sexta-feira, julho 17, 2009

AUGUSTO NUNES

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Contra a epidemia de bandidagem política, use vaia. Não tem contra-indicação. Até agora nunca falhou

17 de julho de 2009

Em 13 de maio de 1959, quando o sistema de som do Maracanã anunciou a escalação do Brasil para o jogo contra a Inglaterra, 100 mil torcedores vaiaram a presença de Julinho no lugar de Garrincha. Titular da Seleção que disputou a Copa de 1954 na Suiça, herói da conquista do campeonato italiano pela Fiorentina, o craque já no Palmeiras vestia a camisa 7 por decisão do técnico. Mas arquibancadas e gerais precisavam descarregar a frustração causada pela ausência do maior driblador de todos os tempos. Sobrou para Julinho.

Cabeça boa, Júlio Botelho assimilou serenamente a manifestação hostil. No segundo minuto de jogo, livrou-se da selva de marcadores e fez um golaço. No 15°, esculpiu com dribles desmoralizantes e galopes de puro-sangue inglês o lance que resultou no gol do flamenguista Henrique ─ e consolidou a vitória por 2 a 0. Jogou como um Deus até o apito final. E então retribuiu com um sorriso tímido a ovação endereçada ao melhor em campo. Não se sentia vingado. Apenas feliz.

Quase 50 anos depois, quando o locutor do Maracanã anunciou a chegada do presidente da República, 70 mil gargantas vaiaram a presença de Lula na festa de abertura do Pan-2007. Reeleito meses antes, Lula estava bem no retrato pintado por institutos de pesquisas. Mas a multidão precisava descarregar a indignação provocada pelo colapso da aviação civil, pelo deboche dos quadrilheiros federais, pelo cinismo dos pecadores governistas, pela institucionalização da impunidade, pela inépcia dos pais da pátria, pela erosão dos alicerces físicos e morais sem os quais não se pode sonhar com um Brasil moderno. Sobrou para Lula.

Se conhece o episódio de 1959, presidente não soube assimilar a lição do craque. Com a grandeza dos humildes, Julinho não se queixou da vaia nem saiu à caça de culpados: o povo apenas queria ver Garrincha jogar, ponderou. Com a pequenez dos que jamais têm dúvidas, Lula decidiu no primeiro apupo que tudo aquilo fora orquestrado por descontentes profissionais a serviço da elite golpista.

“Os que estão vaiando são os que mais deveriam estar aplaudindo, porque são os que mais ganharam dinheiro no meu governo”, continuou ressentido dois dias depois. “A parte pobre da população é que deveria estar zangada. É só ver o quanto ganharam os banqueiros, os empresários”. Lula acertou ao admitir que os ricos nunca lucraram tanto quanto no governo eleito pelos dependentes do Bolsa Família. Errou ao imaginá-los saindo furtivamente de seus palacetes para aborrecer o benfeitor no Maracanã ─ e em companhia de uma perigosa ramificação da classe média.

”Essa gente levou Getúlio ao suicídio”, viajou Lula. ”Essa gente fez a Marcha com Deus pela Liberdade, que resultou no golpe militar”. A fantasia ficou em frangalhos depois de confrontada com as imagens dos supostos conspiradores. Aquela gente não havia nascido quando Getúlio se matou. A maioria engatinhava quando os adultos, em 1964, marcharam com Deus pela liberdade. Aquela gente só podia ser acusada de valer-se com tanta competência do protesto sonoro que fez o alvejado perder o siso e a soberba.

O som que funde a fúria, a exaustão, o sarcasmo e a chacota não tem contra-indicação, pode ser utilizado na presença de crianças e age sobre distintas abjeções. Sobressalta o presunçoso, silencia o falastrão, inibe o debochado, constrange o arrogante ou desfaz o sorriso do canalha. Nada como a propagação da vaia para combater epidemias de bandidagem política semelhantes à que devasta o Brasil neste começo de século. Até agora, nunca falhou.

Brasília não é lugar para vaias. Bom escultor de curvas inabitáveis, Oscar Nyemeyer conseguiu fazer uma cidade sem esquinas e, portanto, sem povo, pois só existe povo onde existe esquina. E vaia não vive sem povo. Mas os sócios do movikmentadíssimo clube dos cafajestes só acampam no grande bunker do Planalto Central três dias por semana. Ficam expostos de sexta-feira a segunda. Que sejam vaiados, sozinhos ou em companhia da família, nos aeroportos, no interior dos aviões, nos restaurantes, nos táxis, nos carrões com motorista oficial, nas calçadas, nas ruas, no jardim da própria casa. É doce contemplar um rosto em transição do deboche para o medo.

Vaiemos, pois. Não temos nada a perder além da sensação de impotência e da indignação há tanto tempo represada.

NELSON MOTTA

A casa do atraso


O Globo - 17/07/2009

O nepotismo, o apadrinhamento político, as viagens, o uso de dinheiro público em causa própria são velhos conhecidos. Mas o que mais me espanta na crise do Senado, por enquanto, é o anacronismo.

É a opção preferencial pelo atraso, aliado da burocracia, que favorece todos os itens acima.

Em plena era da internet e dos celulares, da comunicação instantânea, pagos pelo contribuinte, o Senado emprega centenas de contínuos, para entregar papéis que podem ser mandados por e-mail. São batalhões de copeiras, para fazer cafezinho, quando qualquer boteco tem máquinas de café expresso tão fáceis que até um suplente de senador pode usar sozinho. Só os garçons são insubstituíveis.

