terça-feira, novembro 17, 2009

PAINEL DA FOLHA

Em bloco

RENATA LO PRETE
FOLHA DE SÃO PAULO - 17/11/09

Ao tomar a iniciativa de aprovar um requerimento para que dezenas de técnicos compareçam ao Senado, assim como Dilma Rousseff e Edison Lobão, para falar sobre o apagão, o governo aposta na tática da diluição na tentativa de reduzir o desgaste dos ministros. O jogo foi combinado com Fernando Collor (PTB-AL), que comanda a Comissão de Infraestrutura.
No Congresso, causou estranheza o comunicado divulgado pela pasta de Minas e Energia, falando em "curto-circuito" e novamente sem conclusão definitiva. Também chamou a atenção o fato de que desta vez foi apenas uma nota. Ontem, Lobão submergiu.




Palanque. Além de Dilma e Lobão, a Comissão de Infra-estrutura aprovou requerimento de Collor para que Hélio Costa (Comunicações) fale sobre a proposta de dar celulares a beneficiários do Bolsa Família e Geddel Vieira Lima (Integração) sobre a transposição do rio São Francisco.

Wally. O apagão da semana passada é tema de um lote de inserções comerciais do PSDB, no ar a partir de hoje. O locutor dará ênfase ao sumiço de Dilma no dia seguinte.

Argumento. O acidente no Rodoanel voltou a inflamar petistas na Câmara contra o TCU. O alvo preferencial é o ministro Augusto Nardes, sob cujas ordens trabalhavam os auditores que apontaram irregularidades na obra tocada pelo governo de José Serra (PSDB). Devido a acordo do tribunal com as empreiteiras, o obra não foi suspensa.

Bombeiro. Presidente da Câmara e do PMDB, além de possível vice na chapa de Dilma, Michel Temer tem atuado como negociador de armistício entre o Planalto e o TCU.

Melhor não. Além da folgada maioria governista, pesa contra a ideia de uma CPI do Rodoanel na Assembleia de São Paulo o fato de a OAS, integrante do consórcio que toca a obra, ser uma tradicional doadora de campanhas, inclusive do PT. Em 2006, a empreiteira destinou R$ 2 milhões a deputados estaduais, federais e senadores da sigla.

Roteiro. Ministros do STF dão como certo que, uma vez lido amanhã o voto de Gilmar Mendes, definidor do placar pró-extradição de Cesare Battisti, Carlos Britto demandará que o plenário se manifeste para definir se cabe ou não ao presidente da República a palavra final sobre o caso. Se Britto não entrar em cena, Marco Aurélio Mello o fará.

Veja bem. Britto, que já votou contra a concessão de refúgio, insistirá na tecla de que se trata de "nova questão". Tenta afastar a percepção de que pode virar o voto por influência de seu mentor Celso Bandeira de Mello, contratado pela defesa de Battisti exatamente com essa missão.

Brejo. No meio de debate sobre mudanças climáticas no Conselhão, tocou o celular do embaixador Sérgio Serra, que lembra o coaxar de um sapo. Alguém brincou: "Acharam a perereca do PAC!". Suposta ameaça à espécie provocou embargo das obras do Arco Metropolitano do Rio.

Corta! Como Carlos Minc (Meio Ambiente) falava sem parar na reunião do Conselhão, o ex-presidente da Eletrobras Luiz Pinguelli Rosa advertiu: "Ministro, falar demais emite gás carbônico!".

Blitz. Levando a tiracolo atletas como Marta, Falcão e Nalbert, o Ministério do Esporte fará ação amanhã no Congresso para convencer os parlamentares a apresentar emendas com recursos para a pasta. Do R$ 1,3 bilhão no Orçamento deste ano, R$ 1 bilhão vem de emendas.

Preventivo. A oposição se mobiliza para boicotar eventual visita de Mahmud Ahmadinejad ao Congresso.

com SÍLVIO NAVARRO e LETÍCIA SANDER

Tiroteio

O governo Lula nunca escondeu sua afinidade com grandes empresas e bancos, os quais ajudou durante a crise e que agora retribuem.

Da deputada LUCIANA GENRO (PSOL-RS), sobre propaganda da GM que, a propósito de vender um novo carro da marca, enaltece feitos do governo; o BNDES injetará R$ 420 milhões em unidade da montadora no município gaúcho de Gravataí.

Contraponto

Longa-metragem Convidada a dar palestra dias atrás numa faculdade em São Paulo, a senadora Marina Silva já falava havia quase uma hora quando começou a detectar sinais de impaciência no semblante dos organizadores.
-Quanto tempo tenho para concluir?- perguntou.
Anfitrião do evento, o ex-ministro da Fazenda Rubens Ricúpero fez menção de responder, mas a candidata do PV se antecipou com ironia:
-Tenho quatro características que me fazem falar pouco: sou mulher, política, latino-americana e professora!
A plateia riu, e Marina falou por mais 20 minutos.

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