quarta-feira, junho 24, 2009

FERNANDO CALAZANS

Copa da afirmação

O GLOBO - 24/06/09

Alguns jogadores da seleção brasileira estão se afirmando em posições que, há pouco tempo, ainda não tinham titular definido. É o caso de Maicon, Felipe Melo, Ramires e Luís Fabiano. Eles começam a se juntar a Júlio César, Lúcio, Juan, Kaká e Robinho, titulares absolutos do time de Dunga. Então ficam faltando, pelo menos na minha cabeça, lateral-esquerdo e cabeça de área. Na cabeça de Dunga, não. Nela, Gilberto
Silva também é titular. Fica faltando, então, o lateral-esquerdo.
De André Santos, o último a merecer oportunidade ali, não se pode dizer que tenha conquistado a posição. Mas é jovem, é principiante em seleção e dá sinais de que pode se firmar até a Copa do Mundo. Pode ser, não é certo. Certo para mim, por enquanto, é que André Santos tem o que progredir, enquanto Kléber, seu concorrente, não. Portanto, já o vejo na frente.
Na cabeça de área, desponta o maior problema, até pela polêmica que o preferido de Dunga desperta. Não é agradável, especificamente numa seleção brasileira, contemplar, logo no meio de campo, uma figura lenta, metódica, repetitiva, burocrática, como Gilberto Silva. Que até destoa numa equipe que está adquirindo uma forma, uma feição.
Feição conferida, sem dúvida, por Dunga. A diferença minha com o técnico, no momento, é esta: na minha cabeça, a dúvida maior está no primeiro volante; na cabeça dele, está no lateral-esquerdo. Bem, até a Copa no ano que vem há tempo para resolver uma ou mesmo as duas questões.
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Não estou querendo dizer que temos a seleção ideal. Já ouço ecos televisivos de que está tudo pronto, tudo certo, para mais uma consagração mundial. É o oba-oba da Copa que se aproxima. O exagero da mídia do espetáculo.
Na minha seleção ideal, falta o estilo improvisador, criativo, superior, diferente de tudo e de todos, de um Ronaldinho Gaúcho, por exemplo. Não ele, eu sei. Infelizmente, Ronaldinho parece ter dado por encerrada uma carreira que parecia longe disso. Falo do estilo inconfundível do jogador fora de série brasileiro, ao longo do tempo.
Ah, sei que o Kaká preenche esses requisitos. É que sinto falta de mais um, um segundo homem, uma alternativa, um reforço excepcional, alguém que se reveze com Kaká na criação de uma seleção autenticamente brasileira.
Falamos de coisas boas como as vitórias da seleção e do Flamengo. Das más, ficamos apenas com o Vasco das últimas rodadas, que, curiosamente, está se transformando no grande adversário de si próprio na Série B.
Faltaram o Botafogo e o Fluminense, que perderam amadoristicamente nos últimos minutos de seus jogos com Vitória e Avaí. Enquanto o Flamengo, com a direção de Cuca e os gols de Adriano, pulava para uma reanimadora sexta posição, Fluminense e Botafogo pulavam para baixo, para o décimo-primeiro e o décimo-oitavo lugares. Mais dois ou três pulos assim, podem despencar no abismo em que caiu o Vasco. Não está na hora de as diretorias pensarem nisso? Falo de diretorias, que devem comandar os clubes, não de patrocinadores, que devem comandar suas empresas.
Zico lançou na segunda-feira à noite, no Cinema Odeon, seu DVD “Zico na Rede”.
É o documentário da carreira do grande craque, contada através de seus belos gols. E, portanto, numa palavra só: imperdível.

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