Se a gráfica do Senado fosse vendida e a Casa pagasse pela impressão das cotas a que cada senador tem direito na gráfica mais cara de Brasília, os gastos cairiam a uma fração dos atuais. Pensando bem, é melhor nem sugerir, o pessoal já vai pensar nas comissões que as gráficas pagarão pelo apoio. Quase tudo que a gráfica do Senado imprime poderia ser só publicado no site da Casa e aberto ao público. É mais barato e mais seguro do que papel, que apodrece.

Mas o símbolo máximo do anacronismo do Senado é a Divisão de Taquigrafia, com centenas de funcionários de carreira, e outros tantos terceirizados, que taquigrafam as sessões no plenário e nas comissões.

Qualquer gravadorzinho digital de camelô, ou mesmo um celular, registraria até os suspiros, fungadas, engasgadas e outros ruídos do orador. Depois é só ouvir e transcrever.

A carreira de taquígrafo deveria ser substituída pela de “degravador”.

É algo tão antigo que ninguém com menos de 25 anos sabe o que é. Só se viu no Google.

Na era dos celulares e dos telefones móveis, o Senado deve abrigar uma legião de telefonistas. E, nos elevadores automáticos, ascensoristas, para apertar o botão dos andares. Os senadores têm até cota mensal de telegramas, que hoje vão todos por email, e os Correios entregam em casa.

Só faltam os mensageiros a cavalo.

A corrupção e o atraso formam um par perfeito, os vícios do Senado alimentam os seus anacronismos.

E vice-versa.

LUIZ GARCIA

Companheiros


O Globo - 17/07/2009

Os ingleses costumam dizer, há séculos, que a política cria estranhos companheiros de cama: "strange bedfellows". É expressão inocente de qualquer conotação libidinosa. Uma tradução bastante correta seria "companheiros de viagem".


De viagem ou do que for, é notável o companheirismo declarado entre o presidente Lula e o senador Fernando Collor. Significa que Lula, espírito magnânimo e cheio de fé na capacidade de recuperação dos pecadores, despreza hoje tudo o que já soube e já sentiu em relação ao alagoano.

Esqueceu, por exemplo, que o aliado de hoje botou a economia brasileira de pernas para o ar com um plano econômico que nem a sua ministra da Fazenda, a hoje sumida Zélia Cardoso de Mello, parecia entender direito. Também lhe fugiu da memória o detalhe de que Collor sofreu impeachment do Congresso - provocado por acusações de corrupção em larga escala - e teve de renunciar para não ser deposto.

O Supremo Tribunal Federal condenou Collor à perda dos direitos políticos por oito anos, tempo que ele passou num doce exílio em Miami. Tudo isso faz parte de um passado que, pelo visto, não deixou mossa na memória de Lula. Nem amargura, nem pé-atrás. Uma foto na primeira página do GLOBO de quarta-feira mostra o par de "strange bedfellows" em abraço caloroso e sorridente.

Disse Lula, textualmente: "Quero aqui fazer justiça ao comportamento do senador Collor e do senador Renan que têm dado sustentação muito grande aos trabalhos do governo no Senado." Para ele, a sua amizade com os dois alagoanos é o oposto do que sempre se viu no Brasil, algo que Lula definiu como "a política da camaradagem, dos amigos... o Brasil sofria o desmazelo dos eleitos."

Até parece que Collor e Renan, um do PTB, outro do PMDB, seriam de partidos adversários do governo. É preciso contar isso aos petebistas e peemedebistas. Muitos ficarão espantadíssimos; diversos, até magoados.

Para o eleitor distante, os políticos escolhem como quiserem os companheiros de eleição e de gestão. Mas cada aliado não leva consigo apenas sua ajuda e sua fidelidade: carrega nas costas também sua biografia, que pode incluir, com peso negativo, capítulos sujos desacompanhados de arrependimento.

Lula aceita e celebra publicamente a adesão de homens como Collor e Renan. Mas, junto com os contingentes eleitorais que os dois oferecem, vai também a biografia de cada um, com todas as virtudes e todos os pecados desacompanhados de arrependimento.

BRASÍLIA - DF

Ciro ataca novamente

Correio Braziliense - 17/07/2009

No encontro com o governador de Minas, Aécio Neves, ontem, o ex-ministro da Integração Nacional Ciro Gomes (PSB), deputado mais votado do país, atirou de novo nos políticos paulistas. Depois de rasgados elogios ao tucano mineiro, criticou o PT e o PSDB pela histórica confrontação entre ambos em São Paulo. E, de quebra, detonou os aliados do PMDB, o maior partido do país.


Segundo Ciro, no governo de Fernando Henrique Cardoso, o PT de São Paulo negou diálogo e obrigou o PSDB, com o pretexto da governabilidade, a se aliar “ao Brasil fisiológico, o Brasil que a gente não respeita” (leia-se o PMDB). Depois, Ciro completou: quando o PT chegou ao poder, o PSDB de São Paulo levou os tucanos à oposição radical e o Governo Lula foi obrigado “a confraternizar com os mesmos setores que estavam lá provocando essa âncora que não deixa o Brasil acelerar o seu passo em relação ao progresso” (novamente, leia-se PMDB).

No sal


Pelo menos 200 dos 2.800 comissionados nos gabinetes do Senado, assessores contratados pelos senadores fora do quadro efetivo, foram volatilizados pela revogação dos atos secretos do ex-diretor-geral Agaciel Maia. A polêmica decisão do presidente do Senado, José Sarney, revogou nomeações e exonerações aleatoriamente.

