domingo, agosto 16, 2009

FERNANDO CALAZANS

Adriano e a seleção

O GLOBO - 16/08/09

Adriano quer voltar à seleção brasileira. O desejo é legítimo, mas ele mesmo deve saber que ainda é cedo para ser convocado (se é que um dia será). Desde que retomou os treinos no Flamengo, já emagreceu, seu corpo está mais parecido com o de um jogador de futebol, mas ele mesmo diz que precisa emagrecer mais um quilo, o que não é difícil. Precisa melhorar também a forma técnica.
Esta, a forma técnica, talvez mais até do que a física. Adriano tem decidido partidas para o Flamengo, no dia em que escrevo (sexta-feira) é o artilheiro do Campeonato Brasileiro, mas isso, na prática, não quer dizer tanta coisa assim.
O time do Flamengo concentra seu poder de decisão nos pés de Adriano, até por não ter tantos jogadores qualificados para disputar essa condição com ele. E, ser artilheiro de Campeonato Brasileiro (ainda mais deste Campeonato Brasileiro), ou de outro campeonato qualquer, tampouco é credencial suficiente.

Basta lembrar que Dimba, Souza, Josiel, entre outros, já foram maiores goleadores da competição.
Não custa lembrar também que até Obina é um dos primeiros — e Obina (pelo menos espero) não está pensando na seleção. Aliás, espero mais ainda que o técnico da seleção não esteja pensando em Obina.

Ao contrário, acho que Dunga pode pensar em Adriano. Não necessariamente neste Adriano de hoje, mas num Adriano mais adiante — se ele continuar melhorando a forma física e técnica.
O Adriano que decidiu o jogo do Flamengo com o Corinthians não é suficiente para chegar a uma seleção brasileira. Fez o gol da vitória, mas só depois de perder uma enxurrada de oportunidades — o que não aconteceria se estivesse em seu melhor momento.

Depende muito dele, Adriano, quer dizer, depende muito dela, a cabeça de Adriano. Se continuar imbuído do espírito de jogar futebol, de ser jogador de futebol, de se firmar no clube, e de voltar mesmo à seleção — pode até fazê-lo.
Mas ainda não é hora. Quem sabe até o fim do Campeonato Brasileiro? Já há quem garanta que o ataque do Fluminense deixou de ser problema para Renato Gaúcho. Será?

Penso que, assim como no caso de Adriano na seleção, ainda é cedo para fazer afirmação tão categórica. Ah, o Fluminense marcou sete gols nos dois últimos jogos.
Mas contra quem mesmo foram os jogos? Contra o Sport, último colocado (5 a 1) e contra o Vitória, que vem despencando (2 a 2). Hoje, o jogo é contra o Coritiba, outro que está na zona de rebaixamento.

O ataque melhorou, sim, com a dupla Roni e Kieza, mas teste mesmo vai ser no jogo da próxima rodada — contra o São Paulo, no Morumbi.

Segundo uma pesquisa feita pelo Comitê Olímpico Internacional, pelo menos 70 por cento dos brasileiros apoiam a realização das Olimpíadas de 2016 no Rio.
O prefeito Eduardo Paes, que está em Berlim com uma delegação brasileira, disse que a “população do Rio sabe o que as Olimpíadas podem significar para a cidade, para a melhoria das condições de vida”.

Não sabe não, prefeito. Se tivesse havido alguma melhoria na cidade com a realização do Pan-Americano de 2006 (quando o senhor ainda não era prefeito), eu tenho certeza de que a população saberia. Mas, como não houve, ela não
sabe.

Não quero dizer, absolutamente, que não pode haver benefícios com a realização das Olimpíadas em 2016. Pode haver, sim. Se houver, a população ficará sabendo. Mas, por enquanto, ela não sabe de nada.

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