domingo, julho 26, 2009

FERNANDO CALAZANS

Hora de mudar

O GLOBO - 26/07/09

O técnico do Flamengo para o jogo de hoje com o Santos – e provavelmente só para o jogo de hoje – é o mesmo Andrade, nome da história do clube, que já foi desrespeitado por mais de um desses jogadores profissionais que fazem o que querem na Gávea.
Os técnicos passam, os jogadores continuam, mas isso não surpreende. Afinal, são os jogadores que mandam no futebol e até no clube.
Os cartolas do futebol também estão saindo. Essa seria até uma ótima notícia, se o clima político do Flamengo não estivesse tão envenenado, entre outros motivos por causa das próximas eleições.
Se o ambiente interno do Flamengo já é tumultuado em tempos de estabilidade para a diretoria, imaginem em tempos de mudança.

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Por essa razão, e só por ela, não se pode afimar que o Flamengo terá uma organização melhor, agora, no seu futebol, que, de verdade, andava mesmo precisando de uma mudança radical.
Não se sabe, por exemplo, se será introduzida uma filosofia realmente profissional (ou, no mínimo, mais profissional) ou se será mantido o espírito festivo, descomprometido, de quem se vangloria com titulozinhos de campeonatos estaduais.
É no que o Flamengo foi transformado nos últimos anos. De clube nacional – e até internacional – passou a ser um clube de âmbito exclusivamente estadual, para satisfação apenas de seus cartolas de futebol.

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Qualquer reportagem feita para depreciar o Cuca e justificar sua demissão, partindo do princípio de que o técnico é o demônio e que os jogadores do Flamengo, coitadinhos, são anjos inocentes de escola primária, é puro maniqueísmo. Não pode ser levada a sério.

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Pelo menos na estreia de Renato Gaúcho, o novo técnico, notou-se uma melhora no Fluminense em relação aos últimos treinadores, mas uma coisa ligeira, porque o time é tecnicamente fraco, ao contrário do que se supunha.
Mesmo perdendo para o Atlético Mineiro, um time mais arrumado e em muito boa fase, o Fluminense mostrou, em primeiríssimo lugar, um espírito de luta que há muito tempo não se via e uma motivação que, é claro, já eram esperados. Renato Gaúcho é conhecido exatamente pela capacidade de motivar.

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Mas o elenco é, sim, um problema.
O goleiro, ao contrário de todos os goleiros do mundo em todos os tempos, joga melhor com o pé do que com as mãos (com elas, falhou no segundo gol do Atlético).
Os zagueiros – sejam dois, três ou nove – são fracos.
O meio de campo tem um Conca hoje atabalhoado, sem ter culpa por isso: é porque tem que fazer tudo sozinho, não há quem possa ajudá-lo na armação.

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No ataque, quando dava enfim um leve sinal de melhora, Fred se contundiu. Ou por sua culpa (como no caso de expusões e suspensões à vontade), ou não (como no caso da contusão), a passagem de Fred pelo Fluminense é cheia de tropeços, percalços, adversidades.
E tampouco se sabe ainda quem é (ou quem seria) seu companheiro na frente. No momento, o time nem tem um ataque titular.

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O adversário de hoje é o Cruzeiro, que está um pouco melhor do que o Fluminense no Campeonato Brasileiro, mas não muito, por causa do envolvimento na Copa Libertadores. Agora é que o Cruzeiro começou a se dedicar integralmente ao nosso campeonato, e é agora que vamos saber a que veio.

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Nilmar, Ramires, André Santos, Cristian, Ibson, Maicosuel.. lá se foram e lá se vão, mais uma vez, os melhores jogadores daqui.
Nossos times vão ficando mais fraquinhos ainda... e a maldita janela ainda nem terminou.

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