Irrigação


O Vale do São Francisco, com 120 mil hectares irrigados, já é responsável por 42% das exportações de frutas do país, negócio que movimenta US$ 800 milhões por ano. A região responde por 97% das uvas e 95% das mangas vendidas ao exterior. E emprega 240 mil pessoas.

Balanço



O presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (foto), do
PMDB-SP, fez um piquenique na sombra do senador José Sarney
(PMDB-AP), que vive seus piores momentos. Graças à interpretação regimental que restringiu o trancamento da pauta da Câmara por medidas provisórias, conseguiu tirar a Casa do foco da crise ética e aprovar 124 matérias em plenário, sendo 93 após 5 de maio, dia em que a nova norma foi colocada em prática.

Pé frio



Foi erro de avaliação a ida do governador de São Paulo, José Serra (foto), do PSDB, ao Mineirão, a convite de Aécio Neves, para assistir à final da Taça Libertadores da América.
O Cruzeiro perdeu por 2 x 1 em casa para o Estudiantes, da Argentina. Seria melhor ter ido ao Maracanã para assistir à vitória do Palmeiras sobre o Flamengo por 2 x 1, mesmo sem convite do governador Sérgio Cabral (PMDB), que é vascaíno. Caso secasse o Verdão, a galera rubro-negra agradeceria.

Gavião


A Polícia Federal está operando, em caráter experimental, um avião não tripulado equipado com potentes binóculos e visão noturna para patrulhar a Tríplice Fronteira no Sul. De fabricação israelense, o aparelho tem 10 metros de envergadura, autonomia para voar durante 20 horas e está sendo testado no Paraná. Mais dois aparelhos serão adquiridos para monitorar as demais regiões de fronteira do país por controle remoto.

Torneira


Na Rocinha, lata d’água na cabeça só existe no samba famoso dos esquecidos Luís Antônio e J. Júnior. A maior e mais famosa favela do Brasil tem 90,6% de seus becos e vielas abastecidos pela rede oficial, segundo censo realizado pela Casa Civil do governo do Rio de Janeiro. Com 38.029 imóveis e 100.818 habitantes, somente 7,5% dos logradouros da Rocinha permitem acesso a automóveis.


Baldeação/Mão Santa (PMDB-PI) sonda os partidos de oposição em busca de uma vaga de candidato ao Senado para concorrer à reeleição. Teme perder a legenda por decisão da cúpula do PMDB, a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Diariamente, o peemedebista espinafra o governo Lula.

Estaleiro/Relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), Wellington Roberto (PR-PB) foi obrigado a acompanhar pela TV Câmara a aprovação de seu parecer pelo Congresso Nacional. O deputado sofreu uma crise de hérnia de disco na segunda-feira e foi impedido de viajar a Brasília para negociar os pontos polêmicos da LDO. Quem tratou do assunto foi o deputado João Leão (PP-BA), no papel de relator ad hoc.

Balão/O senador Flávio Arns (PT) é nome no bolso do colete da oposição para suceder José Sarney (PMDB-AP) na presidência do Senado, caso o peemedebista jogue a toalha. A proposta do senador Sérgio Guerra (PSDB-PE) aos dissidentes do PT tinha a intenção de rachar a base governista, mas até agora não colou.

JOÃO MELLÃO NETO

O exemplo que Lula nos dá


O Estado de S. Paulo - 17/07/2009
Talvez nunca antes na História um presidente tenha reunido tanto apoio, político e popular, quanto Lula. Há levantamentos que indicam ter ele alcançado a marca dos 80% de aprovação. Deve-se ter em mente que a unanimidade é inatingível. Nem mesmo Jesus Cristo a alcança, haja vista que há um determinado porcentual da população que não acredita nele.

Mas, como bem observou meu filho Ricardo, esse porcentual estratosférico lhe garante o título de grande político, não o de estadista. Estadista é alguém que deixa um legado - de feitos, comportamentos ou palavras - para as gerações seguintes. Vendo as coisas por esse prisma, qual é o legado de Lula?

Ele deixará para a posteridade alguma grande realização? Ele servirá de exemplo para alguma coisa? Existem pensamentos ou definições de sua lavra que ficarão na História?

A resposta é negativa para as três indagações. Lula não é mesmo um estadista.

Ao contrário. Por tudo o que fala e faz, ele deixa muito a desejar nesse quesito.

Os norte-americanos - que criaram a figura do presidente da República - revestem o titular do posto de um significado que transcende em muito as suas atribuições. O presidente é um rei temporário que se fez pelos seus próprios méritos. E, assim sendo, é uma referência para o comportamento de todos os seus concidadãos.

George Washington, o primeiro presidente, tinha essa noção muito clara. Como a América abrira mão de ungir um rei, era natural que depositasse na figura do presidente todas as expectativas que, em outras circunstâncias, seriam próprias de um monarca. Consciente de seu papel, ele governou os Estados Unidos por oito anos. E fez história.

Muitos dos seus procedimentos até hoje são seguidos.

Um deles é o culto à pessoa da primeira-dama. A própria expressão - primeira-dama - provém de sua época.

