Bezerra de Menezes, presidente do Bic Banco.
Sétimo maior banco privado nacional por patrimônio líquido, o banco é focado em crédito para empresas de médio e grande porte.
Assim como outros bancos, o Bic teve os resultados afetados pelo aumento da inadimplência no começo do ano passado, que exigiu reforço de provisões e causou a desaceleração do crédito. Mesmo assim, saiu-se na crise melhor do que outros bancos do segmento.
O retorno anualizado sobre o patrimônio líquido médio ficou em 19% no primeiro trimestre do ano passado.

SOLADO 1 

As marcas esportivas da Vulcabras/azaleia registram crescimento. Do faturamento total de R$ 1,9 bilhão do grupo calçadista em 2009, 79% foram representados por Olympikus e Reebok. As duas marcas registraram, no quarto trimestre, alta de 140% no faturamento de confecções esportivas ante o mesmo período de 2008, e de 37% no preço médio.

SOLADO 2 

Na Grendene, em 2009, as vendas atingiram 165,7 milhões de pares de calçados, 13,2% acima de 2008. Do total, 117,4 milhões foram destinados ao mercado interno e 48,3 milhões ao externo. As receitas de exportação da Grendene foram quase estáveis -com R$ 355 milhões em 2009 ante R$ 355,6 milhões no ano anterior.

CARGA PESADA O número de empresas de transporte de carga em Guarulhos (SP) alcançou 1.300, que representam movimento de R$ 450 milhões por ano, segundo o Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região.

LIGEIRO 1 

A BS Construtora vai ao Senegal se reunir com o presidente Abdoulaye Wade para negociar a instalação da empresa no país. A BS atua na construção de "casas rápidas", projeto para entrega de casas pré-moldadas de concreto em 24 horas.

LIGEIRO 2 A ideia da BS Construtora é viabilizar um programa para a construção de 35 mil casas no Senegal. Na última semana, a empresa se reuniu com o ministro da habitação do país.

FORA DA BOLSA

A crise derrubou o financiamento a energias renováveis por meio de IPOs (oferta inicial de ações). Só 11% dos US$ 162 bilhões investidos em 2009 no setor foram financiamentos desse tipo -queda de 45% em dois anos, segundo a fundação americana Pew Charitable Trusts. Além de forçar muitas companhias a cancelar IPOs, as péssimas condições de mercado reduziram a fatia de investimentos de capital de risco: foram 43% a menos. Para este ano, a consultoria Bloomberg New Energy Finance estima que a necessidade de criar emprego, aumentar segurança energética e reduzir emissões de gases-estufa empurrará investimentos em fontes como eólica, solar e pequenas centrais hidrelétricas. Para a consultoria, os aportes alcançarão US$ 200 bilhões neste ano, com avanço na Bolsa.

O QUE ESTOU LENDO

CAPITU 

O livro que Louis Bazire, presidente do BNP Paribas lê agora é "Dom Casmurro", de Machado de Assis 

com JOANA CUNHA, ALESSANDRA KIANEK e NATÁLIA PAIVA

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