sexta-feira, julho 17, 2009

PAINEL DA FOLHA

Material inflamável

FOLHA DE SÃO PAULO - 17/07/09

O indiciamento pela Polícia Federal de Fernando Sarney trouxe um novo fio para quem tenta ligar as denúncias que atingem o presidente do Senado com a CPI da Petrobras. Uma das empresas citadas no relatório da PF, a EIT (Empresa Industrial Técnica), suspeita de ter efetuado pagamentos ao grupo de Fernando, firmou contrato com a Petrobras de quase R$ 600 milhões, em parceria com a Engevix, para tocar obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
A CPI já tem requerimentos prontos para ser votados sobre a refinaria nordestina, por sua vez citada no relatório da Operação Castelo de Areia da PF por superfaturamento de R$ 59 milhões.

Meio-campo - Fernando Sarney é diretor da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). A entidade doou R$ 100 mil para a campanha de Roseana Sarney (PMDB-MA), irmã do empresário, ao governo em 2006.

Escrete - O time dos beneficiados com doações da CBF, de mesmo valor, inclui Renan Calheiros (PMDB-AL) e Gilvam Borges (PMDB-AP), dois fiéis sarneyzistas, em 2002.

Preventivo - O líder do DEM, José Agripino (RN), recolheu assinaturas dos cinco membros da oposição no Conselho de Ética para recorrer caso o presidente do órgão, Paulo Duque (PMDB-RJ), resolva arquivar com uma canetada alguma das representações contra Sarney.

No roteiro - Antes mesmo de Lula ter chamado os senadores de ‘pizzaiolos’, na quarta-feira, a oposição já havia decidido votar contra a recondução do diretor da ANA (Agência Nacional de Águas), Bruno Pagnoccheschi. Só para marcar posição.

Inflação - A comissão que analisa os contratos do Senado fez a conta: um policial legislativo dos quadros da Casa custa o mesmo que 26 vigilantes terceirizados.

Recibo - O PSDB preparou uma resposta ao discurso de Lula, que disse em Alagoas que, antes de seu governo, não era habitual presidentes percorrerem o país para ‘sentir o drama do povo’: FHC foi seis vezes ao Estado em oito anos.

Pós-férias - A comissão que investigou o esquema de venda de passagens da cota aérea dos deputados concluiu o trabalho, mas o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), só divulgará o resultado depois do recesso.

Inferno astral - Demitida da Receita Federal, Lina Vieira tenta desde quarta-feira voltar para o Rio Grande do Norte, sem sucesso. Por conta da Marcha dos Prefeitos, todos os voos estão lotados.

Chapa quente - Pouco antes de ser exonerada, Lina se queixou a amigos de que estava sendo boicotada por subordinados. Ela levou a reclamação a Guido Mantega (Fazenda), dizendo que o ambiente estava ‘muito ruim’.

Lupa - O TCU fará auditoria nos gastos com cartão corporativo da Secretaria de Administração da Casa Civil no primeiro trimestre de 2009. Atenção especial será dada às viagens presidenciais, apontadas pela CGU como motivo do aumento de despesas de 169% em relação a 2008.

Vitrine - Ex-tesoureiro do PSDB e cotado para comandar o caixa da campanha presidencial em 2010, o ex-deputado Márcio Fortes assumiu o comando da Emplasa (Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano de São Paulo), vinculada à Secretaria Estadual de Planejamento.

Tiroteio

A demissão atentou contra toda uma carreira vitoriosa. É um autêntico renascimento das chamadas forças ocultas.

Do senador GARIBALDI ALVES FILHO (PMDB-RN), sobre a demissão da secretária da Receita Federal, Lina Maria Vieira.


Investigação - O deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), que pilota comissão na Câmara para investigar atuação de grupos neonazistas, recebeu informações de que o grupo flagrado na torcida do Grêmio se infiltrou em duas torcidas uniformizadas paulistas.

Contraponto

Os últimos moicanos

O grupo de deputados que viajou a Paris nesta semana a convite do governo francês se reuniu na terça-feira num restaurante. O líder do PT, Cândido Vaccarezza (SP), partiu para a provocação com a oposição:
- Depois do discurso do Serra em Washington, já podemos nos aliar! As críticas dele ao BC são iguais às do PT!
- Se quiserem, eu posso ser o pacificador -, ajudou o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP).
Diante do constrangimento do tucano José Aníbal (SP), coube a Ronaldo Caiado (DEM-GO) protestar:
- Jungmann - disse, buscando apoio do deputado do PPS - Só sobramos nós na oposição. Vamos resistir!

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