Outro é o exercício da presidência por apenas dois mandatos. A Constituição norte-americana, originalmente, permitia ao presidente se reeleger quantas vezes quisesse. George Washington, a seu tempo, recebeu numerosos apelos para se candidatar a novos mandatos. Mas entendeu que a alternância no posto era o principal sinal que distinguia um presidente de um rei e recusou-se a prosseguir. Todos os presidentes que se seguiram obedeceram fielmente à regra, com exceção de Franklin Roosevelt. Após a morte deste, no exercício do quarto mandato, o Congresso aprovou uma emenda constitucional proibindo expressamente a reeleição indefinida.

Os exemplos de George Washington deixam uma mensagem clara: o presidente não é gente como a gente. Ele tem de ser melhor do que a gente. É também para servir de referência que nós o colocamos lá.

Lula não tem sido uma boa referência. Ao contrário, os exemplos que ele deixará são negativos. Não se aconselha ninguém a segui-los.

O primeiro deles provém da instituição Bolsa-Família. Ela cria nas pessoas a falsa noção de que basta terem nascido pobres para que se tornem credoras do Estado. Cabe a este garantir-lhes uma renda mínima até o fim de sua vida.

Um dos efeitos não previstos pelos idealizadores do programa é que a quantia mensal recebida por família - mais de R$ 100, em média - é baixa unicamente pelos padrões do Sudeste. Nos rincões nacionais ela é suficiente para garantir o sustento de uma família sem que nenhum de seus membros trabalhe.

Ora, criar uma nação de pensionistas é algo que nenhum partido jamais ousou inscrever entre os seus objetivos. Pois o Bolsa-Família criou essa expectativa. Todo mundo doravante se acha no direito de viver à custa do Estado. E isso solapa de vez os alicerces da ética do trabalho.

Outro mau exemplo é o que nos é dado pela nossa política exterior. O governo brasileiro apoia irrestritamente todas as nações que insistem em transgredir as regras da boa convivência internacional.

Cuba e Venezuela rosnam para os Estados Unidos? Pois lá está o Brasil para prestar-lhes solidariedade. As eleições no Irã parecem ter sido fraudadas? Pois lá estamos nós de novo, para emprestar legitimidade ao processo. A Coreia do Norte afronta o mundo fazendo testes nucleares? Pois ela pode contar conosco para evitar, nos foros internacionais, que maiores sanções sejam adotadas.

Não é adotando posições como essas que o Brasil se fará valer. Somos uma nação emergente, sim. Estamos lutando para obter espaço? Sem dúvida. Mas para tanto não é necessário procurar chamar a atenção em razão de posicionamentos discutíveis, em favor de nações delinquentes.

Uma política externa consequente, lastreada na constância, na previsibilidade e na responsabilidade, faria mais pela imagem do Brasil do que todas as bravatas que têm pautado os nossos posicionamentos.

O terceiro mau exemplo que a era Lula nos está legando diz respeito à própria imagem do presidente em si.

Todos nós passamos a vida tentando incutir em nossos filhos a ideia de que sem estudos não se vai longe. Procuramos passar-lhes a noção de que somente por meio do zelo, da aplicação e do esforço é que se pode sonhar alcançar alguma coisa na vida. E tudo isso para quê?

Ninguém menos do que o nosso presidente se arvora em ser o exemplo contrário de tudo isso. Ele se vangloria de não ter estudado.

E procura passar a imagem de que, para vencer na vida, a diligência, o preparo e o esmero são valores inferiores à malandragem, à persuasão e à manha.

Então, é assim? Quem conquista um lugar ao sol são os mais espertos, e não os mais capazes?

Esses são os exemplos que Lula nos dá.

Será que posso recomendá-lo aos meus filhos?

GOSTOSA


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ARI CUNHA

Dinheiro dos trabalhadores


Correio Braziliense - 17/07/2009

Pelo menos R$ 5,3 bilhões foram aplicados pela Caixa Econômica no pagamento de abono salarial no período 2008/2009. O salário mínimo (R$ 465) atendeu a 12,7 milhões. Isso quer dizer 1,3 milhão de pessoas a mais do que no ano passado. Quanto ao PIS, o trabalhador brasileiro ainda não se acostumou a aproveitar esse dinheiro. Mais de 29 milhões de beneficiados deixaram de receber a verba, no valor médio de R$ 45. Há a informação de que dinheiro dos 524 mil trabalhadores ausentes será encaminhado ao Fundo de Amparo ao Trabalhador. Vale lembrar que esse dinheiro poderá ser usado ao gosto dos que se aproveitam e fazem contratos lesivos. Há casos anteriores de muita gente que se comprometeu a criar escolas e embolsou as verbas.

A frase que não foi pronunciada

“Quem come a pizza que o Senado faz?”

  • Lucca Enzo, pizzaiolo, pensando nas notícias

  • Terrível

  • Aumentam as reclamações contra as operadoras de celular. Nenhum estudo projetou a demanda. O resultado é que a procura é proporcional aos aborrecimentos. Nas lojas da Claro, os aparelhos não são repostos, as filas são enormes. A Feira do Paraguai é o lugar mais procurado para o desbloqueio, já que a empresa demora, em alguns casos, semanas para efetuá-lo.

    Denúncia
  • Muitos reclamam do programa CQC pela irreverência, mas vale a pena registrar o que foi veiculado na segunda-feira. Para mostrar como é frágil a segurança na internet, uma atriz se fez passar por menor de idade. O aliciamento começou logo. Empresários, executivos e até militares travaram conversas íntimas com a “menor”. Tudo em rede nacional.

    Tesoura
  • A população pobre comemora título da ONU. Os assentamentos Corta Corda e Moju receberam energia elétrica. As estradas continuam na escuridão. Mesmo assim, a população sentiu o lado bom do progresso, e a ONU e o governo de Dubai elogiaram. A notícia vem no informativo editado pelo governo federal. Infelizmente a matéria que trata do assunto está pela metade. Foi cortada repentinamente.

    De olho
  • Vem do Ibedec a denúncia de venda casada nos seguros do Sistema de Financiamento Habitacional do governo federal. Segundo o instituto, a Caixa usa como argumento a contagem de pontos para garantir a venda de seguros pessoais, o que pode perfeitamente ser contratado com outra seguradora.

    Parque das Garças
  • Levantado como causa ganha pelo esforço da comunidade, o Parque Olhos D’água é uma região que dá ar para a Asa Norte. O Parque das Garças, no Lago Norte, passa exatamente pelo mesmo processo. Com receio de que se transforme em condomínio de luxo ou qualquer tipo de exploração imobiliária, os moradores do Lago Norte começam a se mobilizar para garantir a área de lazer. Melhor seria se a iniciativa de garantir o parque viesse do governo.

    Roberto Carlos
  • Agora, para provar que no Senado as coisas não terminam em pizza, todas as vontades do presidente Lula devem ser rediscutidas pelos parlamentares. O primeiro da fila foi Bruno Pagnoccheschi. Estava para ser reconduzido à Agência Nacional de Águas na hora errada e no lugar errado. Parece que daqui para frente tudo vai ser diferente.

    Perigo
  • Vai depender do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, manter na LDO de 2010 o texto que garante a manutenção do custo detalhado dos insumos em obras e serviços públicos. A senadora Kátia Abreu chama a atenção para a manobra de adotar a média dos preços, o que será uma porta aberta à corrupção.

    Fundeb
  • Por volta de 1.760 cidades deixaram de receber a parcela do Fundeb no início do mês de junho. O Conselho Nacional dos Municípios acompanha. A Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados realiza audiência pública para discutir a utilização da verba do Fundeb. A questão é séria porque há dificuldades em aplicar o dinheiro recebido por falta de conhecimento do processo.
  • História de Brasília

    A Novacap vai vender lotes na área de diversões a 5 mil cruzeiros o metro quadrado. Se a construção for feita em doze meses, ficará de graça o terreno. Se em dezesseis meses, serão pagos apenas 50%. Se a construção for entregue em 18 meses, o proprietário pagará o preço de tabela. Se esgotado esse tempo não construir, o terreno voltará à propriedade da Novacap. (Publicado em 4/2/1961)

    ELIANE CANTANHÊDE

    A "enrolation" colou


    Folha de S. Paulo - 17/07/2009

    Quinta-feira, 16h, plenário vazio no Senado. Mão Santa (PMDB) preside a "sessão", Cristóvam Buarque (PDT) pede voto de censura contra Lula por causa do "pizzaiolos", Álvaro Dias (PSDB) fala algo sobre a CPI da Petrobras. Em 15 minutos, encerram-se os trabalhos. Na prática, o recesso começou.
    Um semestre fecha e outro vai abrir com o governo colecionando três derrotas técnicas: a própria CPI, a instalação do Conselho de Ética e a fragilidade constrangedora do aliado Sarney, debaixo de saraivadas de acusações em Brasília e no Maranhão. Mas, dentro de um quadro ruim, o governo saiu-se melhor do que a encomenda.
    A maior vitória foi ter empurrado a instalação da CPI com a barriga por 60 dias, operação que um governista chama de "enrolation" (enrolação, na língua do sarcasmo). Deu tempo para a Petrobras se armar para a guerra e os líderes treinarem e municiarem a tropa de choque governista.
    A intenção é forçar uma batalha na base da chantagem: tudo que tucanos e democratas apresentarem contra a Petrobras terá, imediatamente, um contraponto com o que era antes, na era FHC.
    A CPI, assim, é considerada "sob controle" pelo governo, mas isso não significa tranquilidade. Petróleo é altamente inflamável, a Petrobras mexe com empresas e contratos bilionários, há um mundo desconhecido nas suas entranhas e 54 senadores são candidatos à reeleição, doidos por holofotes.
    Como comparação, a CPI dos cartões corporativos remexia mesquinharias que caíam no terceiro escalão e murchavam. A CPI da Petrobras é como um balão: tudo que aparecer ali sobe na hierarquia, e ninguém sabe onde pode parar.
    Portanto, não dá para o governo baixar a guarda. A oposição é desarticulada e pouco aplicada, mas, se houver bombas-relógio, elas tendem a explodir. No duro, quem faz as CPIs é a imprensa. Hoje o foco está em Sarney. Mas até quando?

    FERNANDO GABEIRA

    Última sessão

    FOLHA DE SÃO PAULO - 17/07/09

    Na última sessão do Congresso, no semestre, tentei falar. É preciso ir ao Senado se inscrever. O caminho passa por uma parede envidraçada. Há uma entrada discreta e, pela escada em caracol, chega-se ao subterrâneo, cheio de funcionários. Um deles tem o livro. Havia cinco nomes de deputados, com o meu. Pensei: Sarney, ao ler esses nomes, não virá presidir o Congresso. Foi assim com Renan. Eles abandonam o Congresso, antes do Senado.

    Há uma dezena de deputados dispostos a enfrentar o PMDB, aliados e a combatividade da estrela vermelha. Aliás, voltei ao Salão Verde pensando nela. A estrela vermelha para mim não tem sentido. Eu a vi nos tanques sérvios que atiravam nos civis e em nós, repórteres. Agarrados à estrela vermelha, perpetraram crimes horrendos sob o título de limpeza étnica.

    Assim como a suástica, estrelas vermelhas levam ao desastre, quando se decide obedecer, cegamente, a um projeto de poder. Mais importante do que símbolos políticos é a velhice. No passado, a velhice era cultuada, como um tempo de sabedoria e generosidade. Hoje, com o comportamento de José Sarney, esta imagem está ameaçada. No passado, falava-se em respeito aos cabelos brancos. Hoje, já nem se usam cabelos brancos.

    O que eram apenas defeitos colaterais, como a teimosia e a perda de contato com a realidade, hoje prevalecem. Ouço senadores clamando por um gesto de grandeza, a renúncia. Cercado por uma alcateia, faminta de cargos e vantagens, Sarney não renuncia.

    Não se trata só de um constrangimento ao ver o Senado definido como casa de horrores. Mas o de conviver com um grupo de homens idosos, movendo-se com uma desenvoltura criminosa, unindo nos lábios do povo as palavras velho e safado, como se fossem gêmeas que nascem ligadas. Tempo de tormentas.

    INFORME JB

    O presidente das reformas

    Vasconcelo Quadros

    JORNAL DO BRASIL - 17/07/09

    O governo resolveu cumprir a lei que ele mesmo sancionou, e ontem colocou uma placa no canteiro das obras do Palácio do Planalto, informando os dados técnicos, o nome da empreiteira e o custo. Mas a informação principal, com oito meses de atraso, já está defasada: em vez dos R$ 78,8 milhões anunciados no painel, o custo final ficará próximo dos 200 milhões. Desse montante, um crédito suplementar de R$ 100 milhões foi aprovado anteontem junto com os demais projetos que engrossam a nova Lei de Diretrizes Orçamentárias. A obra está sendo questionada até pelo governo do Distrito Federal, que se acha dono de parte do terreno onde foi aberto um buraco de 12 metros de profundidade para construir dois andares de estacionamento.

    No Alvorada Pizzaiolo

    As mudanças no Planalto darão a Lula o merecido reconhecimento de presidente das reformas. Assim que assumiu, Lula articulou uma parceria entre várias empreiteiras sob o guarda-chuva da Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib) e mandou refazer toda a estrutura do Palácio do Alvorada. Depois de dois anos, as obras foram concluídas com um custo de R$ 18,4 milhões, todo ele bancado pela iniciativa privada. A reforma do Planalto ficou com o contribuinte.

    O senador Paulo Duque jurou ontem que não aliviou a situação de José Sarney ao menosprezar as cinco representações que já deram entrada no Conselho de Ética, entre elas a que trata dos atos secretos. "Não antecipei nada, vamos examinar", disse Duque ao tomar conhecimento de que o líder tucano, Arthur Virgílio, vai pedir sua substituição na presidência do órgão. Duque diz, no entanto, que não viu nada que ameace o mandato de Sarney.

    Todos os homens

    A complicada situação do empresário Fernando Sarney (foto) nas investigações da operação Boi Barrica – cujo nome é inspirado num grupo folclórico do Maranhão apadrinhado pela família Sarney – vai alcançar todos os homens do presidente do Congresso. Há conexões suspeitas também com gente apanhada na Operação Navalha, aquela que defenestrou o ex-ministro Silas Rondeau. O nome do empresário já aparecia nas investigações que pegaram o dono da Construtora Gautama, Zuleido Veras, íntimo de toda a cúpula do PMDB governista.

    Sigilo

    O segredo das operações foi desfeito há cerca de um ano pelos advogados do próprio Sarney. Eles descobriram que a Polícia Federal e o Ministério Público haviam devassado a rede financeira do grupo ao quebrar o sigilo bancário da São Luiz Factoring e pretendiam amenizar o impacto das denúncias que agora estão vindo à tona. Passam de R$ 100 milhões os movimentos detectados em torno da São Luiz.

    Semelhanças

    Do deputado tucano Antônio Feijão (AP) ao comparar o Rei do Pop, recentemente falecido, e o ritmo das obras do PAC em seu estado: "O PAC tem similitude com Michael Jackson. Os dois estão mortos, mas ninguém quer entregar o defunto a Deus".

    Gripe

    Os novos números sobre contágios e suspeitas sobre a gripe suína acenderam um sinal de alerta na Fundação Nacional da Saúde (Funasa), responsável pela proteção das aldeias indígenas. Funai, Polícia Federal e Funasa vão apertar os controles de acesso para diminuir os riscos de contaminação. O organismo do índio, sem ou com pouco contato com o homem branco, é sensível até ao vírus da gripe mais comum.

    Do Chuí ao Caburaí

    Depois de insistir que os restos do famoso criminoso francês Papilon estão enterrados na reserva Raposa Serra do Sol, o senador Mozarildo Cavalcanti pediu que a Tim corrija a propaganda citando os pontos geográficos extremos. "É do Chuí ao Monte Caburaí". O IBGE concorda. Caburaí está 60 quilômetros acima do Oiapoque no extremo Norte.

    COISAS DA POLÍTICA

    Quem aprova o julgador

    Mauro Santayana

    JORNAL DO BRASIL - 17/07/09

    O sistema de aprovação, pelo Senado dos Estados Unidos, dos juízes da Suprema Corte, como todos os atos humanos, não é perfeito, mas é bem superior ao nosso. O exame das ideias e da biografia dos candidatos é longo, cauteloso. Trata-se de decisão política, submetida, como todas as outras da mesma natureza, aos interesses sociais que os parlamentares representam. Mas, sobre os mesmos ritos que se processam entre nós, traz – até pela sua duração – a vantagem de ser acompanhado, dia a dia, pelos cidadãos. Advogados e juízes, intelectuais, jornalistas e grandes homens de negócios, além de trabalhadores atentos, seguem a arguição, e expõem, normalmente, sua própria opinião por intermédio dos jornais e, hoje, da internet.

    Quem irá julgar é previamente julgado, em nome do povo. A juíza Sotomayor, que está sendo ouvida há dias (a inquirição continuará em agosto), tem sua vida e atos, como advogada e juíza federal, sob o escrutínio dos senadores. Os conservadores temem que a provável juíza da Corte Suprema se deixe influenciar por sua militância juvenil, e buscam assegurar-se de que estarão ideologicamente protegidos. Eles avaliam, ainda, a origem familiar hispano-americana e a condição feminina da candidata. Relembraram afirmação sua, em discurso de 2001, de que "a wise latina" estaria em melhores condições de julgar do que o homem branco. O adjetivo wise, que vem do substantivo sânscrito veda (visão), significa muitas coisas, da sabedoria à prudência. Cabe discutir se é mais importante a um juiz o profundo conhecimento da lei ou o senso da prudência, que o sofrimento pode oferecer.

    A Suprema Corte dos Estados Unidos é tribunal político. Ela se arrogou essa condição com a declaração de que lhe cabe arbitrar os dissídios entre os outros dois poderes, na famosa e conhecida decisão de John Marshall no caso de Marbury versus Madison. A essa autoatribuição muitos se opuseram, entre eles o presidente Andrew Jackson, para quem os chefes dos outros dois poderes são iguais no direito de interpretar a Constituição, de acordo com sua própria razão e consciência. O nosso STF segue a mesma trajetória da Suprema Corte, como tribunal constitucional. Sendo um colégio político, sua constituição é de natureza política. O presidente da República indica os nomes dos candidatos de sua escolha ao Senado – que sempre os aprova. A diferença entre lá e aqui é ponderável. Aqui, normalmente, o candidato é aprovado pela Comissão de Justiça em uma só sessão, e o plenário sempre o confirma. Os cidadãos não têm como conhecer devidamente a biografia e as ideias dos postulantes, dada a celeridade do processo. Nos Estados Unidos, a participação da cidadania é tradicional. Essa participação se exerce na pressão direta dos eleitores sobre os senadores e mediante os chamados formadores de opinião. Tal como o axioma famoso de Jaspers (só aprendemos de filosofia o que de fato já sabemos), ninguém forma a opinião alheia – apenas pode confirmá-la com as informações e argumentos que pareçam corretos. Esse exame público tem o efeito de conter os arroubos inovadores de alguns postulantes.

    Há inúmeras propostas para a reforma do Poder Judiciário no Brasil, principalmente no caso do mais alto tribunal. Há os que sugerem mandatos definidos e outros que pretendem a vitaliciedade absoluta, como ocorre nos Estados Unidos. Outros aconselham que só devam ser nomeados para o STF os que ingressarem na magistratura como juízes de primeira instância e tenham atuado nos tribunais intermediários. Hoje, qualquer advogado, tenha ou não feito carreira na magistratura, pode ocupar o cargo. Uma coisa é absolutamente necessária: a exposição, pública e minuciosa, do candidato, com sua biografia, suas ideias, sua visão da sociedade e, em tanto quanto possível, seus sentimentos.

    Já que devemos reparar as clamorosas falhas de nosso sistema republicano, podemos, sem preconceitos, promover a reforma do Poder Judiciário, de modo a tornar mais transparente e legítima a composição dos tribunais superiores, principalmente do STF. Nunca teremos um Supremo Tribunal absolutamente isento e imparcial. As leis só servem para amparar as decisões que os magistrados tomam, no inviolável recinto da própria consciência. As sentenças podem ser justas ou injustas, e não há como evitar erros de julgamento. Como todas as coisas humanas, o ato de julgar é sempre impreciso. Por isso é importante que a discussão pública, durante a sabatina, legitime, de alguma forma, os escolhidos.

    PAINEL DA FOLHA

    Material inflamável

    FOLHA DE SÃO PAULO - 17/07/09

    O indiciamento pela Polícia Federal de Fernando Sarney trouxe um novo fio para quem tenta ligar as denúncias que atingem o presidente do Senado com a CPI da Petrobras. Uma das empresas citadas no relatório da PF, a EIT (Empresa Industrial Técnica), suspeita de ter efetuado pagamentos ao grupo de Fernando, firmou contrato com a Petrobras de quase R$ 600 milhões, em parceria com a Engevix, para tocar obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
    A CPI já tem requerimentos prontos para ser votados sobre a refinaria nordestina, por sua vez citada no relatório da Operação Castelo de Areia da PF por superfaturamento de R$ 59 milhões.

    Meio-campo - Fernando Sarney é diretor da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). A entidade doou R$ 100 mil para a campanha de Roseana Sarney (PMDB-MA), irmã do empresário, ao governo em 2006.

    Escrete - O time dos beneficiados com doações da CBF, de mesmo valor, inclui Renan Calheiros (PMDB-AL) e Gilvam Borges (PMDB-AP), dois fiéis sarneyzistas, em 2002.

    Preventivo - O líder do DEM, José Agripino (RN), recolheu assinaturas dos cinco membros da oposição no Conselho de Ética para recorrer caso o presidente do órgão, Paulo Duque (PMDB-RJ), resolva arquivar com uma canetada alguma das representações contra Sarney.

    No roteiro - Antes mesmo de Lula ter chamado os senadores de ‘pizzaiolos’, na quarta-feira, a oposição já havia decidido votar contra a recondução do diretor da ANA (Agência Nacional de Águas), Bruno Pagnoccheschi. Só para marcar posição.

    Inflação - A comissão que analisa os contratos do Senado fez a conta: um policial legislativo dos quadros da Casa custa o mesmo que 26 vigilantes terceirizados.

    Recibo - O PSDB preparou uma resposta ao discurso de Lula, que disse em Alagoas que, antes de seu governo, não era habitual presidentes percorrerem o país para ‘sentir o drama do povo’: FHC foi seis vezes ao Estado em oito anos.

    Pós-férias - A comissão que investigou o esquema de venda de passagens da cota aérea dos deputados concluiu o trabalho, mas o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), só divulgará o resultado depois do recesso.

    Inferno astral - Demitida da Receita Federal, Lina Vieira tenta desde quarta-feira voltar para o Rio Grande do Norte, sem sucesso. Por conta da Marcha dos Prefeitos, todos os voos estão lotados.

    Chapa quente - Pouco antes de ser exonerada, Lina se queixou a amigos de que estava sendo boicotada por subordinados. Ela levou a reclamação a Guido Mantega (Fazenda), dizendo que o ambiente estava ‘muito ruim’.

    Lupa - O TCU fará auditoria nos gastos com cartão corporativo da Secretaria de Administração da Casa Civil no primeiro trimestre de 2009. Atenção especial será dada às viagens presidenciais, apontadas pela CGU como motivo do aumento de despesas de 169% em relação a 2008.

    Vitrine - Ex-tesoureiro do PSDB e cotado para comandar o caixa da campanha presidencial em 2010, o ex-deputado Márcio Fortes assumiu o comando da Emplasa (Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano de São Paulo), vinculada à Secretaria Estadual de Planejamento.

    Tiroteio

    A demissão atentou contra toda uma carreira vitoriosa. É um autêntico renascimento das chamadas forças ocultas.

    Do senador GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB-RN), sobre a demissão da secretária da Receita Federal, Lina Maria Vieira.


    Investigação - O deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), que pilota comissão na Câmara para investigar atuação de grupos neonazistas, recebeu informações de que o grupo flagrado na torcida do Grêmio se infiltrou em duas torcidas uniformizadas paulistas.

    Contraponto

    Os últimos moicanos

    O grupo de deputados que viajou a Paris nesta semana a convite do governo francês se reuniu na terça-feira num restaurante. O líder do PT, Cândido Vaccarezza (SP), partiu para a provocação com a oposição:
    - Depois do discurso do Serra em Washington, já podemos nos aliar! As críticas dele ao BC são iguais às do PT!
    - Se quiserem, eu posso ser o pacificador -, ajudou o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP).
    Diante do constrangimento do tucano José Aníbal (SP), coube a Ronaldo Caiado (DEM-GO) protestar:
    - Jungmann - disse, buscando apoio do deputado do PPS - Só sobramos nós na oposição. Vamos resistir!

    CLÓVIS ROSSI

    É puro deboche

    FOLHA DE SÃO PAULO - 17/07/09

    SÃO PAULO - Uma vez, quando se discutia se o mandato do então presidente José Sarney deveria ser de quatro ou cinco anos, escrevi que o Brasil havia se transformado em uma república bananeira, vistas as manobras sórdidas em favor do mandato mais longo.
    Hoje, sou obrigado a pedir desculpas às repúblicas bananeiras. O Brasil é pior. Ou pelo menos sua política é pior. Virou deboche. Só pode ser deboche a eleição de Paulo Duque para presidir o Conselho de Ética do Senado, a julgar pela entrevista que deu à Folha. Espremendo bem as declarações, seu conceito de ética é mais ou menos assim: roubar pouco é ético.
    Só se roubar muito pode, assim mesmo eventualmente, ser investigado pelo Conselho de Duque. Aliás, o conceito de muito ou pouco também é relativo, já que o ínclito senador orgulha-se de ter nomeado 5.000 pessoas para cargos públicos e ainda acrescenta que todas estão felizes. Pudera.
    Trata-se, claramente, de um caso único no mundo de caçador de talentos republicanos, um disseminador de felicidade às custas do seu, do meu, do nosso dinheirinho.
    Na véspera, aquela foto do abraço Lula/Collor já era um deboche. Deu nojo, mas nem escrevi a respeito primeiro porque nojo é mau conselheiro, segundo porque sabia que o leitor dispensaria intermediários para julgar a debochada cena. Estava certíssimo, como dá prova o "Painel do Leitor" de ontem, em que Silvério Oliveira diz tudo: "Eles se merecem".
    Como se o deboche fosse pouco, ainda ficamos sabendo que o presidente não sabe o que diz. Não, não é alguma iniciativa golpista da oposição. Trata-se de avaliação de um dos sumo-sacerdotes do culto à personalidade de Lula, o senador Aloizio Mercadante, para quem o que o presidente disse (sobre os senadores) "não expressa o que ele efetivamente pensa". Ou seja, não sabe se expressar.